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PONTO 3 - Direito Administrativo

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PONTO 3
DIREITO ADMINISTRATIVO - Direito Administrativo Regulador. Agências: Reguladoras e Executivas. O regime jurídico das Agências Reguladoras: natureza jurídica, características, contrato de gestão, pessoal e poder normativo. A concessão de serviços. Conceito, características. Direitos do concedente e do concessionário. Equilíbrio do contrato. Formas de extinção. As permissões e autorizações. As parcerias da Administração Pública. Parcerias público-privadas.
AGÊNCIAS REGULADORAS:
Conceito: Autarquia sob regime especial criada com a finalidade de disciplinar e controlar certas atividades (Celso Antônio). Assim, a agência tem a função de regular matérias específicas. Todas as regras da autarquia se aplicam às agências reguladoras. 
O vocábulo agência é resultante de um modismo de globalização, importado do EUA, onde tem um sentido mais amplo.
As agências reguladoras têm poder de polícia administrativa nos limites traçados pela respectiva lei. Estão habilitadas a dirimir litígios que envolvam as empresas que realizam atividades por elas controladas, ou entre estas e os respectivos usuários. Seus dirigentes, pelos atos práticos, podem ser demandados em ação popular ou ação civil pública, essa por iniciativa do MP.
Pergunta: podem existir agências que não sejam federais
ADI-MC 1949 / RS - RIO GRANDE DO SUL
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE
Julgamento:  18/11/1999           Órgão Julgador:  Tribunal Pleno
EMENTA: I. Agências reguladoras de serviços públicos: natureza autárquica, quando suas funções não sejam confiadas por lei a entidade personalizada e não, à própria administração direta. II. Separação e independência dos Poderes: submissão à Assembléia Legislativa, por lei estadual, da escolha e da destituição, no curso do mandato, dos membros do Conselho Superior da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul - AGERGS: parâmetros federais impostos ao Estado-membro. 1. Diversamente dos textos constitucionais anteriores, na Constituição de 1988 - à vista da cláusula final de abertura do art. 52, III -, são válidas as normas legais, federais ou locais, que subordinam a nomeação dos dirigentes de autarquias ou fundações públicas à prévia aprovação do Senado Federal ou da Assembléia Legislativa: jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal. 2. Carece, pois, de plausibilidade a argüição de inconstitucionalidade, no caso, do condicionamento à aprovação prévia da Assembléia Legislativa da investidura dos conselheiros da agência reguladora questionada. 3. Diversamente, é inquestionável a relevância da alegação de incompatibilidade com o princípio fundamental da separação e independência dos poderes, sob o regime presidencialista, do art. 8º das leis locais, que outorga à Assembléia Legislativa o poder de destituição dos conselheiros da agência reguladora autárquica, antes do final do período da sua nomeação a termo. 4. A investidura a termo - não impugnada e plenamente compatível com a natureza das funções das agências reguladoras - é, porém, incompatível com a demissão ad nutum pelo Poder Executivo: por isso, para conciliá-la com a suspensão cautelar da única forma de demissão prevista na lei - ou seja, a destituição por decisão da Assembléia Legislativa -, impõe-se explicitar que se suspende a eficácia do art. 8º dos diplomas estaduais referidos, sem prejuízo das restrições à demissibilidade dos conselheiros da agência sem justo motivo, pelo Governador do Estado, ou da superveniência de diferente legislação válida. III. Ação direta de inconstitucionalidade: eficácia da suspensão cautelar da norma argüida de inconstitucional, que alcança, no caso, o dispositivo da lei primitiva, substancialmente idêntico. IV. Ação direta de inconstitucionalidade e impossibilidade jurídica do pedido: não se declara a inconstitucionalidade parcial quando haja inversão clara do sentido da lei, dado que não é permitido ao Poder Judiciário agir como legislador positivo: hipótese excepcional, contudo, em que se faculta a emenda da inicial para ampliar o objeto do pedido.
CONCURSO: dependendo do concurso deve ser estudada a lei específica da agência reguladora. Mas, como regra geral, o que cai é o regime geral das agências reguladoras.
O regime especial tem 03 fundamentos:
mais autonomia e liberdade para as agências reguladoras, quando comparadas com as demais autarquias; 
exercício de atividade de regulação, 
controle e fiscalização do poder público (INDEPENDÊNCIA ADMINISTRATIVA E AUTONOMIA FINANCEIRA).
(TRF1: as agências reguladoras da União são entes descentralizados da Administração, com autonomia restrita à gestão administrativa, destinadas a fiscalizar determinados setores de atividade em nome do Estado? Porque é falso? Porque a autonomia NÃO é restrita à gestão administrativa, ela se amplia para a gestão financeira).
Investidura especial de seus dirigentes (em regra os dirigentes das autarquias são escolhidos pelo chefe do Poder Executivo): é escolhido pelo chefe do Executivo mediante a prévia aprovação do Senado Federal; CUIDADO: o BACEN é autarquia, mas que também tem essa especialidade das agências reguladoras; mandato com prazo fixo dos dirigentes; qual é o prazo? Quando a lei cria a autarquia define qual é o prazo. Há um projeto no Congresso Nacional defendendo a unificação do prazo, para 04 anos, sem coincidência com o chefe do poder executivo. CELSO ANTONIO acredita que deve haver coincidência entre os mandatos.
A Lei 9.986/00 regula a gestão dos recursos humanos das Agências Reguladoras. A Lei 10.871/04 dispõe sobre a carreira dos cargos das agências reguladoras.
Lei 9.986/00
Art. 4oAs Agências serão dirigidas em regime de colegiado, (TRF1) por um Conselho Diretor ou Diretoria composta por Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente.
Art. 5o O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente (CD I) e os demais membros do Conselho Diretor ou da Diretoria (CD II) serão brasileiros, de reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para os quais serão nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, (TRF1) nos termos da alínea f do inciso III do art. 52 da Constituição Federal.
Parágrafo único. O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente será nomeado pelo Presidente da República dentre os integrantes do Conselho Diretor ou da Diretoria, respectivamente, e investido na função pelo prazo fixado no ato de nomeação.
Lei 10.871/04
Art. 6o O regime jurídico dos cargos e carreiras referidos no art. 1o desta Lei é o instituído na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, observadas as disposições desta Lei.
Parágrafo único. É vedada a aplicação do instituto da redistribuição a servidores ocupantes de cargos e carreiras referidos no caput deste artigo das Agências Reguladoras e para as Agências Reguladoras referidas no Anexo I desta Lei.
Funções exercidas pelas agências reguladoras:
Típicas do Poder de Polícias: ANA (Agência Nacional de Águas), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
Regulam e controlam atividades que constituem objeto de concessão, permissão ou autorização de serviço público ou concessão para exploração de bens públicos.
Obs: a novidade maior estariam nas segundas, uma vez que as primeiras não diferem muitos do Banco Central, do Conselho Monetário Nacional, etc.
Exemplos de agências reguladoras:
Agências Reguladoras Que Prestam Serviço Público: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações); ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica); ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre); ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aqüaviários);
Agências Reguladoras Que Fiscalizam O Serviço Público Prestado Por Particular E Público: ANS (Agência Nacional da Saúde) e ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
Agências Que Cuidam Do Monopólio Do Petróleo: ANP (Agência Nacionaldo Petróleo);
Agências Que Cuidam Do Patrimônio Público: ANA (Agência Nacional da Águas);
Agências Que Fomentam A Atividade Privada: ANCINE (Agência Nacional de Cinema) (continua ainda regulada por MP).
Concurso: aparece o nome, mas o questionamento normalmente não é sobre regra específica, e sim por regra geral. Ficar atento à mídia. As provas adoram pedir o que está em evidência. Atualmente, está-se discutindo as tarifas de telefonia (2005/01). 
Algumas impropriedades
As autarquias de regime especial não podem criar novas leis, somente podem regular o que já está estabelecido em lei, definindo normas técnicas complementando o que está previsto em lei, jamais poderá contrariar a lei.
O nome foi copiado de forma aleatória. Há uma atecnia na colocação dos nomes. Exemplos de autarquias que têm nome de agência: ADA; ADENE; AEB (Agência Espacial Brasileira)
A lei que cria a autarquia irá definir a existência ou não do regime especial caracterizador do regime especial.
Há órgão da administração direta que ganhou o nome de Agência: ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).
Mas há uma autarquia de regime especial que não ganhou o nome de agência: CVM (Comissão de Valores Mobiliário), a própria lei estabeleceu que se trata de uma autarquia em regime especial (Lei 10.411/02).
A contraprestação por parte do Poder Público pode ser de até 70% do valor da remuneração do Parceiro Privado, ou mais, se houver autorização legislativa.
Por fim, a última adequação a ser feita na disciplina das agências para adequá-las ao ordenamento pátrio diz respeito ao seu poder de regulação. Ressalte-se, desde logo, que esse é o aspecto mais controvertido das agências no direito brasileiro. Inicialmente, cumpre indagar se há fundamento jurídico constitucional para que as agências exerçam função reguladora. Em outras palavras, a CR/ 88 permite que se delegue função normativa às agências? (mais uma vez, cumpre observar que a expressão “função reguladora” foi usada, aqui, em uma concepção restritiva, que terminaria por equipará-la a mera regulamentação, o que não é verdade, já que regulação compreende também as atividades fiscalizadoras, sancionatórias e de solução de conflitos). 
