Buscar

UND III - Supervisão de Estágio

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

110
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
Unidade III
7 PrincíPios fundamentais do código de Ética do assistente social
Os princípios fundamentais do Código de Ética demonstram os compromissos ético-políticos 
assumidos pelo assistente social com os usuários do serviço social. Vamos conhecê-los a seguir:
•	 reconhecimento	da	liberdade	como	valor	ético	central	e	das	demandas	políticas	a	ela	inerentes	–	
autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;
•	 defesa	intransigente	dos	direitos	humanos	e	recusa	do	arbítrio	e	do	autoritarismo;
•	 ampliação	e	consolidação	da	cidadania,	considerada	 tarefa	primordial	de	 toda	sociedade,	com	
vistas	à	garantia	dos	direitos	civis,	sociais	e	políticos	das	classes	trabalhadoras;
•	 defesa	do	aprofundamento	da	democracia	como	socialização	da	participação	política	e	riqueza	
socialmente	produzida;
•	 posicionamento	 em	 favor	 da	 equidade	 e	 justiça	 social	 que	 assegure	 universalidade	 de	
acesso	aos	bens	e	serviços	relativos	aos	programas	e	políticas	sociais,	bem	como	sua	gestão	
democrática;
•	 empenho	na	eliminação	de	todas	as	formas	de	preconceito,	incentivo	ao	respeito	à	diversidade,	à	
participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças;
•	 garantia	do	pluralismo,	por	meio	do	respeito	às	correntes	profissionais	democráticas	existentes	e	
suas expressões teóricas e compromisso com o constante aprimoramento intelectual;
•	 opção	 por	 um	projeto	 profissional	 vinculado	 ao	 processo	 de	 construção	 de	 uma	 nova	 ordem	
societária, sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero;
•	 articulação	com	os	movimentos	de	outras	categorias	profissionais	que	partilhem	dos	princípios	
do	código	dos	assistentes	sociais	e	da	luta	geral	dos	trabalhadores;
•	 compromisso	 com	 a	 qualidade	 dos	 serviços	 prestados	 à	 população	 e	 com	 o	 aprimoramento	
intelectual	na	perspectiva	da	competência	profissional;
•	 exercício	 do	 serviço	 social	 sem	 discriminação	 em	 relação	 a	 qualquer	 gênero,	 etnia,	 religião,	
nacionalidade, opção sexual, idade e condição física (BRASIL, 2003).
111
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
7.1 Princípios operacionais
Os	 princípios	 operacionais	 referem-se	 à	 competência	 teórica	 e	 metodológica	 que	 você,	 futuro	
assistente	 social,	 deve	 adquirir	 no	 decorrer	 da	 sua	 formação	 profissional	 para	 intervir	 de	 forma	
propositiva,	 investigativa	e	reflexiva	 junto	aos	problemas	sociais.	Passaremos	à	análise	dos	princípios	
operacionais	a	partir	do	que	é	exposto	por	Iamamoto	(2001).
a) Núcleo teórico-metodológico
•	 Bases	teóricas
- Fundamentos teórico-metodológicos da vida social: conhecer o ser social.
-	 Fundamentos	da	formação	sócio-histórica	da	sociedade	brasileira:	produção	e	reprodução	
da	questão	social.
-	 Fundamentos	do	trabalho	profissional:	meios	de	trabalho.
•	 Bases	metodológicas
-	 Análise	de	conjuntura.
- Análise institucional.
-	 Gestão	social,	planejamento,	monitoramento	e	avaliação.
-	 Pesquisa.
- Gestão de serviços sociais.
b)	Núcleo	técnico-operativo
•	 Estratégias	de	intervenção
- Assessoria e consultoria.
-	 Gestão	de	serviços	e	recursos	sociais	(organização	do	seu	trabalho).
- Mediação entre usuário e instituições.
-	 Participação	em	conselhos	e	em	equipes	multidisciplinares.
112
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
•	 Instrumentos
-	 Encaminhamentos.
-	 Plantão.
- Triagens.
- Relatórios.
-	 Estudos	sociais,	pareceres	e	laudos.
-	 Abordagens	individuais	e	grupais.
-	 Entrevistas	domiciliares	e	hospitalares.
-	 Visitas	a	entidades	ou	outros	equipamentos	da	comunidade.
- Reuniões.
-	 Oficinas.
-	 Palestras	e	seminários.
-	 Pesquisas.
-	 Planos,	programas	e	projetos.
•	 Técnicas
-	 Saber	ouvir	e	falar.
-	 Grupais:	trabalhar	com	grupo,	dinâmicas,	condução	e	entrevista	coletiva.
- Individuais: entrevista individual.
-	 Saber	negociar	e	mediatizar.
Os	 núcleos	 expostos	 anteriormente	 constituem	 os	 meios/instrumentos	 da	 prática	 profissional.	
Durante	sua	formação,	você	os	estudará	nas	disciplinas	básicas	e	nas	específicas.
7.2 o produto do serviço social
O produto do serviço social se configura nas dimensões materiais e sociais. No primeiro caso, 
ocorre	 quando	 o	 assistente	 social	 viabiliza	 o	 acesso	 aos	 bens	 e	 serviços	 oriundos	 das	 esferas	
113
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
governamentais	ou	privadas	via	programas	sociais,	por	meio	de	auxílios	em	passagem	de	ônibus,	
próteses,	óculos,	cestas	básicas,	entre	outros,	como	afirma	Iamamoto	(2001,	p.	68):	“[...]	quando	o	
Assistente	Social	viabiliza	o	acesso	a	uns	óculos,	uma	prótese,	está	fornecendo	algo	que	é	material	
e tem utilidade”.
Não	podemos	confundir	que	tal	acesso	é	oriundo	das	políticas,	programas	e	projetos	sociais	públicos	
com	assistencialismo	como	favor	ou	doação.	Esses	produtos	materiais	são	direitos	garantidos	e	expressos	
na Constituição Federal.
Já na dimensão social, há a produção de serviços, como valores, conhecimentos, moral e 
comportamentos	que	viabilizam	o	acesso	não	 só	a	 recursos	materiais,	mas,	principalmente,	 incidem	
sobre	as	necessidades	básicas	de	sobrevivência	social.	Por	exemplo,	o	assistente	social	da	área	de	saúde	
faz	treinamentos	para	clima	organizacional,	relações	interpessoais,	programas	de	prevenção	de	acidentes	
de	trabalho,	de	alcoolismo,	de	doenças	crônicas,	preparação	para	a	aposentadoria,	entre	tantos	outros.	
Esses	serviços	 incidem	sobre	os	usuários	de	forma	objetiva.	 Isso	é	feito	para	agregar	conhecimentos,	
esclarecimentos e encaminhamentos. Iamamoto (ibidem,	p.	69)	assevera	que
[...]	o	Serviço	Social	é	um	trabalho	especializado,	expresso	sob	a	forma	de	
serviços	que	tem	produtos: interfere na reprodução material da força de 
trabalho	e	no	processo	de	reprodução	sociopolítica	ou	ideopolítica	dos	
indivíduos sociais. O Assistente Social é, neste sentido, um intelectual 
que	 contribui	 junto	 com	 inúmeros	outros	protagonistas	na	 criação	de	
consensos na	 sociedade.	 Falar	 em	 consenso	 diz	 respeito	 não	 apenas	
à adesão ao instituído: é consenso em torno de interesses de classes 
fundamentais,	 sejam	 dominantes	 ou	 subalternas,	 contribuindo	 no	
reforço da hegemonia vigente ou na criação de uma contra-hegemonia 
no cenário da vida social.
Hegemonia,	nesse	caso,	 refere-se	à	preponderância	política,	ao	domínio	político,	à	primazia	e	ao	
predomínio	por	parte	da	classe	dominante.	Faleiros	(1985,	p.	65)	diz	que
[...]	a	hegemonia	só	pode	ser	vista	nas	relações	de	exploração	e	dominação	
existentes	numa	determinada	 sociedade.	 E	 é	 o	 processo	de	 realização	da	
dominação	através,	justamente,	de	sua	aceitação	pelas	classes	subalternas.
O	 assistente	 social	 é	 protagonista	na	defesa	 dedireitos	 quando	 atua	nos	 conselhos	 de	 políticas	
públicas,	como:	saúde,	assistência	social	e	nos	conselhos	de	direitos	da	criança	e	do	adolescente,	do	
idoso	e	do	deficiente.	Nesses	espaços,	o	profissional	contribui	na	socialização	de	informações	que	podem	
subsidiar	a	formulação	de	políticas	sociais	públicas	para	garantir	o	acesso	da	população	aos	direitos	
sociais	 que	 são	 assegurados	 por	 leis.	Nos	 conselhos,	 o	 assistente	 social	 atua	 em	prol	 dos	 interesses	
da	 sociedade	 civil	 organizada	 por	meio	 de	 lutas	 sociais	 pela	 garantia	 de	 direitos.	 Iamamoto	 (2001)	
expõe	que	os	profissionais	necessitam	ter	clareza	e	considerar	as	condições	específicas	da	produção	de	
seu	trabalho	junto	aos	conselhos	na	habitação,	na	saúde	etc.	para	que	possam	decifrar	o	que	fazem.	
Ressalta-se	que	viver	o	serviço	social	não	resulta,	automaticamente,	em	dar	conta	de	suas	explicações,	
114
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
da	mesma	forma	que	há	um	grande	hiato	entre	viver	a	cotidianidade	da	sociedade	capitalista	e	decifrar	
o	que	é	esse	cotidiano.
O	produto	pode	ser	expresso	por	democratização	do	acesso	aos	serviços	e	recursos	sociais,	proposição	
de	mudanças	de	valores,	crenças,	comportamentos,	qualidade	de	vida,	clima	organizacional,	elaboração	
de	planos	e	programas	da	organização,	ações	participativas,	ações	de	caráter	preventivo	e	informativo,	
entre	tantas	outras	que	o	profissional	identificará	no	seu	processo	de	trabalho.
A	profissão	de	assistente	social	está	inserida	na	divisão	social	e	técnica	do	mercado	de	trabalho,	
e	o	produto	da	intervenção	do	assistente	social	tanto	pode	beneficiar	as	classes	trabalhadoras	como	
as	 empresas	 capitalistas.	 Ao	 fazer	 parte	 de	 um	 trabalho	 coletivo	 em	 uma	 empresa	 capitalista,	 a	
intervenção	desse	profissional	contribui	para	o	crescimento	do	capital	dessa	instituição.	Ao	contrário,	
atuando	 no	 âmbito	 do	 poder	 público	 via	 programas	 sociais,	 o	 trabalho	 do	 assistente	 social	 não	
contribui	para	o	crescimento	de	riquezas,	e	sim	para	a	distribuição	de	lucros	por	meio	das	políticas	
públicas	sociais.
