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Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Aula 08 – parte 01 Curso: Direito Tributário p/ Auditor da Receita Federal Professor: Pablo Rodrigues Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 2 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Assunto Página 1- Responsabilidade 3 1.1 – Modalidades de Responsabilidade 3 1.2 – Responsabilidade por transferência 5 1.2.1 – Responsabilidade por transferência: sucessão 5 1.2.1.1 – Responsabilidade por sucessão: imóveis 5 1.2.1.2 – Responsabilidade por sucessão: Causa Mortis 7 1.2.1.3 – Responsabilidade por sucessão: Empresas 8 1.2.2 – Responsabilidade por transferência: terceiros 14 1.2.2.1 – Responsabilidade de terceiros: atuação regular 15 1.2.2.2 – Responsabilidade de terceiros: atuação irregular 17 1.3 – Responsabilidade por Substituição 19 1.4 – Responsabilidade por Infrações 22 2- Questões comentadas 26 3- Lista de exercícios 41 4- Gabarito 50 Continuamos no conteúdo do Livro Segundo do CTN, agora para aprendermos os assuntos: Responsabilidade e Crédito Tributário. Se você abrir o CTN no Capítulo V (art. 128 em diante), irá se deparar com longos dispositivos, com parágrafos e alíneas. Mas não se preocupe, porque a lógica é tranquila, você vai ver. Mais uma vez é necessário quebrar o assunto da aula 08 em duas partes, pois a quantidade de páginas é um pouco maior que o nosso padrão. Portanto, na parte 01 veremos a Responsabilidade, ficando para a 02 o estudo do Crédito Tributário. Vamos em frente? Aula 08 – Responsabilidade e Crédito Tributário Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 3 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Como vimos na aula passada, o sujeito passivo da relação tributária poderá ser contribuinte ou responsável, sim? Se ele tiver relação direta e pessoal com o fato gerador, então será contribuinte. Eu havia citado a frase “O contribuinte faz acontecer o fato gerador”. Se não tiver essa relação, se ele não fizer acontecer, porém for estabelecido em lei como sujeito passivo, ele será chamado de responsável. E poderá ser invocada qualquer pessoa como responsável? Não! É necessário haver vinculação com o fato gerador, é o que nos traz o artigo 128 do CTN, o primeiro dessa aula: “Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.” Pela lógica, o responsável não fará acontecer o FG, mas terá vínculo com ele. Contudo, qualquer vínculo que você possa estabelecer por raciocínio lógico não é suficiente, requer-se disposição legal para figurar no polo passivo como responsável. Existe vínculo do mero transportador de mercadorias com o FG do IPI, você concorda? Contudo, ele somente será responsável se previsto em lei. Não adianta usar o seu infalível raciocínio lógico e dedutível pra encontrar algum responsável em toda a obrigação, ok? Então, vamos aprender os tipos de responsabilidade que nos traz o CTN. No momento que se define por lei um responsável, a doutrina cria uma separação, de modo que a responsabilidade poderá se dar por substituição ou por transferência. Separou-se a responsabilidade de acordo com o momento em que ela ocorre, no mundo real. Reforço que essa é uma divisão doutrinária, no CTN não há tal classificação. Utilizando a doutrina de Ricardo Alexandre, de maneira bastante sucinta (veremos os tipos em detalhes a seguir), temos que a responsabilidade por substituição acontece junto com o fato gerador. A intenção da lei é concentrar em um só sujeito passivo mais de uma obrigação (daqui alguns parágrafos eu explico melhor). Já na responsabilidade por transferência existe inicialmente uma pessoa no polo passivo, porém posteriormente acontece a transferência da obrigação para outro indivíduo. Veja no esquema a subdivisão da responsabilidade por transferência. 1- Responsabilidade 1.1 – Modalidades de Responsabilidade Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 4 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Antes de seguir em frente eu quero relembrar com você o artigo 124 do CTN, que não está no Capítulo V: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (Solidariedade de fato) II - as pessoas expressamente designadas por lei. (Solidariedade de direito) Caso você tenha reparado, dentro do esquema que acabei de colocar há a palavra solidariedade. Eu preciso explicar pra que você não tenha dificuldade aqui. O CTN escreve a solidariedade fora do Capítulo da Responsabilidade (Capítulo V), porém a doutrina a considera como uma das subdivisões da responsabilidade por transferência. Deixa eu relembrar o exemplo dos irmãos: 3 irmãos são donos do mesmo apartamento. Os 3 possuem relação direta e pessoal com o fato gerador do IPTU? Sim! Então eles são contribuinte solidários, é solidariedade de fato. Visto que não há benefício de ordem, quando 1 deles for chamado a cumprir com a totalidade da obrigação, ele pagará 100% do valor, mesmo que seja dono de apenas 10% do imóvel. Nesse caso, pagará 10% na qualidade de contribuinte, e outros 90% qualidade de responsável solidário. Atente bem! Inicialmente os 3 irmãos eram na realidade contribuintes: fizeram acontecer o FG. Contudo, em casos como o mencionado acima, eles poderão ser considerados responsáveis, quando existir a transferência da qualidade de contribuinte dos sujeitos que não pagam. Tivemos somente 1 pagamento pelos 3. Percebeu? Não tem mistério! Se ficou confuso, então me procure no fórum! É uma ideia bem simples que você não pode deixar complicada só porque o CTN não estruturou o tema como seria melhor. “Pera aí, você tinha dito que o responsável sempre será estabelecido em lei! Cade a lei no exemplo do apartamento dos irmãos?” É o CTN! Ele mesmo prevê a responsabilidade solidária e a solidariedade ;) Responsabilidade por Substituição por Transferência por Sucessão por Solidariedade de Terceiros Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 5 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Então a subdivisão “por solidariedade” da responsabilidade por transferência nós já vimos. Agora vamos em frente para as outras. Como sucessão entende-se a transferência, por algum evento ocorrido após o FG, da obrigação de um sujeito passivo para outro. Temos que o responsável sucede o contribuinte como sujeito passivo do tributo. Temos no artigo 129 a responsabilidade por sucessão, mas ele tem a redação um pouco confusa. O artigo quer falar que a sucessão ocorrerá quando se verificarem situações previstas, importando a data do surgimento da obrigação, e não importando se já estádefinitivamente constituída em crédito ou não. Guarde isso. Caso contrário, somente poderia alguém ser sucessor numa obrigação caso ela já estivesse definitivamente constituída, averiguada e lançada pelo fisco. Mas não tem muito sentido, não é? Para determinar a sucessão, é preciso verificar a data do surgimento da obrigação, olhar para o fato gerador. Existe mais de um tipo de responsabilidade por transferência por sucessão, veja o esquema abaixo antes de entrarmos em cada um dos tipos. Aqui é tranquilo, gente. Resumindo é assim: se você comprou um imóvel, comprou junto o imposto em dívida. “Mas quem não pagou o que devia foi o antigo dono!” Não importa, o antigo dono era contribuinte, mas você sucedeu ele e agora é responsável! É esse o conteúdo do artigo 130 do CTN. Ainda há menção específica de que eventuais taxas de serviços ligadas ao imóvel e também contribuição de melhoria serão objeto de sucessão. Dessa observação podemos tirar a conclusão que somente taxas de Responsabilidade por Transferência por Sucessão Imóveis Causa Mortis Empresas 1.2 – Responsabilidade por Transferência 1.2.1 – Responsabilidade por Transferência: Sucessão 1.2.1.1 – Responsabilidade por Sucessão: Imóveis Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 6 de 49 www.exponencialconcursos.com.br serviços, e não as de polícia, serão objeto de sucessão. Atente para essa informação, pois alguma questão poderá confundir você exatamente nesse detalhe. Ainda no artigo 130 há 2 possibilidades de “escapar” da sucessão: Havendo prova de sua quitação Em arrematação, a dívida fica contida no preço A primeira previsão é bem tranquila, afinal não há obrigação para ser transferida, pois houve quitação. Mesmo