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TRF5. PONTO 09. CIVIL, PROCESSO CIVIL, PREVID ENCIÁRIO, TRIBUTÁRIO e AMBIENTAL.

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DIREITO CIVIL – PONTO 09 - Propriedade. Definição. Elementos. Classificação. Extensão da propriedade. Restrições à propriedade. Aquisição ou constituição da propriedade. Propriedade imóvel. Propriedade móvel. Propriedade resolúvel e fiduciária. Perda da propriedade móvel e imóvel. Função social da propriedade. Política agrícola e reforma agrária. 
Atualização 2013 em verde.
Propriedade 
	Em relação ao tema da propriedade, é importante colocar em destaque, desde o início, o verbete n. 496 da súmula do STJ, que dispõe: “Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União”. Ou seja, o fato de o terreno de marinha estar registrado no Registro de Imóveis como sendo de um particular não o torna um bem particular. Vale ressaltar que a própria CR/88 conferiu a titularidade à União (Art. 20, VII).
GONÇALVES: trata-se do mais completo dos direitos subjetivos, a matriz dos direitos reais e o núcleo do direito das coisas.
Não há conceito único, simples, que possa abarcar a complexidade, os múltiplos usos e as variações históricas da propriedade.
Propriedade é direito complexo, que consiste em um feixe de atributos consubstanciados nas faculdades de USAR, GOZAR, DISPOR e REIVINDICAR a coisa de que lhe serve de objeto (art. 1.228, CC). 
O objeto da propriedade no novo Código Civil é bem certo, determinado e tangível, já que a matéria relativa a bens incorpóreos é regulamentada em diplomas esparsos, como a Lei 9.279/96 (Marcas e Patentes), Lei 9.609/98 (Programas de Computador) e Lei 9.610/98 (Direitos Autorais). Já a CRFB conceitua o termo propriedade de forma ampla, servindo a qualquer espécie de bem aferível patrimonialmente.
	A partir do art. 228 do Código Civil, pode-se apresentar o seguinte esquema para os elementos que compõem o Direito de propriedade:
Elementos internos ou econômicos: (1) Usar, (2) Gozar e (3) Dispor.
Elemento externo ou jurídico: Reivindicar.
Elemento Funcional: Função social. 
	Formam o “quadrado clássico” de faculdades inerentes à propriedade: usar, gozar, dispor e reivindicar. 
A estrutura do Direito de Propriedade
O reconhecimento da propriedade como direito humano se prende à sua função de proteção pessoal de seu titular. Há uma função individual da propriedade que consiste na garantia da autonomia privada do ser humano e no desenvolvimento de sua personalidade.
O direito subjetivo de propriedade concerne à RELAÇÃO JURÍDICA COMPLEXA que se forma entre aquele que detém a titularidade formal do bem e a coletividade de pessoas. O objeto da relação jurídica descrita é o DEVER GERAL DE ABSTENÇÃO.
Já o DOMÍNIO repousa na RELAÇÃO MATERIAL de SUBMISSÃO DIRETA e IMEDIATA da COISA ao PODER do seu titular, mediante o senhorio, pelo exercício das faculdades de uso, gozo, e disposição.
O DOMÍNIO, como vínculo real entre o titular e a coisa, é ABSOLUTO. A PROPRIEDADE É RELATIVA, uma vez que intersubjetiva e orientada à funcionalização do bem pela imposição de deveres positivos e negativos de seu titular perante a coletividade.
A função social da propriedade: estrutura e função são dois elementos que compõem o direito subjetivo. A ESTRUTURA do modelo jurídico é captada quando perguntamos “COMO É?”; já a FUNÇÃO se segue à pergunta “PARA QUE SERVE?”.
A função social é um princípio inerente a todo direito subjetivo. A ausência de finalidade provoca a perda da base de legitimidade substantiva do ordenamento.
Ao cogitarmos da função social, introduzimos no conceito de direito subjetivo a noção de que o ordenamento jurídico apenas concederá legitimidade à persecução de um interesse individual se este for COMPATÍVEL com os ANSEIOS SOCIAIS que com ele se relacionam.
Nos primórdios da era liberal, a postura absolutista da propriedade se justificava como uma conquista igualitária, pelo próprio histórico de restrição da monarquia ao acesso da maior parte da população à propriedade. A partir do final do século XIX, surgiu na França as primeiras restrições ao absolutismo do direito de propriedade, por intermédio da teoria do abuso de direito.
A refundação do direito de propriedade prende-se a três princípios: o bem comum, a participação e a solidariedade.
A função social consiste em uma série de encargos, ônus e estímulos que formam um complexo de recursos que remetem o proprietário a direcionar o bem às finalidades comuns.
A extensão vertical da propriedade
(Art.1.229, CC) abrange o ESPAÇO AÉREO e o SUBSOLO correspondente, em altura e profundidade ÚTEIS (critério da utilidade) ao seu exercício, sendo que o seu titular não poderá opor-se injustificadamente à atuação de terceiros sobre o imóvel (passagem de postes de eletricidade e cabeamento). O art. 1.230, em consonância com o art. 20, IX e X, da CF, determina que a propriedade do solo não abrangerá os recursos minerais do subsolo, potenciais energéticos, sítios arqueológicos e demais bens referidos em leis especiais. Portanto, tratando-se de bens dominicais de propriedade da União e distinta da do solo, as jazidas e demais recursos minerais apenas poderão ser explorados pelo proprietário na qualidade de concessionário, com acesso ao produto da lavra. Excepcionalmente, será viável a exploração direta de recursos minerais pelo proprietário, quando imediatamente utilizados na construção civil sem qualquer transformação industrial.
CC: “Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.”
“O direito de propriedade do solo abrange o subsolo, porém o seu alcance é limitado a uma profundidade útil ao seu aproveitamento, o que impede o proprietário de se opor a atividades realizadas por terceiros em espaço sobre o qual ele não tenha interesse legítimo.” (Notícias do STJ de 07/02/2012).
STJ. REsp 1233852/RS. 
1. O art. 1.229 do CC/02 estabelece que a propriedade do solo abrange a do subsolo correspondente. A segunda parte do dispositivo legal, porém, limita o alcance desse subsolo a uma profundidade útil ao seu aproveitamento, impedindo o proprietário de se opor a atividades que sejam realizadas por terceiros a uma fundura tal que não tenha ele interesse legítimo em impedi-la. 
2. O legislador adotou o critério da utilidade como parâmetro definidor da propriedade do subsolo, limitando-a ao proveito normal e atual que pode proporcionar, conforme as possibilidades técnicas então existentes. 
3. O direito de construir previsto no art. 1.299 do CC/02 abrange inclusive o subsolo, respeitado o critério de utilidade delineado no art. 1.229 do mesmo Diploma Legal. 
4. Recurso especial não provido. (Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 01/02/2012).
Ação reivindicatória
A ação reivindicatória tem caráter essencialmente dominial e por isso só pode ser utilizada pelo proprietário, por quem tenha jus in re. Nessa ação, o autor deve provar seu domínio, oferecendo prova sólida da propriedade, com o respectivo registro, e descrevendo o imóvel com suas confrontações, bem como demonstrar que a coisa reivindicada se encontra na posse do réu.
Três, portanto, os pressupostos de admissibilidade de tal ação: 
a titularidade do domínio pelo autor;
a individuação da coisa, e
posse injusta do réu.
GONÇALVES: 
“É ação do proprietário que tem título, mas não tem posse, contra quem tem posse, mas não tem título”.
A ação reivindicatória é ação real que compete ao SENHOR da coisa. Essa, pois, a sua natureza jurídica. Carece da ação o titular do domínio se a posse do terceiro for justa, como, por exemplo, a fundada em contrato não rescindido.
A reivindicatória é imprescritível, embora se trate de ação real. Versa sobre o domínio, que é perpétuo e somente se extingue nos casos expressos em lei, não se extinguindo pelo não uso.
Legitimidadeda reivindicatória:
Compete a reivindicatória ao SENHOR da coisa, ao TITULAR do domínio. Em se tratando de ação real imobiliária, é indispensável a outorga uxória para o seu ajuizamento bem como a citação de ambos os cônjuges, se o réu for casado (art. 10, CPC).
Como o direito hereditário é modo de aquisição da propriedade imóvel (art. 1784, CC), e o domínio e a posse da herança transmitem-se aos herdeiros desde a abertura da sucessão, podem estes reivindicar os bens que a integram mesmo sem a existência de formal de partilha, esteja este registrado ou não. Indispensável, no entanto, que o IMÓVEL ESTEJA REGISTRADO em nome do de cujus.
Cada condômino pode, individualmente, reivindicar de terceiro a totalidade do imóvel, nos termos do art. 1314, CC.
Ainda quanto à legitimidade ativa, o compromissário comprador, que pagou todas as prestações, possui todos os direitos elementares do proprietário e dispõe, assim, de título para embasar ação reivindicatória.
Quanto à legitimidade passiva, a ação deve ser endereçada contra quem está na posse ou detém a coisa, sem título ou suporte jurídico. Obs.: a boa-fé não impede a caracterização da injustiça da posse, para fins de ação reivindicatória.
