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JUS POSTULANDI NO JUIZADO ESPECIAL

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TÍTULO: Juizados Especiais e isonomia: incompatibilidades teóricas do jus postulandi sob a ótica da processualidade democrática.
Disciplina: Processo Civil
Aluna: Clarissa Tristão Lima
Orientador: Francisco Rabelo Dourado de Andrade
Banca Examinadora: Luis Gustavo Reis Mundim e Virgília Gomes Fantini
Resumo
O presente estudo tem por objetivo analisar de forma crítica e fundamentada o instituto do jus postulandi presente nos Juizados Especiais e sua influência no Estado democrático de direito, sem exaurir o tema, porém emergido parecer a respeito da polêmica auto representação instituída pela Lei 9.099/95. A partir dos preceitos fundamentais que regem o rito sumaríssimo, e considerando primordialmente a isonomia processual, verificou-se a necessidade de estudo do presente trabalho, que foi elaborado a partir de vivências profissionais no Juizado Especial Cível, no âmbito consumerista. Concluiu-se então a efetiva necessidade do advogado á administração correta da justiça, a fim de alcançar uma processualidade democrática.
Introdução
Dentre as diversas finalidades indagadas através da criação da Lei 9.099/95, persevera o acesso à jurisdição, essencialmente àqueles pertencentes à parcela menos favorecida economicamente da sociedade, ou mesmo causas antes reprimidas por serem de menor valor econômico. Dessa forma, foram criados meios a fim de se alcançar tal jurisdição, dentre eles o instituto do jus postulandi.
A auto-representação na propositura de ação judicial, concedida pelo referido instituto do jus postulandi têm o objetivo de tornar o processo menos dispendioso, e abrange causas de valor até 20 salários mínimos. Contudo, surge uma polêmica vez que contraria o dispositivo constitucional que estabelece o advogado como essencial à administração da Justiça, bem como antagônica á democratização do processo. 
Além disso, a busca incessante do acesso à jurisdição, atinente á criação dos Juizados Especiais Cíveis, resulta em uma celeridade destrutiva, que aflige muitas vezes os direitos dos litigantes, suprimindo meios de prova e viabilidades recursais, ocasionando então numa eventual ruptura da teoria da processualidade democrática.
Dessa forma, no primeiro capítulo busca-se entender os estímulos da criação da Lei 9.099/95, bem como a estrutura normativa dos Juizados Especiais e seus princípios fundamentais. Analisa-se então, em um segundo momento, o instituto do jus postulandi, sua natureza jurídica e hipóteses legislativas, associado à busca pelo acesso a jurisdição. Ademais, não poderia deixar de haver o exame da teoria da processualidade democrática, afim de traçar fronteiras legais do acesso ao provimento jurisdicional, e a celeridade almejada pelos Juizados Especiais. No derradeiro capítulo, encerra-se o trabalho discorrendo sobre a apreciação da democracia processual no rito sumaríssimo, bem como eventuais falhas que levam a um processo desigual e não isonômico. 
Isto posto, buscou-se apresentar um breve histórico da Lei dos Juizados Especiais, a função do jus postulandi e as críticas introduzidas pela teoria da processualidade democrática, introduzindo sempre uma nova perspectiva acerca do assunto. 
SUMÁRIO
Introdução
Dos Juizados Especiais no sistema jurídico brasileiro
 Razões legislativas para a criação da lei n. 9.099/95
Aspectos histórico-teóricos 
1.3 Estrutura normativa constitucional e infraconstitucional Sistema principiológico informador dos Juizados Especiais
1.3.1 Princípio da oralidade 
1.3.2 Princípio da informalidade e da simplicidade 
1.3.3 Princípio da economia processual 
1.3.4 Princípio da celeridade 
O instituto do jus postulandi no direito brasileiro
Natureza jurídica e hipóteses legais Do direito constitucional do acesso à jurisdição
Gratuidade da justiça e assistência judiciária
A ausência do advogado e o déficit sistêmico na defesa de direitos
A teoria da processualidade democrática 
Considerações introdutórias
Princípios institutivos do processo 
3.2.1 Princípio do contraditório
3.2.2 Princípio da isonomia
3.2.3 Princípio da ampla defesa
Devido processo como garantia de isonomia construtiva dos procedimentos
Legitimidade democrática pelo procedimento processualizado
Rito sumaríssimo: técnica irracional de interdição da cognitio
Ausência do espaço-tempo procedimental para a defesa técnico-jurídica de direitos
Considerações finais
Referências bibliográficas
Dos Juizados Especiais no sistema jurídico brasileiro
 Razões legislativas para a criação da lei n. 9.099/95
	A resolução mais célere de conflitos levados ao poder judiciário é uma questão que sempre foi pautada nas discussões processuais, tanto na aérea do Direito Público quanto na aérea do Direito Privado. É evidente que a sociedade sempre cobrou do Estado de Direito mais eficiência da atividade jurisdicional no caso concreto e menos formalização e burocratização exagerada. Com o crescimento populacional e massificação do consumo, o Judiciário passou a não conseguir dar respostas satisfatórias e necessárias aos conflitos. A máquina judiciária se tornou excessivamente onerosa e morosa, causando a necessidade de simplificação do acesso a Justiça.
Visando a necessidade de reestruturação da prestação jurisdicional no Brasil, o Legislador, na década de 80, editou a Lei número 7.244 de 07 de novembro de 1984, criando então os “Juizados Especiais de Pequenas Causas”. A referida Lei dispunha que os Juizados teriam competência para julgar as causas cíveis cujo valor da causa não ultrapassasse 20 (vinte) salários mínimos a data do ajuizamento. As causas versavam sobre direitos patrimoniais, excluindo ações sobre alimentos, de interesse fiscal ou da Fazenda Pública, a resíduos e ao estado e capacidade das pessoas, mesmo que de cunho patrimonial e acidentes de trabalho. As ações tinham por objeto a condenação em dinheiro, entrega de bem móvel ou ao cumprimento de obrigação de fazer (a cargo de fabricante ou fornecedor de bens e serviços de consumo), desconstituição e declaração de nulidade de contrato que versava sobre semoventes e bens móveis. Durante o procedimento, havia a participação de juízes bem como árbitros e conciliadores.