Segundo Maria Sylvia, apenas duas agências podem ter função reguladora, no sentido de editar normas que se equiparariam aos regulamentos autônomos: a ANATEL e a ANP. Segundo Maria Sylvia, com relação à ANATEL e à ANP, pode-se reconhecer sua função reguladora porque se tratam de entidades previstas na CR como órgãos reguladores. Ora, o que se deve entender por “órgão regulador”??? Não há qualquer definição ou parâmetro na CR, remetendo-se o dispositivo à lei que vier disciplinar a matéria. Diz Maria Sylvia que, como nunca existiram no Brasil entes com a denominação de órgão regulador, tem-se que entender que a expressão foi usada no sentido usualmente empregado no direito estrangeiro, principalmente norte-americano. Logo, ao falar em órgão regulador, está a Constituição reconhecendo ao mesmo a possibilidade de regulamentar a lei a partir de conceitos genéricos, princípios, Standards (conceitos indeterminados), tal como as agências reguladoras norte-americanas. Entretanto, deve-se compatibilizar tal função com o princípio da legalidade vigente no ordenamento pátrio, de modo que não se pode entender que essas agências possam ter função legislativa propriamente dita, como possibilidade de inovar na ordem jurídica, pois isso contrariaria o princípio da separação dos poderes e a norma do art. 5º, II, da CR. Esse é inclusive o entendimento adotado pelo STF, que, ao apreciar a capacidade normativa da Anatel, disse que essa agência se subordina ao princípio da legalidade, de forma que sua normatização deve ser complementar à lei, nos moldes estabelecidos pela lei. (Adin 1668-DF)
Uma observação interessante feita por F. Queiroz é a seguinte: o poder normativo das agências deve realmente estar lastreado em um mínimo conteúdo material constante em lei. Isso porque a regulamentação de setores tão essenciais como energia elétrica, água, dentre outros, não pode carecer de legitimação popular. E a legitimação popular decorre justamente da lei. Pode-se argumentar que as normas elaboradas pelas agências teriam sim uma legitimidade popular, ainda que indireta, vez que aquelas entidades são criadas por lei. Contudo, tal argumento não merece prevalecer, pois, segundo Francisco Queiroz, essa legitimação indireta não seria suficiente. Há, contudo, quem entenda que não é necessária essa legitimação popular, nem direta, nem indireta. Para essa corrente, a norma em alguns casos deve ser feita por técnicos, distantes de qualquer influência política, e não por representantes do povo. Francisco Queiroz observa que essa ideia não é compatível com um Estado Democrático de Direito. A “solução”, de acordo com o prof, para compatibilizar a necessidade de um regramento técnico com a noção de legitimação popular seria abrandar o princípio da legalidade, admitindo-se que as agências tenham competência para expedir regulamentos lastreados em mínimo de conteúdo material constante em uma norma legal. O poder normativo das agências reguladoras é admitido como válido, no ordenamento brasileiro, desde que fundado em um mínimo de conteúdo legal. A doutrina específica costuma referir-se aos standards como mecanismo legitimador do poder normativo das agências. O standards, que devem ser traduzidos como conceitos indeterminados, apesar de a tradução literal significar padrões. Por meio dos Standards a lei faz referência a determinados elementos que devem ser normatizados pelas agências, observando-se aquele padrão. 
Os principais elementos das agências são: 
1) a impossibilidade de exoneração ad nutum dos seus dirigentes, 
2) a organização colegiada, 
3) a formação técnica, 
4) a impossibilidade de recursos hierárquicos impróprios. 
Assim, apenas com a conjunção de todos estes elementos, poderemos reconhecer a existência de uma Agência Reguladora, dado que eles caracterizam a existência, além de competências regulatórias, de autonomia orgânica e funcional.
Fundamento sócio-político: reformulação do modelo de Estado, com redução do seu tamanho, deixando de agir diretamente e passando a intervir por regulação. Trata-se da transição da “administração de gestão” para a “administração de regulação”. Tudo isso em função da concepção de que o Estado não atua adequadamente na execução de atividades econômicas.
Deslegalização ou desregulação: a deslegalização é o fenômeno pelo qual a normatização de determinadas matérias passa a ser feita por ato infralegal. A desregulação é o fenômeno de diminuição da quantidade de regras sobre determinados setores da economia, de modo a permitir que o mercado se auto-regule pela competição entre os diversos agentes.
Toda agência regula serviços públicos Não. É muito importante diferenciar as agências reguladoras que regulam serviços públicos (Aneel, Anatel, Antt), das agências que desenvolvem atividade econômica (ANP, Anvisa). Segundo Alexandre Santos de Aragão, estas, que regulam atividade econômica strito senso, desenvolvem poder de polícia. Já as primeiras, que regulam serviços públicos delegados, não desenvolvem poder de polícia, mas simplesmente executam atividades decorrentes de um vínculo especial de sujeição que existe entre o poder público e seus delegatários. 
As agências reguladoras têm fundamento constitucional Só a Anatel e a ANP tem previsão constitucional.
Para Maria Sylvia, a independência das agências reguladoras deve ser entendida em termos compatíveis com o regime constitucional brasileiro. Assim, a independência em relação ao Poder Judiciário seria praticamente inexistente; a agência poderia dirimir conflitos em última instância administrativa, mas isso não impede o controle de suas decisões pelo Poder Judiciário, tendo em vista o disposto no art. 5º, XXXV, da CR, que significa a adoção, no direito brasileiro, do sistema da unidade de jurisdição. Qualquer ato praticado pelas agências reguladoras, desde que cause lesão ou ameaçade lesão, pode ser apreciado pelo Poder Judiciário. 
Poder judiciário pode estabelecer a política tarifária? Não.
É da exclusiva competência das agências reguladoras estabelecer as estruturas tarifárias que melhor se ajustem aos serviços de telefonia oferecidos pelas empresas concessionárias.O Judiciário, sob pena de criar embaraços que podem comprometer a qualidade dos serviços e, até mesmo, inviabilizar sua prestação, não deve intervir para alterar as regras fixadas pelos órgãos competentes, salvo em controle de constitucionalidade. (o caso: Ministério Público, via ACP, insurge-se contra a fixação da Anatel de prazo de validade de noventa dias para a fruição, pelo usuário, dos créditos da telefonia móvel pré-paga) STJ 1aT – Informativo 379
A independência em relação ao poder legislativo também não existe, tendo em vista que seus atos normativos não podem conflitar com as normas constitucionais ou legais. Além disso, estão sujeitos ao controle pelo Congresso Nacional, previsto no art. 49, X, da CR, e ao controle financeiro, contábil e orçamentário exercido pelo Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas, conforme previsto no art. 70 e seguintes da CR.
A independência maior que existe é em relação ao Poder Executivo, assim mesmo nos limites estabelecidos em lei, podendo variar de um caso para outro. Como autarquias que são, estão sujeitas à tutela ou controle administrativo exercido pelo Ministério a que se acham vinculadas. Todavia, como autarquias de regime especial, seus atos não podem ser revistos ou alterados pelo Poder Executivo.
Segundo Maria Sylvia, a estabilidade outorgada aos dirigentes das agências confere maior independência, não muito comum na maior parte das entidades da administração indireta, em que os dirigentes, por ocuparem cargos de confiança do Poder Executivo acabam por se curvar a interferências, mesmo que ilícitas. Inclusive, a doutrina indica como uma das principais características das agências reguladoras a inexistência de recurso hierárquico impróprio, i.e., aquele realizado para autoridade que não guarda hierarquia para com a autoridade recorrida. 
Comparação com as agências no direito norte-americano
 Referente à independência com relação aos três Poderes do Estado
Com relação ao judiciário – No Brasil pelo art. 5, XXXV da CR, não se pode impedir o acesso ao Poder Judiciário
Com relação ao legislativo – No Brasil, não pode inovar no ordenamento jurídico. Somente pode regulamentar dentro do limite estabelecido na lei instituidora. (Para Maria Sylvia somente a ANATEL e a ANP possuem função reguladora devido a previsão constitucional). No Brasil elas iniciaram com grande prestígio, porém devido a disputa do executivo com o legislativo elas vêm perdendo força, sobretudo no que diz respeito a função reguladora (chamada por muitos de função regulatória). No Brasil sujeita ao controle do Congresso Nacional , art. 49, X, CR.
Com relação ao executivo – as normas e decisões não podem ser revistas por autoridades estranhas aos órgãos
Para Maria Sylvia a grande novidade das agências seria o fato das mesmas estarem assumindo o papel de poder público nas concessões e permissões de serviços públicos.
 Relação de trabalho: Lei nº 10.871/04 – gestão de recursos humanos
Relação de trabalho regida pela CLT – Min. Marco Aurélio suspendeu, em apreciação liminar o art. 1º, da Lei nº 9.986/00. A natureza da atividade demanda regime de cargos públicos. A Lei n° 10.871/2004, instituiu o regime estatutário e dispôs sobre a criação de carreiras e organização de cargos efetivos.