que imediatamente após você ter conseguido a prova da quitação - que é certidão negativa, certificando que nada consta - seja verificado algum débito, você não será responsável. Se você, de boa fé, cumpriu com a lei e fez tudo certinho, não será sucessor de nada. A dívida verificada ficará com o antigo proprietário do imóvel. No segundo caso, se você comprar um imóvel em leilão, toda a dívida que houver será abatida do preço pago, e você não será chamado a pagar nada além do valor do arremate. Pelo texto do CTN, “a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço” e segundo já cobrado pela ESAF, nessa situação você nem se qualificaria como responsável, percebe? A sucessão ocorre sobre o preço. E mais, veja que esse caso especial diz respeito a dívidas relativas à propriedade de bens imóveis. Se você comprar arrematar um carro ou barco, pelo CTN o tratamento não será o mesmo: você pagaria o preço do arremate e ainda seria chamado a pagar a dívida tributária. Contudo, há pronunciamentos do STJ, reservando aos bens móveis, o mesmo tratamento dos imóveis, na questão de bem em arrematação. Atente para a diferença entre CTN e jurisprudência, para os bens móveis arrematados. Para imóveis a situação é pacífica: a dívida é paga pelo preço de arremate. Antes de entrarmos na responsabilidade por sucessão “causa mortis” quero comentar sobre como funciona a sucessão em bens móveis, que eu Responsabilidade por Sucessão Imóveis impostos cujo FG seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis taxas pela prestação de serviços contribuições de melhoria subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes salvo quando: Há prova de sua quitação For arrematação em hasta pública Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 7 de 49 www.exponencialconcursos.com.br havia rapidamente mencionado antes do esquema. Ela não tem os dois casos de fuga da sucessão, tanto no arremate (de acordo com o CTN), como já dito, como na prova de quitação. Quando você comprar um carro, não adianta pedir certidão negativa, pois você será, de qualquer forma, responsável por sucessão. Só isso! Já falamos essas palavras antes. Lembra? Qual o fato gerador do ITCD Causa Mortis? Era a abertura da sucessão, né? E ela acontece com a morte. Imediatamente após o falecimento, o patrimônio do de cujus é transferido, para quem quer que seja. Contudo, somente é formalizada a transferência com a conclusão do inventário ou arrolamento. Essa é a ideia geral que você precisa saber. Agora, vamos estudar como funciona a questão tributária quando alguém vem a falecer. Veja o que diz o CTN: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Vou explicar tudo com um exemplo, tá bem? Imagine que a Dona Maria, casada e mãe de 2 filhos, faleceu no dia de hoje. Ela tinha um IPTU não pago, e a partilha dos seus bens levou a um inventário bem complexo, que demorou anos para ser concluído. Durante o período em que se resolvia o inventário, incidiu novamente imposto sobre a propriedade. Então eu pergunto: Quem é responsável pelo IPTU devido até a morte da Dona Maria? E pelo IPTU devido após sua morte, antes da conclusão da partilha? O artigo 131 traz a resposta para essas 2 perguntas. Veja a lógica: MOMENTO Contribuinte Responsável por sucessão Até a morte (abertura da sucessão) Dona Maria (de cujus) Espólio Da morte até a conclusão da partilha Espólio Sucessor e cônjuge 1.2.1.2 – Responsabilidade por Sucessão: Causa Mortis Cônjuge meeiro: é a outra parte do casal, tem direito à metade(meação) dos bens mútuos. Legado: determinado bem destinado à uma determinada pessoa. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 8 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Então, aquilo que a Dona Maria não pagou antes da sua morte, será de responsabilidade do espólio. Aquilo que o espólio não pagar, é responsabilidade do cônjuge e dos sucessores. “Mas o que é espólio?” É o nome dado ao conjunto dos bens do de cujus que existe durante o período do inventário. O espólio é equiparado a uma pessoa física e deve pagar tributos. Entendido? Espólio não é um termo do direito tributário, ele existe para que as sucessões patrimoniais aconteçam. Enfim, tudo que você precisa saber para a prova é bem simples, mas caso não tenha ficado claro, por favor me procure no fórum. Ah! E se por acaso o espólio não pagar os tributos que sucedeu? Então os responsáveis são o sucessor e cônjuge. Vai ficando tudo pra frente. Ainda, no final do inciso I do art. 131, temos a previsão de que a responsabilidade é limitada ao quinhão. Significa que você não será chamado a pagar a dívida – que originalmente era de outra pessoa - colocando dinheiro do seu próprio patrimônio. Se a dívida que veio a estar sob sua responsabilidade é maior que o que você herdou, o problema não é seu. Você só responderá até o limite daquilo que você recebeu, aquilo que não era seu e passou a ser. A ideia da sucessão empresarial aqui engloba a fusão, cisão, incorporação e tantas outras operações que possam acontecer. Tenha isso em mente. Imagine que, de modosimilar à compra de um imóvel, uma empresa adquira outra, ou que um investidor adquira o negócio de outra pessoa, física ou jurídica. Seja qual for o caso, é perceptível que haja a transferência de patrimônio de uma pessoa para outra. E como fica a questão tributária? Bem, se houve sucessão empresarial, e com ela, haverá sucessão tributária. “Quem compra ativo, compra passivo!”. Um dos meus professores sempre usava essa frase, se referendo aos termos contábeis de ativo e passivo. Não confunda com os sujeitos, não tem nada a ver. Lembre-se da frase e sua compreensão será facilitada. O artigo 132 nos ensina, em outras palavras, que “a empresa que resultar da fusão, transformação ou incorporação será responsável por sucessão pelos tributos devidos pela PJ de direito privado anterior”. Fusão: 2 empresas formam uma 3ª. Transformação: alteração de sua forma jurídica, de limitada para SA, por exemplo. Incorporação: uma empresa compra, absorve outra. Em todos os 3 casos, a PJ que resultar estará carregando não só o ativo, mas também o passivo, e nele se encontram as obrigações tributárias. 1.2.1.3 – Responsabilidade por Sucessão: Empresas Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 9 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Veja que eu ressaltei a palavra tributos, porém há entendimento que as eventuais sanções e punições, como multas, também serão de responsabilidade da nova PJ. Esses foram os casos de criação e continuidade de empresas. Vamos ver agora como fica quando houver cisão ou extinção. Cisão: Uma PJ se quebra, se divide. Poderá haver cisão total ou parcial. o Total: Empresa “A” transfere todo seu patrimônio para “B” e “C” e deixa de existir (extinção). Oposto da fusão. o Parcial: Empresa “A” transfere parte do seu patrimônio para “B” e “C” e permanece existindo. Extinção: Uma PJ deixa de existir, ela morre. Em caso de cisão parcial, precisamos olhar para fora do CTN, uma vez que ele não prevê essa possibilidade. A cisão foi regulada dez anos depois do nascimento do CTN, pela Lei das AS (6.404/76). É uma questão complicada, porque a lei 6.404 determina que o ato de cisão poderá estipular a responsabilidade solidária da totalidade das obrigações entre todos os adquirentes, ou somente responsabilidade pelas obrigações transferidas. Mas... uma convenção particular pode ser contrária à Fazenda na determinação do sujeito passivo? Segundo o CTN (art. 123), salvo disposição de lei em contrário, não poderá. Como existe a lei 6.404 autorizando autonomia dos particulares, possibilitando alterar as obrigações para os sujeitos passivos, a cisão parcial não tem regra geral, o ato de cisão parcial é que irá estipular como fica a responsabilidade pelas obrigações constituídas. Fique muito atento se esse assunto cair na sua prova de direito tributário, ok? Não é rotineiro que caia, mas fique com essa informação guardada! Em casos de extinção, prevê o CTN no parágrafo único do artigo 132 que, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual, será essa “empresa” responsável pelos tributos devidos anteriormente. Portanto, as regras de fusão, transformação ou incorporação se aplicam da mesma maneira, você percebe? Imagine uma revenda de carros usados chamada Alfa. Se o empreendedor extinguiu a PJ Alfa, somente para abrir a empresa Ômega e continuar a vender carros usados, ou seja, permanecer na exploração da mesma atividade, a Fazenda poderá cobrar desse indivíduo, na condição de responsável, os tributos que ficou devendo na empresa Alfa. Se ele realmente fechar a empresa, da mesma maneira deverá quitar o que deve, porém, sem haver transferência de nada. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 10 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Veja que coloquei a palavra empresa entre “ ”, quando falamos de extinção. Fiz isso, porque pouco importa que a PJ esteja de fato constituída para que se qualifique o empreendedor como responsável. Mesmo que não seja realmente uma empresa com CNPJ, será chamado perante o fisco, pois a capacidade tributária passiva independe de a pessoa jurídica estar regularmente constituída (CTN, art. 126, III). Assim, evita-se fraudes (evasão) através da extinção da empresa, você percebe? Seguindo em frente nos artigos do CTN, encontramos, no art. 133, uma previsão interessante e bastante cobrada em provas, portanto redobre sua atenção! Ele nos diz que, quando alguma pessoa (física ou jurídica) adquire um fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, responderá pelos tributos respectivos, mas somente se prosseguir na respectiva atividade. Até aí tranquilo, pois “quem compra ativo, compra passivo”. Mas veja os incisos, determinando como ele responde: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Se o empresário que alienou a revenda de carros Alfa nunca mais vier a ter atividade nesse ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão, então realmente, aquele que comprou o ativo, comprou o passivo. Como irá o Fisco cobrar imposto de Responsabilidade por Sucessão Empresas fusão, transformação ou incorporação a empresa que resultante será responsável por sucessão pelos tributos devidos. Cisão parcial pode haver responsabilidade solidária do total das obrigações entre todos os adquirentes, ou somente responsabilidade pelas respectivas obrigações transferidas. Extinção quando a exploração da respectiva atividade seja continuada, a “empresa” será responsável pelos tributos em dívida. Fundo de comércio ≠ Estabelecimento Fundo de comércio: conjunto de bens, materiais e imateriais, que o empresário agrega para a consecução das suas atividades. O fundo é mais valioso do que a soma algébrica do valor de cada bem considerado isoladamente. Estabelecimento: unidade física autônoma em que uma PF ou PJ realiza suas atividades. Um fundo de comércio é a totalidade dos bens agregados, enquanto o estabelecimento é parte, fração do todo. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 11 de 49 www.exponencialconcursos.com.br quem não está manifestando riqueza? O adquirente responde integralmente pela obrigação. Porém, se houver a venda, e dentro de até 6 meses do ato, o alienante inicia nova atividade, no mesmo ou em outro ramo, então primeiramente responderá o alienante, o antigo dono da Alfa, e subsidiariamente responde o adquirente. Tem sentido, não é? Primeiro vou cobrar de quem deixou de pagar, e se não for possível, cobro de quem adquiriu. Atenção: o caput do artigo 133 diz que o adquirente responde “pelos tributos, relativos ao fundo (de comércio) ou estabelecimento adquirido”. Então, o novo dono responderá pelos impostos que possam especificamente ser imputados conjunto de bens, ou àquela unidade, como por exemplo o IPTU, IPI, ICMS. Atenção novamente: veja quepara a alienação do fundo de comércio ou estabelecimento, pouco importa qual seja a atividade que venha a ser exercida pelo alienante, ele será ainda cobrado pela dívida. No caso da extinção, o antigo sócio somente responde se continuar na exploração da mesma atividade! Tenha muito cuidado com esses detalhes! Separe bem a alienação e a extinção! Para resumir essa parte, pego emprestado um esquema do professor João Marcelo Rocha: O adquirente será responsável.... Se o Alientante... ..Integralmente Cessar a exploração e Não voltar a se estabelecer em qualquer atividade Dentro de 6 meses a partir da alinentação ..Subsidiariamente Prosseguir, ou Voltar à atividade Mesmo ramo ou outro somente se prosseguir na mesma atividade. Existe ainda hipótese de exclusão da responsabilidade. Há 3 parágrafos no artigo 133 tratando disso. Aconteceu que em 2005 surgiu a lei das falências, e ela adotou como diretriz a preservação da empresa, organização geradora de empregos e produção (e também geradora de impostos). Sendo assim, mecanismos de estímulo à continuidade da atividade foram inseridos no nosso ordenamento, tendo reflexo em vários ramos do direito. Nos interessa como refletiu no CTN, e essa é uma informação bem lógica, você verá. de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 12 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Determina o §1º do artigo 133 que não se aplica regra geral(exposta acima em esquema) em caso de aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento em processo de falência ou recuperação judicial. Em casos assim, o adquirente de boa-fé fica livre das dívidas tributárias surgidas anteriormente à aquisição, e os tributos continuam exigíveis da sociedade falida ou em recuperação. Faz sentido, se a diretriz da lei das falências visa a preservar a empresa, você concorda? Imagine uma fábrica com mil funcionários e um milhão em dívidas tributárias. Se não fosse a exclusão da responsabilidade do adquirente, certamente essa fábrica fecharia suas portas, gerando desemprego, diminuição da produção e da arrecadação. Nesse caso, o adquirente fica livre do um milhão em dívidas tributárias, mantém os funcionários, e o fisco vai dar um jeito de cobrar a dívida do alienante, chamado de falido. Contudo, determina o §2º do art. 133 que nem sempre a falência irá eximir o adquirente da dívida tributária. Em linhas gerais, saiba que se o adquirente for pessoa ligada à sociedade falida ou em recuperação, não se afasta a responsabilidade. Também faz sentido, não é? No exemplo da fábrica, imagine que seja a filha do antigo dono adquirente do estabelecimento. Fica com cara de fraude, não é? Eu levo uma empresa à falência, aí para me livrar somente das dívidas, uso um laranja para adquiri-la. Bonito, né? Sem chance, gente. Em resumo, o CTN previu o seguinte, com intenção de impedir tais ações fraudulentas: A lógica é simples: o sócio falido não pode, através de pessoa ligada à sociedade, readquirir sua empresa com a intenção de excluir-se da responsabilidade tributária. O terceiro e último parágrafo do art. 133 diz que, nas alienações feitas em falência, os recursos angariados devem permanecer depositados em conta Responsabilidade por Sucessão Empresas Aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento em processo de falência ou recuperação Exclui-se a responsabilidade do adquirente, exceto se o adquirente for: sócio da sociedade, ou sociedade controlada pelo devedor parente, em linha reta ou colateral até o 4º grau, consangüíneo ou afim, do devedor ou de qualquer de seus sócios identificado como agente do falido/devedor em recuperação - objetivo de fraudar a sucessão tributária Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 13 de 49 www.exponencialconcursos.com.br à disposição do Juízo por 1 ano. Durante esse período, os valores só poderão ser movimentados para pagar dívidas contraídas pela sociedade ao longo da própria falência(créditos extraconcursais) ou pagar dívidas que possuem, na falência, preferência em relação ao crédito tributário. (ESAF/2007/PGFN/PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL) A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar, dentro de seis meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. No entanto, há casos em que isso não ocorrerá. Entre os casos em que não haverá responsabilidade por sucessão, está a de qualquer alienação judicial: a) a sócio da falida. b) a sociedade controlada pelo devedor em recuperação judicial. c) em processo de falência, a um concorrente do devedor que não tenha relação com ele nem com sócio seu. d) em processo de liquidação extrajudicial quando a relação com o devedor é de mero cunhadio. e) em processo de falência quando a relação com o falido for até o quinto grau. Resolução: Apesar da questão constar na prova de direito empresarial, encontramos a resposta no artigo 133 do CTN. Vejamos: a) Incorreta. Há responsabilidade por sucessão, art. 133, §2º, I. b) Incorreta. Há responsabilidade por sucessão, art. 133, §2º, I. c) Correta. Pessoa não ligada à entidade em falência ou recuperação está excluída da responsabilidade por sucessão. d) Incorreta. Cunhadio é sinônimo de cunhado. Ainda assim, a exclusão da responsabilidade somente aplica-se em casos de falência ou recuperação judicial, não liquidação extrajudicial. e) Incorreta. Apesar do artigo 133, §2º, II tratar de parentesco até 4º grau, a alternativa é dada como incorreta. Gabarito letra C. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 14 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Fechamos os 3 tipos de responsabilidade por transferência por sucessão. Antes de seguir em frente, um resumo rápido: Imóveis: o comprador sucede o vendedor nos impostos sobre a propriedade, taxas de serviços e contribuições de melhoria. Exceto com comprovação de quitação e em arrematação em hasta pública. Causa Mortis: o cônjuge e herdeiros respondem até o quinhão. Lembre-se que o espólio é equiparado a pessoa física. Empresas: regra geral “comprou ativo, comprou passivo”. o Exceções: na extinção: quando a exploração da respectiva atividade continua por qualquer sócio, a responsabilidade se transfere para a nova “empresa”. Para alienação de fundo de comércio e estabelecimento: quando alienante continua, em qualquer atividade, a responsabilidade do adquirente pode ser integral (se após 6 meses) ou subsidiária(antes de 6 meses); Lei das Falências: diretriz de preservar a empresa. Responsabilização do adquirente ligado ao alienante falido. Diferentemente da transferência por sucessão, a transferência da responsabilidadea terceiros (artigos 134 e 135) não se fundamenta na transmissão patrimonial, mas sim no dever legal, que algumas pessoas tem, de zelar, de cuidar do patrimônio de outros. Uma vez que essas pessoas, os “terceiros”, não tomam as atitudes necessárias para quitar a obrigação tributária, falham no seu dever legal de cuidar do patrimônio do contribuinte. Logo, passarão a ser responsáveis tributários por transferência. Repito: não há transferência patrimonial, como nos outros casos, somente responsabilização por uma falta. Essa transferência pode se originar de uma falha, considerada uma situação regular, que não fere nenhuma lei ou contrato, ou se originar de uma situação irregular, que consiste em atos que infringem leis, contratos sociais e estatutos. Essa diferenciação serve para enquadrar a responsabilidade em regimes jurídicos típicos. Responsabilidade por transferência a terceiros: decorrente de atuação regular Responsabilidade por transferência a terceiros: decorrente de atuação irregular 1.2.2 – Responsabilidade por transferência: Terceiros Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 15 de 49 www.exponencialconcursos.com.br A responsabilidade de terceiros em atuação regular está prevista no artigo 134 do CTN. Veja só o seu caput: Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: Antes de seguir em frente e colocar as figuras responsáveis, vamos explicitar as duas circunstâncias que estruturam, se percebidas concomitantemente, a hipótese de responsabilidade dos terceiros em atuação regular. a) Só existe exigência sobre o responsável, caso a Fazenda tenha tentado, sem sucesso, a execução dos bens do contribuinte. E por mais que o artigo dite que eles respondem solidariamente, em verdade há benefício de ordem, você percebe? Pois se primeiramente é cobrado contribuinte, em segundo lugar o responsável, então não há responsabilidade solidária, mas sim subsidiária, como vimos acima no caso peculiar do fundo de comércio. Fique atento para o termo usado em questões. b) Se apenas não houver patrimônio em nome do contribuinte, não há sentido que se imponha sobre outra pessoa a exigência dos tributos, você concorda? Por exemplo, quando o filho menor não possui patrimônio para quitar alguma obrigação, o pai deve responder com o seu? Não! Somente quando verifica-se ato ou alguma omissão dos pais (ou outra das pessoas listadas no artigo 134, veja tabela abaixo) no dever de zelar pelo patrimônio, elas poderão responder por essa omissão, desde que não seja possível que seja cobrado o contribuinte. Lembre-se que esse ato ou omissão deve ser considerado regular, que não seja contrário à lei, contrato ou estatuto. Os terceiros respondem solidariamente quando, em atuação regular ... a) For impossível, para o Fisco, exigir a dívida sobre o contribuinte b) Respectivo responsável tenha colaborado pelo não pagamento, mediante ação ou omissão que lhe seria exigível 1.2.2.1 – Responsabilidade de Terceiros: Atuação Regular Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 16 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Agora dê uma olhada nas figuras de responsáveis, em caso que se verifique concomitantemente as condições (A + B), listadas de modo exaustivo no art. 134 do CTN: Art. 134 Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis os pais pelos tributos devidos por seus filhos menores os tutores e curadores pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados os administradores de bens de terceiros pelos tributos devidos por estes o inventariante pelos tributos devidos pelo espólio o síndico e o comissário (hoje chamado administrador judicial) pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício os sócios no caso de liquidação de sociedade de pessoas Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Preciso fazer um comentário sobre a última das figuras de responsáveis: os sócios. Há um entendimento que não é todo o sócio que poderá ser responsável, mas somente o sócio-gerente na liquidação. O sócio- quotista, aquele que não toma decisões, não possui relação com nenhuma ação ou omissão em dever de zelar pela empresa, afinal ele não tem poder decisório nenhum. Ainda, existe entendimento que, por si só, o ato de não pagar tributos não gera responsabilidade “solidária” do sócio gerente. Para tal, é necessário que se verifique conduta de excesso de poderes, ato contrário à lei, contrato ou estatuto. Jurisprudência, Súmula 430 do STJ: “O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.” E não esqueça que, embora no artigo 143 esteja escrito solidariamente, em verdade respondem de maneira subsidiária, sendo cobrado primeiro o contribuinte, depois o responsável. Já está pacificado pelo STJ. Se vier a Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 17 de 49 www.exponencialconcursos.com.br aparecer na sua prova, atente para a menção de cobrança literal, questões tipo “de acordo com o CTN, marque a resposta”. Nos ensina o artigo 135 do CTN que, quando o “terceiro” responsável atuar de maneira irregular, contrariando a lei, contrato ou estatuto, a responsabilidade será pessoal. Eu havia dito que a separação entre uma conduta regular e irregular serve para enquadrar a responsabilidade em regimes jurídicos típicos. Enquanto na atuação regular existe a responsabilidade solidária (subsidiária), exigindo-se a obrigação primeiro de uma pessoa, e após transferindo o sujeito passivo para o responsável, na atuação irregular é diferente. Quando verificada violação, atuação irregular, o “terceiro” responde sozinho, com todo o seu patrimônio, ficando a pessoa física ou jurídica, que deveria ser cuidada, afastada de qualquer possibilidade de figurar como sujeito passivo. Você percebe que há maior gravidade nesse caso? É regime jurídico diferenciado. Veja o que diz o artigo 135 do CTN: Excesso de poder não pressupõe falta de pagamento pelo responsável, mas sim hipótese de terceiro agir além dos poderes que a lei, estatuto ou contrato social lhe conferem. O terceiro age fora das suas atribuições, excedendo, indo além daquilo que pode. Por exemplo, quando um empregado de empresa adquire um imóvel, em nome da sociedade, quando não tem poderes para faze-lo. Nesse caso, o empregado deve ser pessoalmente responsável pelo pagamento do ITBI, e não a empresa. Vou tentar resumir os 2 tipos de