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Desenvolvendo Objetivos e Atributos * Ralph L. Keeney Resumo Os objetivos fundamentais de todo problema de decisão devem definir porque o tomador de decisões está interessado nessa decisão. Entretanto, listar um conjunto completo de objetivos fundamentais para uma decisão não é uma tarefa simples. Requer criatividade, tempo, algum hard thinking, e o reconhecimento do que realmente é importante. Este capítulo oferece muitas sugestões para ajudar a desenvolver bem essa tarefa e fornece critérios para apreciar a qualidade do conjunto de objetivos fundamentais resultante. Para a análise de uma alternativa de ação em termos dos objetivos que se pretende alcançar, é necessário definir os atributos para medir o grau em que cada objetivo é alcançado. Bons atributos são essenciais para uma análise inteligente. Este capítulo inclui também muitas sugestões para ajudar a identificar ou construir atributos úteis, bem como critérios para apreciar a qualidade dos atributos resultantes. Os objetivos fundamentais e os seus respectivos atributos, conjuntamente, fornecem a base para a construção de qualquer tipo de função objetivo e para qualquer tipo de discussão acerca dos prós e contras das alternativas de ação de um dado problema de decisão. Índice: Introdução 1. Objetivos e Atributos 2. Identificando Objetivos Listando os Valores Especificando Objetivos a partir dos Valores 3. Estruturando Objetivos 4. Propriedades Desejáveis dos Objetivos 5. Conceitos Básicos sobre Atributos 6. Propriedades Desejáveis dos Atributos Não Ambíguos Abrangentes Diretos Operacionais Compreensíveis 7. Um Modelo de Decisão para Selecionar Atributos 8. Sumário 9. Referências 10/10/2010 (9:44 h) 2 /47 Introdução Em qualquer situação de decisão, existe um momento específico em que ela é pela primeira vez reconhecida. Antes desse momento, não existe conhecimento consciente da decisão. Estas situações de decisão podem ser categorizadas dependendo de como elas foram elevadas à consciência. Algumas foram causadas por um evento externo, referido como um gatilho que torna claro que uma decisão terá que ser tomada. Os gatilhos são causados por circunstâncias ou pessoas outras que o tomador de decisões, a pessoa que necessita fazer uma escolha em algum momento no futuro. Por isso, eu me refiro a estas situações de decisão como problemas de decisão. A outra forma que uma decisão chega à consciência é que ela simplesmente surge (pops up: estala, pipoca) na mente do tomador de decisões, quando ele ou ela compreende que algum controle para influenciar o futuro pode ser alcançado fazendo escolhas. Eu me refiro a esta situação de decisão gerada internamente como uma oportunidade de decisão. Qualquer que seja a maneira que isso ocorra, este primeiro reconhecimento de que há uma decisão a ser tomada constitui o contexto de decisão inicial para a situação de decisão. Exemplos deste contexto inicial de decisão incluem o seguinte: Qual universidade deveria eu preferir? Qual é a melhor maneira de aumentar a fatia de mercado do produto X? Onde deveria ser construída uma nova usina de geração de energia elétrica? Quem nós deveríamos contratar como novo professor efetivo em nosso departamento? Como eu deveria perder 18 quilos? O contexto inicial de decisão é revisado à medida que a situação de decisão é mais bem definida. Para decisões pessoais, a revisão pode resultar de uma reflexão mais cuidadosa por parte do tomador de decisões. Por exemplo, o tomador de decisões pode recolher opiniões dos amigos, conhecidos, ou dos conselheiros para revisar um contexto de decisão. 10/10/2010 (9:44 h) 3 /47 Para problemas envolvendo negócios ou políticas públicas, onde muitas pessoas poderiam estar diretamente interessadas na mesma decisão, as discussões podem resultar em uma caracterização melhor do contexto de decisão. Este contexto basicamente delimita a decisão a ser encarada. Estas fronteiras colocam um limite preliminar sobre os tipos de objetivos e de atributos apropriados a considerar para a decisão. Uma vez que o contexto de decisão tenha sido compreendido, começa o trabalho, eventualmente resultando na escolha de uma alternativa para “resolver a decisão”. Este processo pode ser muito informal e basicamente envolve tentar identificar uma alternativa que seja boa ou boa o suficiente para ser selecionada. Entretanto, para importantes situações é freqüentemente valioso considerar mais cuidadosamente as alternativas e suas implicações antes da escolha. Nestes casos, é também útil identificar o conjunto dos objetivos que se deseja alcançar considerando a decisão 1 e relacioná-los com uma lista de alternativas que sejam contendoras para melhor alcançá-los. As listas dos objetivos e das alternativas fornecem uma bem-definida moldura da decisão 2 para o contexto de decisão. Se o quadro da decisão é cuidadosamente construído, a escolha pode ser feita informalmente considerando o grau em que 3 as várias alternativas parecem ser suficientemente boas 4 em termos dos objetivos. Mais uma vez, entretanto, para alguns problemas é valioso escavar mais profundamente e fazer uma análise das alternativas. Isto envolve definir cuidadosamente os objetivos e identificar medidas, referidas como atributos, para indicar o grau em que esses objetivos são alcançados pelas várias alternativas. Uma análise dessas alternativas pode ser feita quantitativamente seguindo a teoria e a prática da análise de decisões. 1 By addressing the decision: considerando a decisão; ou pensando na decisão; ou por meio da decisão. NT. 2 Decision frame. NT. 3 How well: o grau em que; como bem; o quanto bem; o grau ou o quanto em que. NT. 4 Measure up: ser suficientemente boa (a alternativa) para alcançar os objetivos. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 4 /47 1. Objetivos e Atributos O foco deste paper está em três questões: Como podemos criar um conjunto apropriado de objetivos? Como podemos identificar um atributo para medir o grau em que cada um desses objetivos é alcançado? Como podem ambas essas tarefas ser feitas eficientemente e bem? Apresentando dois casos ajudará a definir termos e fornecer exemplos para nossa discussão. Uma decisão comum genérica em muitos negócios concerne a uma escolha dentre alternativas para melhor alcançar os objetivos da companhia. Para certas classes de decisões importantes, dois objetivos bastarão: maximizar lucros e maximizar a fatia de mercado de um produto. O objetivo lucro pode ser medido pelo atributo “valor presente líquido dos lucros” sobre um determinado período de tempo e o objetivo fatia de mercado pode ser medido pelo atributo “percentagem do total de uma dada classe de produto vendida ao fim desse período”. Estes objetivos e atributos são alistados na Tabela 7.1. O objetivo lucro mede quão bem a companhia se saiu em curto prazo, e o objetivo fatia de mercado indica quão bem a companhia está preparada, desde o fim desse curto prazo, a fazer no futuro. Tabela 7.1. Objetivos e Atributos para Importantes Decisões de Produção. Objetivos Atributos Maximizar o lucro Valor presente líquido do lucro em 3 anos Maximizar a fatia de mercado Percentagem da categoria de produto vendida em 3 anos Um exemplo mais específico e detalhado refere-se às decisões da British Columbia Gas (BC Gas), uma companhia que fornece Gas natural em toda a British Columbia (um município do estado de Washington). Tim McDaniels, da University of British Columbia e eu trabalhamos 10/10/2010 (9:44 h) 5/47 com a BC Gas para identificar os objetivos e atributos para seu planejamento integrado de recursos (Keeney & McDaniels, 1999). Como resultado, nós chegamos ao conjunto de objetivos e atributos indicados na Tabela 7.2. É valioso mencionar brevemente como eles foram obtidos, pois isso é relevante para o processo nas mais importantes decisões. Tabela 7.2. Objetivos e Atributos para o Planejamento Integrado de Recursos na BC Gas. Objetivo Atributo Prover serviço de qualidade ao cliente Manter baixa a conta de energia Minimizar o custo do serviço Manter baixos os gastos de capital requeridos Realizar mudanças suaves e previsíveis Prover serviço confiável Minimizar as suspensões (cortes) do serviço Responder prontamente às solicitações de serviço Prover o serviço justo Evitar tarifas subsidiadas às classes de consumo Minimizar injustiça na gestão da demanda Promover a equidade intergeneracional (com outras formas de energia) Variação em $ na conta residencial média de cada cliente Custo do capital (of DSM initiatives) para um cliente típico Taxa (%) máxima de aumento por período Número de suspensões de serviço a clientes em um ano Tempo médio de resposta aos pedidos de serviço Razão entre o custo do serviço de longo-prazo de cada classe de clientes e as tarifas cobradas a cada classe de clientes Número de clientes beneficiados dividido pelo número de clientes pagantes Quantidade evitada de consumo de gás no período de planejamento Assegurar saúde e segurança Minimizar fatalidades entre o público e os empregados Minimizar ferimentos entre o público e os empregados Número de fatalidades Número de dias perdidos de trabalho/escola, ou tempo equivalente de tratamento para o público e empregados Minimizar Impactos Ambientais Minimizar perdas de florestas e de fauna Minimizar emissões de gases estufa (greenhouse gasses) Minimizar emissões de