O	 assistente	 social,	 para	 apresentar	 resultados/produto	 do	 seu	 trabalho,	 necessita	 de	
instituições	 empregadoras,	 seja	 na	 órbita	 do	 Estado,	 organizações	 não	 governamentais	 ou	
empresas privadas. Independente da instituição empregadora, sua atuação deve ser norteada 
pelos	princípios	fundamentais	do	Código	de	Ética	Profissional.	O	referido	Código,	no	seu	artigo	
5º,	estabelece	que:
Nas suas relações com os usuários, os deveres do assistente social são:
a)	 contribuir	 para	 a	 viabilização	da	participação	 efetiva	 da	população	
usuária nas decisões institucionais;
b)	garantir	 a	 plena	 informação	 e	 discussão	 sobre	 as	 possibilidades	
e	 consequências	 das	 situações	 apresentadas,	 respeitando	
democraticamente	 as	 decisões	 dos	 usuários,	 mesmo	 que	 sejam	
contrárias	 aos	 valores	 e	 às	 crenças	 individuais	 dos	 profissionais,	
resguardados os princípios desse Código;
c)	 democratizar	 as	 informações	 e	 o	 acesso	 aos	 programas	disponíveis	
no espaço institucional como um dos mecanismos indispensáveis à 
participação dos usuários;
d)	devolver	 as	 informações	 colhidas	 nos	 estudos	 e	 pesquisas	 aos	
usuários	para	que	estes	possam	usá-las	para	o	fortalecimento	de	seus	
interesses;
e)	 informar	 a	 população	 usuária	 sobre	 a	 utilização	 de	 materiais	 de	
registro	audiovisual	e	pesquisas	referentes	a	ela	bem	como	a	forma	
de	sistematização	dos	dados	obtidos;
115
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
f)	 fornecer	 à	 população	 usuária,	 quando	 solicitado,	 informações	
concernentes	ao	trabalho	desenvolvido	pelo	serviço	social	e	as	suas	
conclusões,	resguardado	o	sigilo	profissional;
g)	contribuir	para	a	criação	de	mecanismos	que	venham	desburocratizar	
a	 relação	 com	 os	 usuários	 para	 agilizar	 e	 melhorar	 os	 serviços	
prestados;
h)	esclarecer	aos	usuários,	ao	 iniciar	o	trabalho,	sobre	os	objetivos	e	a	
amplitude	de	sua	atuação	profissional	(BRASIL,	1993).
Portanto,	o	assistente	social	deve	atuar	na	perspectiva	da	ampliação	e	consolidação	da	cidadania	
da	população	usuária	de	seus	serviços.	Para	isso,	deve	primar	por	uma	atuação	que	tenha	como	foco	de	
intervenção a garantia dos direitos assegurados pela Constituição e pelas outras leis vigentes no país.
7.3 o estágio como processo de aprendizagem para o trabalho
Grande	 parte	 dos	 profissionais	 de	 diferentes	 áreas	 (Biologia,	 Serviço	 Social,	 Administração,	
Enfermagem	 etc.),	 que	 atuam	 no	 terceiro	 setor	 e	 nas	 ações	 de	 responsabilidade	 social	 empresarial,	
iniciou	sua	atuação	na	qualidade	de	estagiário	ou	de	voluntário.
O	estágio	curricular	faz	parte	da	formação	técnica	ou	superior,	compondo	a	matriz	curricular	como	
disciplina	não	eletiva	e	não	substituível	do	quadro	de	carga	horária	geral	das	escolas	e	dos	cursos	de	
graduação.
Segundo	Ferreira	(1986),	estagio	é	o	período	de	aprendizagem	prática,	de	exercício	do	aprendizado	
teórico.	Porém,	para	melhor	elucidar	o	assunto,	é	preciso	adotar	como	definição	uma	construção	mais	
completa.	Assim,	entende-se	que	o	“[...]	estágio	é	um	Superior	didático-pedagógico	da	competência	da	
Instituição	de	Ensino	Superior	a	quem	cabe	a	decisão	sobre	a	matéria	[...]	oferecendo	oportunidade	e	
campo	de	estágio.”	(Decreto	n.º	87.497,	de	18	de	agosto	de	1982	–	regulamentação	da	lei	do	estágio).
7.4 o estudante e a extensão universitária
Bem	próximo	da	atuação	como	estagiário,	no	âmbito	das	escolas	técnicas	e	das	instituições	de	ensino	
superior, os estudantes têm a oportunidade de cooperar para o desenvolvimento de ações comunitárias 
de suas escolas (sendo a carga horária da extensão validada ou não como estágio, de acordo com o 
regimento da unidade escolar).
Com	efeito,	o	grande	traçado	da	extensão	(bem	como	do	estágio	realizado	junto	às	organizações	
e	 à	 sociedade	 civil)	 é	 aquele	 planejado	 para	 formar	 profissionais	 com	 uma	 visão	 mais	 generalista	
do	mundo	 atual	 e	 com	 especial	 compromisso	 com	 a	 sociedade	 da	 qual	 faz	 parte.	 Nesse	 sentido,	 o	
representante	da	UNESCO	no	Brasil,	 Jorge	Werthein,	 comenta	 sobre	 a	 ação	 integrativa	 da	 extensão	
universitária	 desenvolvida	 pelas	 instituições	 como	 OSCIP	 e	 Unisol	 (anteriormente	 denominada	 de	
Programa	Universidade	Solidária).
116
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
 saiba mais
Para	saber	mais	sobre	o	Unisol,	leia	a	obra	Políticas	de	educação: ideias 
e	ações,	de	Jorge	Werthein	e	de	Célio	da	Cunha,	2001.
Em	2001,	a	Prof.ª	Mônica	Abranches	Fernandes	destacou,	durante	a	palestra	no	V	Seminário	Nacional	
Universidade	Solidária	(coletânea	de	textos	e	debates),	como	trabalhar	solidariamente,	alguns	aspectos	
importantes	sobre	a	visão	e	entendimento	do	estudante	“extensionista”	ao	participar	de	atividades	no	
âmbito	da	extensão	universitária.
1º	aspecto:	o	estudante	entende	solidariedade	como	uma	questão	de	caridade,	de	dádiva,	de	doação	
(observa-se	a	necessidade	da	prática	aliada	à	teoria	para	fortalecer	conceitos);
2º	 aspecto:	 osestudantes	 têm	 clara	 noção	 de	 que	 a	 prática	 de	 extensão	 universitária	 lhe	 trará	
recompensas.	Determinado	aluno	disse	que	pretende	ser	incluído	nesse	programa	porque	tem	certeza	
que	ele	o	ajudaria	em	seu	crescimento	profissional.
3º	aspecto:	no	planejamento	da	extensão	universitária	ocorre	o	trabalho	multiprofissional,	e	 isso	
amplia	 os	 horizontes	 formativos	 e	 orienta	 o	 discente	 a	 observar	 além	 do	 prisma	 de	 suas	 futuras	
intervenções	profissionais;
4º	aspecto:	o	choque	e	a	interação	de	universos	diferentes,	como	o	de	um	estudante	de	universidade	
particular	atuando	em	uma	comunidade	quilombola	ou	de	uma	pessoa	que	sempre	viveu	em	cidade	
grande atuar em um povoado interiorano.
Para	o	novo	perfil	de	trabalhador,	exige-se	a	rica	experiência	consolidada	nos	estágios	e	trabalhos	de	
extensão	universitária,	pressupondo-se	que	ela	se	trate	de	uma	ação	orientada	pelas	escolas	e	seus	professores.
7.5 o voluntariado
Em	 um	 ambiente	 de	 mercado	 de	 crescente	 competitividade,	 o	 voluntariado	 é	 visto	 por	 alguns	
como	sendo	extremamente	prejudicial	à	inserção	profissional,	pois	limita	a	possibilidade	de	ingresso	no	
mercado	quando	boa	parte	das	necessidades	das	instituições	é	atendida	por	pessoas	não	remuneradas.
Contudo,	 no	mundo	do	 trabalho,	 dentro	 das	 organizações	 (especialmente	 as	 sem	fins	 lucrativos	
e	instituições	públicas),	o	serviço	voluntário	sempre	apoiou	de	maneira	decisiva	a	implementação	de	
ações	e	projetos	junto	às	comunidades.
Foi	no	sentido	de	valorizar	os	jovens,	os	adultos,	os	idosos	e	os	profissionais	que	disponibilizam	horas	
de	trabalho,	e	para	regulamentar	o	serviço	voluntário	no	âmbito	do	Estado	e	das	instituições	privadas	
sem	fins	lucrativos,	que,	em	18	de	fevereiro	de	1988,	o	presidente	da	República	sancionou	a	Lei	9.608	
(a Lei do Voluntário).
117
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
De	acordo	com	tal	lei,	o	voluntariado	é	definido	como	o	trabalho	realizado	por	pessoas	físicas,	não	
remuneradas,	sem	gerar	qualquer	tipo	de	vínculo	empregatício,	obrigações	trabalhistas,	previdenciárias	
ou	afins.
Sob	o	novo	prisma	de	mercado,	o	voluntariado	pode	ser	encarado	como	um	mecanismo	de	inserção	ao	
mundo	do	trabalho	(especialmente	para	o	jovem	e	para	o	profissional	recém-formado	ou	desempregado),	
pois	faz	parte	do	cenário	do	terceiro	setor	e	das	ações	de	responsabilidade	social	empresarial,	campo	
em	que	possui	grande	espaço	para	mostrar	o	potencial	profissional	e	em	que	se	pode	desfrutar	de	um	
amplo espectro de novos relacionamentos.
7.5.1 A Lei do Voluntariado
A	lei	que	apresentamos	a	seguir	traz	a	disposição	vigente	sobre	o	serviço	voluntário,	definindo	como	
atividade	exercida	sem	remuneração	por	pessoas	físicas,	em	entidade	pública	de	qualquer	natureza	ou	
em	instituição	privada	sem	finalidades	 lucrativas	que	tenha	objetivos	cívicos,	culturais,	educacionais,	
científicos,	recreativos	ou	de	assistência	social,	inclusive	mutualidade.
 saiba mais
Para	saber	mais	sobre	essa	lei,	acesse	o	site: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L9608.htm>.
7.6 o serviço social e a prática institucionalizada
Não	podemos	separar	instituição	de	Estado,	uma	vez	que	há	um	consenso	entre	esses	dois	elementos.	
E	é	justamente	dentro	dessas	instituições	que	ocorre	a	prática	institucionalizada	do	serviço	social.	As	
instituições são espaços de propagação de normas e disseminação de valores sociais e morais. Nesses 
órgãos	se	cumprem	funções	no	sentido	de	responder	a	problemas	ou	demandas	impostas	pela	sociedade.
O	Estado	cria	as	organizações	como	aparelhos	funcionais	para	atender	as	necessidades	da	sociedade	
na	 perspectiva	 do	 coletivo.	 É	 necessário	 que	 o	 assistente	 social	 conheça	 a	 instituição	 em	 que	 está	
inserido	como	profissional,	suas	normas	e	critérios	de	trabalho.	Poderá,	então,	realizar	a	prática	ou	o	
exercício	profissional	utilizando	meios	estratégicos	e	técnicos	para	viabilizar	os	direitos	sociais.
Como as instituições são normalmente elementos ou aparelhos de controle da população, é de suma 
importância	que	os	assistentes	sociais	compreendam	a	necessidade	de	montar	estratégias	criativas	e	
propositivas	para	a	tomada	de	decisões,	analisando	as	alternativas	que	possam	ser	implementadas	na	
superação	das	demandas	dos	usuários	das	organizações	em	que	atuam	os	profissionais	de	Serviço	Social.