responsabilidade de terceiros com um exemplo. Imagine que um menor, chamado Alex, possui propriedade em seu nome. Esse menor, que é incapaz, tem capacidade para figurar no polo ativo da obrigação? Sim,art. 126! Então, o Alex deve pagar os tributos respectivos na condição de contribuinte. Contudo, sendo menor e incapaz, é dever dos São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias as pessoas referidas no artigo 134 os mandatários, prepostos e empregados os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos 1.2.2.2 – Responsabilidade de Terceiros: Atuação Irregular Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 18 de 49 www.exponencialconcursos.com.br pais zelar pelo patrimônio desse contribuinte, do Alex. Em regra geral, há responsabilidade(por transferência) dos pais nesse pagamento? Não! Eles podem realizar o ato de pagar, porém é o patrimônio do Alex que será subtraído, é ele o contribuinte. Os pais, até aqui são representantes do menor. Contudo, se Alex não tiver condições de pagar, aí então serão os pais responsáveis? Ainda não! Somente veremos os pais na qualidade de responsáveis quando houver ato ou omissão indevida - nada ilegal, tudo regular. E será de modo solidário(na realidade subsidiário) que haverá responsabilidade: os pais pagarão se o Alex não tiver como. Agora, se os pais do Alex, representando o filho, praticarem algum ato ilegal ou com excesso de poder – conduta irregular - então figuram pessoalmente responsáveis. O Alex não teve nada a ver com isso! Se compraram uma casa na praia pro Alex, eles é que serão responsáveis pelo ITBI. Em casos como o acima, é interessante que você saiba como a classificação da responsabilidade tem sido tratada pela doutrina. Considera- se, claramente, nos casos do artigo 134(atuação regular) que há transferência da responsabilidade: se o Alex não teve como pagar, em caso de omissão ou ato indevido dos pais, então a obrigação se desloca do contribuinte para um terceiro, responsável. Mas veja, nos casos de ilegalidade ou excesso de poder, não existe essa troca na obrigação, porque o fato gerador já acontece “torto”. Desde o ato – portanto desde o momento do FG - o representante já é responsabilizado, você nota? Quando os pais, representando o Alex, agiram com excesso de poder, foram eles que fizeram nascer o fato gerador, e não a vontade do Alex. Por isso que parte da doutrina diz que a responsabilidade pessoal do art. 135 não seria uma transferência, mas sim substituição da responsabilidade: o Alex não é contribuinte, ele não está no fato gerador! Entendeu o raciocínio? Qualquer coisa me chama lá no fórum ou no e-mail, ok? Então, para questões envolvendo responsabilidade pessoal, guarde bem o que diz o artigo 135 e essa peculiaridade doutrinária! Antes de seguir, olhe esse mapa mental com a organização do que estudamos até agora: Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 19 de 49 www.exponencialconcursos.com.br Aproveitando o gancho, vamos entrar na responsabilidade por substituição. Eu havia dito, lá no início da aula, que a responsabilidade por substituição acontece junto com o fato gerador. No exemplo que eu dei, o do Alex, esse aspecto ficou claro para você? Caso não tenha ficado, me pergunte no fórum ou por e-mail, fechado? Eu também havia dito que, nessa classificação, a intenção da lei é concentrar em um só sujeito passivo mais de uma obrigação. No exemplo do Alex isso não se aplica, não é? Porque temos somente 1 FG para 1 obrigação. Preste atenção em como acontece a concentração de vários FG’s em um sujeito passivo. O caso mais clássico é o do responsável pelo pagamento do IR, a fonte de rendimentos das pessoas físicas. Agora, você entende que, desde o momento do fato gerador(geração de riqueza) a empresa está designada como responsável pelo imposto de renda dos seus empregados? E nesse exemplo você percebe que há vários fatos geradores concentrados em um só sujeito passivo? E então, você concorda comigo que não há transferência na responsabilidade, mas sim substituição? A fonte de rendimentos tomou o lugar que pertenceria, habitualmente, ao indivíduo que adquiriu renda ou proventos de qualquer natureza já desde o FG. Agora vamos para a responsabilidade por substituição que se classifica de acordo com os sujeitos, que estão sendo substituídos, e respectivos fatos geradores, em uma perspectiva de localização na cadeia econômica. A substituição para trás ou regressiva é aquela em que alguém no final, ou no meio, substitui agentes que estão no começo da cadeia, portanto aqueles que estão atrás do responsável substituto. Muito comum é essa substituição na indústria de laticínios, quando as empresas que compram o Responsabilidade por Substituição por Transferência por Sucessão Imóveis Causa Mortis Empresas por Solidariedade de Terceiros Atuação Regular Atuação Irregular 1.3 – Responsabilidade por Substituição Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 20 de 49 www.exponencialconcursos.com.br leite dos produtores rurais concentram a sujeição passiva dos seus fornecedores. Veja no exemplo abaixo como isso ocorre, dentro da cadeia do ICMS, imposto consagrado pelos casos de substituição tributária: Essa prática segue, em todos os aspectos, a lógica até agora exposta: o responsável por substituição não possui relação pessoal e direta com o fato gerador, mas tem vínculo com tal situação, derivado de lei. Ainda, veja que a sua responsabilidade já nasce com o fato gerador, portanto a obrigação não é transferida do produtor para o industrial. Ainda, a substituição acontece para que a arrecadação e fiscalização seja facilitada. Imagine que seria mais complicado fazer centenas de pequenos produtores declararem e pagarem seus impostos corretamente, do que certificar que 1 empresa faça todo o trabalho. E caso fosse trabalho para os produtores, como ficaria o trabalho dos fiscais? A substituição para frente ou progressiva é o contrário da anterior. É aquela em que alguém no início, ou no meio, substitui os agentes que estão no final da cadeia econômica, portanto aqueles que estão na frente do responsável substituto. Um exemplo bastante comum é o da indústria de bebidas, em que a fábrica substitui os bares e restaurantes, sendo responsável na substituição progressiva, concentrando os fatos geradores futuros. “Hein? Alguém vai ser responsável por uma obrigação de fato gerador que ainda nem aconteceu?” É isso mesmo! Inclusive está na CF, artigo 150, §7º. “Mas e como a indústria vai saber por quanto de imposto ela fica responsável, se não teve fato gerador ainda?” É um cálculo de um valor de venda presumido, utilizando valor agregado para ter uma noção do preço final de venda do produto. Acredito, é mais fácil para a Fazenda cobrar a Vários produtores rurais vendem para indústria: não recolhem ICMS • São substituídos Indústria de laticínios: recolhe o ICMS de quem está atrás: os produtores • É responsável por substituição Comércio • Contribuinte normal Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 21 de 49 www.exponencialconcursos.com.brBrahma do que os milhares de bares, mesmo que a substituição para frente seja um pouco complicada. Veja no desenho abaixo como ela funciona: Eu poderia colocar outras pessoas no meio da cadeia, mas a lógica seria a mesma: quem está no começo substitui aqueles que vem na frente, quantos sejam os agentes. Acontece muito também na indústria de combustíveis, quando as refinarias são responsáveis por substituição por distribuidores e postos de gasolina. Agora que você entendeu tudo, deixe-me trazer um conceito jurisprudencial sobre a substituição para frente. O STF diz que “a cobrança antecipada do ICMS por meio de estimativa ‘constitui simples recolhimento cautelar enquanto não há o negócio jurídico de circulação, em que a regra jurídica, quanto ao imposto, incide’ ”(RE 194.382). Significa dizer que o responsável por substituição não está de fato pagando o imposto antecipadamente, ele está apenas recolhendo com antecedência, de modo que o pagamento será devido quando o fato gerador ocorrer, e o valor devido está depositado em cofre público. Reforço com você que essa é uma posição jurisprudencial. Para a CF é pagamento mesmo, leia abaixo. Em caso de não concretização do fato gerador