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Ponto 6 - DIREITO CONSTITUCIONAL_ADMINISTRATIVO_PENAL

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PAGE 64
PONTO 06 
DIREITO CONSTITUCIONAL 1. O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS NORMATIVOS. CONCEITO. NATUREZA. ESPÉCIES. 2. A AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE E A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 3. A AÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO. AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. 
I. CONCEITO
Verificação da adequação e da compatibilidade dos demais atos normativos aos preceitos estabelecidos pela Constituição.
Pressupostos para o controle:
	Constituição rígida (processo de alteração mais dificultoso);
	Competência a um ou mais órgãos para resolver os problemas de constitucionalidade;
	Supremacia da CF (ápice da pirâmide);
A Constituição é suprema, já que nenhuma lei pode contrariar a constituição, por um critério lógico-jurídico. Há distinção no processo legislativo de elaboração de leis e de emendas constitucionais. Se a lei se contrapõe à constituição, sendo que ela não é emenda, devem existir modelos de controle para retirada da lei do mundo jurídico.
A noção de Constituição surgiu com maior avidez no jusnaturalismo, com a existência de normas de posição hierárquica diversa, umas servindo de fundamento de validade das demais. É o que se convencionou denominar supremacia constitucional, na qual a Constituição encontra-se em grau de superioridade diante das demais normas de determinado sistema positivo, seja por estabelecer a repartição de funções estatais, com limites ao legislador, seja por trazer a tona os direitos dos indivíduos. (texto extraído do resumo do livro do examinador - Des. Edilson Nobre)
Todavia, é de salientar que houve uma demora em seu reconhecimento e concretização. Coube à Suprema Corte norte-americana, no julgamento do famoso caso Marbury v. Madison, fincar, no ano de 1803, através do labor do juiz Marshall, o ponto de vista de que uma lei do Congresso, quando contrária à Constituição, carece de validade.
KELSEN fala da NORMA FUNDAMENTAL SUPREMA defendendo o controle de constitucionalidade ABSTRATO, ou seja, que a constituição (no sentido lógico-jurídico) é superior na pirâmide das leis.
II. NATUREZA JURÍDICA
No Brasil prevalece a ideia de que a decisão sobre a constitucionalidade ou não de um determinado ato normativo é de natureza declaratória, com efeitos ex tunc (invalidade desde o nascimento da norma). 
III. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
	
a. Por Ação: Pela edição (atuação) de leis ou atos normativos incompatíveis, no sistema vertical de normas, com a Constituição.
a.1. Vício Formal (Nomodinâmica): É o vício no processo de formação da lei ou ato normativo infraconstitucional. Ele incide sobre o próprio ato normativo enquanto tal, independentemente de seu conteúdo, levando em conta apenas a forma de sua exteriorização - Canotilho.
a.1.1. Inconstitucionalidade formal orgânica: Decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato.
a.1.2. Inconstitucionalidade formal propriamente dita: Decorre da inobservância do devido processo legislativo, que pode ser verificada em 02 momentos, na fase de iniciativa – vício subjetivo - ou nas demais fases posteriores – vício objetivo (nas hipóteses em que não se observam determinadas formalidades, p. ex., o quórum de votação, o princípio do bicameralismo federativo, previstas no processo de elaboração da norma em questão).
a.1.3. Inconstitucionalidade formal por violação a pressupostos objetivos do ato – Canotilho: Decorre da inobservância de certos elementos, tradicionalmente, não pertencentes ao processo legislativo, contudo, determinantes de competência, daí serem pressupostos, dos órgãos legislativos em relação a determinadas matérias. Art. 18, § 4º, da CF: “A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.” 
a.2. Vício Material (Nomoestática): É o vício no conteúdo da lei ou ato normativo, que se mostra incompatível, substancialmente, com uma regra ou um princípio da Constituição.
a.3. Vício de Decoro Parlamentar (Lenza): É o vício no motivo ilícito que ensejou a votação de um parlamentar em um determinado sentido (esquema de compra de votos). Segundo Lenza, trata-se de inconstitucionalidade, pois há uma mácula na essência do voto e no conceito de representatividade popular.	
A inconstitucionalidade por ação também pode ser classificada de acordo com o momento em que ocorre:
·     INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA (o ato jurídico já nasce eivado de vício de inconstitucionalidade);
·    INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE (o ato jurídico nasce constitucional, mas depois torna-se inconstitucional, EXEMPLO: modificação da constituição) (o vício posterior tem que ser um VÍCIO MATERIAL, porque trata-se da NÃO RECEPÇÃO ou REVOGAÇÃO, EXEMPLO: Código Tributário Nacional) (a inconstitucionalidade superveniente pode também ser provocada por emenda constitucional) (há outro caso de inconstitucionalidade superveniente é ocorrida nas CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS, em decorrência da INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA. Ex: artigo 68 do CPP).
O ato jurídico inconstitucional por ação pode estar eivado de vício TOTAL (todo o ato) ou PARCIAL (somente parte). Em relação à inconstitucionalidade parcial, vale registrar que o STF pode decretar a inconstitucionalidade de uma palavra ou expressão, não se aplicando a restrição constitucional em relação ao veto do Chefe do Poder Executivo.
b. Por Omissão: Decorrente da inércia do legislador ordinário na regulamentação de normas constitucionais de eficácia limitada.
IV. MOMENTOS DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
	
