Buscar

DIREITO_INTERNACIONAL_PÚBLICO_E_PRIVADO._ponto_3_sophia_ final

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Personalidade internacional. Estrangeiros. Vistos. Deportação. Expulsão. Extradição. Conceito. Fundamento jurídico. Reciprocidade e Controle jurisdicional. Asilo político. Conceito. Natureza e disciplina. Pessoa jurídica. Conceito de nacionalidade. Teorias e legislação. Empresas binacionais. 
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
A sociedade internacional é formada por atores internacionais, que são os sujeitos internacionais. Sujeito internacional ou pessoa de direito internacional, é toda aquela a quem se reconhece a capacidade de possuir direitos e obrigações na esfera internacional.
Classificação dos sujeitos de direito internacional:
os ESTADOS;
as COLETIVIDADES INTERESTATAIS (organizações internacionais – sejam governamentais ou supraestatais);
as COLETIVIDADES NÃO ESTATAIS (beligerantes e Santa Sé);
os INDIVÍDUOS.
Pessoas internacionais são destinatários das normas jurídicas internacionais. A pessoa física ou jurídica a quem a ordem internacional atribui direitos e deveres é transformada em pessoa internacional.
Pessoas ou sujeitos do DI (Celso Albuquerque de Mello):
Coletividades estatais (Estados)
Coletividades interestatais (organizações internacionais)
Coletividades� não estatais com representação plena (Beligerantes, Insurgentes, Santa Sé, territórios sob mandato e tutela, Ordem de Malta, Cruz Vermelha, territórios internacionalizados, sociedades comerciais)
Indivíduo
INDIVÍDUOS 
A partir da 2a Guerra Mundial e do TPI os indivíduos também passam a ser sujeitos de direito internacional. Não somente as organizações e os Estados, o indivíduo pode ser réu ou autor em plano internacional. Trata-se, porém, de tema bastante controvertido, havendo duas correntes de entendimento que merecem destaque: 
1ª corrente: (Rezek) - Os indivíduos não têm personalidade de direito internacional (assim como as empresas públicas ou privadas) uma vez que não se envolvem, a título próprio, na produção do acervo normativo internacional, nem guardam qualquer relação direta e imediata com essa ordem, apesar de existirem normas internacionais que criam direitos e deveres a essas pessoas. O autor aduz que a flora e a fauna também são objetos de proteção por normas de direito das gentes, e nem por isso tem personalidade jurídica de direito das gentes. Rezek informa que ainda é experimental a idéia de que o indivíduo tenha deveres diretamente impostos pelo DIP, independente de qualquer compromisso que vincule o Estado. Ele lembra que no Tribunal Internacional de Nuremberg entendeu-se que os indivíduos podem cometer crimes suscetíveis de punição pelo direito internacional, apesar da licitude de sua conduta ante a ordem jurídica interna a que estivessem subordinados. Inobstante isso, Rezek informa que o caso de Nuremberg não constitui jurisprudência, em razão de sua exemplar singularidade.
2ª corrente: (Celso D. Albuquerque Mello e Valério Mazzuoli) – São sujeitos de DIP todos os entes cujas condutas estão diretamente previstas pelo direito das gentes, entidades ou pessoas a quem as normas de DIP são destinadas, quer atribuindo direitos ou obrigações. Mazzuoli explica que o conceito de “sujeito de DIP” não se confunde com o conceito de “personalidade jurídica internacional”, que é a capacidade para agir internacionalmente. Desta forma, não seria necessário para deter a qualidade de sujeito de direito das gentes, ter capacidade para participar do processo de formação das normas jurídicas internacionais.
Mazzuoli afirma que além do Tribunal de Nuremberg, os dois tribunais internacionais ad hoc criados pela ONU em 1993 e 1994, respectivamente o instituído para julgar as atrocidades praticadas no território da antiga Iugoslávia desde 1991, o criado para julgar inúmeras violações de direitos humanos de idêntica gravidade perpetuados em Ruanda, também confirmam a qualidade do indivíduo como sujeito de DIP.
Para o autor o TPI veio acabar de vez com as discussões relativas à legalidade dos tribunais ad hoc da ONU e a competência do TIP para julgar pessoas físicas deve ser considerada a maior prova de responsabilidade individual internacional, reforçando a idéia de que também são sujeitos de direito internacional os indivíduos.
Além disso existe o caso da pirataria, proibida pela norma costumeira internacional que condena os atos de violência em alto-mar contra pessoas ou propriedades, somente podendo ser efetuada pela tripulação de um navio com intento de pilhagem. Quem a pratica são indivíduos e não o estado, e mesmo assim o DIP autoriza a todos os Estados capturar e punir os piratas, qualquer que seja a sua nacionalidade.
Há também o caso da violação do bloqueio, que proíbe que um cidadão de Estado neutro contrabandeie, em caso de guerra, material bélico. Caso assim faça tal cidadão não viola o Direito interno do Estado a que pertence, e não há crime do estado, mas dos próprios indivíduos que violaram o DIP.
Inclusive, a Convenção Européia dos Direitos Humanos elevou os indivíduos à categoria de sujeito de direito internacional quando previu a possibilidade de qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, ajuizar petições junto à Comissão Européia de Direitos Humanos. São sujeitos ativos e sujeitos passivos. Ativos porque podem reclamar direitos em instâncias internacionais, podem vindicar direitos em cortes ou instâncias internacionais. Passivos porque podem ser punidos pelo direito internacional enquanto tal. A afirmação de que o indivíduo pode ser sim sujeito de DI e tal possibilidade decorreria de duas premissas: a) a dignidade da pessoa humana que leva a ordem internacional a reconhecê-los e protegê-los; e b) a própria noção de direito como obra do homem e para o homem. A elevação dos direitos humanos como valor a ser preservado na ordem internacional tem incrementado a participação dos indivíduos no cenário internacional, porém sempre em fóruns que se tornaram a eles acessíveis graças aos seus Estados patriais.
A teoria geral de DIP sobre personalidade internacional se firma em 3 pilares: Estados, Teoria das ORGs e Indivíduos. Nesse terceiro pilar, o estudo se divide em nacionais e estrangeiros.
ESTRANGEIROS
Bibliografia utilizada: MAZZUOLI, Valério Oliveira. Curso de direito internacional público. 3. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008; e REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.OBS: Atualizações feitas em azul e itálico. 
Chama-se situação jurídica do estrangeiro o conjunto de direitos e obrigações que ele detém em um determinado Estado, variando no tempo e no espaço.
Entre os antigos, o estrangeiro ou era reduzido à escravidão ou não gozava de direitos. Como abrandamento, surgiu o princípio da hospitalidade, que poderia inspirar um pouco de segurança ao estrangeiro. 
A condição jurídica do estrangeiro é analisada por François Rigaux à luz da classificação dos direitos em 5 categorias:
1. O direito de entrada, estada e estabelecimento: decorrem do poder discricionário do Estado.
2. Os direitos públicos: decorrem das garantias constitucionais que equiparam o estrangeiro ao nacional, mas admitem exceções que o legislador estabeleça.
3. Os direitos privados: corresponde aos direitos civis, em que há plena equiparação entre nacionais e estrangeiros, exceto quanto aos direitos econômicos e sociais, abaixo destacados.
4. Os direitos econômicos e sociais: passíveis de restrições aos estrangeiros. A regra de igualdade (dos estrangeiros) não se aplica, pois por muitos não são considerados fundamentais. Segundo o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de Nova Iorque de 1966, os países em desenvolvimento, levando em consideração os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar em que medida garantirão os direitos econômicos reconhecidos no Pacto àqueles que não sejam seus nacionais. O Estado não precisa justificar tal atitude na esfera internacional. 
5. Os direitos políticos:normalmente não extensíveis aos estrangeiros.
-SITUAÇÃO ATUAL – os países civilizados consideram o estrangeiro como sujeito de direito e dotado de capacidade jurídica. A Convenção de Haia recomenda conceder aos estrangeiros domiciliados ou de passagem as garantias dadas aos nacionais e o gozo dos direitos civis essenciais (o mesmo se diga da Convenção de Havana de 1928). Deverá gozar dos direitos públicos, como a liberdade, direito de petição, de comparecer perante os tribunais, de educação, ir e vir (locomoção). 
-No Brasil, há disciplina especial quanto aos portugueses. Desde a Constituição de 1891 se assegura a brasileiros e estrangeiros residentes a inviolabilidade dos direitos concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade. A atual CF garante a inviolabilidade do direito à vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. 
OS DIREITOS DO ESTRANGEIRO NO BRASIL:
-Restrições aos direitos – Impõem-se limitação aos estrangeiros no que tange aos direitos políticos, ou direitos de cidadania, reservados aos nacionais, assim como outros direitos que visam a preservar a soberania, a segurança e os interesses nacionais. A lei estabelece ainda distinção entre natos e naturalizados, determinando que são privativos dos primeiros os cargos de Presidente e vice-presidente da república, presidentes da Câmara de Deputados e do Senado Federal, ministro do STF, da carreira diplomática e de oficial das Forças Armadas, de Ministro de Estado da Defesa, além de membro do Conselho da República (dentre os 6 cidadãos brasileiros natos). 
-O art. 5º da CF enuncia que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.
-A residência no país não é condição para o recurso ao Judiciário (STF).
-A igualdade assegurada pela CF pode produzir efeitos inversos, para garantir ao brasileiro o mesmo tratamento dispensado aos alienígenas nas empresas estrangeiras aqui sediadas (STF).
