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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO - Contratos internacionais. Cláusulas típicas. 
Conceito de contrato internacional 
São todas as manifestações bi ou plurilaterais das partes, objetivando relações patrimoniais ou de serviços, cujos elementos sejam vinculantes de dois ou mais sistemas jurídicos extraterritoriais, pela força do domicílio, nacionalidade, sede principal dos negócios, lugar do contrato, lugar da execução, ou qualquer circunstância que exprima um liame indicativo de direito aplicável (Irineu STRENGER). 
Negociações Preliminares: nos contratos internacionais, mais do que outros, é frequente a existência de uma fase de negociações preliminares em que se irão sedimentar as bases do futuro acordo. Surge então a esfera das chamadas responsabilidades pré-contratuais. 
Depèçage /depessage/ (fracionamento): o fato interjurisdicional pode apresentar diversos objetos de conexão [várias categorias]. O depèçage/fracionamento é um mecanismo pelo qual um contrato é dividido em diferentes partes, que serão, cada uma delas, submetidas a leis diferentes. 
Exemplo: 
capacidade - Lex Loci Domicili (LINDB art. 7º); 
forma - Execução do contrato no exterior - Lex Loci Actus (LINDB art 9º); Execução do contrato no Brasil - Lex Loci Executionis (art 9º §1º). 
Toda vez que se tem que aplicar a lei de vários países num mesmo caso, ocorre o desmembramento (Depèçage). 
Formação do Contrato: o contrato normalmente se forma através de atos que representam a oferta e a aceitação. 
1- Oferta de Negociação: é a comunicação da intenção de venda ou compra, em condições e quantidades a determinar e sob condições ainda imprecisas. 
2- Oferta Firme: materializa de forma certa e objetiva a intenção e cuja aceitação, na prática, delineia os contornos do contrato. 
Cartas de Intenção: é comum que nas negociações preliminares, ao menos nos contratos de formação mais complexa ou que demandam fases sucessivas, dependentes de eventos futuros, sejam representados por cartas de intenção de conteúdo obrigacional preliminar ou condicionado a eventos futuros, cuja redação exige grande cautela. 
Pedidos de Reparação no Processo Preliminar de Formação do Contrato 
1- Justificativa: mobilização, desde logo, de recursos, pessoal, aquisição ou movimentação de equipamentos. 
2- Condição: que sejam frustradas as tratativas contratuais por culpa da outra parte, que ocultou ou falseou dados ou criou falsas expectativas. 
Adaptação do contrato - hardship 
São inúmeros os imprevistos que podem ocorrer num contrato internacional do comércio. Tais imprevistos podem prejudicar sobremaneira contratos que não dispõem de cláusulas de adaptação ou hardship que possam minorar tais efeitos. São cláusulas de revisão, frequentes em contratos internacionais, principalmente os de longa duração. A expressão hardship pode ser traduzida como adversidade, infortúnio ou necessidade. 
Objetivo: tornar mais equilibrado e exequível o contrato, conforme a vontade das partes, evitando o judiciário e a arbitragem. Possibilitando a auto-reformulação das cláusulas contratuais ante ao surgimento de fatores imprevisíveis e excepcionais que tornem o contrato excessivamente oneroso para uma das partes. 
Diferença entre Hardship e Força Maior e Caso Fortuito: no primeiro caso o contratante, embora não esteja impossibilitado de cumprir o contrato, se o fizer estará dilapidando seu patrimônio e provocando um lucro excessivo a outra parte. Na força maior existe a impossibilidade absoluta do cumprimento do contrato por circunstâncias alheias e imprevisíveis às partes. 
Contratos internacionais de compra e venda 
São operações de importação e exportação de bens em que uma das partes é vendedora e a outra compradora, ainda que a última possa atuar apenas com a finalidade de revenda. A intenção do contrato é remover as incertezas e anular os riscos que podem ser elevadíssimos, como guerras, etc. 
A Convenção de Viena de 1980 sobre compra e venda internacional visa a minorar as circunstâncias de risco, tendo sido ratificada por 29 países e assinada por 50, dentre os quais não se inclui o Brasil. 
Elementos Principais: a) a descrição; b) quantificação e discriminação da qualidade das mercadorias; c) valores e formas de pagamento; d) a referência ao transporte, seguro, frete, lugar, tempo de embarque/desembarque; e) distribuição dos custos; f) garantias de qualidade; g) garantias de pagamento; h) obrigações das partes; i) inexecução; j) penalidades; k) exoneração de responsabilidades; l) escolha da lei de regência e do foro; m) escolha das fórmulas alternativas de solução de conflitos. 
INCOTERMS: A Câmara de Comércio Internacional (CCI) criou regras para administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais firmados entre exportadores e importadores concernentes à transferência de mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à responsabilidade sobre perdas e danos. 
A CCI instituiu, em 1936, os INCOTERMS (International Commercial Terms). Os Termos Internacionais de Comércio, inicialmente, foram empregados nos transportes marítimos e terrestres e a partir de 1976, nos transportes aéreos. Mais dois termos foram criados em 1980 com o aparecimento do sistema intermodal de transporte da carga. 
Em 1990, adaptando-se ao intercâmbio informatizado de dados, uma nova versão dos INCOTERMS foi instituída contendo treze termos. 
Está em vigor desde 01.01.2000 o Incoterms 2000, que leva em consideração o recente crescimento das zonas de livre comércio, o aumento de comunicações eletrônicas em transações comerciais e mudanças nas práticas relativas ao transporte de mercadorias. 
Além disso, o Incoterms 2000 oferece uma visão mais simples e mais clara dos 13 Incoterms. Representados por siglas de 3 letras, os termos internacionais de comércio simplificam os contratos de compra e venda internacional, ao contemplarem os direitos e obrigações mínimas do vendedor e do comprador quanto às tarefas adicionais ao processo de elaboração do produto. Por isso, são também denominados "Cláusulas de Preço", pelo fato de cada termo determinar os elementos que compõem o preço da mercadoria, adicionais aos custos de produção. 
Após agregados aos contratos de compra e venda, os Incoterms passam a ter força legal, com seu significado jurídico preciso e efetivamente determinado. Assim, simplificam e agilizam a elaboração das cláusulas dos contratos de compra e venda. 
Definições 
Grupo E 
EXW - Ex Works - a mercadoria é entregue no estabelecimento do vendedor, em local designado. 
O comprador recebe a mercadoria no local de produção (fábrica, plantação, mina, armazém), na data combinada; todas as despesas e riscos cabem ao comprador, desde a retirada no local designado até o destino final; são mínimas as obrigações e responsabilidade do vendedor. 
Grupo F 
FCA - Free Carrier - Franco Transportador ou Livre Transportador. A obrigação do vendedor termina ao entregar a mercadoria, desembaraçada para a exportação, à custódia do transportador nomeado pelo comprador, no local designado; o desembaraço aduaneiro é encargo do vendedor. 
FAS - Free Alongside Ship - Livre no Costado do Navio. A obrigação do vendedor é colocar a mercadoria ao lado do costado do navio no cais do porto de embarque designado ou em embarcações de transbordo. Com o advento do Incoterms 2000, o desembaraço da mercadoria passa a ser de responsabilidade do vendedor, ao contrário da versão anterior quando era de responsabilidade do comprador. 
FOB - Free on Board - Livre a Bordo do Navio. O vendedor, sob sua conta e risco, deve colocar a mercadoria a bordo do navio indicado pelo comprador, no porto de embarque designado. Compete ao vendedor atender as formalidades de exportação; esta fórmula é a mais usada nas exportações brasileiras por via marítima ou aquaviário doméstico. A utilização da cláusula FCA será empregada, no caso de utilizar o transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo. 
Grupo C 
CFR - Cost and Freight -Custo e Frete. As despesas decorrentes da colocação da mercadoria a bordo do navio, o frete até o porto de destino designado e as formalidades de exportação correm por conta do vendedor; os riscos e danos da mercadoria, a partir do momento em que é colocada a bordo do navio, no porto de embarque, são de responsabilidade do comprador, que deverá contratar e pagar o seguro e os gastos com o desembarque. Este termo pode ser utilizado somente para transporte marítimo ou transporte fluvial doméstico. Será utilizado o termo CPT quando o meio de transporte for rodoviário, ferroviário ou aéreo. 
CIF - Cost, Insurance and Freight - Custo, Seguro e Frete. Cláusula universalmente utilizada em que todas despesas, inclusive seguro marítimo e frete, até a chegada da mercadoria no porto de destino designado correm por conta do vendedor; todos os riscos, desde o momento que transpõe a amurada do navio, no porto de embarque, são de responsabilidade do comprador; o comprador recebe a mercadoria no porto de destino e arca com todas despesas, tais como, desembarque, impostos, taxas, direitos aduaneiros. Esta modalidade somente pode ser utilizada para transporte marítimo. Deverá ser utilizado o termo CIP para os casos de transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo. 
CPT - Carriage Paid To - Transporte Pago Até. O vendedor paga o frete até o local do destino indicado; o comprador assume o ônus dos riscos por perdas e danos, a partir do momento em que a transportadora assume a custódia das mercadorias. Este termo pode ser utilizado independentemente da forma de transporte, inclusive multimodal. 
CIP - Carriage and Insurance Paid to - Transporte e Seguro Pagos até. O frete é pago pelo vendedor até o destino convencionado; as responsabilidades são as mesmas indicadas na CPT, acrescidas do pagamento de seguro até o destino; os riscos e danos passam para a responsabilidade do comprador no momento em que o transportador assume a custódia das mercadorias. Este termo pode ser utilizado idependentemente da forma de transporte, inclusive multimodal. 
