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Ponto 4 Internacional, Empresarial, Econôm ico e Humanística

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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
	PONTO 4: Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Direitos civis, políticos, econômicos e culturais. Mecanismos de implementação. Noções gerais.Conflitos internacionais. Meios de solução: diplomáticos, políticos e jurisdicionais. Cortes internacionais. 
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS - DIDH
O chamado Direito Internacional dos Direitos Humanos, que emerge finda a 2ª Guerra Mundial, sepultou a antiga doutrina que não atribuía aos indivíduos personalidade jurídica de Direito das Gentes.
1. Gerações dos Direitos Humanos
1ª Geração: Liberdade (lato senso);
Em estrito senso, os direitos de liberdade são os civis e políticos (fase da modernidade);
Sob o ponto de vista histórico, correspondem à fase inaugural do constitucionalismo ocidental.
São os direitos oponíveis ao Estado (direitos de resistência ou oposição ao Estado).
Na pós-modernidade, ampliou-se este conceito para também proteger o indivíduo face a outros indivíduos (eficácia horizontal do direito à liberdade).
Assim é que a proteção contra tortura, discriminação de gênero, direito de ir e vir não são oponíveis apenas ao Estado.
2ª Geração: Igualdade (lato senso):
Em estrito senso, os direitos sociais, econômicos e culturais individuais.
Em sentido lato, ampliaram-se para englobar os direitos coletivos ou de coletividades introduzidos no constitucionalismo do estado social de concepção marcadamente anti-liberal.
São direitos programáticos (de eficácia limitada), como no caso da CF, art. 205.
Obs.: os dispositivos de eficácia limitada dividem-se em:
a) de princípio programático;
b) de princípio institutivo (ex.: os estados podem se dividir ...).
3ª Geração: Fraternidade:
Direitos que estabelecem uma plataforma emancipatória para a sociedade internacional. Apresentam caráter transindividual, como o meio ambiente saudável, a preservação do patrimônio comum da humanidade, dentre outros.
4ª Geração: Direitos pós-modernos (Paulo Bonavides):
O autor as identifica como sendo direitos ligados à globalização e à formação de um mundo em que as fronteiras nacionais são menos bem identificadas, ressaltando os valores como a democracia, o pluralismo, o direito à informação, etc.
5ª Geração (Paulo Bonavides):
O autor cita um direito extremamente amplo, mas essencial ao alcance de todos os demais: a paz.
Críticas às gerações de direitos:
a) Não-correspondência entre as gerações de direitos e o processo histórico de efetivação dos direitos humanos.
Em 1919 nasceu a OIT que cuidou dos direitos sociais;
Em 1966, os pactos de Nova Iorque cuidaram dos direitos de 1ª geração;
Os internacionalistas rechaçam a divisão dos direitos fundamentais em gerações porque a OIT, que tratou dos direitos sociais – de 2º geração, portanto –, veio antes dos direitos de 1ª geração, que só surgiram em 1966. 
b)Se as gerações de direitos humanos induzem a idéia de sucessão, a realidade histórica aponta para a concomitância dos mesmos.
Esta idéia de sucessão leva a uma hierarquização dos direitos, o que não corresponde à realidade.
A Declaração Universal de 1948 veio acabar com a idéia de sucessão.
2. Gênese do Processo de Internacionalização dos Direitos Humanos
Antes de adentrarmos neste tópico, convém distinguir os seguintes termos:
a) Direitos do Homem: conotação jusnaturalista;
b) Direitos Fundamentais: direitos do cidadão positivados na constituição de um país (embora vários deles sejam extensíveis a não-cidadãos);
c) Direitos humanos: direitos do homem positivados em tratados ou em costumes internacionais.
A CF foi absolutamente técnica na utilização destes termos. Assim é que, no art. 5º, § 1º, refere-se a direitos fundamentais; no art. 5º, § 3º, refere-se a direitos humanos; e quando quis abranger ambos, mencionou apenas “direitos e garantias”, sem qualificar como fundamentais ou humanos (art. 5º, § 2º).
Os direitos humanos derivam de 3 princípios basilares:
1) Inviolabilidade da pessoa humana: não se pode impor sacrifícios a um indivíduo em razão de que tais sacrifícios resultarão em benefícios a outras pessoas;
2) Autonomia da pessoa: toda pessoa é livre para a realização de qualquer conduta, desde que seus atos não prejudiquem terceiros;
3) Dignidade da pessoa:verdadeiro núcleo-fonte de todos os demais direitos fundamentais do cidadão, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus atos, e não em relação a outras propriedades suas não alcançáveis por eles.
Características dos direitos humanos:
a) Historicidade: construídos ao longo do tempo, o que tende a excluir dos “direitos naturais” o seu fundamento de validade;
b) Universalidade: basta ser pessoa humana para se poder invocar a proteção destes direitos;
c) Essencialidade: tanto em razão da prevalência da dignidade da pessoa humana (conteúdo material), como pela sua especial posição normativa (conteúdo formal);
d) Irrenunciabilidade: a autorização de seu titular não convalida toda sorte de violação do seu conteúdo. 
e) Inalienabilidade: os titulares não podem dele se desinvestir, embora possa, em determinadas situações, sofrer limitação voluntária, como as questões ligadas ao uso da imagem, por exemplo.
f) Inexauribilidade: podem sempre ser expandidos, a eles podendo ser acrescidos novos direitos;
g) Imprescritibilidade: o seu não exercício não implica a sua perda;é válido ressaltar que o Brasil não ratificou a convenção internacional que afirma o caráter imprescritível dos crimes de guerra e contra a humanidade.
h) Inalienabilidade: não podem ser transferidos ou cedidos a outrem;
i) Vedação do retrocesso (Efeito cliquet): os Estados estão proibidos de proteger menos do que já protegem, assim como os tratados internacionais por eles concluídos estão impedidos de impor restrições que diminuam ou nulifiquem direitos anteriormente já assegurados, tanto no plano interno, quanto no internacional.
j) Transnacionalidade: Fundamenta a parcial superação do postulado da não intervenção em Estados que não garantam seu respeito.
k) Indivisibilidade, interdependência e complementaridade: todos os direitos humanos gozam de fundamental importância, não havendo prévia diferença de valor entre estes. A dignidade da pessoa humana, ademais, somente pode ser alcançada com a conjugação de todos.
l) Primazia da norma mais favorável: não podem ser usados para enfraquecer outros direitos previstos na ordem interna ou costumes.
2.1 Precedentes históricos
Existem três grandes marcos históricos: 
1) Direito Humanitário: é o primeiro precedente histórico do processo de internacionalização dos direitos humanos. É o direito de guerra – portanto, não é o mesmo que direitos humanos –, porque até na guerra existem princípios éticos mínimos que devem ser respeitados pelos Estados no plano internacional (jus belium). 
É crime de guerra jogar bomba em equipe médica (Cruz Vermelha: 1830). 
Proteção humanitária: advém da Convenção de Genebra, em 1830. Aplica-se em caso de guerra, mesmo que interna. 
Pela 1ª vez se pensou em criar/proteger direitos do cidadão para além do Estado. 