futuro, será restituído o imposto anteriormente recolhido. Veja o que diz o artigo 150, §7º da CF: § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Ali está escrito “restituição da quantia paga”, porém a ESAF em provas anteriores, já considerou que, conforme a posição do STF, não há pagamento antecipado, apenas recolhimento. Guarde bem isso. (ESAF/RFB/2009/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL) Sobre a responsabilidade tributária, assinale a opção correta. Indústria de bebidas: recolhe o ICMS de quem está na frente, os vendedores • É responsável por substituição Vários bares e restaurantes compram da indústria: não recolhem ICMS • São substituídos Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 22 de 49 www.exponencialconcursos.com.br a) O transportador, ao firmar termo de responsabilidade por determinada mercadoria, pode ser considerado, por ato da autoridade administrativa, responsável pelo pagamento do ICMS. b) O espólio, até a data da abertura da sucessão, e o sucessor, até a data da partilha, no que se refere aos tributos devidos pelo de cujus, podem ser considerados, respectivamente, responsável tributário e contribuinte. c) Sabendo-se que a fonte pagadora é responsável pela retenção do imposto de renda, não pode ser imputada ao contribuinte a obrigação pelo pagamento do tributo, caso o imposto não tenha sido recolhido. d) Na substituição tributária progressiva, o dever de pagar o tributo recai sobre o contribuinte que ocupa posição posterior na cadeia produtiva. e) Na substituição tributária para frente não há recolhimento de imposto ou contribuição antes da ocorrência do fato gerador, mas apenas a antecipação de seu pagamento por responsável definido por lei. Resolução: a) Incorreta. O transportador é apenas o agente do transporte, não o mediador do contrato, portanto quem está vinculado ao fato gerador é a empresa transportadora, é esse o teor do REsp 724295. Ainda, a definição de responsável deriva de lei, e não de ato da autoridade administrativa. b) Incorreta. O espólio, até a data da abertura da sucessão é responsável; o sucessor, até a data da partilha, no que se refere aos tributos devidos pelo de cujus também será responsável. c) Incorreta. Pelo entendimento em julgado(REsp 644.223), o não recolhimento pela fonte pagadora não isenta o contribuinte da obrigação. d) Incorreta. A substituição progressiva, ou para frente, consiste em recolhimento de fatos geradores futuros, portanto é aquela em que alguém no início, ou no meio, substitui os agentes que estão no final da cadeia econômica, portanto aqueles que estão na frente. e) Correta. A ESAF considerou que a substituição para frente não significa pagamento, mas sim “recolhimento em cautela” enquanto não se configura o fato gerador. (RE 194.382). Gabarito letra E. Sobre a responsabilidade por substituição acabamos de fechar. Você deve ter reparado que eu não coloquei a responsabilidade por infrações dentro dos esquemas. Fiz isso de propósito, porque segundo a 1.4 – Responsabilidade por Infrações Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 23 de 49 www.exponencialconcursos.com.br doutrina, essa responsabilidade está erroneamente localizada nessa parte do CTN. Responsabilidade é um termo que, fora dessa nossa aula, tem um sentido bastante abrangente. É nessa percepção generalista que foi utilizado o termo responsável por infrações, porque o CTN, nos artigos 136 e 137, diz que esses responsáveis por infrações são, na realidade, as pessoas que cometeram tais infrações, tendo com estas relação pessoal e direta. Utilizando a lógica da nomenclatura do sujeito passivo já estudada, seria mais coerente chamarmos de contribuintes por infrações. E poderíamos chama-los assim, apenas se não fosse tão estranho. Espero que tenha servido para você guardar ;) Em suma, aqui a responsabilidade deve ser interpretada com seu sentido comum, aquele que encontramos fora do direito tributário. Responsável será a pessoa que assume ou pratica uma conduta e responderá pelas suas consequências. Infrações são as condutas positivas ou negativas (fazer ou deixar de fazer) que representam descumprimento de deveres determinados pelas normas tributárias – você já sabe disso. E ainda sabe mais, que na inobservância, a obrigação tributária acessória converte-se em principal, que é a consequência mais comum de uma infração: a multa. Mas saiba que existem outras punições, como a pena de perdimento e proibição de gozo de vantagens, como por exemplo regimes aduaneiros especiais. Então, quando estivermos falando na responsabilidade pelas infrações, saiba que as punições não necessariamente serão multa. O CTN nos ensina no artigo 136 que a responsabilidade por infrações em matéria tributária, salvo disposição de lei em contrário, é objetiva. Ou seja, não importa a análise de dolo ou culpa, a prática de ato ou omissão será imputada a quem cometeu. No artigo 137 trata da responsabilidade pessoal do agente. Quando o CTN usa um novo artigo para determinar a responsabilidade pessoal, ele não quer reforçar a ideia de que a responsabilidade recai sobre aquele que Responsabili- dade por infrações Descumprimento de deveres geram punições, como multa, a pena de perdimento e proibição de gozo Responsável será a pessoa que assume ou pratica uma conduta e responderá pelas suas consequências. Salvo disposição de lei em contrário, é responsabili- dade objetiva Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 24 de 49 www.exponencialconcursos.com.br praticou o ato ou se omitiu. Ele quer caracterizar os atos praticados por pessoas jurídicas, nos quais se responsabiliza o agente responsável, seja administrador, gerente, empregado, etc. Para o direito tributário,regra geral se atribui a responsabilidade por infração à PJ como infratora, no entanto, há casos em que será responsabilizado o agente, sendo exceção à regra. Veja o importante artigo 137 esquematizado, que trata desses casos de exceções: Associando esse artigo com tudo que vimos antes, temos possibilidades de responsabilização pelo tributo e pela infração, atente para isso. Especificamente tratando do inciso I, por exemplo, se um diretor de empresa atua dentro de suas atividades e poderes (exercício regular) para cometer um crime ou contravenção, ele não responderá pelo tributo e nem pela infração, pois ele foi apenas mão que executou do ilícito, ele não é a pessoa que ordena, que assume ou pratica uma conduta. Responsável será a pessoa jurídica, a empresa, portanto seguindo a regra geral, e arcando com as consequências do seu ato. Entendido? Somente há responsabilidade pessoal do agente por infrações quando, por decisão própria, resolver praticar ilícito, caso em que não estará no exercício regular de suas atribuições. Ainda, nesse caso será contribuinte pelo tributo. Os outros 2 casos (incisos II e III) são mais simples. Determinam que o agente seja responsabilizado pessoalmente quando atuar deliberadamente para cometer uma infração. Dolo elementar é um conceito que virá na descrição legal da infração tributária, expressando um intuito especial visado pelo agente na hora do ilícito, como por exemplo: pós-datar ou antedatar A responsabilidade é pessoal ao agente I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções salvo quando praticadas no exercício regular(sem excessos), ou no cumprimento de ordem II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico das pessoas referidas no artigo 134 (tabela no item 1.2.2.1) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus representados; dos diretores, gerentes ou representantes de PJ de direito privado, contra estas DOLO: quando o agente pratica o ato desejando o resultado ou assumindo o risco de produzi-lo Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 25 de 49 www.exponencialconcursos.com.br documentos visando pagar tributo a menor, extraviar documento fiscal com a finalidade de ocultar tributação. Seguindo em frente, temos no artigo 138 uma ideia interessante que exige o conhecimento de um conceito novo: denúncia espontânea. Esse é outro assunto que cai bastante, fique ligado! Ao contrário da expressão usada, alguns autores apontam que seria melhor o termo confissão espontânea. Porque esse é o momento em que o infrator