Outros meios de defesa da propriedade: AÇÃO NEGATÓRIA e DE DANO INFECTO
A negatória é cabível quando o domínio do autor, por um ato injusto, esteja sofrendo alguma restrição por alguém que se julgue com um direito de servidão sobre o imóvel. Já a ação de dano infecto tem caráter preventivo e cominatório, como o interdito proibitório, e pode ser oposta quando haja fundado receio de perigo iminente, em razão de ruína do prédio vizinho ou vício na sua construção (art. 1280, CC). Precavendo-se, o autor obtém que a sentença comine ao réu a prestação de caução que o assegure contra o dano futuro. Pode ser proposta também nos casos de mau uso da propriedade vizinha, que prejudique o sossego, a segurança e a saúde do proprietário ou inquilino de um prédio.
Faculdades do direito de propriedade
O proprietário tem as faculdades de usar, gozar e dispor de seus bens e reavê-los de quem quer que injustamente os possua.
a) Direito de Usar: ius utendi. É a faculdade de o proprietário servir-se da coisa de acordo com a sua destinação econômica. As faculdades não prescrevem pelo não uso. Apenas a posse prolongada de terceiro pelos prazos legais provocará a mutação subjetiva do domínio; caso ninguém exercite poder de fato sobre a coisa, intocado restará o direito subjetivo, malgrado a desídia quanto a uma de suas faculdades. A falta de utilização da coisa apenas priva alguém do domínio quando se mostrar anti-social (desapropriação por interesse social).
b) Direito de Gozar: ius fruendi. Consiste na exploração econômica da coisa, mediante a extração de frutos (há renovação constante à medida que são retirados) e produtos (vão se exaurindo quando extraídos da natureza, sem possibilidade de renovação). Também inserido no ius fruendi está o direito dos proprietários às pertenças (não constituem parte integrante da coisa, mas se destinam de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento de outro bem). As pertenças distinguem-se das benfeitorias, pois, apesar de incluídos na classe de bens acessórios, mantêm a sua autonomia, sem qualquer incorporação material ao bem principal.
c) Direito de Dispor: ius abutendi. Faculdade que tem o proprietário de alterar a própria substância da coisa. A disposição pode ser material ou jurídica.
d) Direito de Reivindicar: ius persequendi. É o elemento externo da propriedade por representar a faculdade de excluir terceiros de indevida ingerência sobre a coisa, permitindo que o proprietário mantenha a sua dominação sobre o bem. 
Atributos da propriedade
Exclusividade: a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade e simultaneidade a duas ou mais pessoas, em idêntico lapso temporal, portanto, o proprietário pode excluir terceiros da atuação sobre a coisa mediante a reivindicatória. A exclusividade é um atributo que se refere ao DOMÍNIO, pois não pode haver mais de um domínio sobre o mesmo bem, na medida que o domínio é uno e indivisível. No condomínio tradicional, não há elisão ao princípio da exclusividade, eis que, pelo estado de indivisão do bem, cada um dos proprietários detém fração ideal do todo. Mesmo quando atue isoladamente, o condômino exercitará o domínio na integralidade e não apenas na proporção de sua fração.
Perpetuidade: a propriedade tem duração ilimitada, subsistindo independentemente do exercício de seu titular, sendo transmitida por direito hereditário aos sucessores. Entretanto, as recentes alterações constitucionais que qualificam a propriedade como função social acabam por derrogar a clássica observação de que o direito de propriedade exerce-se até mesmo quando do não uso, em face da perpetuidade. Ex: o poder público pode exigir o adequado aproveitamento do imóvel rural ou urbano, sob pena de sub-rogação compulsória do direito de propriedade em títulos da dívida pública, mediante desapropriação. Também o art. 1.276, § 2º, CC que possibilita o imóvel urbano ou rural de serem arrecadados quando, cessados os atos de posse, o proprietário deixar de satisfazer os ônus fiscais.
Elasticidade e consolidação: o direito de propriedade abrange um complexo de faculdades que não sofrerá cisão se uma delas for temporariamente desmembrada do conjunto, prevalecendo a unidade do direito subjetivo, com a preservação do significado jurídico da propriedade. Em regra, ela é plena, distendida, amplamente elástica: alodial, com a concentração de todos os atributos com o proprietário. Eventualmente, pode sofrer contrações, daí nasce a propriedade limitada. O princípio da consolidação ou da força de atração indica que todas as contrações da propriedade serão sempre transitórias e anormais. Após certo tempo, as compressões à propriedade cessam e, reunificados os direitos desmembrados, reassume o titular o domínio em sua plenitude.
Teorias que fundamentam o Direito de Propriedade
a) teoria da ocupação: mais antiga. A propriedade se dá na ocupação das coisas, quando não pertenciam a ninguém (res nullius).
b) teoria da especificação: apoia-se no trabalho. Transformação da natureza e da matéria bruta. Esta teoria apenas responde quem é o proprietário.
c) teoria da lei: Montesquieu (“De l´esprit des lois”): prega que a propriedade é instituição de direito positivo; existe porque a lei a criou e a garante.
d) TEORIA DA NATUREZA HUMANA: (maior número de adeptos): a propriedade é inerente à natureza humana, sendo dádiva de Deus aos homens.
Evolução social do direito de propriedade: a função social da propriedade
- direito romano: caráter individualista
- idade média: dualidade de sujeitos: o dono e o que explora economicamente. As relações de vassalagem exigiam que o poder político e absoluto do senhor feudal não sofresse qualquer espécie de restrição.
- após Revolução Francesa: individualista (ideologia liberal e individualista)
- século XX: caráter social
- século XXI: função social.
O art. 184 da CRFB dispõe que a grande propriedade rural improdutiva será desapropriada para fins da reforma agrária, sendo o proprietário indenizado com título da dívida agrária resgatáveis até 20 anos. (É também uma desapropriação-sanção).
Se a grande propriedade for produtiva ela não será desapropriada (art. 185, II da CRFB8). Todavia, se a propriedade for produtiva sob o ponto de vista econômico, mas violar as disposições que regulam a relação de trabalho, utilizar de forma inadequada os recursos naturais, destruir o meio ambiente e não fornecer bem-estar dos trabalhadores será a aludida propriedade desapropriada, pois não está cumprindo sua função social. Deve-se analisar, portanto, a função social da propriedade de acordo com os parâmetros trabalhistas, ecológicos e de produtividade e não somente deste último (art.186 da CRFB). Nesse ponto, há uma divergência entre administrativistas (que entendem ser absoluta a norma do Art. 185 da CRFB),e os civilistas que mandam aplicar ao art. 185 o comando do art. 186.``
Desde a CF/46, fala-se na função social da propriedade (ordem econômica), mas somente na CRFB o direito de propriedade foi tratado no artigo 5o, que garante os direitos fundamentais da pessoa humana. Isso deve levar a um repensar sobre a forma de gerir a propriedade:
Artigo 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
A função social da propriedade faz com que a propriedade envolva a situação jurídica de mão dupla, ou seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não proprietário, que da mesma forma os tem em relação ao proprietário. Não há definição apriorística da função social da propriedade, ou seja, trata-se de um conceito indeterminado. A CF/88 sinalizou o que seja a função social nos artigos 182 e 186, quando respectivamente afirma que atendem à função social:
IMÓVEL URBANO – quando atende às exigências do Plano Diretor Urbano; mas se, por exemplo, mesmo cumprindo as exigências do PDU, um imóvel for ocupado para uma atividade que utiliza mão-de-obra escrava, não estará sendo atendida a função social. O Estatuto da Cidade (artigo 5o.) afirma que o proprietário que não cumprir a função social ao imóvel urbano pode ser obrigado a ocupar, parcelar ou construir em seu imóvel, dentro do prazo (01 ano para apresentação do projeto e 02 anos para início), sob pena de PROGRESSIVIDADE DO IPTU (artigo 7o.), em até 15%, ao longo de 05 anos. Essa progressão não tem natureza fiscal, tem natureza EXTRAFISCAL, funciona como sanção de proteção ambiental. Se ainda assim o proprietário não der função social ao imóvel, sofrerá DESAPROPRIAÇÃO, cuja indenização será feita nos seguintes termos:
-em títulos da dívida pública, 
-por valor venal (e não de mercado), 
-retira-se o valor de possível valorização que o imóvel tenha sofrido em decorrência de obra pública, 
-não cabe restituição por lucro cessante e
-não cabe o pagamento de juros compensatórios.
O proprietário que é punido NÃO pode ser indenizado da mesma forma que o proprietário que não está sendo punido.
IMÓVEL RURAL – quando: aproveitamento racional e adequado da propriedade (Lei 8.629/93 estabelece os percentuais de aproveitamento das áreas rurais); utilização adequada que preserva os recursos naturais e o meio ambiente; observa as disposições que regulamentam as relações de trabalho (proteção contra o trabalho escravo ou o proprietário rural que costumeiramente descumpre as exigências trabalhistas); favorece o bem estar do proprietário e dos trabalhadores. Caso não cumprida a função social, pode haver a desapropriação da propriedade rural: pagamento com títulos da dívida agrária. É proibida a desapropriação da pequena propriedade rural e da propriedade produtiva. Há imóvel que pode ser economicamente produtivo, mas, socialmente improdutivo, EXEMPLO: fazenda toda plantada, informatizada, com as relações trabalhistas em ordem e dá enorme lucro, mas a sua cultura é de maconha; nesse caso não será nem a desapropriação, é caso de perdimento do bem, como previsto na própria CF/88.