Aplicável no caso de conflitos armados, cuja função é estabelecer limites à atuação do Estado, visando proteger vulneráveis em caso de guerra (como os militares postos fora de combate, os feridos, doentes, náufragos, prisioneiros, população civil em geral, especialmente mulheres, crianças e velhos etc).
É considerado como sendo o primeiro precedente histórico de internacionalização dos Direitos Humanos. É o direito de guerra (isto é, princípios mínimos, éticos, que têm que ser respeitados pelos Estados no plano internacional durante o conflito). Também conhecido como a “ética da guerra”.
2) Liga das Nações: Existe desde 1920. Formada pelo movimento dos aliados pós 1ª guerra mundial (1914-1917). Transforma-se na ONU em 1945. Criada após a primeira guerra mundial. Sempre após uma grande guerra nasce uma instituição pela paz: após a 2ª guerra mundial surgiu a ONU. 
Atualmente equivale à ONU,a qual nada mais é do que a Liga das Nações transformada. Tinha a finalidade de manter a paz internacional. Foi o segundo grande marco no processo de internacionalização, conquanto na prática não tenha obtido êxito nos seus fins. 
Na prática, não deu certo, mas foi importante porque visava manter a paz mundial. 
O tratado internacional, ou estatuto da liga, foi criado em 1920. 
Pouco tempo mais tarde – 1926 – o Brasil retirou-se da Liga (hoje seria impensável o Brasil fazer isso com a ONU), quando era Presidente Artur Bernardes. 
3) OIT (Organização Internacional do Trabalho): 1919/1920. O termo “organização” vem em 1946, com a Convenção da Filadélfia. Antes se chamava Escritório Internacional do Trabalho. 
Considerada o precedente mais importante pela doutrina, porque, ao contrário dos anteriores, visualiza-se o sujeito de direito: gestante, criança, trabalhador estrangeiro etc. Passa a proteger direitos humanos para além do domínio estatal.
Carta Internacional de Direitos Humanos: é instrumento costumeiro (common low). É junção de vários documentos internacionais: Carta da ONU + Declaração de 1948 + 2 Pactos de NY (1966 – Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais). É um sistema global de direitos humanos. Não é precedente (marco histórico) porque já é o próprio sistema formado.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos esqueceu de trazer os instrumentos processuais necessários para fazer valer os direitos humanos, tanto nos tribunais internacionais, como nos internos. Estes instrumentos foram apresentados com os Pactos de Nova Iorque (2 pactos, por uma questão didática).
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos:
Aprovado pela Assembléia Geral da ONU sem nenhum voto em contrário (16/12/1966);
Cuida dos direitos de 1ª geração;
Reconhece, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, à propriedade, os direitos eleitorais, o voto, os direitos políticos em geral, proíbe a tortura, as penas cruéis, desumanas, degradantes, a escravidão etc.
Tais direitos possuem aplicabilidade imediata, de modo que os juízes estão autorizados a aplicá-los.
Tal não ocorre, entretanto com o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, pois os direitos de que cuida são programáticos, de aplicabilidade diferida, progressiva.
Mas ambos os tratados geram obrigações legais para o Estado.
2.2 Contribuições dos Precedentes para os Direitos Humanos
1) Flexibilização do conceito tradicional de soberania;
2) Mudança de agenda externa dos governos, com uma crescente preocupação com os direitos humanos.
3) Indivíduo passa a ser sujeito de direito internacional público.
2.2.1 Flexibilizar o conceito de soberania estatal absoluta: 
Jean Bodin conceituou soberania pela 1ª vez: “soberania é o poder ilimitado e ilimitável do Estado, acima do qual nenhum outro poder poderia ter existência”. 
A OIT passou a limitar a soberania na medida em que os Estados passaram a se obrigar a respeitar os direitos humanos. Eles assumem compromissos mútuos em tratados internacionais; consentem em limitar sua soberania. 
Hoje soberania é, para Gofredo da Silva Teles Jr (autor da “Carta aos Brasileiros”), “um poder; poder que o Estado tem de impor dentro do seu território e em último grau as suas decisões”. Não existe mais soberania externa; existe coordenação de interesses estatais.
2.2.2 Modificação nas agendas (plano de ação futura) externas dos Estados: 
No que tange à proteção dos direitos humanos, o Estado tem 2 agendas: uma interna (cuidada pelos Ministérios) e outra externa (Ministério das Relações Exteriores). Houve mudança de intenção nas agendas externas: antes se buscavam apenas questões econômicas, mas hoje se vêm impregnando com a busca de direitos humanos. 
2.2.3 O indivíduo passou a galgar o status de sujeito de direito internacional público: 
O Direito Internacional vai paulatinamente deixando de ser marcado apenas por Estados e Organizações Internacionais e animado quase que exclusivamente pelo influxo da noção de soberania e vedação da ingerência internacional sobre os diversos Estados, para aceitar também a participação direta dos indivíduos e a fiscalização internacional do respeito às normas de direitos humanos. No mais das vezes, entretanto, a participação ativa do indivíduo no cenário internacional depende do esgotamento das vias internas - como será mais bem analisado adiante -, salvo se restar evidenciado a falta de vontade política do Estado respectivo.
Após Nuremberg, o Tribunal de Tóquio e o TPI, o indivíduo pode sentar-se no banco dos réus. Antes ele não tinha responsabilidade no plano internacional. Os indivíduos, além de capacidade postulatória (legitimidade ativa) no plano internacional também têm, modernamente, legitimidade passiva, uma vez que, cometido o crime contra o direito internacional, podem ser responsabilizados em cortes internacionais de que é exemplo o Estatuto de Roma do Tribunal Internacional de 1998
3. Internacionalização dos Direitos Humanos
Surge, efetivamente, a partir do final da 2ª Guerra Mundial (que é o 1º marco moderno), em 1945 (conhecida como a “Era Hitler”: 1939-1945). 
Levou ao pensamento coletivo mundial a idéia de que os indivíduos não passassem mais pelas atrocidades daquela guerra: sistema internacional de proteção dos direitos humanos. 
Lógica nazista: teoria da condicionalidade de direitos, ou seja, a pessoa deveria ter alguns requisitos – ser da raça ariana, por ex. – para ser sujeito de direitos. Condiciona-se a titularidade de direitos à raça pura ariana. Isso fez com que a sociedade internacional começasse a criar sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos. 
Houve dois passos concretos para a internacionalização dos direitos humanos: 
a) Criação de tribunal para processar e julgar os crimes cometidos pelos nazistas durante a 2ª guerra: Tribunal de Nuremberg, concluído pelo Acordo de Londres. 
Tinha 3 competências materiais: 
- crimes contra a paz (julgava todos que violassem a paz internacional), 
- crimes de guerra (crimes cometidos em contexto de guerra já declarada) e 
- crimes contra a humanidade (crimes de lesa humanidade que não fossem cometidos em contexto de guerra, mas que violassem a dignidade humana). 
Acaba com a teoria de que só os Estados são sujeitos de direito internacional e institui a doutrina de que o indivíduo também o é, e pode sentar-se no banco dos réus. 
Jurisdicionalização do direito internacional. 