poluentes do ar Perda, em área (ha), de floresta madura comercialmente ou, equivalentemente, perda de habitat animal de alta qualidade Toneladas de emissões de gás estufa por ano em equivalentes de CO2 Toneladas de emissões de NOx por ano 10/10/2010 (9:44 h) 6 /47 Otimizar impactos socioeconômicos na BC Minimizar impactos adversos aos indivíduos Minimizar a disrupção (ações que causam a interrupção da continuidade e regularidade do serviço, ou desordem e tumulto) Minimizar ruídos Minimizar impactos visuais Minimizar efeitos adversos nos estilos de vida Minimizar danos à propriedade Minimizar medo e aborrecimento Minimizar odores Evitar sabor ruim na água Melhorar viabilidade das comunidades Promover o desenvolvimento regional e contribuir para comunidades estáveis Minimizar a disrupção das terras nativas Prover serviços comunitários Apoio ao Município (British Columbia) Prover renda de impostos ao município Promover a criação de empregos Manter a industria do município competitiva Equivalentes, em pessoas/ano, de disrupção significativa (e.g., incapacidade de dirigir ou estacionar perto de casa) devido à construção das atividades relacionadas Equivalentes, em pessoas/ano, do impacto causado por ruído significativo devido às instalações, suficiente para causar recorrentes reclamações Equivalentes, em pessoas/ano, de impactos visuais significativos ao observar a obra pelo menos uma vez ao dia Equivalentes, em pessoas/ano, de restrições nas escolhas pessoais devido à falta de disponibilidade de gás natural Reclamações (em $) por danos causados a propriedades em um ano Equivalentes, em pessoas/ano, de significativa ansiedade ou preocupação com as instalações, suficientes para causar reclamações Equivalentes, em pessoas/ano, de exposição a odores provenientes das instalações, suficientes para causa reclamações Equivalentes, em pessoas/ano, de água com mau sabor proveniente das instalações Número de comunidades recebendo serviços ou novos investimentos em instalações maiores (com mais do que 5 empregados) Área (em ha) de reservas que são disruptadas por obras e outras instalações Número de empregados da BC Gas envolvidos em serviço comunitário Fluxo de impostos para o município proveniente das receitas da BC Gas (imposto de renda e royalties do gás) Empregos líquidos de tempo integral equivalentes criados no município Custo relativo das tarifas da BC Gas para os consumidores industriais comparado às tarifas do estado (de Washington) Assegurar retorno de qualidade para os acionistas Prover altos dividendos e valorização das ações Retorno real anual (%) sobre o capital próprio 10/10/2010 (9:44 h) 7 /47 Primeiro, Tim e eu tivemos reuniões com diversos executivos da BC Gas, dois indivíduos da Comissão de Instalações da BC, e de representantes de 10 grupos de interesse 5 no município. Em todas estas discussões, nós pedimos aos indivíduos para que identificassem quaisquer valores, interesses, ou preocupações que tivessem sobre o planejamento de recursos e sobre as escolhas da British Columbia Gas. Após as reuniões, nós sumariamos as contribuições individuais com um relatório personalizado aos participantes para que fizessem quaisquer modificações ou adições. Dos relatórios originais e das sugestões adicionais nós fizemos uma lista completa de todos os valores estabelecidos pelos participantes. Isto nos forneceu a base para identificar os objetivos da tabela 2 e, para isso, usamos os processos descritos nas Seções 3 e 4 deste paper. Os atributos (Seção 5) para os objetivos da BC Gas foram desenvolvidos baseando-se parcialmente em um workshop com o pessoal da BC Gas, incluindo especialistas da área técnica e de regulação 6 . Essencialmente, nosso trabalho foi usar o seu conhecimento para ajudar a identificar um atributo que, ao mesmo tempo, servisse para definir melhor o significado de cada objetivo e para descrever adequadamente as conseqüências das alternativas de ação em termos do grau em que elas alcançam aquele objetivo. Detalhes sobre o processo de identificar atributos são discutidos nas seções 6-8 deste paper. As Tabelas 1 e 2 fornecem o pano de fundo para compreender as definições que usamos para objetivos e atributos. Objetivos, são uma declaração de algo que os tomadores de decisão desejam alcançar tomando uma decisão. Eles podem ser estabelecidos eficazmente usando um verbo e um substantivo (isto é, um objeto). Na tabela 2, com “minimizar os custos do serviço”, o verbo é minimizar, e o objeto é custos do serviço. Com 5 stakeholders. NT. 6 Relativo a atividades econômicas reguladas, como concessionárias de gás, de energia, de água, etc. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 8 /47 “promover a criação de emprego”, o verbo é promover, e o objeto é criação de emprego. Os atributos são as escalas de medida que fornecem uma base para indicar o grau em que estes objetivos são alcançados. Por exemplo, com “promover a criação de emprego”, o atributo é “empregos líquidos de tempo integral criados no município”. Pode parecer que um atributo seja óbvio - como “um igual” ou “um par” ou “um equivalente” para um objetivo 7 - mas importantes escolhas precisam ser feitas para selecionar atributos apropriados, como veremos mais tarde. 7 As a match for anobjective. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 9 /47 2. Identificando Objetivos O conselho mais básico que se possa dar a alguém que esteja diante de uma decisão que o deixe perplexo é “liste os seus objetivos”. Isto é lógico, porque a única razão para importar- se com qualquer decisão é alcançar alguma coisa. Os objetivos estabelecem o que é essa coisa. Sem saber o que você quer alcançar, não parece haver qualquer razão para importar- se ou pensar sobre uma decisão. Peters e Waterman (1982) referem-se a isso, ao oferecer a sua “pitada de conselho aos gerentes, para todos-os-propósitos”, na busca da excelência, como “compreenda o seu sistema de valores”. Simples como isso possa soar, não é fácil listar um bom conjunto de objetivos para qualquer problema complexo de decisão. No caso do BC Gas, numerosos executivos da empresa, e os 10 grupos de interesse, forneceram listas de objetivos. Na verdade, nós analistas ajudamos a estimular seus pensamentos a fim de retornarem com listas mais completas de objetivos. Ainda assim, eu penso que a maioria dos 10 executivos e dos 10 grupos de interessados listou somente a metade dos objetivos da Tabela 2. Entretanto, após terem visto a lista de objetivos apresentada na Tabela 2, todos sentiram que a lista era apropriada. Em experiências preliminares com meus colegas Kurt Carlson Samuel Bond na Duke University, nós exploramos a dificuldade que as pessoas têm em gerar um conjunto completo de objetivos para suas próprias decisões. Nós começamos pedindo aos indivíduos para listar os objetivos que julgassem adequados para um problema que tivessem enfrentado no passado, ou que facilmente poderiam enfrentar no futuro (por exemplo, a possíveis futuros alunos de MBA foi pedido que listassem objetivos para escolher uma escola de administração para o seu MBA, e aos estudantes de doutorado foi pedido que 10/10/2010 (9:44 h) 10 /47 listassem objetivos para sua dissertação de doutoramento). Em seguida, nós abastecemos estes indivíduos com uma lista de objetivos que nós desenhamos para ser “razoavelmente completa”. Por razoavelmente completa, queremos dizer que nossa lista contém a maioria dos objetivos que nós, com ajuda de nossos colegas, pensamos que seria relevante a essa decisão. Então, pedimos aos participantes para indicar quais dos objetivos em nossa lista completa se aplicam a eles pessoalmente. Em princípio, se os indivíduos já tivessem gerado todos os objetivos que lhes importassem, eles não deveriam identificar novos objetivos a partir de nossa lista (mais) completa. Entretanto, inicialmente os respondentes listam apenas cerca de metade dos objetivos que eles subseqüentemente dizem que são relevantes após terem observado nossa lista. Alguém poderia pensar que os indivíduos simplesmente listam seus objetivos mais importantes e esquecem os menos significativos. Então, nós pedimos aos respondentes para que priorizassem os objetivos que listaram ou selecionaram de nossa lista mais completa. Talvez, e surpreendentemente, os objetivos que as pessoas esquecem de listar em suas listas originais sejam aproximadamente tão importantes quanto os que eles finalmente listam. Embora este trabalho esteja ainda em andamento, ele mostra que os indivíduos podem necessitar assistência para identificar objetivos adequados. Certamente, as sugestões que serão apresentadas mais tarde nesta seção poderão ser úteis para esse propósito. Listar objetivos pode ser complexo porque os indivíduos freqüentemente não têm um claro conceito sobre exatamente o que é um objetivo. Em conseqüência, eles incluirão alvos, restrições, aspirações, metas 8 , e mesmo alternativas em suas listas de objetivos. Por exemplo, se uma companhia tiver uma meta de alcançar um lucro de $50 milhões no 8 ...targets, constraints, aspirations, goals... NT. 10/10/2010 (9:44 h) 11 /47 próximo ano, isto sugeriria falha se alcançasse apenas $49 milhões, e sucesso se fizesse $51 milhões. Provavelmente, esta preferência realmente não representaria seus valores reais. Suponha que existissem duas alternativas, uma que poderia garantir (com certeza) um lucro de $51 milhões, e outra que tivesse uma chance de 50/50 de um lucro de $49 milhões ou de um lucro de $100 milhões. Qual alternativa a companhia provavelmente preferiria? Preferiria provavelmente a segunda alternativa, ainda que essa alternativa tenha uma chance de 50% de não atingir o alvo, embora a outra alternativa não tenha qualquer chance da falhar. Conclusão: objetivos que são listados com um alvo (isto é os $50 milhões) não são muito úteis para avaliar alternativas ou pensar sobre a relativa desejabilidade das alternativas. Restrições têm um outro ponto fraco para se avaliar alternativas. A saber, elas eliminam alternativas que podem, ao final, serem muito desejáveis. Suponha que um novo produto estava sendo desenvolvido, e que uma restrição era de que ele necessitaria pesar menos do que cinco pounds 9 . Isto eliminaria naturalmente toda alternativa que pesasse 5.1 pounds Mas e se essa alternativa se sair fantasticamente bem em todos os outros objetivos? Ela poderia claramente ser a melhor. Eliminando a restrição, mas incluindo um objetivo tal como o peso minimizado do produto, a significância relativa de estar 0.1 pounds acima de 5 pounds, ou 12 pounds acima de 5 pounds, pode ser apropriadamente incluída na avaliação das alternativas. Por causa das dificuldades na obtenção de uma boa lista de objetivos, é valioso dividir o processo em duas etapas e fornecer métodos para ajudar em cada uma. A primeira etapa, como mencionada com o estudo do BC Gas, é pedir aos indivíduos para redigir seus 9 1 pound = 0,3732417216 kg; 5 pounds = 1,866208608 kg. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 12 /47 valores, entendidos como qualquer coisa com a qual se importam, tendo em vista as possíveis conseqüências das potenciais alternativas. A segunda etapa é apreciar com cuidado cada item de valor em sua lista e convertê-lo em um objetivo. A primeira etapa vai do nada a alguma coisa, e é razoável aceitar alguma desorganização neste processo para forçar a criatividade e recolher tanta informação quanto possível das mentes dos indivíduos a quem a decisão está afeta. Uma vez que os valores estejam apresentados na forma de uma lista, não é difícil convertê-los sistematicamente em objetivos. Para fins de discussão (em grupo), é mais claro considerar essas etapas separadamente, embora certamente possam existir interações entre as duas etapas quando se está desenvolvendo um conjunto útil de objetivos. 2.1. Listando Valores O processo de desenvolver uma lista dos valores requer criatividade e hard thinking. Freqüentemente, é útil estimular este processo de tal forma que os indivíduos sejam tão expansivos quanto possível neste estágio. Os dispositivos (e respectivas perguntas estimulativas) descritos na tabela 7.3 provaram serem úteis para isso. Ao desenvolver um conjunto de valores para uma decisão pessoal, as perguntas estimulativas devem ser consideradas trabalhando sozinho. Contudo, mesmo em problemas pessoais você pode desejar fazer um brainstorm usando esta lista com um amigo. Mas, para decisões de negócios ou para decisões públicas usualmente existem múltiplos indivíduos que poderiam e deveriam estar envolvidos no desenvolvimento dos valores. Em tais situações, um facilitador pode usar as perguntas estimulativas da Tabela 7.3 para gerar um mais largo espectro de objetivos potenciais. 10/10/2010 (9:44 h) 13 /47 Tabela 7.3. Dispositivos para Ajudar a Articular Valores Dispositivo (mecanismo) Perguntas (estimulativas)Lista de Desejos (Wish List) O que você quer? O que tem importância para você? O que seria ideal? O que você não quer? Alternativas O que é uma alternativa maravilhosa, uma alternativa pavorosa, alternativas razoáveis, o status quo? O que é bom ou ruim acerca de cada uma? Conseqüências O que ocorreu que foi bom ou ruim? Qual a sua preocupação quanto ao que poderia ocorrer? Metas e Restrições Quais são suas aspirações quanto a alcançar as metas estabelecidas e restrições? Que limitações elas colocam para você? Diferentes Perspectivas Com o que poderiam os seus competidores ou eleitores ou stakeholders estarem preocupados? Em algum momento do futuro, o que poderia preocupá-lo? Valores Estratégicos Quais são os seus mais importantes valores que podem estar representados em uma declaração de missão, em uma declaração de visão ou em um plano estratégico? Quais são os seus valores que são absolutamente fundamentais? Valores Genéricos Quais são os seus valores para os seus clientes, os seus empregados, os seus acionistas, para você mesmo? Quais valores ambientais, sociais, econômicos, ou de saúde e segurança são importantes? Por que isso é importante? Para cada valor estabelecido, pergunte porque ele é importante. Para cada resposta, pergunte novamente porque ela é importante. O que você quer dizer com isto? O que isto significa? Para cada valor estabelecido, especifique o seu significado mais precisamente. Para valores muito amplos ou genéricos, identifique as suas principais partes componentes. 10/10/2010 (9:44 h) 14 /47 No começo da atividade de listar valores, é útil pensar livremente e listar todos as preocupações que venham à mente. Essencialmente, você está desenvolvendo uma lista de desejos, considerando o que você quer, o que tem importância para você, o que seria ideal, e o que você não quer. Uma vez que sua lista inicial de desejos esteja completa, utilizar os dispositivos da Tabela 7.3 pode ajudar a identificar adições à sua lista. Estes dispositivos podem terminar estimulando valores que se sobreponham, que sejam os mesmos valores estabelecidos de forma diferente, ou que sejam partes de valores já existentes na lista. Entretanto, a redundância não é um problema neste estágio, porque isto pode ser reconhecido quando os valores são convertidos em objetivos, e então estes são organizados. É de utilidade indicar como alguns desses dispositivos poderiam ajudar. Alternativas. Prontamente, pode-se identificar alternativas reais ou hipotéticas que sejam relevantes à sua decisão. Usando quaisquer dessas alternativas, identifique o que você gosta e o que você não gosta sobre elas porque elas são guias a valores potenciais. Você pode desafiar a sua imaginação visualizando alternativas hipotéticas que poderiam ser maravilhosas ou pavorosas, e então escreva os valores que as tornariam quer maravilhosas ou pavorosas. Conseqüências. Alternativas conduzem a conseqüências e às vezes é mais fácil pensar sobre conseqüências do que sobre as próprias alternativas. Se você puder identificar conseqüências que você gosta ou que você não gosta, elas certamente sugerem os valores a elas associados. Por exemplo, alguém pode estabelecer que um particular risco à saúde é inaceitável (conseqüência), o que sugere que um dado valor poderia conduzir ao objetivo de minimizar aqueles riscos à saúde. 10/10/2010 (9:44 h) 15 /47 Metas e restrições. Muitos indivíduos têm metas implícitas ou explícitas e as organizações freqüentemente estabelecem as suas metas. Se a meta de um estudante for ficar com uma média “B10” no próximo ano, isto sugere um valor relativo a menções elevadas. Similarmente, uma restrição para um determinado problema de decisão sugere um valor. Se uma companhia tem a restrição de que os potenciais vendedores deveriam ser capazes de fornecer os materiais adquiridos dentro de uma semana, isto sugere o valor tempo de entrega. Diferentes Perspectivas. Freqüentemente, para alguns problemas públicos, devem ser incluídos stakeholders com diferentes perspectivas. Isto conduz tipicamente a um conjunto mais amplo de valores potenciais. A mesma idéia pode ser empregada quando você trata com decisões pessoais ou com decisões em uma companhia. Pode-se perguntar o que uma pessoa com uma dada perspectiva diferente da minha pensaria sobre o problema em questão. Por exemplo, em uma companhia, se poderia perguntar o que preocuparia um particular concorrente em tal situação. Às vezes é também útil ter a sua própria perspectiva sobre o problema, mas observado-o a partir de um momento diferente no tempo que não o presente. Geralmente, nós consideramos decisões observadas de hoje para frente. Entretanto, nossa percepção sobre essa mesma decisão pode ser diferente observando-a do futuro para o presente. Suponha que você está considerando divulgar o seu produto na Europa Oriental. Você pode desejar considerar os seus valores supondo que está em uma posição diferente daqui a dez anos em tal venture 11 . Isto pode ser útil para sugerir valores adicionais para agora, o momento presente. 10 Do sistema de menções adotado nas universidades dos EUA. Semelhante a um “MS”. NT. 11 Empreendimento de risco; negócio de risco. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 16 /47 Valores Estratégicos. Muitas organizações públicas ou privadas têm uma declaração de missão ou uma declaração de visão ou um plano estratégico que delineia o seu mais elevado nível de valores. Pode-se perguntar, para cada decisão que esteja sendo enfrentada, quais são as maneiras pelas quais nossas atuais ações, e suas conseqüências, contribuem para alcançar quaisquer desses valores estratégicos. Qualquer resposta sugere valores adicionais. Da mesma forma, é útil para os indivíduos terem uma declaração de missão para sua vida ou para os próximos cinco anos ou para o tempo na universidade ou para o tempo em uma dada empresa. As principais decisões que estão sendo tomadas agora devem contribuir para tal missão e esse vínculo pode sugerir valores. Valores Genéricos. Em muitas decisões públicas, as categorias de valores relacionam-se com os impactos sociais, econômicos, ambientais, e de saúde e de segurança. Qualquer uma delas pode sugerir valores específicos relevantes a um dado problema. Para muitos problemas em negócios, os objetivos genéricos certamente incluem a satisfação do cliente, a obtenção de rendimentos 12 , o compartilhamento de responsabilidades com os acionistas, o aumento da fatia de mercado, e o provimento de um bom clima organizacional para os empregados. Mais uma vez, quaisquer dessas categorias podem sugerir potenciais valores para problemas atuais. Por que isso é importante? Um dos mais poderosos dispositivos para articular valores é simplesmente perguntar porque um item da atual lista de valores é importante. Por exemplo, se um individuo lista poluição como importante, pergunte por que. A resposta poderia ser que menos poluição exporia um número menor de pessoas. Então, pergunte outra vez porque isso é importante, e a resposta poderia ser que algumas pessoas ficariam doentes se fossem expostas à demasiada poluição. Mais uma vez, pergunte porque isso é 12 Making money. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 17 /47 importante. A resposta provável seria que nós não queremos que as pessoas fiquem doentes, e que, em casos extremos, a exposição pode conduzir à morte prematura. Este processo sugere que valores relacionados com exposição à poluição, com doenças causadas pela poluição, e com potencial morte prematura são todos relevantesà lista de valores. O que você quer dizer com isto? O que isto significa? Para compreender melhor o significado dos valores listados, pergunte o que você quer dizer com esse valor. Ficando mais específicos (no sentido de mais explicados ou detalhados para que possam ser medidos), os significados dos valores ficam mais esclarecidos e valores adicionais são freqüentemente estabelecidos. Por exemplo, no contexto do desmatamento de uma floresta, muitos indivíduos listam que estão preocupados com a degradação do ambiente. Perguntando o que isto significa, os indivíduos podem se referir à perda de espécies de plantas ou animais e de habitat, bem como de perdas estéticas. Poder-se-ia então inquirir sobre o significado de cada uma destes. No caso, a perda de habitat pode referir-se ao habitat do rio, ao habitat do lago, e ao habitat da floresta. Inquirir, então, sobre o habitat de uma espécie particular. Esse processo de entendimento mais profundo sobre o que importa pode conduzir a uma melhor lista de valores. 2.2. Especificando Objetivos a partir dos Valores Não é geralmente difícil converter um valor em seu objetivo correspondente. Você necessita essencialmente um verbo e um objeto. O verbo indica a orientação das preferências, e freqüentemente pode ser minimizar ou maximizar. Em geral, esta orientação é freqüentemente óbvia. Quem quer minimizar lucros, maximizar perda de oportunidades de emprego, aumentar a poluição do ar, receber uma educação pior, ou ter uma vida sexual infeliz? Assim, a essência principal na especificação de um objetivo a partir de um valor é definir o objeto. 10/10/2010 (9:44 h) 18 /47 No contexto de examinar quais futuras missões espaciais seriam apropriadas para o programa espacial civil dos USA conduzido pela NASA 13 , os stakholders sugeriram valores relacionados ao orgulho nacional, ao prestígio internacional, ao avanço científico, e ao custo. Nesse contexto de decisão, estes valores foram convertidos em objetivos como fortalecer o orgulho nacional, aumentar o prestígio internacional, avançar o conhecimento científico, e manter a responsabilidade fiscal. Estes objetivos são claramente amplos, e seria valioso especificar os seus significados com mais detalhe. Uma preocupação dos clientes potenciais, com respeito ao projeto e subseqüente venda em muito grande escala de um dado circuito integrado 14 de teste, era a qualidade do serviço das organizações de venda. Este valor foi convertido ao objetivo “maximizar a qualidade do serviço dos vendedores”. Você poderia estabelecer, outro exemplo, que um dos valores importantes em sua vida pessoal é divertir-se. O objetivo óbvio neste contexto é simplesmente “maximizar o divertimento”. Claramente, definindo um objetivo tal como maximizar o divertimento não significa que seria fácil medir ou que seria fácil criar ou avaliar alternativas em termos de divertimento. Mas, se o divertimento é importante, e se ele certamente está em minha vida, então ele definitivamente deve estar na lista de valores, e articulado como um objetivo quando se estiver considerando o específico contexto de decisão de como viver sua vida. 13 National Aeronautics and Space Administration. NT. 14 Um circuito eletrônico microminiaturizado, normalmente referido como um “chip”. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 19 /47 3. Estruturando Objetivos Após ter especificado objetivos para cada um dos valores gerais, a etapa seguinte é estruturar estes objetivos de uma maneira lógica. No processo de estruturação, os objetivos devem ser categorizados em quatro tipos: Objetivos Fundamentais: os objetivos fins usados para descrever as conseqüências, que definem essencialmente as razões básicas para se estar interessado na decisão Objetivos Meio: objetivos que são importantes unicamente por sua influência na realização dos objetivos fundamentais Objetivos Processuais: objetivos relacionados a como a decisão é tomada ao invés de qual decisão é tomada Objetivos Estratégicos: objetivos influenciados por todas as decisões tomadas ao longo do tempo pela organização ou pelo indivíduo em face de decisão à mão. Os principais relacionamentos entre os tipos de objetivos são ilustrados na Figura 7.1 para uma agência pública em face de uma decisão sobre como melhor construir uma represa. Os objetivos processuais contribuem para melhor alcançar os objetivos meio, os objetivos fundamentais, e os objetivos estratégicos. Os objetivos meio influenciam principalmente os objetivos fundamentais, mas têm alguma influência diretamente nos objetivos estratégicos. Os objetivos fundamentais, influenciados pela decisão específica, têm um efeito nos objetivos estratégicos, que são influenciados por todas as decisões tomadas por essa agência estatal. 10/10/2010 (9:44 h) 20 /47 Objetivos Meio para as decisões sobre a barragem Minimizar os impactos da obra Prevenir Perdas Promover conservação dos recursos Assegurar controle de qualidade Garantir habilidade para resistir a eventos naturais (tempo, terremotos) Objetivos Meio para as decisões sobre a barragem Minimizar os impactos da obra Prevenir Perdas Promover conservação dos recursos Assegurar controle de qualidade Garantir habilidade para resistir a eventos naturais (tempo, terremotos) Objetivos Fundamentais para as decisões sobre a barragem Maximizar saúde pública e segurança Maximizar a saúde e a segurança dos trabalhadores Minimizar os impactos ambientais Minimizar as disrupções sociais Minimizar os custos Objetivos Fundamentais para as decisões sobre a barragem Maximizar saúde pública e segurança Maximizar a saúde e a segurança dos trabalhadores Minimizar os impactos ambientais Minimizar as disrupções sociais Minimizar os custos Objetivos Processuais para as decisões sobre a barragem Usar informações de qualidade Envolver o público Comunicar com todas as partes interessadas Garantir um processo decisório de qualidade Coordenar com outras decisões Objetivos Processuais para as decisões sobre a barragem Usar informações de qualidade Envolver o público Comunicar com todas as partes interessadas Garantir um processo decisório de qualidade Coordenar com outras decisões Objetivos Estratégicos da Agência estatal Assegurar aceitação pública Contribuir para a confiança na agência estatal Contribuir para a credibilidade da agência estatal Cumprir o mandato Objetivos Estratégicos da Agência estatal Assegurar aceitação pública Contribuir para a confiança na agência estatal Contribuir para a credibilidade da agência estatal Cumprir o mandato Figura 7.1. Objetivos representativos e suas relações para uma decisão sobre a construção de uma barragem (uma flecha significa „influências‟) A Figura 7.1 é referida como uma rede meios-fins de objetivos. Os seus aspectos importantes são (1) ligar os objetivos por meio de relacionamentos meios-fins e (2) rastrear estes relacionamentos com os objetivos fundamentais. Isto é feito com uma série de perguntas que desvendem a lógica de quais objetivos influenciam a realização de quais outros objetivos. Começar com um objetivo e perguntar, “porque este objetivo é importante no contexto de decisão?” Duas respostas são possíveis. Uma é que o objetivo reflete as razões essenciais de interesse na situação de decisão: se assim é, então é um objetivo fundamental. A outra 10/10/2010 (9:44 h) 21 /47 resposta é que o objetivo é importante porqueele influencia algum outro objetivo. Neste caso, ele é um objetivo meio e a resposta à pergunta identifica um outro objetivo. Esta lógica “porque ele é importante?” deve então ser aplicada a este novo objetivo para verificar se ele é um objetivo meio ou um objetivo fundamental. Considere uma decisão que envolve o transporte de lixo nuclear. Um objetivo pode ser minimizar a