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TRF5 - 2013 - Ponto 1 - Direito Civil

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DIREITO CIVIL
1º PONTO. Lei de Introdução ao Código Civil. Pessoas naturais: Personalidade e capacidade. Direitos da personalidade. Morte presumida. Ausência. Tutela. Curatela. Pessoas jurídicas: Conceito. Classificação. Registro. Administração. Desconsideração da personalidade jurídica. Associações. Fundações.
REVISADO POR ROSELI DE QUEIROS BATISTA RIBEIRO EM NOVEMBRO DE 2013.
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL
I – NOÇÕES GERAIS
A LICC agora é chamada de LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO (conforme Lei n. 12.376/2010), VEZ que é uma regra de SUPERDIREITO (E. ZITELMANN utiliza o termo, que é assimilado pelo direito hermenêutico). Norma de sobredireito significa norma jurídica que visa a regulamentar outras normas (leis sobre leis ou lex legum) (Tartuce, 2012). É o Estatuto do Direito Internacional Privado (conjunto de normas internas de um país, instituídas especialmente para definir se a determinado caso se aplicará a lei local ou a lei de um Estado estrangeiro). A Lei de introdução traz em seu conteúdo regras quanto à vigência das leis (arts. 1° e 2°), a respeito da aplicação da norma jurídica no tempo (arts. 3° a 6°), bem como no que concerne à sua subsistência no espaço, em especial nas questões de Direitos Internacional (arts. 7° a 19). Ademais, atribui-se à LINDB o papel de apontar as fontes do Direito Privado em complemento à própria lei. O art. 4° enuncia as fontes formais secundárias, aplicadas inicialmente na falta da lei: a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito. A LINDB não faz parte do Código Civil; é uma espécie de lei anexa (Tartuce, 2012).
As principais funções da LINDB são: a) determinar o início da obrigatoriedade das leis (art 1º) ; b) regular a vigência e eficácia das normas jurídicas (art 1º e 2º); c) impor a eficácia geral e abstrata da obrigatoriedade, inadmitindo a ignorância da lei vigente (art.3º); d) traçar os mecanismos de integração da norma legal, para a hipótese de lacuna na norma (art.4º); e) delimitar os critério de hermenêutica, de interpretação da lei (art.5º); f) regulamentar o direito intertemporal (art.6º); g) regulamentar o direito internacional privado no Brasil (art. 7º a 17), abarcando normas relacionadas à pessoa e à família (art.7º e 11), aos bens (art 8º), às obrigações (artigo 9º), à sucessão (art.10), à competência da autoridade judiciária brasileira (art. 12), à prova dos fatos ocorridos em pais estrangeiro (art.13), à prova da legislação de outros países (art. 14), à execução da sentença proferida por juiz estrangeiro (art. 15) à proibição do retorno (art. 16), aos limites da aplicação da lei e atos jurídicos de outro país no Brasil (art. 17) e, finalmente, aos atos civis praticados por autoridade consulares brasileiras praticados no estrangeiro (art. 18 e 19) (CRISTIANO CHAVES – TEORIA GERAL – 7º EDICAO).
Neste ensejo, destaco a recentíssima alteração promovida na LINDB pela Lei n° 12.874, de 29-10-2013:
Art. 1° Esta Lei dispõe sobre a possibilidade de as autoridades consulares brasileiras celebrarem a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros no exterior, nas hipóteses que especifica. 
Art. 2° O art. 18 do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942, passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 1o e 2o:
“Art. 18. ........................................................................ 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. 
§ 2° É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.” (NR) 
Art. 3° Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua publicação oficial.
II – VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E EFICÁCIA DAS NORMAS JURÍDICAS
A análise das normas jurídicas em três planos – existência, validade e eficácia -, é noção desenvolvida em Pontes de Miranda, por isso a denominação “escada ponteana”. 
	A noção de VALIDADE é aspecto dogmático fundamental, pois significa sua identificação como compatível ao sistema jurídico que integra, sendo um critério puramente LÓGICO-FORMAL (critério de pertinência da norma ao ordenamento jurídico). O descumprimento das regras de validade importará no reconhecimento da inconstitucionalidade ou ilegalidade (a depender do âmbito em que foi prefixada a premissa validante) da norma estabelecida, considerando-a não pertinente ao sistema. 
A VALIDADE do ato diz respeito à eficiência com que o seu suporte fático foi preenchido. Se houver preenchimento da hipótese de incidência de maneira deficiente, surgirá defeito que pode autorizar a nulificação do ato: destruição de um ato jurídico em razão de um seu defeito. (Pontes de Miranda).
A validade pode ser analisada sob o aspecto: 
a) formal (observância das normas referentes ao processo de criação da lei, exemplo: artigo 60, §§ 1º e 2º CF); ou 
b) material (verificação da matéria passível da codificação está sendo observada, exemplos: artigos 21 a 24, CF/88, artigos que estabelecem as matérias que podem ser objeto de regulação e por quem).
	A validade é sempre um conceito relacional, porque será verificada a validade da norma diante de outras normas.
	A VIGÊNCIA é critério puramente temporal da norma, vai desde o início até a perda de sua validade. Nesse aspecto, não há que fazer qualquer relação com outra norma.
	A EFICÁCIA refere-se à POSSIBILIDADE de produção concreta de efeitos. A eficácia pode ser classificada pela ineficácia. Por sua vez, pode ser: 
a) social (não se confunde com sua efetiva observância,) e 
b) técnica (a possibilidade de produção de efeitos em concreto, EXEMPLO: artigo 7º, I, CF/88, proteção contra a despedida arbitrária que deve ser regulada por Lei Complementar, a eficácia técnica está comprometida)
	Tércio Sampaio afirma que a eficácia possui graus, que podem ser verificados de acordo com as funções da eficácia no plano da realização normativa. São as funções eficaciais das normas: 
a) Função de bloqueio – normas punitivas e proibitivas.
b) Função de programa – normas que visam à realização de um objetivo do legislador (artigo 218, CF/88).
c) Função de resguardo – normas que visam a assegurar uma conduta desejada (artigo 5º, XXVII, CF/88).
	Classificação de José Afonso da Silva: As normas, em relação à eficácia:
a) Normas de eficácia plena – função eficacial é IMEDIATAMENTE concretizada 
b) Normas de eficácia limitada – a função eficacial depende de uma outra norma (Maria Helena Diniz fala em norma com eficácia relativa complementável ou dependente de complementação legislativa).
c) Normas de eficácia contida – a função eficacial será restringida por outra norma (artigo 5º, XIII, CF/88) (Maria Helena Diniz fala em norma com eficácia relativa ou restringível).
	O VIGOR está relacionado à realização efetiva e CONCRETA da norma, está relacionado com o conceito da ULTRATIVIDADE, ou seja, uma norma que não está mais vigente, mas continua a reger todas as relações jurídicas consolidadas em sua vigência. EXEMPLO: alguns artigos do CC/16.
A lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas: a) generalidade – a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção (eficácia erga omnes); b) imperatividade – a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros da coletividade; c) permanência– a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia; d) competência – a norma, para valer contra todos, deve emanar da autoridade competente, com respeito ao processo de elaboração; e) autorizante – o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de um autorizamento (a norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese de que não há norma sem sanção (Hans Kelsen) (Tartuce, 2012). 
III – APLICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
Na aplicação das normas jurídicas o operador depara-se com as seguintes atividades: a INTERPRETAÇÃO e a INTEGRAÇÃO.
Quando ocorre a subsunção do fato à norma, nem sempre o aplicador encontra facilmente a norma aplicável ao caso concreto, daí surge a chamada INTEGRAÇÃO DAS NORMAS. Para aplicação das normas são fundamentais: a INTERPRETAÇÃO e a INTEGRAÇÃO.
– INTERPRETAÇÃO
A finalidade interpretativa da norma é: a) revelar o sentido da norma e b) fixar o seu alcance. São métodos de interpretação (não são excludentes e nem exclusivas entre si) das normas (Caio Mário fala em interpretação quanto aos elementos das normas jurídicas):
1. Literal ou gramatical – o exame de cada termo isolada e sintaticamente, na maioria das vezes, não é o melhor método; isoladamente nunca satisfaz.
2. Lógico – utilização de raciocínios lógicos indutivos ou dedutivos.
3. Sistemático – análise a partir do ordenamento jurídico no qual a norma se insere, a norma não será verificada isoladamente, será relacionada com o ordenamento jurídico.
4. Histórico – verificação dos antecedentes históricos, verificando as circunstâncias fáticas e jurídicas, até mesmo o processo legislativo. Caio Mário afirma que esse método não existe, o que há é o elemento histórico invocado para coadjuvar o trabalho do intérprete.
5. Finalístico ou teleológico – análise da norma tomando como parâmetro a sua finalidade declarada, adaptando-a às novas exigências sociais; não se analisam somente os aspectos históricos, mas também a própria finalidade.
Quanto mais métodos forem aplicados, no exercício da interpretação, melhor resultado será obtido pelo intérprete.