Crítica: é tribunal de exceção (tribunal ad hoc). Crítica a Nuremberg: apesar de ser um tribunal de direitos humanos, condenou muitos à morte (por enforcamento) e outros à prisão perpétua. As diversas críticas feitas aos tribunais penais internacionais, feitas com base em princípios e normas de direito interno, são geralmente rechaçadas pela doutrina com fundamento na gravidade abstrata dos crimes internacionais.Argumenta-se que o princípio da legalidade que proíbe tribunal de exceção é de direito interno e não vigora para o direito internacional. Parece, assim, viger um raciocínio, em Direito Internacional, bastante diverso do que existe para o Direito Penal Constitucional Interno.
Ademais, como se pode deixar de punir indivíduos que foram responsáveis pela morte de milhões de pessoas? Tal tribunal justifica-se por conta da gravidade dos crimes cometidos. Além disso, já existia norma costumeira de proteção à vida. 
O tribunal de exceção, porém, não é o ideal; não é moralmente correto (por isso a criação do TPI). Mas também não é proibido pelo direito internacional; é lícito. 
O Capítulo VII da Carta da ONU permite tribunal de exceção, pois prevê a utilização de quaisquer medidas para manter a paz mundial. Precisa-se de, no mínimo, 9 votos (incluindo os 5 membros permanentes da ONU) para a criação de tribunal ad hoc. 
Outros tribunais internacionais: 
- Tribunal Internacional (Militar) de Tóquio (pós 2ª guerra): para punir antigas autoridades militares por crimes cometidos durante a 2ª guerra. 
- Tribunal Penal Internacional(com sede em Haia, Holanda) para crimes cometidos na ex-Iuguslávia: Milosevich. Criado por Resolução do Conselho de Segurança da ONU (9 votos) – ad hoc. 
- Tribunal para crimes da mesma gravidade cometidos em Ruanda (sede na Tanzânia): Jean Kambanda. Também criado por Resolução do Conselho de Segurança da ONU (9 votos). Ad hoc. 
- TPI (Tribunal Penal Internacional): de 1998 e criado pelo Estatuto de Roma. 
Abdução internacional é a pessoa “roubada” para outro país. 
b) Criação da ONU (Organização das Nações Unidas): no ano de 1945 em São Francisco (pela Carta de São Francisco). 
3.1 ONU (1945) e seus órgãos:
Sede: NY. 
Estrutura: 6 órgãos básicos: 
a) Assembléia Geral: participam mais de 180 Estados, sendo que cada um tem direito a 1 voto. É o órgão mais importante; o órgão máximo da instituição, cuja competência é a de discutir e votar quaisquer assuntos relativos à Carta das Nações Unidas (ex: quando a ONU tem que mandar um representante para o Zimbábue quem decide é a Assembléia), menos um: segurança coletiva internacional, que é matéria do Conselho de Segurança. 
As decisões são tomadas por maioria de 2/3 dos seus membros.
b) Conselho de Segurança: toma as decisões mais importantes. É todo protegido por regras para priorizar determinados países. Só participam 15 Estados, sendo 5 deles membros permanentes e 10 não-permanentes. 
Membros permanentes: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China. Têm poder de veto.
Os membros permanentes acabam sendo imunes à jurisdição internacional porque podem votar no próprio processo em que estão sendo julgados. Então, caso um deles cometa falta grave passível de expulsão, irá votar vetando-a. Por isso nada aconteceu aos EUA quando invadiram o Iraque. E só não fizeram o mesmo com a Coréia (que mostrou suas armas nucleares, ao contrário do Iraque, onde nada foi encontrado) porque a China a protege. 
O membro não-permanente tem 2 anos de mandato. 
c) Corte Internacional de Justiça: sede em Haia (Holanda). É o Judiciário da ONU, cuja competência é para julgar quaisquer causas envolvendo 2 Estados soberanos. É o principal órgão das Nações Unidas. 
É composta por 15 juízes eleitos não pela nacionalidade, mas pelo seu conhecimento de matéria internacional. Francisco Resek já exerceu mandato no Tribunal.
Tem 2 competências: 
- contenciosa: resolve conflito de interesses entre Estados. As Organizações Internacionais não tem legitimidade para iniciar um contencioso.
- consultiva: de respostas às perguntas/dúvidas. Organizações internacionais também podem consultar; indivíduos, não. Embora no mais das vezes tratem de interesses ligados aos Estados, estes não tem mecanismos para impedir que a decisão seja prolatada.
A Corte, em geral, não admite a participação de atores privados, embora haja precedentes em que admitiu a apresentação de documentos por ONG’s internacionais, mas estes não fizeram parte formalmente do processo.
Tem competência para adotar medidas de natureza cautelar que, no mais das vezes, acabam descumpridas pelos Estados.
Em caso de descumprimento de suas decisões, pode o Conselho de Segurança tomar medidas para implementá-las, o que acaba dificultando a responsabilização de países que detém poder de veto dentro do Conselho.
Para uma pessoa fazer parte da Corte deve ter as condições exigidas para que possa participar do tribunal superior do mais alto grau do seu país. No caso do Brasil, temos o STF, que exige Ministros entre 35 e 65 anos de idade. 
d) Conselho de Tutela: já caducou na Carta. Depois de 1994 ficou inexpressivo. Foi criado para fomentar o desenvolvimento progressivo (social, político, econômico etc) dos territórios tutelados, visando a sua independência. 
e) Secretariado: o chefe é o secretário-geral Ban Ki-moon, sul-coreano. 
Funções: resolve questões administrativas e também, o mais importante, é responsável pelo registro e pela publicidade de tratados internacionais. Art. 102 da Carta das Nações Unidas (ONU): “Todo tratado e todo acordo internacional, concluído por qualquer membro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta, deverão, dentro do mais breve prazo possível, ser registrados e publicados pelo Secretariado”.
f) Conselho Econômico e Social: não tem nada a ver com economia. Lida com direitos humanos. É o “Ministério dos Direitos Humanos” da ONU. O “econômico” no nome é porque lida com os direitos fundamentais de 2ª geração (igualdade): econômicos, sociais e culturais. 
Tem 2 grandes comissões: 
- Comissão de Direito Internacional (CDI) e 
- Comissão de Direitos Humanos (CDH). 
São concluídos, sob os auspícios dessas comissões, os vários tratados de direitos humanos. 
Carta da ONU: pela primeira vez falou-se em proteção dos direitos humanos. Trouxe a idéia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, mas não os conceituou. Não trouxe o conteúdo material e nem processual do que são direitos humanos e liberdades fundamentais. 
Art. 55, c, Carta: “Com o fim de criar condições de estabilidade e bem-estar, necessárias às relações pacíficas e amistosas entre as Nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, as Nações Unidas promoverão: (...) c- O respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião”. Princípio geral, aberto. 
Foi, então, que a sociedade internacional se viu na iminência de criar um instrumento para materializar esses princípios. Visando positivar os direitos e liberdades fundamentais, foi proclamada a Declaração Universal de Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1948, pela Assembléia geral da ONU. 
4. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
Positivou em 30 artigos o que se entende por direitos humanos e liberdades fundamentais. Preencheu a lacuna. 
