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CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL 
PROFESSOR PEDRO IVO 
Professor: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1
CURSO ON-LINE – DIREITO PENAL – TEORIA E EXERCÍCIOS – TRE-PE 
PROFESSOR PEDRO IVO 
AULA 05 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Caros alunos, 
A partir de agora começaremos a tratar de temas mais específicos do Direito 
Penal e o que foi visto até agora será essencial para um bom entendimento. 
Iniciaremos esta parte do seu futuro edital tratando dos crimes contra a 
Administração Pública, um assunto recorrente em provas, para o qual deve ser 
dada uma atenção MAIS DO QUE ESPECIAL. 
A fim de facilitar o aprendizado ao máximo, vou ser o mais objetivo possível, 
apresentando o que vocês precisam saber para a PROVA. Para isto, nesta aula, 
serão estudados os primeiros delitos que vocês necessitam ter conhecimento e, 
na aula seguinte, complementaremos o assunto com os restantes. 
Vejo em sala de aula que, como são várias tipificações, muitos alunos acabam 
fazendo uma grande confusão e, exatamente por isso, é necessário ter calma e 
cuidado no estudo de cada tipo penal, entendendo o conceito e os caracteres que 
compõem os crimes. 
Mais do que nunca é importante praticar com exercícios, mas julgo que o 
aprendizado fica extremamente comprometido quando as questões são separadas 
de acordo com a classificação dos delitos (você entenderá isso em breve). Você 
acha que a FCC vai separar na hora da prova, por exemplo, a corrupção passiva 
da ativa? Claro que não. 
Sendo assim, deixarei os exercícios para a AULA 06, na qual finalizaremos TODOS 
os tipos penais importantes para sua prova. Desta forma, você realmente testará 
o seu aprendizado e poderá verificar as pendências e dúvidas. 
Por falar em dúvidas, outra recorrente é quanto à necessidade ou não de guardar 
as penalizações dos crimes (Ex: reclusão de dois a quatro anos). Meu “Bizu” é o 
seguinte: Não perca tempo decorando as penas dos delitos. Pode ser cobrado 
pela FCC? Claro que sim! Mas toda a lógica indica que tal conhecimento não será 
exigido e a relação TEMPO/BENEFÍCIO, em minha opinião, é muito pequena. 
Agora uma dica: Ao final da aula será apresentado um resumo a fim de organizar 
as idéias. Sendo assim, procure entender bem cada delito e deixe para separá-los 
no cérebro com o quadro-resumo. Não perca tempo indo e voltando em sua 
primeira leitura. Bons estudos!!! 
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5.1 CONCEITOS GERAIS 
O Código Penal dedica o último título da parte especial para tratar dos crimes 
contra a Administração Pública. 
Pretende o legislador proteger o normal desenvolvimento da máquina 
administrativa em todos os setores de sua atividade, proibindo, pela incriminação 
penal, não só a conduta ilícita dos funcionários públicos, mas também a dos 
particulares que venham expor a perigo de dano a função administrativa. 
Mas qual o significado da expressão “Administração Pública” utilizada pelo Código 
Penal? 
A Administração Pública pode ser analisada sob duas óticas diferentes, ora no 
sentido amplo, ora no sentido restrito. 
O conceito de Administração em sentido restrito abrange apenas o poder 
Executivo no exercício de sua função típica de administrar. 
Diferentemente, a Administração Pública analisada no sentido amplo é o próprio 
Estado, sendo composta pelos três poderes, ou seja, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário. 
Vamos entender: 
O poder Executivo tem como função principal a de administrar, desenvolvendo 
todos os atos inerentes a esta função. Entretanto, tal como ocorre nos outros 
poderes, detém também funções de editar leis, como no caso das Medidas 
Provisórias, e julgar processos, como no caso das decisões proferidas em seus 
processos administrativos. 
O poder Legislativo, por sua vez, tem como funções principais a edição de Leis e 
o controle. Todavia, exerce também a função de administrar, em se tratando da 
administração de seu pessoal, por exemplo, e a função de julgar, como no caso 
do crime de responsabilidade. 
Por fim, o poder Judiciário tem como função principal a de julgar, exercendo a 
função jurisdicional em todo o âmbito da administração. Entretanto, na 
admissão, demissão e promoção de seu pessoal, por exemplo, pode ser verificada 
a ocorrência da função administrativa. 
Sendo assim, percebe-se que temos a função administrativa no âmbito dos três 
poderes e, exatamente por isso, o legislador optou por utilizar no Código Penal o 
conceito de Administração Pública em SENTIDO AMPLO, abrangendo assim o 
poder EXECUTIVO, o LEGISLATIVO e JUDICIÁRIO. 
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 5.1.1 CLASSIFICAÇÕES
Os crimes contra a administração são classificados em três grupos: 
1. CRIMES COMETIDOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 312 A 326); 
2. CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL (ART. 328 A 337); E 
3. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA (ART 338 A 
359). 
 
5.1.2 CRIME FUNCIONAIS
Os crimes funcionais pertencem à categoria dos crimes próprios, pois só 
podem ser cometidos por determinada classe de pessoas. Neste tipo de delito, 
a lei exige do indivíduo uma condição ou situação específica. Os crimes 
funcionais classificam-se em: 
Crimes funcionais próprios Î São aqueles cuja ausência da qualidade de 
funcionário público torna o fato atípico. Exemplo claro de crime funcional 
próprio é o delito de prevaricação, previsto no artigo 319 do Código Penal. 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal: 
Se ficar comprovado que na época do fato o indivíduo não era funcionário 
público, desaparece a prevaricação e não surge nenhum outro crime. Percebe-
se que a qualidade do sujeito ativo aparece como elemento da tipicidade 
penal. 
Crimes funcionais impróprios ou mistos Î A ausência da qualidade 
especial faz com que o fato seja enquadrado em outro tipo penal. Exemplo: 
Concussão – Art. 316; se o sujeito ativo não for funcionário público, o crime é 
de extorsão – art. 158. 
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5.1.3 FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Durante a aula, falarei por diversas vezes em “funcionário público”, mas qual o 
real significado desta expressão? 
Para responder a este questionamento, devemos buscar o conceito exposto no 
artigo 327 do Código Penal. Observe: 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, 
quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, 
emprego ou função pública. 
Com base no dispositivo supra, para fins de aplicação dos artigos de lei que 
analisaremos a seguir, devemos entender por funcionários públicos todos 
aqueles que desempenham função, submetidos a uma relação hierarquizada 
para com o ente administrativo, independentemente de ser este ente da 
administração direta ou indireta, bem como de ser este labor permanente ou 
temporário, voluntário ou compulsório, gratuito ou oneroso. 
CARGO PÚBLICO Î Segundo a doutrina, cargo público é a mais 
simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos 
por um agente. Todavia, há conceito legal de cargo público. O 
artigo 3º da lei 8112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis 
da União) define cargo público como sendoo conjunto de 
atribuições e responsabilidades previstas na estrutura 
organizacional que devem ser cometidas a um servidor. 
EMPREGO PÚBLICO Î De acordo com a doutrina dominante, 
emprego público tem, substancialmente, a mesma conceituação 
de cargo público. O que os diferencia é que no emprego a relação 
jurídica estabelecida entre seu titular e a Administração é regida 
pela CLT. 
FUNÇÃO PÚBLICA Î De forma residual, conceituamos função 
pública como a atribuição desempenhada por um agente que não 
se caracteriza como cargo ou emprego público. Assim, considera-
se funcionário aquele que, sem ter cargo ou emprego público, 
desempenha função pública extraordinária (contratado 
extraordinariamente). 
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Deste modo, o nosso Código Penal adotou a noção ampliada do conceito de 
funcionário público discutido na esfera do Direito Administrativo. E foi mais 
longe. Não exige, para caracterizá-lo, nem sequer o exercício profissional ou 
permanente da função pública. 
Verifica-se que o funcionário público, diante do Direito Penal, caracteriza-se 
pelo exercício da função pública. Portanto, o que importa não é a qualidade do 
sujeito, de natureza pública ou privada, mas sim a natureza da função por ele 
exercida. 