distância que o material é transportado por caminhões. A resposta à pergunta, “porque este objetivo é importante?” pode ser que distâncias mais curtas reduzem tanto as chances de acidentes quanto os custos de transporte. Entretanto, rotas de transporte mais curtas podem atravessar grandes cidades, expondo mais pessoas ao lixo nuclear, e isto pode ser considerado indesejável. Mais uma vez, para cada objetivo relacionado a acidentes de tráfego, custos, e exposição (à radioatividade), a pergunta “porque isso é importante?” deve ser repetida. Para acidentes, a resposta pode ser que poucos acidentes na estrada causam menos fatalidades e menos exposição acidental do público ao lixo nuclear. Adicionalmente, a resposta a “porque é importante minimizar a exposição” pode ser minimizar os impactos à saúde devido ao lixo nuclear. Finalmente, à pergunta “porque é importante minimizar impactos à saúde?” a resposta pode ser que isso é simplesmente importante (“importante porque é importante”). Isto, então, indica que o objetivo relacionado aos impactos à saúde é um objetivo fundamental no contexto de decisão. Requer alguma habilidade identificar os objetivos fundamentais para um contexto de decisão, porque os objetivos fundamentais apropriados devem ser ao mesmo tempo controláveis e essenciais. Controláveis, significa que as alternativas apropriadas ao contexto de decisão influenciam o grau em que o objetivo é alcançado sem requerer decisões adicionais fora desse contexto de decisão. Essenciais, refere-se ao fato que todas 10/10/2010 (9:44 h) 22 /47 as alternativas do contexto de decisão têm uma influência sobre os objetivos fundamentais. Alguns exemplos ajudarão esclarecer estas idéias. Se um candidato a objetivo fundamental for demasiado amplo, alternativas além daquelas 15 do contexto de decisão são requeridas para influenciar a sua realização. Uma ilustração simples deste ponto envolve o contexto de decisão de investir em fundos 16 . O objetivo fundamental neste caso poderia ser maximizar o valor líquido daqueles fundos em 5 anos. O tomador de decisões poderia razoavelmente dizer que o seu único interesse nos fundos é usá-los para aumentar sua subseqüente qualidade de vida, que é o seu objetivo estratégico. Entretanto, aumentar a qualidade de vida é um objetivo fundamental impróprio no contexto de investimentos, porque ele é não controlável. As conseqüências que afetam a qualidade de vida poderiam depender de muitas outras decisões 17 fora do contexto de decisão de investimentos. Considere um contexto de decisão onde uma companhia produza um produto e estabeleça que o objetivo fundamental é minimizar o custo médio da unidade de produção. Se o interesse real da companhia for maximizar lucros, então minimizar o custo médio da unidade de produção não é realmente um objetivo fundamental. Isso é demasiado estreito e não essencial. As alternativas que ajudam a companhia a vender mais unidades ou vender unidades a um preço mais elevado não influenciam os custos unitários de produção; no entanto, influenciam a realização do objetivo fundamental real de maximizar lucros. Entretanto, suponha que todas essas alternativas tivessem sido consideradas, e que um novo contexto de decisão focaliza unicamente em custos do produto. Neste contexto de decisão, o objetivo de minimizar o custo médio da unidade de produção é um objetivo fundamental. 15 Além daquelas ... que pertencem legitimamente e corretamente ao contexto de decisão. NT. 16 De investimentos. NT. 17 ...e de suas respectivas alternativas...NT. 10/10/2010 (9:44 h) 23 /47 Um outro exemplo mais envolvente ajuda a ilustrar as noções de controlável e essencial. Considere a operação de um serviço urbano de ambulâncias. Um pensamento preliminar sobre a questão poderia sugerir que os objetivos fundamentais poderiam ser alguns dos seguintes: salvar o maior número de vidas possível, levar os pacientes ao hospital o mais rápido possível, levar os pacientes ao hospital na melhor condição possível, minimizar o tempo entre o pedido por serviço e a chegada real à cena onde o serviço é necessário, e minimizar a distância da estação de ambulâncias às localizações do serviço. Conservar vidas é um objetivo estratégico do sistema da saúde, de que o sistema da ambulância é apenas uma parte. Entretanto, uma vez que um paciente chega ao hospital, se ele ou ela vive ou não depende de decisões que não estão sob a influência do serviço de ambulâncias. Logo, esse objetivo é demasiado amplo, e não controlável neste contexto de decisão. O objetivo de minimizar a distância aos pedidos por serviço é demasiado estreito, e não essencial neste contexto de decisão. Alternativas, tais como um melhor sistema de informação que indique potenciais congestionamentos de tráfego ou o estado físico da pessoa para a qual o serviço é necessário, seriam potencialmente importantes para melhorar o serviço da ambulância. Entretanto, elas não teriam qualquer influência na distância da ambulância aos pedidos por serviço. Concentrando esforços, a ambulância poderia ter os objetivos fundamentais de entregar o paciente ao hospital o mais rápido possível e na melhor condição possível. O objetivo de chegar na cena tão rapidamente quanto possível é um meio de estabilizar o paciente; assim, ele ou ela pode ser entregue ao hospital na melhor condição; e em entregá-los o mais rápido, assim como o tempo de chegada na cena, é parte do tempo de chegar ao hospital. Alternativas tais como equipar as ambulâncias com paramédicos melhor treinados não influencia no tempo até a cena do acidente; assim, este objetivo não é essencial e portanto não é fundamental neste contexto de decisão. 10/10/2010 (9:44 h) 24 /47 O timing é também relevante na determinação se os objetivos são fundamentais ou meios. Se uma organização estiver tentando melhorar sua habilidade de planejar, os objetivos fundamentais agora podem ser “compreender os conceitos do planejamento” e “desenvolver habilidades de planejamento”. Obviamente, estes conceitos e habilidades serão úteis para planejar no futuro. O objetivo fundamental agora é aprender, assim como mais tarde o objetivo fundamental será usar esse conhecimento. Por exemplo, o objetivo fundamental em uma entrevista de trabalho deveria ser obter essa oferta de emprego. Em uma decisão subseqüente, você pode decidir se aceita ou não a oferta. Você pode sempre recusar uma oferta, mas você não pode aceitar um trabalho que não tenha sido oferecido. Além da rede meios-fins de objetivos, a hierarquia de objetivos fundamentais é uma estrutura crítica para tornar mais claros os objetivos e fornecer um fundamento para a análise. A Tabela 2, que lista os objetivos da BC Gas, é uma hierarquia de objetivos. A relação entre os objetivos (neste caso) é a de inclusão em uma hierarquia. Os objetivos listados sob um objetivo de nível mais elevado são considerados uma parte desse objetivo de nível mais elevado. Idealmente, os objetivos de nível mais baixo listados sob um objetivo de nível mais elevado definem esse objetivo de nível mais elevado e incluem todas as suas partes. Isto simplifica a habilidade de fazer uma análise de alternativas. É mais fácil determinar as medidas do grau em que as alternativas são suficientementeboas em termos de objetivos fundamentais detalhados do que de objetivos amplos. Como terminologia, às vezes nos referimos aos objetivos do nível mais elevado como objetivos principais e usamos a frase subobjectivos ou objetivos componentes 18 para nos referirmos aos objetivos que são parte daquele objetivo principal. 18 component objectives. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 25 /47 Para algumas decisões, especialmente as decisões públicas tomadas pelo governo, são igualmente importantes tanto o que é escolhido quanto como a alternativa é escolhida. Em outras palavras, nestas situações importa o processo de tomada de decisão (ou, simplesmente, o processo decisório). Quando isso é importante, existem objetivos a serem alcançados na gestão do processo decisório, e estes são referidos como objetivos processuais. A Figura 1 indica como estes objetivos processuais podem influenciar os objetivos meio e os objetivos fundamentais em um dado contexto de decisão. Claramente, se o processo for bem feito, ele influencia como a decisão fundamental principal é tomada. É importante reconhecer que são diferentes os contextos de decisão de como tomar a decisão e de qual decisão tomar. Os mesmos tomadores de decisão enfrentam ambos os contextos de decisão, mas as diferenças de contexto são importantes. Os objetivos a serem alcançados e as alternativas para cada um são diferentes. 