Direitos Políticos
- O Estrangeiro tem direito a liberdade de manifestação de pensamento (art. 5º, IV), liberdade de comunicação (art. 5º, IX), liberdade de reunião pacífica (art. 5º, XVI) e liberdade de associação (art. 5º, XVII), tudo isto no plano teórico, no plano intelectual. 
- Mas diversa é a atividade de natureza política, a ingerência nos negócios públicos do Brasil. Esta atividade lhe é vedada pelo art. 107 da Lei 6.815/80. A vedação do inciso III de organização de qualquer tipo de reuniões se restringe a consecução das finalidades referidas nos incisos I e II. O art. 110 da Lei 6.815/80 faculta ao Ministério da Justiça “sempre que considerar conveniente aos interesses nacionais, impedir a realização por estrangeiros, de conferências, congressos e exibições artísticas e folclóricas”. Este dispositivo se choca com o art. 5º da CF (IV, IX e XVI).
Cargos Públicos
No Brasil, os textos constitucionais sempre vedaram o acesso de estrangeiros aos cargos públicos. 
A EC 19/98 alterou esta situação, passando a admiti-lo, na forma da lei. Ainda não existe tal regulação legal.
Emagis 8.13 Em cumprimento à norma originariamente inserta no caput do art. 39 da Constituição Republicana promulgada em 1988, que determinou a instituição de regime jurídico único para servidores da Administração Pública direta, das autarquias e das fundações públicas, editou-se para vigorar no âmbito federal a Lei n. 8.112, em dezembro de 1990.
Naquela época, outra norma constitucional originária, veiculada no primeiro inciso do art. 37, estabelecia que a acessibilidade ao serviço público estava restrita a brasileiros. Reproduzindo tal restrição, o estatuto normativo que pormenorizou a dinâmica do regime jurídico unificado da União e das autarquias e fundações públicas federais, definiu como um dos requisitos para ocupação de cargo público “a nacionalidade brasileira” (art. 5º, I).
Em relação aos estrangeiros que já integravam o serviço público, contando com estabilidade no respectivo vínculo funcional, a Lei n. 8.112/1990 previu que passassem a integrar uma “tabela em extinção do respectivo órgão ou entidade”, a menos que viessem a adquirir nacionalidade brasileira (art. 243, § 6º).
Diante desse quadro, ganhou força a ótica segundo a qual quem não fosse brasileiro somente poderia ter acesso ao serviço público em nosso país pela via excepcional da contratação por tempo determinado, prevista para fins de atendimento “a necessidade temporária de excepcional interesse público” (CF, art. 37, IX). Fora daí inexistiria margem para constituir novos vínculos funcionais com estrangeiros.
O cenário, no entanto, sofreu mudança de relevo com o advento da Emenda Constitucional n. 11, em abril de 1996. Com base nessa obra do constituinte derivado, restou reconhecida a possibilidade da admissão – não mais restrita a período determinado – de “professores, técnicos e cientistas estrangeiros” para desempenhar funções em universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica (§§ 1º e 2º incluídos no art. 207 do texto constitucional de 1988).
Para dar concreção à mudança constitucional promovida em 1996, sobreveio em novembro do ano seguinte a Lei n. 9.515, que acresceu ao art. 5º do estatuto dos servidores públicos federais dispositivo com a seguinte redação:
“Art. 5º. (...) §3º. As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e procedimentos desta Lei.”
Em caráter mais genérico, dessa feita sem enumerar ramos ou ambientes de atividades profissionais, a Emenda Constitucional n. 19, promulgada em junho de 1998, previu a possibilidade do acesso ao serviço público por estrangeiros sem sujeição a prazo determinado. Segue a redação que ela conferiu – e permanece até os dias atuais – ao primeiro inciso do art. 37 da Lei Maior brasileira:
“Art. 37. (...) I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;”
A expressão “na forma da lei”, contida na parte final do dispositivo constitucional supratranscrito, levou o Supremo Tribunal Federal a qualificá-lo na categoria das normas doutrinariamente conhecidas como “de eficácia limitada”. O consectário dessa qualificação é o reconhecimento de que o dispositivo em comento não seria apto a produzir efeitos jurídicos imediatos, fazendo-se necessária a edição de lei infraconstitucional destinada a regulamentá-lo. Confira-se, a respeito, a ementa de precedente que ilustra bem o atual entendimento perfilhado pela Suprema Corte brasileira, denotando diretriz que não se mostra, ao menos por ora, propensa a fazer do mandado de injunção mecanismo para ensejar a tomada de uma posição concretista frente à inércia legislativa que já dura quase quinze anos (RE 264.848, rel. CARLOS BRITTO, publicação em 14.10.2005).
Direitos Privados
a) Propriedade Fundiária: Os estrangeiros ficam na dependência de lei que regulamentará a ocupação e utilização da faixa de fronteira de 150 km de largura (art. 20, § 2º), e de outra lei que deverá regular e limitar a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural (art. 190).
b) Empresas jornalísticas e de radiodifusão: Com a EC 36/2002, passou-se a admitir, também, a propriedade por pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e com sede no País. Em qualquer caso, exige-se um mínimo de 70% do capital total e do capital votante destas pessoas jurídicas nas mãos de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nestas empresas, devendo as suas alterações de controle societário serem comunicadas ao Congresso Nacional.
-A responsabilidadeeditorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social.
-A determinação constitucional de lei disciplinadora da participação de capital estrangeiro nas empresas jornalísticas se materializou com a MP 70/2002, convertida na Lei 10.610/2002. Segundo esta lei, a participação de estrangeiros ou brasileiros naturalizados há menos de dez anos no capital social de empresas jornalísticas e de radiodifusão não poderá exceder a 30% do capital total e do capital votante, e só ocorrerá de forma indireta, por meio de pessoa jurídica constituída sob as lei brasileira e que tenham sede no País.
c) Princípios da ordem econômica: 
-A EC nº 6/95 revogou o art. 171� e alterou a redação do art. 170 que agora prevê tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (o que corresponde à antiga definição de empresa brasileira). O mesmo ocorreu com a redação do § 1º do art. 176, que agora se refere a empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País.
-A EC nº 9/95, que quebrou o monopólio da Petrobras sobre a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo, o seu refino, a importação e exportação dos seus produtos ou derivados, bem como do transporte marítimo ou por meio de dutos do petróleo bruto de origem nacional, ou de derivados produzidos no País, mantendo, contudo, o monopólio da União, passou a admitir que a União contrate com empresas estatais ou privadas a realização de tais atividades, observadas as condições estabelecidas em lei. 
d) Navios e navegação:- EC nº 7/95, passando a dispor que “Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras”.
e) Serviços de telecomunicações: A EC nº 8/95 reduziu a regra do inciso para “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais”. Assim é que ficou aberta a possibilidade de participação de empresas estrangeiras nestes serviços.
f) Professores, técnicos e cientistas estrangeiros: A EC nº 11/96, passou a facultar às universidades, e às instituições de pesquisa científica e tecnológica, admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei, estando este assunto já regulado pela Lei 8.212/91, por força da Lei 9.515/97.
g) Outras vedações:
A legislação brasileira contém uma série de restrições à atividade dos estrangeiros, umas decorrentes de vedações constitucionais, outras criadas pelo legislador ordinário.
-Bancos, seguros, petróleo, minas, águas, energia hidráulica, pesca, educação, atuação sindical são algumas das atividades vedadas total ou parcialmente aos alienígenas, bem como o ensino de certas disciplinas, o exercício de certas profissões como químico, corretor de títulos da Dívida Pública, corretor de navios, leiloeiro, despachante aduaneiro, tradutor público, atividades de radioamador.
-Existe exigência legal de um mínimo de 2/3 de empregados brasileiros em todas as empresas no País.
-Quanto à profissão de advogado, ocorreu importante alteração, pois hoje o advogado estrangeiro pode exercer a profissão no Brasil mediante revalidação de seu diploma de universidade de outro país.
ADMISSÃO 
- No plano internacional a Convenção de Havana, de 1928, (sobre a Condição dos Estrangeiros) dispõe em seu art. 1º: “os Estados têm o direito de estabelecer, por meio de leis, as condições de entrada e residência dos estrangeiros em seus territórios.” A Declaração universal dos Direitos do Homem dispõe em seu art. 13, alínea 2, que: “toda pessoa tem o direito de sair de qualquer país, inclusive de seu próprio, e de regressar de seu país”. 
- Os Estados, soberanamente, em virtude do interesse nacional, podem fixar por meio de leis as condições de entrada e permanência de estrangeiros no seu território. Nossa carta atual é liberal: “É livre a locomoção no território nacional, em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens” (art. 5.º, XV, da Constituição Republicana). É o princípio da admissibilidade do estrangeiro. Mas não é um direito absoluto, pois submete-se aos preceitos da lei. Segundo Jacob Dolinger, “ A filosofia da atual legislação brasileira sobre a entrada e permanência de estrangeiros no país inspira-se no atendimento à segurança nacional, à organização institucional e nos interesses políticos, socioeconômicos, culturais, inclusive na defesa do trabalhador nacional”. De acordo com o art. 16 da L. 6.815/80, a imigração visa a propiciar mão-de-obra de especializada à economia nacional. 
- No art. 22, XV delimita à competência privativa da União para legislar sobre “emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros”. 
