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TRF5 - 2013 - Ponto 1 - Direito Previdencia_rio ok

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO
1º Ponto. Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade.
Seguridade
Conceito
O direito à seguridade social pode ser compreendido, na terminologia adotada por Paulo Bonavides, como um direito fundamental de segunda geração, naquele rol de direitos umbilicalmente vinculados ao Estado do Bem-estar Social. Tendo sido antes de atribuição da iniciativa privada, com o decorrer dos anos “o seguro adquiriu aspecto predominantemente social e revestiu-se de caráter obrigatório, quando o Estado, reconhecendo a necessidade comum de todos os homens de garantir uma estabilidade para o futuro, instituiu o seguro social”. 
O termo risco social é empregado para designar os eventos que ocorrem na vida de todos os homens, com certeza ou probabilidade significativa, provocando um desajuste nas condições normais de vida, em especial na obtenção dos rendimentos decorrentes do trabalho, gerando necessidades a serem atendidas, pois nestes momentos críticos, normalmente não podem ser satisfeitas pelo indivíduo. Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de “riscos” e por dizerem respeito ao próprio funcionamento da sociedade, denominam-se “riscos sociais”. Os regimes previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos seus beneficiários a cobertura de determinadas contingências sociais. Os riscos sociais cuja cobertura é suportada pelo regime geral são elencados no art. 1.º da lei nº 8.213/91, com exceção do desemprego involuntário, que é objeto de lei específica: lei n.º 7.998/90. (ROCHA e BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 31/32).
Desta feita, como a Constituição de 1988 construiu um Estado do Bem-Estar Social em nosso território, a proteção social brasileira é, prioritariamente, obrigação do Estado. Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o conjunto de ações do Estado no sentido de atender às necessidades básicas de seu povo nas áreas de Previdência Social, Assistência Social e Saúde. Compete à União legislar privativamente sobre essa matéria (art.22, inciso XXIII, CF/88).
O Poder Público deve, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88).
Comumente costuma-se confundir os conceitos, principalmente de Previdência e Assistência Social. É necessário extremar que cada uma das áreas da Seguridade Social tem princípios próprios e diferentes objetivos. 
A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do Estado, que deve ser assegurada mediante ações que visem a reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo, neste campo, o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito.
E, segundo a jurisprudência do STF, o direito a saúde pode ser exigido judicialmente dos entes políticos, que são solidários na sua prestação. Não se há falar em violação ao princípio da separação de poderes. Há, inclusive, uma proposta de súmula vinculante em tramitação na Suprema Corte, a fim de sufragar a tese da solidariedade entre os entes federados na prestação dos serviços de saúde.[1: Para maior detalhe, consultar o Informativo 579/STF: Fornecimento de Medicamentos e Responsabilidade Solidária dos Entes em Matéria de Saúde – 1]
A Assistência Social, por sua vez, tem como princípios informativos a gratuidade da prestação e basicamente a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, através da proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem.
Note-se que a diferença primordial entre as atividades da saúde e da assistência social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a assistência social. 
Logo, a assistência social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social.
A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa. 
Questão interessante é a previsão do amparo social, previsto no inciso V do art.203 da Constituição Federal de 1988, conforme dispuser a lei. A lei nº 8742/93 (LOAS) previu pressupostos rígidos para concessão do amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, especialmente no tocante ao requisito econômico (a renda do grupo familiar não deve superar ¼ do salário mínimo per capita), sendo a sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, o qual a considerou constitucional em razão de a própria CF/88 remeter à lei a fixação desses requisitos. O STJ entende que o juiz deve considerar outros aspectos representativos da hipossuficiência, não só a fórmula legal.
A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 
Note-se então que o conceito de Previdência Social traz ínsito o caráter de contributividade, no sentido de que só aqueles que contribuírem terão acesso aos benefícios previdenciários. A diferença primordial entre os ramos da seguridade social, sendo claro que é que a assistência social e a saúde independem de contribuição, e a previdência, pressupõe contribuição.
 