Tem duas partes: 
a) Direitos civis e políticos – liberdade de crença, locomoção, consciência, artística, cultural (chamados de 1ª geração)
b) Direitos econômicos, sociais e culturais - Sociedade, trabalho, lazer etc. (chamados de 2ª geração)
Une o discurso liberal e social – os direitos humanos são cumulativos. Não são separados.
4.1 Fundamento
Funda-se na dignidade da pessoa humana, na medida em que, rompendo com a lógica do nazismo, proclama que a única condição para o exercício dos direitos e liberdades nela proclamados é o nascimento do ser humano com vida. 
Obs: a declaração de 1948 foi aprovada sem qualquer voto contrário (48 Estados), embora tenha havido 8 abstenções. 
4.2 Objetivos
São dois: 
a) romper com a lógica da 2ª guerra mundial, que imperava durante o período do holocausto e, o mais importante, 
b) positivar o que se entende por direitos humanos e liberdades do artigo 55, letra “c” da Carta das Nações Unidas. Dar a interpretação mais autêntica, mais correta. 
4.3 Estrutura (simétrica e dividida em duas partes) 
	1ª parte
	2ª parte
	Positiva os direitos do discurso liberal (da cidadania), que são os direitos da liberdade latu sensu. Direitos da liberdade strictu sensu são os civis e políticos – DCP (direitos de “1ª geração”). Séc. XVIII.
	Positiva os direitos do discurso social da cidadania, que latu sensu são os direitos da igualdade. De forma estrita, são os direitos econômicos, sociais e culturais – DESC (direitos de “2ª geração”). Séc. XIX.
	Arts. 1º/21.
	Arts. 22/30
A Declaração não viveu a época dos direitos da fraternidade – que apareceram no séc. XX –, por isso não tratou deles (são os direitos coletivos – meio ambiente, probidade administrativa, consumidor). O mesmo ocorreu com os chamados direitos de “4ª geração” (paz universal, desenvolvimento sustentável, democracia participativa, bio-direito.). 
4.4 Texto da Declaração Universal dos Direito Humanos 
7considerandos e 1 preâmbulo. 
Ler artigos da Declaração observando a divisão em 2 partes: a primeira em direitos liberais; e a segunda, em sociais. 
CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e seus direitos iguaise inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo,CONSIDERANDO que o desprezo e o desrespeito pelos direitos do homem resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade, e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade, CONSIDERANDO ser essencial que os direitos do homem sejam protegidos pelo império da lei, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão,CONSIDERANDO ser essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações,CONSIDERANDO que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos do homem e da mulher, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,CONSIDERANDO que os Estados Membros se comprometeram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais do homem e a observância desses direitos e liberdades,CONSIDERANDO que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
A Assembléia Geral das Nações Unidas proclama a presente"Declaração Universal dos Direitos do Homem" como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
	1ª Parte
	2ª Parte
	Artigo 1
Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Artigo 2
I) Todo o homem tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. 
Artigo 3
Todo o homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
Artigo 4
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos estão proibidos em todas as suas formas. Idéia de liberdade.
Artigo 5
Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo 6
Todo homem tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. 
Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
Artigo 8
Todo o homem tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo 9
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Idéia de liberdade.
Artigo 10 
Todo o homem tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Idéia de liberdade.
Artigo 11 
I) Todo o homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias a sua defesa. 
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Princípio da reserva legal.
Artigo 12 
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques a sua honra e reputação. Todo o homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Idéia eminentemente liberal.
Artigo 13 
I) Todo homem tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado.
II) Todo o homem tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar. 
Artigo 14 
I) Todo o homem, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 
Direito de asilo (asilado ≠ exilado): quando uma autoridade pública pede para ser aceita em outro país. Para os casos em que a pessoa foi perseguida por motivo político. O governo brasileiro é obrigado a conceder asilo (art. 4º, X, CF). Trata-se de princípio da República Federativa. A concessão de asilo compromete-se apenas com a dignidade da pessoa (em salvar vida humana da morte) e não com os seus atos no país de origem. O asilo pode ser de 2 tipos: 
- territorial: o político. Previsto na CF/88; 
- diplomático: é criação latino-americana que virou jurisprudência no resto do mundo. O político vai à embaixada (ou a qualquer outro lugar que goze de inviolabilidade para o outro país) do país para o qual pediu asilo, para proteger-se. Normalmente, converte-se em territorial quando a pessoa consegue chegar no país. É uma fase prévia ao territorial. 
II) Este direito não pode ser invocado em casos de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 
Artigo 15 
I) Todo homem tem direito a uma nacionalidade. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. 
Discricionariedade da nacionalidade. Qualquer pessoa pode mudar de nacionalidade a hora que quiser. O Estado serve para proteger o indivíduo e, se não o faz, ele (o indivíduo) pode “largá-lo de mão” (se o Estado não quer a pessoa, ela também não o quer). 
Artigo 16 
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
Trata do casamento como um direito fundamental. A Declaração funda-se no Direito Civil, no qual a família é o núcleo da sociedade. 
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 
III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 
Artigo 17 
I) Todo o homem tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
Artigo 18 
Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 
Artigo 19 
Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras. 
Artigo 20 
I) Todo o homem tem direito à liberdadede reunião e associação pacíficas. 
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
Artigo 21 
I) Todo o homem tem o direito de tomar parteno governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 
II) Todo o homem tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. 
	Artigo 22 
Todo o homem, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. 
Artigo 23 
I) Todo o homem tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
II) Todo o homem, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 
III) Todo o homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 
IV) Todo o homem tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. 
Artigo 24 
Todo o homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas. 
Artigo 25 
I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 
II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. 
Artigo 26 
I) Todo o homem tem direito à instrução (educação). A instrução (educação) será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução (educação) superior, esta baseada no mérito. 
O ensino fundamental é obrigatório ser gratuito. A faculdade é que não precisa (o Brasil pode não ter faculdade pública). O Estado tem que dar a educação mínima.
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. 
Artigo 27 
I) Todo o homem tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios. Direitos culturais.
II) Todo o homem tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor. 
Artigo 28 
Todo o homem tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. 
Artigo 29 
I) Todo o homem tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 
II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo o homem estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 
III) Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 
Artigo 30 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer direitos e liberdades aqui estabelecidos. 
4.5 Valor Jurídico da Declaração Universal de 1948
A sua natureza jurídica é controvertida, havendo 4correntres:
a) Seria uma norma de soft law (direito plástico e maleável);
b) Seria uma recomendaçãoaos Estados, do ponto de vista material;
c) Seria uma resolução da ONU, do ponto de vista formal.
d) Resolução não é Tratado, mas tem força de tratado, pois é uma extensão da Carta da ONU (daí porque não é soft law, mas hard law), segundo Valério Mazzuoli.
Motivos pelos quais a Declaração não é Tratado Internacional: 
- A Declaração Universal de 1948 nasce de uma resolução da Assembléia Geral da ONU. Tratados internacionais nascem de um compromisso internacional e não de resolução. 