O autor Roberto Bacellar comenta que: 
“A partir dos Juizados de Pequenas causas não mais se impuseram a renúncia aos direitos ou a procura por soluções encontradas à margem da ordem jurídica, como tem ocorrido em algumas comunidades brasileiras, onde prospera a anomia (ausência de lei ou regra).” (BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados Especiais: a nova mediação para processual, São Paulo. Revista dos Tribunais. 2003)
Dessa forma o objetivo da nova Lei era flexibilizar normas e meios de acesso, com uma maior efetividade na acessibilidade ao Judiciário, o que gerou o contentamento de muitos legisladores e principalmente magistrados que viram ali o meio mais viável de “desafogar” os cartórios judiciais. Com o objetivo de também promover a inserção social, principalmente á população de baixa renda, os Juizados de Pequenas Causas eram regidos por princípios que norteadores o rito sumaríssimo.
Contudo, não havia processo de execução e mesmo diante de uma sentença procedente, o autor se via obrigado a buscar a Justiça Comum para ter o seu direito implementado. Um dos principais embates que também se travou foi em relação à facultatividade de Advogados. Havia a preocupação com as reservas de trabalho, bem como receio da uma má distribuição da Justiça. Em relação à conciliação, o pensamento de grande maioria era de que seria impossível chegar a um denominador comum entre as partes sem a presença de um advogado. Com a nova forma de prestação da atividade jurisdicional, o meio Jurídico se manteve em estado de alerta.
Porém, sem sombra de dúvidas, o avanço da forma de Jurisdição trazida pelos Juizados Especiais foi um passo significativo para permitir que uma grande maioria buscasse a juridicidade. Entretanto apesar do importante progresso, questões relevantes ainda estavam em pauta. Percebeu-seentão a necessidade de avançar em relação a essa nova forma de jurisdição, para se buscar uma melhor efetividade do acesso à justiça. 
A Lei 9.099/95, que atualmente rege os Juizados Especiais somente foi sancionada após a promulgação a Constituição de 1988, que dispõe em seu artigo 98 inciso I:
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
A respeito da criação da nova lei, Roberto Bacellar entende que:
“Foram os Juizados Especiais, estabelecidos no art. 98, inciso I, da Constituição da República, com a significativa ampliação da esfera de abrangência de atuação - não mais restrita a pequenas causas e agora com competência para causas de menor complexidade -, tanto no âmbito Estadual quanto Federal, que verdadeiramente introduziram na órbita processual brasileira um sistema revolucionário e realmente diferenciado de aplicação da justiça. O desafio popular “vá procurar seus direitos” passou a ser aceito, e houve uma pequena, mas significativa, inversão desse estado de coisas.” (BACELLAR, Roberto Portugal. Juizados Especiais: a nova mediação para processual, São Paulo. Revista dos Tribunais. 2003)
Dessa forma, a Lei federal 9.099/95 determinou que os Estados e a União criassem Juizados Especiais Cíveis para a conciliação, julgamento e execução das causas de menor complexidade. Além disso, em 2001 foi criada a Lei 10.259 que disciplina os Juizados no âmbito da Justiça Federal. 
O constituinte de 1988 previu a criação dos Juizados, com o fim de conciliar, julgar e executar causas de menor complexidade, funcionando mediante procedimento “oral e sumaríssimo”, provido por juízes togados ou togados e Leigos. Foram autorizadas as transações e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau, com base no artigo 98, I da CRFB.
A amplitude da competência da Lei dos Juizados Especiais foi analisada por muitos juristas de forma cautelosa, uma vez que a celeridade procedimental poderia se ver prejudicada com criação da fase de execução, e o aumento das demandas judiciais, conforme assevera Paulo Lúcio Nogueira: 
“Com a ampliação de sua competência, contudo, o juizado Cível corre o risco de ficar emperrado, com o trabalho acumulado, como o juízo comum, deixando de ser célere. Funcionando uma vez por semana, após o expediente normal, não terá condições de enfrentar a carga de trabalho que lhe está sendo atribuída. Assim os objetivos que levaram o legislador a criá-lo estão sendo desvirtuados como essa ampliação de sua competência, já que não serão atingidos por falta de tempo e de pessoal devidamente preparado”. (NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Juizados especiais cíveis e criminais, São Paulo: Saraiva, 1996, p. IX).
Entretanto, a visão de que os Juizados Especiais foram criados para propiciar justiça ágil, acessível a todos os cidadãos, sendo desformalizada e distante de burocratização exagerada, jamais foi rompida.
 Aspectos histórico-teóricos 
Os Juizados Especiais Cíveis são integrantes do Poder Judiciário como órgãos da Justiça Comum Estadual, objetivando uma maior acessibilidade á Justiça, de forma gratuita e célere á população. Visam promover a conciliação, julgamento e execução de causas consideradas de menor complexidade. Em causas com valor até 20 salários mínimos, é dispensável a presença de advogado, sendo que em causas que ultrapassem tal valor, limitando-se a 40 salários mínimos é exigido o acompanhamento do profissional.
	A Constituição Federal de 1988 versa em seu artigo 24, inciso X, sobre a criação, funcionamento e processo dos Juizados Especiais, fazendo menção aos Juizados Especiais Cíveis e Criminais em seu artigo 98, inciso I, conforme abordado anteriormente. Importante ressaltar que são tidos como órgãos diversos, se limitando o presente trabalho a comentar apenas sobre os Juizados Especiais Cíveis, na forma em que são disciplinados na Lei 9.099/95.
	O artigo 95 da Lei. 9.099/95 estipulou o prazo de seis meses para que fossem criados os Juizados Especiais pelo Estado, a contar da sua vigência. O Estado de Minas Gerais através da Lei Complementar Nº 40, de 24 de Dezembro de 1995 cria e instala seu Juizado Especial.
Art. 1º - Ficam criados 32 (trinta e dois) cargos de Juiz de Direito Substituto, destinados à instalação de Juizados Especiais. 