1. Controle prévio ou preventivo: Realizado sobre projetos de lei, durante o seu processo legislativo de formação.
1.1. Pelo Legislativo: Através das comissões de constituição e justiça, existentes na Câmara dos Deputados, bem como no Senado Federal. Também o plenário das referidas casas poderá verificar a inconstitucionalidade do projeto de lei, seja durante as votações do próprio projeto em questão ou não.	Michel Temer observa que esse controle não ocorre sobre projetos de medidas provisórias, resoluções dos Tribunais e decretos.
1.2. Pelo Executivo: Através do veto jurídico do Chefe do Poder Executivo.
• Para o Dr. Edilson Nobre, cabe ADPF em caso de veto POR INCONSTITUCIONALIDADE (se por interesse público não cabe), após ter havido a manifestação do Congresso de apreciação do veto. Não caberia MS, pois a questão envolveria análise em abstrato de constitucionalidade de lei e por isso seria necessário mecanismo de controle concentrado. Como não cabe ADI ou ADC, caberia para ele ADPF. Colaciona entendimento de Gilmar Mendes e Celso de Mello semelhantes ao seu pensamento. 
“Com um pouco maior de aprofundamento sobre a questão, Gilmar Ferreira Mendes se manifesta favoravelmente à sujeição ao controle judicial do veto quando fundamentado em inconstitucionalidade.
Não se podendo afastar do veto por inconstitucionalidade a indispensável subordinação dos agentes estatais à Lei Fundamental, é plenamente aceitável que, nas hipóteses de inconstitucionalidade evidente, ou quando em sentido contrário haja interpretação do Supremo Tribunal Federal, possa o veto, não rejeitado pela apreciação parlamentar, ser submetido ao controle judicial de constitucionalidade. Não se alegue, em contraposição à opinião acima, que o veto, por dizer respeito ao relacionamento entre governo e parlamento no procedimento de elaboração das leis, cuida-se de ato político e, portanto, só por só, imune ao controle jurisdicional. Absolutamente. De há muito resta abalada a imunidade de questionamento dos atos políticos, emanados no exercício da denominada função governativa.”
1.3. Pelo Judiciário: Através do julgamento, no caso concreto, de defesa de direito público subjetivo, pertencente apenas aos parlamentares, de participar de um processolegislativo hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na Constituição.
Saliente-se que o STF já consolidou entendimento no sentido de negar legitimidade ativa ad causam a terceiros, que não sejam parlamentares, ainda que invoquem a sua potencial condição de destinatários da futura espécie normativa, sob pena de transformar o referido controle preventivo de constitucionalidade em abstrato.
Ademais, cabe ainda observar que o STF também já decidiu não caber o presente controle sobre regras procedimentais contidas nos regimentos internos das respectivas casas legislativas, por se tratar de matéria interna corporis, não sujeita à apreciação do Judiciário. 
IMPORTANTE – DECISÃO RECENTE STF SOBRE CONTROLE PRÉVIO: 
INFORMATIVO Nº 711
MS: projeto de lei e criação de novos partidos
Em conclusão, o Plenário, por maioria, denegou mandado de segurança preventivo em que senador alegava ofensa ao devido processo legislativo na tramitação do Projeto de Lei que estabelece novas regras para a distribuição de recursos do fundo partidário e de horário de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, nas hipóteses de migração partidária. Preliminarmente, por votação majoritária, conheceu-se do writ, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Cármen Lúcia. 
No mérito, prevaleceu o voto do Min. Teori Zavascki. Considerou que as eventuais inconstitucionalidades do texto impugnado poderiam ser resolvidas se e quando o projeto se transformasse em lei. Ademais, a discussão sobre a legitimidade do controle constitucional preventivo de proposta legislativa teria consequências transcendentais, com reflexos para além do caso em pauta, pois tocaria o cerne da autonomia dos Poderes. 
Reputou que o sistema constitucional pátrio não autorizaria o controle de constitucionalidade prévio de atos normativos, e que a jurisprudência da Corte estaria consolidada no sentido de, em regra, deverem ser rechaçadas as demandas judiciais com essa finalidade. Delimitou haver duas exceções a essa regra: a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva a cláusula pétrea; e b) projeto de lei ou de emenda em cuja tramitação se verificasse manifesta afronta a cláusula constitucional que disciplinasse o correspondente processo legislativo. Aduziu que, em ambas as hipóteses, a justificativa para excepcionar a regra estaria claramente definida na jurisprudência do STF. O vício de inconstitucionalidade estaria diretamente relacionado aos aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa. Nessas circunstâncias, a impetração de segurança seria admissível porque buscaria corrigir vício efetivamente concretizado, antes e independentemente da final aprovação da norma. 
Fora essas exceções, ressaltou que a mais notória consequência de eventual concessão da ordem seria a universalização do controle preventivo de constitucionalidade, em descompasso com a Constituição e com a jurisprudência já consolidada. Destacou a existência de modelo exclusivo de controle de normas, exercido pelos órgãos e instituições arrolados no art. 103 da CF, mediante ação própria. Admitir-se-ia, se prevalecente entendimento diverso, controle jurisdicional por ação da constitucionalidade material de projeto de norma, a ser exercido exclusivamente por parlamentar. Esse modelo de controle prévio não teria similar no direito comparado e ultrapassaria os limites constitucionais da intervenção do Judiciário no processo de formação das leis. Asseverou que as discussões políticas, nesse âmbito, pertenceriam ao Legislativo e não ao Judiciário. Sublinhou o distanciamento que as Cortes constitucionais deveriam ter dos processos políticos, inclusive pela sua inaptidão para resolver, por via de ação, os conflitos carregados de paixões dessa natureza. Salientou não fazer sentido, ademais, atribuir a parlamentar, a quem a Constituição não habilitaria para provocar o controle abstrato de constitucionalidade normativa, prerrogativa muito mais abrangente e eficiente de provocar esse controle sobre os próprios projetos legislativos. Além disso, subtrair-se-ia dos outros Poderes a prerrogativa de exercerem o controle constitucional preventivo de leis. MS 32033/DF, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 20.6.2013. (MS-32033)
2. Controle posterior ou repressivo: Realizado sobre lei ou ato normativo já vigentes, a fim de se averiguar a presença de vício formal e/ou material.
V. OS SISTEMAS DE CONTROLE:
2.1. Controle político: É exercido por um órgão de natureza política, distinto dos três poderes, que tem como função garantir a supremacia da Constituição.
2.2. Controle jurisdicional: É exercido pelo Poder Judiciário, seja através de um único órgão, por meio de ação direta (controle concentrado), seja por qualquer juiz ou tribunal, em arguição incidenter tantum (controle difuso). Esse controle jurisdicional, realizado de forma mista, foi adotado pelo Brasil.
2.3. Controle misto: É uma mistura dos dois sistemas, no qual algumas normas são levadas a controle perante órgão distinto dos três poderes (controle político), e outras, a apreciação do Poder Judiciário (controle jurisdicional).
* O controle posterior ou repressivo, em regra, é exercido pelo Poder Judiciário e, apenas, excepcionalmente, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo:
1. Legislativo:
O Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitarem dos limites de seu poder de regulamentar definido pela própria lei a ser regulamentada (na verdade, trata-se de um controle de legalidade e, não, de constitucionalidade), ou dos limites da delegação legislativa atribuída por meio de resolução pelo Congresso (Art. 49, V, da CF).
Ainda ao Congresso deverão ser submetidas imediatamente as medidas provisórias adotadas pelo Presidente da República, a fim de serem convertidas em lei, ocasião na qual será verificado o atendimento de seus pressupostos constitucionais (controle posterior propriamente dito).
2. Executivo:
Antes da CF/1988:
Nessa época, os Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores dos Estados e do Distrito Federal e Prefeitos) não tinham legitimidade para ajuizar ação direta de inconstitucionalidade, portanto, doutrina e jurisprudência entendiam que eles poderiam deixar de aplicar uma lei que considerassem manifestamente inconstitucional, permitindo-lhes ainda baixar determinação para que seus subordinados hierárquicos também não cumprissem a referida lei.
Contudo, a ação ou omissão do Poder Executivo poderia ser discutida no Poder Judiciário, que daria a palavra final sobre a aplicação ou não da lei alegada inconstitucional e tornaria, a partir de então, obrigatória a observância de sua decisão.
Após a CF/1988:
Foi expandida a legitimação ativa para o ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, bem como, após a EC 45/04, para a ação direta de constitucionalidade. Sendo assim, não mais se admitiria o descumprimento de lei inconstitucional pelo Presidente da República e pelos Governadores de Estados e do Distrito Federal. Porém, quanto aos Prefeitos, por não constarem no referido rol dos legitimados, ainda lhes seria permitido descumprir lei flagrantemente inconstitucional, com a determinação de sua não aplicação aos seus subordinados hierárquicos. (Essa é a posição do Gilmar Mendes)
	
Posicionamento contra tal possibilidade: supremacia da CF.
	
Por fim, ainda que não muito aprofundados sobre o tema, é possível entender que o STF e o STJ ainda permitem ao Chefe do Executivo determinar aos seus subordinados que não apliquem administrativamente lei que considerem inconstitucional.
STJ: Os chefes dos Poderes Executivos federal, estaduais, distrital e municipais, ao tomarem posse com o compromisso de guardar especial observância à Constituição (arts. 78 da CF/1988 e 139 da Constituição estadual), podem deixar de cumprir lei que entendam por inconstitucional, ainda que sem manifestação do Judiciário a respeito,decisão essa que vincula toda a Administração Pública a eles subordinada e importa na assunção dos riscos decorrentes de suas escolhas político-jurídicas.
VI. TIPOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Quanto ao momento, o controle pode ser:
i. PREVENTIVO: controle que é feito antes do ingresso da norma no ordenamento jurídico, ou seja, antes da sua vigência.
ii. REPRESSIVO: controle feito quando a norma já esteja no mundo jurídico.
Quanto critério subjetivo ou orgânico, o controle pode ser:
i. DIFUSO: é o controle feito por qualquer juiz;
ii. CONCENTRADO: é o controle feito somente por corte específica;
Quanto ao critério formal, o controle pode ser:
i.  CONCRETO ou INCIDENTAL: ocorre no caso concreto entre as parte;
ii. ABSTRATO: ocorre no caso de controle realizado abstratamente sobre a lei, independentemente, de um caso concreto.
VII. ESCORÇO HISTÓRICO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL
CF 1824: Não há controle de constitucionalidade, o monarca não está submetido ao poder legislativo, ou judiciário. Há supremacia do poder moderador.
CF 1891: Ruy Barbosa foi um exponencial. Houve uma lei que estabeleceu a possibilidade de controle difuso de constitucionalidade (Lei 221/1894), à semelhança do modelo americano.
CF 1934: Surge a possibilidade de controle abstrato por meio da ADI INTERVENTIVA , a cláusula de reserva de plenário e a possibilidade de o Senado imprimir efeitos erga omnes à decisão do STF.
CF 1937: No parágrafo único, do artigo 96, na hipótese de declaração de inconstitucionalidade pelo Judiciário, poderia o Executivo submeter de novo a lei ao Legislativo, que, se entendesse a lei como constitucional, desprezava o entendimento do Poder Judiciário, sob o fundamento de que se tratava do BEM ESTAR DO POVO e do INTERESSE NACIONAL.
CF 1946: Com a EC/16, em 1965, houve a criação da ADI genérica, antes somente havia a inconstitucionalidade da lei interventiva, mas, com a EC qualquer lei poderia ser objeto do controle de constitucionalidade. 
CF 1967 e 1969: Houve a edição dos ATOS INSTITUCIONAIS, que exerciam o poder constituinte e proibiam o Poder Judiciário de controlar os AI’s que não eram passíveis de quaisquer controles de constitucionalidade.
CF 1988: Houve grandes novidades.
ADI por omissão
Ampliação dos legitimados
ADC (EC/03) com efeito vinculante
ADPF (EC/03)
EC/45:
Estabeleceu efeito vinculante à ADI nos termos constitucionais, 
Unificou a legitimidade ativa da ADI e da ADC;
Legitimidade do governador e da câmara legislativa do DF;
Mudou a expressão do efeito vinculante (Judiciário e Executivo), agora é para o Judiciário e toda a ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DF e DOS MUNICÍPIOS.
VIII. SISTEMA DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE
1. Origem histórica: Marbury X Madison 
John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas Jefferson. Assim, antes de ser sucedido, Adams nomeou diversas pessoas ligadas ao seu governo para o cargo de juiz federal, entre elas, Marbury. Contudo, ao assumir o governo, Jefferson nomeou Madison como seu Secretário de Estado e, por entender que a nomeação de Marbury era incompleta, por não ter-lhe sido entregue, até aquele momento, a sua comissão, determinou que Madison não mais efetivasse a nomeação de Marbury.
Marbury, então, impetrou writ of mandamus em face de Madison, a fim de buscar a sua nomeação.
Suprema Corte: qualquer lei incompatível com a Constituição é nula e que os tribunais e os demais departamentos são vinculados a ela. Decidiu que “havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição por ser hierarquicamente superior.”
	