- A forma normal de entrada/saída do país é através do visto (documento de viagem): 
- laissez-passer é um documento de viagem para países cuja soberania e existência não seja reconhecida pelo Brasil. 
- O Brasil pode emitir passaporte para estrangeiro nos casos do art. 55 da Lei n.º 6.815/80, ou seja, ao apátrida e ao de nacionalidade indefinida; ou ainda ao nacional de país que não tenha representação diplomática ou consular, nem representação de outro país encarregado de protegê-lo; ou ao asilado e refugiado admitido no Brasil. 
- Acordos diplomáticos – não exige o visto. Ex: tratados do Mercosul (Argentina), França, havendo promessa de reciprocidade. 
Fora dessas hipóteses, a entrada no Brasil é irregular e o estrangeiro será convidado a se retirar do Brasil, ou será deportado. 
Assim, o estrangeiro pode encontrar-se no território de um Estado numa das seguintes situações: em trânsito, como residente temporário ou como domiciliado. Somente nesta última situação é que houve propriamente a imigração. 
Sidney Guerra observa que “O ato de ingresso e permanência do estrangeiro em território nacional relaciona-se à discricionariedade do Estado, podendo este aceitar ou não que uma determinada pessoa permaneça em seu território, como por exemplo, no caso em que uma pessoa tenha atentado contra a segurança do Estado (como na prática de atos terroristas). Há de ressaltar que o Estado não pode se prender a questões relativas a raça, sexo, idioma ou religião”. 
-O que se vê, em verdade, é que os países alteram a legislação pertinente à admissão de estrangeiros com grande freqüência, para atender às necessidades e à realidade política do momento. 
VISTO
O Brasil segue política de reciprocidade, a ser estabelecida mediante acordo internacional.
Espécies de visto: 
	Trânsito – por até dez dias improrrogáveis 
	Turista – de até cinco anos, proporciona múltiplas entradas, com Estadas de até 90 dias, prorrogáveis por mais 90 
	Temporário – para viagens de estudo, negócios, na condição de artista, desportista, cientista e outros, com prazo variável 
	Permanente – para fixação definitiva (imigração) 
	Diplomático – o Min. das Rel. Exteriores definirá os casos de concessão 
	Oficial - idem 
	De Cortesia - idem 
Não se concederá visto ao estrangeiro (art. 7° da Lei n° 6.815/80):
	- menor de 18 anos, desacompanhado do responsável ou sem sua autorização 
	- considerado nocivo à ordem pública ou aos interesses nacionais 
	- anteriormente expulso, salvo se a expulsão tiver sido revogada 
	- condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira 
	- que não satisfaça condições de saúde estabelecidas pelo Min. da Saúde 
Além dos casos previstos no art. 7°, o estrangeiro poderá ter sua entrada, estada e o registro obstados por ser inconveniente sua presençano País, a critério do Ministro da Justiça.
Art. 26, § 2°, EE: “O impedimento de qualquer dos integrantes da família poderá estender-se a todo o grupo familiar”. 
Por ocasião da promulgação Constituição de 1988, esse dispositivo foi considerado inconstitucional, por violar o preceito de que nenhuma pena passará da pessoa do condenado. No entanto, o impedimento à entrada do estrangeiro não representa pena, mas sim manifestação do poder soberano (proteção da segurança interna). Inclusive, Haroldo Valladão pontua que nem mesmo expulsão é pena, aplicável por um juiz ou tribunal, mas medida de alta política administrativa, fundada no direito de defesa do Estado, sendo, pois, irrenunciável. 
Obs: o visto gera apenas expectativa de direito (de entrada). 
A lei proíbe a legalização do clandestino e do irregular, bem como a transformação em permanente dos vistos de trânsito, turista, cortesia e temporário, excetuado neste tipo os casos do cientista, professor, técnico ou profissional e ministro de confissão religiosa. 
DIREITOS E DEVERES EM GERAL
Além das liberdades e garantias acima, não pode ser expulso se tiver cônjuge ou filho brasileiro, respeitadas as condições fixadas em lei, nem ser extraditado por crime político. 
-O estrangeiro com visto de turista, trânsito ou temporário não pode exercer qualquer atividade remunerada. 
-O Estatuto da OAB exige a prova de revalidação do diploma obtido no exterior, tanto por estrangeiro, quanto por brasileiro. 
-A CF, em seu art. 5º, XXXI, dispõe que a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhe seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (art. 10 §1º da LICC) 
-Conforme o art. 172, a lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros. 
-De acordo com o art. 227, § 5º, na adoção de criança e adolescente por estrangeiros a lei estabelecerá os casos e condições. 
-Sempre que lhe for exigido por qualquer autoridade ou seu agente, o estrangeiro deverá exibir documento comprobatório de sua estada legal no território nacional. 
CONDIÇÃO ESPECIAL DOS PORTUGUESES
Tanto a legislação brasileira quanto a portuguesa prevêem um tratamento especial recíproco para os nacionais dos dois países. 
Em nossa Carta, aos portugueses com residência permanente, se houver reciprocidade, serão atribuídos os direitos inerentes aos brasileiros, salvo os casos ressalvados expressamente. 
QUASE NACIONALIDADE (cláusula ut des e condicionada a reciprocidade), cujos direitos não são idênticos ao do brasileiro naturalizado. Aquele não pode prestar serviço militar obrigatório, está sujeito a expulsão e extradição quando requerida pelo governo de Portugal, quando optante pelo gozo dos direitos políticos em um dos países automaticamente fica suspenso os no outro (Rezek, conforme Convenção – Decreto n°. 70.436). 
SAÍDA COMPULSÓRIA DO ESTRANGEIRO
Extradição: é o processo pelo qual um Estado atende ao pedido de outro Estado, remetendo-lhe pessoa processada no país solicitante por crime punido na legislação de ambos os países, não se extraditando, via de regra, nacional do país solicitado.
Expulsão: é o processo pelo qual um país expele de seu território estrangeiro residente, em razão de crime ali praticado ou de comportamento nocivo aos interesses nacionais, ficando-lhe vedado o retorno ao país donde foi expulso (art. 338 do CP).
Deportação: é o processo de devolução de estrangeiro que chega ou permanece irregularmente para o país de sua nacionalidade ou de sua procedência. O deportado poderá retornar ao Brasil, desde que atenda às exigências da lei.
Repatriamento: corresponde à deportação. 
Banimento: se aplica a cidadãos expelidos de sua pátria. O Código Criminal de 1830 o previa. A CF de 1891 o aboliu, juntamente com a pena de galés.
EXPULSÃO 
Natureza Jurídica: trata-se de medida político-administrativa, de natureza discricionária, exercida em proteção do Estado, como manifestação da sua soberania É ato administrativo.
Competência: cabe ao Presidente da República. (O Judiciário não pode analisar o mérito da questão).
Assim é que o habeas corpus impetrado em favor do expulsando, em regra, deverá ser julgado pelo STF.
STF: a prisão excedente a 90 dias, sem a conclusão do processo com o conseqüente decreto de expulsão, deve ser considerada constrangimento ilegal.
O direito do Estado expulsar os estrangeiros que atentarem contra a segurança nacional ou a tranqüilidade pública é admitido pacificamente pelo Direito Internacional. Contudo, o direito de expulsão não pode ser exercido arbitrariamente.
Casos Práticos: a)- ofensa à dignidade nacional; b)- a mendicidade e a vagabundagem; c)- atos de devassidão; d)- atos de propaganda subversiva; e)- provocação de desordens; f)- conspiração; g)- a espionagem; h)- intrigas contra países amigos; i)- a entrada ilícita no território nacional.
A expulsão não é considerada pena, mas apenas como medida preventiva de polícia.
-O expulso não deve ser entregue a 3º Estado onde seja procurado por crime.
-A expulsão não deve degenerar em extradição.
-Em geral, o indivíduo volta ao seu país de origem, o qual não pode rejeitá-lo.
-O Estado tem o Direito de negar o ingresso de estrangeiros em seu território, mas não pode fazê-lo por discriminação por motivo racial ou religioso. Principal instrumento de Controle: O passaporte. Nele é colocado o visto de entrada (varia de país para país). 
-A Expulsão não exige requerimento de país estrangeiro algum e tampouco que o atentado à ordem jurídica tenha sido praticado no estrangeiro, mas no próprio território do país que pretende expulsar o estrangeiro.
-É um procedimento ex officio da autoridade nacional. Neste caso, o Ministério da Justiça instaurará inquérito para a expulsão do estrangeiro. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e oportunidade da expulsão ou de sua revogação.
Trâmite do processo: o Juiz que condena o estrangeiro, a Polícia Federal ou o Ministério Público informam o Ministério que o estrangeiro cometeu um crime e é autuado o processo administrativo para fins de expulsão.
Por despacho do Diretor do Departamento de Estrangeiros, é determinada a instauração de inquérito administrativo para fins de expulsão.
O inquérito, visando a expulsão de estrangeiro está regulamentado pelo artigo 103 e parágrafos do Decreto n.º 86.175/81, tratando-se de procedimento administrativo de colheita de informações que devem ser encaminhadas pela Polícia Federal com relatório conclusivo, ao Ministério da Justiça.
Após recebermos o referido inquérito, se este estiver devidamente instruído, é feita a análise de mérito objetivando verificar se o expulsando não se encontra amparado pela legislação brasileira tendo se tornado inexpulsável (limitações à expulsão).