Dirigentes não podem exercer outra atividade profissional. Escolhidos pelo Presidente, sujeito à aprovação do Senado.
Previsão de concurso público
Dirigentes quando afastados ficam por quatro meses impedidos de atuar no setor regulado pela agência 
A garantia do mandato do dirigente da agência pode se estender além de um mesmo período governamental? Na opinião de Celso Antônio, não.
Alguns aspectos
Como uma autarquia, segue todas as regras gerais de autarquia, mas apresenta duas peculiaridades: regime de pessoal e licitação.
a) Regime de Pessoal
Em 2000, com a Lei 9.986, ficou definido que os regimes de pessoal de agências reguladora são: CLT e CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. Que depois foi objeto da ADI 2310, quando o STF disse que isso é perigoso porque se exige uma alta contratação e especialização (grande qualificação), para tanto é preciso dar maiores garantias, o que vem ligado ao regime estatutário (cargo público). O STF disse mais: não pode ser temporário, porque gera muita instabilidade e também porque a CR (artigo 37, IX) diz que a contratação temporária ocorre somente em caráter excepcional.
Depois disso tudo, veio a Lei 10.871/04 criando os cargos, estabelecendo que serão estatutários, sedimentando o que o STF tinha aconselhado. Quem estava contratado temporariamente ficará até o término do seu contrato e depois os cargos serão ocupados por meio de concurso público.
b) Licitação
As Lei 9.472/97 (ANATEL) e Lei 9.478/97 (ANP) são problemáticas em relação a procedimento licitatórios, estabelecendo que os procedimentos licitatórios serão do PREGÃO (atualmente é para todos) e da CONSULTA, que ficou somente para as agências reguladoras. 
Qual o procedimento da consulta? Ninguém sabe ainda, a lei definirá, o que não foi feito até hoje, a modalidade é específica. 
Elas obedecem às regras da Lei 8.666/1.993, nas normas gerais.
	Quanto às características que diferenciam as agências, costuma-se apontar:
	I – MAIOR AUTONOMIA E LIBERDADE
	Têm ampla liberdade, mas não podem legislar. Afinal, legislar é faculdade exclusiva das pessoas políticas. Sua atividade é regulamentar a lei, através de normas técnicas. Fala-se em poder regulatório.
	II – DIRIGENTE É NOMEADO, MAS NÃO HÁ SUPERVISÃO MINISTERIAL
	Diferentemente das demais autarquias (exceto Bacen), o dirigente da agência é nomeado pelo Presidente da República, após aprovação pelo Senado. Trata-se de investidura especial.
	O Presidente do Bacen (autarquia comum) tem o mesmo processo de escolha. Afinal, ele tem status de ministro.
	
	III – MANDATO COM PRAZO FIXO
	Normalmente, nas autarquias comuns, há livre nomeação e exoneração. Nas agências é diferente, variando o prazo de mandato de acordo com a lei de cada agência.
	IV – POSSUEM MODALIDADE ESPECIAL DE LICITAÇÃO
	É a chamada consulta.
	Art. 54. A contratação de obras e serviços de engenharia civil está sujeita ao procedimento das licitações previsto em lei geral para a Administração Pública.
	Parágrafo único. Para os casos não previstos no caput, a Agência poderá utilizar procedimentos próprios de contratação, nas modalidades de consulta e pregão.
	A consulta serve à aquisição de bens e serviços não comuns, excetuadas as obras e serviços de engenharia civil. As propostas são julgadas por um júri, conforme os critérios previstos na convocação, os quais devem viabilizar a ponderação entre o custo e o benefício de cada proposta.
	De qualquer forma, sujeitam-se normalmente à Lei 8666/93.
	Por meio do art. 22, XXVII, da CR previu-se uma regra geral a ser observada pela Administração Pública, com procedimento simplificado para empresas públicas e sociedades de economia mista. A agência é autarquia, logo deveria ser regida pela Lei 8.666/93.
	A Lei 9472/97, que trata da Anatel, possui vários artigos que versam sobre o tema da licitação no âmbito daquela agência. Isso foi estendido às demais agências pelo art. 37 da Lei 9986/2000.
	Nesse sentido, o art. 54 da Lei 9472 estabelece que a contratação de obras e serviços de engenharia se sujeitará ao procedimento das licitações previsto na lei geral. Para essas contratações (atividade-meio), portanto, aplica-se a Lei nº 8.666/93.
	O parágrafo único do art. 54 fala, porém, em procedimentos próprios de contratação quando não se tratar de obras ou serviços de engenharia, nas modalidades de consulta e pregão. Ou seja, para contratações que não sejam obras ou serviços de engenharia (em se tratando de atividade-meio), não seaplica a Lei 8.666/93. O STF reconheceu a constitucionalidade do parágrafo único do art. 54 (previsão da consulta e do pregão – procedimentos próprios das agências para contratação – em caso de atividade-meio).
	E em caso de atividade-fim?
	Situação: Anatel – O art. 210 da Lei 9472/97 trata do procedimento licitatório a ser observado nos casos de atividade-fim da Anatel: As concessões, permissões e autorizações de serviço de telecomunicações e de uso de radiofreqüência e as respectivas licitações regem-se exclusivamente por esta Lei, a elas não se aplicando as Leis nº 8.666, de 21 de junho de 1993, nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, nº 9.074, de 7 de julho de 1995, e suas alterações. O mesmo ocorre com a ANP – ex: licitação para exploração de bacia de petróleo – não deve obedecer à Lei 8.666/93. Segundo o STF, o art. 210 é constitucional.
	CONCESSÕES, PERMISSÕES E AUTORIZAÇÕES DE SERVIÇO DE TELECOMUNICAÇÕES – REGEM-SE EXCLUSIVAMENTE PELA LEI 9472/97
	Portanto, temos:
	OBRAS OU SERVIÇOS DE ENGENHARIA – LEI 8.666/93
	DEMAIS ATIVIDADES-MEIO – CONSULTA OU PREGÃO
	PARA ATIVIDADE-FIM – AGÊNCIA NÃO PRECISA SEGUIR A LEI 8.666/93, REGENDO-SE EXCLUSIVAMENTE POR SUA LEI.
	Segundo a AGU, as decisões das agências reguladoras podem ser revistas por meio de recurso hierárquico impróprio -Estão sujeitas à revisão ministerial, de ofício ou por provocação dos interessados, inclusive pela apresentação de recurso hierárquico impróprio, as decisões das agências reguladoras referentes às suas atividades administrativas ou que ultrapassem os limites de suas competências materiais definidas em lei ou regulamento, ou, ainda, violem as políticas públicas definidas para o setor regulado pela Administração direta. (Este entendimento da AGU é no mínino curioso, haja vista que um dos elementos das agências reguladoras é a inexistência de recursos impróprios)
Busca e apreensão de equipamentos realizada pela ANATEL – 
A ANATEL não têm poderes para, administrativamente, fazer cessar as atividades da rádio e apreender seus equipamentos, conforme entendimento atual do STJ. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1668-5, suspendeu a eficácia do art. 19, XV, da Lei 9.472/1997, que concedia à ANATEL a competência para, administrativamente, proceder à apreensão de equipamentos utilizados indevidamente pela rádio comunitária, necessitando a agência, para imediata cessação de funcionamento da radiodifusão, recorrer ao Judiciário.