•	Quanto à origem ou quanto ao intérprete:
1. Doutrinária
2. Jurisprudencial – resulta do exercício da função jurisdicional
3. Autêntica ou pública – a lei interpretativa é considerada como a própria lei interpretada, estando assim, também sujeita a processo interpretativo (CAIO MÁRIO). A lei interpretativa tem que ter a mesma hierarquia da lei interpetrada.
•	Quanto aos resultados do alcance eficacial:
1. Declarativa
2. Extensiva
3. Restritiva
4. Ab-rogante
Não há hierarquia em relação aos critérios acima, e um não exclui o outro
A interpretação judicial, sempre com fundamento no dispositivo acima, busca também atualizar o entendimento da lei, dando-lhe uma interpretação atual que atenda aos reclamos das necessidades do momento histórico em que está sendo aplicada. 
Cândido Rangel Dinamarco: a regra de ouro em toda a interpretação jurídica consiste na atenção ao BEM-COMUM, ou seja, às projeções da lei sobre a vida das pessoas, dos grupos e da própria sociedade, com a responsabilidade de causar-lhes sensações felizes segundo critérios de justiça (os fins sociais da lei, artigo 5º, LICC).
– INTEGRAÇÃO
Quando inexiste lei a ser aplicada diretamente ao caso, deve o magistrado se valer de outras fontes do Direito para encontrar a regra que efetivamente deve disciplinar a relação jurídica sujeita à sua apreciação, ou seja, para aplicar o Direito (grande desafio do operador do direito). A LICC permite a integração na hipótese de lacunas (falta de previsão legal sobre uma matéria), nos termos do artigo 4º (REGRA DE OURO para a integração das leis):
Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
Essas são as fontes supletivas do direito, juntamente, com a DOUTRINA, a JURISPRUDÊNCIA e a EQÜIDADE, que são também métodos de integração da norma jurídica. 
A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara (isso é um dogma). Já a integração depende da existência de lacunas, que, por sua vez, podem ser: 
a. AUTÊNTICAS (PRÓPRIAS) – ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese
b. NÃO-AUTÊNTICAS (IMPRÓPRIAS) – o legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto. EXEMPLO: cabimento de embargos de declaração contra decisão interlocutória.
“SILÊNCIO ELOQÜENTE” – o legislador quis excluir a possibilidade, é a possibilidade de se restringir a aplicação da lei com base na LACUNA NÃO-AUTÊNTICA. Exemplo: competência constitucional da Justiça Federal não pode ser ampliada pelo legislador, sob a alegação de tratar-se de lacuna. Trata-se de rol taxativo (numerus clausus).
Aceita-se a integração das lacunas em razão do princípio que determina que o juiz não pode se eximir de julgar sob tal alegação (“Princípio do non liquet” que, no Direito Romano, permitia ao pretor eximir-se de julgar alegando que o caso não está suficientemente claro).
Analogia pode ser dividida em:
a. analogia legal – a relação de semelhança toma por base outra lei; Analogia legis é aquela extraída da própria lei, quando a norma é colhida de outra disposição legislativa, ou de um complexo de disposições legislativas. De uma determinada norma, aplicável a determinado caso concreto, extraem-se os elementos que autorizam sua aplicação a outro caso concreto, não previsto, porém, semelhante.
b. analogia juris – a relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso concreto. É extraída filosoficamente dos princípios gerais que disciplinam determinado instituto jurídico; a norma é tirada do inteiro complexo da legislação vigente ou do sistema legislativo.
Para melhor entender a distinção apontada, devemos ter em mente que tanto na analogia legis quanto na juris, constata-se a lacuna legal. Porém, se se entender que há regra legal no ordenamento que trate de assunto semelhante, tem-se a analogia legis. Entretanto, se após constatar a lacuna, se negar a existência de uma norma particular aplicável por analogia, a solução estará nos princípios gerais do direito, e não em um texto de lei específico. Esta ultima hipótese é a analogia juris. Diríamos que a analogia legis é a analogia em sentido estrito, ao passo que a analogia juris seria a analogia em sentido amplo. A primeira é a analogia propriamente dita. A segunda trata de outra forma de integração: princípios gerais do direito.
A analogia não pode ser confundida com a INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Nesta, não há lacuna, mais sim ampliação do conteúdo aparente de uma norma, na qual o legislador disse menos do que queria efetivamente dizer (Ex: poligamia sendo enquadrada no crime de bigamia, ou seja, o legislador disse menos do que queria e o intérprete amplia a interpretação). Naquela, há aplicação de norma jurídica existente a caso não previsto, mas essencialmente semelhante. 
Há dificuldade de aplicação dos costumes, já que nosso direito não é costumeiro; a fonte primária, no Brasil, é a lei. Costume pode ser: 
a. secundum legem – sua eficácia obrigatória é reconhecida pela lei, como nos casos dos arts. 1.297, § 1º, 596 e 615 do CC
b. praeter legem – tem caráter supletivo, complementar à lei. Ex.: cheque pós-datado (vulgo pré-datado) como garantia de pagamento.
c. contra legem – tem caráter ab-rogante, ou seja, de revogação total. Isso é complicado, já que costume é fonte secundária do direito e não pode revogar a lei. Mas existem exemplos que demonstram a aplicação do costume contra lei. Ex.: reconhecimento jurisprudencial da possibilidade de comprovação de contrato por testemunha no caso de venda de gado. Trata-se no máximo de perda da eficácia da lei e não da perda da sua validade (DESUSO). 
- APLICAÇÃO TEMPORAL DE NORMAS JURÍDICAS
A vigência da norma surge com a sua publicação no Diário Oficial quando, em tese, todos tomam conhecimento. Por ficçãojurídica do artigo 3º, ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. O artigo 1º trata o início de vigência temporal das leis.
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada.
§1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 meses depois de oficialmente publicada.
§2º A vigência das leis, que os governos estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende a aprovação deste e começará no prazo que a legislação estadual fixar. (NÃO EXISTE MAIS DESDE A CF/37).Revogado pela Lei n° 12.036/2009.
§3º Se antes de entrar em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
Questão surge sobre a possível revogação, pelo art. 8º da LC 95/98, da hipótese de vacatio legis tácita prevista no artigo 1º, da LICC:
Artigo 8º A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar PRAZO RAZOÁVEL PARA QUE DELA SE TENHA AMPLO CONHECIMENTO, reservada a cláusula “entra em vigor na data de sua publicação” para as leis de pequena repercussão.
§1º A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.
§2º As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula “esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial”.
Artigo 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.
O art. 1º da LICC foi revogado? NÃO. Ele apenas assumiu um CARÁTER RESIDUAL, porque só será utilizado quando indevidamente o legislador deixar de estabelecer prazo de vacatio (indevidamente porque o art. 8º, da LC 95/98 diz que toda lei tem que ter vacatio, e que ela só pode entrar em vigor na data da sua publicação se for de pequena repercussão).
Existem três hipóteses de vacatio legis:
a) ter sido fixada data posterior para momento de início de efeitos;
b) dever entrar em vigor 45 dias após publicada, em face de omissão de norma explícita;
c) estar pendente de regulamento, explícita ou implicitamente (normas de eficácia limitada).
E se o legislador entender que uma determinada lei é de pequena repercussão, quando na verdade não é, existe alguma sanção? Não, não existe. A compreensão, o entendimento sobre se uma determinada lei é ou não de pequena repercussão fica a cargo do próprio legislador. E é por isso que é somente o próprio texto legal que pode deliberar sobre a vigência da lei. Não há qualquer possibilidade de se transferir a um terceiro, que não seja o próprio legislador, a deliberação sobre se uma lei é ou não de pequena repercussão.
Uma lei em período de vacatio pode ser modificada? A lei já existe, e se ela já existe, só pode ser modificada por lei nova. Assim, durante o período de vacatio, ela somente pode ser modificada em sua estrutura por uma nova lei. Também as correções feitas à lei já em vigor só podem se dar por nova lei (caso em que a vacatio somente valeria para a parte alterada).
Normalmente, a norma vige para o futuro. Excepcionalmente pode existir o fenômeno da ULTRATIVIDADE, ou seja, uma norma, não mais vigente, continua a regular os fatos anteriores à sua saída do sistema. CAIO MÁRIO: essa questão é relevante na medida em que é posto o conflito existente entre o PROGRESSO SOCIAL x PRINCÍPIO DA SEGURANÇA E DA ESTABILIDADE SOCIAL. Existem várias teorias que analisam o direito intertemporal:
a) TEORIAS SUBJETIVISTAS (SAVIGNY, LASSALE) – muitas críticas, é uma teoria insuficiente, o seu conceito para o direito adquirido é vicioso. Apesar disso, tem grande aplicação, mas vem perdendo terreno para as teorias objetivistas.
b) TEORIAS OBJETIVISTAS (DE PAGE, COLIN E CAPITAN) – falam das situações jurídicas definitivamente constituídas.
Ocorre a intertemporalidade conflitual de normas jurídicas quando duas normas - a lei revogada e a revogadora - parecem se colocar em posição potencial de regular um mesmo fato da realidade. Cabe ao direito intertemporal dar solução a este conflito, fixando o alcance das normas que se sucedem. 