	SEGURIDADE SOCIAL
	SAÚDE
	PREVIDÊNCIA SOCIAL
	ASSISTÊNCIA SOCIAL
	-arts. 196 a 200, CF
	-arts. 201 e 202, CF
	-arts. 203 a 204, CF
	-direito de todos e dever do Estado.
	-direito de quem contribui.
	-prestada para quem dela necessite.
	-sistema não contributivo.
	-sistema contributivo.
	-sistema não contributivo.
Natureza
A Seguridade Social tem natureza pública, ou seja, é uma imposição legal, independente de contrato e da vontade das partes envolvidas.
Existe muita semelhança entre Previdência Social e contrato de seguro, uma vez que a pessoa contribui e tem cobertura de certos eventos, sendo que alguns estudiosos chegam a concluir que aquela é uma espécie deste. Mas, na verdade, existem apenas semelhanças, sendo em sua essência espécies diversas, principalmente porque o seguro traz a idéia de contrato, ligado ao direito privado, enquanto que a previdência social é eminentemente pública, face à repercussão social de suas ações.
(A. Araújo) - Essa relação entre a seguridade e o contrato de seguro sofre a crítica de que o seguro impõe o pagamento do prêmio para que, configurado o sinistro, seja paga a indenização; não é o que ocorre na seguridade social, em que nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social. Além disso, a noção de dano do seguro nem sempre se encontra na relação da seguridade social, como ocorre no caso da maternidade que, apesar de não ser dano, possui cobertura pela seguridade social.
Fontes
As fontes do Direito Previdenciário são a Constituição Federal, a lei e outros atos normativosregulamentares. Para Wladimir Novaes Martinez, os tratados podem ser considerados fontes do DP. Contudo, não se pode olvidar que esses atos somente são internalizados por meio de decretos legislativos.
Lazzari e Castro lembram que o costume não pode ser considerado fonte do DP, em razão do princípio da legalidade. Devem, porém, ser entendidas como fontes do DP, no âmbito interno da Previdência Social, as decisões sumuladas do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), já que vinculam a Administração.
Também as normas coletivas são fontes do DP, pois criam complementações de benefícios previdenciários. Os regulamentos de empresa estabelecem complementação de benefícios previdenciários, mediante contribuição da empresa e do empregado. Neles, são previstos alguns requisitos para o direito à complementação do benefício.
	
Hoje, temos como fontes formais principais do Direito Previdenciário a Constituição de 1988, as Leis nº 8.212 e 8.213 de 24 de julho de 1991 e o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999.
	