2. Noções gerais do controle difuso
É realizado por qualquer juiz ou tribunal do Poder Judiciário, observadas as regras de competência.
Verifica-se em um caso concreto e a declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei se dá de forma incidental, uma vez que diz respeito tão-somente à causa de pedir (fundamento) da demanda, daí porque é chamado também, sob o critério formal, de controle pela via de exceção ou defesa.
3. Controle difuso nos tribunais – Cláusula de Reserva de Plenário
Os órgão fracionários (câmara ou turma), verificada a existência de questionamento incidental sobre a constitucionalidade de lei ou ato normativo, caso a acolham, devem suscitar questão de ordem e remeter a sua análise ao pleno ou órgão especial daquele respectivo tribunal. (HÁ UMA CISÃO FUNCIONAL HORIZONTAL – isso não ocorre no STF – Pleno julga tudo).
	
(Art. 480 do CPC: “Argüida a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, ouvido o Ministério Público, submeterá a questão à turma ou câmara, a que tocar o conhecimento do processo.” Art. 481 do CPC: “Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.”)
Com efeito, o art. 97 da CF estabelece que: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros, ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.” Trata-se de verdadeira condição de eficácia jurídica, imprescindível à declaração de inconstitucionalidade dos atos do Poder Público em controle difuso. É o pleno ou o órgão especial que definem.
	
Contudo, já havendo decisão do pleno ou do órgão especial do respectivo tribunal, ou ainda do plenário do Supremo Tribunal Federal, poderá haver dispensa do procedimento incidental previsto no art. 97 da CF, por questão de racionalidade, bem como em razão do princípio da celeridade e da segurança jurídica.
	
Nesse sentido é a Lei nº 9.756/98 que acrescentou um parágrafo único ao art. 481 do CPC: “Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão especial, a argüição de inconstitucionalidade, quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.”
Segundo Gilmar Mendes “após o exame da constitucionalidade da norma pelo Pleno, não mais se espera qualquer modificação deste entendimento. Tanto que quando se trata de declaração de inconstitucionalidade, a partir deste momento é efetivada a comunicação ao Senado Federal. E tratando-se de juízo de constitucionalidade ou de inconstitucionalidade, dá-se início à aplicação do disposto no art. 557 do CPC, que, queiramos ou não, é uma forma brasileira de atribuição de efeito vinculante às decisões deste Tribunal”. Note-se que há uma objetivação do controle incidental de constitucionalidade no âmbito do tribunal.
	
O problema ocorre na chamada declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto: há um texto normativo que corresponde a um significado, a uma norma. No caso, há um texto com múltiplos significados, e um deles – ou muitos deles – estão eivados de inconstitucionalidade. Ao retirar um sentido do texto, há uma declaração de inconstitucionalidade – assim, inclusive nesta hipótese, o órgão fracionário deve encaminhar a questão constitucional ao plenário / órgão especial. 
Mas não poderia dizer que houve interpretação conforme? Mesmo a interpretação conforme implica a exclusão de outros significados do texto normativo – assim, caberia igualmente a necessidade de envio ao plenário/órgão especial, sob pena de ofensa ao art. 97 – daí porque foi editada a súmula vinculante nº 10: Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
	
A interpretação conforme é um princípio interpretativo e é um juízo de constitucionalidade da lei. A declaração de nulidade é uma técnica de decisão, e não um princípio, e dá um juízo de inconstitucionalidade. STF trata-os como equivalentes.
Segundo o STF, em ambos os casos, a cláusula da reserva de plenário (art. 97CF) não precisa ser observada!!! 
PROCESSUALCIVIL. CONSTITUCIONAL. ENSINO SUPERIOR. SUPLETIVO. IDADE MÍNIMA NÃO ALCANÇADA. SÚMULA STF 10. ART. 97, CF: INAPLICABILIDADE. 1. Para a caracterização de ofensa ao art. 97 da Constituição, que estabelece a reserva de plenário (full bench), é necessário que a norma aplicável à espécie seja efetivamente afastada por alegada incompatibilidade com a Constituição Federal. 2. Não incidindo a norma no caso e não tendo sido ela discutida, não se caracteriza ofensa à Súmula Vinculante 10, do Supremo Tribunal Federal 3. O embasamento da decisão em princípios constitucionais não resulta, necessariamente, em juízo de inconstitucionalidade. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(RE 575895 AgR, Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 15/03/2011, DJe-064 DIVULG 04-04-2011 PUBLIC 05-04-2011 EMENT VOL-02496-01 PP-00132) 
EMENTA:I. Controle incidente de inconstitucionalidade: reserva de plenário (CF, art. 97). "Interpretação que restringe a aplicação de uma norma a alguns casos, mantendo-a com relação a outros, não se identifica com a declaração de inconstitucionalidade da norma que é a que se refere o art. 97 da Constituição.." (cf. RE 184.093, Moreira Alves, DJ 05.09.97). II. Citação por edital e revelia: suspensão do processo e do curso do prazo prescricional, por tempo indeterminado - C.Pr.Penal, art. 366, com a redação da L. 9.271/96. 1. Conforme assentou o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ext. 1042, 19.12.06, Pertence, a Constituição Federal não proíbe a suspensão da prescrição, por prazo indeterminado, na hipótese do art. 366 do C.Pr.Penal. 2. A indeterminação do prazo da suspensão não constitui, a rigor, hipótese de imprescritibilidade: não impede a retomada do curso da prescrição, apenas a condiciona a um evento futuro e incerto, situação substancialmente diversa da imprescritibilidade. 3. Ademais, a Constituição Federal se limita, no art. 5º, XLII e XLIV, a excluir os crimes que enumera da incidência material das regras da prescrição, sem proibir, em tese, que a legislação ordinária criasse outras hipóteses. 4. Não cabe, nem mesmo sujeitar o período de suspensão de que trata o art. 366 do C.Pr.Penal ao tempo da prescrição em abstrato, pois, "do contrário, o que se teria, nessa hipótese, seria uma causa de interrupção, e não de suspensão." 5. RE provido, para excluir o limite temporal imposto à suspensão do curso da prescrição.
(RE 460971, Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 13/02/2007, DJ 30-03-2007 PP-00076 EMENT VOL-02270-05 PP-00916 RMDPPP v. 3, n. 17, 2007, p. 108-113 LEXSTF v. 29, n. 346, 2007, p. 515-522) 
Obs: SÚMULA Nº 513 STF A DECISÃO QUE ENSEJA A INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ORDINÁRIO OU EXTRAORDINÁRIO NÃO É A DO PLENÁRIO, QUE RESOLVE O INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE, MAS A DO ÓRGÃO (CÂMARAS, GRUPOS OU TURMAS) QUE COMPLETA O JULGAMENTO DO FEITO.
4. Efeitos da decisão
Em regra, a decisão, no controle difuso, é inter partes e ex tunc (efeitos retroativos desde a edição da lei), uma vez que a lei em discussão se torna nula somente para as partes em litígio, em razão de sua não aplicação no caso concreto.
Contudo, em determinados casos, o STF já tem entendido que os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, por questões de razoabilidade e atendido o princípio da proporcionalidade, podem ser mitigados, sendo ex nunc ou pro futuro.
Embargos de declaração e modulação dos efeitos em RE
O Plenário, por maioria, acolheu embargos de declaração para atribuir eficácia ex nunc a decisão proferida em sede de recurso extraordinário, em que declarada a inconstitucionalidade da cobrança de taxas de matrícula em universidades públicas e editada a Súmula Vinculante 12 — v. Informativo 515. Aduziu-se que, muito embora o recorrente não houvesse pleiteado a modulação dos efeitos da decisão quando da interposição do referido recurso extraordinário, quer nos autos, quer na sustentação oral, seria necessário superar as dificuldades formais para o conhecimento dos embargos. Ponderou-se que, além de a decisão ser revestida de vasta abrangência e excepcional interesse social, haveria uma relevante questão de ordem prática a ser solucionada, tendo em vista a possibilidade de as instituições de ensino serem obrigadas a ressarcir todos os estudantes que eventualmente pagaram as citadas taxas no passado. Nesse sentido, o Min. Gilmar Mendes destacou a delicada situação financeira das universidades, bem como o fato de que tais recursos seriam, inclusive, destinados a fornecer bolsas aos próprios estudantes, atingindo, portanto, finalidade pública. Por fim, garantiu-se o direito de eventual ressarcimento aos que já houvessem ingressado, individualmente, com o respectivo pleito. Vencido o Min. Marco Aurélio que desprovia o recurso por entender inexistir omissão a ser sanada na via de embargos, cujo acolhimento implicaria mudança de manifestação da Corte, em contrariedade ao princípio da segurança jurídica.
RE 500171 ED/GO, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 16.3.2011. (RE-500171)
E, ainda, excepcionalmente, poderão os efeitos de sua decisão atingir terceiros, sendo erga omnes, caso o Senado suspenda, no todo ou em parte, a execução da lei, declarada inconstitucional, de maneira incidental, por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal (art. 52, inciso X, da CF).
	
