Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FREUD E JUNG INCONSCIENTE Freud: inconsciente é o que foi consciente, mas foi reprimido ou que nunca atingiu a consciência. Viu no inconsciente a possibilidade de tratamento É inconsciente: - o que eu conheço, mas não estou pensando no momento; - tudo o que eu esqueci; - Tudo o que eu percebo, mas minha consciência não registra; - Tudo o que eu faço, sinto, percebo, penso involuntariamente; - idéias, afetos dolorosos e reprimidos Jung: “O inconsciente é o desconhecido que nos afeta de imediato” (p.80) Jung: inconsciente se comunica com a consciência pelos sonhos, mitos, linguagem poética, intuições, contato com a natureza (curandeiros, místicos, religiosos, caçadores, pescadores) Análise jungiana: ampliação da consciência e para mudança de atitudes. Jung Formamos uma imagem do mundo e nos orientamos na realidade de acordo com essas imagens. Essas imagens adquirem importância para o indivíduo e para a sociedade (do ponto de vista psicológico) Modelos de psique: Freud - iceberg Jung - esferas concêntricas (camadas mais profundas do inconciente até atingir o centro): Camada externa: consciência, ego Camada intermediária: inconsciente pessoal e os complexos Camada mais profunda: inconsciente coletivo e arquétipos RELIGIÃO E JUNG - Foi o grande tema da vida de Jung com o pai (uma questão importante para ele) - Religião pode ser alienação: uma repetição sem sentido (como era para o pai dele) - Religião pode ser desenvolvimento: pode dar sentido (para o indivíduo se redescobrir, descobrir relações), pode permitir olhar uma situação por diferentes ângulos. Religare – ligar-se a si mesmo Bem cultural formado por símbolos e coloca o indivíduo em contato com si mesmo. - Interpretação psicológica da religião. Religião ativa arquétipos CARL GUSTAV JUNG Desenvolvimento da personalidade (maturidade): tornar consciente conteúdos inconscientes (ampliação da consciência). ESTRUTURA DA PERSONALIDADE - Sistemas interdependentes: ego, inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, anima e animus, sombra. - atitudes de introversão e extroversão - funções do pensamento, de sentimento, da sensação e da intuição - Self EGO - Parte consciente da mente Conjunto de funções: (percepções, memórias, pensamentos e sentimentos conscientes, juízo crítico, etc) - Dá ao indivíduo a impressão de identidade e continuidade INCONSCIENTE PESSOAL - Formado por conteúdos relacionados às experiências pessoais do indivíduo: elementos reprimidos (suprimidos ou desconhecidos) e pelos complexos; - Seus conteúdos estão mais próximos da consciência: pode se tornar consciente (pré-consciente de Freud); - Complexo: agrupamento de representações e vivências pessoais inconscientes (sentimentos, pensamentos , percepções, memórias), que estão investidos de muita energia psíquica, ou seja, com forte carga emocional (afetos positivos ou negativos). O complexo tem como núcleo um arquétipo. - Complexo pode ser constelado (ativado) – atrai experiências (ex: vivências de abandono); - Novas experiências pessoais podem ativar ou constelar os complexos: atua como se fosse um imã. Quando um complexo é ativado (constelado): perturba o ego e pode dificultar o seu controle; - Portanto, complexo é inconsciente, mas afeta a consciência (ego se relaciona com os arquétipos). Complexo tem um centro, o arquétipo. O arquétipo, portanto, se manifesta sob a forma de um complexo. O complexo ativado aparece no teste de associações de palavras. - Terapia favorece a consciência do complexo: fortalece o ego e pode minimizar os efeitos que os complexos produzem no ego; - Ego maduro e fortalecido: sofre menos influência do complexo; - Teste de Associação de palavras: fornece indicadores de complexos (a palavra perturbadora indica que um complexo foi ativado). INCONSCIENTE COLETIVO - para Jung: nascemos com um inconsciente coletivo e depois de nascidos desenvolvemos o inconsciente pessoal; - quando começou a clinicar Jung observou que as imagens mitológicas estavam presentes nos sonhos e nas visões dos seus pacientes, mesmo sem eles conhecerem essas imagens. - não podemos ver o inconsciente coletivo, podemos inferir a sua existência a partir de imagens, símbolos, que surgem nos mitos, nos contos de fada, nos sonhos de todas as épocas e lugares, independentemente de raça ou cultura. - camada mais profunda do inconsciente: mais distante da consciência - sistema que domina o ego e o inconsciente pessoal; - Estrutura psíquica universal: conteúdo impessoal (não se refere à história pessoal), resultado do acúmulo de experiências de antepassados (ancestrais