Quando se diz que qualquer direito deve cumprir uma função social, quer-se dizer que deve atender às exigências constitucionais básicas. Nessa perspectiva, o CC/02 incorpora a preocupação com a observância do princípio da função social em muitos momentos, a começar da própria conceituação do direito de propriedade em geral, cujo exercício deverá pautar-se de acordo com finalidades econômicas, sociais e voltadas à preservação do equilíbrio ecológico, do patrimônio histórico e artístico (§1º do art. 1.228).
 Além disso, a influência do princípio da função social da propriedade na Lei 10.406/2002 é sentida em várias outras inovações normativas, entre as quais se destacam: (a) a supressão da garantia de proteção do direito do proprietário se desenvolvidas atividades por terceiros a "uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las" (art. 1.229); (b) a proibição ao abuso do direito de propriedade (§ 2º do art. 1.228); (c) diminuição do prazo de usucapião considerando a fixação, no imóvel, de moradia habitual ou a realização de obras ou serviços de caráter produtivo (par. único do art. 1.238); (d) a alienação forçada prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228; (e) a aquisição de propriedade por meio de construção invasora (arts. 1.258 e 1.259); (f) a facilitação da caracterização do abandono de imóvel foi facilitada; (g) a tolerância ao uso nocivo da propriedade quando existente interesse público que justifique a perturbação (art. 1.278, caput); (g) o direito de passagem de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de utilidade pública, em proveito dos prédios vizinhos (art. 1.286); (h) a vedação de poluir as águas indispensáveis às primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores (no art. 1.291); (i) a proibição de construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário, a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes (art. 1.309), bem como de escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais (art. 1.310).
Dada a sua importância na configuração do novo perfil do direito de propriedade no direito brasileiro, passemos a uma análise mais detida dos parágrafos artigo 1.228 do CC/02, os quais introduziram novos limites ao instituto ora em análise:
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Limitações de Ordem Privada. Muito embora, aparentemente, seja a alteração de menor importância, ou melhor, de menor impacto, essa limitação tem por origem a faculdade do proprietário de usar e gozar da coisa. Estipula a norma a proibição de atos que não tragam comodidade ou utilidade e que "sejam animados pela intenção de prejudicar outrem". Ora, a conjunção aditiva "e" indica que a proibição vincula-se preponderantemente sobre atos que se realizem animados pela intenção de prejudicar outras pessoas, os quais ensejam a aplicação da TEORIA DO ABUSO DO DIREITO ou TEORIA DOS ATOS EMULATIVOS.
 Fala-se aqui de uma "finalidade humana" ou "função humana" da propriedade, pois os bens jurídicos a serem preservados são aqueles decorrentes do patrimônio individual (material, moral ou da personalidade). De fato, nos últimos anos, mormente após a Constituição de 1988, tornou-se lugar comum dizer que o direito de propriedade deve ser exercido em razão de "função social". Todavia, é possível encontrarmos um exercício regular dos direitos de propriedade, obediente à função social, porém, animado pela intenção de prejudicar outrem. Por exemplo, no caso de possuidor que opta por destruir uma benfeitoria útil, ao invés de pleitear a indenização correspondente. O exercício do direito de propriedade sobre a coisa (divisórias de madeira ou gesso, por exemplo), destruindo-a, não traria comodidade ou utilidade, e vindo a fazê-lo com a intenção de que o proprietário não venha a se servir da coisa, estará animado pela intenção de causar-lhe prejuízos. É claro que o ônus da demonstração do animus lesandi restará a cargo da outra parte (proprietário do imóvel), mas torna-se perfeitamente viável,dada a ausência, já mencionada, de comodidade e/ou utilidade.
É de se indagar, entretanto, quais seriam as consequências do descumprimento da proibição de realização desses atos? Como estamos diante do abuso do direito convertido em tipo de descumprimento da função social da propriedade, a interpretação do §2º do art. 1.228 deve ser conciliada com disciplina geral do novo Código acerca do abuso de direito (art. 187). É dizer, no estudo da incidência do §2º do art. 1.228, está o hermeneuta autorizado a considerar ilícitos os atos que manifestamente excedam os limites impostos pela finalidade econômica ou social da propriedade, pela boa-fé (objetiva) ou pelos bons costumes, fazendo com que atuem, in casu, os princípios pertinentes à responsabilidade civil.
  No tocante ao aspecto volitivo, entende-se não ser imprescindível, pois, para o reconhecimento da teoria do abuso de direito, que o agente tenha a intenção de prejudicar terceiro, bastando, segundo a dicção legal, que exceda manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes.
  A função humana da propriedade surge assim como fator diferenciado da função social. Essa, mais ampla, atinge um maior número de pessoas. Aquela, mais restrita, surge de relações individualizadas (contratos, relações de vizinhança etc).
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente. (Limitações de Ordem administrativa)
§ 4o. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de BOA-FÉ, por mais de 05 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5o. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Limitações de Ordem Social. No § 4o do art. 1.228 está prevista uma possibilidade de perda da propriedade imóvel, que vem complementada no § 5o, estabelecendo o pagamento de indenização e permitindo que o título seja apto ao registro no CGI em nome dos possuidores. Essa medida é uma revelação muito nítida do PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE; é a ideia de FUNCIONALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE. Entretanto, há quem entenda que as regras contidas nos §§ 4º e 5º abalam o direito de propriedade, incentivando a invasão de glebas urbanas e rurais, sendo questionada, inclusive, a constitucionalidade dos mesmos. Sendo uma providência nova, suscita algumas questões relevantes:
DENOMINAÇÃO: os autores estão dando nomes distintos para o instituto: DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL, POSSE TRABALHO, DESAPROPRIAÇÃO PRÓ-LABORE, DESAPOSSAMENTO SOCIAL. 
REQUISITOS:
Aplica-se a imóvel URBANO ou RURAL;
O imóvel deve ter área extensa, mas o CC/02 não tarifou, não disse o tamanho da área; o legislador considerou que a lei é nacional, e por isso, em cada região esse conceito é diferente, ou seja, o juiz do caso concreto é que irá aferir se se trata ou não de uma extensa área de terras para o fim do instituto;
Número considerável de pessoas. Mais uma vez o legislador não quantificou, mas o seu objetivo foi solucionar grandes ocupações; o juiz irá verificar o caso concreto;
A ocupação deve ser acima de 05 anos, de maneira ininterrupta e de BOA-FÉ;
O número considerável de pessoas deve ter introduzido obra ou serviço de interesse social. A idéia é a de que os possuidores tenham dado uma utilização consonante com o interesse social, o que não foi feito pelo proprietário. É evidente que a utilização dos possuidores não pode ser especulativa.
A existência de pedido de restituição do imóvel, o que se faz mediante AÇÃO REIVINDICATÓRIA. Enunciado 83 do CJF – Art. 1228: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1228 do NCC.
INDENIZAÇÃO é requisito para a sentença, que servirá de título. Se o juiz julgar a ação reivindicatória improcedente, para permitir que a sentença seja levada a RGI, para aquisição da propriedade pelos possuidores, deve ser paga a indenização. Quem paga? Os possuidores! Na tramitação do projeto, houve uma proposta para que a indenização fosse arcada pelo poder público, a qual não vingou. 
Essa medida difere da USUCAPIÃO exatamente porque os possuidores devem pagar uma indenização; se os possuidores não quiserem pagar a indenização, não poderão utilizar-se da medida. Em que instante será determinada a indenização? É um problema processual; normalmente, leva-se a pensar que seria na LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA (até mesmo de improcedência caso o pedido tenha sido formulado por contestação), até POR ARBITRAMENTO. Se os possuidores não pagam, a sentença não pode ser registrada. E como fica a situação do proprietário? Ele não é mais o proprietário, mas, os possuidores também ainda não o são. O proprietário pode executar a sentença que consta um crédito em seu favor? O que irá penhorar, se os possuidores não têm outros bens? Não pode penhorar a área, já que os possuidores ainda não são proprietários dela. Solução viável seria o arbitramento de uma indenização ainda na fase de conhecimento, ou seja, durante a tramitação do processo, antes de apreciar o mérito, o juiz determina o depósito prévio da indenização. Enunciado 240 do CJF – Art. 1.228: A justa indenização a que alude o § 5º do art. 1228 não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo INDEVIDOS os JUROS COMPENSATÓRIOS.
REQUERIMENTO: deverá ser requerida pelos possuidores? Sim, o juiz não pode reconhecer de ofício, até porque tem indenização. Enunciado 84 do CJF – Art. 1228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (§§ 4º e 5º do art. 1228 do NCC) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
REGISTRO: como há um número considerável de pessoas, como o juiz irá determinar o registro no RGI? A solução viável parece ser o registro sob a forma de CONDOMÍNIO. Enunciado 241 do CJF – Art. 1228: O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art.1228, § 5º), é condicionado ao pagamento da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz.