Princípios da Seguridade e da Previdência Social
	
Princípios são as proposições básicas, fundamentais, que condicionam todas as estruturações subseqüentes de uma ciência. São, assim, os seus alicerces.
Tomando por base a ciência do direito, temos os princípios como normas dotadas de grande generalidade e abstração que representam a própria consciência jurídica, servindo como fundamento de validade para as demais normas e, também, como critério de interpretação destas.
O legislador constituinte e o ordinário entenderam por positivar os princípios da seguridade social. Destaque-se que apesar de denominados objetivos pelo texto constitucional, o parágrafo único do artigo 194 contém verdadeiros princípios, pois descrevem as normas elementares da seguridade, as quais direcionam toda a atividade legislativa e interpretativa deste ramo do Direito. [2: Os princípios da Seguridade Social se encontram enumerados na Constituição Federal, art. 194, parágrafo único, e nas leis 8.212 e 8.213/91 e serão tratados individualmente nos subtópicos seguintes.]
Princípios da Seguridade Social
Igualdade: o §1º do art. 201 da CF/88, com a redação dada pela EC nº 20/98, veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadorias aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de atividades exercidas em regime especial;
Solidariedade ou solidarismo: positivado pelo constituinte de 1988 (art. 3o, I), este princípio visa à chamada evolução coletiva. A liberdade e a igualdade dada a cada um possibilita a evolução individual de todos, mas há que se atender aos anseios de uma evolução coletiva, sem a qual a sociedade não alcança o seu bem-estar de felicidade. Pois bem, ao adotá-la como princípio, torna-se obrigatória a contribuição da maioria em prol da minoria.
É este princípio que permite e justifica uma pessoa ser aposentada por invalidez em seu primeiro dia de trabalho, sem ter contribuição recolhida pelo sistema. Também é a solidariedade que justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado que volta a trabalhar. Este deverá adimplir seus recolhimentos mensais, como qualquer trabalhador, mesmo sabendo que não poderá obter nova aposentadoria (um dos argumentos contra a desaposentação). A razão é a solidariedade: a contribuição de um não é exclusiva deste, mas sim para a manutenção de toda a rede protetiva.
A solidariedade é a justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema previdenciário, pois os trabalhadores são coagidos a contribuir em razão da cotização individual ser necessária para a manutenção de toda rede protetiva, e não para a tutela do indivíduo, isoladamente considerado.
Universalidade da cobertura e do atendimento: o constituinte previu a universalidade em seus dois aspectos: o objetivo (cobertura), buscando-se cobrir todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade, e subjetivo (atendimento), que diz respeito a todas as pessoas que integram a população, inclusive os estrangeiros. No que se refere a este segundo aspecto, esta é a regra em relação à saúde e à assistência social. Como a previdência social é, a princípio, restrita aos que exercem atividade remunerada, foi criada a figura do segurado facultativo para atender ao mandamento constitucional. 
Como ocorre com todos os princípios, o ora examinado é limitado por outros, como o da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço.
Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: os benefícios e serviços oferecidos às populações urbana e rural devem ser os mesmos (uniformidade) e decorrentes dos mesmos eventos (equivalência). Esse princípio não implica na igualdade dos valores dos benefícios. Vale lembrar que, a partir da CF/88, foi instituído o regime geral de Previdência Social, deixando de existir os regimes específicos para trabalhadores rurais e urbanos.
É decorrência também dos princípios da solidariedade e da igualdade, acima citados: sendo a área rural extremamente deficitária, os trabalhadores urbanos auxiliam no custeio dos benefícios rurais. Além disso, a igualdade material determina alguma parcela de diferenciação entre estes dois segurados, sendo que a própria Constituição prevê contribuições diferenciadas para o pequeno produtor rural (art. 195, §8º).
Dessa forma, algumas distinções no custeio e nos benefícios entre urbanos e rurais são possíveis, desde que justificáveis perante a isonomia material, e igualmente razoáveis, sem nenhuma espécie de privilégio para qualquer dos lados.
Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios: diante da impossibilidade real de se cobrir todos os riscos sociais, assim como de atender a todos aqueles que habitam nosso território, o constituinte conferiu ao legislador uma espécie de mandato específico com o escopo de que este estude as maiores carências em matéria de Seguridade Social.
Assim, o princípio da universalidade deve ser lido em conjunto com os princípios da seletividade e distributividade. A universalidade objetiva fica condicionada à seletividade, que permite ao legislador escolher quais as contingências sociais que serão cobertas pelo sistema de proteção social em face de suas possibilidades financeiras. A universalidade subjetiva, por sua vez, é limitada pela idéia de distributividade. A lei irá dispor a que pessoas os benefícios e serviços serão estendidos. Como exemplo de aplicação desse princípio, podemos citar o salário-família e o auxílio reclusão.
A distributividade impõe que a escolha recaia sobre as prestações que, por sua natureza, tenham maior potencial distributivo, com objetivo de reduzir as desigualdades (A. Araújo). 
Por fim, vale ressaltar que, em relação à saúde, a universalidade alcança todas as camadas da população, que fazem jus à utilização de todos os recursos existentes no estado atual da ciência médica (atendimento integral). Não têm aplicação, aí, os princípios da seletividade e distributividade;
Irredutibilidade do valor dos benefícios: segundo o Supremo Tribunal Federal, o princípio da irredutibilidade impede que seja imposta uma redução efetiva dos valores nominais das prestações da seguridade, garantindo ao beneficiário, se não a manutenção do seu padrão de vida e do seu poder aquisitivo, ao menos a capacidade de honrar os compromissos já assumidos. Destaque-se que a CF/88, no seu art. 201, § 4º, impõe o reajustamento periódico da renda mensal do benefício, de modo a preservar o seu valor real;
Equidade na forma de participação no custeio: Norma dirigida ao legislador, importa na responsabilidade compartilhada entre o Estado e a sociedade civil pela manutenção financeira da Seguridade Social. A participação no custeio, dessa forma, deverá levar em conta as condições contributivas do indivíduo (sua capacidade financeira) e o risco envolvido. Sendo assim, a contribuição de cada um deve ser proporcionalao seu poder aquisitivo. Nesse sentido, a classe empregadora tende a contribuir com parcela maior que a dos empregados, e, dentre as empresas, aquelas cuja atividade importa em maior risco social devem verter maiores contribuições. Veja, no entanto, que não se trata do conceito clássico de capacidade contributiva originário do Direito Tributário, o qual até excluiria a contribuição em algumas situações. A capacidade citada tem como limite o caráter necessariamente contributivo do sistema: ainda que dotado de parcos recursos, o trabalhador é compulsoriamente filiado ao regime, sendo obrigado a contribuir. Mas nada impede a redução de sua contribuição, compensando esta perda com o aumento da cotização de outros mais abastados (interação com o princípio da solidariedade).
- situações que podem gerar tratamento diferenciado:
atividade econômica desenvolvida;
uilização intensiva de mão-de-obra;
porte da empresa;
condições estruturais do mercado de trabalho;
Diversidade da base de financiamento: o financiamento da Seguridade Social (e da previdência) não pode se fazer com base em uma única fonte de tributos, sob pena de onerar por demais uma classe social ou atividade econômica ou permitir que oscilações setoriais venham a comprometer a arrecadação de contribuições. A diversidade faz com que se atinja um maior número de pessoas, garantindo uma constância maior de entradas, além de uma maior efetividade do princípio da solidariedade. Seguindo tal princípio, o próprio constituinte reduziu os encargos incidentes sobre os salários, caráter inibidor da contratação e da manutenção de vagas ativas no mercado de trabalho, para uma maior concentração nos itens faturamento e lucro.
Assim, a Constituição Federal de 1988 prevê diversas formas do financiamento da Seguridade Social, por meio da empresa, dos trabalhadores e dos entes públicos (princípio da tríplice forma de custeio), além dos concursos de prognósticos, além de prever a possibilidade de se instituir, através de lei complementar, novas fontes de custeio (art. 195, § 4º).
A EC nº 42/2003 incluiu no texto constitucional mais uma fonte de custeio para a seguridade social, a saber, a contribuição do importador de bens e serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV, da CF/88).
Com base neste princípio, qualquer proposta de unificação das contribuições sociais em uma única, como se tem defendido, é evidentemente inconstitucional, além de extremamente perigosa para a seguridade social.
-aspectos:
	a) diversidade do financiamento sob o aspecto objetivo:
previsão de uma PLURALIDADE DE FATOS GERADORES que ensejem contribuições.
previsão de inúmeras situações que possibilitarão a cobrança da contribuição.
	b) diversidade do financiamento sob o aspecto subjetivo:
previsão de uma PLURALIDADE DE SUJEITOS responsáveis pelo financiamento da seguridade social. [art. 195, incisos I ao IV, CF]
empregador;
trabalhador;
receita de concursos e prognósticos;
importador.
Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados: embora único o sistema, deve ser ele gerido de forma descentralizada (com o propósito de maior efetividade) e com a participação do povo (para que se conceda maior legitimidade às decisões). Em decorrência desse princípio, foram criados diversos órgãos, como o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, o Conselho Nacional de Assistência Social e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
 