O princípio básico dessa matéria é o princípio da não-retroatividade das leis (tempus regit actum), ou seja, a idéia de que a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência, os fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que foram praticados.
Porém, podem existir casos que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei nova, alcançando fatos pretéritos ou os seus efeitos. Para disciplinar essas hipóteses, a doutrina efetuou uma clássica distinção entre retroatividade máxima, média e mínima (MATOS PEIXOTO), porque a força retroativa da lei não tem sempre a mesma intensidade.
 
	RETROATIVIDADE
	MÁXIMA OU RESTITUTÓRIA OU RESTITUTIVA
	MÉDIA
	MÍNIMA ou TEMPERADA ou MITIGADA
	a lei nova abrange a coisa julgada (sentença irrecorrível) ou os fatos jurídicos consumados
	a lei nova atinge os direitos exigíveis mas não realizados antes de sua vigência
	a lei nova atinge apenas os efeitos dos fatos anteriores, verificados após a data em que ela entra em vigor
	EXEMPLO 01: lei canônica que aboliu a usura e obrigava o credor solúvel a restituir ao devedor, aos seus herdeiros ou, na falta destes, aos pobres os juros já recebidos
	EXEMPLO: uma lei que diminuísse a taxa de juros e se aplicasse aos já vencidos, mas não pagos (prestação vencida, mas ainda não adimplida).
	EXEMPLO 01: constituição de Justiniano que limitou a 6% em geral, após a sua vigência, taxas de juros dos contratos anteriores
	EXEMPLO 02: a lei francesa de 12 brumário do ano II (3 nov. 1793), que admitiu os filhos naturais à sucessão paterna e materna, em igualdade de condições com os filhos legítimos, desde 14 de julho de 1789. A retroatividade operava radicalmente no passado até a data referida, refazendo mesmo as partilhas definitivamente julgadas
EXEMPLO 03: Art. 96, p. único, CF de 1967, que permitia ao Parlamento rever a decisão do STF que declarava a inconstitucionalidade de uma lei.
	
	EXEMPLO 02: o Dec. nº 22.626, de 7 de abril de 1933 (lei de usura), que reduziu a 12% em geral as taxas dos juros vencidos após a data da sua obrigatoriedade
EXEMPLO 03: Art. 7°, IV, da CF, que ao vedar a vinculação ao salário mínimo para qualquer fim, significou que deverá valer para prestações futuras de negócios celebrados antes de sua vigência.
	
	
	
	Como é no brasil: exceção (somente se houver previsão expressa na lei)
	Como é no brasil: exceção (somente se houver previsão expressa na lei)
	Como é no brasil: é a regra.
Várias são as doutrinas que procuram fundamentar a idéia da irretroatividade das leis e dar conta dessa noção de possível retroatividade na aplicação da lei nova. Podemos agrupá-las fundamentalmente em três tipos de teorias distintas: as objetivas, as subjetivas e as ecléticas.
	TEORIAS OBJETIVAS
	TEORIAS SUBJETIVAS
	TEORIAS ECLÉTICAS
	englobam as doutrinas fundadas preponderantemente sobre critérios do direito objetivo, tais como o objetivo da lei, a distinção entre direito absoluto e relativo, a estrutura da norma jurídica
	a irretroatividade da lei está ligada à definição de direito adquirido, entendido este como o que pertence a alguém em caráter definitivo e não mais pode lhe ser tirado. Sua principal característica é o liame entre o direito e seu titular
	visam à conciliar esses dois pontos extremos
	Planiol defende a tese de que a lei é retroativa somente quando alcança o que já ocorreu no passado. No caso da chamada retroatividade mínima não ocorreria retroatividade mas tão-somente aplicação imediata da lei.
	fundam-sena concepção de direito adquirido, entendidos estes como sendo aqueles que entram em nosso domínio, dele constituindo parte integrante
	ROUBIER: concepção francesa de "situação jurídica". a base fundamental da ciência do conflito das leis no tempo é a distinção entre efeitos retroativos e imediatos da lei. Uma lei apenas poderia ser reputada retroativa quando viesse a possuir a pretensão de ser aplicada a fatos passados (facta praeteria). Quando se aplicasse aos fatos presentes haveria apenas efeito imediato da lei e não retroatividade
	teorias dos fatos realizados
	Gabba: é perfeitamente justa a aplicação da lei nova a relações constituídas anteriormente, desde que se respeitem todos aqueles direitos adquiridos por qualquer das partes que nestas estejam envolvidas
	princípio do efeito imediato da lei comporta, contudo, uma importante exceção: trata-se dos contratos sucessivos ou de execução continuada. Neste caso deve sobreviver a lei pretérita que o regeu originariamente
Dessa natureza CONSTITUCIONAL do princípio da irretroatividade das leis no direito brasileiro surgem importantes consequências, como a aplicação deste a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. 
É princípio assente também, com base na natureza constitucional da irretroatividade, que a lei nova não alcança os efeitos futuros dos contratos celebrados anteriormente a ela, e que só atingirá os facta pendentia no que não contrariar direito adquirido.
DIREITO ADQUIRIDO – direito já incorporado ao patrimônio do particular. Direito adquirido somente tem conteúdo patrimonial. Não existe direito adquirido de caráter personalíssimo
Questão fundamental sobre a aplicação temporal das leis reside na REVOGAÇÃO:
Artigo 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (REVOGAÇÃO TÁCITA).
§2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Este dispositivo consagra o princípio da continuidade da lei, pelo qual a norma, a partir de sua entrada em vigor, tem eficácia contínua, até que outra a modifique ou revogue. 
A revogação pode ser:
1) Expressa
2) Tácita – o artigo 9º da LC 95/98 não acabou com a hipótese de revogação tácita, porque mesmo que a nova lei não mencione expressamente a revogação dos dispositivos, o ordenamento jurídico não comporta a existência de duas leis antagônicas. PAMPLONA: não é possível esse entendimento, porque significaria a revogação da própria LICC, e a LC 95/98 (mesmo com a redação dada pela LC 107) não revogou a LICC, até porque também não foi expressa na revogação, assim, também não é válida nesse aspecto, porque desobedeceu a sua própria regra.
Art. 9º A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas.
1) Total = Ab-Rogação
2) Parcial = Derrogação: Uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior, como se deu em face da parte primeira do Código Comercial de 1850, conforme está previsto no art. 2.045, segunda parte, do CC.
REPRISTINAÇÃO é a restauração da norma revogada pela revogação da norma revogadora. Há vedação de sua existência no ordenamento, por força do §2º do artigo 2º, da LICC. A lei revogada NÃO se restaura pela revogação da lei revogadora, SALVO se a nova lei revogadora disser que ocorre (§3º do artigo 2º). 
§2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
§3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Vê-se que o ordenamento jurídico brasileiro não admite a repristinação tácita, que não deve se confundir, contudo, com o EFEITO REPRISTINATÓRIO TÁCITO, que tem duas hipóteses de ocorrência:
1) Art. 11, § 2º da Lei 9.868/99 (ADI e ADC): Se o STF concede cautelar em sede de controle de constitucionalidade abstrato, suspendendo a vigência e eficácia da lei revogadora, e for omisso quanto a lei anterior (revogada), esta automaticamente volta a produzir efeitos, ainda que seja considerada inconstitucional (mas que não tenha sido declarada inconstitucional por decisão definitiva de mérito) => efeito repristinatório tácito, pois na decisão não houve expressa previsão sobre a lei anterior.
2) o STF, em ADI, profere decisão definitiva de mérito entendendo ser a lei revogadora inconstitucional, gerando efeitos retroativos (não modula os efeitos). Tal lei, então, não poderia ter revogado a lei anterior, pois é inconstitucional => efeito repristinatório tácito (se a decisão definitiva de mérito em ADI gerar efeitos retroativos, lei anterior volta a produzir efeitos, pois lei que a revogou foi definitivamente declarada inconstitucional, com efeitos retroativos).
	
Em resumo, o efeito repristinatório tácito é cabível quando do exercício pelo STF de controle de constitucionalidade abstrato, seja na concessão de medida cautelar, seja na hipótese de prolação de decisão definitiva de mérito; mas NUNCA no controle de constitucionalidade difuso.
O dispositivo abaixo demonstra que a lei é IRRETROATIVA. 
Artigo 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
§1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 
Note-se que, diante da coisa julgada inconstitucional, esses conceitos devem ser relativizados.
1) Disposições Transitórias – adequação da ordem jurídica a uma nova prescrição legal, protegendo e preservando situações que demandam proteção no período de transição de uma ordem para outra. EXEMPLO: ADCT – estabilidade. São provisórias, têm limitação temporal na amplitude da norma jurídica. TRF1: esse regime legislativo tem um nome próprio.
2) Retroatividade – a vigência (momento em que a norma é posta no mundo jurídico) não pode retroagir. A eficácia pode retroagir. A regra é a IRRETROATIVIDADE (LEGAL E CONSTITUCIONAL = TRF1). A exceção é a RETROATIVIDADE, que, para ser admitida, algumas situações de maior relevância são preservadas. EXEMPLO: direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. É importante destacar as hipóteses de relativização da coisa julgada, que podem ocorrer nos casos de inconstitucionalidade da sentença, ou exame de DNA. Nessa última hipótese, quando foi declarado pai e não o era (cabe a relativização); se, espontaneamente, declarou-se pai, mas não o era (não cabe a relativização). 