FORMA DE AQUISIÇÃO: é forma originária ou derivada da propriedade? Há divergências, mas o melhor entendimento é o de que se trata de forma de AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA da propriedade, tornando o imóvel, uma vez registrado em nome dos possuidores, insuscetível de reivindicação e liberado de quaisquer ônus, cabendo aos eventuais credores somente a sub-rogação no preço pago ao antigo proprietário.
NATUREZA JURÍDICA: Observa-se, de imediato, tratar-se de dispositivo que institui uma nova forma de perda de propriedade, não antes conhecida do direito brasileiro, dada a sua peculiaridade. No entanto, debate-se a doutrina acerca da natureza jurídica do mesmo. De fato, digladiam-se diversas correntes de pensamento, defendendo diversos conteúdos essenciais para o instituo, que vão da USUCAPIÃO até a DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL, passando por uma ALIENAÇÃO COMPULSÓRIA ou mesmo a caracterização de uma figura mista de POSSE-TRABALHO. Como nenhuma delas é ainda predominante, cabe citar os defensores de cada corrente:
Posse-trabalho:  "Trata-se, como nos ensina Miguel Reale, de uma inovação substancial do Código Civil, fundada na função social da propriedade, que dá proteção especial à posse-trabalho, isto é, à posse traduzida em trabalho criador, quer se concretize na construção de uma morada, quer se manifeste em investimentos de caráter produtivo ou cultural. Essa posse qualificada é enriquecida pelo valorlaborativo, pela realização de obras ou serviços produtivos e pela construção de uma residência." (Maria Helena Diniz)
Alienação compulsória: “Todavia, comparações à parte, o que o novo instituto faculta ao juiz não é desapropriar o bem, mas sim converter a prestação devida pelos réus, que de específica (de restituir a coisa vindicada) passa a ser alternativa (de indenizá-la em dinheiro). Nosso sistema processual prevê várias hipóteses dessa natureza, notadamente em se tratando de obrigações de fazer e de obrigações de entregar a coisa. Assim, não se teria nem uma desapropriação, nem uma usucapião, mas sim uma alienação compulsória do imóvel, transferindo-se a propriedade aos ocupantes” (Teori Albino Zavascki). Também: Fredie Didier Júnior.
Desapropriação judicial: “A norma cria a desapropriação judicial, considerada uma inovação ‘do mais alto alcance, inspirada no sentido social do direito de propriedade, implicando não só novo conceito desta, mas também novo conceito de posse, que se poderia qualificar como sendo de posse-trabalho’ (Miguel Reale, Exposição de motivos ao Ministro da Justiça, Diário do Congresso Nacional, Seção I, suplemento B ao n. 061, 13.6.1975 n. 27 c, p. 121), quer dizer, o ponto alto do Código no que tange à tutela da posse (Teori Albino Zavascki, A tutela da posse na Constituição e no Projeto do Novo Código Civil, in Martins-Costa, Reconstrução, p. 851)” (Nélson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery). Também: Marco Aurélio S. Viana, Carlos Roberto Gonçalves.
Modos de aquisição da propriedade imobiliária
Diferentemente dos direitos pessoais, os direitos reais possuem regime próprio de aquisição, consubstanciados em modos previamente estipulados em lei.
REGISTRO: o registro está para os bens imóveis, assim como a tradição está para os bens móveis (art.1226, CC). O Brasil adotou o sistema romano. Sem registro, não se adquire a propriedade de bem imóvel:
Art. 1.245. Transfere-se ENTRE VIVOS a propriedade mediante o REGISTRO do título translativo no Registro de Imóveis.
 § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
O negócio ainda não registrado produz apenas um direito obrigacional. O registro, entretanto, não conduz a uma presunção absoluta e indestrutível da propriedade; um vício no negócio jurídico poderá contaminar o registro. Há presunção iuris tantum do domínio, acarretando inversão do ônus da prova. Os vícios originários do título são insanáveis e transmitem-se junto à cadeia dos adquirentes. Obs.: Nem tudo que é objeto de registro importa em constituição dos direitos reais. A finalidade do registro dos direitos obrigacionais é a quebra do princípio da relatividade dos contratos, estendendo seus efeitos a quem deles não é parte. Enunciado 87 do CJF: “Art. 1245: Considera-se também título translativo, para fins do art. 1.245 do NCC, a promessa de compra e venda devidamente quitada (arts. 1.417 e 1.418 do CC e §6º da lei 6.766/79)”.
Atributos do registro:
CONSTITUTIVIDADE: o registro é indispensável para a aquisição da propriedade. Efeitos ex nunc, com EXCEÇÃO da usucapião e da saisine, quando será ex tunc.
PRIORIDADE ou PREFERÊNCIA: dá-se proteção a quem registrou primeiro.
FORÇA PROBANTE: força probante com presunção iuris tantum da propriedade. O art. 456, CC, animado pelo princípio da operabilidade, permite, em caso de evicção, que o réu possa promover a denunciação coletiva da lide, convocando imediatamente todos os alienantes, ao invés de convocá-los sucessivamente. Permite, ainda, que o evicto opere a denunciação por saltos, pois permite que o último adquirente possa atingir qualquer um dos alienantes anteriores na cadeia causal, mesmo que não seja aquele que imediatamente transferiu-lhe o bem. O registro TORRENS, em caráter excepcional, gera PRESUNÇÃO ABSOLUTA de domínio, assim TAMBÉM o registro da SENTENÇA de USUCAPIÃO.
CONTINUIDADE: o registro de um título prende-se ao registro anterior em uma sequência de atos. Esse princípio é derrogado no caso de usucapião, por ser modo originário de aquisição. Pelo mandato in rem suam o mandatário substitui o instrumento da compra e venda e pode transferir o domínio do bem para si.
PUBLICIDADE: tem por fim tornar conhecidas pela sociedade as mutações no cadastro imobiliário e proteger os atos praticados com boa-fé.
LEGALIDADE: o assento somente terá validade se baseado em título revestido das exigências legais.
ESPECIALIDADE: o imóvel deve estar precisamente descrito e caracterizado como corpo certo, individual e autônomo.
USUCAPIÃO: é modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais, pela posse contínua durante certo lapso de tempo. Com efeito, a posse, unida ao tempo e aos demais requisitos legais, confere juridicidade a uma situação de fato, convertendo-a em propriedade.
Requisitos da usucapião:
1- Requisito material: bens suscetíveis de usucapião. Os bens públicos são insuscetíveis de usucapião, já os bens de sociedades de economia mista e empresas públicas são usucapíveis. O STF (RE 220.906) faz distinção entre as paraestatais prestadoras de serviço público e exploradoras de atividade econômica, incluindo os bens afetados à finalidade pública como submetidos ao regime jurídico de Direito Público (obs: o julgado tratou da questão da impenhorabilidade, de modo que o entendimento acima transcrito foi formulado por analogia). 
Bem com cláusula de inalienabilidade só pode sofrer usucapião extraordinário. 
Bem de família, voluntário ou legal, pode ser usucapido. 
Também é possível a usucapião de propriedade resolúvel. 
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são inalienáveis, indisponíveis e insuscetíveis de usucapião. No caso da usucapião em favor de remanescentes das comunidades de quilombos, puderam os moradores e descendentes que começaram a possuir tais terras em posse tranqüila e pacífica com animus domini até a edição da CF/88, transmiti-la para as futuras gerações, e nesse caso recaiu até mesmo em bens públicos. 
O condômino pode usucapir contra os coproprietários se o condomínio for pro indiviso, ou seja, a indivisão do bem for de fato e de direito, se o apossamento recair sobre a integralidade do imóvel. Se for pro diviso, ou seja, a indivisão for apenas jurídica, mas já houve divisão de fato entre os condôminos, um dos condôminos pode usucapir parcialmente de outras determinadas porções. Já nos condomínios horizontais, o uso da coisa comum, ainda que de forma exclusiva, não gera posse ad usucapionem. Vaga de garagem, por sua vez, se for autônoma em relação ao imóvel, com matrícula individual e designação numérica própria é suscetível de usucapião.
2- Requisitos formais: posse mansa e pacífica e animus domini, tempo e, na usucapião ordinária, justo título e boa-fé. 
Posse: Primeiramente, quanto ao requisito da posse, tem-se que apenas a posse AD USUCAPIONEM (com ÂNIMO de dono) pode acarretar a prescrição aquisitiva. A posse também deve ser MANSA e PACÍFICA, ou seja, exercida SEM OPOSIÇÃO. Só se consideram oposição os atos judiciais, não as providências extrajudiciais, além da necessidade de que estes atos emanem do proprietário contra quem se visa usucapir. Se o possuidor sair vitorioso em desforço próprio ou em apelo ao Judiciário, contra atividade contrária de outrem (inclusive o proprietário), o caráter pacífico de sua posse não é afetado. 