humanos, pré-humanos ou animais); - Arquétipos (imagos, imagens primordiais, padrões de comportamento, etc) - Arquétipos são disposições herdadas pela espécie para reviver experiências vividas pela humanidade - Arquétipos são coletivos e organizados em temas, com todas as possibilidades (padrões de comportamentos) já vividas pela humanidade; - Todos os seres humanos revivem os temas (inconsciente coletivo), mas cada indivíduo revive cada tema de acordo com sua experiência individual (inconsciente pessoal); - Possuímos uma disposição arquetípica para desempenhar papéis: mãe, pai, filho, amigo, irmão, aluno, professor, etc - Arquétipo da mãe: predisposição herdada para a concepção de uma mãe e que determina parcialmente como o indivíduo perceberá sua mãe. - Portanto: os arquétipos são vazios e nós os preenchemos com a nossa experiência individual (Nós não as experiências, herdamos a disposição a disposição para repeti-las) - Origem do arquétipo: experiências repetidas e acumuladas pela humanidade - Da experiência do homem com as forças naturais (tempestades, terremotos, etc) desenvolveu-se o arquétipo da energia (predisposição para perceber e ser fascinado pelo poder, para criar e controlar poder) - O inconsciente coletivo é base (herdada) da personalidade, sobre a qual se desenvolve o ego, o inconsciente pessoal e as demais estruturas da pessoa: “ A forma do mundo em ela nasce já é inata nela como uma imagem virtual” (Jung, 1945, p.188 apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p. 89). - Arquétipos: da mãe, de renascimento, de nascimento, da energia (poder), da unidade, da criança, do herói, do velho sábio, do demônio, da mãe terra, do deus-sol, de Deus, do animal, da mágica. - alguns arquétipos se desenvolveram tanto que são considerados sistemas autônomos que podem ser relativamente independentes do restante da personalidade: persona, anima-animus e sombra - O conteúdo inconsciente (pessoal e coletivo) se torna consciente por meio do símbolo Os símbolos (imagens) estão nos sonhos e expressam uma comunicação inconsciente. - Os símbolos são parcialmente conscientes e parcialmente inconscientes. Como saber quando estamos diante de um símbolo? Símbolo tem um sentido, um significado (ele indica algo para nós): a cruz é um símbolo quando seu conteúdo é importante PERSONA - Persona: “mascara” – maneira pela qual o indivíduo se apresenta ao mundo, em resposta às demandas e convenções sociais - É arquetípica: uma predisposição humana para construir a persona Arquétipo Persona: diz respeito ao que é esperado socialmente de uma pessoa e a maneira como ela acredita que deve ser. É um compromisso entre o indivíduo e a sociedade - Nasce da estruturação da consciência: o indivíduo assimila e assume para si características que valoriza, que considera importante; - Por ser um arquétipo, é um fenômeno coletivo. Porém a escolha da persona e a sua característica é individual (carismático, coitadinho, charlatão, etc) - Experiências humanas baseadas no desempenho de papéis sociais, para o desenvolvimento do homem como ser social (pode-se fazer uma correspondência com o superego freudiano em alguns aspectos) - Faz a mediação entreo ego e mundo: serve como proteção, como adaptação ao mundo - Pode servir para a pessoa se expressar ou para se esconder - Persona pode esconder características que não são muito aceitas e que tendemos a rejeitar: uma máscara para esconder nossas deficiências. Problema disso: quando se usa a máscara para criar uma imagem falsa de si mesmo (quando o ego e a consciência se identifica com a máscara para esconder algo) Persona – 1ª personalidade do indivíduo ANIMA E ANIMUS - Natureza bissexual do ser humano: características fisiológicas (hormônios) e psicológicas comuns em ambos os sexos - Anima é lado feminino da personalidade do homem e animus é o lado masculino da personalidade da mulher - Masculino: ação, controle, mando. - Feminino: gestação, cuidado, acolhimento - Anima e animus é apenas um arquétipo: disposição herdadada da experiência de convívio entre homens e mulheres - Faz a mediação entre o ego e o inconsciente SOMBRA - Lado oculto do ego, o que o indivíduo rejeita ou não gosta em si (inconsciente): lado animal da natureza humana - Arquétipo da sombra produz o aparecimento de pensamentos, sentimentos e ações desagradáveis e socialmente condenáveis (que podem reprimidos ou ocultos pela persona) - Permeia o ego e o inconsciente pessoal - Pode-se fazer uma correspondência com o conceito freudiano de Id. SELF - Centro organizador da personalidade da totalidade psíquica (“um eu maior”) - É o arquétipo central, que garante o