- A Declaração Universal de 1948 não passou pelos meios técnicos pelos quais passam os tratados internacionais para a sua entrada em vigor. 
- Não houve ratificação alguma da Declaração Universal de 1948. Ela só foi assinada pelos estados-membros. Não foi ratificada. 
- Não foi depositada no Secretariado Geral da ONU. 
A Declaração é uma norma que induz a interpretação mais autêntica (autorizada) do artigo 55, letra c, da Carta das Nações Unidas (da expressão “direitos humanos”). Por isso passa a ter força vinculante, apesar de não ser tratado. Na verdade, ela é muito mais que tratado; ela é norma de jus cogens – norma cogente de direito internacional. É norma imperativa de direito internacional geral, que tem valor jurídico mesmo para os Estados que não a assinaram. É uma carta de princípios que integra a Carta da ONU, como sendo uma interpretação autêntica em matéria de direitos humanos.
5. Conferências internacionais sobre direitos humanos 
Havia a preocupação de a Declaração de 1948 cair no esquecimento. Para que isso não ocorresse chegou-se à conclusão de que de tempos em tempos deveriam ser feitas conferências internacionais sobre direitos humanos para reanimá-la. 
Até agora foram feitas 2 conferências internacionais: 
a) Teerã, em 1968. Não teve grandes novidades em relação à Declaração Universal de 1948. Foi inexpressiva. 
b) Viena, em 1993. Essa conferência foi mais importante. Ela trouxe grandes novidades: além de novos princípios de direitos humanos, deixou expresso que a Declaração é norma imperativa do direito internacional geral, chamada de jus cogens, que consta inclusive, no artigo 53 da Convenção de Viena sobre Tratados de 1969. Vale mesmo para os Estados que não assinaram. Ela não é tratado porque está acima deles. 
Artigo 53 - Tratado em Conflito com uma Norma Imperativa de Direito Internacional Geral (jus cogens)
É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza. 
5.1 Impacto da Declaração Universal no Direito Interno e Internacional
a) no Direito Interno: internamente, a Declaração Universal de 1948 tem servido de inspiração para várias Constituições contemporâneas, as quais acabam, muitas vezes, copiando literalmente dispositivos da Declaração Universal. 
CF-1988:
Art. 1º, II: cidadania;
Art. 1º, III: dignidade da pessoa humana;
Art. 4º, II: prevalência dos direitos humanos;
Art. 5º, § 2º: previsão de constitucionalidade de tratados internacionais que cuidem de direitos e garantias fundamentais;
Art.5º, § 3º: previsão de formalização constitucional de tratados internacionais sobre direitos humanos;
Art. 5º, § 4º: adesão do Brasil ao TPI.
b) no Direito Internacional internacionalmente, a Declaração Universal de 1948 tem servido de paradigma e referencial ético para conclusão de inúmeros tratados internacionais de direitos humanos, concluídos tanto no âmbito do sistema global quanto no âmbito do sistema regional interamericano. 
5.2 Relativismo e universalismo cultural
Devem os direitos humanos ceder frente a determinadas culturas? Para responder a esta pergunta surgiram 2 teorias: relativista e universalista.
5.2.1 Teoria Relativista
Os direitos humanos são relativos. E como tais, devem ceder a determinadas práticas culturais. Essa corrente é principalmente defendida pelos países islâmicos, mulçumanos e a China.
Ex. mutilação clitoriana. É certo mutilar o corpo de uma criança recém-nascida? Os países que assim agem o fazem alegando ser parte de sua cultura. Porém, fere os direitos humanos e, nesse caso, alegam os universalistas que a cultura não presta. Dizem que a cultura será respeitada até que fira os direitos humanos. 
5.2.2 Teoria Universalista
Diz que os direitos humanos são universais e, assim sendo, eles devem prevalecer em relação às condições regionais, culturais, políticas ou econômicas de determinado Estado. E é dever desses Estados amparar e proteger os direitos humanos, independentemente do sistema político-estatal. 
Essas teorias foram positivadas, no cenário internacional, na Conferência de Viena de 1993. O § 5º, da Declaração de Programação da Convenção de Viena de 1993 traz os princípios de direitos humanos e as regras do relativismo e do universalismo cultural. No início vislumbra-se dicotomia entre relativismo e universalismo, mas a tese que sai vencedora é a universalista. Determina, em linhas gerais, que “embora particularidades nacionais e regionais devam ser levadas em consideração (...) é dever dos Estados promover e proteger todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, sejam quais forem seus sistemas políticos, econômicos e culturais”.
6. Os novos princípios de Direitos Humanos
Estabelecidos na Convenção de Viena de 1993, pela “Declaração e Programa de Ação de Viena”:
- Princípio da Universalidade 
- Princípio da Indivisibilidade 
- Princípio da Interdependência 
- Princípio da Inter-relacionariedade
6.1 Princípio da Universalidade
Significa que basta a condição de ser pessoa – humano – para que se possa vindicar os direitos humanos protegidos/violados. Não há outra condição para se ter garantido os direitos e liberdades constantes da Declaração que não o nascimento da pessoa com vida. 
6.2 Princípio da Indivisibilidade 
Significa que os direitos humanos de 1ª geração (direitos civis e políticos) não sobrevivem sem os direitos de 2ª geração (econômicos, sociais e culturais). Significa, ainda, que a Declaração de 48 rechaça a idéia de sucessão geracional de direitos, eis que num só contexto comungou tanto os direitos de liberdade quanto os de igualdade. 
6.3 Princípio da Interdependência
Corolário lógico da indivisibilidade, significando que os direitos sociais e liberais se completam, não se excluem.
6.4 Princípio da Inter-relacionariedade
Significa que os sistemas internacionais de proteção dos direitos humanos (global e regionais) estão ambos aptos a proteger o cidadão independentemente do sistema político, econômico ou cultural do seu Estado de origem. 
Havendo violação dos direitos humanos, a vítima pode escolher o aparato mais benéfico para satisfação de seu interesse, dentro dos sistemas global e regional dos direitos humanos. Assim, ora pode escolher um dispositivo do sistema global, ora um dispositivo do sistema regional, de acordo com a sua necessidade concreta.
Sistema global de proteção: das Nações Unidas (ONU). 
Sistema regional: Europeu, Africano, Asiático e Interamericano (este é o que nos interessa). Sistema Interamericano: é o mesmo que sistema americano, mas foi colocado o prefixo “inter” para não se pensar que se refere apenas aos EUA, mas a todo continente americano. Convenção Interamericana de Direitos Humanos: conhecido como Pacto de São José da Costa Rica. 
7. Paralelo do Sistema Global e do Sistema Regional Interamericano
Sabemos que existem 2 sistemas internacionais de direitos humanos que têm particular interesse para o Brasil: o global (ONU) e o regional interamericano. 
Tanto num como noutro sistema existem tratados de caráter geral e tratados de caráter específico. Os primeiros são aqueles que valem indistintamente para todas as pessoas ou categorias de pessoas. A exemplo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, do Pacto Internacional de Direitos Econômicos e Sociais, das Convenções para prevenir e reprimir a tortura, o genocídio, o racismo etc. Os segundos – tratados de caráter específico – são aqueles que atingem apenas determinada categoria de pessoas, como por exemplo, as mulheres, crianças, adolescentes, portadores de deficiência, idosos etc. 