Grupo D 
DAF - Delivered At Frontier - Entregue na Fonteira. A entrega da mercadoria é feita em um ponto antes da fronteira alfandegária com o país limítrofe desembaraçada para exportação, porém não desembaraçada para importação; a partir desse ponto a responsabilidade por despesas, perdas e danos é do comprador. 
DES - Delivered Ex-Ship - Entregue no Navio. O vendedor coloca a mercadoria, não desembaraçada, a bordo do navio, no porto de destino designado, à disposição do comprador; até chegar ao destino, a responsabilidade por perdas e danos é do vendedor. Este termo somente pode ser utilizado quando tratar-se de transporte marítimo. 
DEQ - Delivered Ex-Quay - Entregue no Cais. O vendedor entrega a mercadoria não desembaraçada ao comprador, no porto de destino designado; a responsabilidade pelas despesas de entrega das mercadorias ao porto de destino e desembarque no cais é do vendedor. Este Incoterm prevê que é de responsabilidade do comprador o desembaraço das mercadorias para importação e o pagamento de todas as formalidades, impostos, taxas e outras despesas relativas à importação, ao contrário dos Incoterms 1990. 
DDU - Delivered Duty Unpaid - Entregues Direitos Não-pagos. Consiste na entrega de mercadorias dentro do país do comprador, descarregadas; os riscos e despesas até a entrega da mercadoria correm por conta do vendedor exceto as decorrentes do pagamento de direitos, impostos e outros encargos decorrentes da importação. 
DDP - Delivered Duty Paid - Entregue Direitos Pagos. O vendedor cumpre os termos de negociação ao tornar a mercadoria disponível no país do importador no local combinado desembaraçada para importação, porém sem o compromisso de efetuar desembarque; o vendedor assume os riscos e custos referentes a impostos e outros encargos até a entrega da mercadoria; este termo representa o máximo de obrigação do vendedor em contraposição ao EXW. 
Tabela de Incoterms
Categorias
	E de Ex (Partida - Mínima obrigação para o exportador) 
	EXW - Ex Works
	Mercadoria entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor. 
	F de Free (Transporte Principal não Pago Pelo Exportador) 
	FCA - Free Carrier
FAS - Free Alongside Ship
FOB - Free on Board
	Mercadoria entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador. 
	C de Cost ou Carriage (Transporte Principal Pago Pelo Exportador)
	CFR - Cost and Freight
CIF - Cost, Insurance and Freight
CPT - Carriage Paid To
CIP - Carriage and Insurance Paid to
	O vendedor contrata o transporte, sem assumir riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. 
	D de Delivery (Chegada - Máxima obrigação para o exportador) 
	DAF - Delivered At Frontier
DES - Delivered Ex-Ship
DEQ - Delivered Ex-Quay
DDU - Delivered Duty Unpaid
DDP - Delivered Duty Paid
	O vendedor se responsabiliza por todos os custos e riscos para colocar a mercadoria no local de destino. 
Acordos de bitributação 
Para os correspondentes provenientes de países com os quais o Brasil mantém Acordos para evitar a bitributação, o tratamento fiscal é aquele pactuado entre o Brasil e o país contratante, com o fim de evitar a dupla tributação internacional da renda, ou o definido na legislação que permita a reciprocidade de tratamento fiscal sobre os ganhos e os impostos em ambos os países. 
A invocação de lei estrangeira que concede reciprocidade deve ser comprovada pelo sujeito passivo. A prova de reciprocidade de tratamento é feita com cópia da lei publicada em órgão da imprensa oficial do país de origem do rendimento, traduzida por tradutor juramentado e autenticada pela representação diplomática do Brasil naquele país, ou mediante declaração desse órgão atestando a reciprocidade de tratamento tributário. 
Para maiores detalhes, consultar o site da Receita Federal (http://www.receita.fazenda.gov.br), no link «legislação», em «Acordos Internacionais». 
Contratos financeiros internacionais 
São os contratos de empréstimos e financiamentos internacionais em que a parte devedora for brasileira sujeitando-se ao regime das Leis n. 4.131/62 (lei dos capitais estrangeiros) e n. 4.390/64, ambas regulamentadas pelo decreto n. 55.762/65. Dependem de aprovação e registro no BACEN, que controla o capital estrangeiro no país. 
Os contratos financeiros internacionais negociados diretamente entre entidade financeira do exterior e a entidade nacional sujeitam-se às regras da primeira, seguindo uma estruturação contratual típica. 
Garantias aos contratos internacionais 
Por várias razões, nem sempre os compradores conseguem crédito junto aos seus fornecedores. Uma forma de viabilizar o negócio será oferecer ao fornecedor o amparo de uma garantia ou um aval bancário, de sorte a assegurar-lhe o pagamento da operação. Tais instrumentos de garantia também podem ser utilizados para dar proteção ao comprador que antecipa um pagamento e deseja assegurar a devolução do dinheiro em caso de não embarque. Ou, simplesmente, deseja assegurar o recebimento de uma indenização no caso de non-performance de um contrato de fornecimento de bens ou serviços. 
AVAL 
É uma obrigação internacional assumida por uma Instituição Financeira, a fim de garantir o pagamento de um título de crédito aceito ou sacado contra o cliente. Assegura ao exportador o pagamento assumido pelo importador, nos prazos e condições negociadas. 
O aval se destina às empresas importadoras que necessitam de aval de um banco nacional como garantia para o financiamento obtido junto ao exportador. 
Este tipo de garantia possui algumas vantagens, como por exemplo, permitir ao importador fazer negócios com empresas exportadoras que não queiram assumir os riscos comerciais. 
O aval pode ser concedido em: 
1. Título de crédito (saque) emitido pelo exportador. 
2. Nota Promissória emitida pelo importador. 
FIANÇA 
É um contrato através do qual o BANCO (neste caso, o fiador) garante ocumprimento da obrigação de seu cliente (o afiançado), junto a um credor em favor do qual a obrigação deve ser cumprida (o beneficiário). 
Existe ainda um tipo de fiança que podem ser emitidas com caráter financeiro por empresas brasileiras a bancos no exterior a fim de que estes concedam crédito a uma subsidiária da empresa. 
STAND BY LETTER OF CREDIT 
É uma carta de crédito que garante o pagamento ao beneficiário, em caso de inadimplência do tomador. É uma garantia internacional em formato livre para diferentes tipos de operações. Pode ser utilizada para dar cobertura à transação comercial ou financeira e que tem como finalidade, usualmente, prevenir uma possível falta de pagamento ou cumprimento do objeto a que a garantia se refere. Essa carta pode ser utilizada para operações sucessivas dentro de seu prazo de validade. 
Podemos dizer de outra forma que é uma ordem dada pelo importador ao seu Banco para que este, perante o Beneficiário (exportador) assuma o compromisso de pagar, aceitar ou negociar um efeito com um determinado montante (valor da mercadoria), desde que o Beneficiário apresente os documentos exigidos, em conformidade com todos os termos definidos nesse compromisso (Carta de Crédito). 
Dirige-se a empresas com atividade exportadora/importadora que necessitem de realizar cobranças ou pagamentos e em que o grau de confiança entre comprador/vendedor seja muito baixo. 
Conhecida como Carta de Crédito ou Crédito Documentário, é muito usual porque oferece maiores garantias tanto ao exportador quanto ao importador por ser uma ordem de pagamento condicional. Ela é emitida por um banco, a pedido do importador em favor do exportador, que somente fará jus ao recebimento se cumprir todas as exigências estipuladas. O exportador tem a garantia de pagamento de dois ou mais bancos e o importador tem a certeza de que só haverá pagamento se suas exigências forem cumpridas. A carta de crédito é uma alternativa para o exportador que não quer assumir os riscos comerciais de uma operação, pois ela confere ao banco a responsabilidade pelo pagamento, mediante o cumprimento dos termos e condições do crédito. Os riscos políticos também podem ser eliminados ou reduzidos, se utilizada uma carta de crédito confirmada. Neste tipo de crédito um outro banco, geralmente fora do país do importador, confirma a garantia dada pelo banqueiro emissor do crédito. Na prática, se o banco emissor não puder pagar por qualquer motivo, inclusive políticos, o banco confirmador pagará em seu nome. 
A carta de crédito pode ser emitida para pagamento à vista ou a prazo. Como se constitui em garantia bancária, acarreta custos adicionais para o importador, que paga taxas e comissões para abertura de crédito, além de contra garantias exigidas pelo banco emissor. Na negociação de crédito deve-se observar o conceito e porte do banco emissor. Existem muitos bancos pequenos e regionais. Os bancos mais tradicionais e de grande patrimônio são considerados de primeira linha. A carta de crédito pode sofrer emendas desde que aceitas por todas as partes envolvidas a saber: banco emissor, banco confirmador, tomador de crédito (importador) e beneficiário (exportador). A CCI definiu normas para emissão e uso de cartas de crédito divulgadas na Publicação 500, denominadas "Regras e usos Uniformes para Créditos Documentários". Essas regras são aceitas em todo mundo. 
Os custos para a abertura de uma carta de crédito variam entre 1% e 4% do valor da carta de crédito. Entretanto, dependendo do banco e do cadastro do cliente, o custo pode ser fixo, independente do valor do crédito aberto, e até mesmo não custar nada. A carta de crédito pode ser transferida a um ou mais beneficiários. Este, porém, não tem o poder de efetuar outra transferência. Para que a transferência seja possível é indispensável que na carta de crédito conste a expressão "transferível". 