dirige-se, espontaneamente, à Administração Tributária competente para lhe aplicar a punição e confessa o ilícito cometido. “E por que alguém faria isso?” Porque o efeito da denúncia, que deve ser espontânea, é o afastamento da autuação e consequente exigência de multa. Veja o que determina o artigo 138 e seu parágrafo único: Não faria sentido que também fosse efeito da denúncia espontânea a dispensa do pagamento do tributo, você concorda? Então, o primeiro ponto é pacífico: a denúncia deve vir acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo e do juro de mora. Veja que é necessário o pagamento, e segundo o STJ “a simples confissão da dívida, acompanhada do seu pedido de parcelamento, não configura denúncia espontânea”. Quando o montante dependa de apuração, o pagamento é impossível, porque não se sabe o valor devido. Nesse caso, o responsável pela infração deverá depositar uma quantia que será arbitrada, ou seja, que será provisoriamente estimada pela autoridade fiscal. Depois será feita a apuração exata do valor devido. O parágrafo único do artigo 138 é interessante. Ele nos dá a dimensão da espontaneidade da confissão. Se o agente bateu na porta da empresa para iniciar a fiscalização, não adianta o infrator manifestar-se. O trabalho do fiscal é justamente apurar eventuais ilícitos e irregularidades, então, para que a denúncia seja espontânea, o infrator deve se antecipar ao Fisco. Mas veja bem, caso o Fisco bata à sua porta para outro motivo, que não seja relacionado com aquela infração, a denúncia espontânea ainda é possível. Siga para a parte 2 da aula, onde trataremos do Crédito Tributário! A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou ... quando o montante do tributo dependa de apuração, do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa P.Único: Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 26 de 49 www.exponencialconcursos.com.br 01. (FCC/2013/SEFAZ-SP/AGENTE FISCAL DE RENDAS) Com fundamento nas previsões do CTN, considere: I. Supondo que Aglaope é terceira pessoa vinculada ao fato gerador de determinada obrigação tributária e Leucosia é o contribuinte desta obrigação tributária, a atribuição de responsabilidade pelo crédito tributário a Aglaope deve ser expressamente estipulada por meio de lei, excluindo a responsabilidade de Leucosia ou atribuindo-a a esta em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. II. Perséfone é proprietária de bem imóvel e deseja vendê-lo. Logo, a responsabilidade pelo pagamento do crédito tributário relativo a imposto cujo fato gerador seja a propriedade imobiliária sub-roga-se na pessoa dos eventuais adquirentes do imóvel de Perséfone, mesmo quando conste do título a prova de sua quitação. III. Sabázio morre, e deixa como herança três imóveis. Selene e Sarpédon são os únicos herdeiros, em igualdade de condições. Após ser realizada a partilha dos bens de Sabázio, ficam Selene e Sarpédon pessoalmente responsáveis, limitado ao montante do respectivo quinhão, pelos tributos devidos até este momento. IV. A empresa Jardim das Hespérides S.A. adquire da empresa Hamadríade Industrial Ltda. uma fábrica instalada no Estado de São Paulo. Aproveitando todo o maquinário existente, a adquirente continua a exploração da mesma atividade. Com respeito aos tributos devidos por esta fábrica até o momento da transação empresarial, a empresa Jardim das Hespérides S.A. responde subsidiariamente com o alienante se este cessar a exploração da indústria, e responde a adquirente pessoalmente se o alienante iniciar dentro de seis meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ramo de indústria. V. Na hipótese de alienação judicial em processo de falência, a pessoa jurídica de direito privado que adquirir fundo de comércio nesta situação e continuar a respectiva exploração responde, em qualquer hipótese, pelos tributos relativos ao fundo de comércio adquirido, devidos até a data da operação. Está correto o que se afirma APENAS em: a) I e II. b) I e III. c) II e V d) III e IV e) IV e V Resolução: 2 - Questões Comentadas Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 27 de 49 www.exponencialconcursos.com.br I. Correta. Essa é a definição básicade responsável e contribuinte, consta no CTN, art. 128. Atente que a responsabilidade pode ser excluída ou atribuída a terceiro em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. II. Incorreta. Em casos normais, o comprador também assume as dívidas, salvo quando há certificado de quitação da obrigação. Art. 130. III. Correta. Se não houve pagamento durante a partilha, os herdeiros assumem como responsáveis as obrigações do de cujus, porém no limite do quinhão. Art. 131. IV. Incorreta. “Quem compra ativo, compra passivo”. Se o alienante cessar a exploração, responde integralmente o adquirente. Somente há subsidiariedade do adquirente se o alienante seguir na exploração, de mesmo ou outro ramo de negócio. Art. 133. V. Incorreta. É caso de exclusão da responsabilidade por sucessão. Art. 133, §1º. Gabarito letra B. 02. (ESAF/RFB/2012/AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL) Sobre o instituto da responsabilidade no Código Tributário Nacional, assinale a opção incorreta. a) A obrigação do terceiro, de responder por dívida originariamente do contribuinte, jamais decorre direta e automaticamente da pura e simples ocorrência do fato gerador do tributo. b) Exige-se que o responsável guarde relação com o contribuinte ou com o fato gerador, ou seja, que tenha possibilidade de influir para o bom pagamento do tributo. c) Pode ser um sucessor ou um terceiro e responder solidária ou subsidiariamente, ou ainda por substituição. d) Contribuinte e responsável são sujeitos passivos da mesma relação jurídica, cujo objeto, pagar o tributo, coincide. e) O vínculo que obriga o responsável ao pagamento do tributo surge de lei específica. Resolução: a) Correta. A obrigação de terceiro na condição de responsável decorre de lei. Não confundir com solidariedade. b) Correta. É o que nos ensina a doutrina e o artigo 128. O responsável não poderá ser escolhido de maneira completamente aleatória, deverá ser alguem que guarde relação, vínculo com o fato gerador. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 28 de 49 www.exponencialconcursos.com.br c) Correta. A responsabilidade por transferência por sucessão admite que um terceiro responda subsidiaria ou integralmente. Ainda por transferência, existe a solidariedade. Em outra classificação, nos termos do momento que ocorre a responsabilização, existe a substituição. Exemplo clássico é o que ocorre no ICMS, para frente e para trás. A alternativa apenas aponta a classificação doutrinária da responsabilidade tributária. d) Incorreta. A função de pagar coincide, mas eles não são sujeitos passivos da mesma relação, afinal o responsável não tem relação direta e pessoal com o fato gerador. Ele integra a relação, em muitos momentos, apenas como agente do recolhimento, lembre-se do exemplo do empregador e funcionário. e) Correta. Apesar de que o artigo 121, II do CTN mencione somente “disposição expressa de lei” o doutrinador Leandro Paulsen usa a terminologia “lei específica”. Portanto, alternativa considerada correta pela banca. Gabarito letra D. 03. (ESAF/2010/SMF-RJ/FISCAL DE RENDAS) Em tema de responsabilidade tributária, julgue os itens a seguir: I. sem prejuízo da responsabilidade tributária atribuída diretamente pelo Código Tributário Nacional, lei ordinária pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa sem vínculo com o fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação; II. a pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde integralmente pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; III. os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado e os administradores de bens de terceiros são pessoalmente responsáveis pelos créditos da Fazenda Pública correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Estão corretos: a) apenas o item I b) apenas os itens I e II. c) apenas os itens II e III d) apenas os itens I e III Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 29 de 49 www.exponencialconcursos.com.br e) todos os itens estão corretos Resolução: I. Incorreta. Necessita haver vínculo