	Sistema Global
	Sistema Regional Interamericano
	1º) Carta da ONU (1945): instrumento jurídico inaugural (deu princípios, mas não trouxe o direito).
+
	1º) Carta da OEA (Carta de Bogotá - 1948): Organização dos Estados Americanos. Art. 106.
+
	2º) Declaração Universal (1948): trouxe o direito, mas não as garantias (normas processuais).
+
	2º) Declaração Americana Sobre Direitos e Deveres do Homem (1948)
+
	3º) Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (PIDCP): 1966.* 
+
	3º) “Pacto de São José” (Convenção Americana sobre Direitos Humanos – 1969)
+
	4º) Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Civis (PIDESC): 1966. *
=
	4º) Protocolo de São Salvador – Protocolo ao Pacto de San Jose em matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (El Salvador): 1988. No Brasil entrou em vigor em 1999.
=
	CARTA INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS OU SISTEMA GLOBAL (Sistema das Nações Unidas de Direitos Humanos)
	SISTEMA REGIONAL INTERAMERICANO
* Pactos de Nova York, de 1966. 
8. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica – 1969) 
Artigo 106 da Carta da OEA: refere-se a uma Convenção Interamericana, que viria a ser o PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA, ou seja, é a autorização de seu funcionamento. 
Previa quorum mínimo de 11 ratificações; apenas em 1978 entrou em vigor no plano internacional, e em 1992 entrou em vigor no plano interno.
É composto de duas partes:
Parte 1: elenca grande rol de direitos civis e políticos (direito à vida, à liberdade, a julgamento justo, proibição de escravidão, tortura, liberdade de consciência, crença, direito a um nome, a uma nacionalidade etc).
Parte 2: elenca os meios processuais que garantem os direitos elencados na parte 1.
Não possui normas programáticas, embora exista previsão genérica acerca da criação destes direitos (art. 26), o que foi concretizado com o Protocolo de San Salvador.
Foram previstos dois grandes órgãos, ou seja, compõe-se, basicamente, de dois órgãos principais: 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos (sede em Washington)
Corte Interamericana (sede em San Jose da Costa Rica)
8.1 Comissão Interamericana de Direitos Humanos 
É um órgão internacional de natureza dúplice, pois é ao mesmo tempo um órgão da OEA e do Pacto de San Jose da Costa Rica.
Nem todos os Estados do Continente são partes do Pacto de San Jose (EUA e Canadá, por exemplo, não o são). Porém, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos também é um órgão da OEA, os países não membros do Pacto de San Jose podem se socorrer da comissão, pois a OEA congrega todos os Estados americanos.
A Corte Interamericana dos Direitos Humanos, ao contrário da Comissão, não é um órgão da OEA.
Composição: compõe-se de 07 membros e representa todos os Estados partes a OEA.
Principal função: promover a observância dos direitos humanos no continente americano, seguindo as diretrizes abaixo: 
formular recomendações aos governos dos Estados-membros,quando considerar conveniente a fim de adotarem para implementação dos direitos humanos; 
receber consultas dos Estados-membros relativamente a situação de direitos humanos nesse país; 
receber queixas ou denúncias de violação de direitos humanos, que deverão ser encaminhadas para a Corte Interamericana de defesa de Direitos Humanos. ATENÇÃO: A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é o órgão que fará o juízo de admissibilidade das petições, ou seja, primeiramente, deve ser encaminhada a petição para a comissão, que verificará a admissibilidade e encaminhará à Corte Interamericana de Direitos Humanos (artigo 44). Esta é a sua principal função específica. O indivíduo não pode ingressar diretamente na Corte Interamericana de Direitos Humanos, devendo, pois, peticionar para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Esta, se entender que o Pacto foi violado, encaminha a questão para a Corte.
Requisitos para que o indivíduo possa peticionar na Comissão (art. 46):
- Esgotamento prévio dos recursos internos;
- Prazo máximo de 6 meses a partir da decisão que esgota os recursos internos;
- Que não haja litispendência internacional.
A vítima que teve direito violado pode ir ao Judiciário interno primeiro e depois ao internacional. Para isto deve ter esgotado as vias da Justiça Interna – ido até o STF. É a regra do prévio esgotamento dos recursos internos. Mas, em se tratando de parte processual humilde, será que o seu Defensor Público irá até o STF? Provavelmente não, preferirá fazer um acordo o quanto antes. Nestes casos, a doutrina moderna tem dito que se a parte provar que não tinha a mínima condição de esgotar os recursos internos, a comissão deve receber a petição. 
No sistema interamericano, os indivíduos, grupos de indivíduos ou entidades não-governamentais não podem ir direto à Corte. Primeiro vão para a Comissão fazer o juízo de admissibilidade (houve violação do Pacto?). Após, a Comissão remete ou não para a Corte. Trata-se de uma exceção à chamada cláusula facultativa (que permite que o Estado-parte se manifeste se aceita ou não esse mecanismo), uma vez que a Convenção permite que qualquer pessoa ou grupo de pessoas recorram à Comissão Interamericana independentemente de declaração expressa do Estado reconhecendo esta sistemática.
O Estado, porém, pode ir direto à Corte, sem necessidade de passar pela Comissão, mas desde que o País acusado tenha anteriormente aceitado a jurisdição do tribunal para atuar em tal contexto (clausula facultativa de jurisdição obrigatória).
8.2 Corte Interamericana de Direitos Humanos
Competências: são duas: 
a) Consultiva (responder às perguntas dos Estados): possibilita às partes solicitar à corte um parecer jurídico sobre questão de fato ou de direito ocorrida no país requerente, ou seja, a corte responde consultas formuladas pelo Estado. No direito interno, não é cabível consulta ao Poder Judiciário (EXCETO: na Justiça Eleitoral). 
Se o Estado tem dúvida sobre ser ou não determinado ato violador da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, pode pedir o parecer consultivo à Corte.
Este parecer não vincula o Estado solicitante, mas é quase um pré-julgamento.
A Corte tem atribuição, também, para analisar a compatibilidade do ordenamento interno as suas normas, a pedido do próprio Estado.
b) Contenciosa: para solução de conflitos no caso concreto (artigo 52 e seguintes). 
Quando um Estado ratifica/adere ao Pacto ele não aceita a competência contenciosa, apenas a consultiva. Trata-se de questão de política internacional. Se a Convenção exigisse isso, os Estados não adeririam. O país poderá aderir à competência contenciosa depois. 
O Brasil ratificou o Pacto em 1992, mas só aceitou a competência contenciosa em 1998, através do Decreto Legislativo 89/98, assinado por Antonio Carlos Magalhães (por isso que o Carandiru não foi mandado para julgamento pela Corte). 
Sede: São José da Costa Rica. 
Composição: 7 juízes (sempre de nacionalidades diferentes) provenientes dos Estados-membros da OEA, eleitos a título pessoal entre juristas da mais alta autoridade moral, de reconhecida competência em matéria de direitos humanos, que reúnam as condições requeridas para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os propuser como candidatos.