Seguro de Crédito à Exportação 
Seguro de Crédito à Exportação, com Garantia da União - SCE - Conforme disposto na Lei nº 11.281, de 20.02.2006, a União poderá, por intermédio do Ministério da Fazenda, conceder garantia da cobertura dos riscos comerciais e dos riscos políticos e extraordinários assumidos em virtude do Seguro de Crédito à Exportação - SCE, e contratar instituição habilitada a operar o SCE para a execução de todos os serviços a ele relacionados, inclusive análise, acompanhamento, gestão das operações de prestação de garantia e de recuperação de créditos sinistrados. 
De acordo com a Portaria MF nº 416, de 16.12.2005, compete à Secretaria de Assuntos Internacionais - SAIN, autorizar a garantia de cobertura do Seguro de Crédito à Exportação, ao amparo do FGE. 
Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação - SBCE - Companhia privada constituída sob a forma de Sociedade anônima, com finalidade de atuar na área de Seguro de Crédito à Exportação, contratada pela União através de licitação, presta serviço de análise de risco das operações de médio e longo prazos, caracterizadas por exportações financiadas com prazos de pagamentos superiores há 2 anos e, em geral, relacionadas a projetos envolvendo bens de capital, estudos e serviços ou contratos com características especiais. 
Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações - COFIG - Colegiado integrante da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX, do Conselho de Governo, com as atribuições de enquadrar e acompanhar as operações do Programa de Financiamento às Exportações - PROEX e do Fundo de Garantia à Exportação - FGE, estabelecendo os parâmetros e condições para concessão de assistência financeira às exportações e de prestação de garantia da União. 
Criado pelo Decreto nº 4.993, de 18.02.2004, o COFIG unifica as atribuições que pertenciam ao Comitê de Crédito às Exportações - CCEx e ao Conselho Diretor do Fundo de Garantia à Exportação - CFGE, com o objetivo de examinar, conjuntamente, as operações de financiamento e garantia para exportação. 
Legislação Básica: 
•	Lei nº 11.281, de 20.02.2006 - Altera a Lei nº 6.704, de 26.10.79, e regula outras questões acerca do Seguro de Crédito à Exportação; 
•	Portaria MF nº 416, de 16.12.2005 - Delega competência ao Secretario de Assuntos Internacionais para autorizar a garantia de cobertura dos ricos comerciais e dos riscos políticos e extraordinários assumidos pela União; 
•	Decreto nº 4.993, de 18.02.2004 - Cria o Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações - COFIG; 
•	Decreto nº 3.937, de 25.09.2001 - Regulamenta a Lei 6.704, de 26.10.1979, que dispõe sobre o Seguro de Crédito à Exportação; 
•	Lei nº 9.818, de 23.08.1999 - Cria o Fundo de Garantia à Exportação - FGE; 
•	Resolução CMN nº 2.532, de 14.08.1998 - Dispõe sobre o Seguro de Crédito à Exportação contratado no país e permite a abertura e a movimentação de conta em moeda estrangeira para empresas autorizadas a operar no referido ramo de seguro; e 
•	Lei nº 6.704, de 26.10.1979 - Dispõe sobre o Seguro de Crédito à Exportação. 
Contrato de Leasing Internacional 
O contrato de leasing consiste em uma operação na qual uma empresa, proprietária de um bem, o cede em locação a outrem por um prazo determinado, recebendo em troca um pagamento. Ao final deste contrato, o arrendatário pode devolver o bem, renovar o contrato ou optar pela compra do bem, mediante o pagamento de um valor residual previsto no contrato. Esta é uma das tradicionais definições para se caracterizar o instituto do leasing, ou contrato de arrendamento mercantil. 
Desta forma, o leasing é um contrato semelhante a uma locação, mas que caracteriza-se fundamentalmente por oferecer ao arrendatário, ao termo final do contrato, a tríplice opção acima exposta, conjuntamente com vantagens tributárias, usufruíveis ao longo do contrato, pelas quais o arrendatário pode contabilizar os custos do arrendamento mercantil como despesas operacionais. Em síntese, é um contrato que permite o financiamento a médio e longo prazo de bens móveis e imóveis, sem que o arrendatário tenha que se descapitalizar. 
Contratos de Câmbio 
No Brasil não é permitidoo livre curso da moeda estrangeira, isto é, as pessoas físicas ou jurídicas só podem comprar ou vender moedas estrangeiras nos estabelecimentos legalmente autorizados pelo Banco Central do Brasil (Bacen). 
Toda a regulamentação do controle cambial exercido pelo BACEN se encontra no Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). 
O ingresso e a saída de moeda estrangeira correspondente ao recebimento das exportações e ao pagamento das importações deve ser efetuado mediante a celebração e liquidação de contrato de câmbio em banco autorizado a operar no mercado de câmbio. 
O Contrato de Câmbio é o instrumento firmado entre o vendedor e o comprador de moedas estrangeiras, no qual se definem as características completas das operações de câmbio e as condições sob as quais se realizam, cujos dados são registrados no Sistema de Informações do Banco Central do Brasil (Sisbacen). 
O contrato pode ser celebrado prévia ou posteriormente ao embarque das mercadorias para o exterior ou a sua chegada no País. 
Na exportação, a liquidação do contrato se dá mediante a entrega da moeda estrangeira ou do documento que a represente ao banco com o qual tenha sido celebrado o contrato de câmbio. O recebimento em moeda nacional decorrente da exportação deve ocorrer mediante crédito do correspondente contravalor em conta titulada pelo comprador ou acolhimento de cheque de emissão do banco, nominativo ao exportador, cruzado e não endossável. 
Na importação, o pagamento deve ser processado em consonância com os dados constantes na DI registrada no Siscomex ou na documentação da operação comercial, no caso de ainda não estar disponível a DI. O contravalor em moeda nacional deve ser levado a débito de conta titulada pelo comprador ou pago com cheque de sua emissão, nominativo ao agente autorizado vendedor, cruzado e não endossável. 
No caso de exportações realizadas por meio de declaração registrada no Siscomex, comum ou simplificada, cujo somatório dos valores dos registros de exportação (RE ou RES) não exceda o limite de US$ 20,000.00, o recebimento pode também ser conduzido mediante utilização de cartão de crédito internacional emitido no exterior ou por meio de vale postal internacional. 
No caso de importações realizadas por meio de Declaração Simplificada de Importação, registrada no Siscomex, o pagamento pode ser conduzido mediante utilização de cartão de crédito internacional emitido no País. 
Adicionalmente, sujeitam-se a registro no Bacen, por meio do módulo Registro de Operação Financeira (ROF) do Sisbacen, todas as importações de mercadorias (inclusive arrendamento mercantil externo ("leasing"), arrendamento simples e aluguel de equipamentos), com prazo de pagamento superior a 360 (trezentos e sessenta) dias e as importações de bens, sem cobertura cambial, destinados à integralização de capital da empresa. 
O registro no ROF de cada operação deve ser providenciado anteriormente ao registro da DI ou DIs a que se refere, mediante declaração do importador no Sisbacen, por meio da Internet ou pela rede Serpro. No sítio na Internet do Bacen encontra-se o RDE-ROF Manual do Declarante, onde podem ser encontradas todas as informações necessárias ao correto preenchimento do ROF.
(TEXTO 2) O CONTRATO INTERNACIONAL
DEFINIÇÃO DE CONTRATO INTERNACIONAL:
 Definir Contrato Internacional não é tarefa simples. A doutrina não apresenta solução muito satisfatória para a questão, e tampouco a legislação conseguiu pôr termo às divergências que a matéria comporta. É prudente ressaltar que na caracterização dos contratos internacionais, formaram-se na doutrina francesa duas correntes: a econômica e a jurídica. Para a corrente econômica seria internacional o contrato que simplesmente permitisse um duplo trânsito de bens ou valores, do país para o exterior e vice-versa.
 No Brasil, prevaleceram os critérios caracterizadores da chamada corrente jurídica, mais abrangente que a primeira, em que a internacionalidade do contrato se verifica quando contenha ele algum "elemento de estraneidade", que pode ser o domicílio das partes, o local da execução de seu objeto ou outro equivalente. Segundo o critério jurídico, defendido por Batiffol, um contrato é internacional quando, pelos atos concernentes à sua conclusão ou execução, ou ainda à situação das partes quanto à sua nacionalidade ou seu domicílio, ou à localização de seu objeto, tem ele liames com mais de um sistema jurídico.
 Na verdade, uma relação jurídica pode estar em contato com mais de um sistema jurídico ou somente com um. Neste último caso, estaremos diante de um contrato nacional; no primeiro, estaremos frente a um contrato internacional.
 Desta forma, podemos dizer que o caráter internacional do contrato só poderá ser verificado mediante uma situação de fato, onde será possível determinarmos a intensidade do elemento estrangeiro na relação jurídica. Além disso, devemos lembrar que existem certos elementos formais que influem decisivamente na identificação do contrato internacional, como a redação, estilo, presença de cláusulas típicas, etc.
 Segundo a legislação brasileira, evidenciada no art. 2 do Decreto- Lei n. 857 de 1969, o contrato internacional será aquele que possuir elementos que permitam vinculá-lo a mais de um sistema jurídico e tiver por objeto uma operação que envolva o duplo fluxo de bens pela fronteira.
 Acredita-se, pois, que um contrato pode caracterizar-se como internacional quando reflete, em sentido amplo, a consequência do intercâmbio entre os Estados e pessoas em diferentes territórios. Logo, embora o MERCOSUL represente a união de vários países do cone sul, todos os contratos realizados por cada Estado- membro com outro País ou entre eles próprios são de natureza internacional.