STF: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE DECLARADA EXTINTA, COM FUNDAMENTO EM COISA JULGADA, EM RAZÃO DA EXISTÊNCIA DE ANTERIOR DEMANDA EM QUE NÃO FOI POSSÍVEL A REALIZAÇÃO DE EXAME DE DNA, POR SER O AUTOR BENEFICÁRIO DA JUSTIÇA GRATUITA E POR NÃO TER O ESTADO PROVIDENCIADO A SUA REALIZAÇÃO. REPROPOSITURA DA AÇÃO. POSSIBILIDADE, EM RESPEITO À PREVALÊNCIA DO DIREITO FUNDAMENTAL À BUSCA DA IDENTIDADE GENÉTICA DO SER, COMO EMANAÇÃO DE SEU DIREITO DE PERSONALIDADE. 1. É dotada de repercussão geral a matéria atinente à possibilidade da repropositura de ação de investigação de paternidade, quando anterior demanda idêntica, entreas mesmas partes, foi julgada improcedente, por falta de provas, em razão da parte interessada não dispor de condições econômicas para realizar o exame de DNA e o Estado não ter custeado a produção dessa prova. 2. Deve ser relativizada a coisa julgada estabelecida em ações de investigação de paternidade em que não foi possível determinar-se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes, em decorrência da não realização do exame de DNA, meio de prova que pode fornecer segurança quase absoluta quanto à existência de tal vínculo. 3. Não devem ser impostos óbices de natureza processual ao exercício do direito fundamental à busca da identidade genética, como natural emanação do direito de personalidade de um ser, de forma a tornar-se igualmente efetivo o direito à igualdade entre os filhos, inclusive de qualificações, bem assim o princípio da paternidade responsável. 4. Hipótese em que não há disputa de paternidade de cunho biológico, em confronto com outra, de cunho afetivo. Busca-se o reconhecimento de paternidade com relação a pessoa identificada. 5. Recursos extraordinários conhecidos e providos. (RE 363889, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 02/06/2011, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-238 DIVULG 15-12-2011 PUBLIC 16-12-2011).
	RETROATIVIDADE
	IRRETROATIVIDADE
	RETROATIVIDADE MÍNIMA 
(TEMPERADA OU MITIGADA)
	Norma que atinge os efeitos de atos jurídicos já praticados sob o império da norma revogada.
	Norma que não se aplica a qualquer situação jurídica constituída anteriormente.
	Norma que atinge os efeitos futuros de atos anteriores à sua vigência (TRF1).
Não é propriamente uma retroatividade, é mais uma aplicação imediata da lei. 
Os fatos e as relações jurídicas são sempre regidos pela lei sob cujo império nasceram, mesmo quando esta lei é ab-rogada e substituída por outra. Entretanto a lei nova pode, em certas circunstâncias excluir a aplicação da lei anterior, o que ocorre quando o sentimento jurídico ou a razão do legislador são por tal forma contrariados pela lei antiga, que seu efeito material se torna a partir daí insuportável
A diferença entre o ato jurídico perfeito e o direito adquirido é muito difícil de ser estabelecida. Conceitos básicos:
1) Ato Jurídico Perfeito – ato que já se consumou segundo a lei de seu tempo
2) Direito Adquirido – direito já incorporado ao patrimônio do particular
Direito adquirido somente tem conteúdo patrimonial, é somente aquele direito que foi incorporado ao patrimônio. Não existe direito adquirido de caráter personalíssimo. Todo direito adquirido é sempre de conteúdo patrimonial.
DIREITO ADQUIRIDO anteriormente ao surgimento de uma NOVA CONSTITUIÇÃO não estão protegidos contra ela, salvo se a própria constituição assim o desejar (ADI 248.RJ). 
Em relação a emendas constitucionais, há posicionamento em ambos os sentido, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, pela possibilidade e impossibilidade de flexibilização (Marcelo Novelino, Direito Constitucional, p.93).
Segue trecho do livro do Gilmar Mendes (Curso de Direito Constitucional):
Encontram-se vozes tanto no sentido de que o poder de revisão não pode desnaturar, nos casos concretos, os direitos já incorporados ao patrimônio jurídico dos seus titulares, como no sentido de que isso não é aplicável. Sustentada a primeira posição, invoca-se a história da garantia do direito adquirido, para mostrar que o destinatário da sua vedação é o legislador ordinário. Reforça-se o argumento com a invocação do texto do art. 5º, XXXVI, da CF, que impede a lei de prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
A segunda posição anotada parte do suposto de que a garantia do direito adquirido foi concebida também em face do legislador constitucional derivado. O revisor da Constituição não poderia suprimir essa garantia do texto constitucional (...). Afirma-se que, quando o art. 5º, XXXVI, da CF determina que a lei não prejudique o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, o termo lei não é referido na sua acepção estrita. (...) Recentemente, o STF, em julgamento decidido por apertada maioria de um voto, entendeu que membros aposentados da Corte, que recebiam quantia superior ao teto salarial extraído da EC 41/2003, faziam jus (...) a continuar a perceber montante que superava o teto, até que a quantia excedente viesse a ser absorvida por subsídio posterior de maior valor. (MS 24.875/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 11.5.2006).
O tempo de aposentadoria não é direito adquirido, mas mera expectativa de direito.
A norma jurídica (sentença, ato administrativo) deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Contudo, o Poder Constituinte Originário NÃO tem limites, podendo afastá-los, mas o Poder Constituinte Derivado não pode, porque eles são direitos fundamentais protegidos como cláusulas pétreas. (Atenção à tese das “normas constitucionais inconstitucionais”, de OTTO BACHOFF, que entende existir norma inconstitucional mesmo advinda do poder constituinte originário – fato cobrado pela Banca da Prova Oral do TJSP).
Entretanto, o STF afirma que o direito adquirido não poderia ser levado aos extremos, já que se fosse assim não poderia ter havido a abolição da escravatura, pois os senhores teriam direito adquirido aos seus escravos. 
A aprovação em concurso público é mera expectativa de direito, já que à Administração caberá discricionariamente decidir a contratação, mas o STF entende que se a administração contratar outros, passa a ser direito adquirido, durante o prazo de validade do concurso. Em que pese não ser tema de civil, acredito ser importante fazer as colocações abaixo:
A jurisprudência consolidou duas situações: 
1) Se o candidato for preterido na ordem de classificação, tem o direito à nomeação – Súm. 15 do STF: “Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação”. 
2) Se a Administração tem concurso válido, com candidatos aprovados, e em vez de nomear os candidatos, realiza vínculos precários, o candidato terá direito à nomeação. 
STJ (6ª Turma) mudou de opinião e passou a considerar que o sujeito tem direito subjetivo à nomeação (RMS 20.718). Reconhece o direito à nomeação, desde que o candidato esteja dentro do número de vagas e enquanto válido o concurso. O administrador tem discricionariedade quando da elaboração do edital, podendo fazê-lo de acordo com as suas necessidades. Uma vez publicado o edital, a administração terá de cumpri-lo. O ato se torna vinculado. Em outubro de 2008, o STF proferiu decisão sobre esse assunto (1ª Turma, RE 227.480). Nesse recurso, o STF, por decisão majoritária, reconheceu que os candidatos aprovados em concurso público têm direito subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade do concurso. A recusa da Administração Pública em prover cargos vagos quando existentes candidatos aprovados em concurso público deve ser motivada, e esta motivação é suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário. 
Aproveitando o ensejo, confira-se a mais atual jurisprudência do STJ e STF sobre o direito à nomeação dos candidatos aprovados em concurso público:
SITUAÇÃO 1
Regra: Candidato aprovado dentro do número de vagas: direito subjetivo
O candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital do concurso público possui direito subjetivo de ser nomeado e empossado dentro do período de validade do certame. Posição pacífica do STJ e STF.
Exceções:
O STF, ao analisar o tema em sede de repercussão geral, identificou hipóteses excepcionais em que a Administração pode deixar de realizar a nomeação de candidato aprovado dentro do número de vagas, desde que se verifique a ocorrência de uma situação com as seguintes características (RE 598.099/MS, Pleno, DJe de 3.10.2011):a) superveniência: os eventuais fatos ensejadores de uma situação excepcional devem ser necessariamente posteriores à publicação do edital do certame público;
b) imprevisibilidade: a situação deve ser determinada por circunstâncias extraordinárias, imprevisíveis à época da publicação do edital;
c) gravidade: os acontecimentos extraordinários e imprevisíveis devem ser extremamente graves, implicando onerosidade excessiva, dificuldade ou mesmo impossibilidade de cumprimento efetivo das regras do edital;
d) necessidade: a solução drástica e excepcional de não cumprimento do dever de nomeação deve ser extremamente necessária, de forma que a Administração somente pode adotar tal medida quando absolutamente não existirem outros meios menos gravosos para lidar com a situação excepcional e imprevisível.