Art. 2º - Após levantamento dos processos sujeitos ao regime da Lei Federal nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e determinação da provável demanda reprimida, o Tribunal de Justiça instituirá Juizados Especiais nas Comarcas de maior movimento forense.
A simplicidade do sistema adotado nos Juizados está intimamente ligado aos princípios previstos na Lei 9.099/95, que norteiam o procedimento de forma a torná-lo mais ágil que a Justiça Comum. Em seu artigo 2º a Lei dispõe que O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
A agilidade, somada a gratuidade do procedimento até a fase de execução, permite o acesso a Justiça àqueles que são financeiramente desprivilegiados, ou até mesmo aqueles que viam seus problemas desprezados pela Justiça, por serem de menor valor econômico.
	Ricardo Cunha Chimenti utiliza da seguinte definição: 
“Trata-se de um sistema ágil e simplificado de distribuição da Justiça pelo Estado. Cuidando das causas do cotidiano de todas as pessoas (relações de consumo, cobranças em geral, direito de vizinhança etc.), independentemente da condição econômica de cada uma delas, os Juizados Especiais Cíveis aproximam a Justiça e o cidadão comum, combatendo o clima de impunidade e descontrole que hoje a todos preocupa”. (CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis estaduais e federais. São Paulo: Saraiva, 2005, p.05).
	Segundo ele, os Juizados Especiais estão voltados a todas as pessoas, independente de classe social. De fato, os problemas julgados nesse sistema cuidam de causas que atingem todos os cidadãos, seja na esfera consumerista seja na esfera de convivência pessoal. Importante destacar ainda que devido ao baixo custo operacional, as causas que anteriormente sofriam problemas de acessibilidade, passaram a ser prestigiadas, conforme se posicionam TOURINHO NETO & FIGUEIRA JR:
“Sistema de Juizados Especiais vêm a ser, portanto, um conjunto de regras e princípios que fixam, disciplinam e regulam um novo método de processar as causas cíveis de menor complexidade e as infrações penais de menor potencial ofensivo. Um a nova Justiça marcada pela oralidade, simplicidade, informalidade, celeridade e economia processual para conciliar, processar, julgar e executar, com regras e preceitos próprios e, também, com uma estrutura peculiar, Juízes togados e leigos, Conciliadores, Juizados Adjuntos, Juizados Itinerantes, Turmas Recursais, Turmas de Uniformização”. (TOURINHO NETO, Fernando da Costa & FIGUEIRA JR, Joel Dias. Juizados Especiais Estaduais Cíveis e Criminais. Comentários à Lei nº 9.099/95. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais. 5ª ed. 2007).
 	Enfim, é possível perceber que os Juizados Especiais possuem previsão constitucional, sendo matéria de grande discussão entre autores. Resta claro ainda, que tal mecanismo viabiliza uma prestação jurisdicional simples, ágil, célere e segura.
 1.3 Estrutura normativa constitucional e infraconstitucional Sistema principiológico informador dos Juizados Especiais
	Os Juizados Especiais, desde sua instituição, passaram a integrar o ordenamento jurídico brasileiro, tanto na esfera Estadual quanto na esfera Federal. Seus princípios são a própria razão de existir desses Juizados e, portanto, direcionarão o trabalhointelectual do jurista de forma a buscar o alcance, sentido e principalmente a aplicabilidade da norma jurídica no âmbito dos Juizados.
	Além dos princípios que originam e orientam os processos nos Juizados, todos os demais princípios fundamentais presentes no Direito Processual Civil como o contraditório, isonomia, ampla defesa e segurança jurídica, dentre outros, nortearão e servirão de orientação para a aplicabilidade no desenrolar das causas julgadas nos Juizados Especiais.
	Serão, contudo, analisados os princípios norteadores dos Juizados Especiais explicitados no art. 2º da Lei 9.099/95.
	1.3.1 Princípio da oralidade
	Trata-se do primeiro princípio descrito no artigo 2º da Lei dos Juizados Especiais, sendo que seu papel é de extrema importância no quesito “exigências da vida moderna e sua aplicabilidade no procedimento sumaríssimo”. O princípio da oralidade prega o acolhimento diretamente das provas pelo juiz, de forma a agregar a conciliação, mediação e demais atos processuais que sustentam os Juizados. 
	Seguindo este preceito, os atos devem ser em regra orais, sendo que somente o mínimo necessário será reduzido a termo. 
Art. 13 – [...] § 3º - Apenas os considerados essenciais serão registrados resumidamente, em notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão.” 
O pedido inicial pode ser oral e será reduzido a termo pela secretaria do Juizado (art. 14, § 3º da Lei nº. 9.099/95):
 “Art. 14 – O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado. 
[...] 
§ 3º - O pedido oral será reduzido ao escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos.”
O doutrinador Pedro Manuel Abreu defende em sua obra Acesso à justiça e juizados especiais. p.213 que: “A oralidade, num sentido comum, significa o predomínio da palavra oral nas declarações perante juízes e tribunais”.
	Como exemplo de aplicabilidade de tal conceito, é permitido o mandado ser outorgado verbalmente ao advogado, tendo a mesma valia da procuração ad judicia, que sequer exige o reconhecimento da firma pelo signatário, de acordo com o artigo 9º, §3º da Lei nº 9.099/95 c/c o artigo 38 do Código de Processo Civil.
 Art. 9º - Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistida por advogado; Nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
[...] 
§ 3º - O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais.
	Também é consentida a contestação e o pedido contraposto de forma oral, atendendo o previsto no artigo 30 da mesma Lei: 
Art. 30 – A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda a matéria de defesa, exceto a arguição de suspeição ou impedimento do juiz, que se processará na forma da legislação em vigor.
	Certo é que o princípio da oralidade está intimamente ligado ao princípio da celeridade, que também norteia os Juizados Especiais. Na visão do autor Ricardo Cunha Chimenti:
“Visando à simplificação e à celeridade dos processos que tramitam no sistema especial, o legislador priorizou o critério da oralidade desde a apresentação do pedido inicial até a fase da execução dos julgados, reservando a forma escrita aos atos essenciais.” (CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis estaduais e federais. p.08/09).