5.1.3.1 FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO 
Dispõe o parágrafo 1º do art. 327 do CP: 
Art. 327 
[...] 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha 
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
A lei nº 9.983/2000 estendeu o conceito de funcionário público, 
equiparando a este: 
1. QUEM TRABALHA EM ENTIDADE PARAESTATAL Î As entidades 
paraestatais integram o chamado terceiro setor, que pode ser 
definido como aquele composto por entidades privadas da sociedade 
civil, que prestam atividade de interesse social, por iniciativa 
privada, sem fins lucrativos. 
O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o próprio 
Estado, e com o segundo setor, que é o mercado. 
2. QUEM TRABALHA EM EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO 
CONTRATADA OU CONVENIADA PARA A EXECUÇÃO DE 
ATIVIDADE TÍPICA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Î Difere o 
contrato do convênio porque naquele é a Administração Pública, 
mediante concessão, quem contrata o particular para o exercício de 
atividade pública. Já no convênio, verifica-se um acordo de duas ou 
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mais entidades para a realização de um serviço público de 
competência de uma delas, que deve ser uma entidade pública. 
O conceito de atividade típica da Administração Pública vincula-se às 
tarefas essenciais do Estado, tais como saúde, educação, 
transportes, cultura, segurança, higiene, dentre outras. Observe o 
julgado: 
5.1.3.2 CAUSA DE AUMENTO DE PENA
Para o legislador, determinados cargos, tais como os em comissão ou de 
direção ou assessoramento, pela importância e responsabilidade, devem ser 
valorados de uma maneira diferenciada em relação aos demais. Sendo 
assim, fez constar no Código Penal que: 
Art. 327 
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos 
crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em 
comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da 
administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública 
ou fundação instituída pelo poder público. 
Resumindo: 
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 902037 SP 2006/0222308-1 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. ART. 317, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. 
CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO PARA FINS PENAIS. ADVOGADO 
CONTRATADO POR MEIO DE CONVÊNIO FIRMADO ENTRE A 
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO E A OAB PARA ATUAR EM DEFESA 
DOS BENEFICIÁRIOS DA JUSTIÇA GRATUITA. 
O advogado que, por força de convênio celebrado com o Poder Público, 
atua de forma remunerada em defesa dos agraciados com o benefício da 
Justiça Pública, enquadra-se no conceito de funcionário público para fins 
penais (Precedentes). Recurso especial provido. 
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5.2 DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL 
 5.2.1 PECULATO
O peculato é o delito em que o funcionário público, arbitrariamente, faz sua ou 
desvia em proveito próprio ou de terceiro, a coisa móvel que possui em razão 
do cargo, seja ela pertencente ao Estado ou a particular, ou esteja sob sua 
guarda ou vigilância. 
Está definido assim no Código Penal: 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou 
qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO Î PESSOA FÍSICA QUE EXERCE FUNÇÃO 
PÚBLICA, A QUALQUER TÍTULO, COM OU SEM REMUNERAÇÃO. 
(ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA) 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO POR EQUIPARAÇÃO Î PESSOA FÍSICA 
QUE ATUA EM ENTIDADE PARAESTATAL OU EM EMPRESA 
PRIVADA, CONTRATADA OU CONVENIADA, PARA A EXECUÇÃO 
DE ATIVIDADE TÍPICA. 
OBSERVAÇÃO 01 Î A EQUIPARAÇÃO APLICA-SE AO SUJEITO 
ATIVO DO DELITO. 
OBSERVAÇÃO 02 Î NO CASO DE OCUPANTES DE CARGOS EM 
COMISSÃO OU DE FUNÇÃO DE DIREÇÃO OU ASSESSORAMENTO 
DE ÓRGÃO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU INDIRETA, A PENA 
SERÁ AUMENTADA DA TERÇA PARTE. 
NOS DELITOS PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DEVE-SE COMPROVAR A UTILIZAÇÃO DO CARGO, 
DO EMPREGO OU DA FUNÇÃO; CASO CONTRÁRIO, NÃO HAVERÁ ESSE TIPO DE 
CRIME. 
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posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
Observe que se trata de um crime funcional impróprio, pois se retirarmos a 
qualidade de funcionário público passamos a ter o delito de apropriação 
indébita, previsto no artigo 168 do Código Penal. Veja a semelhança: 
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse 
ou a detenção: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
A definição do PECULATO prevista no artigo 312 se subdivide em duas 
espécies: 
• PECULATO-APROPRIAÇÃO Î Definido na 1ª parte 
do artigo 312. Ocorre quando o funcionário público 
APROPRIA-SE. 
• PECULATO-DESVIO Î Previsto na 2ª parte do 
artigo 312. Recebe esta denominação quando o 
funcionário público DESVIA. 
Para que haja a caracterização do peculato, faz-se necessário o cumprimento 
das seguintes condições: 
1. QUE O SUJEITO TENHA A POSSE LÍCITA DO OBJETO 
MATERIAL; 
2. QUE A POSSE LHE TENHA SIDO CONFIADA EM RAZÃO DO 
CARGO; E 
3. QUE HAJA UMA RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE O CARGO 
E A POSSE. 
Podemos exemplificar o PECULATO com o seguinte caso: 
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Tício, servidor público federal, “subtrai" de dentro da repartição onde trabalha 
o teclado de seu computador. Para tanto, Tício utiliza-se de sua própria chave 
da repartição, que só a possuia em razão do cargo. 
Nessa situação, Tício está valendo-se da "qualidade especial de servidor 
público", pois só tem a chave e o computadorporque é servidor. Nese caso, o 
crime é de "PECULATO". 
Para finalizar, observe o elucidativo julgado. 
 5.2.1.1 CARACTERIZADORES DO DELITO (MUITA ATENÇÃO!!!)
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, caso o objeto material seja 
de natureza privada. 
Para exemplificar, imagine que Mévio está em um processo judicial 
tentando a posse de um bem. Durante o processo, o Juiz coloca 
este bem sob a guarda de um funcionário público, que o desvia. 
Neste caso, figurará no pólo passivo o particular. 
• ELEMENTOS: 
Futuro(a) aprovado(a), lembra no início da aula quando eu falei que os 
conceitos vistos em aulas anteriores seriam importantes...Então...Aqui é 
mais do que necessário que você saiba a diferenciação entre elemento 
TRF4 - APELAÇÃO CRIMINAL: ACR 22098 RS 2000.71.00.022098-3 
O delito de peculato, para sua configuração, exige a condição de funcionário 
público do agente ativo e que ele tenha se valido das facilidades que o cargo lhe 
propicia para proveito próprio ou alheio, apropriando-se ou desviando valor ou 
outro bem móvel. É mister que a posse - entendida em sentido amplo, 
abrangendo não só o poder material de dispor da coisa como também sua livre 
utilização facultada pela função exercida - seja lícita, ou seja, que a entrega do 
bem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, não proibida por lei. 
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OBJETIVO, SUBJETIVO e NORMATIVO. Embora eu tenha certeza que 
você já consolidou estes conceitos, eu vou ser “chato” e vou relembrar. 
Observe: 
Agora que você já relembrou, vamos voltar a tratar dos elementos do 
PECULATO desvio e apropriação: 
1. OBJETIVO: Conforme você já estudou, a conduta pode realizar-se 
através da apropriação ou do desvio. 
Na apropriação, ocorre a inversão do título de posse e o 
funcionário passa a dispor da “coisa” como se sua fosse. 
Diferentemente, no desvio o funcionário não tem a intenção do 
apossamento definitivo, mas emprega o objeto em fim diverso 
para proveito próprio. 
Imagine que Tício ficou responsável pela guarda de uma Ferrari e 
resolve utilizá-la para sair com uma “amiga”. Neste caso, comete 
peculato-desvio. 
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Exige-se a intenção de não devolver o 
objeto e a vontade de obter proveito próprio ou de terceiro. 
Atenção que aqui estamos tratando unicamente do peculato 
apropriação e desvio. 
3. NORMATIVO: A expressão "proveito próprio ou alheio". 
• ELEMENTOS OBJETIVOS Î OS ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO REFEREM-
SE AO ASPECTO MATERIAL DA INFRAÇÃO PENAL, DIZENDO RESPEITO À 
FORMA DE EXECUÇÃO, TEMPO, MODO, LUGAR, ETC. 