No entanto, saliente-se que o efeito de tal suspensão, conforme entendimento majoritário, será apenas a partir da publicação da resolução do Senado na Imprensa Oficial (ex nunc), exceto em relação à Administração Pública Federal direta e indireta, para a qual a resolução do Senado produz efeitos ex tunc, consoante art. 1º, § 2º, do Decreto nº 2.346/97.
* Procedimento do art. 52, inciso X, da CF: “Compete privativamente ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.”
E, após a leitura em plenário, a comunicação é encaminhada à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, que deverá formular o projeto de resolução suspendendo a execução da lei, no todo ou em parte.
Objeto de suspensão pelo Senado: leis federais, estaduais, territoriais, distritais ou mesmo municipais que forem declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.
Todavia, o Senado não pode ampliar, restringir ou interpretar a extensão da decisão do Supremo Tribunal Federal. 
* Discricionariedade e conveniência do Senado: Segundo grande parte da doutrina, bem como do Supremo Tribunal Federal e do próprio Senado, o Senado não está obrigado a suspender a execução de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, em respeito ao princípio da separação de poderes.
Papel do Senado no controle incidental: o instituto hoje previsto no art. 52, X, surgiu para suprir a falta do stare decisis no Brasil (é o stare decisis que empresta eficácia vinculante às decisões proferidas pelas Cortes Superiores no Direito norte-americano). Porém, no contexto da CF/88 (que previu no controle abstrato múltiplas ações com eficácia erga omnes – o que antes não havia, além da amplitude conferida ao controle abstrato de normas e da possibilidade de que se suspenda, liminarmente, a eficácia de leis ou atos normativos com eficácia geral), faz-se necessária uma releitura do papel do Senado, à luz da força normativa da CF e do papel do STF, para corrigir essa incoerência. Para Gilmar, a justificativa deste instituto, que se inspirava diretamente numa concepção de separação de Poderes – hoje necessária e inevitalmente ultrapassada. Se o STF pode, em uma ADI, suspender, liminarmente, a eficácia de uma lei, até mesmo de uma emenda constitucional, por que haveria a declaração de inconstitucionalidade, proferida no controle incidental, valer tão-somente para as partes?
O papel do Senado seria o de conferir publicidade, de forma obrigatória, à decisão do Supremo. Perderia a discricionariedade, e a decisão do STF já teria eficácia erga omnes no controle incidental.
	
Caso concreto: inconstitucionalidadeda lei de crimes hediondos (progressão de regime). Um juiz declarou que não seguiria a decisão do STF, por não estar a ela vinculado, por haver efeitos inter partes. Veio uma reclamação. Mas esta só seria cabível se houvesse eficácia erga omnes. GM e Eros já manifestaram o entendimento de que há eficácia erga omnes (Joaquim Barbosa e Pertence foram contra). 
É a RCl 4335, ainda em julgamento:
Reclamação: Cabimento e Senado Federal no Controle da Constitucionalidade - 5
O Tribunal retomou julgamento de reclamação ajuizada contra decisões do Juiz de Direito da Vara de Execuções Penais da Comarca de Rio Branco-AC, pelas quais indeferira pedido de progressão de regime em favor de condenados a penas de reclusão em regime integralmente fechado em decorrência da prática de crimes hediondos. Alega-se, na espécie, ofensa à autoridade da decisão da Corte no HC 82959/SP (DJU de 1º.9.2006), em que declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 2º da Lei 8.072/90, que veda a progressão de regime a condenados pela prática de crimes hediondos — v. Informativo 454. O Min. Eros Grau, em voto-vista, julgou procedente a reclamação, acompanhando o voto do relator, no sentido de que, pelo art. 52, X, da CF, ao Senado Federal, no quadro de uma verdadeira mutação constitucional, está atribuída competência apenas para dar publicidade à suspensão da execução de lei declarada inconstitucional, no todo ou em parte, por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, haja vista que essa decisão contém força normativa bastante para suspender a execução da lei. 
Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.4.2007. (Rcl-4335)
Reclamação: Cabimento e Senado Federal no Controle da Constitucionalidade - 6
Em divergência, o Min. Sepúlveda Pertence julgou improcedente a reclamação, mas concedeu habeas corpus de ofício para que o juiz examine os demais requisitos para deferimento da progressão. Reportando-se aos fundamentos de seu voto no RE 191896/PR (DJU de 29.8.97), em que se declarou dispensável a reserva de plenário nos outros tribunais quando já houvesse declaração de inconstitucionalidade de determinada norma legal pelo Supremo, ainda que na via do controle incidente, asseverou que não se poderia, a partir daí, reduzir-se o papel do Senado, que quase todos os textos constitucionais subseqüentes a 1934 mantiveram. Ressaltou ser evidente que a convivência paralela, desde a EC 16/65, dos dois sistemas de controle tem levado a uma prevalência do controle concentrado, e que o mecanismo, no controle difuso, de outorga ao Senado da competência para a suspensão da execução da lei tem se tornado cada vez mais obsoleto, mas afirmou que combatê-lo, por meio do que chamou de “projeto de decreto de mutação constitucional”, já não seria mais necessário. Aduziu, no ponto, que a EC 45/2004 dotou o Supremo de um poder que, praticamente, sem reduzir o Senado a um órgão de publicidade de suas decisões, dispensaria essa intervenção, qual seja, o instituto da súmula vinculante (CF, art. 103-A). 
Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.4.2007. (Rcl-4335)
Reclamação: Cabimento e Senado Federal no Controle da Constitucionalidade - 7
Por sua vez, o Min. Joaquim Barbosa não conheceu da reclamação, mas conheceu do pedido como habeas corpus e também o concedeu de ofício. Considerou que, apesar das razões expostas pelo relator, a suspensão da execução da lei pelo Senado não representaria obstáculo à ampla efetividade das decisões do Supremo, mas complemento. Aduziu, de início, que as próprias circunstâncias do caso seriam esclarecedoras, pois o que suscitaria o interesse da reclamante não seria a omissão do Senado em dar ampla eficácia à decisão do STF, mas a insistência de um juiz em divergir da orientação da Corte enquanto não suspenso o ato pelo Senado. Em razão disso, afirmou que resolveria a questão o habeas corpus concedido liminarmente pelo relator. Afirmou, também, na linha do que exposto pelo Min. Sepúlveda Pertence, a possibilidade de edição de súmula vinculante. Dessa forma, haveria de ser mantida a leitura tradicional do art. 52, X, da CF, que trata de uma autorização ao Senado de determinar a suspensão de execução do dispositivo tido por inconstitucional e não de uma faculdade de cercear a autoridade do STF. Afastou, ainda, a ocorrência da alegada mutação constitucional. Asseverou que, com a proposta do relator, ocorreria, pela via interpretativa, tão-somente a mudança no sentido da norma constitucional em questão, e, que, ainda que se aceitasse a tese da mutação, seriam necessários dois fatores adicionais não presentes: o decurso de um espaço de tempo maior para verificação da mutação e o conseqüente e definitivo desuso do dispositivo. Por fim, enfatizou que essa proposta, além de estar impedida pela literalidade do art. 52, X, da CF, iria na contramão das conhecidas regras de auto-restrição. Após, pediu vista dos autos o Min. Ricardo Lewandowski. 
Rcl 4335/AC, rel. Min. Gilmar Mendes, 19.4.2007. (Rcl-4335)
Para GM, ao fazer a modulação de efeitos em casos de controle incidental, o STF já partiu da premissa de que sua decisão tem efeito vinculante e eficácia erga omnes. Afinal, a modulação de efeitos deve ter a preocupação com as relações não abrangidas pelo processo.
5. Teoria da transcendência dos motivos determinantes subjacentes à declaração de inconstitucionalidade proferida em julgamento de controle difuso
Alguns doutrinadores, bem como determinados julgados do STF rumam para uma nova interpretação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade no controle difuso.
Entendem que, embora manifestados em controle difuso, bem como sendo meras questões prejudiciais, os fundamentos da decisão do Supremo Tribunal Federal devem se expandir para além do processo em que foram prolatados, tornando-se, então, desde já, vinculantes erga omnes. Dessa forma, aproximam-se o sistema de controle difuso de constitucionalidade ao do concentrado.
E, por sua vez, passam a atribuir simples efeito de publicidade às resoluções do Senado para a suspensão de execução de lei, previstas no art. 52, inciso X, da CF, sendo, a partir de então, essa Casa Legislativa comunicada apenas para publicar a decisão do STF no Diário do Congresso.
Gilmar Mendes afirma se tratar esse fenômeno de uma autêntica mutação constitucional, uma vez que há uma completa reformulação do sistema jurídico sem qualquer expressa modificação de seu texto.
Principais argumentos: (a) a força normativa da Constituição, (b) o princípio da supremacia da Constituição e a sua aplicação uniforme a todos os destinatários, (c) o STF enquanto guardião da Constituição e seu intérprete máximo, e (d) a dimensão política das decisões do STF.
Crítica a esse posicionamento: o art. 52, X, é da tradição do direito brasileiro; possibilidade de outros mecanismos, como a súmula vinculante.
Quanto à tendência de abstrativização do controle concreto, Gilmar Mendes resume a questão dizendo “a adoção de estrutura procedimental aberta para o processo de controle difuso (participação do amicus curiae e outros interessados), a concepção de recurso extraordinário de feição especial para os juizados especiais, o reconhecimento de efeito transcendente para a declaração de inconstitucionalidade incidental, a lenta e gradual superação da fórmula do Senado (art. 52, X), a incorporação do instituto da repercussão geral no âmbito do recurso extraordinário e a desformalização do recurso extraordinário com o reconhecimento de uma possível causa petendi aberta são demonstração das mudanças verificadas a partir desse diálogo e intercâmbio entre os modelos de controle de constitucionalidade positivados no Direito brasileiro. Pode-se apontar, dentre as inúmeras transformações detectadas, inequívoca tendência para ampliar a feição objetiva do processo de controle incidental entre nós.”
6. Controle difuso em sede de ação civil pública
Só será cabível o controle difuso, em sede de ação civil pública, se a controvérsia constitucional se identificar como mera questão prejudicial (incidental),indispensável à resolução do litígio do objeto principal, que deve ser uma específica e concreta relação jurídica, ocasião na qual os seus efeitos se restringirão inter partes.
	
