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Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L. S. Shulman Maria da Graça Nicoletti Mizukami

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Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L. S. Shulman 
Maria da Graça Nicoletti Mizukami
Profa. Dra. Dept. de Educação do IBILCE/UNESP – São José do Rio Preto/SP
Resenha
Por Gabriela de Farias
O artigo intitulado “Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L. S. Shulman”, é de autoria da Professora Doutora do Departamento de Educação da UNESP, Maria da Graça Nicoletti Mizukami, publicado no ano de 2004.
Trata especialmente da evolução dos trabalhos e contribuições do pesquisador L.S. Shulman a respeito do “aprender a ensinar”, buscando responder a questionamentos como: “O que os professores precisam saber para poder ensinar e para que seu ensino possa conduzir as aprendizagens dos alunos? Como os professores aprendem a ensinar? Como professores constroem conhecimentos sobre o ensino?”.
O primeiro ponto abordado (“A pesquisa sobre os professores e o ‘paradigma perdido’”) trata da pesquisa com os resultados das investigações feitas durante a década de 70, que tinham como pergunta central: “como os comportamentos dos professores se relacionavam com as variações nos desempenhos dos alunos?”, dando enfoque nas relações que envolvem os alunos, os professores, os contextos e os resultados do ensino-aprendizagem. Houve a busca da generalização dos métodos de formação dos professores, que cientificamente pudessem atestar a aprendizagem dos alunos. Nesse tipo de investigação o professor era observado, suas atitudes eram contadas e combinadas sem preocupar-se em fazer referência a suas intenções. Para Shulman, esse tipo de pesquisa foi bastante válido, por verificar que o comportamento do professor poderia relacionar-se com a aprendizagem do aluno, e que também a escola poderia fazer a diferença no desempenho do aluno.
O segundo ponto trata da “base de conhecimento para o ensino”, refere-se à questão: “o que um professor necessita saber para ser professor?”. Essa base de conhecimentos envolve compreensões e habilidades que propiciam ao professor ensinar e aprender. Trata-se de um desenvolvimento contínuo, a ser obtido com sua experiência na profissão, e com as novas descobertas e invenções que irão ocorrer ao seu redor ao longo do tempo. Para Shulman, os professores necessitam de um código que os guie nas tomadas de decisão sobre o conteúdo que deve ser ministrado, e como isso deve ser feito. Agrupa esses conhecimentos em: 
Conhecimento de conteúdo específico - assuntos específicos da disciplina ministrada, seus processos e procedimentos, bem como a construção de conhecimentos e conceitos pelo aluno. É de extrema importância que o professor possua uma concepção no mínimo básica da matéria a ser ensinada, para tornar possível a aprendizagem do conteúdo ao aluno, não apenas conceitual, mas também contextualizado à comunidade que o cerca.
Conhecimento pedagógico geral – inclui todos os processos de ensino-aprendizagem, podendo destacar-se as características individuais dos alunos, seus conhecimentos prévios, o contexto educacional em que está inserido (comunidade, gestão escolar), a interação com a classe, e principalmente com os recursos utilizados no ensino de tópicos específicos da matéria.
Conhecimento pedagógico do conteúdo – está relacionado a compreensão do significado em ministrar um tópico e as técnicas envolvidas no ensino. É um novo tipo de conhecimento adquirido pelo professor durante o exercício profissional. Através de sua própria concepção, o professor construiu o conhecimento de como ensinar a matéria, o que é importante ensinar e como os alunos aprendem de maneira mais eficaz.
Ao abordar o terceiro tópico, relacionado ao processo de raciocínio pedagógico, a autora trata dos processos de como os conhecimentos são acionados, relacionados e construídos durante o processo de ensino-aprendizagem. Embasa-se em seis processos inerentes ao ato de ensinar:
Compreensão: o professor precisa possuir uma compreensão especializada do que deseja ensinar, que lhe permita criar as condições necessárias para que a maioria de seus alunos aprendam. Um conhecimento amplo faz-se necessário, pois o profissional precisa estar preparado para abordar o conteúdo de maneira diferente para cada aluno. Para que isso seja possível, o professor deve possuir diferentes alternativas – metáforas, análises, demonstrações etc.- que levem em consideração as diferentes características e maneiras de aprender de cada aluno.