• ELEMENTOS SUBJETIVOS Î OS ELEMENTOS SUBJETIVOS DO TIPO PENAL, 
TAMBÉM CONHECIDOS NA DOUTRINA POR ELEMENTOS SUBJETIVOS DO 
INJUSTO, DIZEM RESPEITO AO ESTADO PSICOLÓGICO DO AGENTE, OU 
SEJA, À SUA INTENÇÃO. 
• ELEMENTOS NORMATIVOS Î OS TIPOS PENAIS PODEM CONTER ELEMENTOS 
NA SUA FORMAÇÃO QUE NÃO SÃO DE COMPREENSÃO IMEDIATA, COMO OS 
ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS, EM RAZÃO DA NECESSIDADE DE UM 
JUÍZO DE VALOR SOBRE OS MESMOS. NESTES TIPOS PENAIS QUE CONTÉM 
ELEMENTOS NORMATIVOS, ALÉM DE O LEGISLADOR INCLUIR EXPRESSÕES 
COMO MATAR, SUBTRAIR, OFENDER, ETC., INCLUI ELE AINDA EXPRESSÕES 
COMO SEM ‘JUSTA CAUSA’, ‘INDEVIDAMENTE’, ‘FRAUDULENTAMENTE’, ETC., 
QUE SÃO CONSIDERADOS ELEMENTOS NORMATIVOS. 
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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. A consumação no peculato-apropriação ocorre quando o indivíduo 
age como se fosse dono do objeto. Por sua vez, no peculato-desvio 
ocorre quando o indivíduo desvia o bem, sendo irrelevante se 
consegue ou não proveito próprio ou alheio. 
Sendo assim, no exemplo da Ferrari, se o indivíduo não consegue 
“impressionar” sua amiga e obter o “proveito” almejado...Azar o 
dele!!! 
2. O Peculato é um delito material e admite a figura da tentativa. 
 5.2.1.2 PECULATO-FURTO 
Ainda no artigo 312 temos a caracterização do chamado peculato-furto que, 
segundo o STF, ocorre quando o funcionário público não detém a posse da 
coisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do cargo que ocupa, 
mas sua qualidade de funcionário público propicia facilidade para a 
ocorrência da subtração devido ao trânsito que mantém no órgão público 
em que atua ou desempenha suas funções. 
Observe o texto legal: 
Art. 312 
[...] 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora 
não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre 
para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se 
de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
Para melhor compreensão, veja o exemplo: 
O funcionário A, sabedor de onde o seu colega, B, guarda o numerário 
(dinheiro) recebido diariamente na repartição pública, vale-se de tal 
conhecimento e, na ausência daquele, subtrai tal valor. 
Observe que, “A” não tinha a posse do bem. Todavia, tinha conhecimento, 
decorrente do seu cargo, de onde seu colega de trabalho guardava tal 
numerário. 
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Agora pergunto: Se um funcionário arromba a porta da repartição onde 
trabalha, adentra o recinto e subtrai bens públicos, é PECULATO-FURTO? 
A resposta é negativa, pois ele não está valendo-se da função. Logo, 
responderá por furto qualificado e não peculato-furto. 
 
5.2.1.2 PECULATO-CULPOSO
Está descrito no Código Penal nos seguintes termos: 
Art. 312 [...] 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de 
outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se 
precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é 
posterior, reduz de metade a pena imposta. 
Nesta forma típica, o funcionário, por imperícia, imprudência ou 
negligência, concorre para a prática de crime de outrem. Assim, em face 
da ausência de cautela que estava obrigado na preservação de bens do 
poder público que lhe são confiados, o sujeito facilita a outrem a subtração, 
apropriação ou desvio dos mesmos. 
O crime se aperfeiçoa com a conduta dolosa de outrem, havendo 
necessidade da existência de nexo causal entre os delitos, de maneira que 
o primeiro (peculato-culposo) tenha permitido a prática do segundo. Seria o 
caso, por exemplo, do chefe de determinado setor que, negligentemente, 
esquece o armário com peças de computador aberto e estas são furtadas. 
O instituto do Peculato Culposo, nos termos do § 3º do art. 312, apresenta 
uma espécie anômala de arrependimento posterior. Normalmente, o 
arrependimento posterior, que só pode ser argüido em crimes praticados 
PPAARRA A A A TTIIPPIIFFIICCAAÇÇÃÃO O DDO O PPEECCUULLAATTO O FFUURRTTO O É É IINNDDIISSPPEENNSSÁÁVVEELL 
QQUUE E O O FFUUNNCCIIOONNÁÁRRIIOO PPÚÚBBLLIICCO O TTEENNHHA A DDE E AALLGGUUMMA A FFOORRMMA A SSEE 
AAPPRROOVVEEIITTAADDO O OOU U VVAALLIIDDO O DDA A FFUUNNÇÇÃÃO O PPAARRA A TTEER R AACCEESSSSOO AAOO 
BBEEM M QQUUE E SSEERRÁ Á OOBBJJEETTO O DDO O CCRRIIMMEE.. 
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sem violência ou grave ameaça, funciona como atenuante e deve acontecer 
até o momento do recebimento da denuncia ou da queixa por parte do 
magistrado. No caso do Peculato Culposo, este arrependimento funcionará 
como excludente, caso ocorra até a sentença transitar em julgado, ou como 
atenuante, manifestando-se depois do trânsito em julgado da sentença 
penal, situação em que reduzirá a pena pela metade. 
5.2.2 PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM
Também denominado Peculato-Estelionato, encontra previsão no Código 
Penal nos seguintes termos: 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no 
exercício do cargo, recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
A conduta consiste em o funcionário público apropriar-se de dinheiro ou 
qualquer utilidade mediante aproveitamento ou manutenção do erro de 
outrem. 
É imprescindível, para que ocorra o delito, que a entrega do bem tenha sido 
feita ao sujeito em razão do cargo que desempenha junto à administração e 
que o erro tenha relação com seu exercício. 
Exemplo 01: Tício comparece no terceiro andar de uma repartição a fim de 
pagar uma determinada dívida, quando na verdade o pagamento deveria ser 
feito no quarto andar. Mévio, que já havia trabalhado no quarto andar, 
aproveitando-se do erro de Tício, apropria-se do dinheiro. Neste caso, temos o 
Peculato-Estelionato. 
Exemplo 02: José é intimado a levar seu relógio para perícia até a delegacia de 
polícia. Lá chegando, entrega seu bem a João, o porteiro, sendo que o correto 
seria entregá-lo ao Delegado de Polícia. João recebe o bem e, tendo 
conhecimento do ato errôneo de José, resolve se apropriar do bem. 
A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA REPARAÇÃO DO 
DANO SÓ E POSSÍVEL NO CRIME DE PECULATO CULPOSO.
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 5.2.2.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele a vítima da 
fraude. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• A apropriação de dinheiro ou qualquer outro bem; 
• Que a apropriação tenha origem no ERRO de alguém; e 
• Seja cometido por funcionário público 
2. SUBJETIVO: É o DOLO. Deve abranger a consciência do erro de 
outrem. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. O crime se consuma não no momento em que o funcionário recebe 
a coisa, mas no momento em que, tendo sua posse, dela se 
apropria. 
2. O Peculato-Estelionato é um delito material e admite a figura da 
tentativa. Seria o caso, por exemplo, do funcionário público que é 
surpreendido no momento em que está abrindo uma carta 
contendo valor, a ele entregue por erro de outrem. 
OBSERVAÇÃO!!! 
O ERRO DE QUEM ENTREGA O OBJETO MATERIAL 
DEVE SER ESPONTÂNEO. CASO HAJA PROVOCAÇÃO, 
NÃO É PECULATO E SIM ESTELIONATO. 
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 5.2.3 INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE 
INFORMAÇÃO
Este delito foi inserido no Código Penal pela lei nº 9.983/00 nos seguintes 
termos: 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção 
de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos 
sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração 
Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para 
outrem ou para causar dano: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Segundo Damásio, “Essa incriminação tem por objetividade jurídica a 
Administração Pública, particularmente a segurança do seu conjunto de 
informações, inclusive no meio informatizado, que, para a segurança de toda a 
coletividade, devem ser modificadas somente nos limites legais. Daí se punir o 
funcionário que, tendo autorização para manipulação de tais dados, vem a 
maculá-los pela modificação falsa ou inclusão e exclusão de dados incorretos.” 