Deve ainda a posse ser CONTÍNUA, sem interrupção juridicamente relevante. Não quer tanto dizer que a pessoa tenha necessariamente de permanecer no imóvel todo o tempo, já que para que se considere possuidora basta que possa exercer os poderes inerentes ao domínio. Admite-se que o possuidor acrescente à sua posse a dos seus antecessores (ACESSIO POSSESSIONIS), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos da usucapião ordinária, com justotítulo e boa-fé. 
A junção das posses pode se dar ainda pela SUCESSIO POSSESSIONIS, a aquisição a título universal, eis que o herdeiro se reputa na continuação da posse do falecido.
Tempo: Os prazos exigidos se contam por anos, não por horas. Despreza-se o primeiro dia, sempre incompleto, mas se inclui o último. O CC/02 reduziu os prazos em relação do Código anterior, não mais prevendo tempo maior para os ausentes.
Justo título: O justo título é o capaz de infundir no adquirente a crença de ser dono, conquanto incapaz de transmitir o direito em razão de algum VÍCIO. O vício não pode acarretar a nulidade do título, que nesse caso não é justo. Somente o título anulável não impede a usucapião ordinária, visto que é título eficaz e produz efeitos, enquanto não se lhe decreta a anulação. O STF já julgou, no longínquo ano de 1985, que “NÃO HÁ JUSTO TÍTULO EM CASO DE OMISSAO DO REGISTRO IMOBILIÁRIO” (RTJ, 97/796), mas o STJ tem se manifestado pela desnecessidade da formalidade:
CIVIL E PROCESSUAL. AÇÃO REIVINDICATÓRIA. ALEGAÇÃO DE USUCAPIÃO. INSTRUMENTO PARTICULAR DE COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. JUSTO TÍTULO. SÚMULA N. 84-STJ. POSSE. SOMA. PERÍODO NECESSÁRIO À PRESCRIÇÃO AQUISITIVA ATINGIDO.
I. Ainda que não passível de registro, a jurisprudência do STJ reconhece como justo título hábil a demonstrar a posse o instrumento particular de compromisso de compra e venda. Aplicação da orientação preconizada na Súmula n. 84.
II. Se somadas as posses da vendedora com a dos adquirentes e atuais possuidores é atingido lapso superior ao necessário à prescrição aquisitiva do imóvel, improcede a ação reivindicatória do proprietário ajuizada tardiamente.
III. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 171.204/GO, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 26.06.2003, DJ 01.03.2004 p. 186)
USUCAPIÃO ORDINARIO. PROMESSA DE COMPRA E VENDA. JUSTO TITULO. CONCEITO. TENDO DIREITO A AQUISIÇÃO DO IMOVEL, O PROMITENTE COMPRADOR PODE EXIGIR DO PROMITENTE VENDEDOR QUE LHE OUTORGUE A ESCRITURA DEFINITIVA DE COMPRA E VENDA, BEM COMO PODE REQUERER AO JUIZ A ADJUDICAÇÃO DO IMOVEL. SEGUNDO A JURISPRUDENCIA DO STJ, NÃO SÃO NECESSARIOS O REGISTRO E O INSTRUMENTO PUBLICO, SEJA PARA O FIM DA SUMULA 84, SEJA PARA QUE SE REQUEIRA A ADJUDICAÇÃO. PODENDO DISPOR DE TAL EFICACIA, A PROMESSA DE COMPRA E VENDA, GERANDO DIREITO A ADJUDICAÇÃO, GERA DIREITO A AQUISIÇÃO POR USUCAPIÃO ORDINARIO. INOCORRENCIA DE OFENSA AO ART. 551 DO CODIGO CIVIL. RECURSO CONHECIDO PELA ALINEA "C", MAS NÃO PROVIDO.
(REsp 32.972/SP, Rel. Ministro CLAUDIO SANTOS, Rel. p/ Acórdão Ministro NILSON NAVES, TERCEIRA TURMA, julgado em 19.03.1996, DJ 10.06.1996 p. 20320)
 
Sobre o assunto, o CJF emitiu Enunciado com o seguinte teor: “Art. 1.242: A expressão JUSTO TÍTULO, contida no art. 1242 e 1260 do CC, abrange todo e QUALQUER ATO JURÍDICO hábil, em tese, a transferir a propriedade, INDEPENDENTEMENTE DE REGISTRO”. 
Para Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, três são as modalidades de vícios que podem converter um ato jurídico defeituoso em justo título para usucapião:
- venda a non domino: o transmitente não é dono da coisa, mas o adquirente está na convicção de que trata com o proprietário, pois o título é instrumentalmente perfeito e seria capaz de iludir qualquer pessoa naquela situação. 
- título com vício que gera invalidade: o transmitente é o verdadeiro proprietário do bem, mas o ato jurídico é eivado de vício passível de invalidação por nulidade ou anulabilidade. Ex: imóvel alienado por um dos cônjuges que omite sua condição de casado ao adquirente.
- título que não atende ao plano de eficácia
 
Boa-fé: A boa-fé está presente se o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a aquisição da coisa. Pelo art. 1.201 do Código, presume-se de boa-fé quem tem justo título. A boa-fé deve existir durante todo o prazo necessário para a usucapião.
Obs.: A presença da União ou de qualquer de seus entes na ação de usucapião especial não afasta a competência do foro da situação do imóvel (Súm.11, STJ). O mesmo raciocínio aplica-se à ação de usucapião proposta contra a massa falida, não prevalecendo o juízo universal da falência. É obrigatória a presença do MP em qualquer ação de usucapião.
Das espécies de usucapião
Usucapião Extraordinária
Exige todos os requisitos da posse qualificada: ANIMUS DOMINI, mansa e pacífica e ininterrupta, mas DISPENSA-SE o JUSTO TÍTULO e a BOA-FÉ do possuidor. A posse não precisa ser atual. Essa usucapião era de 20 anos, agora, o prazo foi reduzido para 15 anos, como já ocorreu no próprio CC/16 em relação à legislação anterior (que diminuiu para 20 anos, o prazo que era de 30 anos). 
Art. 1.238. Aquele que, por QUINZE ANOS, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a DEZ ANOS se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
A outra importante alteração é que se criou uma forma especial de usucapião extraordinária, ou seja, não é usucapião especial, é extraordinária, mas pode ter o prazo ainda mais reduzido na hipótese do parágrafo único do artigo 1.238: 10 anos desde que a posse seja exercida para a moradia do possuidor ou se ele tenha introduzido qualquer obra ou serviço de interesse social (FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE). É o que se denomina de USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA ESPECIAL PRO-LABORE ou HABITACIONAL. Observe-se que não se exige que o possuidor não tenha outro imóvel e nem se restringe o tamanho do imóvel.
Usucapião Ordinária
É também usucapião comum e não especial, já que não faz limitação ao tamanho do imóvel ou exigências especiais em relação ao possuidor, tais como, ser proprietário de outros bens, posse voltada para fim de habitação ou utilização de interesse social. 
Essa usucapião exige a configuração, além dos requisitos comuns da posse qualificada - ANIMUS DOMINI, mansa e pacífica e ininterrupta - os requisitos de JUSTO TÍTULO e BOA-FÉ, razão pela qual o prazo será menor (no CC/16, o prazo era de 10 anos entre presentes e 15 anos entre ausentes; ausentes eram pessoas que estivessem em comarcas diversas). Atualmente, somente há um prazo para a usucapião ordinária, qual seja, 10 ANOS entre presentes e entre ausentes. 
Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por DEZ ANOS.
Parágrafo único. Será de CINCO ANOS o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.
O CC/2002 também criou uma forma de usucapião ordinária com prazo reduzido, com o mesmo princípio que anima a usucapião extraordinária com prazo reduzido. O prazo será de 05 anos, mas o legislador exigiu um JUSTO TÍTULO ESPECIAL, que consiste no título que já esteve registrado em nome do possuidor. São requisitos específicos: 
-posse pro-labore; 
-justo título especial (por qualquer motivo, o registro do possuidor foi cancelado). 
Usucapião Especial
Regulada no artigo 191 da Constituição Federal e artigo 1.239 do Código Civil, a usucapião especial rural ou “pro labore” ou ‘rústico” traz como componentes do suporte fático o não ser proprietário de imóvel rural ou urbano, a posse por cinco anos ininterruptos, sem oposição, de área de terra em zona rural NÃO SUPERIOR a CINQUENTA HECTARES, o tornar produtiva a terra por seu trabalho ou de sua família e a moradia nesse mesmo local. Não são exigidos o justo título e a boa-fé. 
Doutrina e jurisprudência NÃO ADMITEM, neste caso, A ADIÇÃOda posse, pois requer requisitos personalíssimos incompatíveis com a aludida soma.
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
A usucapião especial urbana ou “pro misero” – inovação da Constituição Federal de 1988 - também foi tratada no Código Civil, que repete literalmente os termos da Carta. Por eles, aquele que possuir como sua área urbana de até DUZENTOS E CINQÜENTA METROS QUADRADOS, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Tal espécie não se aplica à posse de terreno urbano sem construção, pois é requisito a sua utilização para moradia do possuidor ou de sua família. Por outro lado, também não reclama justo título e boa-fé.