	A busca dos atos processuais em uma única etapa ou em momentos aproximados, somado ao contato direto entre partes, procuradores e juízes influencia diretamente na resolução da lide, contribuindo dessa forma para a agilidade e eficácia esperada dos Juizados Especiais perante os jurisdicionados.
	1.3.2 Princípio da Informalidade e Simplicidade
	Na análise desses princípios deve-se lembrar de que os Juizados Especiais, foram criados para, dentre outras coisas, permitir maior acessibilidade à justiça a populações de baixa renda ou àqueles que anteriormente tinham suas causas negligenciadas pelo Judiciário por serem de menor valor econômico. Portanto, tal a simplicidade e informalidade surgem principalmente como norteadoras dos Juizados Especiais visando inibir ou constranger pessoas que não possuem familiaridade com o ambiente Jurídico e que poderão estar exercendo a capacidade postulatória, ou seja, sem acompanhamento de procurador.
	A redação do artigo 14 da lei 9.099/95 dispõe que:
	Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
§1º Do pedido constarão, de forma simples e em linguagem acessível:
I – o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II – os fatos e fundamentos, de forma sucinta;
III – o objeto e o seu valor.
§2º É lícito formular pedido genérico quando não for possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação.
§3º O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretária do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de fichas ou  formulários impressos.
	A informalidade e a simplicidade são atreladas a uma maior flexibilização dos atos processuais, conforme se depreende do artigo exposto acima. Exemplo disso é o fato da citação postal de pessoas jurídicas de direito privado ser efetivada através da simples entrega da correspondência a qualquer encarregado de recebê-la (artigo 18, inciso II da Lei 9.099/95), diferentemente do regrado pelo Código de Processo Civil, que impõe a regra à pessoa com poderes de gerência ou administração. 
Art. 18 – A citação far-se-á:
 [...] 
II – tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado. 
Importante ressaltar que o formalismo, no âmbito do procedimento sumaríssimo adotado nos Juizados Especiais, restringe-se ao respeito e atendimento dos direitos fundamentais das partes, como contraditória e ampla defesa.
1.3.3 Princípio da economia processual
	Diferentemente do defendido por muitos doutrinadores, o princípio da economia processual não visa o mínimo de gastos econômicos com o processo, mas sim “à obtenção do máximo de rendimento da Lei, com o mínimo de atos processuais.” (CHIMENTI, Ricardo Cunha. Teoria e prática dos juizados especiais cíveis estaduais e federais.p.13). 
Como exemplo de aplicação prática do princípio da economia processual, existe a possibilidade de o juiz condenar o vencido ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios, quando configurada a má-fé, e por não haver qualquer despesa para interposição de ação nos Juizados. Dessa maneira, dispõem os artigos 54 e 55 da Lei dos Juizados Especiais:
Art. 54 – O acesso ao Juizado Especial independerá, em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas ou despesas. Art. 55 – A sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados os casos de litigância de má fé. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre de por cento e vinte por cento do valor de condenação, do valor corrigido da causa.
		Com exceção em casos de deferimento da justiça gratuita, são exigíveis em fase recursal o pagamento de despesas processuais, incluindo aquelas anteriormente dispensadas em primeiro grau de jurisdição. O prazo para recolhimento de tais custas é de 48 horas contadas da interposição do recurso, independente de intimação, sob pena de deserção. 
Conclui-se, portanto que, segundo o princípio da economia processual, deve-se evitar a repetição inconsequente e inútil dos atos procedimentais, sendo que a concentração de atos em uma mesma oportunidade resulta-se na economia procedimental. Através da compactação dos atos processuais a celeridade da prestação jurisdicional também é alcançada, o que relaciona novamente dois princípios norteadores dos Juizados Especiais.
1.3.4 Princípio da celeridade
A maior expectativa criada com a Lei 9.099/95 foi a de resolver a lide com rapidez e segurança,com uma maior desburocratização da atividade jurisdicional. Até mesmo a Constituição de 1988 prevê, em seu artigo 98 inciso I, que o procedimento sumaríssimo adotado nos Juizados Especiais deve ter a finalidade basilar de atingir com agilidade a pretensão dos jurisdicionados.
Todos os outros princípios informativos guardam estreita relação com a celeridade processual, como exposto nos tópicos anteriores. Isso de dá pela representatividade que tal princípio guarda com o principal elemento de diferenciação do processo tradicional com o procedimento adotado nos Juizados Especiais. A oralidade, simplificação, irrecorribilidade das decisões interlocutórias e a minimização dos atos processuais foram disciplinados visando atingir a celeridade. Para TOURINHO NETO & FILGUEIRA JR.:
“...as demandas precisam ser rápidas para a solução dos conflitos, simples no seu tramitar, informais nos seus atos e termos e o menos onerosas possível aos litigantes, bem como econômicas, compactas, na consecução das atividades processuais.” (TOURINHO NETO, Fernando da Costa & FIGUEIRA JR, Joel Dias. Juizados Especiais Estaduais Cíveis e Criminais. Comentários à Lei nº 9.099/95. São Paulo. Ed. Revista dos Tribunais. 5ª ed. 2007)
Os artigos 28 e 29 da Lei 9.099/95 estampam a primazia da concentração dos atos em audiência, conforme redação: 
Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida a sentença.
Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes que possam interferir no regular prosseguimento da audiência. As demais questões serão decididas na sentença.
        Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte contrária, sem interrupção da audiência.
Assim, os doutrinadores e legisladores encontram nos Juizados Especiais um mecanismo com maior dinamicidade e eficiência do que à forma estagnada do processo comum. Cabe ao julgadores ser pragmático e ágil na condução processual buscando, sempre que possível, a composição amigável ou outro caminho mais adequado a tornar os atos céleres, alcançando assim a rápida e eficiente prestação jurisdicional esperada dos Juizados.