Sendo assim, a ação civil pública não pode ser ajuizada como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade, pois, em caso de produção de efeitos erga omnes, estar-se-ia usurpando competência do STF, com a provocação de verdadeiro controle concentrado de constitucionalidade.
Ação Civil Pública e Controle Incidental de Inconstitucionalidade
É legítima a utilização da ação civil pública como instrumento de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer leis ou atos do Poder Público, desde que a controvérsia constitucional não se identifique como objeto único da demanda, mas simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. (...) No mérito, considerou-se que a declaração de inconstitucionalidade da lei seria apenas um dentre outros 6 pedidos formulados na ação civil, configurando-se, ademais, como uma nítida causa de pedir. RE desprovido, com determinação da baixa dos autos ao TJDFT para julgamento de mérito da ação. 
RE 424993/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.9.2007. (RE-424993)
IX. SISTEMA CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE
A análise de constitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público é realizada em um único tribunal. No caso do Brasil, pelo STF.
1. ADI (ação direta de inconstitucionalidade) genérica
	
1.1. Conceito
Ação judicial que tem por objeto principal a própria declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em tese e que tem por característica a ausência de lide entre partes subjetivas.
1.2. Objeto
a) Leis (art. 59 da CF): emendas constitucionais (por emanarem do poder constituinte derivado reformador), leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias (por terem força de lei, mas desde que em plena vigência, ou seja, não convertidas ainda em lei ou não tendo perdido a sua eficácia por decurso de prazo), decretos legislativos e resoluções (esses dois últimos somente se estiverem revestidos de generalidade e abstração).
b) Atos normativos: qualquer ato revestido de indiscutível caráter normativo, como as resoluções administrativas dos Tribunais, os regimentos internos dos Tribunais, as deliberações administrativas dos órgãos judiciários, as deliberações dos Tribunais Regionais do Trabalho (salvo as convenções coletivas de trabalho) etc.
Exemplos já julgados pelo STF em que cabe ADI: Resolução 12.000-001 GS/2005, do Secretário de Segurança Pública do Estado do Piauí (ADI3731), Portaria 17/2005, da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Maranhão (ADI3691), Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça (MS25962), Resolução do TSE (ADIs 3999 e 4086), Resolução Nº 75/95 da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ADI 1372).
c) Tratados internacionais:
c.1) Tratados internacionais sobre direitos humanos e aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos membros (art. 5, § 3º, da CF) equivalem a emendas constitucionais e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
c.2) Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados pela regra anterior à EC 45/2004 têm natureza supralegal (porém infraconstitucional) e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
c.3) Tratados internacionais de natureza diversa equivalem a meras leis ordinárias e podem, portanto, ser objeto de controle de constitucionalidade.
	