 Poderíamos dizer que uma diferença fundamental entre um contrato de direito interno e um internacional, é que no último, as cláusulas concernentes quanto à capacidade das partes, objeto e à conclusão relacionam-se com mais de um sistema jurídico.
 Diversos são os elementos que poderão vincular o contrato a Estados diferentes: a vontade das partes, o lugar de execução das obrigações, a nacionalidade, o lugar de conclusão, o domicílio ou a localização do estabelecimento das partes, a moeda utilizada, a procedência ou o destino dos bens ou direitos objeto do contrato.
 Entretanto, as questões mais importantes a serem resolvidas no âmbito do contrato internacional são aquelas relativas à constituição, conteúdo e efeitos das obrigações, através da determinação das leis que regerão os mais diversos aspectos do contrato, mediante diferentes critérios ou elementos de conexão.
 O direito das partes de escolher a lei aplicável, num contrato internacional, além de ser aceito quase que universalmente pelas legislações, é também reconhecido pelos tribunais arbitrais. A escolha de lei aplicável pelas partes, pode ser expressa ou implícita.
 No primeiro caso (escolha expressa), não encontramos maiores dificuldades quanto à intenção das partes. Só encontramos, nessa hipótese, os obstáculos da ordem pública, o controle da internacionalidade do contrato pelo juiz ou a ocorrência de fraude, enquanto elementos impeditivos da eficácia do contrato.
 No segundo caso (escolha implícita), a solução dependerá do país em questão. Nos países onde a manifestação da vontade das partes é regra para a localização de uma convenção e esta for ausente, os tribunais procurarão deduzir de certos aspectos do contrato qual seria esta vontade. Para tanto, adotam uma série de critérios, mas todos contêm suas imperfeições.
A CRIAÇÃO DO CONTRATO INTERNACIONAL:
 A primeira observação a ser feita no tocante à formação do contrato internacional, é a relativa à capacidade das partes. Não podemos analisar a questão da capacidade das partes, em direito internacional, do mesmo modo que fazemos em relação ao direito civil. Assim sendo, nãopodemos excluir as pessoas jurídicas do exame da capacidade num contrato internacional.
 No que diz respeito às pessoas físicas, tem nossa doutrina pátria distinguido entre capacidade de fato e de direito, muito embora o art. 7º da LINDB não o faça. No entanto, é o exame da capacidade das pessoas jurídicas o que mais interessa nos contratos internacionais.
 A capacidade das pessoas jurídicas deverá ser verificada em relação à legislação do país em que a mesma se constituiu, segundo o art. 9º, caput, combinado com o art. 11, ambos da LINDB. Além da verificação da capacidade, feita com base na lei do local de constituição da sociedade contratante, temos ainda que o art. 7º da LINDB impõe a verificação da capacidade da pessoa física com que se trata em nome da empresa.
 No tocante ao contratante, pessoa jurídica desconhecida, outras cautelas deverão ainda ser observadas, em relação ao tratamento que a lei aplicável dispensa ao patrimônio social, à integralização e existência do capital, ao montante dos negócios que o órgão administrativo pode realizar e ao objeto social.
 Todos estes aspectos serão ligados ao direito do local da constituição, segundo a lei brasileira, ou do local principal, ou sede efetiva dos negócios da pessoa jurídica, segundo outras regras conflituais.
 A segunda observação importante quanto à formação do contrato internacional, é relativa à escolha da lei aplicável. Como sabemos, a regra contida na lei brasileira é a "lex loci contractus" - a lei do local de constituição do contrato. Mas ocorre que a lei brasileira não é a que impera universalmente: entre nossos juristas, como exemplo temos Irineu Strenger, que é de opinião de que a soberania da autonomia da vontade na escolha da lei aplicável, sobrepõe- se mesmo à lei do local de constituição.
 A lei do lugar da constituição da obrigação é, hoje, uma fórmula bastante criticada pelos estudiosos do Direito Internacional. O mesmo ocorre com a fórmula proposta por países vizinhos como Argentina, Uruguai e Paraguai, que utilizam em âmbito nacional o local da execução do contrato como critério de determinação da lei aplicável.
 Procura-se, hoje, no mais das vezes, identificar as normas do direito com o qual o contrato mantenha os vínculos mais estreitos, para que as partes possam consagrá-lo. A liberdade de escolha da lei aplicável, faz parte de grande número de tratados que compõe o cenário das relações internacionais.
 Vários países, no entanto, adotam a lei do local de execução - "lex loci executionis", norma esta que a lei brasileira segue nos termos do parágrafo 1 do artigo 9º da LINDB. Adota-se, também, o local de execução para a determinação da competência, como ocorre na lei brasileira (art. 12 da LINDB e art. 88, II, do Código de Processo Civil).
 É preciso atentarmos também, para a questão da ordem pública, visto que a lei que, segundo o elemento de conexão deverá ser a aplicável, não poderá em hipótese alguma, ofender a ordem pública internacional, caso em que a lei estrangeira aplicável será afastada.
 Importante realizarmos alguns comentários sobre a forma dos contratos internacionais, antes de passarmos a examinar as cláusulas mais importantes.
 Com efeito, o contrato, qualquer que seja ele, não deixa de ser um ato jurídico, que deverá, assim, exteriorizar-se através de uma forma determinada, já que a forma, nada mais é do que o modo pelo qual a manifestação de vontade se exibe nas relações sociais e se destina a garantir a legalidade do conteúdo. A lei aplicável é que deverá determinar se a falha formal acarretará ou não a nulidade do contrato.
 O Direito Internacional possui uma variante da cláusula rebus sic stantibus, onde toda e qualquer relação contratual que gera obrigações, pode ser alterada e até extinta quando da arguição das cláusulas de revisão (hardship clause), frequentes nos contratos internacionais e em particular, nos de longa duração, que tem o propósito de prevenir os casos de adversidade, infortúnio, necessidade ou privação (de fatos ou circunstâncias) que as partes possam sofrer.
 A mesma possui, em seu conteúdo dispositivo que aduz da possibilidade de resolução do contrato, por este proporcionar a uma das partes situação danosa e insustentável.
 A doutrina internacional diverge quanto à necessidade de inclusão desta cláusula no instrumento contratual. Parte entende que esta cláusula deveria estar contida no contrato de forma expressa, e outra entende, ainda, que apenas nas hipóteses descritas no instrumento contratual poderia esta ser arguida.
 Uma terceira parte da doutrina acha desnecessária a colocação desta cláusula, pois se deve sempre contar com sua presença implicitamente em quaisquer acordos ou simples convergências de vontades.
 Os contratos de adesão, frequentemente utilizados no comércio internacional nos negócios bancários, de seguros e de importação e exportação, costumam ter formas padronizadas devido a sua "confecção" em série, por isso geralmente há previsão de cláusulas de exclusão (ou de limitação) de responsabilidades.
 É prudente em quaisquer contratos nacionais ou internacionais, fazer a inclusão de fórmulas alternativas amigáveis para a solução de conflitos antes da submissão do litígio a julgamento por árbitros ou juízes, como, por exemplo, a arbitragem.
AS CLÁUSULAS TÍPICAS DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS:
 Além da presença do elemento de conexão, outros fatores identificam os contratos como sendo internacionais, dentre os quais a presença de determinadas cláusulas. São cláusulas relativas à escolha do foro, ao efeito do tempo sobre o contrato, ao risco e à moeda.
 Finalizando, vamos examinar aqui, num primeiro momento, as cláusulas de foro, passando em seguida ao exame das cláusulas arbitrais.
 A Cláusula de Eleição de Foro:
 A problemática da eleição de foro antecede e modifica a escolha da lei aplicável. Tanto a cláusula de foro, quanto a cláusula arbitral tratam da questão do conflito de leis, visando assegurar a aplicação de determinado direito ao contrato e facilitar a solução das pendências que porventura possam surgir entre as partes.
 A cláusula de eleição do foro é comum, mesmo nos contratos de direito interno. Entretanto, nos contratos internacionais, tal cláusula reveste-se de uma importância muito maior, pois é dela que irão decorrer as regras conflituais que indicarão a lei aplicável a uma determinada situação. As cláusulas de eleição de foro nos contratos internacionais são quase sempre aceitas. Isto porque se exige que o foro escolhido tenha alguma relação relevante com o contrato, e que a escolha não configure tentativa de fraude à lei.
 No Brasil, a doutrina e a jurisprudência demoraram para aceitá-las, o que se resolveu com a Súmula 335 do STF, a qual se aplica também aos contratos internacionais entre pessoas físicas ou jurídicas de direito privado:
Súmula 335 STF - É válida a cláusula de eleição do foro para os processos oriundos do contrato.
 O fundamento legislativo da cláusula de eleição de foro é o art. 42 do C.C., o qual permite às partes contratantes "especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes", bem como o art. 846 parágrafo único, onde se lê que "o credor, além do seu domicílio real, poderá designar outro, onde possa também ser citado".
 As cláusulas de eleição de foro são muito úteis, desde que bem escolhidas, o que implica o estudo das normas conflituais e das leis por elas indicadas.
 Cláusulas Arbitrais:
 As cláusulas arbitrais são aquelas que prevêem o recurso a um tribunal arbitral para a solução das possíveis futuras pendências que surjam durante a implementação das normas contratuais. A cláusula arbitral, também chamada de cláusula compromissória, distingue-se docompromisso, sendo este um negócio jurídico de características muito precisas, através do qual as partes deliberam, de modo irretratável, colocar nas mãos de árbitro a solução de um litígio já existente.