Jurisprudência TRF4:
ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. AÇÃO ORDINÁRIA. DECLARAÇÃO DE ILEGALIDADE DA RESOLUÇÃO ANVISA RDC 58/2007 - PROIBIÇÃO DE PRESCRIÇÃO, DISPENSAÇÃO E AVIAMENTO DE FÓRMULAS DE DOIS OU MAIS MEDICAMENTOS, SEJA EM PREPARAÇÃO SEPARADA OU EM UMA MESMA PREPARAÇÃO, COM FINALIDADE EXCLUSIVA DE TRATAMENTO DE OBSEIDADE, QUE CONTENHAM SUBSTÂNCIAS PSICOTRÓPICAS ANOREXÍGENAS ASSOCIADAS ENTRE SI OU COM OUTRAS SUBSTÂNCIAS QUE ELENCA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA - MODIFICAÇÃO DO JULGADO. SUCUMBÊNCIA - MODIFICAÇÃO. 1. O questionamento de fundo da presente demanda versa sobre a possibilidade de ato normativo infralegal, proveniente de agência reguladora, restringir liberdades individuais. O tema é controvertido tanto em nível doutrinário, quanto em nível jurisprudencial. E, à demonstração da amplitude da indigitada controvérsia, afigura-se elucidativa a lição de Gustavo Barchet (in Resumo de Direito Administrativo: teoria resumida. Rio de Janeiro. Elsevier. 2010), que literaliza - "(...) São amplas as áreas de atuação das agências reguladoras, e extremamente diversificadas as prerrogativas e atribuições de cada uma delas. Na verdade, a lei que institui determinada agência reguladora estabelece um perfil específico para a entidade, considerando todas as variáveis do setor em que a mesma atuará e a forma e o grau de intervenção que sobre o mesmo incidirá. Todavia, a partir da análise das leis que criaram as principais agências reguladoras brasileiras, podemos identificar um núcleo de características comuns dessas entidades, o que nos leva a considerar como seus traços mais relevantes: 1º) têm como função regular e fiscalizar determinado setor da atividade econômica ou relações jurídicas decorrentes das atividades econômicas em geral: no exercício dessa função as agências reguladoras editam atos normativos relacionados ao setor que regulam, solucionam os conflitos surgidos entre seus diversos participantes (Estado, setor econômico regulado, usuários dos serviços e a sociedade em geral), fiscalizam o cumprimento de suas determinações normativas e das leis, aplicam sanções aos seus infratores, entre outras atribuições; 2º) gozam de significativa independência do Poder Executivo: as leis específicas que instituíram as agências reguladoras conferiram-lhes prerrogativas especiais, a fim de assegurar-lhes uma relativa autonomia decisória frente ao Poder Executivo. Entre as prerrogativas, podemos citar a estabilidade de seus dirigentes (investidos em mandato de duração determinada, só podendo ser afastados antes de seu término pelo cometimento de ilícitos, por descumprimento da política legalmente definida para o setor ou quando se encerra o mandato do Chefe do Executivo responsável por sua nomeação); a estipulação, quando possível, de fontes próprias de recursos decorrentes do próprio exercício de sua função regulatória e fiscalizatória; a escolha de seus dirigentes por critérios técnicos, com a participação do Poder Legislativo; a previsão de fontes próprias de recursos financeiros, oriundos do exercício da atividade de fiscalização etc.; 3º) possuem uma abrangente competência normativa sobre as áreas nas quais atuam, efetivamente inovando na ordem jurídica, para parcela de nossos doutrinadores: essa característica das agências reguladoras tem gerado intensa polêmica, considerando a doutrina mais tradicional inconstitucional essa atribuição. Aqueles que a consideram legítima esclarecem que ela não abrange matérias reservadas pela Constituição à lei formal, pressupõe lei anterior que estabeleça os parâmetros dentro dos quais tais atos normativos complementares podem ser validamente editados, sendo nula a delegação legislativa em branco, e abrange exclusivamente os aspectos pertinentes ao respectivo setor regulado pela agência, além de sujeitar-se aos controles legislativo e judicial. Dentre as características atribuídas às agências reguladoras, a que mais se presta a críticas indiscutivelmente é a capacidade dessas entidades para, nos termos antes expostos, editarem atos normativos que inovem na ordem jurídica. Como já destacado, nossa doutrina mais tradicional considera inconstitucional tal atribuição, entendendo que nada há de inédito na competência normativa das agências reguladoras. Em posição intermediária, há aqueles que reconhecem às agências reguladoras competências para o exercício do poder regulamentar, pelo qual, em seu setor de autuação, produziram atos normativos diretamente a partir de lei (sem participação do chefe do Poder Executivo), mas sem aptidão para inovar na ordem jurídica. Por fim, aqueles que reconhecem às agências poder para efetivamente criar Direito novo, estabelecem para a legitimidade do exercício desta competência os requisitos acima indicados, quais sejam: 1º) existência de lei que expressamente delegue tal competência normativa ao Poder Executivo; 2º) fixação na lei de parâmetros a partir dos quais o ato normativo será editado pela agência; 3º) delimitação do conteúdo possível do ato normativo às áreas técnicas de atuação de agência. (...)" Também, à demonstração da controvérsia existente sobre o tema em exame, ValkiriaKelen de Souza - em artigo intitulado "O poder normativo das agências reguladoras e o princípio da legalidade" (in Curso de Direito Administrativo. Paulo Afonso Brum Vaz; Ricardo Teixeira do Valle Pereira; Romeu Bacellar Filho [organizadores]; Florianópolis; Conceito Editorial, 2009) - preleciona - "(...) 4. Posicionamento doutrinário e jurisprudencial 4.1 Posicionamento da doutrina A questão envolvendo os limites da atuação normativa das agênciasreguladoras vem sendo objeto de controvérsias tanto na doutrina, quanto na jurisprudência. Os doutrinadores que se manifestaram sobre o tema não são uníssonos. De um lado, encontram-se aqueles que abonam o entendimento ora adotado no sentido de que o princípio da legalidade deve ser estritamente observado pelos entes administrativos, em especial, as agências reguladoras em seu mister normativo. Maria Sylvia Di Pietro sustenta que o poder normativo das agências reguladoras limita-se a aspectos técnicos, não abrangendo o poder de regulamentar leis, respeitando-se os limites da lei sem inovações, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. Afirma que: "(...) à medida que as agências vão se deparando com situações irregulares, com atividades que quebram o equilíbrio de mercado, que afetam a concorrência, que geram conflitos, elas vão baixando atos normativos para decidir estes casos concretos. Para este tipo de ato também não há óbice de ordem jurídica. Eu diria que aí é que está o que há de mais típico na função reguladora: ela vai organizando determinado setor que lhe está afeto, respeitando o que resulta das normas superiores (e que garantem, o aspecto de estabilidade, de continuidade, de perenidade) e adaptando as normas às situações concretas naquilo que elas permitem certa margem de flexibilidade ou de discricionariedade". No mesmo sentido, Lúcia Valle Figueiredo sustenta que as agências reguladoras não podem expedir atos normativos em sentido estrito, fundamentando que: "(...) o nosso ordenamento jurídico não permite que obrigações, proibições, constrangimentos aos administrados façam-se por outro meio que não a lei (art. 5°, II), obrigando-nos, destarte, a grande esforço de intelecção para o deslinde de quais sejam os limites do órgão regulador". Ainda, Paulo Roberto Ferreira Motta conclui que: "(...) restariam, então, para as agências reguladoras, apenas e tão-somente, não inovando a ordem jurídica, editar atos administrativos sobre matérias estritamente técnicas. Os standards então estariam traçados nas leis. As leis criadoras das agências reguladoras estabelecem os balizamentos gerais da regulação em matéria de telecomunicações, por exemplo, e restaria à agência reguladora, no exercício da função normativa a particularização da regra, provendo os pormenores para sua concretização". De outro lado, porém, posições diferenciadas são defendidas por Eros Roberto Grau, Sergio Guerra e Alexandre Santos de Aragão. Eros Roberto Grau menciona, ao tratar das características das agências reguladoras, que "são entidades ubicadas no cerne do Poder Executivo, desempenhando funções administrativas e normativas, estas últimas no exercício de capacidade regulamentar". Com esta definição denota admitir a função normativa, regulamentar, das agências. Sérgio Guerra sustenta a constitucionalidade da função normativa secundária pelas agências reguladoras, afirmando não observar "qualquer usurpação da função legiferante, de competência do Poder Legislativo, nem, tampouco, do poder regulamentar de atribuição precípua do Chefe do Poder Executivo". Alexandre Santos de Aragão, por sua vez, sustenta que "regulamentar não é só reproduzir analiticamente a lei, mas ampliá-la e complementá-la, segundo o seu espírito e conteúdo, sobretudo nos aspectos que a própria lei, explícita ou implicitamente, outorga à esfera regulamentar". Menciona, ainda, a Teoria dos Ordenamentos Setoriais, justificando a função regulatória das agências e a constitucionalidade da "delegificação" (atribuição de poderes normativos, na seara econômica, pela lei, a órgãos ou entidades administrativas), dispondo que: "Não há qualquer inconstitucionalidade na delegificação, que não consistiria propriamente em uma transferência de poderes legislativos, mas apenas na adoção, pelo próprio legislador, de uma política legislativa pela qual transfere a uma outra sede normativa a regulação de determinada matéria. (...).Com efeito, o Poder Legislativo, em face da complexidade, dinamismo e tecnização da sociedade, tem distinguido os aspectos políticos dos de natureza preponderantemente técnica da regulação social, retendo os primeiros, mas, consciente das suas naturais limitações, transpassando a outros órgãos ou entidades, públicas ou privadas, a normatização de cunho marcadamente técnico. Porém, mesmo nestes casos resguarda o Poder Legislativo o balizamento e a coordenação destas regulações plurifórmicas e pluricêntricas". Todavia, em que pesem as opiniões em contrário, o poder normativo das agências deve se restringir à definição e pormenorização da norma originada no Poder Legislativo, nunca adotando a função legiferante, sob pena de incidir em inconstitucionalidade, por ofensa à reserva da lei e ao princípio da indisponibilidade do poder legiferante. Importante ressaltar a opinião de Celso