Transformação: parte do processo em que o professor se move de uma compreensão pessoal (representação específica) para uma compreensão que possibilite o aprendizado por parte do aluno. Interpretação crítica: relaciona-se a análise crítica dos textos ou materiais que pretende utilizar, a fim de torna-los adequados para o ensino. Refere-se a delimitação das ideias-chave do conteúdo a ser ensinado. Inclui a utilização de estratégias diversas (músicas, filmes, mídias etc.) capazes de “construir pontes entre as compreensões do professor e as que se deseja que os alunos tenham.”
Instrução: considera a atuação do professor na organização e gerenciamento da classe, suas formas de lidar individualmente e com os grupos de alunos, suas explicações, os questionamentos levantados, humor e todas as características observáveis de ensino na sala de aula.
Avaliação: esse ponto refere-se não penas a avaliação formal (testes, provas) mas a avaliação de todo o processo de aprendizagem, antes e depois da apresentação do conteúdo, levando em consideração as dúvidas e equívocos dos alunos.
Reflexão: envolve a análise crítica das estratégias utilizadas e ao uso de conhecimento analítico para autoanálise dos resultados obtidos com os objetivos previamente estabelecidos.
Nova Compreensão: trata-se de uma nova compreensão dos processos, inclusive da disciplina ministrada, de maneira a possibilitar a consolidação da aprendizagem.
O último ponto tratado refere-se aos “casos de ensino, métodos de casos e conhecimentos da docência”. Um caso educacional não limita-se a uma narrativa, deve ser tratado como uma forma de comunicação contextualizando uma experiência vivida e refletida. Afirma que “não aprendemos a partir da experiência; nós aprendemos pensando sobre nossa experiência”. O processo de recontar o caso permite o aprendizado pela experiência e reflexão. Trata as funções da aprendizagem, baseada nos casos, como uma resposta a dois problemas centrais na formação do professor: aprendizagem pela experiência e a construção de pontes entre teoria e prática.
A autora conclui tratando da importância da criação de contextos para discussão dos casos, gerando trocas de experiências entre os profissionais e futuros professores, a fim de que reescrevam seus casos de ensino, de maneira a torna-los mais articulados para a discussão em comunidades pedagógicas mais amplas.
Baseou-se nas pesquisas de Shulmam, utilizando como referências: 
PERRENOUD, P. Novas competências para ensinar (2000);
SCHÖN, D. A. Educating the reflective practitioner (1987);
SCHÖN, D. A. The reflective practitioner (1983);
SHULMAN, L. S. Knowledge and teaching: foundations of the new reform. (1987).
	O presente texto destina-se a toda a comunidade pedagógica interessada na redescoberta do “aprender a ser professor”, e para os futuros profissionais. Muito coerente com a temática proposta, assume o professor como um protagonista da prática do ensino-aprendizagem, sendo o principal responsável por sua evolução como profissional, principalmente no que diz respeito a análises reflexivas de suas próprias experiências.
	A formação do profissional “professor” inicia-se muito antes de sua atuação em sala de aula, e seu papel social vai muito além desse ambiente. Decidir o que é importante a ser ensinado e qual a finalidade didática e como meio de mudança, na busca de levar o aluno à reflexão, é papel crucial no desempenho do professor. Entender sua prática não como um ato isolado, mas como atividade a ser analisada, podendo ser adaptada ou transformada, só pode ser possível com a análise crítica do seu método.
Referências
MIZUKAMI,M. G. N. Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L. S. Shulman. Revista Centro Educacional, vol. 29, nº 2, 2004. 
Sobre o autor
Gabriela Batista de Farias – graduanda do curso de Química Licenciatura da Universidade Federal do Amazonas.

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