TEXTO 3 - CLÁUSULAS ESSENCIAIS DOS CONTRATOS INTERNACIONAIS DE COMPRA E VENDA
1. INTRODUÇÃO
 Os contratos que regulam a importação e exportação de bens são instrumentos complexos: incluem, em um só documento, acordos sobre as condições de venda, transporte, seguro e meios de pagamento (que muitas vezes envolvem serviços financeiros), além de estabelecer a divisão dos ônus por serviços portuários e custos alfandegários, sem esquecer de eventuais obrigações adicionais, tais como a preparação de documentos e licenças governamentais. 
 Como se pode perceber, os contratos de compra e venda internacional regulam a relação das partes sob vários aspectos, e por isso são de extrema importância. Devem, portanto, ser redigidos com cuidado e prudência, a fim de que, na eventualidade de um desentendimento futuro, sirvam como fiel guia da vontade originária das partes, em cada um dos detalhes da negociação. 
 Apesar disso, é comum para micro e pequenas empresas, e até para alguns empreendimentos de porte médio, realizarem negócios de compra e venda internacional sem a proteção de um contrato escrito. Dado o grande número de sub operações que estão envolvidas na importação ou exportação, e às dificuldades inerentes ao comércio exterior (distância, desconhecimento das leis do outro país, incerteza quanto à entrega dos bens), essa prática torna-se altamente desaconselhável. O risco da operação, que poderia ser controlável, torna-se imenso ao admitir-se que a transferência internacional de mercadorias dependa unicamente da memória e boa-fé das partes envolvidas. 
 Visando a contribuir para desmistificar o assunto, e dessa forma estimular a adoção de instrumentos contratuais escritos pelas micro e pequenas empresas, apresentam-se aqui os aspectos principais a considerar quando da redação de um contrato internacional de compra e venda, bem como as principais cláusulas que devem constar do referido instrumento. 
 Apenas para delimitar o tema, e sem pretensões de exaurir o assunto, pode-se definir o contrato internacional como aquele que tem elementos de conexão com mais de um ordenamento jurídico. 
 Nas palavras da Profa. Sandra Yuri Yonekura:
 Para a corrente econômica seria internacional o contrato que simplesmente permitisse um duplo trânsito de bens ou valores, do país para o exterior e vice-versa. No Brasil prevaleceram os critérios caracterizadores da chamada corrente jurídica, mais abrangente que a primeira, em que a internacionalidade do contrato se verifica quando contenha ele algum "elemento de estraneidade", que pode ser o domicílio das partes, o local da execução de seu objeto ou outro equivalente. Segundo o critério jurídico, defendido por Batiffol, um contrato é internacional quando, pelos atos concernentes à sua conclusão ou execução, ou ainda à situação das partes quanto à sua nacionalidade ou seu domicílio, ou à localização de seu objeto, tem ele liames com mais de um sistema jurídico.
 Apesar do conceito exposto, não existe um conceito definitivo e internacionalmente aceito para delimitar, dentre os contratos internacionais, quais se referem especificamente à compra e venda. Todavia, alguns critérios podem ajudar a identificar tais acordos. 
 A convenção das Nações Unidas para Contratos de Venda Internacional de Mercadorias (United Nations Convention on Contracts for International Sale of Goods), conhecida pela sua sigla em inglês, CISG é atualmente um dos principais instrumentos de harmonização do Comércio Internacional. Adotada pelas Nações Unidas em 1980, a Convenção já foi assinada por 59 países, dentre eles os Estados Unidos, Alemanha, França, China, Argentina, Espanha e México, e suas prescrições são largamente utilizadas como orientação por tribunais arbitrais de todo o mundo.
 Segundo a CISG, ficam excluídos do conceito de contratos de compra e venda:
 Artigo 2 
 Essa convenção não se aplica às vendas
 (a) de bens comprados para uso pessoal, familiar ou doméstico, a não ser que o vendedor, a qualquer tempo antes ou no ato da conclusão do contrato, não soubesse nem pudesse saber que os bens foram adquiridos para estes usos;
 (b) por leilão;
 (c) por execução, ou de qualquer outra forma advinda da autoridade da Lei;
 (d) de ações, participações, investimentos, instrumentos negociáveis ou dinheiro;
 (e) de barcos, navios, hovercrafts ou aeronaves;
 (f) de eletricidade.
 Artigo 3 
 Esta convenção não se aplica a contratos em que a parte preponderante da obrigação da parte que fornece os bens consista em fornecer trabalho ou outros serviços
 Como se pode perceber, vários são os casos de transferência de propriedade que não caracterizam, segundo a CISG, uma compra e venda mercantil. Para fins deste artigo, buscar-se-á refinar ainda mais o conceito, visando a abordar unicamente a venda de bens móveis e tangíveis. Excluindo-se, portanto, a venda de direitos, tais como venda de patentes e licenças de uso de software.
2. CLÁUSULAS ESSENCIAIS ENCONTRADAS NAS PROPOSTAS
 Para estudar as principais cláusulas de um contrato de venda internacional, antes é preciso esclarecer que os contratos internacionais não se corporificam unicamente no instrumento final. Em geral, todo o processo de negociação, incluindo as ofertas feitas por escrito, pode ser considerado parte do acordo final. De fato, a oferta comercial é a base do contrato de venda. Ela deve ser firme, clara e sem qualquer ambiguidade. (...) Ela é considerada como uma estimativa na qual se descrevem os termos gerais da venda.
 Ainda, segundo Schmitthoff, um dos principais autores a tratar sobre o Direito do Comércio Internacional: “a importância, para as vendas internacionais, de termos gerais de negócios bem escritos dificilmente pode ser exagerada. O litígio frequentemente pode ser prevenido quando o vendedor está apto a mostrar ao comprador uma cláusula presente por escrito em seus termos gerais de negócios”. 
 É importante salientar que os termos gerais de negócio aos quais o autor se refere nada mais são do que cláusulas comerciais padronizadas, que em última instância irão fazer parte do contrato internacional.
 Ainda segundo o mesmo autor, as principais cláusulas dos termos gerais de compra e venda são:
 1) Cláusula geral: 
 Está cláusula deverá estabelecer que todos os contratos de compra e venda a serem celebrados estarão sujeitos às condições de venda do vendedor.
 2) Cláusula de retenção de título: 
 Esta importante cláusula, de interesse do vendedor, deve estabelecer que a propriedade dos bens só será transferida após o pagamento integral do preço. É usual estabelecer também que o vendedor tenha direito a adentrar o estabelecimento do comprador para retomar os bens, caso o preço não seja pago. Esta cláusula, contudo, deve ser utilizada com parcimônia, pois pode contrastar com outras cláusulas que também regulem a transferência de propriedade dos bens, tais como a definição de Incoterms (ver abaixo), ou mesmo com a legislação do país de destino dos bens. 
 3) Cláusula da escala de preços: 
 Cumpre a função de estabelecer que, antes de firmado o contrato entre as partes, as condições comerciais do vendedor podem oscilar, de acordo com o mercado, ou de acordo com os aumentos nos custos de mão de obra e matéria-prima. 
 4) Cláusula sobre juros: 
 Esta cláusula visa a determinar qual será a taxa de juros aplicável aos atrasos de pagamento. Em geral adota-se a taxa LIBOR (London Interbank Offered Rate), ou alguma taxa nela referenciada. Ex: 3 pontos acima da LIBOR. 
 5) Cláusula de Force Majeure:Usualmente retratada em sua forma francesa, essa cláusula trata dos casos de não cumprimento do contrato devido a fatos de Força Maior. Aqui, as partes devem decidir se eventos extraordinários estarão aptos a gerar suspensão, execução parcial ou mesmo descontinuidade do contrato.
 6) Cláusula de escolha da lei aplicável: 
 Ponto vital nos contratos internacionais é a escolha da Lei Aplicável. O uso de expressões vagas como "Direito Internacional" ou "Costumes do Comércio" em geral não traz bons resultados. No caso de opções vagas ou inexistentes, o contrato será submetido às legislações de Direito Internacional Privado dos dois países, que deverão indicar, com base em vários elementos de conexão, qual a lei aplicável ao caso. 
 Para evitar a incerteza, é recomendável que as partes escolham desde logo qual Lei regerá o contrato. Não se deve confundir, nesse caso, Lei e foro. Dependendo do caso, os litígios advindos de um contrato podem ser julgados em um país, segundo a lei de outro. Da mesma forma, no caso de adoção da arbitragem, os litígios podem ser julgados de acordo com leis diferentes das dos países envolvidos. Por exemplo: Um contrato entre um importador Brasileiro e um exportador Belga, que pode ser julgado segundo o Direito Comercial dos Estados Unidos. 
 Em geral, costuma-se recomendar a escolha da legislação do país da parte que cumpre a "obrigação característica do contrato". No caso do contrato de compra e venda, em geral a lei do país do produtor ou vendedor. Embora essa generalização aceite várias exceções, o princípio que a norteia é o seguinte: É mais fácil para o vendedor assegurar o recebimento do pagamento, principalmente através de meios de cobrança documentária, ou do recebimento antecipado, do que para o comprador conseguir reparação por produtos danificados, ou por quebras contratuais, tais como a quebra de exclusividade. Adotando-se a lei do país do produtor ou vendedor, aumentam as chances de se conseguir um provimento jurisdicional que o obrigue a cumprir o contrato, ou a pagar eventuais indenizações devidas. Mesmo porque os bens do vendedor estão, em muitos casos, no seu país de origem. 
 7) Cláusula de arbitragem.
 A arbitragem é uma forma de solução de conflitos que busca compor os interesses das partes sem necessidade de acesso à justiça estatal, exceto na fase de execução da decisão. 
 Grande parte dos países tem leis próprias regulando a arbitragem, e aceitam as decisões arbitrais como verdadeiras sentenças judiciais, executáveis e irrecorríveis.