processo de ampliação contínua. - Self=si mesmo = ser si mesmo é ampliar-se (desenvolver-se) continuamente, mudar, desenvolver aquilo que é pouco desenvolvido. - Vida é movimento, desenvolvimento, progressão, mudança, inclusão de novos elementos (repetição, fixação, neurosa são contrários à vida) - relaciona-se ao arquétipo que representa desejo humano da unidade: esse arquétipo é expresso pelo símbolo da mandala - Self é a meta da vida: integração, a unidade, a totalidade - Religião é um dos caminhos para essa busca da integralidade: conceito de slf aparece na teoria jungiana nos estudos das religiões orientais (busca da unidade) - Há uma predisposição arquetípica para a religiosidade: busca do homem para se ligar a algo maior e para buscar sentido nas coisas. (religião – “religare” – ligação a algo maior) - Self precisa que outros elementos da personalidade se desenvolvam primeiro: arquétipo do self não se torna evidente antes da meia-idade. - Nesta fase da vida há um esforço para mudar o centro da personalidade do ego consciente para o self (que é um meio do caminho entre a consciência e a consciência). TIPOS PSICOLÓGICOS Tipo psicológico: diferentes modos de funcionamento da consciência - a tipologia de Jung não tinha como objetivo distinguir diferentes indivíduos, mas descrever processos cognitivos; DUAS ATITUDES BÁSICAS Atitude: predisposição para agir, tendência (não é ação) INTROVERSÃO: interesse dirigido primeiramente para dentro (mundo subjetivo, experiências interiores) e depois para os objetos externos (outros) EXTROVERSÃO: o contrário As duas atitudes geralmente estão presentes, mas uma predomina sobre a outra. Há desequilíbrio quando uma tendência está exageradamente desenvolvida em detrimento da outra QUATRO FUNÇÕES PSICOLÓGICAS Funções psicológicas: maneira pela qual o indivíduo usa seus recursos psicológicos para se adaptar à realidade. As funções psicológicas são usadas para o ego se orientar, se organizar e para experienciar. Todas as pessoas têm 2 pares de funções relacionadas à compreensão da realidade: estratégias de incorporação e de assimilação da informação (“estilos cognitivos”) Função: “um jeito, uma trilha, um caminho” Pode se percorrer olhando para dentro (introversão) ou para fora (extroversão) SENTIMENTO INTUIÇÃO ╬ SENSAÇÃO PENSAMENTO Pensamento e sentimento: funções adaptativas racionais – razão, reflexão julgamento, abstração e generalização Sensação e intuição: funções irracionais - maneira de perceber o mundo e a si mesmo. PENSAMENTO: funciona por julgamentos SENTIMENTO : função de avaliar experiências subjetivas: prazer, dor, tristeza, alegria, amor. Avalia o valor das experiências SENSAÇÃO: percepção da realidade por meio dos órgãos dos sentidos. Revela que algo existe INTUIÇÃO: percepção por meio do inconsciente. (ver p. 75) Função principal ou superior: a função que predomina, aquela com a qual nos sentimos mais confiantes O desenvolvimento da atitude predominante e da função superior: ocorre na infância: meio familiar e disposição para desenvolvê-la (arquetípica). Junto com a função principal ou superior desenvolve-se também uma função auxiliar ou secundária: se uma racional, a outra é irracional. Função inferior: - a correspondente oposta à principal. - ela permanecerá no inconsciente, mas influencia a função superior - tem forte carga emocional - relaciona-se com nossos “pontos cegos” - é inferior no sentido de “arcaico”. Primitivo (não tem sentido pejorativo) - o contato com ela mobiliza ansiedade: é necessário tomar contato com ela aos poucos (tomada de contato com o inconsciente) - pode ajudar a restaurar o equilíbrio psíquico (ponte entre inconsciente e consciente) A combinação das 2 atitudes e 4 funções: 8 tipos psicológicos básicos EXTROVERSÃO - Pensamento - Sentimento INTROVERSÃO - Sensação - Intuição Casais: é comum serem tipos opostos ou complementares – comum projetar no outro a atitude inconsciente (Ler pág. 78 – ex. briga de casal – livro Grinberg) Nos conflitos: a atitude oposta e a sombra interferem - Há duas possibilidades para atitude dominante, quatro possibilidades para função superior e duas possibilidades para a auxiliar da função superior: 16 tipos ou orientações; Compensação - Jung e Freud: Personalidade constituída por forças em conflito. Progressão e regressão: forças em conflito (o velho e o novo) Progressão: movimento de energia psíquica para frente, avanço do processo de adaptação psicológica ao mundo exterior. Regressão: recuo da energia psíquica temporariamente. Força (energia psíquica) que puxa para trás, mundo das imagens e fantasias inconscientes do mundo interior - Jung: ego e sombra; ego e inconsciente pessoal; persona e anima-animus; persona e inconsciente pessoal; introversão e extroversão; pensamento e sentimento. - Ego: precisa a atender às exigências externas (realidade) e às exigências internas (inconsciente) e a persona resulta desta luta. Os conteúdos conscientes da mente são compensados pelos conteúdos inconscientes. Os sonhos são compensatórios. Compensação de atitudes, funções - Para Jung: o desajustamento resulta de um desenvolvimento não integrado (unilateral) da personalidade. Individuação Tornar-se um indivíduo, aquele que não se divide. O objetivo da individuação é a integração Sonhos Jung concorda com Freud quanto ao conteúdo inconsciente do sonho O sonho liga a vida consciente e inconsciente A imagem do sonho é um símbolo que liga o ego (consciente) a acontecimentos inconscientes. Discorda de Freud de que os sonhos “disfarçam” algo. ENERGIA PSÍQUICA - Personalidade como um sistema fechado (parcialmente fechado: fontes exteriores de energia, como alimento); Energia psíquica: energia necessária que permite o funcionamento da personalidade. A energia psíquica é uma manifestação da energia de vida. Libido para energia de vida e energia psíquica. - Valor: intensidade de energia psíquica investida em um elemento da personalidade - Aquilo que é muito investido de energia psíquica é valorizado (é importante) para o indivíduo. Valor inconsciente: relaciona-se ao “poder constelador do elemento nuclear de um complexo” (p. 97) - Métodos de Jungpara avaliar o poder constelador de um elemento nuclear: 1. observações diretas e inferências analíticas (número de associações relacionadas a um elemento nuclear). EX: um homem com forte completo materno, tenderá a falar sobre a mãe ou coisas semelhantes em suas conversas 2. Indicadores de complexo: lapsos de fala, bloqueio de memória, teste de associação de palavras 3. intensidade de reação emocional: taquicardia, respiração mais profunda, cor do rosto mudar Teste de associação de palavras – indica a existência de complexos (tempo de reação, não responder, intensidade da reação emocional: taquicardia, respiração, “palidez no rosto”). Visão Psicodinâmica de Jung Baseada em 2 princípios: - Princípio da Equivalência (Princípio da conservação de energia): energia enfraquecida ou desaparecida reaparece em outro lugar - Sistema parcialmente fechado: elevação de energia no organismo não ocorre somente pela transferência de energia, mas pela retirada ou adição de fontes externas. - Princípio da Entropia: em termodinâmica: equilíbrio do calor dos corpos que estão em contato. A distribuição de energia (intensidade de energia) no organismo tende ao equilíbrio. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE - Tendência progressista do desenvolvimento da personalidade: busca da auto-realização (equilíbrio de forças), da integração (self como centro da psique) - Passado (causalidade) e Futuro/ meta (teleologia): ambas importantes para a compreensão da personalidade - Sicronicidade: intensidade, a importância que o evento adquire para o indivíduo (Livro do Hall, Lindzey e Campbell: em coincidência temporal entre eventos) - Hereditariedade tem importante papel na teoria jungiana: herança dos instintos biológicos (instinto como impulso para agir de uma determinada forma) e herança das experiências ancestrais (arquétipos) Infância: não determina o comportamento adulto. Mas problemas emocionais de crianças são reflexos de “experiências perturbadoras em casa” Puberdade: sexualidade e diferenciação dos pais (atitude extrovertida) Meia-idade (final dos 30 anos): atitude introvertida, busca da auto-realização, pessoa tende a tornar-se menos impulsiva. TRABALHO COM CRIANÇAS - Psicanálise: M. Klein – caixa lúdica (uso de brinquedos, jogos). - Psicologia analítica: Dora Kalff (década de 50) - Jogo de Areia (sandplay) - uma ou duas caixas com areia e miniaturas TERAPIA JUNGIANA - Busca a ampliação da consciência - Busca tornar o processo de individuação consciente: processo natural e arquetípico, que permite ampliar as referências pessoais e do mundo, levando à singularidade (indivíduo singular) Como lidar com a sombra Ego usa vários recursos para se relacionar com a sombra: Mecanismos de defesa do ego: atuam para manter conteúdos da sombra afastados do ego - Projeção, negação, repressão. “o homem que não atravessa o inferno das suas paixões também não as supera. Elas mudam para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá sua casa sem que ele perceba” (Jung citado por Grinberg, 2003, p.149). Análise junguiana: fundamental o encontro com a sombra
Compartilhar