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CARL ROGERS (1902-1987) - Nasceu nos Estados Unidos - Quarto de seis filhos: família grande e unida - Família: cristã protestante extremamente conservadora (não dançavam, não fumavam, não jogavam baralho, não mostravam interesse sexual) - Ensinamento de crenças religiosas e de moral conservadora levou-o a ver o mundo de acordo com uma visão que não era a sua – isso gerou revolta - acreditava que o filho preferido era o irmão mais velho: competia com o irmão - Lia tudo o que encontrava - solidão: sempre presente em sua vida (reconheceu que seu interesse em em entrevistar e fazer terapia em pessoas se originou da sua solidão interior) - 12 anos: família mudou-se para área rural e interesse por ciência (agricultura científica) - 1924: Formou-se em Winscosin, casou-se com uma amiga de infância e queria tornar-se pastor; - Estudou psicologia clínica e educacional/ Mestrado (1928) e doutorado (1931) pela Universidade de Columbia - Trabalhou em psicologia clínica - Incompatibilidade com teoria freudiana - Inicialmente foi influenciado por Otto Rank (psicanalista dissidente de Freud) - 1940: Professor de Psicologia na Universidade de Ohio; - 1945: Universidade de Ohio – ali desenvolveu seu método de terapia centrada no cliente - 1945-1957: lecionou na Universidade de Chicago - 1957-1963: lecionou na Universidade de Wisconsin - Recebeu muitos prêmios Psicologia Humanista Esperança em relação ao ser humano. Qualquer indivíduo tem potencial para o desenvolvimento sadio e criativo. Os fracassos são decorrentes de distorções na educação (familiar e social) e de pressões sociais. Mas esses efeitos podem ser revertidos se houver aceitação e responsabilidade do indivíduo por sua própria vida. Psicologia Existencial Ênfase nas experiências pessoais, sentimentos e valores (vida interior) Influência da visão de motivação de George Kelly (1905-1967) Motivação é um construto inútil para compreensão da personalidade: teorias de motivação para explicar por que as pessoas são ativas – para Kelly as pessoas são ativas por definição, simplesmente porque estão vivas; teorias de motivação para por que as pessoas agem de uma maneira e não de outra (forças internas ou externas) – para Kelly as pessoas agem devido às alternativas que percebem em função da sua interpretação da realidade. Para Rogers: nenhum aspecto da personalidade é predeterminado. Tendência inata e única - tendência humana à atualização: tendência à atividade, ao constante desenvolvimento das suas potencialidades (self) Influência da visão de natureza humana de Maslow (1908-1970) P. 356-357 - Em todos os seres humanos existe um desejo ativo de saúde, um impulso inato para o crescimento ou para a realização das potencialidades humanas; - Pessoas têm uma natureza inata essencialmente boa ou pelo menos neutra (não é inerentemente má) - Destrutividade e violência não são inatas ao ser humano - Ser humano saudável: desenvolvimento em um ambiente benigno e pelo esforço da pessoa para realizar sua natureza, ou seja, tornar-se um ser humano completo (auto-realização) - O desenvolvimento em um ambiente não sadio pode impedir o desenvolvimento das potencialidades humanas - Ser humano destrutivo: quando sua natureza interior é distorcida, negada ou frustrada. - Violência patologia ( agressão sadia (luta contra injustiças, preconceitos, etc) - Neurose é um “fracasso no desenvolvimento pessoal”, ou seja, a pessoa não conseguiu ser o que poderia ter sido... o que deveria ter sido biologicamente falando...crescido e desenvolvido sem nenhum impedimento” (Maslow, 1971, p.33 apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p.357) - Doença do indivíduo vem da doença da sociedade: doente é o indivíduo frustrado ou impedido – frustração básica é externa. Sociedade boa é aquela que satisfaz as necessidades básicas e, com isso, oferece condições de satisfazer as necessidades superiores. Hierarquia das necessidades de Maslow Quanto mais baixo o nível de hierarquia, mais preponderante é a necessidade; À medida que são