Nada obsta que se adquira por usucapião especial imóvel urbano inserido em área maior quando delimitada a posse ao limite de duzentos e cinquenta metros quadrados.
O Estatuto da Cidade possui preceito quase idêntico ao artigo 1.240 do CC/02, donde se denota que a usucapião urbana está contida em três importantes diplomas: Código Civil (art. 1.240), Estatuto da Cidade (art. 9º) e Constituição Federal (art. 183): 
Art. 9º Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.
Enunciado 85 do CJF: “Art. 1240: Para efeitos do art. 1240, caput, do NCC, entende-se por ‘área urbana’ o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios”.
Usucapião Coletiva Urbana
Artigo 10, do Estatuto da Cidade (Lei n. 10.257/01):
Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua MORADIA, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Em face do artigo acima, o que significa população de baixa renda? A grande maioria dos autores (SILVIO VENOSA, MÁRIO DELGADO e outros) tem entendido que se trata de um conceito aberto, que será definido pelo juiz diante do caso concreto. Entretanto, há julgados indicando alguns critérios objetivos: a) renda familiar de até 03 SM; b) bolsa-família, quando a renda per capita máxima seja de R$100,00.
Porque os movimentos dos sem-teto não têm invocado esse direito? O prazo de 05 anos deve ser contado a partir do vigor da lei, ou seja, o prazo anterior de posse não pode ser somado, já que a lei é de 2001. Este entendimento de que o prazo da usucapião coletiva urbana começa a contar a partir da entrada em vigor da lei é fundado em posição do STF (RE 145.004).
Esse instituto visa auxiliar a solução do problema de distribuição de imóveis urbanos.
ACESSÃO: é o direito em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir a propriedade de tudo aquilo que a ele se adere. Isto é, pela acessão contínua, uma coisa se une ou se incorpora a outra, em estado permanente, por ação humana ou causa natural, e o proprietário da coisa principal adquire a propriedade da coisa que se lhe uniu ou incorporou. É MODO ORIGINÁRIO de aquisição da propriedade. Em alguns casos, o titular desfalcado do domínio será indenizado, em respeito ao princípio que veda o enriquecimento sem causa. Pode se dar: 
DE IMÓVEL A IMÓVEL (NATURAL):
- aluvião própria - acréscimo PAULATINO de terras que o rio deixa naturalmente nos terrenos ribeirinhos; 
- aluvião imprópria – acréscimo que se forma quando parte do álveo descobre-se em razão do afastamento das águas correntes; 
- avulsão – é o desprendimento, por força natural, VIOLENTA e ABRUPTA, de uma porção de terra que se vai juntar ao terreno de outro proprietário, ocorrendo a consolidação de duas coisas em uma. O proprietário perdente reclamará a devolução no prazo decadencial de um ano. Nesse caso, o titular do prédio acrescido terá o direito potestativo de OPTAR entre aquiescer que se remova a parte acrescida ou indenizar o dono da propriedade do qual se destacara a porção de terra; 
- formação de ilhas – só beneficiará o particular quando, por força natural, surgir um pedaço de terra em um rio não navegável; se navegável, pertencerá à pessoa jurídica de Direito Público;
- álveo abandonado – não se confunde com a aluvião imprópria , em que parte do álveo descobre-se em razão de um desvio no curso das águas. No álveo abandonado, há um total e permanente abandono do antigo leito, ficando este inteiramente descoberto e passando a pertencer aos proprietários ribeirinhos das duas margens, seja o rio público ou particular.
 
DE MÓVEL A IMÓVEL (ARTIFICIAL):
-plantações e construções – semeadura, plantação e edificação, quando a titularidade das sementes não coincidir com a do terreno:
 
-Terreno próprio + materiais alheios: se o dono do terreno estava de boa-fé, pagará ao proprietário o valor dos materiais; se de má-fé, além desse pagamento, indenizará por perdas e danos.
-Terreno alheio + materiais próprios: o titular perde o material próprio. Se de boa-fé, com base em justo título, tem direito à indenização; se de má-fé, perde as acessões e não recebe indenização. 
Modos de aquisição da propriedade móvel 
OCUPAÇÃO: é o modo ORIGINÁRIO por excelência de aquisição da propriedade móvel, pelo qual alguém imediatamente apropria-se de coisas SEM DONO, seja porque nunca foram apropriadas (RES NULLIUS), seja porque foram abandonadas (RES DERELICTAE). As coisas abandonadas não se confundem com as perdidas, pois aqui há apenas um temporário afastamento do corpus, mas é mantido o animus. Para estas, há a descoberta. Tem como objeto seres vivos (caça e pesca) e seres inanimados.
ACHADO DO TESOURO: tesouro é o depósito antigo de coisas preciosas ocultas cujo DONO É DESCONHECIDO. Se a propriedade for presumível, não é tesouro. Se o tesouro for achado pelo proprietário do terreno, a ele pertence; caso seja encontrado por outra pessoa que não seja proprietária, terá este direito à metade do tesouro. Todavia, se o descobridor penetrar no prédio alheio com o propósito de encontrar o tesouro, não terá direito a nada, pois não se permite a obtenção de vantagem quando do esbulho.
ESPECIFICAÇÃO: é modo ORIGINÁRIO de aquisição da propriedade mobiliária que se dá mediante a transformação de matéria-prima em espécie nova por meio do trabalho. Se a matéria–prima for alheia em sua integralidade, pertencerá o produto ao especificador de boa-fé, quando a espécie nova não puder ser restituída à forma primitiva, pois, se possível a reversão, retornará aoseu titular originário. Encontrando-se de má-fé o especificador, a coisa nova pertencerá ao dono da matéria-prima, não podendo aquele nem pleitear indenização pelo trabalho executado. Mesmo havendo má-fé, porém, sempre que o preço da mão de obra exceder consideravelmente o valor da matéria-prima, será a coisa nova do especificador, apenas indenizando o dono daquela por seu valor.
COMISTÃO, CONFUSÃO e ADJUNÇÃO: são modos ORIGINÁRIOS de aquisição. 
Comistão é a mistura de coisas secas ou sólidas, pertencentes a diferentes donos, sem que possam ser separadas e sem que se produza coisa nova. 
Confusão é a mistura de coisas líquidas de diferentes pessoas, nas mesmas condições. 
Adjunção é a justaposição de uma coisa sólida à outra, de tal modo que não possam mais ser separadas sem deterioração do bem formado. Se a mescla for intencional, os proprietários decidem o que fazer com o produto. Se for acidental, em regra a coisa será do dono do bem principal, sendo o outro indenizado. Se não houver bem principal, incidirá um condomínio forçado. Se houver conduta unilateral de má-fé, a outra parte adquire a propriedade do todo indenizando a parte que não era sua, abatida a indenização por ato ilícito, ou então poderá renunciar à propriedade, com ressarcimento.
USUCAPIÃO: 
Ordinária: Art. 1.260, CC – posse mansa e pacífica, ininterruptamente e sem oposição, durante TRÊS ANOS, exercida com animus domini, JUSTO TÍTULO e BOA FÉ.
Extraordinária: Art. 1.261, CC – posse ininterrupta e pacífica com animus domini pelo PRAZO DE CINCO ANOS.
Obs.: Súmula 193, STJ – o direito de uso de linha telefônica pode ser adquirido por usucapião. Os bens objeto de furto podem ser adquiridos por usucapião extraordinária pelo próprio autor do furto.
TRADIÇÃO: é modo DERIVADO de aquisição da propriedade móvel, consistindo na entrega de bem móvel pelo transmitente ao adquirente, com a intenção de transferir-lhe a propriedade. Pode ser real (entrega material da coisa ao adquirente), simbólica (entrega das chaves de um veículo, p.e.) e consensual (resulta do acordo de vontade dos interessados, por aposição contratual, sem qualquer alteração do mundo dos fatos – constituto possesório e tradição brevi manu). No CONSTITUTO POSSESSÓRIO o proprietário de um bem o aliena a outrem, mas continua como possuidor direto, isto é, há inversão no título da posse, já que alguém que possuía a coisa em nome próprio passa a possuir em nome alheio. Já na TRADIÇÃO BREVI MANU ocorre o contrário. Aquele que detinha o bem em nome alheio, passa a possuí-lo como proprietário.
Obs.: O novo código Civil não incluiu a descoberta (antiga invenção) como modo de aquisição da propriedade, visto que quem acha o bem perdido não adquire a sua propriedade. Colocou a descoberta na parte geral da propriedade. Para fins didáticos, vou incluir tal ponto aqui, após os modos de aquisição da propriedade.
DESCOBERTA: é o fato jurídico que consiste em alguém encontrar coisa alheia perdida (art. 1.233, CC). A descoberta gera para o descobridor uma obrigação de fazer consistente em entregar a coisa que saiu da esfera de proteção do titular. Cuida-se de obrigação que se origina de um ato jurídico stricto sensu.