O	 assistente	 social	 efetua	 sua	 função	 mediante	 uma	 autonomia	 relativa.	 Isso	 significa	 que	
tal	 profissional	 decide	 os	meios	 como	 realizar	 a	 atividade,	 os	 instrumentos	 técnico-operativos	 e	 as	
estratégias	a	serem	adotadas.	Porém,	ele	depende	do	aval	das	estruturas	ou	das	instituições	em	que	atua	
118
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
para	a	execução	do	seu	trabalho.	Se	o	assistente	social	constrói	um	projeto,	ele	só	pode	ser	realizado	se	
a	instituição	aprovar	e	destinar	recursos	financeiros	ou	verbas	para	sua	execução.
Portanto,	o	assistente	social	atua	nas	políticas	públicas,	mas,	na	maioria	das	vezes,	é	subordinado	
às	 chefias	 das	 instituições.	 Dessa	 forma,	 tal	 profissional,	 segundo	 Faleiros	 (1985),	 deve	 criar	 formas	
horizontais	de	comunicação	com	o	usuário,	informá-lo	sobre	o	que	o	ele	sabe	a	respeito	daquela	política	
e	se	ela	é	possível	de	ser	efetivada	ou	não.	É	preciso	socializar	informações	para	que	a	classe	trabalhadora	
articule resoluções de seu interesse.
Para	manter	os	usuários	informados	e	participantes	do	processo	de	decisão	nas	políticas	sociais,	é	
necessário	criar	uma	comunicação	direta	para	que	a	população	saiba	exatamente	aquilo	que	o	assistente	
social	faz.	No	processo	de	comunicação,	há	um	confronto	de	diversos	saberes	que	servem	a	políticas	
diferentes	e	isso	gera	um	conflito	de	interesses.	Esse	diálogo	implica	a	mudança	das	relações	de	força	do	
saber	para	que	a	população	tome	conhecimento	das	políticas	institucionais	de	forma	simples	e	articulada	
com	seus	interesses,	pois	nas	relações	de	força	estão	os	limites	para	a	sua	mudança	(FALEIROS,	1985).
O	assistente	social	trabalha,	muitas	vezes	(ou	na	maioria	das	vezes),	inserido	nas	instituições	estatais,	
órgãos	burocratizados,	cujos	usuários	dos	serviços	ou	políticas	públicas	oferecidos	precisam	se	encaixar	
nos critérios e normas de atendimento das políticas implementadas e oferecidas por essas instituições. 
Tais	critérios	normalmente	exigem	um	arsenal	de	papéis	que	podem	constituir,	 frequentemente,	um	
conjunto	de	medidas	burocrático-administrativas	que	são	um	entrave	ao	exercício	profissional.	O	usuário	
apresenta	demandas	urgentes	e	que	precisam	ser	sanadas	de	forma	ágil,	independente	de	formulários	e	
laudos	que	demoram	a	ser	elaborados.
Faz-se	 necessário	 que	 sejam	decifrados	 esses	 entraves	 institucionais,	 bem	 como	a	 ampliação	na	
seletividade	dos	atendimentos	que	as	instituições	impõem	ao	trabalho	e	à	atuação	do	assistente	social,	
pois	este	é	colocado	em	situações	contraditórias:	prima	pela	universalidade	do	acesso	aos	bens,	serviços	
e	políticas	e	é	colocado	diante	da	seletividade	de	usuário	no	exercício	profissional	nas	instituições	onde,	
normalmente,	se	trabalha	com	o	mínimo	de	recurso	para	o	máximo	possível	de	beneficiados.
Diante	da	complexidade	dos	problemas	sociais	que	hoje	se	apresentam	ao	assistente	social,	é	fulcral	que	
ele	conheça	as	instituições	que	implementam	políticas	que	atuam	em	várias	áreas,	como:	saúde,assistência,	
educação,	habitação,	agricultura,	meio	ambiente,	justiça	etc.	Conhecendo	as	organizações,	é	possível	que	o	
assistente	social	entenda	seu	funcionamento	e	seu	exercício	profissional.	Além	disso,	deve	ter	ciência	de	que	
a	demanda	por	esses	serviços	vem	crescendo,	em	função	do	aumento	da	miséria	e	o	empobrecimento	das	
camadas	mais	baixas	da	sociedade,	bem	como	da	crise	fiscal	e	financeira	do	nosso	país,	que	propicia	a	redução	
das	verbas	e	recursos	destinados	às	instituições	prestadores	de	serviços	públicos.	A	conclusão	desse	raciocínio	
é	destacada	por	Iamamoto	(2001,	p.	163),	pois	a	autora	considera	que
[...]	daí	resulta	um	receituário	de	medidas	assentado	na	crítica	dos	desvios	
institucionais	da	implementação	das	políticas	de	assistência	pública,	isto	é,	
se	a	assistência	fosse	tratada	de	forma	“satisfatória”	pelo	Estado	por	meio	de	
uma	gestão	racional	e	eficiente	de	verbas,	poder-se-ia	dar	conta	mediante	
a administração da miséria.
119
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
O	 assistente	 social	 deve	 ter	 compromisso	 com	 a	 tarefa	 de	 desvendar	 o	mundo	 contemporâneo,	
descobrindo	 como	 as	 políticas	 sociais	 são	 implementadas,	 como	 funcionam	 as	 instituições	 que	 as	
viabilizam	e	como	se	insere	a	prática	ou	exercício	profissional	do	serviço	social	nesses	locais.	Ele	deve	
buscar	construir	práticas	que	beneficiem	os	usuários,	primar	por	uma	transparência	na	socialização	de	
informações	para	essas	pessoas,	zelar	por	um	trabalho	de	qualidade	pautado	no	projeto	ético-político	
da	profissão	na	defesa	da	universalidade	dos	serviços	públicos.
As	 estratégias	 e	 técnicas	 variam	 conforme	 o	 ambiente	 institucional.	 Cada	 espaço	 sócio-
ocupacional	do	assistente	social	possui	características	e	possibilidades	de	intervenção	peculiares.	
As	políticas	sociais	públicas	 (assistência	social,	 saúde,	educação,	previdência	social,	habitação,	
segurança	pública,	entre	outras)	são	espaços	em	que	os	profissionais	mais	atuam	e	que	podem	
empregar estratégias democráticas previstas em leis específicas, como os conselhos gestores, as 
conferências	descentralizadas	e	participativas	e	a	aplicação	transparente	de	recursos	por	meio	
de fundos.
Além	dos	direitos	previstos	em	lei,	a	atuação	profissional	deve	propor	a	superação	ou	simplesmente	a	
minimização	da	burocracia	no	acesso	aos	serviços	(filas,	adiamento	de	pedidos,	falhas	na	comunicação,	
falta de prestação de contas e ausência de explicações plausíveis).
O silêncio diante de ações autoritárias é característica corrente no cotidiano dos usuários. Nessa 
situação,	por	exemplo,	com	o	menor	desgaste	possível,	o	profissional	poderia	estimular	a	construção	
de	uma	resposta	consciente	por	parte	do	próprio	indivíduo,	contribuir	para	sua	autonomia	e	garantir,	a	
longo	prazo,	o	fortalecimento	das	iniciativas	oriundas	do	saber	popular.
Cabe	 a	 cada	 profissional	 utilizar	 sua	 criatividade	 para	 garantir,	 do	 planejamento	 à	 execução,	 a	
participação	dos	usuários	nos	projetos	sociais	ou	mesmo	mantê-los	informados	de	seus	direitos,	sem,	
contudo,	agredir	os	princípios	e	interesses	da	instituição	que	o	contratou.
Conforme	Iamamoto	(2001),	o	assistente	social	possui	uma	relativa	autonomia:	é	contratado	pela	
classe	burguesa	e	atende	aos	interesses	dos	trabalhadores.	Nesse	contexto,	o	desempenho	profissional	
deve,	por	um	lado,	garantir	a	reprodução	de	sua	força	de	trabalho	e,	por	outro,	legitimar	os	interesses	
da	classe	trabalhadora.
Iamamoto	 (2001,	 p.	 21)	 fundamenta	a	utilização	de	 estratégias	 e	 técnicas	pelos	profissionais	de	
Serviço	Social	quando	afirma	que
[...]	 as	 alternativas	 não	 saem	 de	 uma	 suposta	 “cartola	 mágica”	 do	
Assistente	Social;	as	possibilidades	estão	dadas	na	realidade,	mas	não	são	
automaticamente	 transformadas	 em	 alternativas	 profissionais.	 Cabe	 aos	
profissionais	se	apropriar	dessas	possibilidades	e,	como	sujeitos,	desenvolvê-
las	e	transformá-los	em	projetos	e	frentes	de	trabalho.
Pelo	 viés	 propositivo,	 em	uma	 perspectiva	 de	 fortalecer	 cada	 vez	mais	 a	 identidade	 profissional	
articulada	a	um	projeto	de	classe,	as	estratégias	e	 técnicas	no	desempenho	do	trabalho	profissional	
120
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
devem	 garantir	materialidade	 aos	 interesses	 da	 classe	 trabalhadora	 e	 promover	 a	 concretização	 de	
direitos sociais e humanos.
 lembrete
Como	 vimos,	 não	 há	 receitas	 para	 a	 atuação	 profissional.	 Cabe	 ao	
assistente	social	conhecer	as	estratégias	e	técnicas	que	podem	ser	utilizadas	
no	exercício	da	profissão.
A seguir, alguns exemplos de estratégias e técnicas:
•	 Estratégias:	 explanação	 dialogada,	 realização	 de	 debates,	 trabalhos	 em	 grupos	 visando	 à	
politização/emancipação;	planejamento	participativo;	entre	outras.	São	ações	com	um	fim	maior:	
o	político,	pois	contribui	para	a	reflexão	e	a	efetivação	de	direitos.	Esses	são	mecanismos	utilizados	
para	atuar	 tanto	 junto	aos	usuários	como	em	proximidade	às	 instituições,	a	fim	de	efetivar	o	
projeto	ético-político-profissional.
•	 Técnicas:	 entrevistas	 (inclusive	 domiciliares),	 aplicação	 de	 questionários,	 jogos	 interativos,	
dinâmicas	grupais,	utilização	de	músicas,	poemas,	teatro,	fantoches,	apresentação	em	data-show, 
leituras	coletivas	de	textos,	produção	de	painéis	temáticos	etc.	Ressalta-se	que	é	necessário	haver	
inter-relação	entre	as	estratégias	e	as	técnicas	para	que	as	ações	não	fiquem	limitadas	ao	fazer	
burocrático	e	ao	imediatismo.
Essas	estratégias	e	 técnicas	devem	ser	 fundamentadas	no	arsenal	 teórico-metodológico	de	cada	
profissional	 (conhecimento,	 habilidades,	 valores	 e	 herança	 cultural),	 bem	 como	nas	 características	 e	
perfil	do	público	atendido.
7.7 o avanço profissional na utilização das estratégias e técnicas 
profissionais
Inicialmente,	as	estratégias	e	técnicas	utilizadas	pelo	assistente	social	favoreciam	seu	contratante,	
trazendo	 certo	 conformismo	 social	 e	 amenização	 de	 conflitos.	 Tal	 profissional	 era	 responsável	 por	
atividades	 que	demandavam	contato	 com	a	 classe	 economicamente	 vulnerável,	 como	a	 entrega	de	
auxílios	governamentais	em	meio	a	situações	de	extrema	pobreza.
Foi	somente	a	partir	da	década	de	1980	que	o	serviço	social	adquiriu,	como	principal	característica,	
a	opção	por	um	projeto	profissional	vinculado	à	defesa	intransigente	dos	direitos	humanos	da	classe	
trabalhadora.