O instituto do jus postulandi no direito brasileiro
2.1 Natureza jurídica e hipóteses legais
	Assim como nas demais áreas de conhecimento, o direito apresenta inovações jurídicas visando acompanhar a evolução natural do homem, e atender seus anseios no âmbito tecnológico e científico. A busca por desenvolvimento de instrumentos que visem à solução célere das necessidades humanas ocasionou uma corrida pela satisfação de tais necessidades. Nessa senda, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 133, inova ao estabelecer que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”
	Dessa forma, o instituto secular de representatividade legal, a advocacia, possui a responsabilidade perante o serviço público de defender àqueles que de alguma forma se sentem lesados e buscam no poder Judiciário a materialização de seus direitos. Contudo, o referido artigo ensejou a discussão acerca do instituto do jus postulandi na justiça brasileira, discussão essa que foi reforçada com o previsto no artigo 1º, I, da Lei 8.906/94 que institui a “postulação de qualquer órgão do Poder Judiciário” como um exemplo de atividade privativa da advocacia, sendo o habeas corpus a única exceção, de acordo com o §1º.
	Definindo de forma simplificada, o jus postulandi ou locução latina que indica o “direito de falar” prevê a possibilidade de a própria parte pleitear suas pretensões em juízo, sem a necessidade de acompanhamento de procurador habilitado. A facultatividade de assistência de advogado nos Juizados Especiais da Justiça Comum está prevista no caput do artigo 9° da Lei 9.099/95, que prevê:
 Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória.
Além disso, o instituto se faz presente também nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, conforme artigo 10º da Lei 10.259/01, que estabelece: “As partes poderão designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não.”
	Talvez o âmbito jurídico que o jus postulandi esteja mais evidente e receba maior destaque seja na Justiça do Trabalho, onde o instituto se encontra respaldado no artigo 791 da CLT, que determina: 
Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.
§ 1º - Nos dissídios individuais os empregados e empregadores poderão fazer-se representar por intermédio do sindicato, advogado, solicitador, ou provisionado, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2º - Nos dissídios coletivos é facultada aos interessados a assistência por advogado.
§ 3o A constituição de procurador com poderes para o foro em geral poderá ser efetivada, mediante simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do advogado interessado, com anuência da parte representada. (Incluído pela Lei nº 12.437, de 2011).
	O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, disciplina em seu artigo 1º, inciso I, que é atividade privativa do advogado “a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais”. Dessa forma, estabeleceu-se então uma discussão doutrinária e jurisprudencial envolvendo o jus postulandi e o desequilíbrio processual decorrente do conflito de normas, por se entender que o referido instituto não é recepcionado pela Constituição Federal vigente. Wagner D. Gigliosobre faz sua análise sobre o assunto: 
“Esse preceito constitucional, porém, não tem o alcance de tornar imprescindível a intermediação dos advogados em todos os processos judiciais, pois se assim fosse não subsistiriam os juizados de pequenas causas e a possibilidade de apresentação, pelo próprio paciente leigo, do pedido de habeas corpus, que constitui uma das garantias mais flagrantes de liberdade individual, o que certamente não se compreendia nos propósitos do constituinte. Toda a tendência universal do direito processual é no sentido de facilitar o acesso dos cidadãos as Cortes Judiciais e não o de dificultá-lo”. (GIGLIO, Wagner D. Direito Processual do Trabalho, 16 ed. ver. Ampl. Atual. E adaptada- São Paulo: Saraiva, 2007, p 121).
Fato é que o jus postulandi foi definido recentemente pelo Supremo Tribunal Federal como constitucional nas legislações mencionadas, permanecendo tal instituto aplicável na Justiça Brasileira.
Do direito constitucional do acesso à jurisdição
No Estado Moderno, onde há busca incessante pela facilitação dos valores humanos, a jurisdição surge como forma de pacificar os conflitos oriundos da vida em sociedade e relações entre pessoas. Segundo a Constituição Federal, em seu artigo 5º  XXXV, “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.” Dessa forma, o legislador estabelece que qualquer pessoa tem prerrogativa de postular à tutela jurisdicional, prevenindo ou reparando seu direito lesado, formulando assim o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou do direito de ação.
A função do Estado de defender a legalidade e proteger o cidadão institui o direito democrático de acesso á jurisdição, onde é demandado do próprio Estado o compromisso de desempenhar os direitos por meio de prestação jurisdicional independente e adequada, visando sempre a verdade e buscando justiça. Ainda que isso resulte na decisão contrária ao Estado, este deve fazê-lo, uma vez que o compromisso do Poder Judiciário é com a Constituição e a norma legal, e, portanto sua atuação deve ser efetiva a proteger a ordem pública e obediente a supremacia constitucional. 
A palavra jurisdição é oriunda do latim iuris dictio, cujo significado literal é fazer o direito. Para a doutrina, não há definição unânime do conceito, tendo alguns autores como Carneluttiacreditando se tratar de uma busca da "justa composição da lide." (CANELUTTI, 1952 apud CÂMARA, 2011, p. 70). Em outra perspectiva, Chiovenda conceitua a jurisdição como:
 “A função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la praticamente efetiva. (CHIOVENDA, 1969 apud CÂMARA, 2011, p. 70).”
Essa última teoria é baseada meramente na aplicação, em casos concretos, do direito objetivo. Observa-se que ambos doutrinadores possuem conceituações relevantes, mas com adesões oscilantes. Há ainda àqueles doutrinadores que se posicionam de forma a completar os dois conceitos citados anteriormente, como é o caso de Grinover e Dinamarco, que formulam: 
[...] uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentado em concreto para ser solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre mediante o processo, seja expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece (através da execução forçada). (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 2011, p. 149).
Apesar dos diferentes aspectos conceituais da palavra jurisdição, é unânime a estipulação do Estado como promotor dos meios de acesso do povo à prestação jurisdicional, pelas balizas igualitárias da lei e garantias constitucionais.