satisfeitas as necessidades inferiores, emergem necessidades novas e superiores; Necessidades inferiores: motivação de deficiência (acionadas pela falta) Necessidades superiores: motivação de crescimento (leva o indivíduo a buscar metas e crescer). � Teoria a partir da experiência clínica. Terapia centrada na pessoa ou cliente (não diretiva) – baseada no relacionamento pessoal e subjetivo do terapeuta com o cliente. A possibilidade de mudança está no interior da pessoa: é a pessoa quem determina a sua mudança e não o terapeuta. O terapeuta é um facilitador do processo. Daí o termo cliente ao invés de paciente. Ênfase na consciência e no presente: - Não deu importância às forças inconscientes rejeitou a importância do passado no presente (Freud) - Reconhece que as experiências da infância afetam o modo como o indivíduo percebe a realidade e a si mesmo, porém acredita que as emoções presentes têm maior impacto sobre a personalidade. A personalidade do indivíduo deve ser compreendida do ponto de vista pessoal (experiências subjetivas). E a maneira pela qual o indivíduo percebe a realidade nem sempre corresponde à realidade objetiva Originou-se na Psicologia (não na medicina): teoria muito utilizada aconselhamento psicológico. Processo de mudança na terapia: inicia quando o cliente percebe que o terapeuta tem uma consideração positiva incondicional e um entendimento empático de sua estrutura interior Terapia: consciência de seus verdadeiros sentimentos e autoconceito mais congruente com as experiências totais do organismo Processo terapêutico: processo de comunicação e de relação interpessoais. Se houver: disposição mínima de ambas as pessoas para entrarem em contato; capacidade mínima de ambas para receber a comunicação da outra continuidade do contato por um período de tempo, Haverá: Comunicação recíproca com qualidade crescente de congruência, tendência ao entendimento mútuo e satisfação recíproca no relacionamento Pressuposta básico: as pessoas usam sua experiência para se definir Campo da Experiência ou campo fenomenal “tudo o que se passa com o organismo em qualquer momento e que está disponível à consciência” (Rogers, 1959, p. 161 Fadman & Frager, 1979, p. 226). É o mundo subjetivo, pessoal e que pode ou corresponder à realidade objetiva Inclui: fatos, percepções, sensações e impactos que a pessoa não toma consciência. No início, a atenção é direcionada para aquilo que o indivíduo experimenta como seu mundo (mundo interno) e não na realidade externa. O campo da experiência é limitado portanto por limitações psicológicas e biológicas. Ao invés de aceitarmos todos os estímulos que nos rodeia, há uma tendência à dirigirmos a atenção para perigos imediatos e também para experiências seguras ou agradáveis. Self ou autoconceito Autoconhecimento, a visão que pessoa tem de si mesma, baseada em experiências passadas, vivências presentes e expectativas futuras Self: é uma totalidade organizada, uma estrutura móvel e em contínuo processo de redefinição e de reconhecimento Self ou autoconceito: pode ser uma visão equivocada, distorcida da autêntica natureza da pessoa Quando a imagem do self se diferencia de modo claro do comportamento e dos valores reais da pessoa: obstáculo ao crescimento psicológico. Diferença entre self e self ideal: fonte de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas. Aceitar-se não é conformar-se, é o indivíduo se aceitar como realmente é: significa estar mais perto da realidade. Pessoa em funcionamento integral: pessoa em que está mais consciente de seu self contínuo. Self ideal - Conjunto de características que o indivíduo gostaria de ter Tendência à auto-atualização: - Processo presente em todos os seres vivos (não somente humanos) - tendênciaque leva a pessoa em direção à maior congruência e funcionamento realista. - tendência à expansão, ao desenvolvimento, à autonomia, ao amadurecimento, à ativar todas as capacidades do Organismo (ROgers) - Fonte dominante no indivíduo - Pode ser distorcido ou reprimido no indivíduo “Essa força atualizante é o postulado