5.2.3.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público devidamente autorizado para a preparação 
de informações armazenadas, via de regra, em bancos de dados. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado 
pela modificação dos dados. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
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• Inserir, facilitar; 
• Alterar; 
• Excluir 
2. SUBJETIVO: O tipo subjetivo é o DOLO, ou seja, a vontade livre e 
consciente dirigida à inserção ou à facilitação da inclusão de dados 
falsos e à alteração ou à exclusão indevida em dados corretos em 
sistema de informações da Administração Pública. 
Além do dolo, o tipo requer um fim especial de agir, o elemento 
subjetivo do tipo contido na expressão com o fim de obter 
vantagem indevida para si ou para outrem, qualquer que seja ela, 
ou para causar dano à Administração Pública. 
3. NORMATIVO: Cabe ainda apontar a existência de um elemento 
normativo do tipo quando se exige que a conduta do funcionário 
seja indevida. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. O crime é FORMAL, atingindo a consumação no momento em que 
as informações falsas passam a fazer parte do sistema de 
informações. 
2. É admissível a tentativa em todos os seus núcleos. 
 5.2.4 MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA EM 
SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Qualquer sistema de informação de dados sobre empresas, programa de 
controle de arrecadação de contribuições sociais dos segurados, dentre outros, 
está agora tutelado pela norma penal. 
Poder-se-ia até criticar a utilização do Direito Penal para esse tipo de proteção, 
mas dentro da sistemática moderna de dados e da fragilidade com que, ainda, 
os programas podem ser invadidos por terceiros, o próprio funcionário 
encarregado de manipulá-los poderá ser tentado à prática do ilícito. Assim, o 
Direito Penal foi chamado para dar uma maior proteção ao sistema, dispondo 
da seguinte maneira: 
TRATA-SE DE UM TIPO MISTO 
ALTERNATIVO, EM QUE A OCORRÊNCIA DE 
MAIS DE UM DOS NÚCLEOS, EM UM MESMO 
CONTEXTO FÁTI-CO, CONSTITUI CRIME 
ÚNICO. 
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Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de 
informações ou programa de informática sem autorização ou 
solicitação de autoridade competente: 
 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
O objeto da tutela penal é a Administração Pública, particularmente a 
incolumidade de seus sistemas de informações e programas de informática, 
que só podem sofrer modificações ou alterações quando a autoridade 
competente solicita a determinado funcionário ou o autoriza. Desta forma, 
mais precisamente como determina Julio Fabbrini Mirabete protege-se, 
com o dispositivo, a regularidade dos sistemas informatizados ou bancos de 
dados da Administração Pública. 
5.2.4.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público, sem, noentanto, haver sido autorizado 
pela autoridade competente para promover alteração no sistema. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Modificar; 
• Alterar; 
“Mas, professor, modificar e alterar não tem o mesmo significado?” 
TRATA-SE DE UM TIPO MISTO ALTERNATIVO, EM 
QUE A OCORRÊNCIA DE MAIS DE UM DOS 
NÚCLEOS, EM UM MESMO CONTEXTO FÁTICO, 
CONSTITUI CRIME ÚNICO. 
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A doutrina entende que não. Diz-se que modificar prende-se a 
dados que dizem respeito à estrutura do sistema, já o alterar 
vincula-se a informações contidas no sistema. Essa diferenciação 
não é importante para a sua PROVA e entende-se que a colocação 
de dois núcleos tão parecidos teve a finalidade de não deixar 
dúvidas aos intérpretes e aplicadores da norma penal. 
2. SUBJETIVO: Esse crime, para aperfeiçoar-se, não necessita senão 
do dolo genérico, conforme classificação doutrinária, traduzido na 
vontade livre e consciente de praticar a conduta típica, que é a de 
modificar ou alterar o sistema de informações ou o programa de 
informática. 
3. NORMATIVO: Presente na expressão sem autorização ou 
solicitação de autoridade competente. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Crime de MERA CONDUTA. Consuma-se com a alteração ou 
modificação. 
2. É admissível a tentativa. Exemplo: O funcionário, no momento em 
que vai iniciar a modificação, é surpreendido. 
• CAUSA DE AUMENTO DE PENA 
O parágrafo único do art. 313-B dispõe que a penalização prevista 
será aumentada caso da alteração ou modificação derive dano para a 
Administração Pública. Observe: 
Art. 313-B [...] 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a 
metade se da modificação ou alteração resulta dano para a 
Administração Pública ou para o administrado. 
 5.2.5 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE 
LIVRO OU DOCUMENTO
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O delito apresenta no CP a seguinte definição: 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que 
tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou 
parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime 
mais grave. 
Visa o dispositivo supra proteger a Administração no que diz respeito à ordem, 
regularidade e segurança de livros oficiais e documentação de natureza pública 
ou privada, que devem manter-se íntegros. Exatamente por isso, pune-se o 
funcionário que, tendo a sua guarda em razão do cargo, vem a desviá-los, 
escondê-los ou inutilizá-los. 
5.2.5.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público que tem a guarda do objeto material em 
razão do cargo. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, caso seja ele prejudicado 
pela perda do objeto material. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Extraviar (dar destino equivocado); 
• Sonegar (não restituir quando solicitado); e 
• Inutilizar (tornar imprestável para o fim ao qual servia). 
2. SUBJETIVO: É o DOLO. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
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1. Trata-se de crime de MERA CONDUTA. Consuma-se o delito com a 
realização das condutas definidas na norma incriminadora, sendo 
irrelevante a ocorrência de dano para a administração pública. 
2. É admissível a tentativa nas modalidades de extraviar e inutilizar. 
Com relação à sonegação, não é possível. 
 5.2.6 EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS 
PÚBLICAS
Já pensou se o funcionário público pudesse aplicar as verbas públicas da 
maneira que achasse mais conveniente? Obviamente, seria uma confusão 
muito grande. Exatamente por isso, o “ordenador de despesas” está limitado 
na sua atuação por diversos dispositivos legais. 
Desta forma, a fim de proteger a regularidade da atividade administrativa no 
que diz respeito à aplicação de verbas e rendas públicas, o conhecido crime de 
desvio de verbas encontra sua previsão no CP. Observe: 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da 
estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Com base no dispositivo supra, pergunto: Imagine que a lei orçamentária 
de determinado Estado destine verbas públicas para a construção de um 
hospital. O Governador, Mévio, acreditando que os problemas começam a 
ser resolvidos com o fornecimento de educação, destina os recursos para a 
construção de uma escola, criando o “CENTRO DE EXCELÊNCIA 
ESTUDANTIL”. Neste caso, poderá ser ele processado e preso? 
A resposta é positiva, pois não importa o fim almejado, a destinação do 
recurso. O que é importante é se a destinação LEGAL foi cumprida ou não 
e, no caso em tela, não foi. 
“Mas professor, coitado do Mévio... Ele só estava querendo ajudar.” 
Realmente, mas o examinador não está com nem um pouquinho de pena 
dele... 
5.2.6.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
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• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público que tem poder de disposição de verbas e 
rendas públicas. É o caso, por exemplo, dos Governadores, 
Ministros de Estado, Diretores de Autarquias, etc. 
2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: O núcleo do delito consiste em o funcionário público 
dar aos fundos públicos aplicação diversa da determinada ou não 
autorizada em lei. Obviamente, surge como elementar 
imprescindível à tipicidade do fato a existência de lei 
regulamentando a aplicação do recurso financeiro. 
2. SUBJETIVO: É o DOLO, ou seja, a vontade livre e consciente de 
aplicar verbas ou rendas públicas de maneira diferente da 
destinação preceituada em lei. Aqui independe se o fato ocorreu 
visando ou não ao lucro. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. O crime é FORMAL. Consuma-se com a aplicação irregular de 
rendas e verbas públicas, não bastando a simples indicação sem 
execução. 
2. É admissível a tentativa. 
 5.2.7 CONCUSSÃO
Caro (a) Aluno (a), este é um dos delitos mais exigidos em prova e, 
consequentemente, será necessário uma atenção especial e um 
aprofundamento um pouco maior. Vamos começar: 
CASO O AGENTE DESVIE OU SE APROPRIE DE VERBAS OU 
RENDAS, HÁ O CRIME DE PECULATO E NÃO O CRIME DE 
APLICAÇÃO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS.