Esse	direcionamento,	com	um	projeto	aliado	à	classe	trabalhadora,	fez	que	as	estratégias	e	técnicas	
do	profissional	possuíssem	a	intenção	de	reforçar	a	luta	por	uma	nova	ordem	societária	sem	a	dominação	
e exploração dessa classe.
121
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
Na	contemporaneidade,	a	maior	parte	dos	assistentes	sociais	opta	por	uma	identidade	profissional	
aliada	à	camada	mais	pobre	da	sociedade.	No	bojo	dessa	identidade,	o	processo	de	trabalho	é	administrado	
como	resposta	consciente	aos	conflitos	de	classe.	Ou	seja,	a	elaboração	e	execução	de	projetos	sociais,	
a	concessão	de	benefícios,	a	realização	de	reuniões,	entrevistas	e	atividades	grupais,	porexemplo,	são	
pautadas	pela	concretização	de	direitos	humanos	sob	a	 lógica	de	empoderamento	e	participação	da	
classe	trabalhadora.
O	 caráter	 assistencial	 e	 a	 visão	 clientelista	 são	 substituídos	 pela	 ampliação	 e	 consolidação	 da	
cidadania e dos direitos sociais. É papel do assistente social facilitar aos usuários o acesso a informações, 
políticas,	planos,	programas	e	projetos	sociais.
Nessa perspectiva de atrelamento aos interesses dos usuários, não se pode perder de vista a relação 
contratual	do	profissional,	no	sentido	de	compreender	que	essa	defesa	de	direitos	ocorre	no	âmbito	de	
instituições	que	seguem	o	modelo	de	produção	e	reprodução	vigente	no	sistema	capitalista.	É	importante	
observar	que	esse	modelo	nem	sempre	é	aberto	aos	anseios	da	classe	subalterna.
Nesse	contexto,	o	desempenho	profissional	exige	estratégias	e	técnicas	capazes	de	empreender	a	
mediação	entre	instituição	empregadora	e	usuário/destinatário	dos	serviços	profissionais.
Nesse	desempenho,	 o	 assistente	 social	 deve	 informar	 aos	usuários	 sobre	 seus	direitos	 e	 apontar	
os	 caminhos	 para	melhoria	 da	 qualidade	 de	 vida.	 Além	 disso,	 é	 também	de	 sua	 responsabilidade	 a	
ampliação	 da	 participação	 dos	 usuários	 nos	 processos	 decisórios	 e	 na	 aplicação	 de	 recursos,	 o	 que	
implica	 a	 garantia	 de	 espaços	 em	 que	 a	 população	 poderá	 ser	 ouvida	 em	 seus	 questionamentos	 e	
solicitações.
Em	suma,	a	partir	da	consolidação	histórica	da	profissão,	o	assistente	 social	utiliza	estratégias	e	
técnicas	para	a	garantia	de	direitos	à	classe	trabalhadora.
Fica	evidente	que	a	práxis representa	a	realização	de	atividades	a	partir	de	reflexão	prévia	dentro	
de	uma	lógica	de	racionalidade	e	 intencionalidade.	A	partir	desse	pressuposto,	convém	registrar	que	
toda	intervenção	do	assistente	social	deve	ultrapassar	“a	prática	pela	prática”	e	materializar	os	objetivos	
profissionais	voltados	para	a	autonomia	e	emancipação	dos	sujeitos	sociais.
Com	respaldo	teórico,	toda	técnica	e	estratégia	encontram	sua	importância	e	sentido	no	ambiente	
institucional.	Um	exemplo	de	aplicação	de	estratégia	é	propor	que	as	decisões	institucionais	considerem	
os	anseios	da	população	usuária.	Além	de	configurar	um	princípio	da	Constituição	Federal,	ela	também	
é uma forma inovadora de gestão.
Uma	 técnica	 também	 ilustrativa	é	a	 tomada	de	decisões	em	grupos	mistos,	 reuniões	em	que	os	
representantes	da	instituição	e	dos	usuários	estejam	presentes,	considerando,	portanto,	o	conjunto	de	
seus	interesses	sem	ferir	o	princípio	ético	de	radicalização	da	democracia.
Tais	ilustrações	de	estratégia	e	técnica	representam	a	instrumentalidade	no	desempenho	profissional.	
O	assistente	social	utiliza	sua	linguagem	e	conhecimento	teórico	para	garantir	materialidade	aos	objetivos	
122
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
profissionais	de	alargamento	da	participação	dos	usuários,	efetivação	de	direitos	sociais,	ampliação	da	
cidadania	e,	sobretudo,	melhoria	nas	condições	de	vida	sem	agredir	os	objetivos	da	instituição	que	o	
emprega.
Para	concluir,	é	importante	frisar	que	a	prática	profissional	do	assistente	social	ocorre	em	ambientes	
institucionalizados,	 sejam	eles	públicos	ou	privados,	e	sofre	pressões	e	 influências	diretas	e	 indiretas	
no	cotidiano	profissional.	Frequentemente,	os	interesses	do	profissional	entram	em	conflito	com	os	da	
instituição. Nessa situação, é necessário o conhecimento, o domínio das técnicas e das estratégias no 
processo	de	trabalho	em	serviço	social	para	melhor	efetividade	da	prática	nesses	espaços	contraditórios.
7.8 instrumentalidade com categoria para a atuação do serviço social
É	 necessário	 que	 você,	 no	 seu	 processo	 de	 formação	 acadêmica,	 compreenda	 a	 categoria	
“instrumentalidade”	e	o	que	ela	 representa	para	o	serviço	social.	A	 instrumentalidade,	como	você	 já	
sabe,	não	é	um	conjunto	de	ferramentas	técnico-operativas	que	o	assistente	social	utiliza	no	cotidiano	
para	desenvolver	seu	exercício	profissional.	Ela	é	a	capacidade	adquirida	por	esse	profissional	durante	o	
processo	de	atuação	de	planejar	e	estabelecer	objetivos	com	a	finalidade	de	alcançar	resultados,	utilizando	
conhecimentos	adquiridos,	como:	ético-políticos,	teórico-metodológicos	e	técnico-operativos.
O	serviço	social	é	fruto	do	antagonismo	e	da	divisão	da	classe	burguesa	e	do	proletariado.	Sua	gênese	
está	 inteiramente	 ligada	ao	quadro	 sócio-histórico	desenvolvido	com	o	firmamento	do	capitalismo-
monopolista	e	do	agravamento	da	questão	social.
Como	 forma	de	abrandar	 a	questão	 social,	 foi	 instituída	uma	modalidade	de	atendimento,	uma	
resposta	do	Estado,	traduzida	sob	forma	de	políticas	públicas	e	sociais.	Assim,	criou-se	o	espaço	para	a	
atuação do serviço social.
Foi	necessário	um	profissional	que	implementasse	essas	políticas	sociais	dentro	da	divisão	sociotécnica	
do	trabalho.	Guerra	(2000,	p.	18)	explica	que
com	a	complexificação	da	questão	social	e	como	decorrência	do	tratamento	
que	o	Estado	atribui,	recortando-a	como	questões	sociais	a	serem	atendidas	
pelas políticas sociais, institui-se um espaço na divisão sociotécnica do 
trabalho	 para	 um	 profissional	 que	 implementasse	 as	 políticas	 sociais	
contribuindo	para	a	produção	e	reprodução	material	e	ideológica	da	força	
de	trabalho	(melhor	dizendo,	da	sua	subjetividade	como	força	de	trabalho).
A	instrumentalidade	possibilita	ao	assistente	social	a	mediação	necessária	para	analisar	sua	trajetória	
sócio-histórica	de	funcionalidade,	vinculada	à	classe	dominante	e	ao	Estado	e,	ainda,	modificar-se	e	
dar	sentido	histórico	a	seu	exercício	profissional.	Para	isso,	ele	busca	a	criticidade	para	romper	com	a	
concepção	de	instrumento	de	racionalização	de	conflitos.
Mediante	a	apropriação	dessa	mediação,	há	uma	busca	da	profissão	para	se	inserir	como	um	ramo	
na	divisão	do	trabalho.	É	uma	categoria	que	presta	serviços	especializados	e	que	adquire	condições	de	
123
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
preparo técnico e intelectual por meio da instrumentalidade. Guerra (ibidem,	p.	23)	nos	elucida	sobre	
essa	questão,	ao	dizer	que
[...]	 nessa	 perspectiva,	 pode-se	 pensar	 a	 instrumentalidade	 do	 trabalho	
do Assistente Social como propriedades/capacidades historicamente 
construídas	 e	 reconstruídas	 pela	 profissão,	 como	 uma	 condição	 sócio-
histórica do Serviço Social em três níveis:
1.	 no	 que	 diz	 respeito	 à	 sua	 funcionalidade	 ao	 projeto	 reformista	 da	
burguesia	(reformar	conservando);
2.	 no	 que	 se	 refere	 a	 sua	 peculiaridade	 operatória,	 ao	 aspecto	
instrumental-operativo	 das	 respostas	 profissionais	 (ou	 nível	 de	
competência	requerido)	frente	às	demandas	das	classes,	donde	advém	
a	legitimidade	da	profissão;
3.	 como	 uma	 mediação	 que	 permite	 a	 passagem	 das	 análises	
macroscópicas, genéricas e de caráter universalista às singularidades 
da	 intervenção	 profissional	 em	 contextos,	 conjunturas	 e	 espaços	
historicamente determinados.
A	mediação	permite	ao	assistente	social	compreender	os	contextos	e	as	conjunturas	sociais,	visando	à	
conscientização	das	massas	e	às	transformações	das	relações	sociais	dos	próprios	homens.	Contribui	para	
desvendar	as	representações	e	as	relações	de	capital-trabalho	e	romper	com	o	processo	conservador	do	
exercício	profissional	e	atuação	do	serviço	social	tradicional.	A	instrumentalidadepossibilita	ao	assistente	
social	evitar	a	dicotomia	entre	o	trabalho	manual	e	o	trabalho	intelectual	e	colabora	para	que	os	profissionais	
não	acreditem	na	falsa	ilusão	de	que,	no	exercício	profissional,	a	teoria	é	uma	coisa	e	a	prática,	outra.
Para	concluir,	observemos	que	a	instrumentalidade	do	serviço	social	não	se	limita	ao	desencadeamento	
de ações instrumentais nem ao exercício de atividades imediatas: ela permite apreender a totalidade dos 
processos	sociais	e	atuar	sobre	eles.
8 abordagem gruPal e atuação do assistente social em formação 
de gruPos
O	presente	item	está	distribuído	em	dois	subitens:	o	primeiro	aborda	o	conceito	de	origem	de	grupos;	
o	segundo	relaciona	o	serviço	social	no	processo	de	trabalho	com	grupos.	Veja	a	seguir!
8.1 Progênie de grupo
É	pertinente	que	iniciemos	nossa	abordagem	sobre	formação	de	grupos	tecendo	um	diálogo	sobre	a	
origem	do	grupo.	O	ser	humano	tem	natureza	social,	por	isso	necessita	viver	em	contato	com	o	outro,	
estabelecendo	nessa	relação	homem-homem	os	fenômenos	da	“[...]	comunicação,	percepção,	afeição,	
liderança,	integração,	normas	e	outros	[...]”,	(COSTA,	2007,	p.	18).