É analisando a forma como o Estado promoverá o ingresso do cidadão ao Poder Judiciário que se chega ao estudo do acesso à justiça ou acesso à prestação jurisdicional. Segundo Cappelletti e Garth, em obra escrita na década de 70, tal acesso está estritamente condicionado a quatro aspectos jurisdicionais, sendo eles (a) ao barateamento do processo, (b) à diminuição do tempo de duração do procedimento, (c) à garantia do tratamento equânime para as partes e (d) ao aumento do número de sujeitos de direitos autorizados para postular em juízo. (CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: SAFE 1988). Segundo o estudo dos autores, em países ocidentais seria necessário, dentre outras coisas, revisar mecanismos utilizados no direito processual como forma de proporcionar o cumprimento das exigências necessárias para o alcance do acesso à ao judiciário. Trazendo o este mecanismo ao Brasil denota-se que o país aplica diversas alterações ao texto legislativo processual para atender obtenção da jurisdição. Dentre essas alterações temos a criação de juizados especiais para causas de menor valor econômico. 
A Constituição Federal de 1988 consta em seu artigo 3º a pretensão da construção de uma nação livre, sólida e justa, garantindo o desenvolvimento nacional com erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais. Tal artigo, por si só engloba o amplo acesso à justiça, e afirmando se ela a ponte entre o processo e a justiça social, conforme se extrai do texto constitucional: 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
 I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
  III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
 IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Contudo, o acesso á Justiça não deve ultrapassar os princípios processuais democráticos conquistados com tanta luta pelas sociedades e principalmente os direitos fundamentais do ser humano, conforme o conceito elaborado por José Roberto dos Santos Bedaque:
“Acesso à justiça ou mais propriamente acesso à ordem justa significa proporcionar a todos, sem qualquer restrição, o direito de pleitear a tutela jurisdicional do Estado e de ter à disposição o meio constitucionalmente previsto para alcançar esse resultado. Ninguém pode ser privado do devido processo legal, ou melhor, do devido processo legal constitucional. É o processo modelado em conformidade com garantias fundamentais, suficientes para torná-lo équo, correto, giusto.” (BEDAQUE, José Roberto dos Santos, Tutela cautelar e tutela antecipada: tutelas sumárias e de urgência. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 71.)
O acesso à jurisdição busca efetivar o exercício da cidadania plena, garantindo justiça na ordem jurídica e por isso não se deve alcançá-la em nome de uma celeridade destrutiva. Existem meios de acelerar o procedimento e que resultam nem um maior alcance da população ao Poder Judiciário, contudo a maior virtude do processo é de ser o espaço mais democrático e mais oportuno para a solução de litígios, e, portanto não se pode destruir de a concepção de ampla defesa e comprometer a reflexão a respeito dos direitos fundamentais do cidadão.
Gratuidade da justiça e assistência judiciária
A desigualdade econômica e má distribuição de renda no Brasil geram graves consequências sociais, dentre eles a limitação do acesso do cidadão ao efetivo jurisdicionado. Em regra, procedimentos judiciais possuem elevados custos, não só no âmbito nacional, mas na maioria dos países, principalmente no que tange aos honorários advocatícios. Em países que adotam o princípio da sucumbência, fica mais evidente a limitação do acesso ao Judiciário, uma vez que o litigante corre o risco de sofrer penalidades em dobro e por isso se sente inibido de recorrer à Justiça. 
Além disso, ao autor cabe o pagamento de custas de distribuição e de provas que desejar produzir, podendo ser imputado a parte valores referentes ao preparo de recursos, o que distancia ainda mais a parcela menos favorecida economicamente da busca pela jurisdição.
Entretanto a Constituição Federal visa claramente assegurar o tal acesso, seguindo o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, e com isso inclui na Magna Carta os incisos XXXV e LXXIV do artigo 5º, que dispõem: 
“XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.”
	Acerca do mencionado princípio, verifica-se que o mesmo cria obstáculos para as restrições do acesso a jurisdição, no que tange a gratuidade da justiça e sua genuína concessão. Sobre o assunto, discorre o Relator Ministro Hélio Quaglia Barbosa em seu voto no julgamento do Recurso Especial nº 848.152-RS:
“Vale salientar que a qualquer tempo, é lícito às partes requerer o benefício, independentemente de comprovação, bastando, para tanto a simples assertiva de que não pode prover as custas do processo, sem prejuízo próprio ou de sua família. Por derradeiro, quadra ressaltar que deve ser respeitado o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, na medida em que, por vezes, a parte que requer os auspícios não possui condições financeiras de arcar com as custas e despesas acarretados pelo trâmite regular de um processo, sem prejuízo próprio e/ou de sustento de sua própria família, devendo o magistrado, em tais situações, pautar-se sempre de acordo com o senso de justiça, cuja essência recomenda que se dê preferência ao princípio que veda o impedimento do acesso à jurisdição.” 
Segundo o ministro, o alcance à prestação jurisdicional está intimamente ligado a gratuidade do procedimento, que encontra seu amparo no mencionado artigo LXXIV da Constituição Federal, e que, portanto não deve ser negado ao cidadão.
No Processo Civil, a gratuidade da justiça está prevista no artigo 98, que prevê que poderão fazer jus ao benefício tanto pessoas naturais como jurídicas, sendo brasileiras ou estrangeiras. Importante ressaltar que a gratuidade prevista no artigo descrito acima se refere à isenção do recolhimento de custas e despesas processuais, sendo divergenteda ideia de assistência judiciária gratuita, antes prevista no artigo 1.060/50, mas não abordada no novo código. Tal diferenciação é feita com clareza pelo autor Pontes de Miranda: 
A assistência judiciária e benefício da justiça gratuita não são a mesma coisa. O benefício da justiça gratuita é direito à dispensa provisória de despesas, exercível em relação jurídica processual, perante o juiz que promete a prestação jurisdicional. É instituto de direito pré-processual. A assistência judiciária é instituto de Direito Administrativo. Para o deferimento ou indeferimento do benefício da justiça gratuita é competente o juiz da própria causa. Para a assistência judiciária, a lei de organização judiciária é que determina qual o juiz competente (MIRANDA, 1979, p. 642).
Como dito pelo jurista, a gratuidade é direito à dispensa provisória, isso porque nos parágrafos 2º e 4º do artigo 99 do novo Código de Processo Civil são descritas exceções ao benefício, como despesas processuais, honorários de sucumbência e multas processuais. O Código estabelece ainda que a gratuidade pode ser concedida a todos ou alguns atos processuais, ou consistir na redução parcial de despesas processuais. 