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De acordo com o artigo 316, caput, do Código Penal, constitui delito o fato de 
o funcionário público: 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, 
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, 
vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
Segundo Damásio Evangelista de Jesus, o termo “concussão” tem sua origem 
etimológica derivada do verbolatino concutere, expressão empregada quando 
se pretende indicar o ato de sacudir a árvore para que os frutos caiam. 
Também significa “sacudir fortemente, abalar, agitar violentamente”. 
Como visto no artigo 316, caput, a concussão materializa-se quando o 
funcionário exige para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagens 
indevidas. É o desvio da função pública para esbulhar. É um dos crimes mais 
graves contra a Administração Pública. 
Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcionário público exige, 
impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria (este termo já foi utilizado em 
provas) e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. Em outros termos, o 
crime de concussão é uma espécie de extorsão praticada pelo funcionário 
público, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou virá a ceder 
em face do metu publicae potestatis (medo do poder público). 
Júlio Fabbrini Mirabete, quanto à objetividade jurídica do crime de concussão, 
leciona: 
“Objetiva a incriminação do fato tutelar a regularidade da administração, no 
que tange à probidade dos funcionários, ao legítimo uso da qualidade e da 
função por eles exercida. Em plano secundário, protegido está também o 
interesse patrimonial de particular, ou mesmo de funcionário, de quem é 
exigida a vantagem.” 
5.2.7.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público, MESMO QUE AINDA NÃO TENHA 
ASSUMIDO O CARGO, mas desde que aja em virtude dele. 
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2. SUJEITO PASSIVO: É o ESTADO e, secundariamente, o sujeito 
passivo vítima da exigência ilegal. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: O núcleo do delito é o verbo EXIGIR. Nesse sentido, 
ensina Júlio Fabbrini Mirabete que: 
“A conduta típica é exigir, impor como obrigação, ordenar, 
reclamar vantagem indevida, aproveitando-se o agente do medo 
do poder público, ou seja, do temor de represálias a que fica 
constrangida a vítima. Não é necessário que se faça a promessa de 
um mal determinado; basta o temor genérico que a autoridade 
inspira, que influa na manifestação volitiva do sujeito passivo. Há 
um constrangimento pelo abuso de autoridade por parte do 
agente.” 
Ainda, sobre o tema, Antônio Pagliaro e Paulo José da Costa Júnior 
manifestaram-se a respeito, afirmando que: 
“O núcleo do tipo acha-se representado pelo verbo exigir. Exigir é 
impor, é reivindicar de modo imperioso, é pedir com autoridade. 
No caso específico, o agente deve exigir em razão da função por 
ele exercida, ou que será por ele assumida. A conduta deve 
comportar a assunção, explícita ou implícita. Em suma, a exigência 
deverá relacionar-se com a função que o agente desempenha ou 
irá desempenhar.” 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
1 – E SE O AGENTE EXIGE VANTAGEM QUE BENEFICIA A PRÓPRIA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA? 
NESTE CASO, NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO OCORRER O DELITO DE 
EXCESSO DE EXAÇÃO, QUE AINDA TRATAREMOS. 
2 – E SE NÃO HÁ EXIGÊNCIA, MAS MERA SOLICITAÇÃO? 
NÃO HÁ CONCUSSÃO, PODENDO HAVER CORRUPÇÃO PASSIVA (AINDA 
VEREMOS). 
“MAS PROFESSOR, QUAL A DIFERENÇA ENTRE EXIGÊNCIA E 
SOLICITAÇÃO?” 
NÃO SE PREOCUPE COM DIFERENÇAS PRÁTICAS E, PARA A SUA PROVA, 
ATENTE PARA O VERBO QUE ESTÁ SENDO UTILIZADO. SÓ SERÁ 
CONCUSSÃO SE O VERBO FOR EXIGIR!!! 
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2. SUBJETIVO: Aqui há dois elementos subjetivos. O primeiro é o 
dolo. Além dele, exige-se outro, previsto na expressão “para si ou 
para outrem”. 
3. NORMATIVO: Encontra-se na expressão “indevida”, que qualifica a 
vantagem. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. A concussão é um delito FORMAL e a consumação ocorre com a 
exigência, no momento em que esta chega ao conhecimento do 
sujeito passivo. 
2. É admissível a tentativa. Exemplo: Uma carta é enviada com a 
exigência e é interceptada pela autoridade policial. Neste caso, 
temos a tentativa de concussão. 
5.2.8 EXCESSO DE EXAÇÃO
Podemos dizer que o excesso de exação é uma espécie do gênero concussão. 
Digo isto porque a diferença fundamental é que aqui o indivíduo não visa a 
proveito próprio ou alheio, mas, no desempenho de sua função, excede-se nos 
meios de execução. 
Sobre o excesso de exação dispõe o Código Penal: 
Art. 316 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe 
ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança 
meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
A INDEVIDA VANTAGEM PODE SER QUALQUER UMA OU 
PRECISA SER PATRIMONIAL? 
PREVALECE O ENTENDIMENTO DE QUE PODE SER QUALQUER 
VANTAGEM. EXEMPLO: SEXUAL. 
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Sendo assim, imagine que um Auditor Fiscal, a fim de obter o 
pagamento do ISS devido pela construtora “JUVENAL S.A”, 
estaciona dez carros de som em frente à empresa e começa a 
cantar um “jingle” dizendo: 
“JUVENAL, SEU CARA DE PAU, PAGUE O TRIBUTO E SEJA 
LEGAL”. 
Obviamente há o emprego de um meio vexatório (causa humilhação, 
tormento, vergonha) e, consequentemente, excesso de exação. 
Outra situação: Tício exige contribuição social de determinada empresa, 
sabendo que ela é isenta. Claramente exigiu pagamento que sabe ser 
indevido. Logo, caracteriza o delito de Excesso de Exação. 
5.2.8.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. É importante ressaltar que não há 
obrigatoriedade de o sujeito ativo estar atuando na área tributária 
ou, mais especificadamente, na arrecadação de tributos. 
2. SUJEITO PASSIVO: Regra geral, é o ESTADO, entretanto, pode 
figurar no pólo passivo um particular, vítima da conduta. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Exigir (tributo ou contribuição social); 
• Empregar (na cobrança meio vexatório ou gravoso); 
2. SUBJETIVO: São três: 
• Dolo; 
• A expressão “que sabe” (indevido); 
• A expressão “deveria saber”; 
3. NORMATIVO: São dois: 
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• A expressão “indevido”; 
• A expressão “que a lei não autoriza”, referindo-se à cobrança 
vexatória ou gravosa. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento da 
exigência ou do emprego do meio vexatório ou gravoso. 
2. É admissível a tentativa. 
• TIPO QUALIFICADO 
O Código Penal dispõe no parágrafo 2º do artigo 316: 
Art. 316 [...] 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o 
que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa 
Neste delito, o funcionário público resolve “chutar o balde”, ou seja, 
fazer tudo errado. Além de receber indevidamente, ele ainda se apropria 
do que recebeu. 
Mas e se ele recolher aos cofres públicos e depois se apropriar? Neste 
caso, teremos o PECULATO. 
5.2.9 CORRUPÇÃO PASSIVA
O delito em questão encontra previsão no artigo 317 do CP nos seguintes 
termos: 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para siou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas 
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em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal 
vantagem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
Este crime, como você sabe, quase não ocorre em nosso país... É a famosa 
“propina” exigida para “comprar” um ato de um funcionário público. 
5.2.9.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Solicitar (vantagem indevida); 
• Receber (vantagem indevida); 
• Aceitar (promessa de vantagem). 
2. SUBJETIVO: São dois: 
• Dolo; 
• A expressão “para si ou para outrem”; 
Observe que no delito não há qualquer exigência quanto à 
intenção de realizar ou deixar de realizar o ato de ofício 
objeto da corrupção. 
3. NORMATIVO: 
• A expressão “indevidamente” 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
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1. Trata-se de crime Formal e o delito se consuma no momento em 
que a solicitação chega ao conhecimento do terceiro ou quando o 
funcionário recebe a vantagem ou aceita a promessa de sua 
entrega. 