Caso se verifique que o estrangeiro é passível de expulsão, é encaminhado um parecer conclusivo ao Ministro da Justiça, a quem cabe decidir sobre a expulsão, por delegação do Presidente da República.
Convém ressaltar que a Portaria expulsória é condicionada, via de regra, ao cumprimento total da pena ou à liberação do estrangeiro pelo Poder Judiciário. Para a expulsão ser efetivada, o estrangeiro tem que cumprir a pena ou ser beneficiado com o livramento condicional da pena e ser liberado pelo Juiz da Vara de Execuções Criminais.
- Delegação de poder do Presidente da República para o Ministro da Justiça: Nos casos de expulsão o Ministro assina uma Portaria Ministerial de Expulsão no uso da competência que lhe foi delegada pelo Presidente da República pelo artigo 1º do Decreto n.º 3.447, de 05 de maio de 2000, publicado no D.O.U. do dia 8 do mesmo mês e ano.
- Retorno ao Brasil de estrangeiro expulso: O estrangeiro não pode mais voltar ao Brasil depois de expulso. É o crime previsto no artigo 338 do Código Penal.Quando o estrangeiro assina o termo de expulsão, toma ciência da existência desse embasamento legal.
- Pedidos de revogação: Os pedidos deverão ser endereçados ao Exmo. Sr. Ministro da Justiça e encaminhados ao Departamento de Estrangeiros. Deverão estar instruídos e embasados em fatos novos que não foram suscitados quando da tramitação do processo administrativo para fins de expulsão.
A revogação da expulsão vem expressamente admitida na Lei 6.815/80, em seu art. 66, parágrafo único ("A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto").
-Discricionariedade mitigada: A inobservância da estrita legalidade do decreto de expulsão poderá ser controlada por meio de habeas corpus a ser ajuizado no S.T.F., pois apesar da expulsão ser ato discricionário do Poder Executivo, não se admite ofensa à lei e falta de fundamentação.
-Limitações à expulsão: não se admite a expulsão:
se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira;
quando o estrangeiro tiver cônjuge brasileiro, do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento tenha sido celebrado há mais de cinco anos; 
se tiver filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente. Neste último caso, há que haver a comprovação da dependência e efetiva assistência proporcionada pelo estrangeiro à prole brasileira, uma vez que a proteção é dada à família do expulsando e não a ele:
STJ, DIREITO ADMINISTRATIVO. EXPULSÃO DE ESTRANGEIRO. FILHA E NETO BRASILEIROS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA CONVIVÊNCIA SOCIOAFETIVA E DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. É necessária a efetiva comprovação, no momento da impetração, da dependência econômica e da convivência socioafetiva com a prole brasileira para manter no país o estrangeiro que tem filho brasileiro, mesmo que nascido posteriormente à condenação penal e ao decreto expulsório. A interpretação das excludentes de expulsão do art. 75, II, da Lei n. 6.815/1980 deve ser flexibilizada, visando atender o melhor interesse do menor a fim de tutelar a família, a criança e o adolescente. Entretanto, o acolhimento desse preceito não é absoluto, exigindo a efetiva comprovação da dependência econômica e da convivência socioafetiva com a prole brasileira, que não se evidencia com a simples juntada de fotos. Ademais, segundo informado pela autoridade impetrada, a filha residia com companheiro – não com a sua genitora – e não havia provas da dependência econômica do menor (neto) em relação à avó. Precedentes citados: AgRg no HC 115.603-DF, DJe 18/9/2009, e HC 98.735-DF, DJ 20/10/2008. HC 250.026-MS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 26/9/2012. 1ª Seção. Info 505.
Não há expulsão de brasileiro. O envio compulsório de brasileiro para o exterior constitui banimento, proibido constitucionalmente.
CASO WILLIAM LARRY ROHTER JUNIOR 
O governo brasileiro determinou,em 11/05/2004, o cancelamento do visto temporário do jornalista norte-americano William Larry Rohter Junior, correspondente no Rio de Janeiro do jornal The New York Times. A decisão, com base no artigo 26 da Lei nº 6.815, foi tomada em represália à reportagem publicada na edição do dia 9 de maio, sobre a suposta preferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às bebidas alcoólicas.
O jornalista norte-americano William Larry Rohter Junior obteve no Superior Tribunal de Justiça a garantia de livre trânsito em território nacional. 
O ministro Peçanha Martins, relator do habeas-corpus apresentado pelo senador Sérgio Cabral (PSDB/RJ), concedeu ao jornalista um salvo-conduto (documento que possibilita o livre trânsito em zona de beligerância, sem risco de prisão de seu portador), pelo menos até que o mérito do pedido seja apreciado pelos demais ministros da 1.ª Seção do STJ.
Rohter teve o visto de permanência temporário no Brasil cancelado pelo ministro da Justiça interino na segunda-feira (dia 10). Cabral (PMDB-RJ) entrou no STJ com habeas-corpus com pedido de liminar para anular o ato de cancelamento. De acordo com o senador, o ato praticado pelo ministro interino da Justiça viola os princípios de liberdade de expressão e de imprensa. "O ato é inteiramente ilegal, violador de diversos direitos e garantias fundamentais do indivíduo previstos na própria Constituição da República", afirmou. Para ele, é inadmissível expulsar alguém do País simplesmente porque reproduziu, no jornal para o qual trabalha, matérias publicadas no Brasil que desagradem a quem quer que seja. 
Democracia
Ao analisar o pedido, o ministro Peçanha Martins destacou que o Brasil é um Estado democrático de direito e que o presidente da República contribuiu com intensa participação política para a instauração da democracia plena no País e se conduz com honra e dignidade. Além disso, é a imprensa um dos pilares fundamentais da democracia e livre a "expressão da atividade intelectual, artística, cientifica e de comunicação, independentemente de censura ou licença", conforme preceitua a Constituição Federal.
Diz o ministro que o jornalista teve cancelado o visto de permanência no País por ter assinado reportagem dita leviana, mentirosa e ofensiva à honra do presidente da República brasileiro. A dúvida é se o ministro poderia tomar esta atitude. Martins explicou que o ato de concessão ou revogação de visto de permanência no país de estrangeiro, em tese, está subordinado aos interesses nacionais (artigo 3.º da Lei n.º 6.815/80). 
O visto é ato de soberania e, assim, questiona o relator se, uma vez concedido. poderia ser revogado pelo fato de o estrangeiro ter exercido um direito assegurado pela Constituição - o de externar sua opinião no exercício da atividade jornalística. Questiona ainda se tal ato administrativo estaria isento do exame pelo Judiciário.
"É que no Estado democrático de direito não se pode submeter a liberdade às razões de conveniência ou oportunidade da administração." E aos estrangeiros, como aos brasileiros, são assegurados direitos e garantias fundamentais pela Constituição Federal descritos no artigo 5.º, dentre eles o de liberdade de expressão.
Apesar de o pedido não estar acompanhado de cópia do ato, constando apenas de alegações e notícias publicadas em jornais, o ministro entendeu urgente assegurar ao jornalista a plena eficácia das garantias fundamentais constitucionais. Assim, concedeu-lhe o salvo-conduto, previsto no artigo 201 do Regimento Interno do STJ, até a decisão final do habeas-corpus. O ministro requisitou informações, dando o prazo de 72 horas para que sejam prestadas.
DEPORTAÇÃO
Os juízes federais são competentes para processar e julgar os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro – casos de deportação – e como é da competência do Ministro da Justiça ordenar a prisão do deportando, poderá esta medida suscitar habeas corpus ao STJ.
-A Deportação consiste em devolver o estrangeiro ao exterior, ou seja, é a saída compulsória do estrangeiro.
Há uma figura denominada IMPEDIMENTO, quando ao Estrangeiro falta justo título. Neste caso, ele não passa da barreira policial de fronteira, porto ou aeroporto. Cabe tal ônus ( embarque de volta ) à empresa aérea.
-A Deportação fundamenta-se no fato de o estrangeiro entrar ou permanecer irregularmente no território nacional, não decorrendo da prática de delito em qualquer território, mas do não cumprimento dos requisitos para entrar ou permanecer no território. Tal procedimento será adotado, desde que o estrangeiro não se retire voluntariamente no prazo determinado.
- A Deportação é uma forma de exclusão, após a entrada irregular (geralmente clandestina), que tenha se tornado irregular (excesso de prazo) ou exercício de trabalho remunerado (turista). Tal procedimento é feito pelas autoridades locais (não a cúpula de governo). No Brasil, cabe aos agentes da polícia federal, quando entendam que não lhes cabe regularizar a situação. Não é propriamente uma pena, pois, sanada a irregularidade, o estrangeiro pode voltar ao país.
-Far-se-á a deportação para o país de origem ou de procedênciano estrangeiro, ou para outro que consinta em recebê-lo.
-Não se dará a deportação se esta implicar extradição vedada pela lei brasileira.
-Não há deportação de brasileiro. O envio compulsório de brasileiro para o exterior constitui banimento, proibido constitucionalmente.
EXTRADIÇÃO
1) Definição: “é o ato pelo qual um Estado entrega um indivíduo, acusado de um delito ou já condenado como criminoso, à justiça do outro, que o reclama, e que é competente para julgá-lo e puní-lo.”
2) Natureza jurídica: ação de índole especial, de caráter constitutivo, que objetiva a formação de título jurídico apto a legitimar o Poder Executivo da União a efetivar, com fundamento em tratado internacional ou em compromisso de reciprocidade, a entrega do súdito reclamado.
