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Todas as Cruzadas visavam a Terra Santa FALSO

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Todas as Cruzadas visavam a Terra Santa FALSO
Libertar os locais sagrados cristãos ocupados pelos muçulmanos não foi o único objetivo dessas expedições
Olivier Tosseri
	Reprodução
	
	Financiados por Veneza, cavaleiros cristãos atacam a capital do Império Bizantino durante a Quarta Cruzada. <i>A conquista de Constantinopla pelos cruzados em 1204, miniatura, séc. XV</i>
Nem todas as oito cruzadas promovidas entre 1095 e 1270 tiveram como objetivo a luta contra os muçulmanos ou a libertação dos locais sagrados. Em 1198, o papa Inocêncio III convocou a Quarta Cruzada, mas depois do fracasso da anterior sua ideia não gerou grande entusiasmo. O objetivo era conquistar o Egito, que poderia servir de moeda de troca para recuperar Jerusalém, reconquistada alguns anos antes por Saladino.
Quem aceitou montar uma frota para transportar 30 mil homens foi a toda-poderosa República de Veneza, principal potência comercial do Mediterrâneo. Em meados de 1202, as tropas cruzadas se reuniram sob as ordens de Bonifácio de Montferrat, mas o contingente era bem menos numeroso do que o previsto. O doge de Veneza, Enrico Dandolo, não aceitou que os navios saíssem do porto sem que a soma fixada pela viagem fosse paga com antecedência. Endividados, os cruzados aceitaram o negócio que lhes foi proposto: em troca do adiamento do pagamento, eles se comprometiam a conquistar o porto cristão de Zara, na costa da Dalmácia, e entregá-lo aos venezianos. Apesar do receio provocado pela ideia de lutar contra outros cristãos, a cidade foi tomada, o que provocou a excomunhão dos cruzados por Inocêncio III.
A Quarta Cruzada, no entanto, não parou por aí. Alexis, filho do imperador bizantino Isaac II Ângelo, foi destronado por ordem de seu tio, Alexis III Ângelo, que ainda mandou prender seu pai. O príncipe Alexis propôs então aos latinos outra troca: pagaria a dívida dos cruzados com Veneza se eles o ajudassem a reaver o trono e expulsar o usurpador.
	Reprodução
	
	Financiados por Veneza, cavaleiros cristãos atacam a capital do Império Bizantino durante a Quarta Cruzada. <i>A conquista de Constantinopla pelos cruzados em 1204, miniatura, séc. XV</i>
Os venezianos mais do que gostaram da ideia. Convencidos de que os bizantinos não tinham apoiado o suficiente a luta contra os muçulmanos e de que deveriam ser punidos, os cruzados tomaram Constantinopla de assalto em 1203. Alexis III fugiu e foi substituído por Alexis IV, nomeado coimperador, com seu pai, Isaac II. Mas o novo soberano, considerado um traidor pela população, não conseguiu impor sua autoridade. Além disso, como seu predecessor havia esvaziado os cofres antes de fugir às pressas, ele não tinha como cumprir a promessa feita aos cruzados. Estes, por sua vez, mantinham relações cada vez mais tensas com os bizantinos, que suportavam mal sua presença e cobiça.
 
A situação culminou com uma conjuração que derrubou e assassinou Alexis IV. Constantinopla foi tomada pelos cruzados em 12 de abril de 1204 e saqueada durante três dias seguidos. O acontecimento, de uma extrema brutalidade, chocou o mundo cristão e cristalizou o cisma que desde 1054 opu-nha católicos a ortodoxos.
Um Império Latino do Oriente foi então fundado, enquanto os venezianos garantiam o monopólio comercial do império. Esse novo Estado latino oriental, porém, não era estável e foi rapidamente reconquistado pelos gregos. Qual foi o balanço dessa cruzada, em que os cristãos não enfrentaram um único muçulmano? Uma cristandade dividida e um Império Bizantino que, apesar de restabelecido, permaneceria por muito tempo enfraquecido, frente à ameaça otomana.

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