10/10/2010 (9:44 h) 26 /47 4. Propriedades Desejáveis dos Objetivos Fundamentais A base 19 para qualquer análise de alternativas são os objetivos fundamentais. Existem propriedades desejadas do conjunto de objetivos fundamentais, com os correspondentes atributos selecionados para medi-los, o que aumenta o valor de toda a análise subseqüente. Um conjunto de propriedades (a serem coletivamente satisfeitas) para os objetivos fundamentais dos indivíduos, o conjunto de objetivos fundamentais, e os atributos para aqueles objetivos fundamentais foram discutidos em Keeney (1992). As importantes propriedades desejadas de cada objetivo fundamental, principalmente as essenciais e controláveis, foram discutidas anteriormente, na Seção 3. As propriedades desejadas dos atributos são discutidas mais tarde, na Seção 7. Existem cinco propriedades desejáveis coletivamente relevantes ao conjunto de objetivos fundamentais. Estas propriedades, com definições simples para cada uma, são as seguintes: Completa - todas as conseqüências importantes das alternativas em um dado contexto de decisão podem ser descritas adequadamente em termos do conjunto de objetivos fundamentais. Não-redundante - os objetivos fundamentais não devem incluir interesses sobrepostos. Concisa - o número de objetivos, e de subobjectivos, deve ser o mínimo apropriado para uma análise de qualidade. Específica - cada objetivo deve ser específico 20 o suficiente para que as conseqüências de interesse estejam claras e os atributos possam ser prontamente selecionados ou definidos. Compreensível - todo indivíduo interessado sabe o que significa cada um dos objetivos. 19 Foundation: “fundação”; “base”; “alicerce”. NT. 20 O objetivo fundamental deve ser claro e esclarecedor o suficiente, ou estar no nível adequado de detalhe, para que se possa medir o grau ou o quanto em que cada alternativa de ação poderá alcançá-lo. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 27 /47 A propriedade da completitude é de simples compreensão. Em referência ao serviço de ambulância descrito na Seção 4, se o objetivo fundamental fosse entregar um indivíduo o mais rápido quanto possível ao hospital, isto estaria incompleto. Claramente, paramédicos com o serviço de ambulância podem afetar a circunstância em que o paciente chega ao hospital, e essa tão óbvia conseqüência necessita ser considerada. Logo, um conjunto completo de objetivos fundamentais para este problema do exemplo pode ser (como indicado anteriormente): entregar o paciente ao hospital o mais cedo possível após ter recebido a solicitação do serviço, e entregar a pessoa na melhor condição possível. Redundâncias podem freqüentemente ocorrer quando objetivos meio são incluídos inadvertidamente entre os objetivos fundamentais. No caso, em um contexto de decisão para reduzir um certo poluente do ar, se o objetivo de minimizar os efeitos sobre a saúde fosse incluído juntamente com um outro objetivo para minimizar a concentração de poluição ambiental, estes (objetivos) claramente se sobreporiam e conduziriam à redundância. O principal impacto de altas concentrações de poluentes seriam mais efeitos sobre a saúde. Listar efeitos de saúde ajuda-nos, mas isso provavelmente não é específico o suficiente para muitas decisões relacionadas à poluição do ar. Nós poderíamos querer compreender quais os efeitos de saúde que importam. Provavelmente, as conseqüências em termos de mortalidade e de morbidade 21 , e cada uma destas deve ser considerada separadamente. Os mecanismos que poderiam conduzir aos efeitos de saúde nas crianças ou infantil podem também ser diferentes daqueles que resultam em efeitos de saúde nos adultos. Estas diferenças devem ser reconhecidas; assim, dever-se-ia definir objetivos que separadamente considerem a dicotomia de (1) morbidade entre crianças e adultos e de (2) mortalidade entre crianças e adultos. Na avaliação de locais para 21 taxa de indivíduos que ficam doentes num dado grupo e durante um período determinado por uma dada causa. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 28 /47 depósito de lixo nuclear nos EUA (Merkhofer & Keeney, 1987), possíveis fatalidades poderiam ocorrer a diferentes populações devido a causas diferentes em locais diferentes. Portanto, oito objetivos fundamentais para minimizar fatalidades referiram-se a uma tricotomia de oito categorias, que separaram (1) trabalhadores do público, (2) perda de vida devido à radiação ou acidentes, e (3) fatalidades durante o transporte ou no local do depósito. Há naturalmente alguma inter-relação entre as cinco propriedades desejáveis. Obter um conjunto conciso de objetivos fundamentais e tê-los no nível correto de especificação naturalmente produz conflitos. A especificação inclina-nos a ter mais subobjetivos, enquanto que a concisão inclina-nos a ter menos. Coletivamente estas duas propriedades promovem um apropriado balanço. Um conjunto de objetivos com muitas redundâncias é provavelmente menos conciso do que aqueles com menos. Em algum grau, a completitude compele a mais objetivos, em oposição desejo de concisão. Todas as outras quatro propriedades, quando melhor atendidas, tipicamente contribuem para um maior entendimento do conjunto de objetivos fundamentais. Eu visualizo as primeiras quatro propriedades nos termos de um diagrama de Venn. A completitude quer que o conjunto universo de interesses seja amplo o suficiente para considerar todos os interesses. Este universo é dividido em subobjetivos porque um único objetivo para esse universo seria usualmente demasiadamente amplo e não suficientemente específico. A completitude requer agora que os subobjetivos cubram o universo e a não- redundância significa que gostaríamos que não tivessem nenhuma sobreposição. Concisão refere-se a ter tão poucos subobjetivos quanto necessários e nenhum subobjetivo que não seja necessário. Um conjunto de objetivos fundamentais que sejam bem dimensionados nos termos destas quatro propriedades, será provavelmente compreensível. 10/10/2010 (9:44 h) 29 /47 5. Conceitos Básicos sobre Atributos A moldura (ou enquadramento) da decisão 22 para qualquer a análiseé o conjunto dos objetivos considerados e o conjunto das alternativas para alcançar esses objetivos. Para descrever as conseqüências das alternativas e fazer trocas valor-equivalentes entre alcançar relativamente mais ou menos os diferentes objetivos, é necessário identificar uma medida para cada objetivo. Nós nos referimos a tal medida como um atributo. Os termos medida de desempenho, critério, e métrica são usados freqüentemente como sinônimos. Esta seção e as duas seguintes apresenta conceitos, diretrizes, e exemplos para identificar atributos apropriados para medir o grau em que os objetivos em análise são alcançados. Estas seções adaptam liberalmente e às vezes repetem o material de Keeney e de Gregory (2005). A pesquisa precedente identificou três tipos diferentes de atributos: (1) atributos naturais, (2) atributos construídos, (3) e atributos proxy 23 (Keeney, 1992). Em alguns casos, um atributo pode parecer mais com um híbrido de dois desses tipos, mas esta tricotomia é útil para discutir características dos atributos. Atributos naturais são de uso geral e têm uma interpretação comum. No exemplo da BC Gas na Tabela 2, o objetivo “minimizar o custo do serviço” tem o atributo natural “variação em $ na conta média anual de cada cliente residencial”. Para o objetivo “minimizar fatalidades entre o público e entre os empregados”, o atributo é “número de fatalidades”. Os atributos mais naturais podem ser contados ou fisicamente medidos. Eles também têm a propriedade de medir diretamente o “quanto” um objetivo é alcançado. Os atributos Proxy compartilham de muitas qualidades com os atributos naturais. Eles usualmente envolvem uma escala que seja de uso geral que possa ser contada ou fisicamente medida. A diferença 22 decision frame. NT. 23 “Representantes”; ou seja, indiretamente medem o impacto das alternativas sobre um dado objetivo. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 30 /47 é que eles não medem diretamente o objetivo de interesse. Para uma decisão envolvendo a fixação de limites de velocidade, por exemplo, um atributo proxy para o objetivo “minimizar fatalidades” é o “número de acidentes com veículos”. Certamente, o número de acidentes com veículos está relacionado com o número de fatalidades, mas não mede diretamente essas fatalidades. Um atributo proxy é menos informativo do que um atributo natural porque ele indica indiretamente o grau em que um objetivo é alcançado. Atributos proxy são usados tipicamente quando é difícil obter informação sobre “o quanto” as várias alternativas são suficientemente boas em termos de possíveis atributos naturais. Quando nenhum atributo natural existe, algumas vezes é desenvolvido um atributo construído para medir diretamente o grau em que um objetivo é alcançado. Referindo-nos outra vez à BC Gas na Tabela 2, o objetivo “promover a criação de emprego” é medido pelo atributo construído “empregos líquidos de tempo integral equivalentes criados no município”. Este é um atributo construído simples porque mede um novo emprego pelas horas por semana de trabalho, e o “normaliza” ao padrão de um emprego de tempo integral (isto é, 40 horas por semana). Em um certo sentido, esta escala construída funciona da mesma forma que a média de pontos de uma classe para indicar o seu desempenho na escola. Um outro tipo de escala construída identifica dois ou mais níveis distintos do grau em que um objetivo é alcançado e descreve-os com uma apropriada definição. Um exemplo, retirado de uma análise de decisão das estratégias nacionais para gerenciar o lixo nuclear proveniente das usinas nucleares de geração de energia elétrica refere-se ao objetivo “minimizar o impacto ambiental” (Keeney & von Winterfeldt, 1994). A escala construída indicada na Tabela 7.4 foi desenvolvida para esta decisão, onde foram cuidadosamente 10/10/2010 (9:44 h) 31 /47 definidos os termos usados na escala, tal como grandes impactos estéticos, disrupção de habitat de espécies ameaçadas, e impactos sobre