2. É admissível a tentativa no tocante à solicitação. 
• TIPO QUALIFICADO 
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 317 temos: 
Art. 317 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da 
vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar 
qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
O parágrafo supra trata de duas situações: 
A primeira diz respeito ao retardamento ou à não prática de qualquer 
ato. Seria o caso do Auditor Fiscal que retarda a lavratura de um Auto de 
Infração a fim de operar-se a decadência. Para este tipo de situação, 
temos a chamada corrupção passiva imprópria.
A segunda situação trata da chamada corrupção passiva própria, na qual 
o funcionário realiza ato de ofício violando dever funcional. 
Para os dois casos temos um aumento de pena de um terço. 
• TIPO PRIVILEGIADO 
Para a chamada corrupção passiva própria privilegiada, a pena é 
reduzida. Diferencia-se das outras formas típicas pelo motivo que 
determina a conduta do funcionário. Aqui, o funcionário não “vende” ato 
funcional pretendendo receber uma vantagem, mas atende a pedido de 
terceiro, influente ou não. 
Sobre o tema, dispõe o Código Penal: 
Art. 317[...] 
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§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de 
ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
5.2.10 FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Encontra previsão no artigo 318 do CP: 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de 
contrabando ou descaminho: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
5.2.10.1 CARACTERIZADORES DO DELITO
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. Não qualquer, mas aquele a quem é 
imposto o dever de reprimir ou fiscalizar o contrabando. 
Mas e se o funcionário, sem infringir DEVER FUNCIONAL, concorre 
para o contrabando? 
Neste caso, ele responderá pelo delito previsto no artigo 334 do 
Código Penal (Analisaremos na próxima aula): 
Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no 
todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido 
pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria 
DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO 
CONTRABANDO É A ENTRADA OU SAÍDA DE PRODUTO PROIBIDO OU QUE 
ATENTE CONTRA A SAÚDE OU A MORALIDADE. 
DESCAMINHO É A ENTRADA OU SAÍDA DE PRODUTOS PERMITIDOS, MAS SEM 
PASSAR PELOS TRÂMITES BUROCRÁTICOS-TRIBUTÁRIOS DEVIDOS. 
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2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É elementar do tipo: 
• Facilitar (o descaminho ou contrabando ). 
2. SUBJETIVO: São dois: 
• Dolo 
• A consciência de estar violando dever funcional. Î Se o 
indivíduo age com dolo, mas sem esta consciência, 
responderá pelo já citado delito previsto no artigo 334. 
3. NORMATIVO: 
• A expressão “com infração de dever funcional”. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a realização da conduta 
de facilitação, seja ela comissiva (Ex: Aconselhar) ou omissiva (Ex: 
Não criar obstáculos). 
2. É admissível a tentativa. 
A jurisprudência do STF já se firmou no sentido de ser possível a aplicação do 
princípio da insignificância ao delito de facilitação de descaminho, desde que o 
valor do tributo sonegado não ultrapasse R$ 10.000,00. 
O STJ tinha posição firmada no sentido de que tal limite seria R$ 100,00, mas 
em recente julgado mudou seu entendimento dispondo no seguinte sentido: 
DESCAMINHO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. A Seção, ao julgar o recurso 
repetitivo (art. 543-C do CPC e Res. n. 8/2008-STJ), entendeu que, em atenção 
à jurisprudência predominante no STF, deve-se aplicar o princípio da 
insignificância ao crime de descaminho quando os delitos tributários não 
ultrapassem o limite de R$ 10 mil, adotando-se o disposto no art. 20 da Lei n. 
10.522/2002. O Min. Relator entendeu ser aplicável o valor de até R$ 100,00 
para a invocação da insignificância, como excludente de tipicidade penal, pois 
somente nesta hipótese haveria extinção do crédito e, consequentemente, 
desinteresse definitivo na cobrança da dívida pela Administração Fazendária (art. 
18, § 1º, da referida lei), mas ressaltou seu posicionamento e curvou-se a 
orientação do Pretório Excelso no intuito de conferir efetividade aos fins 
propostos pela Lei n. 11.672/2008 (REsp 1.112.748/TO, Informativo 406). 
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5.2.11 PREVARICAÇÃO
A prevaricação encontra sua definição no artigo 319 do Código Penal: 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de 
ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Na prática do fato, o funcionário se abstém da realização da conduta a que 
está obrigado ou a retarda ou a concretiza contra a lei, com destinação 
específica de atender a sentimento ou interesse próprios. 
5.2.11.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Retardar (ato de ofício); 
• Deixar de praticar; 
• Praticar contra disposição expressa. 
2. SUBJETIVO: São dois: 
• Dolo; 
• A expressão “para satisfazer interesse ou sentimento 
pessoal”. Sem esta finalidade em consonância com o dolo, a 
conduta é atípica. 
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3. NORMATIVO: 
• A expressão “indevidamente” ao retardar ou deixar de 
praticar ato de ofício. 
• A expressão “contra disposição expressa em lei” quando 
pratica ato de ofício. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Crime FORMAL. Consuma-se o delito com a omissão, o 
retardamento ou a realização do ato. 
2. É admissível a tentativa. 
• PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA 
Consiste na conduta de deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente 
público de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho 
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros 
presos ou com o ambiente externo. Encontra previsão no CP. Observe: 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, 
de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho 
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com 
outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 
11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
QUAL A EXATA DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES DE PREVARICAÇÃO E DE 
CORRUPÇÃO PASSIVA? 
NA CORRUPÇÃO PASSIVA, O AGENTE ATUA VISANDO A UMA 
VANTAGEM INDEVIDA; NA PREVARICAÇÃO, NÃO EXISTE A FIGURA DA 
VANTAGEM INDEVIDA. O INTERESSE PESSOAL PODE SER 
PATRIMONIAL OU MORAL, MAS RESTRINGE-SE À ESFERA SUBJETIVA 
DO AGENTE. CASO SEJA EXTERIORIZADO NUMA VANTAGEM 
INDEVIDA, PASSA A EXISTIR CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA. 
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5.2.12 CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
Imagine que Tício ingressa em um cargo público e logo no primeiro mês de 
trabalho, apaixona-se por Mévia, também recém aprovada. 
Passa-se um ano e, após várias tentativas sem sucesso de aproximação, Tício 
é nomeado para determinado cargo e Mévia passa a ser sua subordinada. 
Algum tempo depois, Tício flagra Mévia recebendo dinheiro para retardar ato 
de ofício, mas resolve tolerar tal atitude, pois, além de seu grande amor, sabe 
que Mévia vem de uma família muito pobre. 
Neste caso, responda: Qual delito Tício comete? 
(A) Prevaricação 
(B) Condescendência criminosa 
A resposta correta é a letra “B”, pois no caso em tela Tício comete o crime que 
encontra previsão no Código Penal nos seguintes termos: 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar 
subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando 
lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da 
autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
QUAL A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE A PREVARICAÇÃO PRÓPRIA 
E A IMPRÓPRIA? 
 NA PREVARICAÇÃO PRÓPRIA, EXISTE O ELEMENTO ESPECIAL DO 
TIPO (DOLO ESPECÍFICO) “PARA SATISFAZER INTERESSE OU 
SENTIMENTO PESSOAL”. 
NA IMPRÓPRIA, NÃO PRECISA EXISTIR ESSA FINALIDADE 
ESPECIAL DO AGENTE. EM SÍNTESE, NA PRÓPRIA, O DOLO É 
ESPECÍFICO; NA IMPRÓPRIA, É GENÉRICO. 
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“Mas, professor... Como diferenciar a condescendência criminosa da 
prevaricação?” 
Realmente, a diferença é tênue e você entenderá quando tratarmos dos 
elementos subjetivos do tipo. 
5.2.12.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Deixar de responsabilizar (subordinado); 
• Não levar o fato (cometido por subordinado à autoridade 
competente). 
2. SUBJETIVO: São dois: 
• Dolo; 
• A expressão “por indulgência”. 
A EXPRESSÃO ‘‘POR INDULGÊNCIA” SIGNIFICA QUE O 
SUPERIOR HIERÁRQUICO DEIXA DE AGIR POR TOLERÂNCIA, 
CLEMÊNCIA, BRANDURA ETC. 