No CC/16, era denominada invenção e estava entre os modos de aquisição da propriedade. Hoje, não é mais assim considerada porque se tutela a propriedade de quem se desligou da coisa sem intencionalidade (bens do evento), não se confundindo com a ocupação, na qual há a aquisição das coisas abandonadas. A descoberta gera apenas um direito de recompensa, em favor do descobridor, não inferior a 5% sobre o valor do bem (ACHÁDEGO), além das despesas com a conservação da coisa, como depositário.
O descobridor é obrigado a restituir o objeto ao legítimo possuidor. Caso não o encontre, deverá entregá-lo à autoridade competente. Se, decorridos 60 dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, o proprietário não comparecer, o bem será vendido em hasta pública. A apreciação do valor a ser pago a título de recompensa será feita pelo magistrado. Após a venda em leilão, e retirado o valor do achádego, o restante do valor é concedido ao município em que o bem houver sido descoberto. Tanto o proprietário quanto o Município podem deliberar por abandonar a coisa para exonerar-se da obrigação de custear o achádego.
Aos objetos deixados em hotéis, lavanderias, etc, também se aplica esse processo de arrecadação, sendo considerada abusiva a cláusula que permite, após certo prazo, que o estabelecimento comercial apodere-se do objeto, ou o aliene para se ressarcir por despesas não pagas.
Modos de perda da propriedade
MNEMÔNICA: quem PERDE, P A R D A.
Em princípio, a propriedade é irrevogável, transmitindo-se aos sucessores por força da saisine. Todavia, perde-se voluntariamente por alienação, abandono e renúncia e, involuntariamente, pelo perecimento e desapropriação.
ALIENAÇÃO: ato pelo qual o proprietário, por vontade própria, gratuita ou onerosamente, transfere a outrem seu direito sobre a coisa.
RENÚNCIA: ATO UNILATERAL pelo qual o proprietário declara formal e explicitamente o propósito de despojar-se do direito de propriedade. Só se aplica aos BENS IMÓVEIS, com exceção do patrimônio móvel que se encerra no direito hereditário objeto de abdicação pelo herdeiro.
ABANDONO: é o ATO MATERIAL pelo qual o proprietário desfaz-se da coisa porque não quer mais ser seu dono. Por não ser um ato expresso como a renúncia, a derrelição deve resultar de ATOS EXTERIORES que atestem a manifesta intenção de abandonar. O mero desuso não implica em abandono, tem que haver o elemento psicológico. No NCC, surge uma PRESUNÇÃO ABSOLUTA de abandono do IMÓVEL quando o proprietário associar ao desuso (cessação dos atos de posse) o INADIMPLEMENTO dos TRIBUTOS REAIS (art. 1.276, §2º), privilegiando-se a função social da propriedade. A previsão é desarrazoada, porque o proprietário pode deixar de pagar o imposto, por exemplo, porque acredita que a cobrança é indevida. Há proposta de alteração para que seja considerado como uma PRESUNÇÃO RELATIVA. É causa gratuita de perda da propriedade. Enunciados 242 e 243 do CJF: “Art. 1276: A aplicação do art. 1.276 depende do devido processo legal, em que seja assegurado ao interessado demonstrar a não-cessação da posse” e “Art. 1276: A presunção de que trata o §2º do art. 1.276 não pode ser interpretada de modo a contrariar a norma-princípio do art. 150, IV, da CF”. (proibição de tributo com efeito de confisco)
PERECIMENTO: dá-se pela perda das qualidades essenciais da coisa.
DESAPROPRIAÇÃO: modo ORIGINÁRIO de aquisição e perda da propriedade, em face da intervenção estatal na propriedade privada.
PERDA INVOLUNTÁRIA: pela arrematação, adjudicação, implemento de condição resolutiva, usucapião, casamento pela comunhão universal e confisco.
Da propriedade resolúvel
(art. 1.359 do CC)
A propriedade é um direito de duração ilimitada e irrevogável, não comportando, em princípio, condição resolutiva ou termo final. Quando, entretanto, a duração da propriedade se subordina a acontecimento futuro certo ou incerto, previsto no próprio título constitutivo, está-se diante de uma propriedade resolúvel. O proprietário resolúvel age como proprietário pleno, enquanto não se verifica o evento futuro e incerto. Efetivando-se o termo final ou condição, resolvem-se todos os direitos concedidos em sua pendência. É uma das modalidades do domínio (Orlando Gomes).
Hipóteses: Fideicomisso, retrovenda, doação com cláusula de reversão, compra-e-venda com reserva de domínio e direitos autorais.
Distingue-se da propriedade ad tempus ou revogável (art. 1.360 do CC). Nesta inexiste cláusula contratual de limitação temporal quando de sua constituição, eis que a extinção do direito de propriedade decorre de um evento superveniente. Nestes casos pode haver a resolução, mas esta não pode prejudicar direitos adquiridos por terceiros, já que estes não podiam prevê-la. Casos: revogação de doação por ingratidão do donatário, revogação da doação por descumprimentodo encargo e exclusão da sucessão por indignidade.
Efeitos: aquele em favor do qual se opera a resolução investe-se no direito de propriedade como se esta nunca houvesse pertencido temporariamente ao proprietário resolúvel. A resolubilidade é oponível erga omnes.
Da propriedade fiduciária
Ocorre quando o credor fiduciário adquire a propriedade resolúvel e a posse indireta de bem móvel recebido em garantia de financiamento efetuado pelo alienante, que se mantém na posse direita da coisa, resolvendo-se o direito fiduciário com a solução da dívida garantida. O objeto é BEM MÓVEL, por natureza, INFUNGÍVEL, DURÁVEL e INCONSUMÍVEL. É PACÍFICO que o bem que já integre o patrimônio do devedor pode ser objeto de propriedade fiduciária (Súmula 28 do STJ). 
Obs.: A alienação fiduciária do Sistema Financeiro Imobiliário recai sobre BENS IMÓVEIS (Lei 9.514/97, art. 22). A propriedade fiduciária disciplinada no CC é um novo direito real de garantia, como o penhor, mas permite ao devedor gozar do bem.
Quatro são os fenômenos percebidos no âmbito da propriedade fiduciária: desdobramento da posse, constituto possessório, propriedade resolúvel e patrimônio de afetação. Há VEDAÇÃO da CLÁUSULA COMISSÓRIA, mas “o devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, APÓS o VENCIMENTO desta” (CC, art. 1.365, § único).
A aquisição do domínio é ficta e o formalismo do ato completa-se com o registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor ou na repartição competente para licenciamento do veículo automotor, com anotação no certificado de registro. Súmula 92 do STJ: “A terceiro de boa-fé não é oponível a alienação fiduciária não anotada no Certificado de Registro do veículo automotor”.
STJ – REsp 214.763/SP – Os bens alienados fiduciariamente por não pertencerem ao devedor executado, mas à instituição financeira que lhe proporcionou as condições necessárias para o financiamento do veículo automotor não adimplido, não pode ser objeto de penhora na execução fiscal. A alienação fiduciária não institui ônus real de garantia, mas opera a própria transmissão resolúvel do direito de propriedade.
Caso o próprio credor fiduciário seja responsabilizado por dívidas perante terceiros, no decurso do contrato, também não ficará o devedor fiduciante prejudicado. Apesar da propriedade pertencer ao credor, trata-se de patrimônio de afetação, imune à ação de terceiros, posto reservado ao titular do direito eventual, que pode praticar os atos destinados a preservá-lo. 
A Lei 9.514/97 que dispõe sobre o Sistema de Financiamento Imobiliário instituiu a modalidade de alienação fiduciária de coisa imóvel, mediante registro no ofício imobiliário. Com o advento dessa regra, o interessado na compra de um imóvel levantará, na instituição de sua preferência, o empréstimo para pagamento do preço de aquisição e, em garantia, efetuará a alienação fiduciária do imóvel ao credor, transferindo-lhe o domínio resolúvel e a posse indireta. Até a liquidação do débito, o devedor fiduciante será possuidor direito do imóvel. Na hipótese de o devedor fiduciante não purgar a mora no prazo de 15 dias, contados da intimação pelo Oficial do Registro Imobiliário, restará consolidada a propriedade em poder do credor fiduciante, após pagar o ITBI, sendo-lhe lícito aliená-la no prazo de 30 dias, a contar do registro que efetivou a consolidação. Em caso de resistência à desocupação, o credor fiduciário poderá manejar ação de reintegração de posse. Apesar da vedação do art. 1.365 do CC, excepcionalmente poderá o credor imobiliário conservar a coisa em seu patrimônio, se o segundo leilão vier a frustrar-se, adquirindo, então, propriedade plena. 
Súmula 72, STJ – a comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente (mora ex persona).
Súmula 245, STJ – a notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária DISPENSA a indicação do valor do débito.
No que se refere à previsão de prisão do devedor, atualmente a questão está pacificada no STF, conforme se abstrai da súmula vinculante 25: 
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
Leasing # Propriedade Fiduciária, sendo que o primeiro é arrendamento mercantil, por ex., uma pessoa pede dinheiro emprestado ao banco para comprar um equipamento; a instituição financeira compra o bem e irá arrendá-lo a essa pessoa, que será arrendatária e pagará prestações fixas sobre o bem, é um aluguel onde o banco/proprietário (posse indireta), faz com a pessoa que terá a posse direta, desdobra-se a posse. Logo, o Leasing é contrato misto (mútuo/empréstimo e opção de compra e venda no final) e não é apenas locação. O leasing é direito obrigacional. Já a Propriedade Fiduciária é direito real, visto que ao final do pagamento o devedor adquire a propriedade. 