orçamento diferenciado: a Seguridade Social deve ter orçamento próprio separado do da União, com o objetivo de evitar que os recursos destinados às suas atividades sejam desviados para cobrir despesas deste Ente (art. 165, § 5º, III, da CF/88);
Precedência da fonte de custeio: segundo a Constituição de 1988, nenhum benefício ou serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total (art. 195, §5o). Esse princípio visa a proteger as finanças da Seguridade Social e, conseqüentemente, a efetivação dos benefícios e serviços já garantidos por ela. Sérgio Pinto Martins aponta este como princípio da Seguridade Social. Esse princípio está relacionado com o equilíbrio financeiro e atuarial.
Foi com base nesse princípio que o STF entendeu que pela impossibilidade de majoração das pensões por morte efetivadas antes do advento da lei n.º 9.032/95 (além do argumento tempus regit actum).
Sem embargo, no Informativo n.º 599, o STF, valendo-se da técnica do distinguishing, entendeu ser possível a aplicação imediata dos novos tetos previdenciários trazidos pelas Emendas Constitucionais n.º 20/98 e n.º 41/2003 aos benefícios pagos com base em teto anterior, de menor expressão econômica.
Princípios da Previdência Social
Filiação obrigatória: são segurados da Previdência Social todos aqueles que exercem atividades vinculadas ao Regime Geral, nos termos da lei, e não estão vinculados a regime próprio. A exceção ao princípio fica por conta dos chamados segurados facultativos, aos quais a lei abre a possibilidade de aderirem ao regime geral, mediante o recolhimento de contribuições e desde que não estejam filiados a outro regime próprio;
Caráter contributivo: o direito aos benefícios depende do recolhimento de contribuições. Contudo, se a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições era de terceiros, o segurado fará jus às prestações da Previdência Social;
Equilíbrio financeiro e atuarial: a execução da política previdenciária deve respeitar a relação entre o custeio e o pagamento de benefícios. A introdução do fator previdenciário pela Lei nº 9.876/99 veio a concretizar esse princípio;
Garantia do benefício mínimo: nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF/88 – art. 201, §2o). Segundo o princípio do valor mínimo, garante-se ao indivíduo (trabalhador, aposentado, pensionista, assistido...) uma renda capaz de "atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social" (CF/88 – art. 7o, IV); (A. Araújo – o auxílio acidente, por ter caráter indenizatório pode ser inferior ao salário mínimo)
Correção monetária dos salários de contribuição: todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei (CF/88 – art. 201, §3o). O princípio da recomposição monetária, assim, "é aquele que garante ao contribuinte ou aos seus dependentes, no momento em que passam à condição de beneficiários da Previdência Social, uma justa e integral recomposição de todos os valores considerados para o fim de cálculo da prestação previdenciária, seja ela de trato sucessivo ou instantânea." Ex: MP nº 201/2004, autoriza a revisão dos benefícios previdenciários pelo IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) de fevereiro de 1994.
Preservação do valor real dos benefícios: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF/88 – art. 201, §4o). Hoje: INPC.
	