Antônio Bandeira de Mello o qual, com fulcro em dispositivos constitucionais, conclui que: "(...) conjugando-se o disposto no artigo citado (5°, II) com o estabelecido no art.84, IV, que só prevê regulamentos para "fiel execução das leis", e com o próprio art.37, que submete a Administração ao princípio da legalidade, resulta que vige, na esfera do Direito Público, um cânone basilar-oposto ao da autonomia da vontade, segundo o qual: o que, por lei, não está antecipadamente permitido à Administração, está, ipso facto, proibido, de tal sorte que a Administração, para agir, depende integralmente de uma anterior previsão legal que lhe faculte ou imponha o dever de atuar". Assim, por força dos artigos 5°,II, 37 e 84, IV da Constituição Federal, o fenômeno da "delegificação" não encontra respaldo constitucional, não podendo uma norma infralegal inovar, criando no sistema positivo qualquer regra geradora de direito e obrigação que não tenham sido previstas previamente na lei. 4.2 Posicionamento da jurisprudência No âmbito do Supremo Tribunal Federal nota-se certa discrepância de entendimentos no que se refere à amplitude deste "poder normativo" quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1668-DF e da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1949-0. Na ADIN n° 1668-DF, ao apreciar a alegação de inconstitucionalidade de normas contidas na Lei n° 9.472, de 16/07/1997, o STF deferiu, em parte, o pedido de medida cautelar, para: "(...) quanto aos incisos IV e X, do art.19, sem redução de texto, dar-lhes interpretação conforme a Constituição Federal, com o objetivo de fixar exegese segundo a qual a competência da Agência Nacional de Telecomunicações para expedir normas subordina-se aos preceitos legais e regulamentares que regem outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público e no regime privado, vencido o Ministro Moreira Alves" . Contudo, o STF, ao apreciar Medida Cautelar em sede da ADIN n° 1949-019, proposta pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, sob a alegação de inconstitucionalidade de dispositivos da Lei Estadual n° 10.931/97, a qual criou AGERG - Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul, reconheceu o caráter de autonomia da agência reguladora quanto a determinadas questões jurídicas e políticas. Outrossim, no âmbito dos Tribunais Regionais Federais podemos verificar a dicotomia de entendimentos entre o TRF da 2ª Região e o TRF da 4ª Região, ao analisarem a constitucionalidade da Portaria n° 201/99 expedida pela Agência Nacional do Petróleo, como se observa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. PORTARIA Nº 201/99 DA AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO - ANP. REQUISITOS PARA O ACESSO À ATIVIDADE DE TRANSPORTADOR - REVENDEDOR RETALHISTA - TRR. COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE PERANTE O SISTEMA DE CADASTRAMENTO UNIFICADO DE FORNECEDORES - SICAF. LEI N° 9.478/97. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NÃO VIOLADOS. PRECEDENTES DESTA CORTE. - A Portaria ANP n° 201/99 encontra-se fundamentada na Lei n° 9.4 78/97,a qual atribui competência à Agência Nacional do Petróleo - ANP para regular e autorizar as atividades relacionadas com o abastecimento nacional de combustíveis, cabendo-lhe, ainda, a fiscalização detais atividades, diretamente ou mediante convênios, conforme estabelecido no art.8°,inciso XV. Dessa forma, não há que se falar em ofensa ao princípio da legalidade, se há lei a emprestar fundamento à Portaria impugnada. Ademais, na condição de órgão regulador e fiscalizador de referida atividade econômica, ligada a um setor absolutamente estratégico, tem a ANP competência para editar as regras que se fizerem oportunas para disciplinar a distribuição de combustíveis no país, não havendo, in casu, abuso do poder regulamentar, vez que a Autarquia não exorbitou dos ditames da Lei n° 9.478/97 ao exigir a comprovação de regularidade perante o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF, como condição para a autorização do exercício dessa atividade. - A Lei n° 9.478/97 encontra respaldo em dispositivo constitucional, artigo 170 da CF/88, o qual prevê a possibilidade do legislador ordinário impor restrições ao desempenho de atividade econômica quando presente o interesse público, como no presente caso, dado o caráter estratégico das atividades relacionadas ao petróleo para o desenvolvimento e soberania do país. Nesse contexto, não se vislumbra violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência, na esteira do entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do RE n° 229.440, ao apreciar questão similar, sendo, mutatis mutandis, perfeitamente aplicável à hipótese dos autos. Ao magistrado é vedado apreciar a razoabilidade do ato praticado pela Administração, cabendo-lhe unicamente analisar a sua legalidade, isto é, se estão presentes os requisitos que a lei exige para a validade dos atos administrativos. Não obstante, ainda que excepcionalmente possa tal impedimento ser superado, não se vislumbra uma providência desarrazoada, suscetível de correção pela via judicial, na exigência estipulada no artigo 4°, inciso IV, da Portaria ANP n° 201/99. Com efeito, o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores - SICAF constitui o registro cadastral do Poder Executivo Federal, conforme art. 1° do Decreto n° 3.722/2001, na redação dada pelo Decreto n° 4.485/2002, e atesta a regularidade fiscal e a qualificação econômico-financeira das empresas obrigatoriedade da inclusão das distribuidoras e revendedoras de derivados de petróleo e álcool combustível no SICAF, a ANP tem condições de cumprir sua função fiscalizadora junto às empresas concessionárias, em nome de um melhor serviço prestado ao consumidor, na medida em que as informações ali incluídas, e permanentemente atualizadas, integrando diversos cadastros, como Receita Federal, FGTS, Dívida ativa e previdência social, proporcionam uma maior segurança quanto à idoneidade econômica da empresa para atuar no mercado, tendo em conta a atividade em apreço, considerada de utilidade pública. Nesse diapasão, afigura-me válido o dispositivo impugnado, encontrando-se em perfeita harmonia com o poder de regulamentação e fiscalização conferido à ANP, efetivado através do poder de polícia.- Recurso improvido. (TRF da 2ª REGIÃO,AMS-41252, Processo n° 2001 0201 0409750-RJ, relator JUIZ BENEDITO GONÇALVES, 6a t. ,DJU 07/1 0/2005, p.205) AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO (ANP). PORTARIA Nº 201/99. TRANSPORTADOR, REVENDEDOR E RETALHISTA (TRR). COMERCIAUZAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. RESERVA LEGAL. IRRETROATIVIDADE. Há verossimilhança da alegação, porém, no que diz com a usurpação da competência legislativa pela autoridade administrativa ao formular restrições que só poderiam ser aviadas em lei, ofendendo, pois, o princípio da legalidade. A ANP, por força da Lei n. 9.478/97, assumiu as atribuições do Departamento Nacional de Combustíveis - DNC, relacionadas com as atividades de distribuição e revenda de derivados de petróleo e álcool (art. 9°). Só que, percebe-se da rasa leitura da disposição constitucional acerca do mercado de combustíveis - art. 238,a ANP recebeu, em substituição ao DNC, delegação que não poderia ter sido dada, porquanto o sujeito eleito constitucionalmente para tratar do assunto era o legislador ordinário, não a autoridade administrativa. Ao assim proceder, a autoridade administrativa foi além da marca, assumindo indevidamente a competência legiferante, desvirtuando-se, por conseqüência, da atribuição regulamentar que lhe é típica. Somente a lei, então, constitui instrumento adequado para delinear os contornos das atividades ligadas à venda e distribuição dos combustíveis de petróleo, álcool carburante e outros combustíveis derivados de matérias-primas renováveis, não sendo a portaria meio próprio para tal. A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. Logo, portarias são atos administrativos internos, não sendo dado ao seu editor impor, modificar ou extinguir obrigações; a lei é a única fonte possível. (TRF da 4ª Região, AC n° 2002.72.09.001099-4/SC, rel. Juíza VÂNIA HACK DEALMEIDA, 3ª t., DJU 23/08/2006, p.1124) Portanto, como se pode constatar, a jurisprudência de nossos tribunais não é uníssona quanto à interpretação da extensão do chamado "poder normativo" das agências reguladoras. (...)" (sublinhei) Fixada a complexidade do tema e demonstrada a controvérsia doutrinária e jurisprudencial que o permeia, gizo filiar-me à corrente que reconhece que as leis que atribuem poder normativo às entidades reguladoras caracterizam-se pela sua baixa densidade normativa - consubstanciam típicos standards - a ensejar autonomia e agilidade da entidade administrativa à regulação das complexas matérias da área técnica de sua especificidade. Rigorosamente, a lei de criação da agência reguladora não desce ao detalhamento da competência normativa outorgada a tal entidade; limita-se a fixar os parâmetros dentro dos quais o exercício dessa competência há de ser considerado legal. Assim, ainda que do exercício dessa competência advenha ato normativo que inove na ordem jurídica, se essa inovação visa à consecução das finalidades públicas para as quais foi criada a agência reguladora e não se verifica excesso aos elásticos parâmetros de competência fixados na lei de criação da autarquia especial, esse ato deve ser entendido como "ato jurídico conforme ao Direito" e, especificamente, ato jurídico em consonância com o princípio da legalidade. Nessa equação, reconhecida a possibilidade das agências reguladoras emitirem atos normativos com aptidão para inovarem na ordem jurídica desde que esses atos visem à consecução das finalidades públicas para as quais essas autarquias especiais foram criadas, impende fixar quais são os requisitos que devem ser observados quando do exercício desse competência normativa à elaboração de atos jurídicos hígidos - 1º) existência de lei que expressamente delegue tal competência normativa ao Poder Executivo; 2º) fixação na lei de parâmetros a partir dos quais o ato normativo será editado pela agência; 3º) delimitação do conteúdo possível do ato normativo às áreas técnicas de atuação de agência. Feitas essas considerações, passo a analisar se a RDC/ANVISA N.