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* Fármacos utilizados no Tratamento da Gastrites, Úlceras Pépticas e DRGE * Aspectos Farmacológicos do tratamento de úlceras pépticas * 1-Fármacos que inibem ou neutralizam a secreção de ácido gástrico 2-Fármacos Citoprotetores * * Suco gástrico = íons (H+, Cl-), enzimas, muco, fator intrínseco * HCl e Fator Intrínseco Muco e HCO3- Pepsinogênio Distúrbios na funções secretoras dessas células estão envolvidos na patogenia de alguns tipos de úlcera péptica MUCO - Glicoproteína, protetor da mucosa, lubrificante e evita a retrodifusão do ácido PEPSINOGÊNIO – Pró-enzima (inativa) que na presença de HCl é convertida em Pepsina (Forma Ativa – Ação Proteolítica) HCl – Ativação do pepsinogênio, bactericida e digestão alimentar Células Parietais Células Mucosas Células Principais * * * Células Parietais ou Oxínticas: Abundantes no estômago Citoplasma rico em mitocondrias e tubulovesículas Presença de anidrase carbônica e H+/K+-ATPase Alterações morfológicas * Três estímulos principais atuam sobre a células parietais: Gastrina, Acetilcolina e Histamina - SECRETAGOGOS Gastrina – Hormônio peptídico Estimula a secreção de ácido pelas células parietais Aumenta a secreção de Pepsinogênio Estimula o fluxo sanguíneo e a motilidade Acetilcolina Via receptores M3 estimula secreção gástrica nas células parietais Histamina – Liberada das células ECL – Entero Cromafins Via receptores H2 estimula secreção gástrica Ocorre a liberação basal e uniforme de histamina, que aumenta com a presença de acetilcolina e gastrina Células G Gastrina * * 1- Gastrina liga-se ao receptor CCKB na célula parietal promovendo aumento de cálcio intracelular que resulta no movimento das bombas de H+/K+-ATPase para a membrana apical favorecendo a secreção de o H+. 2- Histamina é liberada das células ECL em resposta à excitação promovida pela gastrina e/ou acetilcolina 3- Histamina atua em receptores H2 das células parietais promovendo aumento de AMPc que resulta no movimento das bombas de H+/K+-ATPase para a membrana apical favorecendo a secreção de o H+. 4- ACh liga-se aos receptores M3 das células parietais acarretando aumento em cálcio intracelular que resulta no movimento das bombas de H+/K+-ATPase para a membrana apical favorecendo a secreção de o H+. * * Pepsinas proteases secretadas na forma inativa (grânulos de zimogênio) ativada por HCl e por ela mesma (pH autocatalíco = 2) cliva ligações peptídicas adjacentes a aminoácidos aromáticos (pH proteolítico = 1,8 – 2,5) faz digestão de 20% das proteínas inativadas em pH > 5 (duodeno) secreção estimulada principalmente por reflexo colinérgico (local e vagal) * Secreção de Muco Proteção do epitélio: barreira mucosa HCO3- Barreira da Mucosa Gástrica mucinas = produzidas e armazenadas em vesículas secretadas por exocitose composição: 80% CHO, 20% prot. * * Resistência elétrica Retenção de HCO3- Proteção física Barreira: Muco e Bicarbonato * Barreira é sensível a: anti-inflamatórios não-esteróides (AINE) álcool, cafeína, fumo, isquemia, estresse Helicobacter pylori * Úlcera Péptica Doença de evolução crônica com surtos de dor intercalados com períodos de acalmia, resultante da perda de continuidade da mucosa que promove o contato de camadas do epitélio gastrico com a secreção cloridropéptica. * - Lesões únicas ou múltiplas Localizações: estômago, duodeno, esôfago, jejuno, duodeno distal e jejuno proximal e Íleo Lesão ulcerativa estendendo-se pela submucosa ou mais profundamente * ETIOPATOGENIA Bactéria - Genéticos Fumo AINES Álcool Stress Helicobacter pylori Causa Multifatorial * Helicobacter pylori • Descoberto em 1982 por Barry Marshal e Robin Warren – 2005 Nobel de Medicina Responsável por 90% dos casos de úlcera gástrica • H. pylori pode viver e se multiplicar no meio ácido do estômago A sobrevivência de H. pylori no estômago ácido depende da produção da enzima urease Urease metaboliza a uréia em amônia que