Dos Direitos de Vizinhança
Limitações (obrigações PROPTER REM, isto é, que vinculam quem quer que se encontre na condição de vizinho, na posse do prédio), impostas por lei, ao direito de propriedade, destinadas a evitar ou compor conflitos decorrentes da proximidade de prédios. 
Natureza jurídica: limitações legais ao direito de propriedade (porque existem para todos; todos os prédios são ao mesmo tempo servientes e dominantes; há RECIPROCIDADE); nas servidões legais não há reciprocidade (mas um prédio serviente e um dominante).
Disciplina geral. O mau uso ou uso anormal da propriedade, pelo proprietário ou pelo possuidor, é o que acarreta dano ou incômodo intoleráveis (anormais) ao vizinho, através de duas ordens de atos ou interferências prejudiciais à segurança, ao sossego ou à saúde: 
a) atos abusivos: quando do exercício anormal (doloso, culposo ou irregular) do direito de propriedade decorre dano ou incômodo anormais (intoleráveis); 
b) atos lesivos ou excessivos: quando do exercício normal (legítimo; mesmo que com alvará de autorização expedido pelo Poder Público) do direito decorre dano ou incômodo anormais.
A responsabilidade por dano ou incômodo intoleráveis causados ao vizinho independe de culpa e de dolo (intenção de prejudicar ou incomodar); trata-se de responsabilidade objetiva; se o proprietário ou possuidor tira proveito do exercício do seu direito, deve responder por isso. Alguns meios judiciais contra atos abusivos e excessivos:
a) Ação de ressarcimento: para reparar os efeitos do uso anormal (tais efeitos são o dano ou o incômodo intoleráveis) quando estes já cessaram.
b) Ação cominatória: para fazer cessar os efeitos do uso anormal quando estes já começaram, mas ainda não cessaram, ou seja, continuam a produzir-se; impõe-se ao réu a obrigação de se abster da prática dos atos prejudiciais ou de tomar medidas para reduzir os efeitos, sob pena de multa diária (CPC, arts. 287, 461 e 644).
c) Ação de dano infecto: para impedir os efeitos do uso anormal quando estes ainda não começaram a produzir-se, mas há justo receio de que venham a produzir-se.
d) Ação demolitória: para demolir edificio que ameace ruir causando dano.
Disciplina específica dos direitos de vizinhança
a) Árvores limítrofes. Presunção relativa de condomínio da árvore cujo tronco estiver na linha divisória. Frutos caídos naturalmente pertencem ao dono do solo onde caíram.
b) Direito à passagem forçada. Compete ao dono de prédio rústico ou urbano que estiver ENCRAVADO NATURALMENTE (não provocado pelo dono) em outro, SEM QUALQUER SAÍDA (se tiver saída, ainda que difícil e penosa, não cabe o direito à passagem forçada, o qual não existe por razões de comodidade) para via pública, fonte ou porto. Contudo, atente-se para o Enunciado 88 do CJF: “Art. 1.285: O direito de passagem forçada, previsto no art. 1285 do CC, também é garantido nos casos em que o acesso à via pública for INSUFICIENTE ou INADEQUADO, consideradas inclusive as necessidades de exploração econômica”. O dono do prédio onerado tem direito a indenização. Não se confunde coma servidão de passagem ou de trânsito, a qual decorre em geral de contrato (e não da lei) e constitui direito real sobre coisa alheia instituído por razões de comodidade e conveniência do dono de prédio não encravado.
c) Passagem de cabos e tubulações. Atualmente, há um novo direito de vizinhança que não estava no CC/16: direito de passagem de cabos e tubulações, a ideia do legislador é permitir que passe pelo terreno do vizinho um cabo ou tubo para garantir a utilização de um serviço essencial, desde que não haja outra alternativa para se ter acesso ao serviço público, devendo haver indenização. NÃO é igual ao encravamento, porque é garantido o direito de passar pelo terreno do vizinho mesmo que haja outra forma, desde que esta seja muito CUSTOSO. Está inserida na ideia de COLABORAÇÃO. 
d) Águas.
e) Direito de demarcar limites entre prédios. A ação demarcatória só cabe quando há controvérsia sobre os limites entre prédios na linha divisória e visa fixar ou restabelecer os marcos da linha de separação, repartindo-se proporcionalmente as despesas. Se existem limites há longo tempo respeitados (mesmo irregulares) ou muro divisório construído fora da linha, cabe ação reivindicatória ou possessória.
f) Direito de tapagem (tapume = muro, cerca etc.). Só existe em relação aos tapumes divisórios comuns (os capazes de impedir passagem de animais de grande porte). O vizinho não tem obrigação de concorrer com as despesas de construção e conservação dos tapumes divisórios especiais (os capazes de impedir passagem de animais de pequeno porte) se não é dono ou detentor de animais de pequeno porte.
g) Direito de construir. A responsabilidade por dano causado ao vizinho em virtude de construção é objetiva. É solidária a obrigação do dono da obra e do engenheiro que a executa.
DIREITO DAS COISAS – Enunciados correlatos – 4ª Jornada de Direito Civil 
301 – Art.1.198. c/c art.1.204. É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
302 – Art.1.200 e 1.214. Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil.
303 – Art.1.201. Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse.
304 – Art.1.228. São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos.
305 – Art.1.228. Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuação nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.
306 – Art.1.228. A situação descrita no § 4º do art. 1.228 do Código Civil enseja a improcedência do pedido reivindicatório.
307 – Art.1.228. Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
308 – Art.1.228. A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5°) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
309 – Art.1.228. O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228.
310 - Art.1.228. Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório.
311 - Art.1.228. Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores.
312 – Art.1.239. Observado o teto constitucional, a fixação da área máxima para fins de usucapião especial rural levará em consideração o módulo rural e a atividade agrária regionalizada.
313 – Arts.1.239 e 1.240. Quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.
314 – Art. 1.240. Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de limite de metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum.
315 – Art. 1.241. O art. 1.241 do Código Civil permite que o possuidor que figurar como réu em ação reivindicatória ou possessória formule pedido contraposto e postule ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel, valendo a sentença como instrumento para registro imobiliário, ressalvados eventuais interesses de confinantes e terceiros.
316 – Art. 1.276. Eventual ação judicial de abandono de imóvel, caso procedente, impede o sucesso de demanda petitória.
317 – Art. 1.243. A accessio possessionis, de que trata o art. 1.243, primeira parte, do Código Civil, não encontra aplicabilidade relativamente aos arts. 1.239 e 1.240 do mesmo diploma legal, em face da normatividade do usucapião constitucional urbano e rural, arts. 183 e 191, respectivamente.
318 – Art.1.258. O direito à aquisição da propriedade do solo em favor do construtor de má-fé (art. 1.258, parágrafo único) somente é viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei, houver necessidade de proteger terceiros de boa-fé.
319 – Art.1.277. A condução e a solução das causas envolvendo conflitos de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios constitucionais da intimidade, da inviolabilidade da vida privada e da proteção ao meio ambiente.
320 – Art.1.338 e 1.331. O direito de preferência de que trata o art. 1.338 deve ser assegurado não apenas nos casos de locação, mas também na hipótese de venda da garagem.
321 – Art. 1.369. Os direitos e obrigações vinculados ao terreno e, bem assim, aqueles vinculados à construção ou à plantação formam patrimônios distintos e autônomos, respondendo cada um dos seus titulares exclusivamente por suas próprias dívidas e obrigações, ressalvadas as fiscais decorrentes do imóvel.
322 – Art. 1.376. O momento da desapropriação e as condições da concessão superficiária serão considerados para fins da divisão do montante indenizatório (art. 1.376), constituindo-se litisconsórcio passivo necessário simples entre proprietário e superficiário.
323 - É dispensável a anuência dos adquirentes de unidades imobiliárias no “termo de afetação” da incorporação imobiliária.
324 - É possível a averbação do termo de afetação de incorporação imobiliária (Lei n. 4.591/64, art. 31b) a qualquer tempo, na matrícula do terreno, mesmo antes do registro do respectivo Memorial de Incorporação no Registro de Imóveis.
325 - É impenhorável, nos termos da Lei n. 8.009/90, o direito real de aquisição do devedor fiduciante.
VI JORNADA DE DIREITO CIVIL. DIREITO DAS COISAS
COORDENADOR: GUSTAVO JOSÉ MENDES TEPEDINO
ENUNCIADO 563 – O reconhecimento da posse por parte do Poder Público competente anterior à sua legitimação nos termos da Lei n. 11.977/2009 constitui título possessório.
Artigo: 1.196 do Código Civil
Justificativa: No âmbito do procedimento previsto na Lei n. 11.977/2009, verifica-se que o Poder Público municipal, ao efetuar cadastramento dos possuidores no momento da demarcação urbanística,

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