º 58/2007 acura a todos esses requisitos indispensáveis à sua validação pela ordem jurídica pátria. E, nesse mister, começo assinalando que a Constituição Federal, sobre o direito fundamental à saúde, dispõe - Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Públicodispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; (sublinhei) A Lei n.º 8.080/90, que regula as ações e serviços de saúde em todo o território nacional, dispõe - Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade. Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a execução de ações: a) de vigilância sanitária; (...) § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. (sublinhei) A Lei n.º 9.782/99, que instituiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, dispõe - Art. 2º Compete à União no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: I - definir a política nacional de vigilância sanitária; II - definir o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; III - normatizar, controlar e fiscalizar produtos, substâncias e serviços de interesse para a saúde; (...) VII - atuar em circunstâncias especiais de risco à saúde; e (...) Art. 6º A Agência terá por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e de fronteiras. Art. 7º Compete à Agência proceder à implementação e à execução do disposto nos incisos II a VII do art. 2º desta Lei, devendo: I - coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; II - fomentar e realizar estudos e pesquisas no âmbito de suas atribuições; III - estabelecer normas, propor, acompanhar e executar as políticas, as diretrizes e as ações de vigilância sanitária; (...) VII - autorizar o funcionamento de empresas de fabricação, distribuição e importação dos produtos mencionados no art. 8o desta Lei e de comercialização de medicamentos; VIII - anuir com a importação e exportação dos produtos mencionados no art. 8º desta Lei; IX - conceder registros de produtos, segundo as normas de sua área de atuação; (...) XV - proibir a fabricação, a importação, o armazenamento, a distribuição e a comercialização de produtos e insumos, em caso de violação da legislação pertinente ou de risco iminente à saúde; (...) XVII - coordenar as ações de vigilância sanitária realizadas por todos os laboratórios que compõem a rede oficial de laboratórios de controle de qualidade em saúde; XVIII - estabelecer, coordenar e monitorar os sistemas de vigilância toxicológica e farmacológica; XIX - promover a revisão e atualização periódica da farmacopéia; (...) Art. 8º Incumbe à Agência, respeitada a legislação em vigor, regulamentar, controlar e fiscalizar os produtos e serviços que envolvam risco à saúde pública. § 1º Consideram-se bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária pela Agência: I - medicamentos de uso humano, suas substâncias ativas e demais insumos, processos e tecnologias; (...) XI - quaisquer produtos que envolvam a possibilidade de risco à saúde, obtidos por engenharia genética, por outro procedimento ou ainda submetidos a fontes de radiação. (...) § 3º Sem prejuízo do disposto nos §§ 1º e 2º deste artigo, submetem-se ao regime de vigilância sanitária as instalações físicas, equipamentos, tecnologias, ambientes e procedimentos envolvidos em todas as fases dos processos de produção dos bens e produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, incluindo a destinação dos respectivos resíduos. § 4º A Agência poderá regulamentar outros produtos e serviços de interesse para o controle de riscos à saúde da população, alcançados pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. § 5o A Agência poderá dispensar de registro os imunobiológicos, inseticidas, medicamentos e outros insumos estratégicos quando adquiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais, para uso em programas de saúde pública pelo Ministério da Saúde e suas entidades vinculadas. § 6o O Ministro de Estado da Saúde poderá determinar a realização de ações previstas nas competências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em casos específicos e que impliquem risco à saúde da população. § 7o O ato de que trata o § 6o deverá ser publicado no Diário Oficial da União. (sublinhei) A disciplina conjugada dos dispositivos constitucionais e legais acima transcritos denota que a criação da ANVISA teve o escopo de aumentar a capacidade da Administração Pública à prática de ações tendentes ao controle sanitário, à prevenção, à eliminação e à diminuição de riscos à saúde pública. Ora, não há negar que o regramento da RDC/ANVISA n.º 58/07 tem por finalidade precípua "a prevenção, a eliminação e a diminuição de riscos à saúde pública" quanto ao uso de substâncias psicotrópicas anorexígenas. O ato normativa visa implementar as disposições contidas na Lei n.º 5.991/73 e no Decreto 74.170/74 - acerca do controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos; na Lei n.º 6.360/76 e Decreto n.º 79.094/77 - acerca do sistema de vigilância sanitária a que ficam sujeitos os medicamentos, as drogas os insumos farmacêuticos, correlatos e outros produtos; na Lei n.º 11.343/06 e no Decreto n.º 5.912/06 - acerca das políticas públicas sobre drogas e da instituição do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD; das medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; das normas para repressão à produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas; na Portaria n.º 3.916/MS/GM de 30/10/987 - estabelecida ao cumprimento da Política Nacional de Medicamentos, que busca garantir condições para segurança e qualidade dos medicamentos consumidos no país, promover o uso racional e o acesso da população àqueles considerados essenciais; na Resolução MERCOSUL/GMC/RES nº. 39/99 - que dispõe sobre as associações de drogas em medicamentos e preparações magistrais que contenham anorexígenos; na Resolução n.º 273 de 30/08/1995, do Conselho Federal de Farmácia - que veda ao farmacêutico por tempo indeterminado a formulação de produto magistral contendo associações medicamentosas, que tenham em sua formulação as substâncias: dietilpropiona ou anfepramona, d-fenfluramina, l-fenfluramina, fenproporex, manzidol, quando associadas entre si e/ou a outras substâncias de ação no sistema nervoso central (inclusive as benzodiazepinas) e/ou substâncias de ação no sistema endócrino; na Resolução n.º 1.477, de 11/07/1997, do Conselho Federal de Medicina, que veda aos médicos a prescrição simultânea de drogas tipo anfetaminas, com um oumais dos seguintes fármacos: benzodiazepínicos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, com finalidade de tratamento da obesidade ou emagrecimento. Rigorosamente, o indigitado ato normativo realiza a "finalidade pública" para a qual a ANVISA foi criada - proteção à saúde - e limita-se à área técnica de sua especificidade; não excede o âmbito da elástica competência normativa outorgada à autarquia pela lei de sua criação (Lei n.º 9.782/99, art. 2º, III c/c art. 7º, III); e existe lei stricto sensu que delega competência normativa ao Poder Executivo em sede de direito à saúde (Lei n.º 8.080/90, art. 2º, §1º; art. 6º, I, "a" e § 1º c/c Lei n.º 9.782/99, art. 2º, III; art. 6º; art. 7º, III, VII, VIII e XV, XVII, XVIII e XIX). Em tal conformação, anoto que a RDC/ANVISA n.º 58/07 é ato jurídico conforme ao Direito e acura ao princípio da legalidade. Por derradeiro, quanto à tese de que o indigitado ato normativo estaria a restringir liberdades públicas - como, por exemplo, o direito à liberdade ao exercício de atividade econômica -, gizo que a argumentação afigura-se insuficiente para inquinar a RDC/ANVISA n.º 58/07. Confiro. Na equação fática/jurídica sub examine, de um lado, tem-se um ato normativo emanado da Administração Pública - cuja presunção de legalidade resta chancelada pelo Poder Judiciário em sede de cognição exauriente - que realiza, simultaneamente, dois mandamentos constitucionais, a saber: concreção do direito à saúde (CF, 6º) e defesa do consumidor pelo Estado (CF, art. 5º, XXXII); de outra parte, tem-se a restrição ao direito à livre iniciativa econômica (CF, art. 1º, IV). Ora, considerando-se a inexistência de liberdades públicas, de direitos fundamentais absolutos; e, presente a técnica utilizável à solução de conflitos de interesses de envergadura constitucional - que aponta à adoção do princípio da proporcionalidade para se definir, no caso concreto, qual o interesse prevalente -, afigura-se-me inquestionável, in casu, a prevalência dos interesses transindividuais protegidos pelo indigitado ato normativo em face do interesse individual econômico restringido pelo mesmo. Destarte, impõe-se reconhecer que a inovação da ordem jurídica produzida pela RDC/ANVISA n.º 58/07 afigura-se hígida tanto no plano da legalidade, quanto no plano da constitucionalidade, razão pela qual aponto ao rechaço da pretensão deduzida na lide. 2. Modificada a solução da lide, a parte autora resta vencida na totalidade da sua pretensão, impondo-se-lhe carregar os ônus da sucumbência (CPC, art. 20). Os honorários advocatícios, eu os arbitro em R$ 1.000,00 (hum mil reais) em consonância com o artigo 20, parágrafo 4º, da Lei do Rito, 3. Apelação e remessa oficial providas. (TRF4, APELREEX 5022953-21.2010.404.7000, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 25/11/2011)
AGÊNCIAS EXECUTIVAS:
Conceito: Autarquia ou fundação que celebra contrato de gestão com o órgão da administração direta ao qual está vinculada, para melhoria da eficiência e redução de custos.
Estão previstas nos arts. 51 e 52 da Lei n° 9.649/98
1. Entidade pré-existente que possui um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento. 2. Aprovado o plano é firmado contrato de gestão com o Ministério supervisor. 3. Qualificação como “agência executiva” por Decreto do Presidente da República.
Objetivo: melhorar a eficiência das entidades autárquicas e fundacionais 
Regulamentação: Decretos Federais nº 2.487/98 e 2.488/98(aplicável a nível federal)
Descumprimento do plano de reestruturação e desenvolvimento institucional – Entidade perde a qualificação.
Ampliação da autonomia depende da promulgação de lei referida no art. 37, §8º da CRFB/1988
Contrato de gestão – contratos pelos quais a Administração Central concede à autarquia ou fundação maior liberdade de ação, ou seja, mais autonomia , com a dispensa de determinados controles, e assume o compromisso de repasse regular de recursos em contrapartida ao cumprimento por estas de determinados programas de atuação, com metas definidas e critérios precisos de avaliá-las, passível de aplicação de sanções aos dirigentes que descumprir, injustificadamente, o contrato.