São eleitos por um período de 6 anos, podendo ser reeleitos somente uma vez.
Deliberações: o quorum para as deliberações da Corte é de 5 juízes.
Existe a possibilidade de um Estado demandado oferecer um juiz ad hoc (oitavo juiz) à Corte.
Partes: tanto os particulares quanto as instituições privadas estão impedidos de ingressar diretamente à Corte, diferentemente do que ocorre na Corte Européia dos Direitos do Homem. A Comissão, nos casos deflagrados por particulares, não pode atuar como parte na demanda, uma vez que já atuou no caso quanto à admissibilidade deste.
Apenas os Estados podem ser réus.
Sentença: a Corte não relata casos e não faz qualquer tipo de recomendação no exercício de sua competência contenciosa, mas profere sentenças, que segundo o Pacto de San José são definitivas e inapeláveis.
Quando a Corte declara a ocorrência de violação de direito resguardado pela Convenção, exige a imediata reparação do dano, e impõe, se for o caso, o pagamento de justa indenização à parte lesada.
Execução: a parte da sentença que determinar indenização compensatória pode ser executada no país respectivo pelo processo interno vigente para a execução de sentença contra o Estado.
Não há necessidade de homologação pelo STJ (pois não se trata de sentença estrangeira, mas de decisão de órgão internacional de que o Brasil é parte)
No Brasil, ainda não há regra para execução das decisões proferidas por esses órgãos internacionais, ou seja, não existe um estatuto jurídico próprio para a execução dessas decisões internacionais. No caso, será o juiz federal que irá promover a execução. 
8.3 Texto da Convenção
Existe uma parte inicial (PREÂMBULO), na qual constam os CONSIDERANDOS. 
A seguir o texto integral da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969, promulgado no Brasil pelo Decreto nº 678, de 6 de Novembro de 1992. 
Obs.: a leitura é facultativa, sendo que estão destacados os artigos mais importantes do pacto. 
PREÂMBULO
Os Estados Americanos signatários da presente Convenção,
Reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos essenciais do homem;
Reconhecendo que os direitos essenciais do homem não derivam do fato de ser ele nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados americanos;
Considerando que esses princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto em âmbito mundial como regional;
Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus direitos civis e políticos; e
Considerando que a Terceira Conferência Interamericana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação à própria Carta da Organização de normas mais amplas sobre direitos econômicos, sociais e educacionais e resolveu que uma convenção interamericana sobre direitos humanos determinasse a estrutura, competência e processo dos órgãos encarregados dessa matéria;
Convieram no seguinte:
PARTE I
DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOSPROTEGIDOS
Capítulo I
ENUMERAÇÃO DE DEVERES
Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos
1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita a sua jurisdição, sem discriminação alguma por motivo de raça,cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.
2. Para os efeitos desta Covenção, pessoa é todo ser humano.
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1º ainda não estiver garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados Partes comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com asdisposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
Capítulo II
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
Obs.: A Convenção não tratou de DIREITO ECONÔMICOS, SOCIAIS e CULTURAIS, somente trata de DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS (Direitos de Primeira Dimensão). O PROTOCOLO DE SAN SALVADOR está regulando os DIREITOS SOCIAIS E ECONÔMICOS E CULTURAIS. 
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica.
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.
Porque está tratado antes do direito à vida? Para ter o direito à vida é preciso reconhecer o indivíduo como ser humano, antes de ter direito à vida. Esse direito de reconhecimento à personalidade jurídica chega a ser superior ao direito à vida, porque sem personalidade jurídica, pode haver violação ao direito à vida. Realmente é um direito anterior ao direito à vida. 
Artigo 4º - Direito à vida
1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente.
Está claro que todos têm direito à vida, sem poder ser privado ARBITRARIAMENTE da vida, ou seja, pode ser privado da vida desde que não seja arbitrariamente. 
2. Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique atualmente.
Fica claro que a Convenção permite a PENA DE MORTE, por uma questão de política internacional, porque muitos países ainda prevêem a pena de morte, que não iriam ratificar o tratado, caso ele vedasse totalmente a pena de morte, ou seja, seria um obstáculo à ratificação do tratado. Qual a política que o Pacto adotou? A política do bom vizinho, ou seja, o Estado pode ficar com a pena de morte, mas deve ir tentando abolir essa possibilidade, ou seja, admite que tenha, mas sugere que seja afastada, depois que for afastada pelo Estado, não poderá ser instituída novamente. EXEMPLO: se o Brasil abolir a pena de morte nos crimes militares, não poderá restituí-la. 
Os Estados não podem (independentemente da previsão constitucional interna) estabelecer novos crimes que estejam submetidos à pena de morte. 
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a hajam abolido. 
Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados que a tenham abolido. Esse princípio tem um nome: PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO RETROCESSO. 
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada por delitos políticos nem por delitos comuns conexos com delitos políticos.
A pena de morte não pode ser aplicada aos delitos políticos. Na CF/88, veda-se a extradição para os crimes políticos ou de opinião, ou seja, o texto constitucional brasileiro é mais benéfico do que o próprio texto do Pacto de San José.
O fundamento disso é o de que o crime político, na verdade, não é crime coisa nenhuma, trata-se simplesmente de um conflito de ideologias, ou seja, quem tenha lutado contra uma ordem posta, passa a ser um criminoso, na ótica do poder dominante. Quem está no poder passa a entender a conduta criminosa para afastar quem se opõe às suas idéias. 
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado de gravidez.
Não é possível a aplicação da pena de morte para menores de 18 anos, maiores de 70 e mulheres grávidas. Trata-se de uma vedação expressa à pena de morte. Esse dispositivo é aplicado em qualquer hipótese, sem exceção, mesmo nos Estados que prevêem a pena de morte. 
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão ante a autoridade competente.
A pessoa condenada à pena de morte pode ter ANISTIA, INDULTO ou COMUTAÇÃO DA PENA. Não se pode aplicar a pena de morte, enquanto houver pedido pendente.
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal
1. Toda pessoa tem direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. 
2. Ninguém deve ser submetido a torturas nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com respeito devido à dignidade inerente ao ser humano.
Consta texto semelhante à CF/88, ou seja, a CF copiou o dispositivo que também é idêntico ao Pacto de Direitos Civis e Políticos. Assim, a CF/88 se baseou no sistema internacional de proteção dos direitos humanos. 
3. A pena não pode passar da pessoa do delinqüente.
4. Os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas.
5. Os menores, quando puderem ser processados, devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal especializado, com a maior rapidez possível, para seu tratamento. 
6. As penas privativas da liberdade devem ter por finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos condenados.
Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servidão, e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico de mulheres são proibidos em todas as suas formas. 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para certos delitos, pena privativa da liberdade acompanhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada no sentido de que proíbe o cumprimento da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem a capacidade física e intelectual do recluso.
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios para os efeitos deste artigo: 
a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que os executarem não devem ser postos à disposição de particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter privado; 
b) o serviço militar e, nos países onde se admite a isenção por motivos de consciência, o serviço nacional que a lei estabelecer em lugar daquele;
c) o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e
d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas normais.