fudamental da nossa teoria... o eu (self) nada faz, representa simplesmente uma expressão da tendência geral do organismo para funcionar de maneira a se preservar e se valorizar” (Rogers, 1959, p.160 apud Fadman & Frager, 1979, p. 229). Congruência e Incongruência Congruência: grau de correspondência, de exatidão entre a experiência, a comunicação e a tomada de consciência. Alto grau de congruência: quando comunicação (o que o indivíduo expressa), a experiência (o que ocorre em seu campo) e tomada de consciência (o que foi percebido) são semelhantes. Consistência entre a observação do indivíduo sobre si e de outro observador externo. Crianças pequenas: altamente congruentes – expressam seus sentimentos de acordo com sua experiência. Crianças expressam de maneira clara sua raiva, amor Incongruência: quando há diferenças (discrepância) entre a experiência, a comunicação e a tomada de consciência. Ex: pessoa está com punhos fechados de raiva e diz que não está com raiva Incongruência: - pode ser uma inabilidade para perceber a emoção: discrepância entre a experiência e a tomada de consciência (repressão) - pode ser uma inabilidade para expressar o que sente: discrepância entre a tomada de consciência e a comunicação: pessoa não consegue expressar em função do medo, de velhos hábitos de encobrimento difíceis de superar ou ainda porque a pessoa não consegue compreender o que os outros esperam dela. Incongruência geralmente é sentida como ansiedade, tensão ou confusão interna (em casos mais extremos) Incongruência é observável nesses exemplos: Não sou capaz de tomar decisões Não sei o que eu quero Nunca serei capaz de persistir em algo O que uma pessoa experiência ou pensa é uma hipótese sobre a realidade: pode ou não corresponder a ela. “A pessoa total é aquela que está completamente aberta aos dados da experiência interna e aos dados da experiência do mundo externo” (Rogers, 1977, p.250 apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p. 368). - Quando as experiências do self refletem as experiências do organismo: pessoa madura, a justada e completa: Incongruência entre self e organismo: ameaça e ansiedade Congruência entre self e self ideal: insatisfação e desajustamento Maior preocupação de Rogers: como se desenvolve a incongruência e como o organismo e self podem ficar mais congruentes. Organismo fica mais diferenciado, autônomo, e socializado quando amadurece. Essa é tendência básica de expansão, de realização, de atulização Rejeitou idéias motivacinais (ler 370) Estabeleceu relações funcionais entre determinadas condições e melhora terapêutica (ou outro crescimento psicológico) O terapeuta deve ser: - genuíno e congruente; - ter uma “consideração positiva e incondicional” - ter empatia pelo cliente. Trata-se de uma atitude calorosa de aceitação, terapeuta aceita completamente tudo o que a pessoa fala. Pessoas precisam conhecer antes de escolher e quando conhecem escolhem crescer (e não regredir) Para ele, comportamento é uma tentativa de satisfazer necessidades, conforme elas são percebidas (experienciadas). Necessidades: existem várias necessidades, mas todas se submetem à tendência básica de desenvolvimento. Duas necessidades são destacadas por Rogers: de consideração positiva (desenvolve-se no bebê em conseqüência de ele ser amado e cuidado) e de autoconsideração (se desenvolve em virtude do bebê receber a consideração positiva dos outros). Ambas são aprendidas. Para Rogers: Todas as pessoas têm “basicamente as mesmas necessidades, incluindo a necessidade de ser aceito pelos outros” (Rogers, 1959, p. 524 apud apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p. 372). Desenvolvimento da personalidade: Tendência realizadora: influenciada pelo ambiente social. Rogers não tem uma teoria de desenvolvimento em fases: a maneira pela qual o indivíduo é avaliado pelo outro na infância tende a distanciar as experiências do organismo das experiências do self. Se essas avaliações fossem positivas (consideração positiva incondicional) não haveria incongruência entre organismo e self: “Se o