124
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
A	mencionada	autora	reitera	que	cada	um	passa	a	ser	um	espelho	que	reflete	atitudes	e	dá	retorno	
ao outro por meio do feedback.	Isso	significa	que	aprendemos	em	grupo,	temos	autoconhecimento	e	
ampliamos a relação eu-outro dos caminhos para nosso conhecimento e orientação. A motivação é, 
portanto,	a	mola	propulsora	que	deflagrará	o	devir.
Trück	e	outros	(2003)	definem	o	grupo	social	como	um	agregado	de	seres	humanos,	os	quais	possuem	
relações	específicas	entre	seus	componentes,	compreendem	seu	grupo	e	têm	consciência	sobre	ele	e	
sobre	seus	símbolos.
Desse modo, a construção de regras de convivência e o respeito aos espaços individual e coletivo 
tornam-se	necessários.	Reportemo-nos	aos	primórdios	da	humanidade:	quando	as	famílias	constituíam	
os	grupos,	elas	iam	se	ampliando	e	criando	os	clãs,	as	tribos,	as	associações	e	as	sociedades.
A	criação	das	sociedades	permitiu	o	surgimento	de	instituições	com	funções	e	atividades	definidas	
pelo	Estado.	A	partir	da	 formatação	do	Estado,	do	desenvolvimento	das	 sociedades	e	da	criação	de	
cidades,	surgem	as	especulações	científicas	relativas	à	natureza	social	e	os	estudos	científicos	sobre	as	
relações sociais desenvolvidas entre os homens.
Referente	ao	desenvolvimento	dos	trabalhos	com	grupos,	Trück	e	outros	(2003)	asseveram	que	ele	
contribui	para	desvelar	os	valores	e	as	proposições	culturais,	antropológicas,	sociológicas	e	econômicas	
construídas	em	concomitância	ao	progresso	da	história	da	humanidade.
As	relações	ficaram	mais	complexas	com	o	surgimento	do	trabalho	para	satisfazer	as	necessidades	
humanas,	pois	 isso	abriu	caminho	para	o	 individualismo	e	a	acumulação.	As	relações	entre	capital	e	
trabalho	implementadas	para	o	alargamento	da	produção	de	bens	materiais	ou	objetos	rentáveis	geram	
lucro	e	engendram	tensões	sociais.	A	título	de	ilustração,	Trück	e	outros	(2003,	p.	10)	afirmam	que
Os acontecimentos históricos como a Revolução Industrial trouxeram 
situações	 de	 crises	 que	 produziam	 tensão	 social	 como	 a	 relação	 capital	
e	 trabalho,	 dando	 origem	 a	 uma	 nova	 classe	 social:	 o	 proletariado.	 E	 as	
expressões	que	emergiram	desse	conflito	permanente	geravam	a	exploração	
do	trabalho	infantil,	o	isolamento	da	família,	o	afastamento	do	homem	do	lar,	
a	necessidade	de	aumentar	a	renda	familiar,	a	falta	de	legislação	trabalhista,	
entre	tantas	outras	expressões	da	questão	social	da	época.	Criou-se,	então,	
uma	necessidade	social	emergente	de	intervenção	nesse	“caldo”	de	exclusão	
e	violência.	Havia,	na	época,	espaço	para	o	desenvolvimento	de	trabalhos	com	
grupos, pois as crises permitiram o nascimento de movimentos grupalistas.
Você	 pôde	 perceber	 que	 a	 formação	 ou	 a	 constituição	 de	 grupos	 necessita	 da	 interação	 dos	
participantes	 e	 que	 eles	mantenham	 interesses	 comuns.	 Hartford	 (1983,	 p.	 37)	 ensina-nos	 que	 um	
grupo	pequeno	é
definido	com	pelo	menos	duas	pessoas	–	embora	geralmente	haja	mais	–	
reunidas	com	objetivos	comuns	ou	interesses	iguais	num	intercâmbio	social,	
125
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
cognitivo	e	afetivo	e	intercâmbio	social	em	encontros	isolados	ou	repetidos,	
e	que	estes	sejam	suficientes	para	que	os	participantes	tenham	impressões	
recíprocas,	criem	um	conjunto	de	normas	para	seu	funcionamento	juntos,	
desenvolvam metas para suas atividades coletivas, evoluam um senso de 
coesão	 para	 que	 pensem	 em	 si	 mesmos,	 e	 sejam	 pensados	 pelos	 outros	
como uma entidade distinta de todas as outras coletividades.
Face	ao	exposto,	aprendemos	que	pessoas	reunidas	em	um	mesmo	ambiente	não	podem	ser	consideradas	
como um verdadeiro grupo, este seria composto por indivíduos reunidos em um mesmo local, mas com 
algum	motivo	e	influências	comuns,	pois	o	grupo	deve	interagir	e	manter	relacionamentos	significativos	e	
buscar	o	engajamento	de	seus	membros	para	o	aprendizado,	crescimento	e	mudanças	impactantes.
Considerando	os	aspectos	sociais	e	econômicos	anteriormente	mencionados,	que	contribuíram	para	
o	surgimento	de	grupos	e	a	sua	valorização	no	âmbito	profissional,	no	próximo	item	abordaremos	sobre	
o	fazer	profissional	do	assistente	social	no	trabalho	com	grupos.
8.2 serviço social e trabalho com grupos
O	ano	de	1943,	conforme	Trück	e	outros	(2003),	marca	o	início	do	trabalho	com	grupo	desenvolvido	
pelo	Serviço	Social,	em	São	Paulo,	na	área	da	infância	e	juventude.	Nos	anos	seguintes,	esse	profissional	
passa	a	atuar	com	programas	de	ação	e	desenvolver	atividades	de	base	com	grupos.
Nesse	 processo,	 é	 imprescindível	 a	 (re)construção	 de	 instrumentos	 que	 colaborem	 com	 a	
operacionalização	 do	 planejamento	 do	 exercício	 profissional.	 O	 assistente	 social	 deve	 utilizar	 os	
dispositivos	técnico-operativos	sem	esgotá-los.	É	preciso	aproximar	ou	conectar	as	dimensões	utilizadas	
pela	profissão:	investigativa,	teórico-metodológica	e	ético-política.
Tais	 dimensões,	 vinculadas	 à	 categoria	 da	 instrumentalidade,	 permitem	 ao	 grupo	 desmistificar	
o	 controle	 social	 exercido	pela	 sociedade	 civil	 e	 Estado,	 bem	como	pelas	 ideologias	 difundidas	 cuja	
finalidade	é	a	exploração.	Nesse	sentido,	Trück	e	outros	(2003,	p.	10)	acrescentam	que
Desmistificar	o	caráter	autoritário	e	pejorativo	dessa	ação	é	de	fundamental	
importância,	 uma	 vez	 que	 a	 cada	 dia	 amplia-se	 a	 necessidade	 desse	
controle.	Quando,	no	cotidiano	de	nosso	processo	de	trabalho,	construímos	
canais	de	comunicação	de	saberes	e	práticas,	estamos	contribuindo	para	a	
transformação da relação de dependência do cidadão a mercê de um estado 
autoritário,	para	o	resgate	do	sentido	de	que	a	população,	[...],	precisa	exercer	
controle	sobre	o	Estado.
O	serviço	social,	no	contexto	do	trabalho	grupal,	prima	pela	construção	e	pelo	despertar	da	autonomia	
dos	indivíduos,	bem	como	o	fortalecimento	das	comunidades	e	resgate	da	cidadania.	Além	disso,	objetiva	
socializar	informações	capazes	de	incentivar	a	mobilização	e	a	organização	dos	movimentos	sociais	para	
a	luta	e	as	conquistas	com	vistas	à	efetivação	dos	direitos	sociais	e	à	ampliação	das	políticas	públicas,	e	
isso causaria impacto na melhoria de vida das sociedades.
126
Unidade IIIRe
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
Hartford	(1993)	afirma	que	os	grupos	podem	ser	criados	com	vistas	à	produção	de	mudanças	em	
seu	ambiente	para	afetar	sistemas	e	organização	mais	amplos,	bem	como	serem	usados	para	aculturar	
os indivíduos a eles pertencentes.
Baseando-se	na	evolução	social	e	histórica	do	serviço	social	no	trabalho	com	grupos,	você	pode	
perceber	 que	 a	 ruptura	 com	o	 serviço	 social	 tradicional	 tornou	necessário	 utilizar	 as	 dimensões	 do	
conhecimento e da instrumentalidade.
 observação
Para	 concluir,	 como	 o	 fazer	 profissional	 do	 assistente	 social	 está	
embasado	 pelo	 projeto	 ético-político,	 cujos	 princípios	 valorativos	
pressupõem	o	protagonismo	social,	convém	ressaltar	que	intencionalidade	
e	teleologia	constituem	elementos	norteadores	de	análises	e	decisões	que	
suscitem a participação dos grupos.
8.3 abordagem grupal e atuação do assistente social em reuniões
A técnica de reunião constitui-se um dos importantes instrumentos de atuação do assistente 
social.	 Forsyth	 (2001)	esclarece	que	 reuniões	 são	meios	 indispensáveis	e	 importantes	para	 suscitar	a	
comunicação	e	os	debates	acerca	de	temas	decisórios.
A	 reunião	entendida	como	momento	de	agrupamento	de	pessoas,	agregação,	 requer	no	mínimo	
duas	 pessoas.	 Ela	 é	 polissêmica	 e	 tem	 vários	 propósitos,	 como:	 distribuir	 ou	 socializar	 informações,	
analisar	problemas,	desenvolver	assunto	específico	etc.
Assim	sendo,	para	que	haja	eficácia	nas	reuniões	e	fortalecimento	de	debates,	é	mister	que	todos	
participem emitindo seu ponto de vista de forma consciente, respeitosa e responsável com intuito de 
apontar alternativas de solução face às demandas postas ao serviço social.
Outro	aspecto	de	fundamental	importância:	o	compromisso	profissional.	Isso	requer	que	você	
se	inteire	sobre	a	temática	a	ser	discutida,	mediante	atitude	investigativa,	e	isso	permitirá	que	
você	exponha	suas	ideias	e	as	defenda	com	argumentos	sólidos.	Para	tal,	entre	outras	literaturas,	
você	 deve	 se	 referenciar	 no	 Código	 de	 Ética	 Profissional,	 o	 qual,	 em	 seu	 Título	 III,	 trata	 das	
relações profissionais.
Forsyth	(2001)	salienta	que	as	reuniões	são	importantes	instrumentos	e	todo	profissional	necessita	
saber	 o	 seu	 papel	 nelas,	 seja	 na	 direção,	 coordenação	 ou	 na	 sua	 participação,	 a	 fim	 de	 contribuir	
ativamente	para	que	elas	sejam	produtivas	e	eficazes.	Relativo	às	reuniões	coordenadas	pelo	assistente	
social, ressaltaremos alguns tipos de direção: democrática, permissiva e autocrática.
O	assistente	social,	no	exercício	da	direção	democrática,	deve	planejar,	organizar,	educar	e	liderar;	
deve,	ainda,	ter	por	princípio	a	motivação	e	o	envolvimento	das	pessoas	que	ele	coordena.	Na	direção	
127
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
permissiva,	 procura	 liderar	 as	pessoas	 fazendo	 concessão,	 tutelas,	 não	primando	pela	organização	e	
disciplina,	 nem	 pelo	 profissionalismo.	 Já	 na	 direção	 autocrática,	 desenvolve	 apenas	 a	 autoridade	 e	
exige	obediência	e,	ainda,	não	permite	a	criatividade,	a	troca	de	opiniões,	saberes	e	nem	envolvimento,	
fragmentando,	assim,	qualquer	articulação.