SITUAÇÃO 2:
Regra: Se o candidato foi aprovado fora do número de vagas (o concurso não previa cadastro de reserva), mas durante o prazo de validade do concurso foram criados novos cargos, ele terá direito subjetivo à nomeação?
Não necessariamente. O candidato aprovado fora do número de vagas, em princípio, não tem direito subjetivo à nomeação, mesmo que surjam ou sejam criadas vagas durante o prazo de validade do concurso. Assim, o fato de terem sido criados novos cargos enquanto ainda vigente o concurso não obriga, por si só, a Administração a nomear o candidato aprovado fora do número de vagas:
“A mera criação de novos cargos enquanto ainda vigente o concurso não garante, por si só, o direito do candidato aprovado, mas não classificado dentre as vagas ofertadas, à nomeação. Tampouco obriga, a princípio, a administração a prorrogar o prazo de validade do concurso, ato discricionário, submetido ao juízo de oportunidade e conveniência administrativas.” (AgRg no REsp 1263916/PR, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 14/08/2012, DJe 24/08/2012) (STJ AgRg no REsp 1263916/PR).
Exceção:
O candidato aprovado fora do número de vagas do edital adquire direito subjetivo à nomeação caso consiga comprovar que:
a) surgiram novas vagas durante o prazo de validade do concurso público; e
b) existe interesse da Administração Pública em preencher essas vagas.
SITUAÇÃO 3:
Regra: Se o candidato foi aprovado fora do número de vagas, mas dentro do cadastro de reserva previsto no edital e durante o prazo de validade do concurso surgiram novos cargos, ele terá direito subjetivo à nomeação?
Em regra sim. Segundo vem decidindo o STJ, “a aprovação do candidato dentro do cadastro de reserva, ainda que fora do número de vagas inicialmente previstas no edital do concurso público, confere-lhe o direito subjetivo à nomeação para o respectivo cargo, se, durante o prazo de validade do concurso, houver o surgimento de novas vagas, seja em razão da criação de novos cargos mediante lei, seja em virtude de vacância decorrente de exoneração, demissão, aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável ou falecimento.” (RMS 38443/AC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 02/04/2013).
Exceções
Existem exceções? Em outras palavras, existem casos em que o candidato foi aprovado fora do número de vagas, mas dentro do cadastro de reserva, e que ele não terá direito subjetivo à nomeação mesmo tendo surgido novas vagas?
SIM, são as mesmas exceções previstas na situação 1. Assim, o candidato aprovado dentro do cadastro de reservas poderá deixar de ser nomeado mesmo que tenham surgido novos cargos caso se verifique uma situação superveniente, imprevisível, grave e necessária.
Exemplo: não haverá direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado dentro do cadastro de reservas mesmo que tenham surgido vagas na hipótese em que não houver dotação orçamentária para a realização de nomeações. O reconhecimento da existência de necessidade de servidores não garante, por si só, a nomeação de candidatos, se o orçamento desse ano não suporta o acréscimo de despesas (Fonte: Dizer o Direito).
– APLICAÇÃO ESPACIAL DE NORMAS JURÍDICAS
É pela LINDB que serão solucionados os conflitos decorrentes da aplicação espacial de normas, que estão relacionadas à noção de soberania dos Estados. Por isso que a LINDB é considerada o Estatuto de Direito Internacional Privado brasileiro. O Brasil adota o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MODERADA, ou seja, é a lei brasileira a adotada, mas admite-se a aplicação, em certos casos, de lei estrangeira. 
Somente se aplica a lei estrangeira excepcionalmente, nos casos previstos em lei. Para tanto é preciso que se estabeleça um elo, uma regra de conexão que nos conecte ao direito estrangeiro, quando isso for permitido. E o direito brasileiro estabeleceu como regra de conexão principal o ESTATUTO PESSOAL – lei do domicílio do interessado (ESTATUTO PESSOAL é fenômeno das normas de um Estado acompanharem seu nacional para regular seus interesses em outro país, o Brasil admite isso em algumas situações). 
Assim, a regra é a de que ao direito brasileiro se aplica a lei brasileira. Vejamos agora quais são as 7 exceções previstas em lei em que se aplica a lei estrangeira, pela regra do estatuto pessoal:
1) Nome;
2) Personalidade;
3) Capacidade;
4) Direito de família;
5) Bens móveis que a pessoa traz consigo;
6) Penhor;
7) Capacidade para suceder.
Atenção: a aplicação dessas 7 exceções, contudo, depende da compatibilidade constitucional e com a ordem jurídica interna, sob pena de afronta à soberania nacional. Se for incompatível com o nosso sistema, não se aplica o estatuto pessoal.
Ex.: um árabe já casado vem ao Brasil e quer se casar com uma brasileira, alegando que no seu país é possível um homem casar-se com mais de uma mulher. Ocorre que o seu estatuto pessoal não valerá no Brasil, em relação a essa questão, pois o Brasil veda expressamente a bigamia.
Exceções das exceções: casos em que se aplica a lei estrangeira, mas não submetidas ao estatuto pessoal e sim a uma regra própria. São eles:
1) Bens imóveis: aplica-se a lei do lugar em que estiverem situados;
2) Lugar da obrigação (internacional): aplica-se a lei do domicílio do proponente;
3) Regra sucessória mais benéfica: quando se tratar de bens de estrangeiros situados no Brasil, aplica-se a regra sucessória mais benéfica.
Além da aplicação da lei estrangeira no Brasil, também se permite o cumprimento da sentença, do laudo arbitral ou da carta rogatória estrangeira, desde que tenha sido homologada pelo STJ – o STJ homologa, mas a execução será do juiz federal de 1ª instância, seja qual for a matéria.
Obs.: Para que o STJ homologue uma sentença, um laudo arbitral ou uma carta rogatória estrangeira, exige-se, além da compatibilidade constitucional, o requisito da Súm. 420, STF, que diz expressamente que só será possível homologar no Brasil decisão judicial que tenha transitado em julgado.
O STF vem entendendo que toda e qualquer decisão judicial estrangeira, seja ela condenatória, constitutiva ou declaratória, somente pode ser cumprida no Brasil se houver homologação do STJ. Por isso nós podemos afirmar que o art. 15, P.U. da LINDB foi tacitamente revogado, porque ele dizia que não dependem de homologação as sentenças meramente declaratórias do estado das pessoas. Mas, em razão da superveniência dos arts. 483 e 484, CPC, entende o STF que esse dispositivo foi revogado – toda que qualquer sentença estrangeira precisa de homologação do STJ, não estando dispensadas dessa obrigatoriedade as sentenças meramente declaratórias.
A decisão proferida em país estrangeiro será homologada desde que não contrarie a soberania nacional e os princípios basilares do ordenamento jurídico pátrio (exequatur = autorização para cumprimento, no Brasil, da sentença estrangeira).
É bem verdade que a incidência universal da LINDB conta com algumas exceções, por ex.: no campo do direito penal e no campo do direito tributário somente se admite a analogia como mecanismo de integração das normas in bonam partem.
Decisão recente do STJ presumindo o trânsitoem julgado de sentença estrangeira:
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO CONSENSUAL. TRÂNSITO EM JULGADO. INFERIDO PELA NATUREZA DO PROCEDIMENTO. PRECEDENTES. REQUISITOS DE HOMOLOGAÇÃO PRESENTES.
1. Cuida-se de requerimento contestado em prol da homologação de sentença estrangeira de divórcio; é trazido um óbice à homologação, consubstanciado na alegação de inexistência de comprovação do trânsito em julgado.
2. No caso concreto, tem-se que a ação de divórcio foi ajuizada pelo requerido, assim como a sentença demonstra que o provimento judicial teve caráter consensual.
3. A jurisprudência do STJ é clara no sentido que, quando se trata de sentença homologanda de divórcio consensual, é possível inferir a característica de trânsito em julgado. Precedente: SEC 352/US, Rel.
Ministro Nilson Naves, Corte Especial, DJ 19.3.2007, p. 268. No mesmo sentido: SEC 6.512/EX, Rel. Ministro Sidnei Beneti, Corte Especial, DJe 25.3.2013; SEC 3535/IT, rel. Ministra Laurita Vaz, Corte Especial, DJe 16.2.2011; e AgRg na SE 3731/FR, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Corte Especial, DJe 1º.3.2010.
Pedido de homologação deferido.
(SEC 7.746/EX, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/05/2013, DJe 29/05/2013)
PESSOAS NATURAIS
	A forma como o CC dispõe sobre a pessoa (art. 1º) indica que a característica desta é a possibilidade de ser sujeito de direito. Ter personalidade civil, portanto, significa poder vir a ter direitos. PESSOA É O SER HUMANO OU ENTIDADE COM PERSONALIDADE, APTIDÃO PARA A TITULARIDADE DE DIREITOS E DEVERES.
	Vê-se pelo conceito de pessoa que o mesmo remete à personalidade, ou seja, pessoa “é quem possui personalidade”. Segundo Caio Mário,
	“A ideia de personalidade está intimamente ligada à de pessoa, pois exprime a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres.”