 Ao se adotar uma cláusula arbitral, é importante criar uma cláusula "Cheia". Isto é, uma cláusula que indique, antecipadamente, qual órgão presidirá a arbitragem, qual será a lei aplicável, quantos árbitros comporão o painel, onde ocorrerá a arbitragem, e quais serão as regras procedimentais adotadas. 
 Caso a cláusula arbitral seja "Vazia", ou seja, não indique o número de árbitros, a instituição arbitral e tão pouco a lei aplicável, corre-se o risco de ter de recorrer à justiça estatal para definir estas lacunas, antes mesmo de iniciar a arbitragem. 
 As mais importantes câmaras arbitrais do mundo guiam-se por dois regulamentos básicos: as regras da Câmara Internacional de Comércio, de Paris, e a Lei Modelo de Arbitragem Comercial Internacional, publicada pela Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional (UNCITRAL Model Law on International Commercial Arbitration). Ambas são regras modernas, que buscam conceder celeridade e confiabilidade ao procedimento arbitral. Recomenda-se, portanto, adotar uma das duas alternativas, de modo a diminuir os riscos da arbitragem. 
 A arbitragem é um assunto amplo, e merece ser avaliada quanto a vários fatores. Muitas vezes, o local de emissão do laudo arbitral pode influenciar nos requisitos para reconhecimento da sentença pelo país de destino, para citar apenas uma variável. Assim, é importante buscar um profissional que possa orientar qual a opção mais segura para o importador/exportador. 
3. CLÁUSULAS ESSENCIAIS ENCONTRADAS NO INSTRUMENTO CONTRATUAL
 Superados os termos gerais de negócios (que podem ou não estar presentes no início da negociação, mas que certamente integrarão o contrato em algum momento), chega a hora de analisar outras disposições essenciais para o bom andamento da relação contratual entre as partes, e para a segurança da relação comercial. É o que se faz a seguir.
 8) Preço e Forma de Entrega (Incoterms)
 Nos contratos internacionais, o preço e a forma de entrega em geral não se dissociam, pois a prática do comércio internacional levou a uma padronização dos procedimentos de entrega das mercadorias. 
 Nesse sentido, a Câmara Internacional de Comércio de Paris elaborou uma lista de termos comerciais padrão, denominados Incoterms, que são largamente utilizados no comércio internacional. 
 Na prática, o uso de um Incoterm significa a inclusão de uma cláusula contratual complexa, que estabelecerá as obrigações do comprador e do vendedor quanto a vários pontos, dentre eles responsabilidades pela perda da mercadoria, momento de transferência da propriedade, responsabilidade por arranjar o frete, seguro e documentação, entre outras. 
 Assim, a título de exemplo, tem-se que o Incoterm FOB (Free on Board, livremente traduzido como "Livre à bordo) determina que os produtos serão considerados entregues pelo vendedor quando cruzarem a amurada do navio que os transportará. A responsabilidade de pagar o frete e o seguro recairá sobre o comprador. 
 A escolha correta do Incoterm também é importante para a definição do preço. Em geral, os preços são oferecidos de acordo com um Incoterm e um local de entrega específicos. Por exemplo, U$100.00, FOB – Porto de Rotterdam. 
 É intuitivo que, quanto maiores as responsabilidades do vendedor, maior será o preço. No caso acima, caso o vendedor tivesse que contratar também o frete e o seguro da mercadoria (o que corresponderia ao Incoterm CIF – Cost, Insurance and Freight, Custo Seguro e Frete), o preço poderia alcançar U$150.00, CIF – Porto de Santos (nesse caso, o porto indicado seria o de destino). 
 Por fim, é importante notar que o Incoterm acaba por determinar também a forma de transporte das mercadorias, já que existem termos específicos para cada modalidade de transporte. (A lista completa pode ser encontrada no site da Câmara Internacional de Comércio: www.iccwbo.org)
 9) Forma de Pagamento
 A forma de pagamento deve estar claramente disposta no contrato. Em geral, os meios mais utilizados são a transferência bancária direta (T/T remittance ou Bank Transfer), a Remessa Direta de Documentos, a Cobrança Documentária e a Carta de Crédito. Esta última a mais segura, mas também a mais burocrática. 
 Em cada uma das formas de pagamento, é importante indicar quais documentos serão exigidos para comprovar o embarque das mercadorias ou o pagamento antecipado. Esta exortação é válida principalmente para as Cartas de Crédito, uma vez que as exigências documentais para sua aceitação pelos bancos costumam ser extremamente rígidas. 
 Em caso de pagamentos parcelados, o prazo, bem como a forma de contagem do prazo, devem ser indicados. 
 10) Prazo de Entrega e de Recebimento
 Este é um ponto facilmente negligenciado, mas que pode gerar complicações de difícil reparação.
 O cumprimento dos prazos de entrega da mercadoria pelo vendedor, e de recebimento da mercadoria pelo comprador, são considerados indicadores fundamentais da boa execução dos contratos pela CISG. 
 Em termos práticos, isso significa que um contrato pode ser declarado não cumprido caso o comprador deixe de tomar posse das mercadorias no prazo acordado, ainda que o preço esteja pago, e as mercadorias já no país de destino. Da mesma forma, bens perfeitamente dentro das especificaçõespodem ser rejeitados pelo comprador, se entregues com um dia de atraso.
 Portanto, ao estipular os prazos máximos de entrega e recebimento, convém utilizar toda a prudência, e preparar-se contra imprevistos. 
 Algumas outras cláusulas típicas dos contratos internacionais são indicadas por José Maria Rossani Carcez, em sua obra "Contratos Internacionais Comerciais". São elas:
 11) Cláusula de escolha da língua do contrato 
 Essa cláusula visa a evitar mal entendidos advindos de erros de tradução, principalmente quando os contratos são concluídos em duas ou mais línguas. 
 12) Cláusula atributiva de jurisdição 
 Complementando a Cláusula de escolha da lei aplicável, a cláusula atributiva de jurisdição visa a indicar qual país terá competência para julgar litígios advindos do contrato. Pode também ser utilizada para indicar, dentro daquele país, qual unidade administrativa terá jurisdição sobre o litígio. É o caso de indicar que os litígios seriam julgados em Londres, e não "na Inglaterra". 
 13) Cláusula de rescisão
 Ainda segundo José Maria Garcez:
 Na maioria dos contratos costuma-se inserir cláusulas que prevêem a possibilidade de rescisão unilateral dos pactos, seja em caráter normal, sem depender de qualquer circunstância, nos casos de contratos por prazo indeterminado (...) seja em virtude da ocorrência de eventos como a insolvência de uma das partes ou o descumprimento por elas das obrigações contratuais. 
 De fato, a inserção de cláusulas que regulem a rescisão contratual facilita em muito o processo de desfazimento do vínculo contratual, sobretudo quanto regula, desde logo, quais são os deveres residuais das partes.
 14) Confidencialidade
 Geralmente adotada através de cláusulas padronizadas, os acordos de confidencialidade visam a proteger as partes da publicação de informações técnicas, administrativas ou mercadológicas que sejam de seu interesse, e que venha a ser transmitidas à outra parte durante o decurso da relação contratual. 
 15) Hardship clauses
 Traduzidas como cláusulas de adversidade ou infortúnio, visam regular modificações nas responsabilidades das partes, devido a mudanças nos ambientes institucional, político, comercial ou legal do contrato.
 Diferentemente das cláusulas de força maior, que cuidam da impossibilidade total ou parcial de cumprimento do contrato, as cláusulas hardship regulam as situações em que o cumprimento é possível, mas em que a manutenção dos termos do contrato se torna excessivamente onerosa para uma ou ambas as partes. 
 Sua adoção é recomendada principalmente nos contratos de execução continuada, tais como os contratos de fornecimento contínuo de matéria-prima. 
 16) Cláusula Penal e garantias
 Muitas vezes, é mais viável para as partes receber uma pequena indenização em decorrência de uma falha da outra, do que terminar o contrato. 
 Por outro lado, muitas vezes o estabelecimento de multas contratuais pesadas de nada vale, caso não existam garantias de recebimento.
 É com essas preocupações em mente que os contratos internacionais geralmente trazem um par de cláusulas, denominadas Cláusula Penal e Cláusula de Garantia. 
 A primeira, nas palavras do mestre Irineu Strenger: é de extrema eficácia, por conduzir à sanção, os comportamentos incondizentes com os ajustes contratuais, que, exemplificativamente, podem ser elencados entre a mora na execução, inexecução das garantias de rendimento ou de qualidade, falhas no fornecimento, inexecução de obrigação de compra, inexecução por parte do transmitente de licença e de suas obrigações, relativas à defesa de patentes, ou ainda inexecução das obrigações de não fazer. (...) além disso, esta cláusula desempenha papel que está longe de ser simples, pois pode ser associada, paradoxalmente, a um mecanismo de recompensa à diligencia do empresário, ou ainda, ao inverso, desde que seja legalmente possível, responder a preocupação de limitação da responsabilidade. 
 A segunda revela seu valor quando a relação contratual torna-se irrecuperável, e é necessário garantir-se contra futuras perdas. Sua adoção deve ser condizente com a lei onde se encontram os bens que servirão de garantia. Deve-se, ainda, verificar quais tipos de bens podem ser hipotecados ou penhorados de acordo com a lei local, ou corre-se o risco de adotar uma falsa garantia, que não poderá ser executada. 
 17) Formas de comunicação válidas 
 Muitos adotam esta cláusula para estabelecer que comunicações por fax e e-mail serão plenamente válidas, inclusive para gerar alterações no contrato. Outros a utilizam de maneira inversa, restringindo a comunicação formal entre as partes a cartas registradas, com confirmação de recebimento. 