Emagis 19.12 A extradição não é ato de nenhum Poder do Estado, mas da República Federativa do Brasil, pessoa jurídica de direito público externo, representada na pessoa de seu Chefe de Estado, o Presidente da República. 
3) Tratamento Diferenciado (art. 5º)
LI: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII: Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
Assim, somente nas hipóteses constitucionais será possível a concessão da extradição, podendo, porém, a legislação federal infraconstitucional (CF. art. 22, XV), determinar outros requisitos.
Emagis 5.13 A circunstância de encontrar-se a extraditanda grávida, em vias de dar à luz uma criança que adquirirá a nacionalidade brasileira, não configura óbice ao deferimento da extradição. CORRETO. Em matéria de extradição (a qual, como é cediço, não se confunde com a expulsão do estrangeiro, hipótese em que a circunstância de ter filho brasileiro pode impedir a sua saída compulsória do território nacional), a circunstância de encontrar-se a extraditanda grávida, em vias de dar à luz uma criança que adquirirá a nacionalidade brasileira, não configura óbice ao seu deferimento. Prestigia-se, ainda, a Súm. 421 do STF ("Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado casado com brasileira ou ter filho brasileiro"). Nessa linha, leia-se este recente julgado do Supremo: STF, Primeira Turma, Ext 1274, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe de 09/11/2012.
Há duas espécies de extradição:
Extradição ativa: É requerida pelo Brasil a outros Estados soberanos.
Extradição passiva: é a que se requer ao Brasil, por parte dos Estados soberanos.
TRF4, A circunstância de o réu ostentar o status de estrangeiro expulso do país não impede que a autoridade judiciária brasileira proceda à formulação do pedido de sua extradição ativa. Isso porque caberá ao Executivo a palavra final, revogando ou fazendo ressalvas no decreto expulsório. 8ª Turma, Sebastião Ogê Muniz, mai/12. 
4) HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS PARA A EXTRADIÇÃO
1. O brasileiro nato nunca será extraditado;
2. O brasileiro naturalizado somente será extraditado em dois casos: (Por crime comum, pratico antes da naturalização; tráfico ilícito de entorpecentes )
3. O português equiparado, nos termos do art. 12, § 3, da C.F tem todos os direitos do brasileiro naturalizado (contudo, somente para Portugal).
4. O estrangeiro poderá, em regra, ser extraditado, havendo vedação apenas nos crimes políticos ou de opinião. (soberania nacional e a estrutura política)
Emagis 2.13 Uma vez constatado o entrelaçamento de crimes de natureza política e comum, impõe-se o indeferimento da extradição, a despeito da redação do art. 77, § 1º, da Lei 6.815/80. Veja-se precedente do plenário do STF: STF, Pleno, Ext 994, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 04/08/2006. ?????
5) REQUISITOS INFRACONSTITUCIONAIS PARA A EXTRADIÇÃO
O Estado estrangeiro que pretender obter a extradição deverá fundar seu pedido nas hipóteses constitucionais e nos requisitos formais legais, ou seja:
- Hipóteses materiais: art. 5º, incisos LI e LII da CF88 e
- Requisitos formais: Estatuto do Estrangeiro ( Lei 6.815/80, arts. 91 e seguintes ), Lei Federal nº 6.964/81 e Regimento Interno do STF ( arts. 207 a 214) entre eles:
1. O pedido extradicional somente será atendido quando Estado estrangeiro requerente se fundamentar em tratado internacional ou quando, inexistente este, promete reciprocidade de tratamento do Brasil.
Emagis 46.12 Na linha da jurisprudência do STF, o Tratado de extradição, superveniente ao pedido extradicional formulado pelo Estado estrangeiro, é imediatamente aplicável, seja em benefício, seja em prejuízo do extraditando (STF, Pleno, Ext 937, Rel. Min. Carlos Britto, DJ de 01/07/2005)
2. Competência exclusiva da Justiça do Estado requerente para processar e julgar o extraditando, da qual decorre incompetência do Brasil para tanto.
STF, Extradição. A jurisprudência deste Supremo Tribunal é firme no sentido de que mesmo em ocorrendo concurso de jurisdições penais entre o Brasil e o Estado requerente, torna-se lícito deferir a extradição naquelas hipóteses em que o fato delituoso, ainda que pertencendo, cumulativamente, ao domínio das leis brasileiras, não haja originado procedimento penal-persecutório, contra o extraditando, perante órgãos competentes do Estado brasileiro (Ext N. 1.252-REINO DA ESPANHA, RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA, DJE 10-14/6/2013). INFO 710.
Emagis 2.13 Não é possível conceder a extradição quando o Brasil for competente, segundo suas leis, para julgar o crime imputado ao extraditando (art. 77, III, da Lei 6.815/80).
3. Existência de título penal condenatório (extradição executória) ou de mandato de prisão (extradição instrutória – acusação criminal) emanados de juiz, tribunal ou autoridade competente do Estado estrangeiro;
STF, Extradição instrutória. 2. Crimes de tráfico internacional de entorpecentes, contrabando e formação de quadrilha. 3. Superveniência de sentença condenatória com aplicação de pena de 10 anos de reclusão. Possibilidade de conversão da extradição instrutória em extradição executória. 4. Atendimento dos requisitos formais. Dupla tipicidade e punibilidade. 5. O fato de o extraditando ter filho brasileiro não constitui óbice ao deferimento da extradição. 6. Alegações de insuficiência de provas da participação do estrangeiro nos fatos delituosos e de julgamento à revelia devem ser suscitadas perante a Justiça francesa. Sistema de contenciosidade limitada peculiar ao processo de extradição. 7. Pedido deferido. Ext N. 1.251- REPÚBLICA FRANCESA, RELATOR: MIN. GILMAR MENDES, DJE 17 a 21/6/2013. INFO 711.
4. Ocorrência de dupla tipicidade. Como define o Supremo Tribunal Federal, “revela-se essencial, para a exata aferição do respeito ao postulado da dupla incriminação, que os fatos atribuídos ao extraditando – não obstante a incoincidência de sua designação formal revistam-se de tipicidade penal e sejam igualmente puníveis tanto pelo ordenamento jurídico doméstico quanto pelo sistema de direito positivo do Estado requerente. Precedente RTJ 133/1075”. Assim não será possível a concessão de extradição se o fato, apesar de crime no ordenamento jurídico estrangeiro, for tipificado como contravenção no ordenamento jurídico brasileiro.
5. inocorrência de prescrição da pretensão punitiva ou executória, seja pelas leis brasileiras, seja pela lei do Estado estrangeiro.
Emagis 46.12 Cuidando-se de extradição executória, o cálculo da prescrição conforme o direito brasileiro toma por base a pena efetivamente aplicada no estrangeiro e não aquela abstratamente cominada no Brasil à infração penal correspondente ao fato. Ou seja, a verificação em torno do requisito da "dupla punibilidade" leva em consideração, quanto à prescrição, a pena efetivamente aplicada no estrangeiro, em se tratando, por óbvio, de extradição executória, e não de extradição instrutória (STF, Pleno, Ext 1056, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJe de 24/05/2007).
6. Ausência de caráter político da infração atribuída ao extraditado. 
7. Não-sujeiçãodo extraditando a julgamento, no Estado requerente, perante tribunal ou juízo de exceção.
8. Não cominar a lei brasileira, ao crime, pena igual ou inferior a um ano de prisão.
9.Compromisso formal do Estado requerente em:
a) Efetuar a detração penal, computando o tempo de prisão que, no Brasil, foi cumprido por força da extradição;
b) comutar a pena de morte, ressalvados os casos em que a lei brasileira permite a sua aplicação ( art. 5º, XLVII – “... salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.84, XIX”), em pena privativa de liberdade.�
Emagis 38.12 Quando houver a possibilidade de aplicação de prisão perpétua ao extraditando, o pedido de extradição somente pode ser deferido sob a condição de que o Estado requerente assuma, em caráter formal, o compromisso de comutar eventual pena de prisão perpétua em pena privativa de liberdade com o prazo máximo de 30 anos (STF, Segunda Turma, Ext 1155, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 19/08/2011).
c) não agravar a pena ou a situação do sentenciado por motivos políticos.
d) não efetuar nem conceder a reextradição (entrega do extraditando, sem consentimento do Brasil, a outro Estado que o reclame). 
TRF4, A "difusão vermelha" ou red notice na rede da Interpol (mero alerta expedido com vistas à extradição da pessoa procurada - não configura mandado de prisão internacional), deve estar imprescindivelmente amparada em um formal requerimento de extradição por parte do Estado interessado na captura do foragido. 8ª Turma, Sebastião Ogê Muniz, mai/12. 
6) PROCEDIMENTO E DECISÃO
O pedido deverá ser feito pelo governo do Estado estrangeiro soberano por via diplomática, nunca por mera carta rogatória, e endereçado ao Presidente da República, autoridade constitucionalmente autorizada a manter relações com Estados estrangeiros ( art. 84, VII ). Será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, pois, não se concederá extradição sem seu prévio pronunciamento sobre a legalidade e a procedência do pedido, que somente dará prosseguimento ao pedido se o extraditando estiver preso� e à disposição do Tribunal. Dar-se-á início ao processo extradicional, que é de caráter especial, sem dilação probatória, pois incumbe ao Estado requerente o dever de subsidiar o governo brasileiro, desde o início, os elementos de instrução documental considerados essenciais. 