	Percebe-se que o conceito de personalidade é construído segundo uma teoria clássica, que a identifica com capacidade (de direito). Tal noção adequa-se não apenas aos homens, mas também às pessoas jurídicas (ou “entes morais”, nos dizeres de Caio Mário). Personalidade seria, então, o atributo “jurídico” do fato de ser pessoa, uma projeção social da personalidade psíquica.
	O segundo sentido de personalidade associa-se ao ser humano e traduz-se como valor ético emanado do princípio da dignidade da pessoa humana e da consideração pelo direito civil do ser humano em sua complexidade, relacionando-se a direitos que tocam somente à pessoa natural (direitos da personalidade, segundo parcela da doutrina que exclui a PJ de seu âmbito).
	AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE: nos termos do art. 2º do CC, ocorre com o nascimento com vida, quando há a separação do ventre materno e o ar entra nos pulmões, fazendo com que a pessoa respire (o que é aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno). Mesmo que morra em seguida, há aquisição de personalidade e, conseqüentemente, possibilidade de ser sujeito de direitos que, com a morte, serão transmitidos aos herdeiros. Nosso CC adota, como se vê, a teoria natalista. Conseqüentemente, o natimorto não adquire personalidade.
	O tema acima sublinhado é polêmico na atualidade, merecendo tratamento especial.
	NASCITURO: é o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. A discussão em torno de sua condição jurídica dá-se justamente em razão da delimitação do momento em que se inicia a existência humana, conforme exposto acima. A questão polêmica é que o CC afirma que os direitos do nascituro estão a salvo desde a concepção. Ou seja, não são pessoas, mas têm proteção jurídica, ensejando dúvidas sobre o início da personalidade. 
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Várias teorias tentam harmonizar essas regras: 
(1) NATALISTA (Caio Mário, Serpa Lopes, – inexistência da personalidade antes do nascimento com vida (esta, por sua vez, é considerada independentemente de viabilidade ou de forma humana). Assim, o nascituro TEM MERA EXPECTATIVA de direito; 
(2) TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL (Arnold Wald)– a personalidade existe desde a concepção, SOB A CONDIÇÃO de nascer com vida (condição suspensiva); 
(3) CONCEPCIONISTA (Bevilaqua, Teixeria de Freitas, Francisco Amaral, Maria Helena Diniz) – o nascituro tem personalidade jurídica, ele é a pessoa que está por nascer; os direitos que teria, porém, seriam somente os personalíssimos e os da personalidade, permanecendo os patrimoniais sob condição suspensiva. Maria Helena Diniz classifica a personalidade jurídica em formal e material: formal é aquela relacionada com os direitos da personalidade, o que o nascitura já tem desde a concepção; material é aquela que mantém relação com os direitos patrimoniais, e o nascituro só a adquire com o nascimento com vida. 
Percebemos que aos poucos, a teoria concepcionista vai ganhando mais espaços nos tribunais, inclusive na própria legislação brasileira, a exemplo da lei de alimentos gravídicos (lei 11804/2008), e de recentes decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro (RESP 399028-SP) e até mesmo pagamento de DPVAT pela morte de nascituro (noticiário de 15.05.2011).
Teoria adotada pelo CC/2002 
E qual das 3 teoria, afinal, foi adotada pelo condigo civil brasileiro? 
Clovis Beviláqua tem um livro, chamado, “COMENTÁRIOS AO CÓDIGO CIVIL DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL”, e ao comentar o artigo do CC/16 sobre o assunto, em posição ainda atual, o Código civil aparentemente pretendeu adotar a teoria NATALISTA “por parecer mais prática”, embora em diversos momentos sofra influência concepcionista. 
O CC quis ser mais prático, adotando a teoria natalista, mas em inúmeros pontos ele, o CC, sofre um inequívoco apelo a corrente concepcionista. 
Por fim, ressalte-se que o nascituro pode receber doação (sem prejuízo do ITCMD), ser beneficiado por legado ou herança, ter nomeado curador para defender seus interesses, não pode ser abortado (é crime) e, ainda, tem direito a alimentos (custos com a gestação), segundo a Lei 11.804/08 (EU: um reforço da tese natalista é o próprio art. 1º da referida lei: “Art. 1º. Esta lei disciplina o direito de alimentos DA MULHER GESTANTE (e não do nascituro) e a forma como será exercido”).
Enunciado 1 da I Jornada de Direito Civil do CJF: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.
	CAPACIDADE DE DIREITO OU DE GOZO: é a aptidão – em estado potencial – de ser titular de direitos patrimoniais e obrigações, tendo por termo inicial o nascimento e perdurando até a morte. Prevista no art. 1º do CC, atribui-se capacidade de direito também à PJ. O conceito de capacidade de direito se confunde com o de personalidade. Dentre os autores pesquisados, o único que diferencia é Francisco Amaral, mas numa explicação praticamente ininteligível. A personalidade jurídica é uma aptidão genérica. Toda pessoa tem personalidade, e por consequência toda pessoa tem capacidade, seja um adulto, seja uma criança. Capacidade neste sentido se relacionaria com a personalidade como faces da mesma moeda.
	CAPACIDADE DE EXERCÍCIO OU DE FATO: é a atribuição de exercer PESSOALMENTE os direitos, de agir juridicamente, por atos próprios ou mediante representante voluntário, praticando atos da vida civil. Diferentemente da capacidade de direito, nem todas as pessoas a possuem. É o caso dos incapazes, cujos atos jurídicos são praticados por meio de representantes ou assistentes. Ao contrário do que pode parecer – alguns a vêem como sanção, a (retirada da) capacidade de fato é medida de proteção ao incapaz, que, destituído da plenitude de discernimento, necessita de auxílio para a prática dos atos da vida civil (representação ou assistência).
	
A primeira é estática, a segunda, dinâmica. Reunidas as duas, fala-se em capacidade civil plena.Ressalte-se que ambas se diferenciam da legitimação ou legitimidade. A legitimação consiste em se averiguar se uma pessoa, perante determinada situação jurídica, tem ou não capacidade para estabelecê-la. Assim é que o cego não pode fazer testamento particular, o juiz não pode comprar bens da hasta que presidir, o tutor não pode adquirir bens do tutelado, irmãos não podem se casar, ainda que dotados de capacidade civil plena. Portanto, a capacidade é a aptidão para a prática em geral dos atos jurídicos, enquanto a legitimidade é específica para a prática de determinado ato.
	INCAPACIDADE: característica daqueles que, apesar de serem titulares de direito, não têm possibilidade de, pessoalmente, exercê-los, pois carecem de requisitos que a legislação considera essenciais para tanto. A limitação da capacidade plena (regra geral) decorre da pouca idade ou do estado de saúde anormal de alguém, de modo que sua manifestação de vontade não constitui elemento hábil à prática de atos jurídicos, eis que inexiste discernimento. Tal regime protege o patrimônio e, portanto, os interesses de seu titular. O direito gradua a deficiência na compreensão dos atos civis, dividindo a incapacidade em absoluta e relativa.
STJ: Info 503:
O acordo celebrado por deficiente físico, ainda que abrindo mão de tratamento particular de saúde em troca de pecúnia, não pode ser impugnado pelo MP sob o pálio do art. 5º da Lei 7.853/89. 
A deficiência física, por si só, não tira da pessoa sua capacidade civil e sua aptidão para manifestar livremente sua vontade. 
Além disso, no acordo objeto de homologação, o deficiente físico não renunciou a um tratamento de saúde, simplesmente optou pelo tratamento na rede pública. Terceira Turma. REsp 1.105.663-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/9/2012. 
	INCAPACIDADE: A ausência da capacidade de fato (e não a capacidade de direito, que é genérica) gera a incapacidade civil.
Esta incapacidade civil é também desdobrável em: 
a)	Incapacidade civil absoluta (artigo 3º) 
b)	Incapacidade civil relativa (artigo 4º) 
INCAPACIDADE ABSOLUTA: atinge aqueles listados no art. 3º do CC: 
Menores de 16 anos: presunção de imaturidade. No entanto, conforme previsão de enunciado formulado na III Jornada de Direito Civil do CJF, “a vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3o., é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento suficiente para tanto.” (importante para o direito de família)
Enfermos e deficientes mentais SEM DISCERNIMENTO para prática de atos civis: tal incapacidade será declarada por meio de um processo de interdição, que culminará numa sentença declaratória, pois a falta de discernimento surge com a alienação mental. Declarada a incapacidade, não são considerados válidos, inclusive, os atos praticados em intervalos de lucidez.
Aqueles que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. Ex.: ébrio eventual. O caráter temporário e a impossibilidade total de expressão da vontade são, simultaneamente, elementos essenciais para a configuração dessa forma de incapacidade absoluta.
Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são nulos, não podendo ser ratificados, pois tal vício não convalesce, podendo o juiz assim declará-los de ofício. Protege-se, entretanto, a boa-fé de terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos por seus representantes – pais, tutores ou curadores.
Absolutamente incapazes devem ser REPRESENTADOS por quem de direito.