Para a concessão da gratuidade o CPC estabelece em seu artigo 99 que: 
Art. 99.  O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.
§ 1o Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso.
§ 2o O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido
3. A Teoria da Processualidade Democrática
3.1 Considerações introdutórias
Para o alcance de uma definição e o entendimento correto da “teoria constitucional de direito democrático” é preciso, primordialmente, compreender a ideia de cidadania como sendo a soberania popular e alicerce legitimante que só é alcançada através da cooperação e verificação endoprocedimental ilimitada do povo. O cidadão compõe uma comunidade jurídica constitucionalizada, onde os procedimentos são estruturados de forma a articular garantias e direitos, como a vida, liberdade e dignidade, assegurados então pelo contraditório, ampla defesa e isonomia, respectivamente.
Nesse sentido, o estudo da democratização dos procedimentos judiciais, aprofundado pela Faculdade Mineira de Direito, incorpora o processo na instituição da criação dos direitos e o devido processo legal como assegurador da hermenêutica isomênica (Rosemiro Pereira Leal. Processo como teoria da lei democrática. Belo Horizonte: Fórum: 2010, p. 245), ou seja, igualdade de interpretação à todos pela via procedimental processualizada, seja na atuação, aplicação, fiscalização, modificação ou extinção de direitos.
3.2 Princípios Institutivos do Processo 
Os denominados princípios ou referentes jurídicos existenciais e institutivos do processo: princípio do contraditório, princípio da isonomia e princípio da ampla defesa, sendo todos essenciais para a elaboração bem como aplicação do direito no âmbito do processo civil como garantia constitucional em busca da efetivação dos direitos fundamentais.
Os princípios foram consubstanciados no artigo 5º da Constituição após a Segunda Guerra Mundial, e possuem extrema relevância dentro do ordenamento jurídico, sendo reguladores dos casos retratados ao Poder Judiciário, devendo sempre ser observados pelas Leis e aplicadores do Direito.
3.2.1 Princípio do Contraditório
O direito ao exercício do contraditório está assegurado ás partes no art. 5º da Constituição Federal, seja na esfera dos processos judiciais ou administrativos, ou ainda em fase recursal. Sua aplicação está intimamente ligada a uma regra primordial do processo: a oportunidade de deduzir ação em juízo, em todos os atos procedimentais. Contudo, a definição de tal princípio se torna tarefa árdua e bastante discutida entre doutrinadores. 
Para Fazzalari, o contraditório não se limita a “ciência bilateral dos atos e termos processuais, e a possibilidade de contrariá-los”. Na sua concepção, “o contraditório é a participação em simétrica paridade” (FAZZALARI, Elio. Instituições de direito processual. Trad. Elaine Nassif. Campinas: Bookseller, 2006). 
A participação que se refere o autor está atrelada a oportunidade dada ás partes de influir sobre o convencimento do juiz, com “paridade de armas”. Insta salientar que, apesar da indispensabilidade de oportunizar o contraditório, trata-se de uma faculdade. A inércia da parte no momento oportuno não caracteriza desonra ao princípio, e deve ela suportar o ônus de sua inatividade. Nessa esfera, conceitua Rosemiro Pereira Leal: 
O princípio do contraditório é referente lógicojurídico do processo constitucionalizado, traduzido, em seus conteúdos, pela dialeticidade necessária entre interlocutores que se postam em defesa ou disputa de direitos alegados, podendo, até mesmo, exercer a liberdade de nada dizer (silêncio), embora tendo direito-garantia de se manifestar. (LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo: primeiros estudos.9. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2009).
Para a devida construção do provimento jurisdicional, busca o contraditório garantir a participação dos litigantes e até mesmo do magistrado, de forma que as normas contribuam para o alcance da paridade entre partes. Nesse sentido, qualquer lei infraconstitucional que infrinja o contraditório deve ser considerada inconstitucional.
3.2.2 Princípio da Isonomia
Entende-se como isonomia, principalmente no âmbito processual, o tratamento igualitário entre os iguais e desigual entre os desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Dessa forma, no Estado Democrático de Direito é indispensável e incessante a busca entre a igualdade de oportunidades dadas aos litigantes dentro do procedimento, de maneira que o processo legislativo observe o princípio da isonomia na aplicação da norma. 
Contudo, a isonomia deverá ultrapassar o plano normativo e adequar necessidades e condições de cada uma das partes, zelando o magistrado pela isonomia substancial e garantindo que a igualdade não seja aplicada apenas em sua acepção formal.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 50, elege o princípio da isonomia à condição de garantia e direito fundamental, de maneira a vedar o tratamento desigual às pessoas que figuram em posição de igualdade no processo, por parte do administrador, legislador e muito menos do juiz. Além disso, o artigo 7º do CPC assegura regra determinante de tratamento equânime e equivalência de chances ao longo do trâmite processual. 
Sobre o assunto, comenta Rosemiro Pereira Leal: 
É referente lógico-jurídico indispensável do procedimento em contraditório (processo), uma vez que a liberdade de contradizer para a construção, entre as partes, da estrutura procedimental. A asserção de que há de se dar tratamento igual a iguais e desigual a desiguais resulta em tautologia inominável, porque, na estruturação do procedimento, o dizer e contradizer, em regime de liberdade assegurada em lei, não se operam pela distinção jurisdicional do economicamente igual ou desigual. O direito ao Processo não tem conteúdos de criação de direitos diferenciados pela disparidade econômica das partes, mas é direito assegurador de igualdade de participação construtiva do procedimento (LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria geral do processo: primeiros estudos.9. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2009).
Nessa visão o tratamento isonômico a que se refere o ordenamento jurídico brasileiro e os estudos doutrinários não tem conteúdo de criação inspirado na diferenciação causada pela disparidade econômica, mas sim deseja assegurar a igualdade de efetividade construtiva do procedimento. 