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais.
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas pelas constituições políticas dos Estados Partes ou pelas leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarceramentoarbitrários. 
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da sua detenção e notificada, sem demora, da acusação ou acusações formuladas contra ela.
5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo.
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção forem ilegais. Nos Estados Partes cujas leis prevêem que toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal competente a fim de que este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa.
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio não limita os mandados de autoridade judiciária competente expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação alimentar.
É um dispositivo muito importante. Trata da prisão civil por dívida alimentar (há conflito entre a vida do alimentante e a liberdade do devedor). O Pacto NÃO prevê a possibilidade de prisão por dívida de depositário infiel (há conflito entre a liberdade e o patrimônio). 
FLÁVIA PIOVESAN: deve ser dada preferência à norma que mais proteja os direitos humanos, assim, entre a CF/88 e o Pacto que é mais benéfico, deve-se optar pelo Pacto. Artigo 11 da Convenção de Havana e artigo 27 da Convenção de Viena justificam esse entendimento, porque estabelecem a prevalência dos tratados em relação ao disposto no direito interno, pela PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DAS NORMAS DE DIREITO INTERNACIONAL sobre as normas de direito interno. 
O STF editou a Súmula Vinculante 25: É ILÍCITA A PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DO DEPÓSITO. Esta súmula consagrou o entendimento adotado no RE 466.343, segundo o qual a legislação brasileira que prevê a prisão do depositário infiel tem a sua eficácia paralisada diante da natureza supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos.
Artigo 8º - Garantias judiciais
1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
A EC/45 retirou daqui a previsão de que seja garantido um prazo razoável. 
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor; 
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos;
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
Trata-se do PRINCÍPIO DO ESTADO DE INOCÊNCIA. 
Na letra h, está previsto o PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO no direito internacional. O Pacto de San José é um dos poucos tratados de direito internacional que prevê esse direito. 
Os artigos 594 e 595, CPP, estão em desacordo com o disposto no Pacto. O CPP permite a apelação condicionada ao recolhimento à prisão, o Pacto permite a apelação sem colocar nenhuma condição. São duas normas de hierarquia ordinária e quais dos dois se aplica? O Tratado é posterior, então deve ser aplicado. Mas nem precisa desse entendimento, basta a aplicação do artigo 1o do CPP, que estabelece a prevalência de tratado internacional (inciso I). 
O art. 594, CPP foi revogado pela Lei 11.719/08. O art. 595, CPP, por sua vez, foi revogado pela Lei 12.403/11.
O artigo 25, item 1, da Convenção trata de PROTEÇÃO JUDICIAL. 
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação de nenhuma natureza. 
4. O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos.
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for necessário para preservar os interesses da justiça.
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso beneficiado.
Artigo 10º - Direito a indenização
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a lei, no caso de haver sido condenada em sentença passada em julgado, por erro judiciário.
Artigo 11º - Proteção da honra e da dignidade
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao reconhecimento de sua dignidade.
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias ou abusivas em sua vida privada, na de sua família, em seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais à sua honra ou reputação.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais ingerências ou tais ofensas.
Artigo 12º - Liberdade de consciência e de religião
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crença, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado.
2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças está sujeita unicamente às limitações prescritas pela lei e que sejam necessárias para proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos ou liberdades das demais pessoas.
4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.
A lei lato sensu (LEI E CF) pode estabelecer limitações ao exercício de religioso. A CF estabelece que a liberdade religiosa será privada quando houver interesse do Estado: em estado de guerra. Se a obrigação é legal e a todos impostas, não se pode alegar liberdade de crença. 
O Pacto nesse aspecto é mais amplo do que a CF. 
Artigo 13º - Liberdade de pensamento e de expressão
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.
2. O exercíciodo direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para assegurar:
a) o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral públicas.
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de freqüênciasradioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.
5. A lei deve proibir toda a propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitação à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.
Artigo 14º - Direito de retificação ou resposta
1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em geral tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão das outras responsabilidades legais em que se houver incorrido.
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável que não seja protegida por imunidades nem goze de foro especial.
Artigo 15º - Direito de reunião
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem armas. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
Artigo 16º - Liberdade de associação
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de qualquer outra natureza.
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às restrições previstas pela lei que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
3. O disposto neste artigo não impede a imposição de restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.
Artigo 17º - Proteção da família
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de contraírem casamento e de fundarem uma família, se tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis internas, na medida em que não afetem estas o princípio da não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos contraentes.
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropriadas no sentido de assegurar a igualdade de direitos e a adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges quanto ao casamento, durante o casamento e em caso de dissolução do mesmo. Em caso de dissolução, serão adotadas disposições que assegurem a proteção necessária aos filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos mesmos.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos nascidos fora do casamento como aos nascidos dentro do casamento.
Artigo 18º - Direito ao nome
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se for necessário.
Artigo 19º - Direitos da criança
Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do Estado.
Artigo 20º - Direito à nacionalidade
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
Todas as pessoas são titulares do direito a uma nacionalidade. Existem pessoas que em razão de conflito jurídico são apátridas ou polipátridas.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.
Todos têm direito à nacionalidade do Estado no qual tiver nascido, se não tiverem a nacionalidade do ius sanguinis. Ou seja o dispositivo é a consagração do PRINÍPIO DO IUS SOLIS MÍNIMO.
O STF foi instado a manifestar-se sobre nacionalidade em 2005, no seguinte caso: 03 crianças que nasceram na Austrália, em uma conexão de vôo, os pais queriam garantir o seu direito de opção, o STF disse que não pode por ser um direito personalíssimo, assim somente pode ser feita a opção com 18 anos, sem prazo, a qualquer tempo. O STF reconheceu que até essa idade será brasileiro sob condição. Para o STF, a expressão em qualquer tempo é contada depois dos 18 anos e não antes como queria o MPF.
3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua nacionalidade nem do direito de mudá-la.
Artigo 21º - Direito à propriedade privada
1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens. A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo mediante o pagamento de indenização justa, por motivo de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na forma estabelecidos pela lei.
3. Tanto a usura como qualquer outra forma de exploração do homem pelo homem devem ser reprimidas pela lei.
Artigo 22º - Direito de circulação e de residência
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado tem direito de circular nele e de nele residir em conformidade com as disposições legais.
2. Toda pessoa tem direito de sair livremente de qualquer país, inclusive do próprio.
3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode ser restringido senão em virtude de lei, na medida indispensável, em uma sociedade democrática, para prevenir infrações penais ou para proteger a segurança nacional, a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas. 
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por motivo de interesse público.
5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do qual for nacional nem ser privado do direito de nele entrar.
6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de um Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso em cumprimento de decisão adotada de acordo com a lei.
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos e de acordo com a legislação de cada Estado e com as convenções internacionais.
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação por causa da sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou de suas opiniões políticas.
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
Artigo 23º - Direitos politicos
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e oportunidades: 
a) de participar na direção dos assuntos públicos, diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos; 
b) de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênticas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto secreto que garanta a livre expressão da vontade dos eleitores; e
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às funções públicas de seu país.

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