d) Políticas públicas: desde que configurada hipótese de evidente e arbitrária abusividade governamental, em violação a concretização dos direitos mínimos existenciais do ser humano (direitos sociais, econômicos e culturais), devendo ainda se verificar, no caso concreto, a razoabilidade da pretensão, bem como a disponibilidade financeira do Estado para a implementação da referida política pública.
NÃO PODEM SER OBJETO DE CONTROLE CONCETRADO
a) Súmulas: por não possuírem grau de normatividade qualificada pela generalidade e abstração, mesmo no caso de súmula vinculante. No caso de SV, há procedimento de revisão.
b) Regulamentos ou decretos regulamentares expedidos pelo Executivo e demais atos normativos secundários: por não estarem revestidos de autonomia jurídica. Trata-se, no caso, de questão de legalidade, por inobservância do dever jurídico de subordinação normativa à lei. 
Decreto que não regulamente lei alguma: poderá haver ADI para discutir observância do princípio da reserva legal.
Exemplos já julgados pelo STF em que não cabe ADI: Provimento 758/2001, do Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo (ADI2862), atos normativos estaduais que atribuem à polícia militar a possibilidade de elaborar termos circunstanciados. Provimento 758/2001, consolidado pelo provimento n. 806/2003, do Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo (ADI2862)
c) Normas constitucionais originárias: pois são sempre constitucionais, devendo os aparentes conflitos entre as suas normas ser harmonizados através de uma interpretação sistemática do caso concreto (princípio da unidade, concordância prática).
ADI: Normas Constitucionais e Efeito Repristinatório Indesejado - 1
O Tribunal não conheceu de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido Verde - PV contra o art. 40, § 1º, II, da expressão “aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40”, contida no art. 73, § 3º, do art. 93, VI, na redação que lhes foi dada pelo art. 1º da EC 20/98, e da expressão “e VI”, constante no art. 129, § 4º, todos da CF, que prevêem a aposentadoria compulsória, aos 70 anos, para os servidores públicos, os magistrados e os membros do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público. Entendeu-se que a eventual declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos impugnados restauraria a eficácia de normas constitucionais originárias de idêntico conteúdo material, não impugnadas, e que, ainda que argüida na inicial a declaração de inconstitucionalidade destas, outra não seria a conclusão em face do entendimento do Tribunal no sentido de que não cabe ação direta contra normas constitucionais originárias. Precedentes citados: ADI 815/DF (DJU de 10.5.96) e ADI 2132/RJ (DJU de 5.4.2002). 
ADI 2883/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 30.8.2006. (ADI-2883)
d) Normas anteriores à Constituição: são recepcionadas, ou não, e, nesse caso, são revogadas, pelo novo ordenamento jurídico, não se podendo falar em inconstitucionalidade superveniente. (Conflito de leis no tempo, e não hierárquico). A ADPF pode ser utilizada para, deforma definitiva e com eficácia geral, solver controvérsia relevante sobre a legitimidade do direito ordinário pré-constitucional em face da nova Constituição.
Destinação de Custas Judiciais e Efeito Repristinatório das Decisões no Controle Abstrato - 2
Assim, quanto à Lei 340/82, considerou-se que não se poderia exigir sua impugnação por ser norma anterior à CF/88 e, em relação à Lei 1.135/91, observou-se que o Procurador-Geral da República, aditara o pedido inicial, em seu parecer, para incluí-la no objeto da ação. (...)
ADI 3660/MS, rel. Min. Gilmar Mendes, 18.6.2007. (ADI-3660)
Observação importante: O Des. Edilson Nobre, em nota de rodapé, critica este posicionamento do STF solidificado na ADI 2/88, em especial o voto vencedor do Min. Paulo Brossard. Palavras dele: “...Em que pese o ponto de vista majoritário, somos da opinião de que mais ajustado aos dias atuais estava o voto discordante do Min. Sepúlveda Pertence...Sem a menor dúvida, a posição defendida por S. Exa., cujas razões, acompanhadas pelos Ministros Néri Da Silveira e Marco Aurélio, postam-se mais afinadas com o objetivo do controle concentrado da constitucionalidade, qual seja: o de proporcionar certeza ao sistema jurídico, com a solução mais rápida de suas antinomias, a qual, se confiada às várias instânciasda jurisdição difusa, levaria longos anos para ser resolvida, com enorme prejuízos aos jurisdicionados. Ademais, ... sobrelevando que o qualificativo de revogação não exclui cogitar-se o desacordo entre a lei anterior e a Constituição como sendo primariamente uma relação de inconstitucionalidade.”
e) Atos estatais de efeitos concretos: por não possuírem densidade jurídico-material (densidade normativa). 
f) Atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida: porque a sua eventual declaração teria valor meramente histórico.
E se a revogação ou a perda de vigência da lei ou ato normativo ocorrer já no curso da ação de inconstitucionalidade, entende o STF pela perda do objeto, com a prejudicialidade da ação, devendo os efeitos residuais concretos que possam ter sido gerados pela aplicação da lei ou ato normativo não mais existente ser questionados na via ordinária, por intermédio do controle difuso de constitucionalidade.
Gilmar Mendes tem posição diferente: princípios da máxima efetividade e da força normativa da CF.
Censor Federal: Extinção de Cargo e Aproveitamento - 2
Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, não conheceu de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República contra a Lei 9.688/98, que declarou a extinção dos cargos de Censor Federal, (...) Ressaltando as extravagantes peculiaridades do caso concreto, entendeu-se que o ato em análise não se amoldaria ao controle abstrato de constitucionalidade, pois, com o enquadramento por ele perpetrado (...) Considerou-se, portanto, ter-se norma — que só serviu para dar fim a uma situação concreta relativa a um grupo insubstituível de indivíduos — de eficácia completamente exaurida, (...) seus efeitos esgotaram-se, em instante único, com a extinção do cargo de censor (...)
ADI 2980/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso, 5.2.2009. (ADI-2980)
ADI 514/PI*
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: FISCALIZAÇÃO NORMATIVA ABSTRATA. REVOGAÇÃO TÁCITA DE UMA DAS NORMAS LEGAIS IMPUGNADAS E MODIFICAÇÃO SUBSTANCIAL DO PARÂMETRO DE CONTROLE INVOCADO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS DIPLOMAS LEGISLATIVOS QUESTIONADOS. HIPÓTESES DE PREJUDICIALIDADE DA AÇÃO DIRETA, QUANDO SUPERVENIENTES AO SEU AJUIZAMENTO. A NOÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE/INCONSTITUCIONALIDADE COMO CONCEITO DE RELAÇÃO. A QUESTÃO PERTINENTE AO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE. POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS DIVERGENTES EM TORNO DO SEU CONTEÚDO. O SIGNIFICADO DO BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE COMO FATOR DETERMINANTE DO CARÁTER CONSTITUCIONAL, OU NÃO, DOS ATOS ESTATAIS. IMPUGNAÇÃO GENÉRICA DEDUZIDA EM SEDE DE CONTROLE ABSTRATO. INADMISSIBILIDADE. DEVER PROCESSUAL, QUE INCUMBE AO AUTOR DA AÇÃO DIRETA, DE FUNDAMENTAR, ADEQUADAMENTE, A PRETENSÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SITUAÇÃO QUE LEGITIMA O NÃO-CONHECIMENTO DA AÇÃO DIRETA. PRECEDENTES.
- A revogação superveniente do ato estatal impugnado, ainda que tácita, faz instaurar situação de prejudicialidade, que provoca a extinção anômala do processo de fiscalização abstrata de constitucionalidade. Precedentes.
- A superveniente alteração/supressão das normas, valores e princípios que se subsumem à noção conceitual de bloco de constitucionalidade, por importar em descaracterização do parâmetro constitucional de confronto, faz instaurar, em sede de controle abstrato, situação configuradora de prejudicialidade da ação direta, legitimando, desse modo - ainda que mediante decisão monocrática do Relator da causa (RTJ 139/67) -, a extinção anômala do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade. Doutrina. Precedentes.
g) Respostas emitidas pelo Tribunal Superior Eleitoral às consultas que lhe forem endereçadas: por se tratar de ato de caráter meramente administrativo, não possuindo eficácia vinculativa aos demais órgãos do Poder Judiciário.
h) Leis orçamentárias: por se tratar de lei com objeto determinado e destinatário certo, sendo, praticamente, um ato administrativo, em sentido material. Excepcionalmente, se se demonstrar que referida lei tem certo grau de abstração e generalidade, o STF tem admitido seja ela objeto de controle abstrato de constitucionalidade.	
No caso de MP sobre crédito extraordinário, o STF admitiu o controle. Razões: a) CF não diferencia as leis, e sim tão-somente os atos (só cabem atos normativos); b) estudos e análises no plano da teoria do direito apontariam a possibilidade tanto de se formular uma lei de efeito concreto de forma genérica e abstrata quanto de se apresentar como lei de efeito concreto regulação abrangente de um complexo mais ou menos amplo de situações.
MED. CAUT. EM ADI N. 4.048-DF
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
EMENTA: Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade. Medida Provisória n° 405, de 18.12.2007. Abertura de crédito extraordinário. Limites constitucionais à atividade legislativa excepcional do Poder Executivo na edição de medidas provisórias.
I. MEDIDA PROVISÓRIA E SUA CONVERSÃO EM LEI. Conversão da medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial. Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. Precedentes.
II. Controle abstrato de constitucionalidade de normas orçamentárias. Revisão de jurisprudência. O Supremo Tribunal Federal deve exercer sua função precípua de fiscalização da constitucionalidade das leis e dos atos normativos quando houver um tema ou uma controvérsia constitucional suscitada em abstrato, independente do caráter geral ou específico, concreto ou abstrato de seu objeto. Possibilidade de submissão das normas orçamentárias ao controle abstrato de constitucionalidade.
(...)
* noticiado no Informativo 506
Observações:
* A posterior ab-rogação ou derrogação, com sua substancial alteração, da Constituição, por afetar o próprio paradigma (parâmetro) de confronto invocado no processo de controle concentrado de constitucionalidade, configura hipótese caracterizadora de prejudicialidade da ação, em virtude da evidente perda superveniente de seu objeto.
ADI N. 2.159-DF
REL. P/ O ACÓRDÃO: MIN. EROS GRAU
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO DIRETA. PREJUDICIALIDADE. ARTIGO 48, INCISO XV, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. REDAÇÃO DO PRECEITO ANTERIORMENTE MODIFICADA PELA EC 19/98 E NOVAMENTE ALTERADA PELA EC 41/03. ALTERAÇÃO DO TEXTO CONSTITUCIONAL.
1. O texto do artigo 48, inciso XV, da CB foi alterado primeiramente pela EC 19/98. Após a propositura desta ação direta o texto desse preceito sofreu nova modificação. A EC 41/03 conferiu nova redação ao inciso XV do artigo 48 da CB/88.
2. A alteração substancial do texto constitucional em razão de emenda superveniente prejudica a análise da ação direta de inconstitucionalidade. O controle concentrado de constitucionalidade é feito com base no texto constitucional em vigor. A modificação do texto constitucional paradigma inviabiliza o prosseguimento da ação direta. Precedentes.
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada prejudicada.
* noticiado no Informativo 356	
* A divergência entre a ementa da lei e o seu conteúdo não caracteriza situação de controle de constitucionalidade, pois não é suficiente para configurar afronta a ela.
*Cabe aditar, ainda:
AG. REG. NA ADI N. 4.071-DF
RELATOR: MIN. MENEZES DIREITO
EMENTA
Agravo regimental. Ação direta de inconstitucionalidade manifestamente improcedente. Indeferimento da petição inicial pelo Relator. Art. 4º da Lei nº 9.868/99. 
1. É manifestamente improcedente a ação direta de inconstitucionalidade que verse sobre norma (art. 56 da Lei nº 9.430/96) cuja constitucionalidade foi expressamente declarada pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, mesmo que em recurso extraordinário.
2. Aplicação do art. 4º da Lei nº 9.868/99, segundo o qual “a petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente serão liminarmente indeferidas pelo relator”.
3. A alteração da jurisprudência pressupõea ocorrência de significativas modificações de ordem jurídica, social ou econômica, ou, quando muito, a superveniência de argumentos nitidamente mais relevantes do que aqueles antes prevalecentes, o que não se verifica no caso.
4. O amicus curiae somente pode demandar a sua intervenção até a data em que o Relator liberar o processo para pauta. 
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
* noticiado no Informativo 543
1.3. O conceito de bloco de constitucionalidade
Diz respeito à identificação do próprio conceito de Constituição, que servirá de parâmetro em relação ao qual se realizará a confrontação das demais normas jurídicas do sistema, para se aferir a sua constitucionalidade. 
Nesse sentido, duas (2) posições podem ser encontradas. A ampliativa engloba não somente as normas formalmente constitucionais, expressamente positivadas em documento formal, mas também os princípios não escritos, bem como os valores suprapositivos, principalmente aqueles que norteiam e fundamentam a própria Constituição. Por sua vez, a restritiva considera apenas as normas e os princípios formalmente expressos na Constituição escrita e positivada.
A jurisprudência brasileira, incluindo o STF, tem adotado, por ora, apenas uma tímida tendência ampliativa, utilizando, nesse sentido, como paradigma de confronto normas e princípios, que, ainda que não expressamente contidos no texto constitucional, sejam dele diretamente decorrentes.
Por fim, com o advento da EC 45/2004, houve uma ampliação, no direito brasileiro, do bloco de constitucionalidade, na medida em que se passa a ter um novo parâmetro de controle (norma formal e materialmente constitucional), qual seja, os tratados internacionais de direitos humanos (art. 5º, § 3º, da CF), aprovados com quórum de emendas constitucionais. 
1.4. Teoria da transcendência dos motivos determinantes
O STF vem atribuindo efeito vinculante, produzido para fora do processo em que se foi decidido, não só ao dispositivo da sentença, mas também aos fundamentos determinantes que deram suporte à decisão.
Lei de teor idêntico e reclamação: Se o STF entender pela inconstitucionalidade da LSP, há efeito vinculante em relação à LRJ (idêntica)? Ex: limitação do teto para fins de pagamento de RPV. Se é reconhecido efeito vinculante, pode haver reclamação?
GM explica, na RCL 4987 MC/PE, que tal controvérsia reside não na concessão de efeito vinculante aos motivos determinantes das decisões em controle abstrato de constitucionalidade, mas na possibilidade de se analisar, em sede de reclamação, a constitucionalidade de lei de teor idêntico ou semelhante à lei que já foi objeto da fiscalização abstrata de constitucionalidade perante o STF.