os sítios históricos de grande significado. Tabela 7.4. Atributos Construídos para o Impacto Ambiental na Avaliação da Estratégia Nacional para o Lixo Nuclear Nível do Atributo Impacto Ambiental Representativo 0 1 2 3 4 5 Sem Impacto Impacto sobre sítios históricos ou arqueológicos de grande importância; sem impactos estéticos ou biológicos Grandes impactos estéticos ou disrupção de um habitat de espécies ameaçadas; sem impactos arqueológicos ou históricos Grandes impactos estéticos ou disrupção de um habitat de espécies ameaçadas; mais, impactos sobre sítios históricos ou arqueológicos de grande importância Grandes impactos estéticos e disrupção de um habitat de espécies ameaçadas; sem impactos arqueológicos ou históricos Grandes impactos estéticos e disrupção de um habitat de espécies ameaçadas; mais, impactos sobre sítios históricos ou arqueológicos de grande importância Uma vez que um atributo construído tenha sido comumente usado na prática, as pessoas tornam- se familiares com ele e ele assume propriedades de um atributo natural. A Média Industrial Dow Jones foi introduzida em 1896 e expandida em 1928 para incluir os preços de 30 ações para medir o movimento do mercado de ações. Este atributo, originalmente construído, é agora mais como um atributo natural para os indivíduos entendidos em mercado de ações. A familiaridade com um dado atributo e a facilidade de interpretar os níveis do atributo são as principais características diferenciadoras entre os atributos naturais e os atributos construídos. É útil reconhecer que o conceito de atributo tem duas noções associadas, uma qualitativa e outra quantitativa. Isto pode ser ilustrado melhor com um exemplo. Para um objetivo tal como minimizar o custo, o atributo provavelmente seria custo em dólares. A noção qualitativa é “custo” e “dólares” é a escala quantitativa para o custo. Neste caso, eles parecem quase como a mesma coisa e naturalmente vão juntos. 10/10/2010 (9:44 h) 32 /47 Entretanto, mesmo neste caso “aparentemente óbvio”, surgem importantes questões nas aplicações. No estudo feito com e para o Departamento de Energia (DOE) para avaliar os sítios candidatos finais para armazenagem do lixo nuclear de alto-nível dos EUA (Merkhofer & Keeney, 1987), um objetivo dos principais objetivos era “minimizar os custos de armazenagem”. As estimativas iniciais de custo para os cinco sítios variaram entre $7,5 bilhões e $12,9 bilhões de dólares a preços de 1987. Fazendo a análise, pareceu como se alguns analistas 24 na DOE não considerassem essas diferenças de custo muito significativas. Números tais como 7,5 e 12,9 eram conceitualmente pequenos e a diferença pareceu mesmo ser ainda menor. Para salientar estes números dentro da DOE e para os legisladores (políticos), e para o público que pudesse mais tarde ver o relatório, os analistas escolheram usar a escala “milhões de dólares” ao invés dos “bilhões” do estudo inicial. Talvez sempre seja um pouco incômodo falar e escrever números como 7.500 milhões de dólares ou como 12.900 milhões dos dólares, mas eles comunicaram melhor a magnitude da estimativa de custo. Eles parecem e soam grandes, como de fato são. Em uma outra decisão, um objetivo poderia ser maximizar a eficiência do combustível dos automóveis. Aqui, a noção qualitativa é a “milhagem25”, que pode ser medida por diferentes escalas quantitativas. Nos EUA, a escala tipicamente usada por um indivíduo para a milhagem é milhas por galão. Na Europa, o atributo natural típico para o mesmo objetivo é milhagem medida em litros por cem quilômetros 26 . Observe que maismilhas por galão é melhor enquanto que menos litros por cem quilômetros é melhor 27 . 24 Policy makers: formuladores de políticas públicas; ou de alternativas, cursos ou planos de ação governamentais. NT. 25 Mileage: “milhagem”, distância percorrida relacionada à quantidade de combustível consumido. No Brasil, expressão “milhagem” é comumente entendida como distância percorrida ou rodada em milhas (Houaiss), e tem o mesmo significado da expressão “quilometragem”, que mede a distância rodada em quilômetros. NT. 26 No Brasil, a escala para medir a “milhagem” (como eficiência do combustível) é quilômetros por litro. NT. 27 Mais quilômetros por litro é melhor. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 33 /47 6. Propriedades Desejáveis dos Atributos Se os objetivos fundamentais subjacentes a uma análise não forem apropriados, mesmo excelentes atributos para esses objetivos não compensarão esta inadequação. A menos que um bom conjunto de objetivos fundamentais seja definido, qualquer análise subseqüente fornecerá muito menos insight. Quando estes objetivos fornecem uma boa base para descrever as conseqüências, então atributos inadequados podem prejudicar seriamente uma análise. Erros comuns incluem atributos que são ambíguos, que falham em explicar a informação disponível relacionada às conseqüências, ou que descrevem de forma incompleta as conseqüências do objetivo que eles pretendem medir. Muito freqüentemente é dedicada reflexão insuficiente para a identificação e escolha dos atributos. Keeney e Gregory (2005) estenderam o seu trabalho precedente (Keeney, 1992; Gregory &, 2002) para especificar um conjunto de cinco propriedades suficientes e desejáveis dos bons atributos. Estas cinco propriedades, com definições simples para cada uma, são as seguintes: Não-ambíguo – Um claro relacionamento existe entre as conseqüências e as descrições das conseqüências usando o atributo, Abrangente 28 - Os níveis do atributo cobrem a toda a gama de possíveis conseqüências para o objetivo correspondente, e os julgamentos de valor implícitos no atributo são razoáveis, Direto - Os níveis do atributo descrevem diretamente as conseqüências de interesse, Operacional - A informação necessária para descrever as conseqüências pode ser obtida e as trocas valor-equivalentes 29 podem ser feitas razoavelmente, Compreensível - As conseqüências e as trocas valor-equivalentes feitas usando o atributo podem prontamente ser entendidas e claramente comunicadas. 28 Comprehensive: abrangente, amplo, exaustivo, detalhado. NT. 29 Value tradeoffs. Diz-se que existe uma troca valor-equivalente se o valor de uma alternativa não se altera quando se troca o aumento do grau em que um objetivo é alcançado pela diminuição do grau em que um outro objetivo é alcançado. Por exemplo: na compra de uma mercadoria, troca de qualidade por preço; em estratégia empresarial, troca de lucro por fatia de mercado; e em finanças, troca de retorno por risco. NT. 10/10/2010 (9:44 h) 34 /47 Há diversas inter-relações entre estas cinco propriedades. Se um atributo for ambíguo, ele provavelmente falhará em termos de ser abrangente ou compreensível. Se um atributo for não abrangente ou não direto, será muito menos operacional do que ao contrário. Se um atributo for não operacional, não pode haver um bom entendimento das conseqüências. Subseqüentemente, se um atributo for não compreensível, então ele é naturalmente não muito operacional e provavelmente será ambíguo. Não-Ambíguo Um atributo é não-ambíguo quando há um claro relacionamento entre as conseqüências que ocorreriam ou ocorrerão e os níveis do atributo usado para descrever essas conseqüências. Os atributos não-ambíguos não podem ser nem vagos nem imprecisos. Considere o objetivo de minimizar os custos e o atributo custos em milhões de dólares. Se o custo de uma alternativa fosse $16,3 milhões, os analistas simplesmente descreveriam essa conseqüência como $16,3. Por outro lado, se o atributo unicamente categorizasse vagamente os custos como elevados, médios, ou baixos, não ficaria óbvio qual seria o nível apropriado do atributo para $16,3 milhões. Pessoas diferentes poderiam interpretar alto, médio, e baixo diferentemente sem que sejam usados intervalos específicos em dólares para guiar a interpretação destas expressões. Mesmo que esta imprecisão fosse eliminada definindo o custo médio como o intervalo $10-20 milhões para uma decisão específica, tal atributo poderia ainda ser ambíguo. Ainda que $16,3 milhões seja claramente categorizado como médio, uma pessoa ao interpretar uma conseqüência de custo médio saberia apenas que o custo está no intervalo de $10-20 milhões. Por causa da imprecisão, ela não saberia se o custo foi de $11 milhões, $19 milhões, ou $16 10/10/2010 (9:44 h) 35 /47 milhões. Além disso, existe provavelmente uma diferença significativa entre as desejabilidades das conseqüências de $19 milhão e de $11 milhões. Não há, pois, nenhuma razão para a perda dessa útil informação quando se descreve e avalia alternativas. Uma outra falha aparece quando incertezas estão envolvidas, o que é usualmente o caso com importantes decisões. Suponha o custo de uma particular alternativa descrito com uma distribuição da probabilidade variando de $18 milhões a $23 milhões. Além disso, suponha que médio foi definido como $10-20 milhões, e alto definido como iguais e acima de $20 milhões. Deveriam as conseqüências serem categorizadas como de médio ou alto custo? Certamente, se poderia dizer que há 40% de chance de ser custo médio e 60% de chance de ser custo alto nesta situação, mas isso ainda não resolve a questão de não saber o que poderia ser exatamente custos médios ou custos altos. Em resumo, um atributo não-ambíguo tem as propriedades de que quando você sabe qual é ou será a conseqüência, você