neutraliza o ácido gástrico (PRODUZINDO NH4+) Elevação do pH Elevação do pH células G eleva a Gastrina hipergastrinemia Penetram na camada mucoca atingem as células se ligam a fosfolipídeos e liberam proteases e fosfolipases, lesam a camada de muco e células, facilitando a retrodifusão de H+ * Fármacos utilizados no Tratamento da Úlcera Péptica e Acidez Gástrica * Os objetivos do tratamento: - Abolir os sintomas dolorosos - Cicatrizar a lesão - Evitar recidiva – Erradicação do H. pylori, evita a recorrência em 95% dos casos - O tratamento farmacológico cura mais de 95% dos casos de úlcera Antiácidos Antagonistas de Receptores H2 Inibidores da Bomba de Prótons Citoprotetores Antimicrobianos Ações farmacológicas Supressão ácida Proteção da mucosa Erradicação bacteriana * ANTIÁCIDOS Os antiácidos são utilizados há séculos no tratamento de pacientes com doenças àcido-pépticas Foram a base do tratamento até o advento dos antagonistas de H2 e inibidores da bomba de prótons 1. Fármacos que atuam nas Secreções Digestivas Hidróxido de Alumínio Hidróxido de Magnésio Bicarbonato de Sódio Carbonato de Cálcio * Neutralização Química do H+ Os antiácidos são bases fracas que reagem com o ácido gástrico, formando sal e água – Redução da acidez intra-gástrica Mecanismo de Ação * Administação: V.O. (pastilhas, tabletes, soluções) Efeito/Duração: 5-15 min/2 hs Aspectos Farmacocinéticos Capacidade de neutralização de ácido altamente variável, dependendo da taxa de dissolução (pastilhas vs. líquido), hidrossolubilidade, taxa de reação com ácido e a taxa de esvaziamento gástrico Depois da refeição – Secreção de 45 mEq/h HCl Dose de 156 mEq de antiácido Administrado 1h depois da refeição Neutralização do HCl por um período de até 2 horas * Bicarbonato de Sódio Reage com o HCl formando dióxido de carbono e cloreto de sódio A formação de dióxido de carbono resulta em distenção gástrica e eructações - náusea Altas doses ou administração em pacientes com insuficiência renal – Alcalose Metabólica Absorção de NaCl pode exacerbar a retenção de liquídos em pacientes com hipertensão e insuficiência cardíaca ou renal Carbonato de Cálcio É menos solúvel e reage mais lentamente do que o bicarbonato de sódio com o HCl formando dióxido de carbono e cloreto de cálcio - A formação de dióxido de carbono resulta em distenção gástrica e eructações Altas doses ou administração em pacientes com insuficiência renal – Alcalose Metabólica * Hidróxido de Magnésio Hidróxido de Alumínio Reagem lentamente com o HCl formando cloreto de Magnésio ou cloreto de alumínio e água - Como não há formação de gás não ocorre eructações Alcalose Metabólica é incomum, devido à eficiência da reação de neutralização Sais de Magnésio não absorvidos podem causar diarréia osmótica Sais de alumínio não absorvidos podem causar constipação Excreção: Renal – Pacientes com insuficiência renal não devem fazer uso prolongado desses fármacos * Aliviar desconforto gástrico – dor, queimação – Dispepsia não ulcerosa Esofagite de refluxo Ajuda na cicatrização da esofagite Úlcera péptica Uso Terapêutico * Interações Medicamentosas Todos antiácidos alteram a absorção de outros fármacos - Ligação ao fármaco - Redução da absorção - Aumento do pH intragástrico – Altera a dissolução ou a solubilidade do fármaco – particularmente os fármacos que são bases ou ácidos fracos Administração de antiácidos somente após 2 horas da dose de tetraciclinas, fluoroquinolonas, itraconazol e ferro * * ANTAGONISTAS DE RECEPTORES H2 Desde 1970 até o início da década de 90 os bloqueadores de H2 foram os fármacos mais prescritos no mundo Principais Representantes Cimetidina Ranitidina Famotidina Nizatidina * Antagonismo competitivo dos receptores H2 nas células parietais promovendo a supressão da secrerção ácida tanto basal quanto a estimulada por alimentos Diminuição dos níveis de AMPc Inibição da secreção ácida estimulada pela gastrina e pela Ach Mecanismo de Ação * Administração: Via Oral e Via Parenteral Os quatro agentes são rapidamente absorvidos pelo intestino e também atravessam a barreira placentária Cimetidina, Ranitidina e Famotidina sofrem metabolismo hepático de 1° passagem – resultando em biodisponibilidade de 50% Nizatidina exibe pouco metabolismo de 1° passagem – biodisponibilidade de 100% T1/2 vida plasmática - 1-4 hs Duração do efeito depende da dose administrada (6-10hs) Ranitidina + potente que Cimetidina Metabolização: 10-30% no fígado Excreção: renal Aspectos Farmacocinéticos * * Uso Terapêutico Esses fármacos são mais eficazes na inibição da secreção ácida noturna (dependente de histamina) – Bloqueando mais de 90% da secreção noturna Aliviar desconforto gástrico – dor, queimação – Dispepsia Não-ulcerosa Esofagite de refluxo Ajuda na cicatrização da esofagite Úlcera péptica Prevenção do sangramento da Gastrite relacionada ao stress * - Naúsea, cefaléia, mialgia, diarréia, tontura, fadiga, constipação SNC (efeitos raros – confusão, agitação, delírio – Idosos) CIMETIDINA – Uso prolongado ou altas doses causa ginecomastia ou impotência em homens e galactorréia nas mulheres – a cimetidina inibe o metabolismo do estradiol e eleva os níveis de prolactina Efeitos Adversos Fármacos seguros – Efeitos indesejáveis em menos de 3% dos pacientes * Interações Medicamentosas Cimetidina – inibe via do Citocromo P 450 e pode retardar o metabolismo (potenciando a ação) de algumas drogas: Anticoagulantes orais Fenitoína, carbamazepina, quinidina, Nifedipina, teofilina e ADT. Ranitidina – tem menor efeito sobre a via do P450 (afinidade 4-10 vezes menor) Citocromo P450 * INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS Desde sua introdução no final da década de 80 esses fármacos assumiram importante papel no tratamento de distúrbios ácido-pépticos. Sendo os medicamentos mais prescritos no mundo, em virtude de sua eficácia e segurança Principais Representantes Nova Abordagem Terapêutica Omeprazol Lansoprazol Rabeprazol Pantoprazol Esomerazol * Mecanismo de Ação Inibição irreversível da enzima H+/K+ATPase (bomba de prótons) nas células parietais. Esta ação farmacológica, dose-dependente, inibe a etapa final da formação de ácido no estômago, proporcionando, assim, uma inibição altamente efetiva tanto da secreção ácida basal quanto da estimulada, independentemente do estímulo. São Pró-fármacos inativos - Bases Fracas (pKa= 4-5) lipofílicas – sofrem rápida difusão através das membranas lipofílicas para os compartimentos acidificados Quando no meio ácido o pró-fármaco é rapidamente protonado levando a formação de uma sulfenamida (forma ativa) que reage com a H+/K+ ATPase formando uma ligação dissulfeto covalente e inativando irreversivelmente a enzima * Do ponto de vista farmacocinético, os inibidores da bomba de prótons são fármacos ideais: possuem meia-vida plasmática curta, são concentrados e ativados próximos a seu local de ação e apresentam longa duração de ação Aspectos Farmacocinéticos Administração: Via Oral e Via Parenteral Biodisponibilidade reduzida em 50% na presença de alimentos – dessa forma, devem ser administrados 1 hora antes das refeições, de modo que a concetração plasmática máxima possa coincidir com a atividade máxima da secreção da bomba de prótons * T1/2 plasmática: 1,5 horas Duração do efeito: mais de 24 horas Sofrem rápido metabolismo hepático sistêmico e de primeira passagem – Via Citocromo P450 Excreção: 80% renal Na primeira dose da medicação, nem todas as bombas de prótons são inibidas - sendo necessários até 4 dias de medicação diária para que se obtenha todo o potencial inibidor de ácido Após interromper a medicação, o retorno completo da secreção de ácido leva 4 dias * * * Importante: todos inibidores da bomba de proton/potássio administrado por via oral devem estar contidos em formulações de liberação entérica Importante: administração simultânea de um inibidor da bomba de proton/potássio com