 Tais previsões são muito importantes caso se queira assegurar uma maior rigidez nas comunicações, já que, segundo a CISG, comunicações por e-mail são, por definição, plenamente aceitáveis para gerar obrigações entre as partes. 
4. CONCLUSÃO
 A lista apresentada na verdade representa pouco mais que os termos básicos de um contrato internacional. Os contratos reais devem sempre ser permeados pelas características do caso. Não se deve esquecer que existem infindáveis outros arranjos contratuais que podem vir a integrar um acordo internacional, a fim de espelhar a riqueza de alternativas criadas pela realidade dinâmica do comércio internacional, e que a melhor solução será sempre a que se adequar às circunstâncias e desejos das partes no caso concreto. 
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OBS. Cláusula Calvo: cláusula segundo a qual os estrangeiros renunciam à possibilidade de solicitar a proteção diplomática de seus estados de origem, aceitando os foros locais como os únicos competentes para apreciar reclamações contra atos estatais. Normalmente consta de contratos que envolvem governos (de um lado) e pessoas físicas ou jurídicas estrangeiras (na extremidade oposta da relação contratual), sendo muito criticada por significar uma renúncia a direito que não pertence ao contratante (pessoa física ou jurídica), mas sim ao Estado, único ente capaz de conferir a proteção diplomática (que é ato discricionário fundamentado no Direito interno do concedente), inclusive independentemente de pedido do interessado (de ofício).
Sobre o tema “proteção diplomática”, apesar de alheio ao objeto deste ponto, mostra-se relevante a transcrição da síntese extraída do material didático do curso FMB – Intensivo Federal 2010, apenas para uma melhor compreensão da cláusula supracitada:
“Proteção diplomática. A proteção diplomática representa um instituto através do qual o Estado, no âmbito internacional, assume certa lesão sofrida por um seu nacional como se contra ele (Estado) tivesse sido praticado. Passa, assim, a demandar contra o agressor, em nome próprio. A proteção diplomática é assegurada por meio do denominado endosso, que representa um ato discricionário do Estado, pelo que não é obrigatória a sua concessão. 
São duas as condições para a concessão do endosso: 1) A nacionalidade – o beneficiário do endosso deve ser nacional do Estado que o concede. Obs.: O endosso pode ser concedido tanto em favor de particular, quanto de empresa; o endosso não pode ser concedido em favor de quem tenha dupla nacionalidade, quando a outra nacionalidade seja do Estado agressor. 2) Esgotamento dos recursos internos do Estado agressor - antes de requerer o endosso, o particular ou empresa deve esgotar todos os recursos administrativos ou judiciais internos do Estado agressor. Obs.: No caso do apátrida, poderá ele valer-se da proteção diplomática do Estado que o acolheu, por conta do princípio humanitário. 
Efeitos decorrentes da concessão do endosso: Concedido o endosso, haverá a transformação de uma reclamação particular em uma reclamação do próprio Estado, que passaráa litigar em seu próprio nome.”
 
JULGADOS
(CONTRATO FIRMADO PELA ITAIPU BINACIONAL) LEI 9.307/96 – LEI DE ARBITRAGEM. APLICAÇÃO IMEDIATA. CONTRATO CELEBRADO ANTES DE SUA VIGÊNCIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. CLÁUSULA CONTRATUAL DE ARBITRAGEM. 1. A Corte Especial deste STJ, por ocasião do julgamento da Sentença Estrangeira 349/EX, de relatoria da Min. ELIANA CALMON (DJ 21/5/07), pacificou entendimento no sentido de que as disposições contidas na Lei 9.307/96 têm incidência imediata nos contratos em que estiver incluída cláusula arbitral, inclusive naqueles celebrados anteriormente à sua vigência, ante a natureza processual da referida norma. 2. Colhe-se do voto condutor da Min. NANCY ANDRIGHI no REsp 712.566/RJ, que : "... com a alteração do art. 267, VII, do CPC pela Lei de Arbitragem, a pactuação tanto do compromisso como da cláusula arbitral passou a ser considerada hipótese de extinção do processo sem julgamento do mérito". Assim, "impõe-se a extinção do processo sem julgamento do mérito se, quando invocada a existência de cláusula arbitral, já vigorava a Lei de Arbitragem, ainda que o contrato tenha sido celebrado em data anterior à sua vigência, pois, as normas processuais têm aplicação imediata". Ademais, "pelo Protocolo de Genebra de 1923, subscrito pelo Brasil, a eleição de compromisso ou cláusula arbitral imprime às partes contratantes a obrigação de submeter eventuais conflitos à arbitragem, ficando afastada a solução judicial. Nos contratos internacionais, devem prevalecer os princípios gerais de direito internacional em detrimento da normatização específica de cada país, o que justifica a análise da cláusula arbitral sob a ótica do Protocolo de Genebra de 1923". (...) (RESP 200700500908, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:20/10/2010.)
CARTA DE CRÉDITO DOCUMENTÁRIO. Análise das regras específicas relacionadas a tal forma de crédito. 'Brochura 500' da Câmara de Comércio Internacional. Limitação da responsabilidade do banco confirmador à análise formal dos documentos requeridos para o pagamento ao exportador. Prevalência da interpretação que confere maior segurança às operações internacionais. - O crédito documentário é utilizado em operações internacionais de comércio. Além da relação entre o importador e o exportador, envolve uma instituição financeira que garante o pagamento do contrato por intermédio de uma carta de crédito. Na prática, o banco emitente da carta de crédito é procurado por um cliente com o objetivo de efetuar o pagamento a um terceiro, beneficiário, ou, ainda, autorizar outro banco a fazer o pagamento ou a negociar. Precedente. - Como importante instrumento de fomento às operações internacionais de comércio, ao crédito documentário costuma-se atribuir as qualidades relativas à irrevogabilidade e à autonomia. Assim, uma eventual mudança posterior de idéia do tomador do crédito (importador) quanto à realização do negócio é irrelevante, pois, para que o banco confirmador honre seu compromisso perante o exportador, basta que este tenha cumprido os requisitos formais exigidos anteriormente pelo importador, salientando-se, ainda, que o banco sequer participa do contrato de compra e venda. - Na presente hipótese, o importador condicionou o pagamento à apresentação, pelo exportador, do boleto de embarque da mercadoria, a ser realizado antes de determinada data. A data do embarque, assim, foi erigida a requisito formal, a ser verificado antes do pagamento. Ocorre que, segundo o importador, o exportador apresentou um certificado de embarque ideologicamente falso, pois inverídica a data ali inserida. Em conseqüência, sustenta o importador que o pagamento foi indevido. - Nos termos da doutrina que trata dessa operação mercantil, a análise a ser realizada pelo banco, no sentido de verificar se está presente o dever de pagar ao importador, é limitada ao aspecto formal dos documentos exigidos. Em uma análise estrita, o certificado de embarque apresentado não contém nenhum vício aparente. A alegada falsidade na aposição de data pretérita não se confunde com algum defeito formal perceptível de plano. - O pretendido dever de não honrar a carta de crédito, na presente hipótese, significa atribuir ao banco a obrigação de realizar um verdadeiro juízo de valor sobre documento formalmente autêntico, de modo a desconsiderar seu aspecto formal exterior, privilegiar elementos fáticos que lhe são externos e concluir, em uma investigação em última instância verdadeiramente policial, que houve a prática de um ilícito grave. (RESP 200602101994, NANCY ANDRIGHI, STJ - TERCEIRA TURMA, DJE DATA:05/03/2008.)
LEASING INTERNACIONAL (...) O Órgão Pleno do Supremo Tribunal Federal ao examinar violação à alínea "a" do inciso IX do § 2º do artigo 155 da Constituição, com a redação dada pela EC 33/01, decidiu que "O disposto no art. 3º, inciso VIII, da Lei Complementar nº 87/96 aplica-se exclusivamente às operações internas de leasing" (RE 206.069/SP, Relatora Ministra Ellen Gracie, sessão de 1.9.2005). 4. No julgamento do RE 461.968/SP, da relatoria do Ministro Eros Grau, sessão de 30.5.2007, o Órgão Pleno da Corte Constitucional declarou não incidir ICMS sobre importação de aeronaves, peças e equipamentos decorrentes de contrato de leasing internacional acordado entre fabricante estrangeira de aeronaves e empresa aérea nacional. 5. A Primeira Seção desta Corte Superior no julgamento do EREsp 783.814/RJ, da relatoria do Ministro Herman Benjamin, sessão de 28.11.2007, decidiu por adotar os seguintes entendimentos acerca do leasing internacional: i) deve incidir ICMS quando o bem for destinado ao ativo fixo; ii) não deve incidir o ICMS no caso de leasing de aeronaves, equipamentos e peças adquiridos por empresas de transporte aéreo. (AGRESP 201001434960, BENEDITO GONÇALVES, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:05/11/2010.)
	1 - SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA. LEGITIMIDADE ATIVA. INTERESSE. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. MÉRITO DA DECISÃO ARBITRAL. ANÁLISE NO STJ. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO À ORDEM PÚBLICA.
1. O pedido de homologação pode ser proposto por qualquer pessoa interessada nos efeitos da sentença estrangeira. 
2. O mérito da sentença estrangeira não pode ser apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, pois o ato homologatório restringe-se à análise dos seus requisitos formais. Precedentes.