Emagis 2.13 O STF tem sinalizado que, quando os documentos que servem de lastro ao pedido extradicional foram encaminhados, por via diplomática, pelo Estado requerente, não é necessário que sejam traduzidos por profissional juramentado, uma vez que se presume a idoneidade da tradução ofertada pelo governo postulante (STF, Pleno, Ext 1136, Rel. Min. Cézar Peluso, DJe de 11/03/2010).
Súmula 692 do STF: "NÃO SE CONHECE DE "HABEAS CORPUS" CONTRA OMISSÃO DE RELATOR DE EXTRADIÇÃO, SE FUNDADO EM FATO OU DIREITO ESTRANGEIRO CUJA PROVA NÃO CONSTAVA DOS AUTOS, NEM FOI ELE PROVOCADO A RESPEITO".
O processo de extradição passiva ostenta, em nosso sistema jurídico, o caráter de processo documental. Tem duas fases: a administrativa (percorrida através do Poder Executivo na Chancelaria e no Ministério da Justiça) e a judicial (perante o Supremo Tribunal Federal).
Não há possibilidade de o extraditando renunciar ao procedimento extradicional, pois mesmo com sua concordância em retornar ao seu país , isso não dispensa o controle da legalidade do pedido.
Emagis 46.12 O fato de o extraditando declarar o seu intento de ser imediatamente entregue ao Estado postulante consubstancia ato juridicamente irrelevante, uma vez que o processo extradicional constitui garantia indisponível e irrenunciável do súdito estrangeiro. Noutras palavras, ainda que ele queira ser imediatamente entregue ao Estado que solicita a sua extradição, isso não afasta a necessidade do respectivo processo perante o STF, que analisará a legalidade do pedido formulado (RTJ 100/1030). (STF, Pleno, Ext 583, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 04/03/1994).
Emagis 41.12 É possível efetivar a extradição mesmo quando o extraditando responde a ação penal no Brasil, por fato diverso daquele que enseja o pedido formulado pelo país estrangeiro (Lei 6.815/80, art. 77, III). Nesse caso, fica à discricionariedade do Presidente da República a entrega do extraditando ao país requerente anteriormente à conclusão da ação penal que tramita no Brasil ou mesmo ao cumprimento de eventual pena que lhe tenha sido imposta pela justiça brasileira. É essa a exegese que vem sendo dada pelo Supremo ao art. 89 da Lei 6.815/80 (STF, Segunda Turma, Ext 1278, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe de 03/10/2012)
Emagis 19.12 Pode o STF, incidentalmente em um processo de extradição passiva, reconhecer a nulidade da decisão do Ministro da Justiça que concedeu refúgio político ao extraditando. CORRETO. Envolve a própria origem da disputa judicial em torno do italiano Cesare Battisti, abrolhada no momento em que o STF reconheceu a nulidade da decisão do Ministro da Justiça (Tarso Genro) que concedeu refúgio político ao extraditando, incidentalmente no processo extradicional (STF, Pleno, Rcl 11243, Rel. p/ ac. Min. Luiz Fux, DJe de 04/10/2011).
Se o STF decidir-se contrário à extradição, vinculará o Presidente da República, ficando vedada a extradição.
Se, no entanto, a decisão for favorável, fica o Chefe do Poder Executivo, discricionariamente, com a determinação de extraditar ou não, pois não se pode ser obrigado a concordar com o pedido de extradição, mesmo que legalmente correto e deferido pelo STF, uma vez que o deferimento ou recusa do pedido é direito inerente à soberania.
Emagis 19.12 O Presidente da República, no sistema vigente, resta vinculado à decisão do STF apenas quando reconhecida alguma irregularidade no processo extradicional, de modo a impedir a remessa do extraditando ao arrepio do ordenamento jurídico; nunca, contudo, para determinar essa remessa. 
STF, Questão de Ordem em Extradição e Retificação de Ata de Julgamento: O Tribunal, por maioria, acolheu questão de ordem, suscitada nos autos de extradição executória formulada pelo Governo da Itália contra nacional italiano condenado à pena de prisão perpétua pela prática de quatro homicídios naquele país, a fim de retificar a ata do julgamento do aludido feito, para que conste que o Tribunal, por maioria, reconheceu que a decisão de deferimento da extradição não vincula o Presidente da República, nos termos dos votos proferidos pelos Ministros Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Marco Aurélio e Eros Grau. (...). Na presente assentada, tendo em conta, sobretudo, os esclarecimentos prestados pelo Min. Eros Grau quanto aos fundamentos de seu voto, concluiu-se que o que decidido pela maioria do Tribunal teria sido no sentido de que a decisão do Supremo que defere a extradição não vincula o Presidente da República, o qual, entretanto, não pode agir com discricionariedade, ante a existência do tratado bilateral firmado entre o Brasil e a Itália. Os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto não acolhiam a questão de ordem, por considerar que as partes deveriam aguardar a publicação do acórdão para, se o caso, oporem embargos declaratórios. Ext 1085 QO/Governo da Itália, rel. Min. Cezar Peluso, 16.12.2009. (Ext-1085) – Informativo 572.
Ao extraditado serão entregues os documentos do processo e tudo que lhe diga respeito, bem como a comprovação do tempo que esteve preso no nosso país, ficando à disposição do Estado requerente.
Emagis 11.13 A entrega do extraditando, de acordo com as leis brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu poder. Não obstante, admite-se que tais objetos sejam entregues independentemente da entrega do extraditando (art. 92 da Lei 6.815/80).
STF, Extradição e honorários advocatícios. O exame de eventual descumprimento contratual por parte do extraditando com o seu advogado, bem como a confissão de dívida firmada em favor de seu defensor, se destituídos de elementos probatórios suficientes da licitude dos valoresbloqueados, não podem ser apreciados em sede de extradição. Ext 1125 QO/Confederação Helvética, rel. Min. Gilmar Mendes, 24.4.2013. INFO 703.
Emagis 9.13 Concedida a extradição, será o fato comunicado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessenta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do território nacional. Se o Estado requerente não retirar o extraditando do território nacional nesse prazo, será ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a processo de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar (arts. 86 e 87 do Estatuto do Estrangeiro).
 7) PRISÃO PREVENTIVA POR EXTRADIÇÃO
O Estatuto do Estrangeiro, ao dispor sobre a prisão do extraditando, determina que esta perdurará até o julgamento final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitida a liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão-albergue (art. 84, § único). A prisão cautelar do extraditando reveste-se de eficácia temporal limitada, não podendo exceder ao prazo de noventa (90) dias, ressalvada disposição convencional em contrário, eis que a existência de Tratado regulando a extradição, quando em conflito com a lei, sobre ela prevalece, porque contém normas específicas. Porém:
STF. Extradição e Insuficiência Instrutória do Pedido: [...] Entendeu-se que o preceito da Lei 6.815/80 — que estabelece a permanência da prisão do extraditando até a apreciação final do pedido — não poderia ser levado às últimas conseqüências, merecendo interpretação consentânea com o arcabouço normativo constitucional, com a premissa de que, sendo a prisão preventiva exceção, ela deve ter limite temporal. (...) Assim, reconhecido o excesso de prazo da custódia do extraditando, por culpa do Governo requerente, ordenou-se a expedição do alvará de soltura em seu favor, a ser cumprido com as seguintes cautelas: a) o depósito do passaporte do extraditando no STF; b) a advertência ao extraditando, na presença dos profissionais da advocacia que o assistem, da impossibilidade de, sem autorização desta Corte, deixar o Estado de São Paulo, o domicílio que tem no referido Estado; c) a obrigação de atender aos chamamentos judiciais, embora, na hipótese, já tenha havido a instrução do processo em termos de apresentação de defesa e interrogatório; d) o registro da valia deste ato, no que o Poder Judiciário credita-lhe confiança a ponto de mantê-lo em liberdade ante o pedido de extradição. [...] (Ext-1054)
Emagis 5.13 A jurisprudência do STF, majoritariamente, tem assinalado que "A prisão preventiva é condição de procedibilidade para o processo de extradição e, tendo natureza cautelar, 'destina-se, em sua precípua função instrumental, a assegurar a execução de eventual ordem de extradição'". Ainda que, excepcionalmente, seja afastada tal prisão sem que isso prejudique o andamento do pleito extradicional, fato é que a jurisprudência segue assinalando que tal custódia cautelar configura uma condição de procedibilidade - mesmo que, a nosso sentir, não se trate propriamente disso (STF, Segunda Turma, Ext 1254 QO, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 19/09/2011)
8) ATUAÇÃO DO JUDICIÁRIO NA EXTRADIÇÃO
O sistema extradicional vigente qualifica-se como sistema de controle limitado, com predominância da atividade jurisdicional, que permite ao STF exercer a fiscalização concernente à legalidade extrínseca do pedido de extradição formulado pelo Estado estrangeiro, mas não no tocante ao mérito, salvo no caso de análise de ocorrência de prescrição penal, da observância do princípio da dupla tipicidade ou da configuração eventualmente política do delito imputado ao extraditando.