Ainda que não se empreste eficácia transcendente (efeito vinculante dos fundamentos determinantes) à decisão, o Tribunal, em sede de reclamação contra aplicação de lei idêntica àquela declarada inconstitucional, poderá declarar, incidentalmente, a inconstitucionalidade da lei ainda não atingida pelo juízo de inconstitucionalidade.
Ressalte-se, mais uma vez, que não se está a falar, nesta hipótese, de aplicação da teoria da “transcendência dos motivos determinantes” da decisão tomada no controle abstrato. Trata-se, isso sim, de um poder ínsito à própria competência do Tribunal de fiscalizar incidentalmente a constitucionalidade das leis e dos atos normativos. E esse poder é realçado quando a Corte se depara com leis de teor idêntico àquelas já submetidas ao seu crivo no âmbito do controle abstrato de constitucionalidade.
Assim, a partir de um ato concreto que aplica uma Lei Y, cujo teor é idêntico ao de uma lei X, já declarada inconstitucional, pode ser analisado, em sede de reclamação, pelo STF, em controle incidental.
[Info 379] 
ADI – Transcendência dos Motivos Determinantes – Reclamação (Transcrições)
Rcl 2986 MC/SE*
RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
EMENTA: FISCALIZAÇÃO ABSTRATA DE CONSTITUCIONALIDADE. RECONHECIMENTO, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA VALIDADE CONSTITUCIONAL DA LEGISLAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ QUE DEFINIU, PARA OS FINS DO ART. 100, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO, O SIGNIFICADO DE OBRIGAÇÃO DE PEQUENO VALOR. DECISÃO JUDICIAL, DE QUE ORA SE RECLAMA, QUE ENTENDEU INCONSTITUCIONAL LEGISLAÇÃO, DE IDÊNTICO CONTEÚDO, EDITADA PELO ESTADO DE SERGIPE. ALEGADO DESRESPEITO AO JULGAMENTO, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, DA ADI 2.868 (PIAUÍ). EXAME DA QUESTÃO RELATIVA AO EFEITO TRANSCENDENTE DOS MOTIVOS DETERMINANTES QUE DÃO SUPORTE AO JULGAMENTO, “IN ABSTRACTO”, DE CONSTITUCIONALIDADE OU DE INCONSTITUCIONALIDADE. DOUTRINA. PRECEDENTES. ADMISSIBILIDADE DA RECLAMAÇÃO. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA.
1.5. Teoria da inconstitucionalidade por arrastamento ou atração ou inconstitucionalidade conseqüente de preceitos não impugnados ou inconstitucionalidade conseqüencial ou inconstitucionalidade conseqüente ou derivada
Julgada inconstitucional determinada norma principal, em processo de controle concentrado de constitucionalidade, poderá haver também declaração subseqüente de inconstitucionalidade de outras normas que com aquela guardam correlação, conexão ou interdependência.
E essa técnica de arrastamento poderá ser aplicada tanto em processos distintos (pela teoria dos motivos determinantes impede-se que sejam julgadas posteriores pretensões relativas a essas normas conseqüentes) quanto em um mesmo processo (no próprio dispositivo da decisão já se definem quais normas são atingidas e, portanto, são declaradas também inconstitucionais).
Lembre-se ainda que essa contaminação pode se dar também em relação a decreto o qual se fundava em lei declarada inconstitucional. Trata-se, sem dúvida, de verdadeira exceção à regra de que o juiz deve se ater aos limites da lide fixados pelas partes.
Fala-se, de outra forma, em:
Declaração de nulidade total em virtude de uma dependência unilateral: verifica-se quando o Tribunal constata que uma parte da lei é inconstitucional e que a parte hígida, por ser dependente, não pode subsistir.
Declaração de nulidade total em virtude de dependência recíproca: ocorre quando a disposição inconstitucional é parte de um complexo normativo que perderia seu sentido e sua justificação se determinada parte ou uma parte central fosse retirada ou subtraída. Esses casos não são significativos – refere-se a um complexo normativo que forma “unidade” insuscetível de ser dividida em partes autônomas. A preservação parcial de uma lei, nesse caso, viria quebrar o equilíbrio interno do sistema de tal forma que a declaração de nulidade parcial implicaria uma falsificação da “mens legislatoris”  ou constituiria uma intervenção indevida na vontade do legislador.
O fundamento para esse tipo de declaração de inconstitucionalidade é muito simples: se as normas legais guardam interconexão e mantêm, entre si, vínculo de dependência jurídica, formando-se uma incindível unidade estrutural, não poderá o Poder Judiciário proclamar a inconstitucionalidade de apenas algumas dessas normas, mantendo as outras no ordenamento jurídico, sob pena de causar uma verdadeira desagregação do próprio sistema normativo a que se acham incorporadas.
Podem ocorrer, ainda, situações em que diferentes dispositivos legais tenham, em essência, conteúdo análogo. Ora, se ambos têm conteúdo análogo, e se for impugnada a validade de apenas um deles, certamente a declaração da inconstitucionalidade deste conduzirá, por arrastamento, a invalidade dos demais.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal admite a declaração da inconstitucionalidade “por arrastamento” ou “por atração” de outras normas que o autor não tenha expressamente requerido na inicial, em razão da conexão ou interdependência com os dispositivos legais especificamente impugnados. Segundo o Tribunal, nesses casos não há necessidade de impugnação expressa pelo autor, dispositivo por dispositivo, uma vez que o eventual reconhecimento do vício relativamente a certos dispositivos conduzirá, por arrastamento, à impossibilidade do aproveitamento dos demais (ADI 2.653/MT, rel. Min. CarlosVelloso; ADI 397/SP, rel. Min. Eros Grau; ADI (MC) 2.648-CE, rel. Min. Maurício Corrêa; ADI (MC) 2.608-DF, rel. Min. Celso de Mello).
1.6. Lei ainda constitucional ou inconstitucionalidade progressiva ou declaração de constitucionalidade de norma em trânsito para a inconstitucionalidade
Considera-se que uma lei, em virtude das circunstâncias de fato, pode vir a ser inconstitucional, não o sendo, porém, enquanto essas circunstâncias de fato não se apresentarem com a intensidade necessária para que se tornem inconstitucionais.
Ex.: artigo 68 do CPP (ação civil ex delicto): lei ainda constitucional e que está, em trânsito, progressivamente, para a inconstitucionalidade, à medida que as Defensorias Públicas forem sendo efetiva e eficazmente instaladas. Na verdade, o caso do referido artigo 68 seria de recepção ou não pela Constituição de 1988 e, por conseguinte, de sua revogação ou vigência, e não de inconstitucionalidade.
Apelo ao legislador: No direito alemão, entende-se que a decisão é de improcedência (lei constitucional), porém há um obiter dictum (fundamento não vinculante) que faz um apelo ao legislador: a lei é ainda constitucional, tomem cuidado porque poderemos mudar de posição no futuro. Foi muito usado na Alemanha em casos de omissão parcial.
Note-se que o apelo ao legislador é uma técnica processual. Pode decorrer, por exemplo, da mutação constitucional quanto à interpretação de um parâmetro de controle.
ATENÇÃO: A lei ainda é constitucional, mas que por uma realidade fática indesejada está se tornando inconstitucional, então é feito um apelo ao legislador para que ele melhore a lei sob pena de ser declarada inconstitucional. Há uma correlação com a inconstitucionalidade progressiva, às avessas. 
Técnica de interpretação conforme a constituição: É também uma técnica de interpretação. A lei é interpretada a partir da constituição e não o contrário. A lei será interpretada à luz da constituição. Há que ser feita uma interpretação que se amolde à CF. É evidente que não pode ser escolhida uma interpretação absurda. O STF vai afirmar qual a interpretação que deve ser aplicada, sendo julgadas a ADI improcedente e a ADC procedente, conforme o caso, sendo a lei declarada como constitucional ficando afastada qualquer outra interpretação pelos demais órgãos. O STF opta por um caminho e afasta os demais (representação 1417/DF).
Não é simples regra de interpretação, é também uma decisão de controle de constitucionalidade. 
Técnica de declaração parcial de nulidade sem redução do texto: A declaração de inconstitucionalidade pode ser total ou parcial (de um texto, de uma palavra, de um inciso de uma linha). 
Normalmente, quando o STF declara a inconstitucionalidade, ele retira a expressão inconstitucional do texto, havendo uma redução do texto legal em vigor. Entretanto, em determinadas situações (forma do texto) não se consegue reduzir o texto, sob pena de fazer mais do que se queria, assim será feita a declaração sem a redução do texto.
Essa técnica é uma subespécie da interpretação conforme a constituição, mas aqui será declarada a inconstitucionalidade sem a redução de texto. ADI = procedente e a ADC = improcedente. Da decisão que reconhece a inconstitucionalidade não decorrerá a redução do texto, mas apenas a exclusão de uma interpretação possível.
Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade: reconhece-se a incompatibilidade do ato legislativo em face da CF, porém permite-se, em dadas circunstâncias, a continuidade da operância dos seus efeitos ou, ao menos, mantém hígidos aqueles até então produzidos, isto a fim de evitar agressão ainda maior às normas e princípios supralegais.
A declaração de inconstitucionalidade sem a pronúncia de nulidade permite a continuidade da aplicação da norma até que sobrevenha uma nova e válida deliberação legislativa.
Lacunas jurídicas ameaçadoras: alguns casos de declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade referem-se às chamadas LACUNAS JURÍDICAS AMEÇADORAS, que poderiam, em caso de uma pronúncia de nulidade, ter sérias consequências, ensejando mesmo eventual caos jurídico. (GM)
A lacuna resultante da declaração de nulidade poderia fazer surgir uma situação ainda mais afastada da vontade constitucional.
1.7. O inconcebível fenômeno da fossilização da Constituição
As decisões de inconstitucionalidade não atingem o Legislativo, que, assim, poderá inclusive legislar em sentido diverso da posição adotada pelo STF, ou até mesmo contrário, sob pena de, em sendo vedada essa atividade, inegável petrificação da evolução social, pois se impediria as constantes atualizações da Constituição, bem como dos textos normativos, sem falar na perda da relação de equilíbrio entre os Poderes. (Haveria a fossilização).
1.8. Município putativo
O Ministro Eros Grau entendeu que, ainda que a Lei nº 7.619/2000, do Estado da Bahia, que criou o Município de Luís Eduardo Magalhães, tenha violado frontalmente o artigo 18, § 4º, da CF, não seria razoável declará-la inconstitucional. Isso porque o citado Município foi efetivamente criado, por uma decisão política de caráter institucional, assumindo, por conseguinte, existência de fato, como ente federativo dotado de autonomia municipal, há mais de 6 anos, e daí resultando diversos efeitos jurídicos, os quais não podem ser ignorados.
Consagraram-se, assim, os seguintes princípios: o da reserva do impossível, o da continuidade do Estado, o federativo, o da segurança jurídica, o da confiança (Karl Larenz), o da força normativa dos fatos (Georg Jellinek), bem como o da situação excepcional consolidada (ante a inércia do Poder Legislativo em não editar a LC).
Posteriormente, houve voto-vista de GM: a solução do problema não poderia advir da simples decisão da improcedência do pedido formulado, haja vista o princípio da nulidade das leis inconstitucionais, mas que seria possível primar pela otimização de ambos os princípios por meio de técnica de ponderação. GM fez Eros Grau ajustar seu voto, estabelecendo a inconstitucionalidade da lei, mas com efeito pro futuro, determinando prazo de 24 meses para a elaboração de lei estadual que fixasse os parâmetros de formação do município, a partir da lei complementar federal prevista no art. 18, §4, para a qual declararam a inconstitucionalidade por omissão, determinando ao Legislador que a elaborasse em 18 meses. Utilização do art. 27 para evitar o caos jurídico.
1.9. Princípio da proibição do atalhamento constitucional e do desvio de poder constituinte
O artigo 2º da EC 52/2006, ao determinar que o fim da obrigatoriedade da verticalização das coligações partidárias fosse aplicável desde as eleições do ano de 2002, já finda, para que, então, pudesse já ser aplicada às próximas eleições de 2006, pretendia burlar a regra constitucional trazida pelo artigo 16 da CF, que consagra o princípio da anualidade, segundo o qual a lei que altera o processo eleitoral entra em vigor na data de sua publicação, porém não se aplica à eleição que ocorra em até um ano da data de sua vigência.
Assim, o Ministro Ricardo Lewandowski entendeu que o constituinte reformador incorreu em desvio de poder ou de finalidade, ou seja, expediente mediante o qual se busca atingir um fim ilícito utilizando-se de um meio aparentemente legal. E, mais, afirmou o Ministro, nas palavras de Fábio Konder Comparato, que se buscou, no caso, o atalhamento da Constituição, utilizando o próprio constituinte reformador de artifícios para abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos dos princípios constitucionais.
1.10. Início da eficácia da decisão que declara a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo
Em regra, a decisão tem eficácia já a partir da publicação da ata de julgamento no DJU.
1.11. Competência
- Lei ou ato normativo federal ou estadual em face da CF: Competência do STF
- Lei ou ato normativo estadual ou municipal em face da CE: Competência do TJ local
* Observe-se que, na hipótese detramitação simultânea de ações, uma buscando declarar a inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em face da CF) e outra perante o TJ local (confronto em face da CE), tratando-se de norma repetida da CF na CE, dever-se-á suspender o curso da ação proposta no TJ local até o julgamento final da ação intentada perante o STF.
- Lei ou ato normativo municipal em face da CF: Não há controle concentrado, só difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento de ADPF.
* Lembre-se, contudo, de que, em caso de haver repetição de norma da CF pela CE, apesar de incabível o controle de constitucionalidade perante o STF, será perfeitamente possível perante o TJ local, confrontando-se a lei municipal em face da CE que repetiu norma da CF.
- Lei ou ato normativo distrital de natureza estadual em face da CF: Competência do STF
Lei ou ato normativo distrital de natureza municipal em face da CF: Não há controle concentrado, só difuso. Há, porém, a possibilidade do ajuizamento da ADPF.
- Lei ou ato normativo distrital em face da Lei Orgânica Distrital: Competência do TJ local 
- Lei ou ato normativo municipal em face da Lei Orgânica do Município: Não há controle de constitucionalidade, tratando-se, pois, de simples caso de legalidade.
1.12. Legitimidade
	Consoante o artigo 103 da Constituição Federal, são legitimados para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade perante o STF, para se questionar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual em face da própria CF, os seguintes:
	