Durante	 o	 exercício	 profissional,	 o	 assistente	 social	 utiliza	 a	 técnica	 de	 reunião	 em	 decorrência	
de	 vários	 motivos:	 socialização	 de	 informações;	 instrução	 sobre	 pontos	 importantes;	 consulta	 dos	
grupos	ou	colheita	de	sugestões	sobre	assuntos	específicos	ou	outros	temas	para	a	tomada	de	decisões;	
mediante	votação,	buscar	soluções	para	os	problemas	e	as	demandas	apresentadas	ao	serviço	social;	
consenso	da	organização	e	de	sistematização	de	serviços	e	atendimentos;	fortalecimento	dos	grupos;	
estímulo das reflexões e do pensamento crítico propositivo.
Para	 realizar	 reuniões,	 o	 profissional	 deve	 planejar	 e	 preparar	 a	 condução	 delas,	 tomando	
algumas	atitudes,	como:	definir	a	pauta	objetiva	da	reunião	ou	assuntos	a	serem	discutidos,	pois	ela	
deve	 ser	flexível	 para	que	 contemple	possíveis	 sugestões	de	 temas	de	 interesses	do	grupo;	 verificar	
a	 disponibilidade	 de	 tempo	 dos	 participantes;	 confirmar	 o	 local	 da	 reunião;	 providenciar	 material	
necessário	 ao	 desenvolvimento	 de	 trabalhos;	 e	 atentar	 para	 o	 tempo	 de	 duração	 da	 reunião,	 por	
exemplo,	caso	ultrapasse	uma	hora,	deve	estipular	pequeno	intervalo	para	obter	melhor	aproveitamento	
dos resultados.
Além	disso,	Forsyth	(2001,	p.	16)	acrescenta	que	qualquer	pauta	de	reunião	precisa	ser	realista.	Assim	
sendo,	sugere	que,	ao	elaborá-la,	é	preciso	refletir	alguns	pontos,	como:
•	 Toda	a	agenda	caberá	dentro	do	tempo	disponível?
•	 Há	tempo	suficiente	de	antecedência	para	a	notificação	e	preparo?
•	 Será	que	um	item	principal	poderá	prejudicar	o	resto	da	reunião?
•	 Todos	 os	 itens	 condizem	 com	 os	 participantes?	 (As	 pessoas	 certas	
estarão	lá	ou	não?)
•	 O	estilo	da	reunião	está	certo?	(O	treinamento	e	a	persuasão	podem	
tomar	mais	tempo	do	que	transmitir	informação,	[...]).
O	autor	mencionado	alerta	que	se	houver	algum	equívoco	na	sua	organização	e	isso	for	detectado	
somente	após	a	reunião,	impedindo-a	de	funcionar	eficazmente,	será	demasiado	tarde	para	fazer	algo	
a	 respeito.	Por	 isso,	ele	sugere	que	se	verifiquem	a	aparência	geral	e	o	equilíbrio	da	agenda	para	se	
assegurar	de	que	não	haja	muita	coisa	a	se	fazer	nesse	tempo.	Se	a	paciência	se	esgotar,	as	coisas	vão	
demorar	mais	ou	não	terão	a	atenção	que	deveriam	merecer.	Acima	de	tudo,	a	agenda	deve	refletir	os	
objetivos	da	reunião	(FORSYTH,	idem).
Organizados	em	reunião,	assumimos	vários	papéis	que	podem	ser	rotativos	ou	fixos,	necessários	de	
serem	identificados.	Forsyth	(ibidem,	p.	18)	apresenta	algumas:
128
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
[...]	o	tagarela	–	normalmente	é	exibicionista,	demanda	atenção	e	monopoliza	
a	conversa;	o	entusiasta	–	empenha-se	em	fazer	prevalecer	seu	ponto	de	
vista em detrimento dos interesses dos outros, excluindo a opinião alheia; 
a	esfinge	–	são	pessoas	silenciosas,	apresentam	problemas	que	variam	da	
timidez	 ao	 desinteresse.	 O	 silêncio	 pode	 ser	 interpretado	 como	 enfado	
ou	 indiferença;	 o	 amuado	 –	 apresenta	 comportamento	 de	 mau	 humor	
ou	 sempre	 se	 sente	 prejudicado	 de	 alguma	 forma;	 o	 brigão	 –	mostra-se	
implicante,	 cria	 confusões	 para	 atingir	 seu	 objetivo,	 apresenta	 ausência	
de consideração com o outro, inclusive com regulamentos e normas; e o 
solitário	 –	 apresenta	 dificuldades	 de	 entrosamento	 e	 de	 relacionamento	
em grupo, não emite suas opiniões, possivelmente por medo de causar má 
impressão.
Diante	de	tais	características,	você	pode	perceber	a	complexidade	da	dinâmica	interna	da	reunião.	O	
assistente	social	precisa	ter,	além	do	domínio	do	teor	da	pauta	da	reunião,	a	sensibilidade	para	manter	o	
equilíbrio	e	o	controle	na	condução	dos	trabalhos.	O	uso	de	dinâmicas	de	grupo	favorece	a	produtividade	
do	momento	e	contribui	para	a	concretização	eficaz	da	reunião.	Assim,	o	assistente	social,	no	papel	de	
facilitador, exercerá um comando atento, sensível, perceptivo e moderador na condução de uma reuniãoprodutiva, mediante atitudes construtivas.
 saiba mais
Se você ainda não leu, leia o capítulo V do livro Nas	 trilhas	 do	 trabalho	
comunitário e social: teoria,	método	e	prática,	de	William	César	C.	Pereira,	2001.
Concluindo	esse	item,	você	pode	perceber	a	relevância	da	atuação	do	assistente	social	no	processo	
de	reunião	de	grupos,	vislumbrando-a	como	colossal	instrumento	técnico-operativo	do	serviço	social	
em	prol	do	fortalecimento	da	cidadania	e	qualidade	dos	serviços	prestados	aos	seus	usuários.	A	seguir,	
abordaremos	sobre	outra	técnica	também	de	suma	importância	para	o	exercício	profissional:	a	entrevista.
8.4 técnica de entrevista: componente da instrumentalidade na prática 
cotidiana dos assistentes sociais
A	operacionalização	da	práxis	profissional	do	assistente	social	ocorre	por	meio	da	instrumentalidade,	
que,	além	de	compor	um	conjunto	de	conhecimentos	e	habilidades	adquiridos	no	processo	formativo	
do	assistente	social	e	ao	longo	da	vida	profissional,	também	reúne	um	conjunto	de	dispositivos	e	de	
técnicas.
Entre	as	técnicas,	temos	a	entrevista,	a	qual	é	compreendida	como	“um	meio	de	tratamento	que	
permite	estabelecer	uma	relação	profissional,	um	vínculo	subjetivo	e	interpessoal	entre	duas	ou	mais	
pessoas,	sendo	que	o	que	diferencia	o	seu	uso	é	a	maneira	e	a	intenção	de	quem	a	pratica”	(KISNERMANN	
apud	GIONGO,	2003,	p.	15).
129
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
Marconi	e	Lakatos	(2003,	p.	195)	conceituam	entrevista	como
[...]	 um	 encontro	 entre	 duas	 pessoas,	 a	 fim	 de	 que	 uma	 delas	 obtenha	
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação 
de	natureza	profissional.	É	um	procedimento	utilizado	na	investigação	social	
para	a	coleta	de	dados,	para	ajudar	no	diagnóstico	ou	no	tratamento	de	um	
problema	social.
A	 técnica	de	entrevista,	 face	à	atitude	 investigativa	e	como	mecanismo	utilizado	pelo	assistente	
social	em	seu	processo	de	trabalho,	constitui-se	meio	de	garantir	a	aproximação	entre	assistente	social	
e	usuário,	possibilitando	um	processo	de	(re)construção	da	problemática	vivenciada	pelo	indivíduo.
Essa	 perspectiva	 traz	 à	 tona	 a	 discussão	 de	 que	 a	 entrevista	 não	 se	 restringe	 a	 uma	 conversa	
aleatória	entre	entrevistador	e	entrevistado.	Ela	consiste	num	processo,	o	qual	envolve	reciprocidade	de	
participação	entre	as	duas	partes	e	é	acompanhado	de	esclarecimento	e	objetivos	a	serem	traçados	em	
um	procedimento	investigativo	que	pode	vir	a	ser	desencadeado.
Dessa	forma,	a	entrevista	compreende	espaço	de	escuta	e	de	diálogo,	é	um	momento	em	que	o	assistente	
social	utilizará	todo	o	seu	discernimento.	Isso	implica	perspicácia,	habilidade	e	experiência	para	compreender	
a	realidade	do	usuário	com	vistas	à	apreensão	da	situação-problema	(objeto	de	sua	intervenção).
A	entrevista,	como	principal	elemento	de	reciprocidade	entre	assistente	social	e	usuário,	haja	vista	
a	troca	de	conhecimentos	que	ocorre	no	processo,	é	uma	forma	de	comunicação	em	que	o	profissional	
controla	 seu	 desenrolar.	 Nessa	 perspectiva,	 o	 profissional	 objetiva	 o	 crescimento	 emancipatório	 do	
usuário	e,	portanto,	a	entrevista	torna-se	mais	um	elemento	do	qual	o	assistente	social	se	apropria	em	
seu	cotidiano	para	viabilizar	conquistas	e	direitos	para	o	cidadão.
Você	 deve	 estar	 se	 perguntando:	mas	 como	 é	 o	 processo	 da	 entrevista?	 Como	 ela	 se	 configura	
e	 a	 sistematizamos?	Marconi	 e	 Lakatos	 (2003)	 pontuam	alguns	 tipos	 de	 entrevista:	 padronizada	ou	
estruturada	e	“despadronizada”	ou	não	estruturada.
A	estruturada	é	o	tipo	de	entrevista	em	que	o	entrevistado	não	pode	alterar	absolutamente	nada	do	
roteiro	preestabelecido	da	entrevista.	É	padronizado	e	consta	de	formulários-padrão	ou	questionário,	
cujo	objetivo	é	obter	respostas	comparáveis	às	mesmas	perguntas.
Na não estruturada, o entrevistador tem autonomia para formular perguntas em conformidade com 
a	situação	apresentada,	e	o	entrevistado,	 liberdade	para	 responder	sem	obediência	a	um	roteiro.	Ela	
amplia	o	leque	de	informações	a	serem	adquiridas	na	medida	em	que	o	procedimento	ocorre	dentro	da	
informalidade,	propiciando	flexibilidade	e	um	diálogo	aberto	entre	as	partes.