indivíduo experimentasse apenas uma consideração positiva incondicional, não se desenvolveria nenhum condição de valor, a auto-estima seria incondicional, as necessidades de consideração positiva e auto-estima jamais discordariam da avaliação orgamística e o indivíduo funcionaria de modo completo” (Rogers, 1959, p. 224 apud apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p. 371). O autoconceito é distorcido na infância em decorrência da avaliação alheia: Avaliações da criança (pais, professores, etc): ora são positivas, ora negativas. Criança começa aprender o que é valorizado e desvalorizado pelo outro. Experiência e sentimentos desaprovados pelos outros tendem a ser excluídas do autoconceito, mesmo que organismo as aceite. A criança aprende a ser o que os outros querem que ela seja e não o que verdadeiramente é. Ver pág. 371 Valores verdadeiros da pessoa são substituídos pelos valores de outras pessoas e mesmo que o sendo percebidos como da própria pessoa, o self ficará dividido (tensão, desconforto, ansiedade). A distância entre o self e organismo: resulta em defensividade. Essa incongruência afeta também as relações da pessoa com os outros. Às vezes as pessoas mantêm uma auto-imagem diferente da realidade. A pessoa que se sente com pouco valor vai excluir da sua consciência as evidências que contraria essa sua auto-imagem e vai reiterpretar a realidade para torna-las congruentes com a sua desvalia. Ex: Pessoa que foi promovida e não se acha merecedor (a pessoa pode se sair mal mesmo tendo competência). Tornar a incongruência consciente gera ansiedade e faz indivíduo se sentir ameaçado Mecanismos de defesa – “SUBCEPÇÃO”: níveis de percepção da realidade inconscientes. Esse mecanismo é usado para a pessoa se prevenir contra ameaças. Trata-se de uma ameaça da qual não há consciência. Por que tornar a incongruência consciente gera ansiedade e faz indivíduo se sentir ameaçado? Porque põe em risco a consideração positiva do self e dos outros. Quando sentimentos são negados, podem se manifestar por meio de uma simbolização distorcida (projetar o sentimento sobre outras pessoas, por exemplo). Pessoas defensivas: hostilidade em relação a quem representam seus sentimentos negados Para diminuir essa distância entre self e organismo e entre o self e os outros: - Em situações não ameaçadoras (terapia centrada na pessoa – aceitação positiva e incondicional), o cliente é encorajado a explorar sentimentos inconscientes (não simbolizados) e torna-los conscientes. - Aos poucos, o terapeuta explora esses sentimentos ameaçadores - a segurança do relacionamento entre cliente e terapeuta permite que os sentimentos sejam assimilados ao self e com isso pode haver uma drástica reorganização do autoconceito para que ele fique mais próximo da realidade (congruência) Aceitação e assimilação de experiências cuja simbolização foi negada: melhor aceitação e compreensão do outro (porque o próprio indivíduo compreende e aceita melhor a si mesmo). Terapia centrada na pessoa: promove melhoras também nas relações sociais, pois indivíduo mais tolerante consigo mesmo é mais tolerante com o outro. Portanto, na terapia a congruência pode ser percebida e avaliada e a estrutura do self pode ser revista. AJUSTAMENTO SADIO E INTEGRADO: é necessário avaliar conscientemente nossas experiências para verificar se elas necessitam de mudanças na estrutura de valor (flexibilidade) Valores fixos dificultam a pessoa a reagir diante de novasexperiências. LEMBRANDO QUE: Todas as pessoas têm “basicamente as mesmas necessidades, incluindo a necessidade de ser aceito pelos outros” (Rogers, 1959, p. 524 apud apud Hall, Lindzey e Campbell, 2000, p. 372). VER 372-373 Patologia (perturbação emocional): decorrente de estar exposto a uma consideração positiva condicional. Obstáculos ao crescimento: surgem na infância. Por isso que o que a criança aprende num primeiro momento deve ser reavaliado posteriormente Necessidades fisiológicas Segurança Pertencimento e amor Estima Auto realização
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