antagonista de H2 diminui a potencia do primeiro. * Uso Terapêutico Aliviar desconforto gástrico – Dispepsia Não-ulcerosa Esofagite de refluxo não responsiva à antagonista de H2 Ajuda na cicatrização da esofagite Tratamento de Gastrinoma Prevenção da recorrência de sangramento de úlceras pépticas Tratamento de úlceras associadas à H. Pilory e ao uso de AINEs * Tratamento de úlceras associadas a H. pylori Existem dois objetivos terapêuticos: a cicatrização da úlcera e a erradicação do microorganismo - O esquema mais eficiente para a erradicação do H. pylori consistem em associação de dois antibióticos e um inibidor da bomba de prótons – Terapia Tríplice por 10-14 dias Inibidor da bomba de prótons (2x ao dia) + Claritromocina (500mg - 2X ao dia) + Amoxilina (1 g – 2X ao dia) Pacientes alérgicos à penicilina – substituir a amoxilina por Metronidazol (500 mg – 2X ao dia) O inibidor deve ser mantido por 4-6 semanas após o término da terapia tríplice – para assegurar a cicatrização completa da úlcera * Frequentes SNC: cefaléia. TGI: diarréia, constipação, dor abdominal, náusea/vômitos e flatulência. Pouco frequentes SNC: tontura, parestesia, sonolência, insônia e vertigem. Hepático: aumento das enzimas hepáticas. Pele: erupção e/ou prurido, urticária Diminuição da absorção de fator intrínseco Efeitos Adversos * Efeitos Adversos 5-10% dos pacientes: hipergastrinemia Hipergastrinemia: potencial risco para o desenvolvimento de tumores de estômago (não é consenso na literatura) Hipergastrinemia: rebote ácido no final do tratamento. * A absorção de algumas drogas pode ser alterada devido à diminuição da acidez intragástrica Interações Medicamentosas Inibidores da bomba H/K diminuem a atividade da citocromo P450 e reduzem a depuração de varfarina, diazepam e fenitoína * CITOPROTETORES São fármacos que auxiliam na reparação celular do epitélio gástrico – Reparo da Mucosa Estimulam a secreção de muco e bicarbonato e aumentam o fluxo sanguíneo da mucosa gástrica SUCRALFATO – Reparo da Mucosa MISOPROSTOL – Análogo das Prostaglandinas * SUCRALFATO Sal de sacarose complexado com hidróxido de alumínio sulfatado Na presença de água ou soluções ácidas – forma uma pasta viscosa que se liga seletivamente as úlceras ou erosões por um período de 6hrs Esse mecanismo de ação ainda não foi totalmente elucidado. Acredita-se que o sulfato de sacarose de carga negativa liga-se á proteínas de carga positiva na base das úlceras ou erosões, formando uma barreira física Farmacocinética - Administração: V.O. (1 g antes das refeições) - Absorção: mínima/duração efeito: 6 hs Uso Terapêutico - Cicatrização de úlcera duodenais - Prevenção do sangramento de gastrites Efeitos Adversos - Como não é absorvido – praticamente não apresenta efeitos sistêmicos - Pode ocasionar constipação em 2% dos pacientes – devido ao sal de alumínio * Principais prostaglandinas produzidas pela mucosa gástrica: PGE2 e PGI2 Inibição da produção de ácido via receptores EP3 Estímulo da secreção de bicarbonato e muco Vasodilatação * * Misoprostol PGE1 * MISOPROSTOL Análogo metílico da PGE1 Apresenta propriedades tanto inibidoras da secreção quanto protetoras da mucosa Aumenta a secreção de muco e bicarbonato e também aumenta o fluxo sanguíneo Liga-se ao receptor de PGs na célula parietal reduzindo a produção de AMPc estimulado pela histamina – Inibição moderada da secreção gástrica * Farmacocinética - Administração: VO - Rápida absorção e metabolizado a um ácido livre metabolicamente ativo pelo fígado - T1/2 plasmático: 30 minutos (3 a 4 X ao dia) - Excreção: Urina Uso Terapêutico - Prevenção e tratamento de úlceras associadas ao uso de AINEs Efeitos Adversos - Diarréia com cólicas, vômito, agrava síndrome irritativa, causa aborto (estimula contrações uterinas) * Esquemas terapêuticos * * * * * Fator intrísecvo importante na absorção da vitamina B12 * ADT antidepressivos triciclicos
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