Emagis 9.13 É descabida a alegação de negativa de autoria formulada por extraditando no bojo de processo extradicional, diante do sistema de contenciosidade limitada adotado no direito pátrio. CORRETO. O Brasil, em respeito à soberania dos demais Estados da comunidade internacional, adota o sistema de contenciosidade limitada em tema de pleito extradicional. Assim, não cabe ao STF, no exame do pedido formulado por Estado estrangeiro, perquirir em torno da autoria delitiva, donde avultar absolutamente despropositada qualquer alegação de negativa de autoria feita pelo extraditando.
Emagis 9.13 O Supremo já declarou a constitucionalidade do art. 85, § 1º, da Lei 6.815/80 ("A defesa versará sobre a identidade da pessoa reclamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou ilegalidade da extradição"), exatamente por conta desse sistema de contenciosidade limitada. Não há, pois, qualquer incompatibilidade com a garantia da plenitude da defesa (CF, art. 5º, LV), considerada a natureza específica deste processo extradicional.
Emagis 19.12 O sistema “belga” ou “da contenciosidade limitada”, adotado pelo Brasil, investe o STF na missão de examinar apenas a legalidade da extradição requerida pelo Estado estrangeiro, no que diz respeito ao atendimento de seus requisitos formais.
Emagis 26.11 O STF, em 2006, havia assentado que é possível realizar-se o exame de sanidade mental em sede de processo extradicional (STF, Tribunal Pleno, Ext 932 AgR, Rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, julg. 15/02/2006). Sem embargo, recentemente, o plenário do STF - já com sua composição alterada - entendeu, com apenas 3 votos vencidos, que o sistema da contenciosidade limitada, por nós adotado e no qual não é possível analisar o mérito da acusação criminal que motiva o pleito (v. g., falta de provas para a condenação, imputabilidade do réu, etc.), não comporta a realização de exame de sanidade mental. Veja-se, a respeito, a seguinte notícia veiculada no Informativo 631 do STF:
"O Plenário deferiu, parcialmente, pedido de extradição instrutória e executória formulado pelo Reino da Espanha para fins de processamento de ações penais por delitos de estelionato e para cumprimento de pena privativa de liberdade de 4 anos, decorrente de condenação pela prática do mesmo crime e de falsificação. A defesa, em questão de ordem, alegara a necessidade de realização de exame de sanidade mental e a não-recepção do art. 84 da Lei 6.815/80 ("Efetivada a prisão do extraditando, o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal"). No mérito, suscitara o abrandamento do Verbete 421 da Súmula do STF ("Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro") e a conseqüente denegação do pedido extradicional. No que se refere à primeira questão de ordem, reputou-se, por maioria, que o processo extradicional se pautaria pelo princípio da contenciosidade limitada, de forma que não competiria ao Supremo indagar sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado requerente ou sobre o contexto probatório em que a postulação extradicional se apoiaria. Vencidos, no ponto, os Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux e Ayres Britto [...]. Ext 1196/Reino da Espanha, rel. Min. Dias Toffoli, 16.6.2011. (Ext-1196)"
9) EXTRADIÇÃO: PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE E PEDIDO DE EXTENSÃO.
Princípio da Especialidade: o extraditado somente poderá ser processado e julgado pelo país estrangeiro pelo delito objeto do pedido de extradição, conforme art. 91, I da Lei 6815/80.
Emagis 11.13 Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o compromisso de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao pedido (Lei 6.815/80, art. 91, I). Do contrário, o Estado requerente informaria um certo crime, para justificar a extradição, quando, na verdade, deseja punir o extraditando por outro crime, em situação que não ensejaria, segundo nossa ordem jurídica, o pleito extradicional (ex.: crime político ou de opinião). A tal exigência se tem dado o nome, na jurisprudência e na doutrina, de "princípio da especialidade".
Pedido de Extensão: consiste na permissão, solicitada pelo país estrangeiro, de processar pessoa já extraditada por qualquer delito praticado antes da extradição e diverso daquele que motivou o pedido extradicional, desde que o Estado requerido expressamente autorize.
Emagis 11.13Para o STF, esse princípio da especialidade não encerra óbice aos chamados "pedidos de extensão", corriqueiramente realizados e aceitos pelo Supremo. Ocorrem quando o pedido original de extradição diz respeito a certo fato; ao depois, se amplia esse pedido (daí falar-se em "pedido de extensão") para outros fatos, a fim de que também sejam examinados pelo Supremo a fim de autorizar o pleito extradicional (STF, Pleno, Ext 1052 extensão, Rel. Min. Eros Grau, DJe de 04/12/2008)
ASILO POLÍTICO
O Asilo era visto como uma instituição humanitária e não exige reciprocidade. Hoje tem sido incluído dentre os Direitos Humanos.
Conforme ensina Rezek (Rezek, José Francisco. Direito Internacional Público. 9º Ed. pags. 206 a 210), é necessário diferenciar 2 formas de asilo:
asilo político e
asilo diplomático.
a) Asilo político
Asilo político é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido alhures — geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial — por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum. 
Somente se refere à criminalidade política, jamais a crimes comuns.
O asilo político é territorial, ou seja, concede-o o Estado àquele estrangeiro que, havendo cruzado a fronteira, colocou-se no âmbito espacial de sua soberania e aí requereu o benefício. Apesar de não ser obrigatório para nenhum Estado, é reconhecido em toda parte e a Declaração Universal de Direitos do Homem (ONU-1948) lhe faz referência.
Diretrizes básicas do Asilo Territorial:
a)- O Asilo é um direito do Estado baseado em sua soberania;
b)- deve ser concedido a pessoas que sofrem perseguição;
c)- a concessão de Asilo deve ser respeitada pelos demais Estados e não deve ser motivo de reclamação;
d)- a qualificação do delito incumbe ao Estado Asilante, que pode negar o asilo por motivos de segurança nacional;
e)- as pessoas que fazem jus ao Asilo não devem ter a sua entrada proibida pelo país Asilante nem devem ser expulsas a um Estado onde podem estar sujeitas a perseguição;
b) Asilo diplomático
É uma forma provisória de asilo político, só praticada regularmente na América Latina, onde surgiu como instituição costumeira, no séc. XIX e passou a versar em textos convencionais (Convenção de Havana de 1928, de Montevidéu de 1933 e de Caracas de 1954).
Constitui uma exceção à plenitude da competência que o Estado exerce sobre o seu território. 
Os pressupostos do asilo diplomático são os mesmos do asilo político territorial: natureza política dos delitos atribuídos ao fugitivo e a atualidade da persecução (estado de urgência). Pode-se dar nas missões diplomáticas (jamais nas repartições consulares), por extensão, nos imóveis residenciais cobertos pela inviolabilidade nos termos da Convenção de Viena de 1961 e nos navios de guerra porventura acostados ao litoral. 
Nos termos da Convenção de Caracas, é uma instituição humanitária e não exige reciprocidade. Importa, pois, para que seja possível, que o Estado territorial o aceite como princípio, ainda que o Estado asilante não tenha igual postura. 
Nos países que não reconhecem essa modalidade de asilo político, toda pessoa procurada pela autoridade local que adentre o recinto de missão diplomática estrangeira deve ser de imediato restituída, pouco importando saber se se cuida de delinquente político ou comum.
Disciplina do Asilo Diplomático
1)- A natureza política dos delitos atribuídas ao fugitivo;
2)- Atualidade da perseguição ( Estado de urgência );
3)- Locais: Missões Diplomáticas, isto é, não é repartições consulares. Via de regra, o embaixador a examinará as situações acima e, se entender presentes, reclamará da autoridade local a expedição do salvo-conduto para deixar o país.Imóveis invioláveis, segundo o costume internacional: navios de guerra acostados no litoral
OBS: A Declaração Universal dos Direitos do Homem reconhece o asilo político e não o asilo diplomático, que é reconhecido pelas Convenções de Havana, Montevidéu e Caracas, no âmbito da América Latina.
Caso Edward Snowden
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse nesta sexta-feira que decidiu oferecer asilo humanitário ao ex-contratado da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden."Como chefe de Estado e de governo da República Bolivariana da Venezuela decidi oferecer asilo humanitário ao jovem norte-americano Edward Snowden para que na pátria de Bolívar e de Chávez possa vir a viver da perseguição imperial norte-americana", afirmou Maduro em um ato militar.
A Casa Branca não quis comentar a oferta de asilo da Venezuela para Snowden.
O presidente venezuelano acrescentou que vários governos latino-americanos têm manifestado desejo de assumir uma posição semelhante à de seu país, mas não deu detalhes.
Maduro não disse se o governo venezuelano recebeu um pedido de asilo do norte-americano de 30 anos.
Mas ele afirmou que a Venezuela estava pronta para lhe oferecer um lugar, e que os detalhes que Snowden revelou de um programa de espionagem dos EUA expuseram os esquemas nefastos do "império".
"Ele disse a verdade, no espírito de rebelião, sobre os EUA espionando o mundo inteiro", disse Maduro.
"Quem é o culpado? Um jovem ... que denuncia os planos de guerra, ou o governo dos EUA, que lança bombas e armas para a oposição síria terrorista contra o povo e o legítimo presidente Bashar al-Assad?" "Quem é o terrorista? Quem é o delinquente global?" Snowden, um ex-funcionário da NSA procurado pelos EUA sob a acusação de espionagem, estaria vivendo em uma área de trânsito no aeroporto de Moscou desde a sua chegada na capital russa, em 23 de junho, vindo de Hong Kong.
O presidente russo, Vladimir Putin, se recusou a extraditar o ex-agente dos EUA, e autoridades no país estão satisfeitas por ter conseguido ficar de fora da influência de Washington desde Snowden revelou detalhes de programas secretos de vigilância do governo dos EUA.