do terceiro responsável com o fato gerador. Art. 128. II. Correta. Art. 133. III. Correta. Art. 135, III. Gabarito letra C. 04. (FCC/2012/PREF. SP/AUDITOR FISCAL DO MUNICIPIO) Um contribuinte infrator de dispositivo da legislação tributária, querendo sanear a irregularidade cometida, pretende promover a denúncia espontânea. Como essa infração resultou em sonegação do tributo, esse contribuinte infrator, para evitar a imposição de sanções fiscais sobre ele, decidiu efetuar o pagamento do tributo devido, acrescido dos juros de mora sobre ele incidentes. Para que essa denúncia esteja revestida de espontaneidade, ela deverá ser feita antes a) do julgamento de impugnação apresentada contra o lançamento de ofício da penalidade pecuniária. b) do transcurso do prazo prescricional. c) da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal à qual a infração está vinculada. d) do transcurso do prazo decadencial. e) de o fisco dar início a qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Resolução: Artigo 138 do CTN: A responsabilidade (da infração) é excluída pela denúncia espontânea, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Gabarito letra E. 05. (FEPESE/SEFAZ-SC/2010/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Assinale a alternativa correta. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 30 de 49 www.exponencialconcursos.com.br a) Conforme o art. 135, CTN, são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, as pessoas referidas no artigo 134, os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. b) A pessoa jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato, integralmente ou subsidiariamente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade. c) Em caso de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectivaatividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, os mesmos serão responsáveis pelos tributos devidos até a data da extinção se a exploração persistir unicamente sob a mesma razão social. d) Se for difícil exigir o cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, os pais, tutores e curadores respondem solidariamente com seus filhos menores, tutelados ou curatelados, nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis, exceto os administradores de bens de terceiros, em relação aos tributos devidos por estes. e) Da leitura do artigo 136, CTN, é correto afirmar que, salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária depende sempre da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Resolução: a) Correto. Literalidade do artigo 135. b) Incorreto. Somente responde integralmente se o alienante cessar a atividade. Art. 133, II. c) Incorreto. Sob a mesma ou outra razão social. Art. 132, parágrafo único. d) Incorreto. Se for difícil? Não, se for impossível exigir do contribuinte, e somente se atos ou omissões, então os representantes respondem solidariamente. Art. 134. e) Incorreto. Independe da intenção, natureza e extensão dos atos. Art. 136. Gabarito letra A. 06. (FGV/SEFAZ-RJ/2011/AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL) Com relação ao adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, analise as afirmativas a seguir. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 31 de 49 www.exponencialconcursos.com.br I. Terá responsabilidade integral se o alienante cessar a exploração da atividade. II. Terá responsabilidade subsidiária se o alienante iniciar, em até seis meses, nova atividade em outro ramo de comércio. III. Será responsável no caso de aquisição de filial mediante alienação judicial em processo de falência. Assinale: a) se somente a afirmativa I estiver correta. b) se somente a afirmativa II estiver correta. c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. Resolução: I. Correta. Art. 133, I. II. Correta. Art. 133, II. Atente que a responsabilidade será subsidiária se o alienante iniciar, dentro de 6 meses, atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. III. Incorreto. Em caso de aquisição em alienação judicial em processo de falência, a diretriz é de preservação da pessoa jurídica, portanto, afasta-se a responsabilidade integral e subsidiária do adquirente. Art. 133, §1º. Gabarito letra C. 07. (FCC/SEFAZ-SP/2009/FISCAL DE RENDAS) A responsabilidade tributária deve vir prevista em lei, como decorrência dos princípios da legalidade e da tipicidade. Com previsão no Código Tributário Nacional, é responsável tributário a) o alienante de estabelecimento comercial, pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação. b) o adquirente de estabelecimento comercial, pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação, quando o alienante só retomar a exploração de comércio, indústria ou atividade seis meses após a alienação. c) o alienante de veículo automotor e o alienante de bem imóvel, pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação. d) o incapaz submetido ao poder familiar, tutela ou curatela, pelos tributos cujos fatos geradores tenha praticado. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 32 de 49 www.exponencialconcursos.com.br e) cada um dos sócios por obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato ou estatuto social de empresa, independentemente da qualidade de representante legal. Resolução: Atenção no enunciado, a banca quer saber quem é responsável! a) o alienante de estabelecimento comercial, é contribuinte pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação. b) o adquirente de estabelecimento comercial, é responsável integralmente pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação, quando o alienante só retomar a exploração de comércio, indústria ou atividade seis meses após a alienação. Art. 133. c) o alienante de veículo automotor e o alienante de bem imóvel, é contribuinte pelos tributos cujos fatos geradores sejam anteriores à alienação. d) o incapaz submetido ao poder familiar, tutela ou curatela, é contribuinte pelos tributos cujos fatos geradores tenha praticado. e) é um pouco duvidoso o que a alternativa está querendo expressar. Seria responsabilizar todos os sócios pelo comportamento em excesso de poder de um deles? Seria responsabilidade por infrações? Ou seria o caso de um sócio executar ato em excesso de poder, fora da sua atribuição, gerando um tributo, consequente relação tributária na qual figura como contribuinte. De qualquer modo, alternativa não serve como resposta. Gabarito letra B. 08. (ESAF/SET-RN/2005/AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL) Avalie o acerto das formulações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas. Em seguida, marque a resposta correta. ( ) O sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro são pessoalmente responsáveis pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação. ( ) Mesmo no caso de ser possível a exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este, nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis, os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados. ( ) A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Curso: Direito Tributário p/ AFRFB Teoria e Questões comentadas Prof. Pablo Rodrigues - Aula 08 Prof. Pablo Rodrigues 33 de 49 www.exponencialconcursos.com.br a) V, F, F. b) V, F, V. c) V, V, V. d) F, F, V. e) F, V, V. Resolução: I. Verdadeiro. Art. 131, II. II. Falso. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. Art. 134. III. Verdadeiro. Art. 132. Gabarito letra B. 09. (ESAF/SET-RN/2005/AUDITOR FISCAL DO TESOURO ESTADUAL) Em relação ao tema responsabilidade por infrações da legislação tributária, avalie o acerto das formulações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a resposta correta. ( ) A denúncia espontânea da infração, acompanhada de pedido de parcelamento do valor do tributo devido e dos juros de mora e apresentada antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, exclui a responsabilidade do agente. ( ) Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária depende da intenção do agente. ( ) A responsabilidade é pessoal ao agente quanto às infrações da legislação tributária em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar. a) V, F, F. b) V, V, F. c) F, F, V. d) F, V, V.
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