Para modernização da autarquia ou da fundação, fazem um plano estratégico, celebrando com o poder público um contrato de gestão, por meio do qual irão ganhar mais dinheiro e autonomia.
Aprovado tudo isso (PLANO ESTRATÉGICO e CONTRATO DE GESTÃO), o chefe do Executivo, por meio da edição de decreto, dará um status de AGÊNCIA EXECUTIVA. Assim, a natureza jurídica de agência executiva é temporária, somente enquanto estiver vigente o contrato de gestão.
Exemplos: INMETRO, ADENE (Agência de Desenvolvimento do Nordeste), ADA (Agência de Desenvolvimento da Amazônia). Há na doutrina uma divergência, há quem diga que não existem atualmente, no Brasil (MARINELA).
Objetivos: 1) Conferir maior autonomia gerencial, financeira e administrativa.
2) Assegurar a regularidade de transferências financeiras 
Conseqüência Prática Da Sua Criação: ampliação dos limites de isenção ao dever de licitar, acréscimo do inciso XXIV ao art. 24 da Lei n° 8.666/93.
SERVIÇOS PÚBLICOS: 
Noções gerais: O Poder Público quando presta a atividade administrativa pode fazê-lo de três maneiras diferentes:
1) forma centralizada: é a prestação feita pelo núcleo central da Administração, ou seja, é a ADMINISTRAÇÃO DIRETA;
2) forma descentralizada: é a prestação que sai do núcleo e é deslocada para outras pessoas jurídicas, que podem receber a atividade: autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista, ou seja, os ENTES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Os particulares também podem receber a descentralização.
3) forma desconcentralizada: é prestação distribuída dentro do mesmo núcleo central da Administração. Exemplo: transferência de uma Secretaria para outra, ou se um Ministério para outro.
 A DESCENTRALIZAÇÃO pode ser de diversas maneiras:
1) descentralização por outorga: há transferência da titularidade e da execução do serviço, ou seja, a pessoa jurídica transfere a titularidade e a execução do serviço; somente pode ser feita por meio de LEI. A titularidade do serviço público não pode sair das mãos da administração, assim, a outorga somente pode ser feita para as pessoas jurídicas da ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DE DIREITO PÚBLICO: AUTARQUIAS e FUNDAÇÕES PÚBLICAS. Note-se que não se pode fazer outorga para outro tipo de pessoa jurídica.
2) descentralização por delegação: há transferência somente da execução do serviço, a administração mantém a titularidade do serviço. Pode ser feita por meio de LEI ou de CONTRATO. Recebem por lei: empresa pública e sociedade de economia mista. A delegação por contrato pode-se fazer por: CONCESSÃO ou PERMISSÃO.
Conceito:
É toda atividade de oferecimento de utilidade e comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como pertinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhes faça às vezes, sob um regime de direito total ou parcialmente público.
SERVIÇO PÚBLICO é uma comodidade ou utilidade material, que serve às necessidades dos administrados (COLETIVIDADE GERAL), ou seja, são os administrados que usufruem. Mas, não é qualquer necessidade dos administrados que é serviço público. Com a evolução social, o conceito de serviço público muda por que está associado à necessidade coletiva. EXEMPLOS: energia elétrica há 150 anos não era um serviço público; bonde há 50 anos era um serviço público, atualmente, não é mais serviço público.
O Estado tem que assumir como sua tarefa para que a necessidade dos administrados seja um serviço público. Se o Estado assume o serviço como seu, poderá prestá-lo DIRETA (prestado pelo próprio Estado) ou INDIRETAMENTE (há quem preste o serviço em lugar do Estado). 
Elementos:
a) substrato material (subjetivo e material)
b) traço formal
Elemento caracterizador do serviço público: utilidade oucomodidade, responsabilidade do Estado e interesse coletivo são o SUBSTRATO MATERIAL DO SERVIÇO PÚBLICO.
Elemento caracterizador do serviço público: traço formal que consiste no regime público, ou seja, o serviço público tem que seguir o regime público, ainda que se trate de regime parcialmente público, mas tem que obedecer ao regime público.
Para ser serviço público, o regime tem que ser público, há alguns serviços que são prestados com um regime misto, com parte público e parte privado. O texto constitucional traz 04 espécies de serviços públicos e nem todos podem ser prestados indiretamente:
Serviços Públicos Exclusivos Do Estado: somente o Estado presta e não pode substituir e não pode transferir. Exemplo: correios. Note-se que o correio é uma empresa pública, por isso se trata de uma questão diferenciada, porque quem deveria prestar era o Estado, sem a transferência para a Empresa de Correios e Telégrafos, por isso é que ela tem tratamento de fazenda pública.
Serviços Públicos que o Estado tem que promover: o Estado tem a obrigação de promover a sua prestação, mas pode prestar direta ou indiretamente. Exemplo: serviço de telefonia. O estado promove mas não precisa prestar diretamente, mas quem prestar irá fazê-lo em nome do Estado. Estão aqui as CONCESSÕES e as PERMISSÕES de serviço público. As concessionárias e as permissionárias recebem a delegação.
Serviços Públicos de titularidade do Particular e do Estado: a CR/88 deu ao particular a titularidade do serviço juntamente com o Estado. O particular presta serviço em nome próprio, não há delegação, não existe vínculo entre o Estado e o particular. O particular atua com o recebimento dessa competência da própria CR. O particular presta o serviço em nome próprio por sua conta e risco. Exemplos: saúde e ensino / educação.
Serviços Públicos do Estado que tem o dever de prestar e o dever de transferir: o Estado tem a obrigação de prestar e a obrigação de transferir o serviço público, NECESSARIAMENTE o serviço será prestado pelo Estado e pelo particular. São serviços prestados OBRIGATORIAMENTE pelo Estado e pelo particular, evitando-se o monopólio. Exemplo: rádio e televisão, afastando o monopólio da informação.
Serviços Públicos Não Exclusivos Do Estado: o Estado tem a obrigação de promover a prestação, ele não tem a obrigação de prestá-los diretamente, mas, tem a obrigação de promovê-los. Exemplos: concessão transporte coletivo, energia elétrica e outros.
Princípios: Há divergência doutrinária, os autores estabelecem listas distintas. Todos os princípios do direito administrativo aplicam-se aos serviços públicos. Alguns doutrinadores apontam os princípios estabelecidos na Lei 8987/95 (artigo 6o.) e 11.079/04.
1) Princípio do dever de prestar: o Estado é obrigado a prestar o serviço público, seja direta ou indiretamente.
2) Princípio da continuidade: impossibilidade de interrupção do serviço público que deve ser prestado sempre. A Lei 8987 afirma que não haverá desrespeito ao princípio em caso de inadimplemento quando for feita prévia notificação, assim a Administração pode deixar de prestar o serviço público. Porém, os tribunais vêm entendendo que tratando-se de serviço indispensável, não poderá o serviço público ser cortado. Em vista disso, discute a constitucionalidade do dispositivo legal. EXEMPLO: alguns TJ’s consideram abusivo o corte da energia, atualmente, indispensável. A continuidade do serviço público está na CR em relação aos serviços públicos essenciais, assim não poderia lei ordinária regular o assunto sob pena de inconstitucionalidade, já que a exceção deveria estar também na CR. Em ACP, uma juíza decidiu que não pode ser cortada a energia elétrica, mesmo quando esteja inadimplente o usuário, por tratar-se de um serviço essencial.
Atualmente, a jurisprudência tem admitido o corte, ainda que o inadimplente seja ente público. A restrição que tem sido feita é em relação ao local prestador de serviço essencial (ex.: hospital público inadimplente). É de se salientar ainda que a empresa fornecedora de energia elétrica não pode proceder a corte por inadimplência de consumidor outro que não seja o atual no endereço de recebimento. A jurisprudência do TRF4 consolidou-se no sentido de que a interrupção do fornecimento dos serviços essenciais, como água e energia elétrica, pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo, sendo inviável a suspensão do abastecimento em razão de débitos antigos (TRF4, AG 5013859-92.2013.404.0000, Quarta Turma, Relator p/ Acórdão Luís Alberto D'azevedoAurvalle, D.E. 14/08/2013).
	STJ 2aT
	365 378 421
	Licitações e Contratos - Interrupção fornecimento de energia
	É ilegítima a interrupção de fornecimento de energia elétrica de município inadimplente, quando atingir unidades públicas provedoras de necessidades inadiáveis, i. e., referentes à sobrevivência, saúde ou segurança da coletividade.Todavia, há entendimento (no STJ, abaixo - info 378) que o corte é possível quando, fora dessas necessidades, o órgão público é avisado e não paga a conta de energia. No Info 421, admitiu-se o corte para um Hospital privado em função de expressivo débito, além da concessionária ter tomado todas as cautelas, julgando-se improcedente a ação de danos morais movida pelo Hospital.