INCAPACIDADE RELATIVA: zona intermediária entre a incapacidade absoluta e a capacidade plena, configurando apenas uma diferença quantitativa. A vontade dos relativamente capazes tem relevância jurídica, o que possibilita sua atuação direta nos atos civis, desde que acompanhados de assistente, com algumas exceções (ser mandatário, testemunhar). É causa de anulabilidade dos atos jurídicos. Atinge aqueles arrolados no art. 4º:
Maiores de 16 e menores de 18: idade reduzida em relação ao antigo código (16 a 21). Estes incapazes não podem eximir-se de uma obrigação se dolosamente ocultaram sua idade quando inquiridos ou, ainda, declararam-se maiores. Assim, não lhe aproveitam a possibilidade de anulação do ato jurídico, em razão da proteção da boa-fé de terceiro.
Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido: para tais pessoas, será designado um curador, graduado conforme o comprometimento mental do agente. Se aniquilar a capacidade, e não apenas reduzir, a incapacidade é absoluta. 
Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo: novidade no CC/2002
Pródigo: aquele que desordenadamente gasta e destrói o que é seu, reduzindo-se à miséria por sua culpa. A restrição da validade de seus atos à anuência de um assistente refere-se apenas àqueles que importem disposição patrimonial e que extrapolem a mera administração de seus bens. 
Dispõe ainda o parágrafo único do artigo 4º do CC: 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
(Pablo Stolze Gagliano) A disciplina normativa dos silvícolas está, agora, na legislação especial. A Lei 6.001/73 considera-o, em princípio, “agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação”. Ressalta a lei, todavia, a hipótese do índio demonstrar discernimento, aliado à inexistência de prejuízo em virtude do ato praticado, pelo que, aí, poderá ser considerado plenamente capaz para os atos da vida civil (...). Cumpre ainda fixar que a lei determina que “os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento”. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios.(...) Por isso, não é razoável afirmar-se a premissa de sua absoluta incapacidade, como quer a legislação especial. Apenas em hipóteses excepcionais, devidamente comprovadas, deve ser reconhecida sua completa falta de discernimento, para efeito de obter a invalidade dos atos por si praticados. Assim, acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria é considerar o índio, se inserido na sociedade, como plenamente capaz”.
Para o autor, situação do índio seria “situação verificável judicialmente”, inclusive com dilação probatória de tal condição.
Apesar de o NCC não ser expresso, perpetua-se a exclusão do benefício da restituição concedido aos menores, previsto no CC/16. Sendo assim, não se admite o desfazimento de atos praticados pelo representante ou em conjunto com o assistente, em nome do menor, sob o simples argumento de ter havido um prejuízo patrimonial.
EMANCIPAÇÃO: mecanismo que possibilita que o menor RELATIVAMENTE INCAPAZ torne-se plenamente capaz. É, pois, uma antecipação da capacidade de fato (e não da maioridade!).
VOLUNTÁRIA, por ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo ato irrevogável – sempre em benefício do menor. Nesse caso, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos. 
JUDICIAL, concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. 
LEGAL, em decorrência de situação inconciliável com a inaptidão para atos da vida civil, como: 1) casamento (a separação, a viuvez ou mesmo a anulação do casamento, para o cônjuge de boa-fé, não geram retorno à menoridade), inclusive daquele que não tem 16 anos (para evitar imposição de crime ou em caso de gravidez); 2) exercício de cargo ou emprego público efetivo; 3) colação de grau em curso de ensino superior; 4) estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego do maior de 16 anos que gerem economia própria.
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE: ocorre com a morte, exclusivamente (não há morte civil), evento que se caracteriza pela cessação de toda e qualquer atividade vital do indivíduo (para fins de transplante, considera-se suficiente a morte encefálica). 
Ela pode ser, no entanto, PRESUMIDA, nos casos:a) de ausência, nas ocasiões em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º), e b) se for extremamente provável a morte para quem estava em perigo de vida e, se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra (art. 7º). Ante a situação mais evidente do óbito, dispensa-se, nos últimos casos, a prévia declaração de ausência, minimizando o sofrimento dos parentes do desaparecido. Procede-se mediante justificação, segundo procedimento estabelecido na Lei de Registros Públicos, a fim de se promover o assento de óbito por meio de provas indiretas.
A lei previdenciária traz também uma hipótese de morte presumida.
	COMORIÊNCIA: no caso de não se poder precisar a ordem cronológica das mortes dos comorientes (pessoas que morreram em uma mesma situação), a lei firmará a presunção de haverem falecido no mesmo instante. Em caso de serem parentes, não sucedem um ao outro, abrindo-se cadeias sucessórias distintas.
1. DIREITOS DA PERSONALIDADE
	Uma das principais inovações do NCC é a existência de um capítulo próprio dos direitos da personalidade. Retrata a mudança axiológica da codificação, de um código agrário e conservador (que só abarcava os direitos subjetivos reais e obrigacionais) para outro que se preocupa substancialmente com o indivíduo, em sintonia com CF/88. Sua localização, no NCC, mostra, ainda, que o ser humano é o protagonista do novo sistema. É o fenômeno da despatrimonialização ou repersonalização do direito privado.
Conceito: são aqueles que têm por objeto os atributos FÍSICOS, PSÍQUICOS E MORAIS da pessoa em si e em suas projeções sociais, com o fim de proteger a essência e a existência do ser humano. A idéia que norteia sua disciplina é a de uma esfera extrapatrimonial do indivíduo, tutelada pela ordem jurídica com respaldo em uma série de valores não redutíveis pecuniariamente, como a vida, a integridade física, a intimidade, a honra etc.
Direitos da personalidade versus Liberdades Públicas: Alguns direitos da personalidade, se examinados em relação ao Estado (e não em contraposição a outros indivíduos), ingressam no campo das liberdades públicas, consagradas pelo Direito Constitucional. Conteúdo, as noções são distintas, quanto ao seu plano e seu conteúdo. Os direitos da personalidade situam-se acima do direito positivo, sendo considerados inerentes ao homem; as liberdades públicas, por sua vez, dependem necessariamente de positivação para assim serem consideradas. Quanto ao conteúdo, estas se inserem em categorias transindividuais (econômicas e sociais, por ex.), enquanto aqueles têm caráter individual.
Natureza: trata-se de poderes que o homem exerce sobre sua própria pessoa. É um tertium genus de direito subjetivo, de índole fundamental (vide art. 5º, § 2º, e art. 1º, III, da CF). Diga-se, ainda, que o seu objeto não é a própria personalidade, mas sim as manifestações especiais de suas projeções (físicas, psíquicas e morais), consideradas dignas de tutela jurídica, principalmente no sentido de que devem ser resguardadas de qualquer ofensa.
Sobre seus fundamentos jurídicos, há duas correntes: a POSITIVISTA (ou tipificadora), que identifica como direitos da personalidade somente aqueles reconhecidos pelo Estado, que lhes daria força jurídica, não aceitando, assim, a existência de direitos inatos à condição humana. A norma jurídica seria seu único fundamento, pois ética, religião, história, política, ideologia não passam de aspectos de uma mesma realidade. Por sua vez, a corrente JUSNATURALISTA relaciona os direitos da personalidade às faculdades exercitadas naturalmente pelo homem, pois são atributos inerentes à condição humana. É influenciada pelo jusnaturalismo e propugna que, por serem inatos, cabe ao Estado apenas reconhecê-los e sancioná-los, dotando-os de proteção própria, conforme o tipo de relacionamento a que se volte – contra o arbítrio do poder público ou as incursões de particulares.
Origem e Evolução: a idéia de pessoa começou a ser construída na Antiga Grécia, época em que a filosofia local contribuiu para a compreensão da existência de direitos inatos à personalidade humana enquanto desenvolvia a teoria do direito natural, expressão ideal dos valores morais como ordem superior ao direito positivo. No Direito Romano, havia a actio injuriarum, que tutelava os atributos da personalidade contra todo ato contrário ao direito e, especificamente, contra qualquer agressão física, difamação, ultraje e violação de domicílio. Na Idade Média, a Carta Magna de 1215 veiculou direitos da personalidade sob a forma de liberdades públicas. As declarações de direitos surgidas no fim do século XVIII deram substrato para a libertação do homem das limitações apostas pelo sistema feudal (destacava-se a figura do Estado de Direito). Paralelamente a elas e às constituições, havia um sistema em que imperava a autonomia de vontade, independentemente da efetiva igualdade entre contratantes ou da atuação de princípios fundamentais de proteção da pessoa humana. Durante o século XX, a sociedade torna-se mais complexa e as relações privadas já não encontram tutela num sistema que se baseava na propriedade. A Constituição de Weimar (1919) foi a primeira a trazer uma mudança de perspectiva para o direito privado. Tratava de institutos como família, propriedade, contrato e dispôs que os direitos da personalidade deveriam ser efetivamente aplicados nas situações concretas em que estivesse em jogo a personalidade. No período pós-guerra, os direitos da personalidade começaram a exibir seu perfil atual, como tutela de um mínimo essencial, a salvaguarda de um espaço privado que proporcionasse condições de pleno desenvolvimento da pessoa. Hoje, no Brasil, a posição da cidadania e da dignidade da pessoa humana como fundamentos da República (CF, art. 1º, II e III), juntamente com as garantias de igualdade material (art. 3º, III) e formal (art. 5º) consolidam uma cláusula geral da personalidade no ordenamento civil-constitucional. O NCC, por sua vez, reconheceu um estado atual de evolução da jurisprudência, sem pretender disciplinar exaustivamente a matéria.