sabe exatamente como descrevê-la usando o atributo, e quando você conhece a descrição de uma conseqüência em termos do nível do atributo, você sabe exatamente qual é ou será a conseqüência correspondente. Com incertezas presentes, uma descrição completa das conseqüências com respeito a um objetivo é dada por meio de uma distribuição de probabilidade sobre o atributo a ele associado. Abrangente Um atributo é abrangente se duas propriedades forem preenchidas: que os níveis do atributo cobrem o intervalo completo de conseqüências possíveis, e que quaisquer julgamentos de valor implícitos são apropriados para o problema de decisão. Considere a decisão de estabelecer um padrão nacional ambiental de qualidade do ar para o 10/10/2010 (9:44 h) 36 /47 monóxido de carbono. Um dos objetivos fundamentais é minimizar os efeitos nocivos à saúde provocados pelo monóxido de carbono. Respirar mais monóxido de carbono aumenta a carboxyhemoglobina que diminui o oxigênio transportado pelo sangue, que provoca efeitos nocivos à saúde tais como ataques cardíacos fatais e não-fatais. Considere o atributo “número de fatalidades” para este objetivo. Este atributo não cobre a inteira gama de possíveis conseqüências do objetivo, porque nem todos os efeitos nocivos à saúde são ataques cardíacos fatais. Para ser abrangente, ainda é necessário um segundo atributo, tal como o número de ataques cardíacos não-fatais, ou um atributo composto que inclua ambas as conseqüências não- fatais e fatais. Keeney (1992) usou quatro atributos para descrever completamente efeitos nocivos à saúde. Estes foram: número de ataques cardíacos fatais, número de ataques cardíacos não-fatais, número de ataques de angina, e número de ataques vasculares periféricos. A abrangência tambémrequer que se considere a adequação dos julgamentos de valor implícitos nos atributos. Sempre que um atributo envolve contagem, tal como o número de fatalidades, há a suposição que cada um dos itens contados é equivalente. Com o número de ataques cardíacos fatais, há uma suposição implícita de que um ataque cardíaco fatal para alguém de 45 anos é equivalente a um ataque cardíaco fatal para alguém de 90 anos. É isto um julgamento de valor razoável para uma particular decisão? Não há uma resposta correta ou errada, mas esta é uma questão que deveria ser considerada na seleção de um atributo. Para ser drástico, considere uma decisão com respeito à segurança em automóveis. Se o objetivo de minimizar fatalidades for medido pelo atributo número de fatalidades, isto supõe que a morte de alguém com 10 anos é equivalente à morte de alguém com 90 anos. Muitas pessoas pensam que isto é inadequado, porque consideram que a morte de alguém com 10 anos seja mais significativa. Uma forma de levar isto em conta é usar o atributo 10/10/2010 (9:44 h) 37 /47 “anos da vida perdidos” para medir o objetivo “minimizar fatalidades”. Se a vida prevista de alguém com 10 anos for 80, então são perdidos 70 anos da vida se alguém com 10 anos morre em um acidente do automóvel. Se a vida esperada de quem tem 90 anos for 95, então 5 anos da vida são perdidos devido a uma morte em uma colisão automobilística. Com o atributo de “anos da vida perdidos”, a morte de alguém com 10 anos contaria aproximadamente 14 vezes a morte de alguém com 90 anos (a relação de 70 anos a 5 anos). Embora as implicações de tais julgamentos de valor raramente sejam tornadas explícitas, sua significação é destacada pelo atual debate sobre políticas públicas relacionado aos diferentes valores implícitos nos dois atributos “número de fatalidades” e “anos da vida perdidos” (Seelye & Tierney, 2003). No campo da tomada de decisões médicas, muitos indivíduos deram um passo a mais e desenvolveram uma escala chamada “qualidade ajustada dos anos de vida” ou QALY30 (Pliskin et al., 1980; Gold et al., 2000; Hazen, 2004). Com QALYs, um ano da vida perdido por um indivíduo saudável vale mais do que um ano da vida perdido por um indivíduo menos saudável. Quer seja mais apropriado o atributo número de fatalidades, anos da vida perdidos, ou a qualidade ajustada dos anos de vida perdidos, qualquer problema específico de decisão necessita ser avaliado usando todas as cinco propriedades desejadas dos atributos. Direto Um atributo é direto quando os seus níveis descrevem diretamente as conseqüências para o objetivo fundamental de interesse. Um exemplo comum onde isto não ocorre é quando as diretrizes foram desenvolvidas para cobrir uma questão tal como a segurança no trabalho. Atributos que medem o grau em que as diretrizes estão sendo seguidas (por exemplo, que número 30 QALY: Quality Adjusted Life Years. 10/10/2010 (9:44 h) 38 /47 ou que percentagem das diretrizes foi seguida, ou violada, durante um período específico) não são diretos porque não fornecem diretamente informação útil sobre mortes ou ferimentos no trabalho. Uma informação mais útil poderia ser fornecida por atributos que sejam diretos como o número de fatalidades no trabalho, o número dos ferimentos de diferentes severidades no trabalho, e o tempo perdido experimentado pelos trabalhadores devido aos acidentes e às fatalidades. Um outro exemplo refere-se ao objetivo da BC Gas de “manter competitiva a indústria do município”. O atributo escolhido para esse estudo é o custo relativo das tarifas da BC Gas para os consumidores industriais comparado às tarifas do estado de Washington. Embora o custo relativo das tarifas de gás seja talvez a principal maneira pela qual a BC Gas influencia a competitividade da indústria da BC, o atributo per si não é diretamente uma medida da competitividade da indústria do município. Isto indica dois pontos. Primeiro, para cada uma destas cinco propriedades desejáveis, que há tipicamente um grau em que uma propriedade pode ou não ser satisfeita. Segundo, que a busca por atributos é um problema de decisão com múltiplos objetivos, um ponto que consideramos na Seção 8. Um atributo tal como as tarifas comparativas de gás poderia ser mais fácil de usar e entender, mas menos direto do que um outro atributo, que poderia ser direto, mas menos compreensível e operacional. Operacional Mesmo se os atributos forem não ambíguos, abrangentes, e diretos, há também a questão prática de se eles são operacionais. Um aspecto disto refere-se à quão fácil é obter a informação para descrever as conseqüências. Um exemplo concerne ao objetivo da BC Gas de “promover a equidade intergenerational”, onde o atributo é “Quantidade de consumo de gás evitada no período de planejamento”. Evitar o consumo do gás agora significa que mais gás é preservado para as gerações futuras e isso parece mais justo. Entretanto, pode ser muito 10/10/2010 (9:44 h) 39 /47 difícil determinar quanto consumo de gás é evitado agora porque isso não pode ser medido. Isso teria que ser estimado baseado em suposições que devem ser explicitamente articuladas. Um outro aspecto de atributos operacionais concerne a se eles habilitam os tomadores de decisões a fazerem trocas valor-equivalentes informadas com respeito a quanto de um atributo é uma troca justa 31 para uma quantidade dada de um segundo atributo. Estas trocas valor-equivalentes são necessárias para balançar os vários prós e contras das alternativas. Considere o objetivo “minimizar emissões de gases estufa32” da BC Gas, que é medido pelo atributo “toneladas de emissões de gás estufa por ano em equivalentes de CO2”. Este atributo indica diretamente as emissões de gases estufa. Entretanto, é muito difícil interpretar o quanto é significativo qualquer número especificado de toneladas de emissões, o que torna as trocas valor-equivalentes muito complexa. Esta troca valor-equivalente envolve decrescer toneladas de emissões de gás estufa e aumentar o custo, por exemplo. Poder-se-ia estar disposto a ter um aumento dos custos de capital em $50 milhões para evitar mil toneladas de emissões, ou aumentar os custos de capital em apenas $50 mil para evitar um aumento de mil toneladas de emissões? É importante reconhecer que a habilidade de fazer trocas valor-equivalentes informadas requer mais do que atributos apropriados. Isso requer profunda reflexão sobre as implicações das conseqüências e uma disposição para expressar julgamentos de valor sobre as trocas valor-equivalentes necessárias. Considere, por exemplo, o fato de que em muitas situações de política pública precisam ser feitas trocas valor-equivalentes entre custos econômicos e perdas potenciais de vidas humanas. Nestas situações, mais dinheiro pode ser gasto para tornar as circunstâncias mais seguras e reduzir o potencial de perda de vidas. A questão não é 31 even swap: troca justa. 32 greenhouse gasses. 10/10/2010 (9:44 h) 40 /47 se, mas, ao contrário, como, esta troca valor-equivalente é feita: se implicitamente, sem reflexão e talvez mesmo consciência; ou se explicitamente, com consideração racional. Contudo, muitos indivíduos, incluindo alguns com responsabilidades na seleção de políticas aparentadas, recusam-se a fazer trocas valor-equivalentes (racionais) entre custos econômicos e perdas potenciais de vidas humanas por proclamadas razões morais ou éticas. Trocas valor- equivalentes tais como estas, quando muitas pessoas recusam-se a fazê-las, são referidas como “trocas tabus” (ver Fiske & Tetlock, 1996). Compreensível A quinta propriedade
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