SE A RAZÃO DA CONDUTA É O ATENDIMENTO DE SENTIMENTO 
OU INTERESSE PESSOAL, O FATO CONSTITUI PREVARICAÇÃO. 
SE HÁ PRETENSÃO DE OBTER VANTAGEM INDEVIDA, É CASO DE 
CORRUPÇÃO PASSIVA. 
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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. É CRIME OMISSIVO PRÓPRIO, consumando-se com a simples 
conduta negativa. É crime FORMAL. 
2. NÃO ADMITE TENTATIVA. 
5.2.13 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA
Caro (a) concurseiro (a), você imaginava que existiam tantos delitos? Sei que 
são muitos, mas o conhecimento de todos fará uma grande diferença na hora 
da prova. Para aliviar um pouco, vou dar um tempinho para você ler um 
jornal... MAS NÃO É A PARTE DE ESPORTES E NEM SOBRE AS NOVELAS... É o 
interessantíssimo texto que eu separei especialmente para você descansar. 
Observe: 
“O agente da Polícia Federal de Presidente Prudente, Roland Magnesi Júnior, 
foi condenado a um mês de prisão pelo crime de advocacia administrativa, 
como dispõe o artigo 321 do Código Penal: 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado 
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de 
funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
A decisão foi do juiz federal Renato Câmara Nigro que entendeu que o agente 
público valeu-se de sua função, e ofendeu a lisura da administração para 
garantir vantagem indevida a particular. 
Em uma interceptação telefônica, o dono da empresa Madureira Serviço de 
Vigilância, Silvio César Madureira, conversa com Magnesi Junior sobre a 
obtenção da autorização de funcionamento e renovação do certificado de 
segurança da empresa junto à PF. 
As exigências para a obtenção da autorização não haviam sido cumpridas. 
Segundo a acusação, era nítido o favorecimento prestado pelo agente a 
Madureira, já que foram passadas ao empresário informações ilícitas sobre 
como conseguir a autorização. 
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"Revelou-se claro o cometimento de advocacia administrativa por parte de 
Roland Magnesi Junior, em defesa dos interesses de Sílvio César Madureira. O 
policial vai muito além do mero dever de informação para aventurar-se em 
terreno proibido, de forma totalmente parcial e ilícita em favor da mencionada 
empresa", disse o juiz Renato Nigro. 
Observe que no exemplo acima, o agente valeu-se de sua função, malferindo a 
lisura administrativa para garantir vantagem indevida à particular em 
detrimento do interesse público que deveria proteger. Neste caso, cometeu 
advocacia administrativa. 
5.2.13.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É elementar do tipo: 
• Patrocinar (interesse privado) Î Tal termo significa facilitar, 
advogar etc. 
2. SUBJETIVO: 
• Dolo; 
SE O INTERESSE PATROCINADO FOR COMPLETAMENTE LÍCITO, HAVERÁ 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA? 
SIM. O LEGISLADOR NÃO RESTRINGIU A NATUREZA DO INTERESSE 
PRIVADO. SE FOR LEGÍTIMO, HAVERÁ A FORMA SIMPLES DO DELITO. 
CASO SEJA ILEGÍTIMO, HAVERÁ ADVOCACIA ADMINISTRATIVA NA 
FORMA QUALIFICADA, COM PENA DE DETENÇÃO DE 3 (TRÊS) MESES A 1 
(UM) ANO. 
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• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Consuma-se o delito com a realização do primeiro ato de 
patrocínio, independentemente da obtenção do resultado 
pretendido.É crime FORMAL. 
2. É admissível a tentativa. 
5.2.14 ABANDONO DE FUNÇÃO
Antes de traçar os aspectos pertinentes ao delito, veja como o conceitua o 
Código Penal: 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em 
lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Perceba que, embora o próprio Código Penal atribua o nome abandono de 
função ao crime, a tipificação do delito utiliza a palavra CARGO, que, como já 
vimos, apresenta um conceito mais restrito que o termo função pública. 
E os cargos em comissão, integram o conceito de cargo? A resposta é positiva. 
Observe o que dispõe sobre o tema a lei nº 8.112/90 (que você conhece 
bem): 
Art. 3o Cargo público é o conjunto de atribuições e 
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem 
ser cometidas a um servidor. 
Parágrafo único. Os cargos públicos, acessíveis a todos os 
brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e 
A ADVOCACIA ADMINISTRATIVA É UM DELITO EMINENTEMENTE 
SUBSIDIÁRIO. DESSA FORMA, SE O FUNCIONÁRIO ESTIVER 
RECEBENDO VANTAGEM INDEVIDA PARA PATROCINAR O INTERESSE 
PRIVADO, HAVERÁ DELITO DE CORRUPÇÃO PASSIVA. 
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vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em 
caráter efetivo ou em comissão. (grifo nosso) 
Desta forma, o nome correto do crime deveria ser ABANDONO DE CARGO. E o 
que isso interessa para você? Absolutamente nada, pois para sua prova o 
crime denomina-se ABANDONO DE FUNÇÃO, mas restringe-se a CARGOS 
públicos. 
Com a tipificação da conduta, o legislador visa resguardar a Administração 
Pública, garantindo a continuidade na prestação dos serviços. 
5.2.14.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público, MAS este deve estar regularmente 
investido em CARGO PÚBLICO. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: É elementar do tipo: 
• Abandonar Î Para caracterizar o delito, o abandono deve ser 
por um período razoável e deve acarretar ao menos a 
probabilidade de dano ao poder público. 
Exemplo: Em um determinado setor, Tício exerce a função 
de chefia e, visando participar de uma festa, abandona o 
cargo. Mévio, amigo de Tício, sempre o substituiu quando 
necessário e, no primeiro dia de ausência do colega, assume 
as funções, dando andamento normal ao expediente. 
Neste caso, poderá ser caracterizado o delito de abandono 
de cargo? 
A resposta é negativa, pois não houve probabilidade de dano 
para a Administração. 
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2. SUBJETIVO: 
• Dolo; 
3. NORMATIVO: 
• A expressão “fora dos casos permitidos em lei”. 
Imagine que Tício resolve viajar para Petrópolis, município 
do Rio de Janeiro. Chegando lá, uma chuva anormal 
acontece, gerando o deslizamento de barreiras e impedindo 
o retorno de Tício por um longo período de tempo. Tal fato, 
qual seja a ausência de Tício, gera danos para a 
Administração Pública. 
Neste caso, há crime? 
Claro que não, pois a lei admite o abandono de cargo nas 
ocasiões de força maior, estado de necessidade, doença, etc. 
Diferentemente, se Tício abandona para participar de uma 
festa que dura 60 dias, obviamente teremos a ocorrência do 
crime. 
 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Delito OMISSIVO PRÓPRIO. Consuma-se com o afastamento do 
cargo por tempo juridicamente relevante. É crime FORMAL. 
2. NÃO é admissível a tentativa. 
• FORMA QUALIFICADA 
O delito de abandono de função apresenta duas situações em que as 
penas são agravadas. São elas: 
1. QUANDO O ABANDONO EFETIVAMENTE GERA PREJUÍZO PARA A 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: 
Art. 323 [...] 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
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2. SE O ABANDONO OCORRE EM ÁREA DE FRONTEIRA. 
Art. 323 [...] 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de 
fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
5.2.15 EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO 
OU PROLONGADO
Este delito não é muito exigido em prova, mas é importante, ao menos, ter 
uma noção sobre ele. Encontra previsão no art. 324 do Código Penal nos 
seguintes termos: 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas 
as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, 
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, 
substituído ou suspenso: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
Segundo Damásio, “o objeto jurídico é a regularidade da Administração 
Pública. O irregular exercício do cargo público perturba a normal atividade da 
máquina administrativa, causando prejuízo ao poder público em sua missão de 
prestação de serviços. Daí a incriminação do fato.” 
5.2.15.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO 
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• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Entrar (no exercício de função pública antes de satisfeitas as 
exigências legais)Î Imagine que Tício, Auditor do ICMS-SP, 
é aprovado para o concurso de AFT. Após a nomeação, por 
já conhecer parte do trabalho, resolve iniciar o exercício de 
suas funções, mesmo tendo plena consciência de que não 
está legalmente investido no cargo. Neste caso, opera-se o 
delito. 