Três elementos históricos contribuíram de forma decisiva para o desenvolvimento da teoria dos direitos da personalidade:
O advento do cristianismo, por ressaltar a dignidade do homem filho de Deus, reconhecendo um vínculo interior e superior, acima das circunstâncias políticas que determinavam em Roma os requisitos para o conceito de pessoa (status libertatis, status civitatis e status familiae). Exaltava o indivíduo, distinguindo-o da coletividade e dotando-o de livre arbítrio.
A Escola do Direito Natural, por assentar a concepção de direitos inatos ao ser humano, unidos à sua natureza de forma absoluta.
A filosofia iluminista, por enfatizar a valorização do indivíduo em face do Estado.
Titularidade: por excelência, é do ser humano, mas alcança também os nascituros, que, embora sem personalidade, têm direitos ressalvados desde a concepção. As PESSOAS JURÍDICAS também o são, no que diz respeito ao NOME e à IMAGEM, que acabam por atingir os valores societários. A CF não faz distinção entre pessoa natural e pessoa jurídica ao dispor sobre o direito à honra e à imagem, não podendo haver restrição na sua interpretação. A abrangência indistinta também ocorre no inciso V do art. 5º do texto constitucional (indenização por dano moral e à imagem). Assim, apesar de uma concepção originalmente antropocêntrica dos direitos da personalidade, são eles aplicáveis à PJ quanto aos atributos que lhe são reconhecidos (nome e outros sinais distintivos, segredo, criações intelectuais e outros). Tal entendimento já estava consagrado na jurisprudência, por Súmula do STJ (nº 18: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”) e agora o NCC põe fim à polêmica, com o art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. 
A corrente doutrinária divergente (Gustavo Tepedino, Cláudia Lima Marques) restringe atitularidade dos direitos da personalidade ao ser humano, por três motivos: (1) a origem de sua positivação está na Constituição Alemã, que dispõe expressamente que “a dignidade da pessoa humana é inviolável”; (2) a lesão a nome de PJ configura um dano patrimonial, não moral, pois ela só tem honra objetiva (externa ao sujeito – consiste no respeito, consideração, apreço) e o prejuízo é unicamente material; (3) estender os direitos da personalidade a ecossistema, animais e PJ significa desmerecê-los, desvalorizá-los. Tal corrente defende que, apesar de a pessoa natural e a PJ serem sujeitos de direito, seus fundamentos são diversos. Ademais, essa extensão não se adapta à trajetória e à função dos direitos da personalidade no ordenamento. Outros comentários: vide resumo do Ponto 4, na parte sobre ato ilícito, dano moral.
Características:
Caráter absoluto: são oponíveis erga omnes. A pretensão é que será dirigida a certa(s) pessoa(s). Não quer dizer que são ilimitáveis. Nesse aspecto, eles são relativos, incidindo a razoabilidade, em caso de colisão.
Generalidade (caráter necessário dos dir. da personalidade): são outorgados a todas as pessoas, nunca podem faltar-lhes.
Extrapatrimonialidade: ausência de conteúdo patrimonial direto, aferível objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos (dano moral).
Indisponibilidade: decorre de seu caráter essencial. Abrange tanto a intransmissibilidade (não se admite a cessão do direito de um sujeito para outro) como a irrenunciabilidade (ninguém pode dispor de sua vida, sua intimidade, sua imagem). Não se pode fazer destacamento desses direitos, o que os categoriza num patamar diferenciado dentro dos direitos privados. A característica da indisponibilidade é relativa, eis que há exceções admitidas pelo ordenamento jurídico, como a doação de órgãos e a disposição da imagem (caso este do programa Big Brother, por exemplo). Mas, ainda nesses casos, existe um limite: o da dignidade, que não é um valor pessoal, mas um valor social. Frise-se: a maior parte dos direitos da personalidade pertence ao seu titular pelo simples fato de ele ser pessoa, mesmo contra a sua vontade, que, nesse aspecto, não tem eficácia jurídica. Apesar desse entendimento, o CJF possui enunciado em sentido diverso, segundo redação formulada na última Jornada de Direito Civil (dez/2004), veja-se: “Art. 11 - Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.”
Impenhorabilidade: conseqüência da indisponibilidade, importante ser destacado devido à manifestação patrimonial de alguns direitos da personalidade, como os direitos autorais. Estes não podem ser penhorados, mas o crédito deles decorrentes sim. Da mesma forma, deve-se admitir a penhora dos créditos da cessão de uso do direito à imagem.
Vitaliciedade: os direitos da personalidade são inatos e permanentes – nascem e morrem com a pessoa. O art. 12, parágrafo único, do NCC prevê o DANO REFLEXO aos direitos da personalidade dos MEMBROS DA FAMÍLIA, em caso de lesão ao que seriam os direitos da personalidade da pessoa morta. A verdade é que não se trata de sucessão, em exceção ao princípio da indisponibilidade, mas de proteção aos direitos da personalidade DOS PARENTES, que são lesados indiretamente. Os legitimados para requerer o dano são, subsidiariamente: cônjuges e descendentes; ascendentes; colaterais.
Imprescritibilidade: não existe prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não-uso.
Observações retiradas do resumo do TRF4 – 2013: 
REVISAÇO – MPF, Ed. JusPodivm, 2013. Organizador de Civil: Ronando Vieira Francisco:
OBS: Art. 14 do CC: dispõe que a pessoa capaz deverá manifestar sua vontade de dispor de forma gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois de sua morte, com objetivo científico ou altruístico. Traz o PRINCÍPIO DO CONSENSO AFIRMATIVO.
OBS2: “De acordo com o art. 15 do CC, em razão do Princípio da Autonomia e da Recusa ao Tratamento Arriscado, ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica; se a recusa ao tratamento for decorrente da liberdade de religião, lembramos o teor do Enunciado 403 da V Jornada de Direito Civil, pelo qual ‘o direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante; deste preceito decorre, ainda, o PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA, pelo qual os seres humanos, diante da prática médica, devem ser tratados com dignidade e respeito em sua autonomia e defendidos em sua vulnerabilidade (...) comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínio de danos e riscos; garantia de que os danos previsíveis serão evitados (PRINCÍPIO DA NÃO MALEFICÊNCIA); por sua vez, segundo o Código de Ética Médica, art. 56, pelo PRINCÍPIO DA AUTONOMIA, é vedado ao médico desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida.” Minha opinião: cuidado!!! Já vi autores dizendo que prepondera o direito à vida!!
Espécies:
Os direitos personalíssimos não são enumeráveis, porém, entre os mais importantes, destacam-se:
* VIDA: o mais precioso direito do ser humano. Trata-se de direito à vida e não sobre a vida, de modo que seu titular não pode cercear esse direito.
* INTEGRIDADE FÍSICA: sobre esse direito, têm o CC as seguintes disposições:
1 - Princípio do consentimento informado (art. 15): o paciente tem direito de saber qual é o tratamento ou a cirurgia recomendada pelo médico e quais são suas conseqüências, para que a opção seja feita com consciência. A responsabilidade do médico, assim, não é só quanto à técnica, mas também quanto à informação. Ex.: cirurgia de câncer de próstata que pode causar impotência. A escolha deve ser do paciente. Não havendo, entretanto, tempo de oitiva daquele que corre risco de vida ou, ainda, se ele está fora de consciência, o médico tem obrigação de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade.
2 - Limites à disposição do corpo: só pode haver a diminuição permanente da integridade física se houver exigência médica, que pode ser por motivo de saúde física ou psíquica, o que abrange as cirurgias plásticas e as lipoaspirações. Nesse sentido, confira-se o Enunciado nº 6 do CJF: “Art. 13: A expressão ‘exigência médica’, contida no art. 13, refere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar psíquico do disponente.” Quanto às cirurgias de retirada de órgãos sexuais por transexuais, apesar de o tema ser polêmico, acredita-se que a melhor opinião é a de quem defende a sua possibilidade, nas condições acima: por exigência médica, dada a saúde psicológica do paciente (aliás, parece muito mais sensata a realização de tal cirurgia, que livra o sujeito do suplício de ser aquilo que não é, do que aquela que diminui os seios de uma mulher ou lhe retira gordura localizada). Acolhendo esse entendimento, há decisão do TJRS. A diminuição do corpo é permitida também para transplante, segundo as regras legais (órgãos duplos, tecidos regeneráveis de pessoas capazes – para incapazes, só medula óssea). A disposição do corpo, além de proibida quando há diminuição permanente da integridade física, não pode, ainda, ser contrária aos bons costumes (salvo exigência médica). Isso não abrange a prostituição, por exemplo, mas apenas o lenocínio, pois aquela é tolerada pela sociedade. Após a morte, pode haver disposição

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