No	que	tange	às	entrevistas	em	Serviço	Social,	elas	podem	ser	classificadas	em:
•	 entrevista	de	ajuda:	defendida	por	Benjamin	(1994),	que	compreende	a	ajuda	como	capacidade	
de	fazer	aquilo	que	os	usuários	realmente	desejam;
130
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
•	 entrevista	de	triagem:	verifica	critérios	de	elegibilidade	e,	via	de	regra,	é	utilizada	nos	plantões	
sociais.	Requer	que	o	assistente	 social	 tenha	consciência	do	 seu	papel,	 que	é	 ter	a	percepção	
clara	de	quem	realmente	deve	ter	o	acesso	ao	bem	ou	serviço,	pois	a	demanda	é	bem	superior	
em	relação	aos	parcos	recursos	ofertados.	Esse	tipo	de	entrevista	gera	um	desgaste	ao	assistente	
social	devido	lhe	caber	a	função	de	triar	as	demandas	já	excluídas	socialmente;
•	 entrevista	de	avaliação	socioeconômica:	via	de	regra,	é	utilizada	em	programas	sociais	e	plantões	
sociais	 e	 tem	 como	 objetivo	 avaliar	 a	 situação	 socioeconômica	 do	 usuário.	 Geralmente,	 cada	
instituição tem seu próprio modelo para proceder a esse tipo de entrevista.
A	entrevista	ainda	se	define	sob	três	formas:	estruturada	–	segue	um	roteiro	e	por	isso	as	informações	
encontram-se	sistematizadas;	aberta	–	não	segue	qualquer	roteiro	e	o	desenrolar	da	entrevista	ocorre	
a	partir	de	cada	situação	em	que	se	encontram	entrevistador/entrevistado;	dialogada	–	a	relação	entre	
o	entrevistador	e	o	entrevistado	se	dá	em	um	plano	horizontal	em	que	ambos	são	sujeitos	do	processo.
No	 que	 concerne	 às	 etapas	 da	 entrevista,	 podemos	 pontuar	 o	 acolhimento,	 a	 apresentação	 do	
problema	e	do	contexto/desenvolvimento	e	o	encerramento.
No	acolhimento	se	estabelece	o	vínculo	entre	os	dois	sujeitos	da	entrevista,	facilitando	o	processo	
interventivo.	É	o	momento	em	que	o	assistente	social	dispõe	toda	sua	atenção	no	entrevistado.
Essa	 etapa	 requer	 do	 entrevistador	 habilidades	 como	 saber	 ouvir	 e	 saber	 perguntar.	 Saber	
ouvir	implica	poder	de	concentração.	Ouvir	significa	prestar	atenção	em	tudo	o	que	está	sendo	
dito	 a	 fim	 de	 que	 o	 entrevistado	 se	 sinta	 respeitado	 e	 valorizado.	 Saber	 ouvir	 deve	 ser	 parte	
intrínseca	no	agir	profissional	e	um	exercício	constante,	habilidade	da	qual	o	assistente	social	
deve se apropriar.
Saber	perguntar	é	uma	arte	e,	assim	sendo,	vai	delinear	um	caminho	prazeroso	e	produtivo	no	processo	
de	entrevista.	As	perguntas	devem	ser	formuladas	de	forma	aberta,	indireta	e	propiciar	a	reflexão.
A	etapa	da	apresentação	do	problema	e	do	contexto/desenvolvimento	refere-se	ao	momento	
em	que	o	assistente	social	 se	apropria	da	situação-problema	do	usuário,	 tentando	compreender	
toda	sua	sistemática	de	vida,	seja	na	família	ou	na	vida	profissional.	O	assistente	social	tem	por	
objetivo	desvelar	a	realidade	do	outro	juntamente	a	ele,	a	fim	de	que	seja	construída	uma	proposta	
de	intervenção	que	implique	organização,	planejamento,	definição	dos	recursos	a	serem	utilizados	
etc. para o enfrentamento das alternativas possíveis e para criar formas de encaminhamentos à 
demanda	em	questão.
Benjamin	(1994,	p.	38)	afirma	que,	nessa	fase	de	exploração	do	assunto	situado	e	aceito,	“[...]	o	corpo	
principal da entrevista foi alcançado, e amaior parte de nosso tempo será despendido no exame mútuo 
do	assunto,	tentando	verificar	todos	os	aspectos	e	tirando	algumas	conclusões”.
O desenrolar da entrevista mostra gradativamente ao assistente social uma coleta de informações 
consistentes, com ou sem interrupções necessárias, dependendo do processo. Se o entrevistado for 
131
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
inibido	ou	extrovertido	demais,	é	preciso	que	o	profissional	use	de	cautela	para	prosseguir	sua	entrevista,	
para	que	não	haja	qualquer	prejuízo	de	seus	resultados.
A	etapa	do	encerramento	configura-se	o	“desfecho”	da	entrevista.	É	preciso	que	o	profissional	esteja	
ciente	do	momento	de	encerrá-la,	verifique	se	os	objetivos	foram	alcançados,	se	ficou	alguma	pendência	
e	se	há	algo	que	favoreça	outro	encontro	caso	necessário.	Tudo	isso	deve	ser	bem	ponderado,	 levando	
em	 consideração	 ser	 o	 assistente	 social	 o	 responsável	 pelo	 tempo	 definido,	 pelo	 espaço,	 conteúdo,	 e	
principalmente	pelos	resultados	alcançados	na	entrevista,	a	fim	de	que	o	processo	interventivo	tenha	êxito.
O	 espaço	 da	 entrevista	 constitui	 ponto	 relevante	 no	 ato	 de	 entrevistar.	 O	 ambiente	 precisa	 ser	
tranquilo	 e	 garantir	 privacidade	 (embora	 haja	momentos	 em	que	não	 se	 consiga,	 dado	 o	 contexto,	
como	ocorre	em	algumas	entrevistas	em	vias	públicas).	O	essencial	é	que	se	garanta	um	momento	de	
concentração.	Daí	que	 ressaltamos	a	 importância	das	 condições	de	 trabalho	e	 suas	 repercussões	na	
garantia	do	sigilo	profissional.
O	tempo	da	entrevista	é	fator	preponderante	na	sua	organização	e	na	programação.	O	início	e	o	
término	devem	ser	acordados	entre	as	partes	a	fim	de	que	cada	participante	possa	se	programar	e,	caso	
haja	imprevistos,	o	assistente	social	possa	avisar	com	antecedência	ao	entrevistado.	Caso	isso	ocorra,	
cabe	ao	profissional	uma	justificativa	plausível	com	o	intuito	de	o	entrevistado	compreender	a	rotina	do	
entrevistador,	a	qual	segue	a	da	instituição.
Outro	aspecto	importante	na	entrevista	refere-se	aos	tipos	de	perguntas.	Benjamin	(1994)	afirma	
que	elas	podem	ser	de	vários	tipos.	Vejamos	a	seguir.
•	 Abertas	–	são	amplas	e	permitem	ao	entrevistado	dar	respostas	claras	e	extensas,	o	que	alarga	a	
capacidade	de	percepção	do	entrevistador.	Ex.:	o	que	o	trouxe	aqui?
•	 Fechadas	–	ao	contrário	das	abertas,	tendem	a	limitar	a	resposta	do	entrevistado	e	diminuir	o	
poder	de	percepção	do	entrevistador.	Ex.:	o	senhor	está	meio	triste	hoje,	o	que	houve?
•	 Diretas	–	são	precisas.	Ex.:	como	você	vê	a	sua	mudança	de	turno?
•	 Indiretas	 –	 levam	 a	 uma	 reflexão.	 É	 como	 uma	 afirmação	 que	 o	 entrevistado	 faz	 durante	 a	
entrevista.	Ex.:	ocorreu-me	no	momento	que	você	não	está	se	adaptando	ao	seu	novo	horário	de	
trabalho.
•	 Duplas	–	dá	alternativa	para	o	entrevistado	optar	por	uma	ou	outra	resposta.	Ex.:	você	prefere	
trabalhar	 no	 horário	 diurno	 ou	 noturno?	 Convindo	 ressaltar	 que	 à	 noite	 você	 terá	 direito	 ao	
adicional noturno.
•	 Bombardeio	–	quando	são	feitas	várias	perguntas	simultâneas.	Ex.:	o	que	me	diz?	Não	tem	nada	a	
declarar?	Será	que	não	fui	claro?	Diante	do	exposto,	e	finalizando	esse	item,	convém	salientar	que	
seu	êxito	consiste	na	capacidade,	habilidade	e	competência	do	profissional,	cujos	conhecimentos	
propiciarão	uma	abordagem	de	qualidade	nesse	processo.
132
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
Todos	os	conhecimentos	e	habilidades	concorrem	para	que	a	 técnica	em	tela	se	configure	como	
instrumental.	 Esse	 dispositivo	 deve	 propiciar	 intervenção	 competente	 e	 consequente	 qualidade	 nos	
serviços prestados à população.
8.5 entrevista domiciliar: técnica imprescindível no fazer profissional do 
assistente social
A	entrevista	domiciliar	é	uma	técnica	que	também	é	utilizada	por	vários	outros	profissionais	para	
melhor	compreender	a	dinâmica	do	cotidiano	familiar	do	usuário.	Amaro	(2003,	p.	13)	afirma	ser	ela	“[...]	
uma	prática	profissional,	investigativa	ou	de	atendimento,	realizada	por	um	ou	mais	profissionais	junto	
ao indivíduo em seu próprio meio social ou familiar”.
Amaro (ibidem,	p.	40)	pontua	alguns	procedimentos	que	o	assistente	social,	antes	de	efetuar	uma	
entrevista domiciliar, deve avaliar:
•	 quem	a	solicitou	(usuários,	vizinho,	parente,	instituição);
•	 o	que	pode	colaborar,	seja	para	o	usuário,	seja	para	o	serviço	ou	mesmo	para	a	relação	profissional,	
para	realizar	a	entrevista	domiciliar	naquele	momento;
•	 que	na	maior	parte	das	vezes,	a	entrevista	deve	ser	realizada	só	depois	de	o	assistente	social	e	
usuário	já	terem	se	conhecido;
•	 que	o	horário	deve	ser	determinado	e	respeitado.	Quanto	ao	elemento	surpresa,	as	entrevistas	
domiciliares	podem	ser	embaraçosas	para	o	usuário	se	não	forem	marcadas	com	antecedência;
•	 que	é	preciso	avisar,	anunciar	a	entrevista	domiciliar	e	a	intenção	pela	qual	se	a	realiza;
•	 se	o	objetivo	da	entrevista	domiciliar	é	claro,	para	que,	assim,	possa	observar,	perguntar,	esclarecer	
e	trabalhar	durante	o	encontro;
•	 que	é	preciso	evitar	entrevista	domiciliares	às	horas	de	refeição,	pois	o	usuário	pode	julgar-se	na	
obrigação	de	convidar	o	assistente	social	a	participar	da	mesa	e	a	recusa	pode	ofendê-lo;
•	 que	é	possível	aceitar	algumas	cortesias	como,	cafezinho,	refresco	etc.,	e	isso	pode	contribuir	para	
um	bom	relacionamento.
A	 entrevista	 domiciliar	 se	 configura	 como	momento	de	 diálogo	 entre	 o	 entrevistador	 social	 e	 o	
entrevistado. Via de regra, ela compreende outras técnicas de desvelamento da realidade do usuário: a 
observação,	a	entrevista	e	o	relato	verbal	ou	histórico	do	investigado.
O	diálogo	de	uma	entrevista	domiciliar	não	pode	ser	despojado	de	cientificidade.	Ele	tem	um	fim	
maior	e	pressupõe	preparo	profissional	para	obter	êxito.	O	momento	de	observação	é	relevante,	pois	se	
configura	desde	o	indizível,	seja	por	meio	de	uma	fotografia,	um	gesto	etc.	Observar	exige	perspicácia,	
intuição e capacidade de apreensão da realidade do usuário.