Mas quando o servidor está regularmente investido no 
cargo? 
Quando toma posse, nos seguintes termos da lei nº 
8.112/90: 
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respectivo 
termo, no qual deverão constar as atribuições, os deveres, 
as responsabilidades e os direitos inerentes ao cargo 
ocupado, que não poderão ser alterados unilateralmente, 
por qualquer das partes, ressalvados os atos de ofício 
previstos em lei. 
• Continuar (a exercê-la depois de exonerado, substituído, 
suspenso ou removido) Î Se o funcionário volta a trabalhar 
durante as férias, incorre no tipo penal? A resposta é 
negativa, pois não se trata de EXONERAÇÃO / 
SUBSTITUIÇÃO / SUSPENSÃO ou REMOÇÃO. 
2. SUBJETIVO: 
• No caso de antecipar o início da atividade Î Dolo; 
APOSENTADORIA COMPULSÓRIA 
NOS TERMOS DA LEI Nº 8.112/90, A APOSENTADORIA 
COMPULSÓRIA É AUTOMÁTICA, OPERANDO-SE NO MOMENTO EM 
QUE O FUNCIONÁRIO COMPLETA 70 ANOS. SENDO ASSIM, O 
FUNCIONÁRIO QUE SE ENQUADRA NESTA SITUAÇÃO DEVE 
AFASTAR-SE DO CARGO SOB PENA DE INCORRER NO DELITO 
CASO AJA COM DOLO (ELEMENTO SUBJETIVO). 
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• No caso da exoneração, remoção, substituição ou suspensão 
Î O dolo, somado com a expressão “depois desaber 
oficialmente”. 
Aqui não cabe a PRESUNÇÃO do conhecimento da 
exoneração, substituição, etc., pelo simples fato de haver 
sido publicado o ato no diário oficial. É indispensável provar 
que o funcionário tomou conhecimento do ato, não sendo 
cabível a PRESUNÇÃO DE CONHECIMENTO. 
3. NORMATIVO: 
• A expressão “sem autorização”. 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Trata-se de crime FORMAL. Consuma-se o delito no momento em 
que o funcionário pratica o primeiro ato de ofício. 
2. É admissível a tentativa. Seria o caso, por exemplo, de um 
indivíduo suspenso que está prestes a finalizar um ato de ofício e é 
interrompido pelo seu chefe. 
5.2.16 VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL
Com certeza você se lembra do caso abaixo noticiado amplamente no pelos 
jornais e tele-jornais. 
“O delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, foi indiciado 
criminalmente ontem pela Polícia Federal. 
O corregedor da PF, Amaro Ferreira, enquadrou o criador da Satiagraha em 
dois crimes: quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações. 
Protógenes teria sido responsável pelo vazamento de dados secretos da 
Satiagraha, investigação federal contra o banqueiro Daniel Dantas, do 
Opportunity. Tal conduta, na avaliação da PF, caracteriza quebra do sigilo 
funcional: 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que 
deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 
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Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não 
constitui crime mais grave.” (grifei) 
A Administração Pública rege-se pelo princípio da publicidade, plasmado este no
“caput” do art. 37 da Carta Magna. Entretanto, tal princípio não é absoluto, pois 
certos fatos relacionados com o poder público devem ficar a coberto do 
conhecimento geral em razão do interesse funcional. Desta forma, o legislador 
optou por tutelar penalmente estes segredos, punindo o autor da violação de 
sigilo funcional. 
5.2.16.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público. E se o indivíduo revela segredo depois de 
uma demissão? 
Inexiste crime, pois falta a qualidade de “funcionário público”. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, o particular, 
caso seja afetado pela revelação. 
CARÁTER SUBSIDIÁRIO 
SOMENTE HAVERÁ O CRIME DE VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL (ART. 325, CP) SE 
O FATO NÃO CONSTITUIR CRIME MAIS GRAVE (SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA). 
ASSIM, SE O FUNCIONÁRIO VIOLOU O SEGREDO, RECEBENDO VANTAGEM 
INDEVIDA PARA ISSO, HAVERÁ CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA E NÃO VIOLAÇÃO 
DE SIGILO (OU SEGREDO) FUNCIONAL. 
O APOSENTADO PODE SER SUJEITO ATIVO DO CRIME DE VIOLAÇÃO 
DE SIGILO FUNCIONAL? 
SIM. É O ENTENDIMENTO MAJORITÁRIO DA DOUTRINA PORQUE O 
APOSENTADO NÃO SE DESVINCULA TOTALMENTE DOS DEVERES 
PARA COM A ADMINISTRAÇÃO. 
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• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Revelar; 
• Facilitar a revelação Î Exemplo: Deixar uma gaveta aberta. 
Aqui cabem algumas importantes considerações: 
1- Se o terceiro já tinha conhecimento do fato, não se 
caracteriza o delito, pois o crime exige a possibilidade de 
dano. 
2- Para a caracterização da violação de sigilo funcional, há 
necessidade de que o funcionário tenha tomado 
conhecimento do segredo EM RAZÃO DO CARGO. 
Imagine que Tício trabalha no ICMS-RJ e toma 
conhecimento, por circunstâncias alheias à sua função, de 
um informe sigiloso da Polícia Federal. Nesta situação, caso 
revele a informação, não será enquadrado no presente 
delito. 
2. SUBJETIVO: 
• Dolo; 
• A expressão “de que tem ciência em razão do cargo” 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. O delito é consumado no momento do ato da revelação do 
segredo. Por ser um crime formal, independe da real ocorrência de 
dano, bastando a potencialidade. 
2. É admissível a tentativa. 
• SIGILO FUNCIONAL DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
Com o avanço da informática, visando preservar também o sigilo de 
sistemas de informações, a lei nº 9.983/00 inseriu os seguintes 
dispositivos no Código Penal: 
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Art. 325 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e 
empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas 
não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; 
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou 
a outrem: 
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
5.2.17 VIOLAÇÃO DE SIGILO DE PROPOSTA DE 
CONCORRÊNCIA
Um dos principais aspetos a ser verificado para a garantia da lisura de um 
certame licitatório é o sigilo das propostas. 
Em uma concorrência, a idéia é que os participantes coloquem seus “preços” 
em um envelope lacrado e, após o julgamento, caso a licitação seja do tipo 
menor preço, a empresa com a proposta de menor valor seja declarada 
vencedora da licitação. 
Obviamente que se as propostas forem violadas antes do julgamento, fica fácil 
manipular o resultado, pois basta que determinada empresa, conhecendo as 
propostas das outras, apresente um valor inferior. Exatamente para impedir 
esta situação, o Código Penal preceitua: 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou 
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo: 
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 
5.2.17.1 CARACTERIZADORES DO DELITO 
• SUJEITOS DO DELITO: 
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1. SUJEITO ATIVO: Como é um crime próprio, só pode ser cometido 
por funcionário público, MAS não qualquer funcionário. O tipo 
exige mais uma qualidade específica do autor: Deve ser 
funcionário público com a função de receber as propostas, guardá-
las e permitir o conhecimento a quem de direito só no momento 
adequado. 
2. SUJEITO PASSIVO: O ESTADO e, secundariamente, os 
participantes prejudicados. 
• ELEMENTOS: 
1. OBJETIVO: São elementares do tipo: 
• Devassar (tomar conhecimento indevido de proposta) 
• Proporcionar (a terceiro o ensejo do devassamento) 
2. SUBJETIVO: 
• Dolo; 
• CONSUMAÇÃO E TENTATIVA 
1. Crime Material. A consumação ocorre no momento em que o 
funcionário ou o terceiro toma conhecimento do conteúdo da 
proposta. 
2. É admissível a tentativa. 
5.2.18 VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA
Há uma discussão na doutrina e na jurisprudência, não havendo posição 
majoritária definida, sobre a vigência do artigo 322 do CP. Para alguns ele foi 
revogado em virtude da lei que tipifica os delitos de abuso de autoridade. Para 
outros não. 
Exatamente por isso a cobrança pela FCC sobre o delito, embora muito pouca, 
restringe-se a literalidade do Código Penal que dispõe: 
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Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função

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