	STJ CE
	378
	Licitações e Contratos
	Não faz sentido admitir-se o fornecimento gratuito, mesmo a um órgão público, de serviços de luz ou água, porque ele também tem de cumprir suas obrigações. Ressalvou-se que se abre exceção apenas para a interrupção de fornecimento de água nos casos dos hospitais e das escolas públicas (atividades essenciais), a qual necessita de procedimentos como prévia notificação.
Concurso: responder o que está na lei. O legislador pretendeu garantir a prestação do serviço como um todo, por isso é que só presta a quem pagar, podendo suspender o pagamento para os que não pagam, garantindo o serviço como um todo.
3) Princípio da atualidade: o serviço público tem que ser prestado de acordo com o estado da técnica, de acordo com a técnica mais moderna.
4) Princípio da segurança: que não coloque em risco os destinatários; O serviço público deve ser prestado de forma segura, não pode colocar em risco a vida dos administrados
5) Princípio da universalidade ou da generalidade: o serviço público deve ser prestado à coletividade em geral, é prestado erga omnes.
6) Princípio da modicidade das tarifas: (país pobre - serviço importante - barato) Devem ser cobradas tarifas módicas, o serviço público deve ser o mais barato possível.
7) Princípio da cortesia: bom tratamento ao público; o servidor tem que ser cortês, tem que tratar o usuário com urbanidade.
8) Princípio da impessoalidade: veda discriminações entre os usuários
9) Princípio da transparência: (conhecimento público)
10) Princípio da eficiência: serviço satisfatório quantitativamente e qualitativamente;
11) Princípio da regularidade: prestado sempre com a mesma eficiência;
Distinções Entre Serviço Público E Outras Atividade Estatais:
a) serviço público (dinâmico) e obra pública (estático)
b) serviço público e poder de polícia
c) serviço público e atividade econômica
Competência Para A Prestação De Um Serviço:
Como regra, a competência decorre de previsão constitucional. Mas há serviços que estão previstos em lei. Exemplo: serviço funerário não está previsto na CR.
Quando não houver previsão constitucional, a divisão dos serviços deve ser feita adotando-se o critério de INTERESSE (princípio da predominância do interesse). NACIONAL: União; REGIONAL: Estado/DF e LOCAL: Município/DF.
Classificação:
Levando-se em conta a essencialidade, a adequação, a finalidade e os destinatários dos serviços, Hely Lopes Meirelles classifica-os em: públicos e de utilidade pública; próprios e impróprios do Estado; administrativos e industriais; “utiuniversi” e “uti singuli”, como veremos a seguir.
Serviços públicos – propriamente ditos, são os que a Administração presta diretamente à comunidade, por reconhecer sua essencialidade e necessidadepara a sobrevivência do grupo social e do próprio Estado. Por isso mesmo, tais serviços são considerados privativos do Poder Público, no sentido de que só a Administração deve prestá-los, sem delegação a terceiros, mesmo porque geralmente exigem atos de império e medidas compulsórias em relação aos administrados. Exemplos desses serviços são os de defesa nacional, os de polícia, os de preservação da saúde pública. O serviço público visa a satisfazer necessidades gerais e essenciais da sociedade, para que ela possa subsistir e desenvolver-se como tal. Denominam-se serviços pró-comunidade.
Serviços de utilidade pública – são os que a Administração, reconhecendo sua conveniência (não essencialidade, nem necessidade) para os membros da coletividade, presta-os diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros (concessionários, permissionários ou autorizatários), nas condições regulamentadas e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. São exemplos: os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone. O serviço, aqui, objetiva facilitar a vida do indivíduo na coletividade, pondo à sua disposição utilidades que lhe proporcionarão mais conforto e bem-estar. São chamados serviços pró-cidadão, fundados na consideração de que aqueles (serviços públicos) se dirigem ao bem comum e estes (serviços de utilidade pública), embora reflexamente interessem a toda a comunidade, atendem precipuamente às conveniências de seus membros individualmente considerados.
Obs.: A distinção entre uns e outros serviços acima mencionados, por vezes será sofrível, se for perquirir a essência da cada atividade. Daí ser corrente na doutrina a tese de que a qualificação do serviço público e a definição do respectivo regime jurídico, dependerá, em cada caso, das prescrições legais aplicáveis a espécie.
Serviços próprios do Estado – são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene, saúde pública etc.) e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administrados. Por esta razão, só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a particulares. Tais serviços, por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração, para que fiquem ao alcance de todos os membros da coletividade.
Serviços impróprios do Estado – são os que não afetam substancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos descentralizados (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações governamentais), ou delega sua prestação a concessionários, permissionários ou autorizatários. Esses serviços, normalmente, são rentáveis e podem ser realizados com ou sem privilégio (não confundir com monopólio), mas sempre sob regulamentação e controle do Poder Público competente.
Serviços administrativos – os que a Administração executa para atender as suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados ao público, tais como os da imprensa oficial, das estações experimentais e outros dessa natureza.
Serviços industriais – são os que produzem renda para quem os presta, mediante a remuneração da utilidade usada ou consumida, remuneração, esta, que, tecnicamente, se denomina tarifa ou preço público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários, permissionários ou autorizatários. Os serviços industriais são impróprios do Estado, por consubstanciarem atividade econômica que só poderá ser explorada diretamente pelo Poder Público quando “necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei” (CRF, 173).
Serviços utiuniversi ou gerais – são os que a Administração presta sem ter usuários determinados, para atender à coletividade no seu todo, como os de polícia, iluminação pública, calçamento e outros dessa espécie. Esses serviços satisfazem indiscriminadamente a população, sem que se erijam em direito subjetivo de qualquer administrado à sua obtenção para seu domicílio, para sua rua ou para seu bairro. Estes serviços são indivisíveis, isto é, não mensuráveis na sua utilização. Daí por que, normalmente, os serviços utiuniversi devem ser mantidos por imposto (tributo geral), e não por taxa ou tarifa, que é remuneração mensurável e proporcional autorização uso individual do serviço.
Serviços utisinguli ou individuais – são os que têm usuários determinados e utilização particular e mensurável para cada destinatário, como ocorre com o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares. Esses serviços, desde que implantados, geram direito subjetivo à sua obtenção para todos os administrados que se encontrem na área de sua prestação ou fornecimento e satisfaçam as exigências regulamentares. São sempre serviços de utilização individual, facultativa e mensurável, pelo quê devem ser remunerados por taxa (tributo) ou tarifa (preço público), e não por imposto.
Obs.: O não pagamento desses serviços por parte do usuário tem suscitado hesitações da jurisprudência sobre a legitimidade da suspensão de seu fornecimento. Há que distinguir entre o serviço de uso obrigatório e o de uso facultativo. Naquele, a suspensão do fornecimento é ilegal, pois, se a Administração o considera essencial, impondo-o coercitivamente autorização usuário (esgoto, água, limpeza urbana), não pode suprimi-lo por falta de pagamento; neste, é legítima, porque, sendo livre sua fruição, entende-se não essencial, e, portanto, suprimível quando o usuário deixar de remunerá-lo, sendo, entretanto, indispensável aviso prévio. Ocorre, ainda, que, se o serviço é obrigatório, sua remuneração é por taxa (tributo), e não por tarifa (preço público), e a falta de pagamento de tributo não autoriza outras sanções além de sua cobrança executivo com os gravames legais (correção monetária, multa, juros, despesas judiciais).
Por outro lado, José dos Santos Carvalho ressalta que, conforme o entendimento majoritário da jurisprudência, se o serviço público de natureza compulsória for remunerado por preço público, é possível a suspensão do seu fornecimento. 
O STJ tem firmado posicionamento no sentido de que é cabível a suspensão do fornecimento de energia elétrica para usuário inadimplente, inclusive na hipótese do usuário ser pessoa jurídica de direito público (o exemplo mais corriqueiro é o corte de energia de Prefeitura Municipal).
OBS: Na hipótese em que o usuário deixa de observar os requisitos técnicos para a prestação do serviço, o Poder Público pode suspendê-lo, porque o particular beneficiário deveria se aparelhar corretamente para obtê-lo. Uma vez readequado, o serviço é restabelecido. Na hipótese do usuário deixar de pagar o serviço, deve-se saber se ele é compulsório ou facultativo. Se facultativo, o Poder Público pode suspender. Se compulsório, não será permitida a suspensão, porque existem mecanismos de cobrança da dívida.
Quanto à essencialidade:
1) Serviços próprios: são os serviços essenciais e indispensáveis, que não admitem DELEGAÇÃO. Exemplo: segurança nacional.
2) Serviços impróprios: são os serviços que melhoram a comodidade, o conforto e o uso dos administrados, são também chamados de serviços de utilidade pública, melhorando a comodidade e o conforto dos administrados. Admitem DELEGAÇÃO. Exemplos: telefonia e transporte coletivo. 
Essa doutrina tradicional tinha uma outra visão do que seria o serviço essencial, então a modificação do serviço para próprios, há a impossibilidade de delegação. Por isso que a doutrina moderna critica essa forma de classificar associada à impossibilidade de delegação, porque atualmente são delegados serviços essenciais. Assim a classificação está superada.
MARIA SYLVIA: utiliza esses termos para um outro conceito diferente. PRÓPRIO: é o serviço público propriamente dito e IMPRÓPRIO: é o serviço

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