133
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
A	linguagem	é	algo	primordial	nesse	processo.	Merleau	Ponty	apud	Giongo	(2003,	p.	39)	afirma	que
a	palavra	é	corpo	através	do	qual	aparece	uma	intenção.	[...]	o	pensamento	
sem as palavras é como um sopro. Inversamente, as palavras sem o 
pensamento não são senão um caos de signos sonoros.
Ao	tentar	compreender	a	linguagem	do	usuário,	o	entrevistador	social	deve	entender	que	a	expressão	
verbal	é	revestida	de	um	significado	de	suma	relevância	nas	relações	estabelecidas	com	o	sujeito	investigado.	
Merleau	 Ponty	 apud	 Giongo	 (2003)	 entende	 que	 o	 pensamento,	 visto	 como	 razão,	 emoção,	 paixão,	
especulação,	sofrimento,	angústia	e	amor,	só	se	realiza	verdadeiramente	quando	acha	sua	expressão	verbal.
O	diálogo	entre	assistente	social	e	usuário	deve	ser	facilitado,	estimulado,	instigado	pelo	profissional,	
o	qual	tem	o	dever	ético	de	propiciá-lo	em	toda	e	qualquer	situação	de	intervenção	junto	ao	usuário	
de seus serviços.
No momento da entrevista domiciliar, o assistente social deve se atentar para o relato de vida dousuário,	 pois	 é	 por	meio	 dele	 que	 o	 profissional	 fará	 a	 ponte	 entre	 singularidade,	 universalidade	 e	
totalidade	ao	analisar	a	particularidade	dos	fatos.	Podemos	afirmar	que	ela	é	o	lócus	em	que	se	dá	a	
mediação do assistente social.
Faulkner	apud	Amaro	(2003,	p.	14)	conceitua	vidas	como
[...]	 propriedades	 biográficas	 pertencentes	 a	 pessoas	 e	 a	 outros,	 inclusive	
instituições	 e	 Nações-Estados;	 produções	 interpessoais	 que	 envolvem	
relações	 complexas	 de	 consequências	 morais,	 políticas,	 econômicas,	 de	
parentesco e sociais; Cada vida é ao mesmo tempo singular e universal, 
particular	e,	no	entanto,	generalizável;	as	vidas	são	a	expressão	da	história	
pessoal	 e	 social,	 bem	como	das	 teias	 relacionais	de	 influência;	Cada	vida	
é	 cobrada	 dentro	 de	 uma	 linguagem	 particular	 e	 de	 um	 conjunto	 de	
significados	que	devem	ser	apreendidos	e	registrados.
Nessa	perspectiva,	o	papel	do	assistente	social	ao	analisar,	sintetizar	e	interpretar	a	vida	do	usuário	
deve	partir	do	princípio	de	que	sua	vida	compõe	uma	totalidade	e	não	se	restringe	apenas	ao	que	foi	
captado	durante	a	entrevista.	Daí	o	destaque	para	o	preparo	do	profissional,	o	qual	deve	estar	capacitado	
para	apreender	a	totalidade	da	vida	do	usuário,	seja	nos	aspectos	socioeconômicos	ou	ideoculturais	(que	
envolve	religião,	mitos,	crendices,	costumes	etc.).	Enfim,	é	preciso	que	o	cotidiano	seja	suspenso	pelo	
entrevistador	social	e	isso	se	configura	um	desafio	na	prática	profissional.
Convém	 destacar	 que	 alguns	 autores	 concebem	 a	 entrevista	 domiciliar	 como	 uma	 entrevista	
semiestruturada,	haja	vista	ser	orientada	por	um	planejamento	prévio	ou	um	roteiro.	 Isso	revela	seu	
caráter complexo e a necessidade premente de o entrevistador estar preparado.
Outro aspecto pertinente é o fato de a entrevista pressupor documentação de seus relatos. Assim 
sendo,	o	relatório	é	um	importante	instrumento	utilizado	nas	diversas	formas	de	intervenção	do	assistente	
134
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
social	e	compõe	a	última	etapa	da	entrevista	realizada	na	entrevista	domiciliar.	Amaro	(ibidem,	p.	41)	
afirma	que	nele	devem	constar:
a) um resumo dos acontecimentos ordenados cronologicamente;
b)	uma	breve	descrição	de	cada	membro;	a	família	como	grupo,	as	pautas	da	interação	e	a	conduta	
nos papéis;
c)	o	ambiente	de	vizinhança,	físico	e	humano;
d)	o	resultado	prático,	face	ao	objetivo	da	entrevista.
A	trajetória	histórica	da	entrevista	domiciliar	no	serviço	social	advém	de	sua	gênese,	principalmente	
no	estudo	de	caso	(método	utilizado	por	Mary	Richmond	–	1917,	uma	das	pioneiras	dessa	profissão).	
Nessa	abordagem,	a	entrevista	domiciliar	era	realizada	com	fins	de	diagnosticar,	sob	a	ótica	clínica,	a	
situação-problema	dos	“clientes”,	haja	vista	o	perfil	“psicologista”	da	profissão	naquela	época.
Hoje,	o	paradigma	da	entrevista	domiciliar	como	campo	exclusivo	do	estudo	de	caso	foi	rompido.	
Constitui-se	uma	 técnica	de	 investigação	e	 intervenção	utilizada	no	âmbito	da	 categoria	 em	vários	
segmentos:	dos	positivistas	aos	marxistas	mais	radicais,	dada	sua	imprescindibilidade	no	fazer	profissional	
do assistente social.
8.6 Vida cotidiana: algumas questões relevantes
A	vida	cotidiana	é	“[...]	a	vida	de	todos	os	dias	e	de	todos	os	homens	e	é	percebida	e	apresentada	
diversamente	nas	suas	múltiplas	cores	e	faces”	(CARVALHO;	NETO,	2000,	p.	14).	Os	autores	assinalam,	
ainda,	que	a	vida	cotidiana	é
•	 a	vida	dos	gestos,	relações	e	atividades	rotineiras	de	todos	os	dias;
•	 um	mundo	de	alienação;
•	 o	espaço	privado	de	cada	um,	rico	em	ambivalências,	tragicidades,	sonhos,	ilusões;
•	 um	 modo	 de	 existência	 social	 fictício/real,	 abstrato/concreto,	 heterogêneo/homogêneo,	
fragmentário/hierárquico;
•	 o	micromundo	 social	 que	 contém	ameaças	 e	 é,	 portanto,	 carente	 de	 controle	 e	 programação	
política e econômica;
•	 um	espaço	de	resistência	e	possibilidade	transformadora.
Diante	do	exposto,	percebe-se	que	discutir	sobre	o	cotidiano	não	é	fácil.	E	o	nosso	propósito,	nesta	
aula,	é	levar	você	a	refletir	sobre	o	cotidiano,	espaço	no	qual	o	assistente	social	faz	sua	intervenção.
135
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: M
ár
ci
o 
- 
01
/1
1/
20
13
SuperviSão de eStágio AcAdêmico
Abordar	a	vida	cotidiana	nos	remete	ao	nosso	fazer	de	todos	os	dias:	acordar	cedo,	ir	ao	trabalho,	
à	escola,	cuidar	de	criança,	tomar	café,	escovar	os	dentes,	almoçar,	jantar,	praticar	um	esporte,	assistir	
à	novela	ou	ao	noticiário,	dormir	e	acordar	no	dia	seguinte	e	repetir	tudo	outra	vez.	Não	significa	só	
isso, é sonhar, ter esperança de dias melhores, viver angústias, ter medo, opressão, sentir solidão, mas 
também	segurança.
É	uma	raridade	encontrar	uma	pessoa	que	consiga	romper	com	sua	cotidianidade	e	que	consiga	
sair	da	superficialidade	em	que	o	cotidiano	a	coloca;	fazer	isso	significa	suspender	o	cotidiano,	ter	uma	
atitude	de	consciência	“do	ser	homem	total,	em	plena	relação	com	o	humano	e	a	humanidade	de	seu	
tempo”	(CARVALHO;	NETTO,	ibidem, p. 23).
A	 vida	 cotidiana	 não	 é	 homogênea,	 é	 um	 espaço	 de	 heterogeneidade	 e	 hierarquia.	 Seu	 caráter	
fundamental	 se	configura	em	um	conjunto	de	ações	e	 relações	heterogêneas	que	 são	 revestidas	de	
hierarquia.	Esta	não	é	rígida	nem	imutável.	Agnes	Heller	citada	em	Carvalho	e	Netto	 (ibidem,	p.	24)	
afirma	 que,	 “[...]	 ela	 se	 altera	 em	 função	 das	 particularidades	 e	 interesses	 de	 cada	 indivíduo	 e	 nas	
diferentes etapas de sua vida”.
A	autora	em	questão	diz	que	a	heterogeneidade	e	a	hierarquia	do	cotidiano	podem	ser	superadas	
pela	 homogeneização	 como	mediação	 necessária	 para	 suspender	 a	 cotidianidade.	 Heller,	 citada	 em	
Carvalho e Neto (ibidem,	p.	27),	expõe	que	“[...]	este	processo	de	homogeneização	só	ocorre	quando	
o	 indivíduo	concentra	 toda	 sua	energia	e	a	utiliza	em	uma	atividade	humana	genérica	que	escolhe	
consciente e autonomamente”.
Há	quatro	formas	de	suspensão	da	vida	cotidiana	—	de	passagem	do	meramente	singular	ao	humano	
genérico.	São	elas:	o	trabalho,	a	arte,	a	ciência	e	a	moral.	Tal	suspensão	implica	uma	saída	do	cotidiano	
e	uma	retomada	a	ele	de	forma	revigorada,	e	implica	uma	apreensão	da	plenitude	obtida	por	meio	da	
consciência	e	possibilidade	de	transformação	do	cotidiano	singular	e	coletivo	(CARVALHO;	NETTO,	2000).
A	seguir,	algumas	questões	relevantes	em	nosso	mundo	concernente	à	vida	cotidiana.
a)	A	revolução	passiva	do	pós-guerra:	essa	revolução	se	configura	como	uma	retomada	revolucionária	
passiva	da	classe	dominante	capitalista	perante	o	contexto	político	mundial	pós-29.
Para	 uma	 melhor	 compreensão	 do	 significado	 da	 revolução	 passiva,	 seguem	 algumas	 de	 suas	
principais características:
•	 a	 evolução	 de	 um	 capitalismo	 individualista	 e	 selvagem	 para	 um	 capitalismo	 planificado,	
transnacional e monopolista;
•	 a	generalização	e	mundialização	do	assalariado;
•	 a	forte	expansão	das	funções	do	Estado,	que	assume	o	papel	de	mediador	entre	capital	e	trabalho.	
O	 chamado	 Estado-Providência,	 que	 assume	 as	 funções	 de	 reprodução	 da	 força	 de	 trabalho	
(educação, saúde, assistência social etc.);
136
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 V
ito
r 
- 
Di
ag
ra
m
aç
ão
: L
éo
 -
 1
3/
12
/1
1 
- 
In
se
rç
ão
 d
e 
ex
er
cí
ci
os
 C
Q
A 
: V
irg
ín
ia
 -

Outros materiais