Entenda o caso:
Acusado criminalmente e espionagem pelo governo dos Estados Unidos, o ex-técnico da CIA Edward Snowden revelou os segredos de segurança dos EUA mais falados das últimas semanas. Foram dele as informações que permitiram à imprensa internacional revelar programas de vigilância do governo americano contra a população – utilizando servidores de empresas como Google, Apple e Facebook – e também contra diplomatas e governos da União Europeia, que reagiram de forma negativa.
As revelações iniciais, publicadas no início de junho nos jornais “The Guardian” e “Washington Post”, levou Snowden a ser ostensivamente procurado pelas autoridades americanas. A primeira informação de seu paradeiro o colocou em um quarto de hotel emHong Kong, onde ficou escondido até os EUA pedirem sua extradição e pressionarem a China a cumprir o pedido.
No dia seguinte à exigência de extradição, Snowden embarcou em um voo para Moscou, no dia 23 de junho. Desde então, acredita-se que ele segue na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, na capital russa. Ele está em um "limbo" jurídico, uma vez que não tem documentos para entrar em território russo – seu passaporte foi revogado pelos EUA.
A viagem foi feita com o apoio do WikiLeaks, de Julian Assange, que enviou Sarah Harrison , uma das militantes do grupo, para acompanhá-lo.
Da Rússia, Snowden pediu asilo político a 21 países. O primeiro teria sido o Equador, cujas autoridades se mostraram dispostas a concedê-lo assim que o ex-analista de informática se encontrar em território equatoriano – Julian Assange está refugiado há um ano na embaixada do país em Londres.
Entre os países aos quais Snowden pediu asilo político está o Brasil. A embaixada brasileira em Moscou recebeu a solicitação, mas segundo o Itamaraty, "no momento, não há intenção de responder” ao pedido.
Em meio às especulações sobre seu destino, o avião do presidente Evo Morales teve que pousar em Viena após ter sua passagem no espaçoaéreo da Espanha e outros países europeus impedida por uma suspeita de que Snowden estaria na aeronave. Ele não foi encontrado no avião. O incidente causou protestos de Morales, que afirmou não ser criminoso.
No dia 1º de julho, Snowden rompeu seu silêncio anterior e afirmou que, apesar da intensa pressão de Washington, se sente livre para divulgar mais informações confidenciais. Ele declarou ainda que se sente ilegalmente perseguido pelo governo americano.
"Dada as circunstâncias, é improvável que eu beneficie de um julgamento justo ou de um tratamento apropriado antes do julgamento", afirmou, acrescentando que corre risco "de prisão perpétua ou pena de morte".
Snowden também acusou o presidente Barack Obama de ter ordenado que seu vice-presidente, Joe Biden, pressionasse os líderes dos países aos quais pediu asilo para conseguir sua extradição.
Monitoramento da população
Snowden teve acesso às informações reveladas quando prestava serviços terceirizados para a Agência de Segurança Nacional (NSA) no Havaí. Ao procurar os jornais para fazer as revelações, ele deixou o estado americano e seguiu para Hong Kong.
O jornal “The Guardian” revelou que os serviços secretos de segurança norte-americanos já rastreiam chamadas de telefones celulares da operadora Verizon e informações da internet oriundas de companhias como o Google e o Facebook. Segundo o "Washington Post" as autoridades federais dos EUA têm usado os servidores centrais destas empresas para ter acesso a e-mails, fotos e outros arquivos dos usuários, permitindo a analistas rastrear movimentos e contatos das pessoas.
A informação a respeito dos serviços secretos desencadeou um interminável debate nosEstados Unidos e no exterior sobre o crescimento do alcance da NSA, que expandiu seus serviços de vigilância dramaticamente na última década. Agentes norte-americanos garantem que a NSA atua dentro da lei.
A decisão de Snowden de revelar sua identidade, bem como seu rosto e outros dados pessoais, reforça o apelo deste que já é um dos maiores casos de vazamento de dados secretos do governo norte-americano na história, e aumenta ainda mais o constrangimento do presidente Barack Obama.
Ao se apresentar ao mundo, ele disse que se sentiu na obrigação de denunciar, mesmo a um custo pessoal, os descomunais poderes de vigilância acumulados pelo governo dos EUA. Ele acrescentou que poderia ter permanecido anônimo, mas que considerou que sua mensagem teria mais ressonância se viesse de uma fonte identificada.
"O público precisa decidir se esses programas e políticas são certos ou errados", disse Snowden ao The Guardian em um vídeo de 12 minutos divulgado pelo site do jornal londrino.
Snowden também sabe que sua opção o expõe demais às autoridades norte-americanas. O Guardian o comparou a Bradley Manning, um soldado agora em julgamento por supostamente ajudar forças inimigas, que vazou para o Wikileaks documentos militares sigilosos.
O atual espião afirmou que deixou a namorada no Havaí sem contar a ela para onde iria, e se disse ciente do risco que corre, mas pensou que toda a mobilização em torno da sua descoberta faria o risco valer a pena.
"Eu estou disposto a me sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo."
Espionagem contra a União Europeia
Três semanas após as primeiras revelações, a revista alemã “Der Spiegel” publicou reportagem afirmando que a União Europeia era um dos "objetivos" da NSA, acusada de monitorar informações em todo o mundo.
A publicação sustentou as acusações com documentos confidenciais a que teve acesso graças às revelações de Snowden.
Em um dos documentos, com data de setembro de 2010 e considerado "estritamente confidencial", a NSA descreve como espionou a representação diplomática da UE em Washington.
Para executar as atividades de espionagem, microfones teriam sido instalados no edifício e a agência teria entrado na rede de informática, o que permitia a leitura dos e-mails e documentos internos.
Desta maneira também foi vigiada a representação da UE na ONU, segundo os documentos, nos quais os europeus são classificados de 'objetivos a atacar'.
A NSA chegou a ampliar as operações até Bruxelas. "Há mais de cinco anos", afirma a Der Spiegel, os especialistas em segurança da UE descobriram um sistema de escuta na rede telefônica e de internet do edifício Justus-Lipsius, sede principal do Conselho da UE, que alcançava até o quartel-general da Otan na região de Bruxelas.
A representação da UE na ONU também foi objeto de uma vigilância similar, segundo a revista.
Em 2003, a UE confirmou a descoberta de um sistema de escutas telefônicas nos escritórios de vários países, incluindo Espanha, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria e Itália.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, se mostrou "profundamente preocupado e impactado com as acusações de espionagem das autoridades americanas nos escritórios da UE".
Ele disse que se as acusações forem comprovadas, isto prejudicaria consideravelmente as relações entre UE e Estados Unidos. Schulz pediu "um esclarecimento completo e informações adicionais rápidas" das autoridades americanas.
Em resposta, a Direção Nacional de Inteligência (ODNI) americana disse que os Estados Unidos responderão através da via diplomática ao pedido de explicações da UE.
"O governo americano responderá de maneira adequada, por via diplomática e através do diálogo Estados Unidos/União Europeia entre especialistas da inteligência, que os Estados Unidos propuseram instaurar há algumas semanas", afirmou a ODNI em um comunicado.
Entenda o caso Snowden; documentos revelam que Dilma foi monitorada
Leyberson Pedrosa e Edgard Matsuki - Portal EBC28.08.2013 - 15h42 | Atualizado em 02.09.2013 - 23h46
No mês de junho, uma revelação sobre um esquema de monitoramento de dados organizado pelo governo dos Estados Unidos agitou o noticiário internacional. Tratava-se do Caso Snowden, "batizado" com este por causa do delator do esquema de monitoramento: Edward Snowden. O americano é um ex-consultor técnico da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos (EUA). Na época, Snowden revelou os documentos secretos sobre o modus operandi da segurança norte-americana para os jornais The Guardian (Reino Unido) e Washington Post (EUA).
Atualização: Novos documentos de Snowden revelam que Dilma foi monitorada
Na reportagem publicada no dia 5 de junho de 2013 pelo The Guardian, Snowden apontou que aAgência Nacional de Segurança (NSA) coletou dados de ligações telefônicas de milhões de cidadãos americanos a partir do programa de monitoramento chamado de PRISM. O ex-consultor da CIA também revelou que a Casa Branca acessava fotos, e-mails e videoconferências de quem usava os serviços de empresas como Google, Skype e Facebook.
As denúncias não pararam por aí. No dia 7 de junho, o jornal americano Washington Postdetalhou a existência de um programa de vigilância secreta dos Estados Unidos que envolve setores de inteligência de gigantes da internet como Microsoft, Facebook e Google.
Após realizar as denúncias, Snowden fugiu para Hong Kong (China). A partir da pressão dos Estados Unidos pedindo sua extradição, o ex-técnico viajou secretamente para a Rússia onde ficou refugiado no Aeroporto Internacional de Moscou até conseguir asilo político temporário de um ano no país. O pedido foi aceito no início de agosto. 
Caso Julian Assange
O governo do Equador decidiu nesta quinta-feira conceder asilo político ao fundador do Wikileaks, Julian Assange, dois meses depois que ele se refugiou em sua embaixada em Londres. O anúncio foi feito pelo ministro de Relações Exteriores do país sul-americano, Ricardo Patiño, que afirmou em entrevista coletiva que a decisão está baseada no direito internacional e considera que a vida de Assange corre

Outros materiais