Previdência complementar facultativa: “admite-se a participação da iniciativa privada na atividade securitária, em complemento ao regime oficial, e em caráter de facultatividade para os segurados”, devendo esta ser regulada por meio de lei complementar (LC nº 109/2001). Antes da EC nº 20/98, o seguro complementar deveria ser mantida pela própria Previdência Social;
Indisponibilidade dos direitos dos beneficiários: são indisponíveis os direitos previdenciários dos beneficiários do regime, não cabendo a renúncia, preservando-se, sempre, o direito adquirido daquele que, tendo implementado as condições previstas em lei para a obtenção do benefício, ainda não o tenha gozado. Os benefícios não se sujeitam aarresto, seqüestro ou penhora, e só podem sofrer descontos determinados por lei ou por ordem judicial.
Comutatividade: para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de Previdência Social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei (CF/88 – art. 201, §9o).
	
Embora a previdência seja estruturada seguindo o princípio da unicidade (regime geral), a própria Constituição reconhece o regime próprio dos servidores públicos. Assim, garante-se independentemente dos conflitos de ordem financeira que as entidades de previdência possam experimentar (o conflito será regulado por lei). 
	
Eficácia e interpretação das normas de seguridade
Interpretação das normas
A interpretação decorre da análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. 
Quanto aos métodos, a interpretação pode ser classificada da seguinte forma:
a) gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto a partir da análise da linguagem empregada;
b) histórica: há necessidade de se analisar a evolução do instituto sobre o qual versa a norma;
c) autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, e que irá declarar seu sentido, alcance, conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou legislativa;
d) sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no qual está inserido, sem se ater a interpretação isolada de uma norma, mas sim ao conjunto;
e) teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado pelo legislador. 
Quanto ao resultado, a interpretação pode ser: restritiva ou extensiva.
OBS:	Princípio in dubio pro misero: em caso de dúvida, a decisão deve ser a mais favorável ao beneficiário. Deve ser aplicado com cautela, pois não é ilícito ao aplicador do Direito ignorar preceito expresso em lei, aplicando outro mais favorável, com base no pro misero. 
O intérprete deve estar atento aos fundamentos e objetivos do estado Democrático de Direito (arts. 1º e 3º da CF), notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais.
Eficácia
	A eficácia, no sentido jurídico, diz respeito com a capacidade da norma de produzir efeitos. Essa capacidade possui uma larga faixa de incidência, podendo ser total ou parcial e, ainda, cabendo falar-se em normas que são apropriadas a produzir efeitos mais ou menos intensos e relevantes.
	Em sede de Direito Constitucional, costuma-se dizer que a eficácia social precede a eficácia jurídica, pois uma constituição que não atende aos anseios de seu povo e não merece observância jamais chega a ser respeitada como uma Lei Maior
	A eficácia da norma jurídica pode ser dividida em relação ao tempo e ao espaço.
	a) Eficácia no Tempo: a eficácia no tempo refere-se à entrada da lei em vigor. Normalmente, as disposições securitárias entram em vigor na data da publicação da lei, com eficácia imediata, mas certos dispositivos, tanto do Plano de Custeio como do de Benefícios, necessitam ser complementados pelo regulamento, e só a partir da existência deste terão plena eficácia.
	b) Eficácia no Espaço: A eficácia no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. A lei de Seguridade Social se aplica no Brasil, tanto para os nacionais como para os estrangeiros nele residentes, de acordo com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e Benefícios e outras especificações atinentes à matéria.
	Excepcionalmente, a legislação admite como segurado obrigatório “o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, ou em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional” (art. 11, I, “c” e “f”, da Lei nº 8.213/91), bem como “o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que ali domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.” (art. 11, I, “e”, da Lei nº 8.213/91)
Importa destacar que o art. 85-A da Lei nº 8.212/91 estabelece que os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial.

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