4. O pedido de homologação merece deferimento, uma vez que, a par da ausência de ofensa à ordem pública, reúne os requisitos essenciais e necessários a este desideratum, previstos na Resolução nº 9/2005 do Superior Tribunal de Justiça e dos artigos 38 e 39 da Lei 9.307/96. (SEC 3035/FR 2008/0044435-0, STJ, Corte Especial, Rel. Min. Fernando Gonçalves, DJE 31/08/2009) 
Comentários: Trata-se de uma hipótese em que ocorreu contrato de compra e venda em país estrangeiro. Surgida a lide acerca de cláusulas contratuais, as partes submeteram o litígio ao árbitro. Foi preferida uma sentença arbitral no país designado no contrato de compra e venda. O contrato teve aplicação no Brasil. A sentença arbitral estrangeira foi submetida a homologação pelo STJ. Pronunciou-se este Tribunal no sentido de que o mérito da sentença estrangeira não pode ser objeto de apreciação, pois o ato homologatório está restrito à análise dos aspectos formais. 
	
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. UNIVERSIDADE FEDERAL. REVALIDAÇÃO E REGISTRO DE DIPLOMA ESTRANGEIRO. AÇÃO ORDINÁRIA FUNDADA EM CONVENÇÃO E ACORDO INTERNACIONAIS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM. 
1. A causa fundada em Convenção e Acordo Internacionais encontra-se inserida no rol de exceções da regra que disciplina a competência do Juizado Especial Federal (art. 3º, § 1º, I, da Lei nº 10.259/01). 
2. De acordo com o art. 109, III, da Constituição da República, "as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional" são da competência da Justiça Federal.
3. É competente a Justiça Federal Comum para a análise da ação ordinária que busca a revalidação e registro de diploma estrangeiro, com baseem Convenção e Acordo Internacionais, como se deduz do exame conjunto dos arts. 3º da Lei nº 10.259/01 e 109, da CF.
4. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara da Seção Judiciária do Estado do Maranhão, ora suscitado. (CC 104102 / MA
2009/0047402-8, STJ, 2009)
	
SENTENÇA ESTRANGEIRA. JUÍZO ARBITRAL. CONTRATO INTERNACIONAL FIRMADO COM CLÁUSULA ARBITRAL. CONTRATO INADIMPLIDO. LEI 9.307/96 (LEI DE ARBITRAGEM), ARTS. 38, III E 39, PARÁGRAFO ÚNICO. SENTENÇA HOMOLOGADA.
1. Contrato internacional de fornecimento de algodão firmado entre agricultor brasileiro e empresa francesa, com cláusula arbitral expressa. Procedimento arbitral instaurado ante o inadimplemento do contrato pela parte brasileira.
2. Nos termos do art. 39, parágrafo único, da Lei de Arbitragem, é descabida a alegação, in casu, de necessidade de citação por meio de carta rogatória ou de ausência de citação, ante a comprovação de que o requerido foi comunicado acerca do início do procedimento de arbitragem, bem como dos atos ali realizados, tanto por meio das empresas de serviços de courier, como também via correio eletrônico e fax.
3. O requerido não se desincumbiu do ônus constante no art. 38, III, da mesma lei, qual seja, a comprovação de que não fora notificado do procedimento de arbitragem ou que tenha sido violado o princípio do contraditório, impossibilitando sua ampla defesa. 
4. Doutrina e precedentes da Corte Especial.
5. Sentença arbitral homologada. (SEC 3660 / GB 08/0218282-4, STJ, Corte Especial, 2009)
Comentários: O ponto central deste julgado diz respeito à aceitação plena por parte do STJ das sentenças arbitrais celebradas em países estrangeiros. Vê-se que o caso envolvia uma empresa francesa e um agricultor brasileiro. Conforme jurisprudência pacificada na corte Superior não há necessidade da expedição de carta rogatória para citação de pessoa domiciliada no Brasil para fins de cumprimento do disposto na sentença arbitral prolatada no exterior.
Saliento que ante da previsão expressa de que o litígio seria submetido a um juízo arbitral situado na Inglaterra, descabe a aplicação do disposto no art. 9º, da LINDB. 
- A título exclusivamente de debate, trago à baila os contornos traçados pelo art. 9º da LINDB. Dispõe o art. 9º em epígrafe: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.” 
Analisemos a hipótese do contrato ter sido firmado no Brasil e não existisse a fixação de que o possível litígio seria submetido a um árbitro no estrangeiro:
- caberia a justiça brasileira a competência direta para julgamento da lide em todos os seus contornos, inclusive com análise dos elementos extrínsecos e intrínsecos do contrato celebrado. Do ponto de vista processual haveria competência da justiça brasileira para conhecer do tema, com fulcro no art. 88, I, do CPC. Nesta hipótese, teríamos a competência da Justiça Estadual, eis que não haveria cumprimento de convenção ou tratado firmado pelo Brasil a atrair a competência da Justiça Federal, mas relação exclusivamente privada. 
	TRIBUTÁRIO. TRANSPORTE INTERNACIONAL DE CARGAS E PASSAGEIROS. PIS. ISENÇÃO. LEIS NOS 9.004/95 E 9.715/95. CONTRATO. EMPRESA DOMICILIADA NO EXTERIOR. EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS.
1. De acordo com a redação do caput do art. 4º da Lei nº 9.715/98, as hipóteses de isenção então instituídas encontravam-se atreladas à norma contida na Lei nº 9.004/95, a qual se destinava essencialmente a desonerar as operações de exportação.
2. Se o próprio caput do art. 4º da Lei nº 9.715/98 determinou expressamente que as isenções concedidas deveriam observar os preceitos da Lei nº 9.004/95, torna-se inarredável a conclusão de que a "exportação" constitui elemento indispensável para se afastar a incidência do PIS sobre operações que envolvam transporte internacional de cargas e passageiros.
3. A inovação legal objetivava estimular a exportação de serviços, facilitando a contratação do transporte internacional por empresa tomadora domiciliada no estrangeiro, não se mostrando admissível que o comando legal seja desvirtuado para contemplar as receitas decorrentes de avenças de frete para o exterior pactuadas apenas entre residentes no país. (REsp 824176 / PR 2006/0043421-8, STJ, 2009)
Comentários: Para fins tributários não interessa o contexto previsto no art. 9º da LINDB.
	
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO PROPOSTA NO ESTRANGEIRO PARA CONVERTER EM DIVÓRCIO A SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL OCORRIDA NO BRASIL. CITAÇÃO DA REQUERIDA NÃO-COMPROVADA. INDEFERIMENTO DA HOMOLOGAÇÃO.
1. A competência do juízo decorre, geralmente, do domicílio das partes ou de sua submissão ao foro eleito. No caso dos autos, além de o requerente e a requerida serem domiciliados no Brasil, a exceção declinatória do foro, por ela oferecida, indica sua negativa de submissão à jurisdição concorrente. 2. Para homologação de sentença estrangeira proferida em processo judicial proposto contra pessoa residente no Brasil, é imprescindível que tenha havido a sua regular citação por meio de carta rogatória ou se verifique legalmente a ocorrência de revelia. 
3."Ainda que a citação assim tivesse sido procedida, viciada estaria a competência do juízo alienígeno pela expressa recusa da pessoa citanda de se submeter àquela jurisdição, nos termos da jurisprudência uniforme da Corte". Precedentes do STF.
4. A competência para conversão da separação judicial é exclusiva do juiz brasileiro, conforme inteligência do art. 7º da LINDB, segundo o qual a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre os direitos de família. (STJ, 2009)
Comentários: Existe posição consolidada do STJ e do STF (quando tinha competência para homologação de sentença estrangeira) de que é elemento primordial para a validade da sentença estrangeira a citação por carta rogatória da pessoa domiciliada no Brasil, em tema de divórcio pedido no estrangeiro.
DIREITO EMPRESARIAL – Propriedade Industrial. Noções Gerais. Regime Jurídico. Invenção. Desenho Industrial. Modelo de Utilidade. Marca. 
PROPRIEDADE INDUSTRIAL. NOÇÕES GERAIS. REGIME JURÍDICO. 
A propriedade intelectual (conjunto de direitos resultantes da atividade intelectual e criativa do ser humano) é formada pela propriedade industrial e pela propriedade autoral. Essas duas categorias juntas formam a propriedade intelectual. 
A propriedade autoral não é tratada pelo direito comercial, mas civil. Vários bens que não estão rotulados na propriedade industrial possuem relevância para o empresário. Exemplo: programas de computadores (softwares) são regidos pelo direito autoral. Art. 2º da Lei 9.609/98: “o regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País”.
Propriedade Industrial x Direito Autoral
Diferenciam-se em dois aspectos: 
1. Origem:
	PROPRIEDADE INDUSTRIAL
	DIREITOS AUTORAIS
	Decorre de ato administrativo (INPI)
	Decorre da própria criação
	Natureza constitutiva
	Natureza declaratória
	Quem pedir primeiro será titular do registro
	O registro serve de prova de anterioridade, podendo ser modificado.
2. Extensão da tutela:
	Protege a idéia inventiva
	Protege a forma exterior
André Luiz Santa Cruz Ramos: “o direito autoral protege a obra em si, enquanto o direito de propriedade industrial protege uma técnica”.
Os direitos da propriedade intelectual não integram a categoria dos direitos reais, tampouco àquela referente aos direitos pessoais. São, na verdade, direitos de cunho intelectual que realizam a proteção de vínculos (pessoais e patrimoniais) do autor ou do empresário com sua obra ou criação, de índole especial, sui generis, a justificar uma disciplina normativa específica. São obras intelectuais as criações do espírito expressas por qualquer meio (tangível ou não). A palavra propriedade empregada para abranger as situações de titularidade de direitos patrimoniais referentes

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