Presidente da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Mesa do Senado Federal (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Mesa da Câmara dos Deputados (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
	Observe-se que a Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para a propositura de ADI.
Mesa das Assembleias Legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal (Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional, e Capacidade Postulatória)
Governadores de Estado ou do Distrito Federal (Legitimação Especial)
STF - Informativo 703, Plenário
ADI ajuizada por governador e legitimidade
A O Plenário, por maioria, negou provimento a agravo regimental interposto de decisão proferida pelo Min. Dias Toffoli, relator, em sede de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Governador do Estado de Alagoas. Nesta decisão, o Relator não conhecera de anterior agravo interno, haja vista que a peça não teria sido subscrita pelo procurador-geral, mas por um dos procuradores do estado-membro. Anotou-se que, nessa hipótese, faleceria legitimidade recursal ao ente federado. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que reconheciam a legitimidade. O Min. Marco Aurélio registrava que a referida peça teria como escopo defender interesse do autor. Considerava que a qualidade do procurador, se geral ou não, estaria restrita ao âmbito administrativo da procuradoria-geral do estado. O Min. Luiz Fux acrescia ser evidente que a pessoa interessada no agravo e conhecedora de seu conteúdo seria o governador, de modo que não seria necessário exigir a formalidade da subscrição do recurso pelo procurador-geral do estado.
ADI 1663 AgR/AL, rel. Min. Dias Toffoli, 24.4.2013. (ADI-1663)
Procurador-Geral da República (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (Legitimação Ativa Universal e Capacidade Postulatória)
Partido Político com representação no Congresso Nacional (Legitimação Ativa Universal)
	Segundo o STF, a representação do partido político é preenchida com a existência de apenas um parlamentar, em qualquer das Casas Legislativas.
Ademais, a representação do partido político na ação dar-se-á pelo Diretório Nacional ou pela Executiva do Partido, de acordo com a sua constituição, não se admitindo a legitimidade ativa ao Diretório Regional ou Executiva Regional, na medida em que não podem agir nacionalmente.
Por sua vez, o novo entendimento do STF é no sentido de que a perda de representação política do partido no Congresso Nacional posterior ao ajuizamento da ação, esse sim momento em que o partido político deva estar devidamente representado, não mais extingue a sua legitimidade ativa, não sendo, destarte, óbice ao prosseguimento da ação.
Por fim, lembre-se ainda de que o STF tem entendido ser imprescindível a presença de advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o STF.
Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional (Legitimação Especial, na qual se deve demonstrar pertinência temática, ou seja, o seu interesse na propositura da ação relacionado a sua finalidade institucional)
	Saliente-se que as entidades de classe devem ser compreendidas apenas como categoria profissional, organizadas em, pelo menos, 09 Estados da Federação. Exceção: se a atividade econômica atingir menos Estados – exemplo relacionado ao sal.
Por sua vez, as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo, 03 Federações Sindicais.
Outrossim, lembre-se de que o STF, alterando entendimento anterior, passou a admitir o ajuizamento de ADI por Associação de Associação (Ex.: ADEPOL).
Por fim, lembre-se ainda de que aqui também o STF tem entendido ser imprescindível a presença de advogado para que esses legitimados possam propor ação de controle concentrado de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante o STF.
1.13. Procedimento
Encontra-se previsão nos §§ 1° e 3° do artigo 103 da CF, nos artigos 169 a 178 do RISTF, bem como na Lei n° 9.868/99.
- Quando imprescindível a presença de advogado, a procuração deverá ser outorgada com poderes especiais, indicando, ainda, objetivamente, a lei ou ato normativo que estejam sendo levados à apreciação do Judiciário. 
- Se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado, ou não for fundamentada ou for manifestamente improcedente, poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão recurso de agravo. 
- Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos órgãos ou às entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo impugnado, as quais deverão prestá-las no prazo de 30 dias, a contar do recebimento do pedido. 
- Após as informações, são ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que devem se manifestar, cada qual, no prazo de 15 dias.
- Sempre se entendeu, ademais, que o AGU deveria, necessariamente, defender o ato impugnado, enquanto o PGR poderia dar parecer tanto favorável quanto desfavorável. Contudo, o STF vem afirmando que o AGU não está obrigado a defender tese jurídica sobre a qual o STF já se pronunciou pela sua inconstitucionalidade.
Mais (GM): Papel do AGU – a CF diz que será citado para defender o ato impugnado. Descobriu-se, posteriormente, que muitas vezes há conflito (Presidente ajuíza a ADI e o AGU vai defender?). Para GM, o AGU não deve ser entendido como parte, e sim como uma instituição que é chamada para se manifestar, podendo dizer o que entende. Hoje isso se consolidou – há direito de manifestação, sem obrigatoriedade de defesa do ato impugnado, notadamente quando há um interesse da União na inconstitucionalidade da lei. É basicamente um parecer concorrente ao do PGR. O leading case: exigir da AGU defesa em favor do ato impugnado em casos como o presente, em que o interesse da União coincide com o interesse do autor, implicaria retirar-lhe sua função primordial que é a defender os interesses da União (CF, art. 131). Além disso, a despeito de reconhecer que nos outros casos a AGU devesse exercer esse papel de contraditora no processo objetivo, constatou-se

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