3.2.3 Princípio da ampla defesa
Em consonância com os princípios do contraditório e da isonomia,a ampla defesa assegura ao cidadão o direito de defender-se de maneira irrestrita, dentro dos limites legais e impostos pelo contraditório. Tais limites estão assegurados pela Constituição, de forma que a defesa respeite as barreiras viáveis e necessárias, e dentro do tempo prescrito pela legislação. Dessa forma, deve-se haver clareza entre ampla defesa e dilação indevida, podendo a responsabilidade dessa matéria recair sobre as partes, bem como sobre Estado representado pelo Juiz.
De acordo com Rosemiro Pereira Leal: 
A amplitude da defesa se faz nos limites temporais do procedimento em contraditório. A amplitude de defesa não supõe a infinitude de produção de defesa a qualquer tempo, porém, que esta se produza pelos meios e elementos totais de alegações e provas no tempo processual oportunizado na lei. Há de ser ampla, porque não pode ser estreitada (comprimida) pela sumarização do tempo a tal ponto de excluir a liberdade de reflexão cômoda dos aspectos fundamentais de sua produção eficiente. (LEAL, Rosemiro Pereira. Teoria da decisão jurídica. São Paulo: Landy, 2002).
Através desse preceito é resguardada a parte o direito de introduzir ao processo todos os argumentos e teses, de forma definitiva, bem como provas que eventualmente desejar produzir, de forma a tornar útil e íntegra a sua defesa.
 3.3. Devido Processo como garantia de isonomia construtiva dos procedimentos.
O devido processo no contexto do Estado Democrático de Direito pressupõe a conjugação de princípios e institutos jurídicos alicerçados á Constituição, de forma que qualquer avanço ocasional se dê através da fonte legítima de poder, que é a soberania popular. Dessa forma, é Constitucionalmente assegurado aos participantes do procedimento jurídico o discurso como formação democrática de suas opiniões e vontades. 
Contudo, o grande desafio da contemporaneidade é a criação de teorias garantidoras dos meios que acesso à participação no judiciário daqueles que detém a soberania: o povo. Porém é válida a preocupação em demarcar e limitar a esfera pública de participação democrática, para que a população tenha assegurada a isonomia. O devido processo, através de seus conteúdos lógico-jurídicos rege o espaço processualizado, e resguarda ao povo a igualdade como garantia fundamental, seja perante a lei (isotopia), na interpretação da lei (isomenia), ou ainda igualdade de criação, alteração ou substituição da lei (isocrítica) (Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Tutela de Evidência, teoria da cognição e processualidade democrática, editora Fórum, p. 135)
Nesse espaço demarcado e assegurador da isonomia, o devido processo deve-se preocupar, ainda, com processo legislativo, de forma que os direitos fundamentais sejam criados com base na percepção de auto-legislação democrática, ou seja, os destinatários são também protagonistas da elaboração legislativa. Tal ideia, tecida por Habermas, somente teria validação no Estado Democrático de direito se enquadrado no espaço procedimental processualizado, como assegurador do devido processo na liderança dos princípios da ampla defesa, contraditório e isonomia.
Legitimidade democrática pelo procedimento sumaríssimo
4.1. Rito sumaríssimo: técnica irracional de interdição da cognitio
Como já abordado, o processo é um procedimento desenvolvido a partir do contraditório, em consonância com os demais princípios que o instituem. Sendo procedimento, é um conjunto de atos que, no caso dos Juizados Especiais, são tratados quanto à forma e validade através da Lei 9.099/95. Esta Lei rege o processo de forma a reduzir o módulo tempo-espaço a fim de atingir a pretensão jurisdicional de forma mais célere do que no procedimento comum. Contudo, a compressão dos atos processuais proposta pela referida Lei leva a um exame quanto à supressão de fases lógicas do processo pelo rito sumaríssimo, de forma buscar o não prejuízo do exercício do devido processo legal. 
As fases lógicas do processo de conhecimento (postulatória, instrutória e decisória), no rito sumaríssimo, são estruturadas de forma a concentrar os atos processuais em audiências. Ou seja, todas aquelas condutas relevantes para a formação do provimento jurisdicional devem se reduzir em uma ou poucas audiências, onde há a prevalência da oralidade processual neste microssistema presente nos Juizados Especiais.
Segundo Dhenis Cruz Madeira:
“Em Direito, não existe cognição fora do exercício da jurisdição e da regência principiológica do devido processo. Dessa forma, no atual paradigma constitucional do Estado Democrático de Direito, a COGNIÇÃO pode ser conceituada como instituto jurídico regido pelos princípios diretivos da função jurisdicional e institutivos do processo, que permite a valoração e valorização compartilhada dos argumentos e provas estruturadas no procedimento e retratados fisicamente nos autos (cartulares ou eletrônicos), cujo exercício resulta na elaboração dos provimentos” (MADEIRA, Dhenis Cruz. Processo de conhecimento & cognição: uma inserção no Estado Democrático de Direito. Curitiba: Juruá, 2008. p. 119.) 
Ocorre que, para que haja a cognição exauriente é necessário uma reconstrução argumentativa, e um espaço temporal adequado para exercê-la, com a distribuição isomênica das etapas lógicas do procedimento para as partes. Contudo, a concentração dos atos processuais gera a supressão de provas, argumentos, e meios assegurados à parte de influenciar na decisão do processo.
Logo, a cognição defendida e assegurada pelo devido processo legal, invoca-se incongruente ao rito sumaríssimo, o que se torna ainda mais incoerente quando pensamos que a oralidade é preceito fundamental nesse rito, mas que devido a prevalência da celeridade a qualquer custo, se torna preterido, porquanto busca-se apenas tornar o processo célere e econômico e não propicia às partes o exercício correto e amplo da cognição.
4.2. Ausência do espaço-tempo procedimental para a defesa técnico-jurídica de direitos
Em um estado democrático de direito é elementar a participação das partes na formação do convencimento magistrado, de forma que estabeleçam um discurso apto a produzir consenso havendo sempre respeito à participação em simétrica paridade, ou seja, ao princípio do contraditório. E necessário, contudo, que o processo seja um espaço democrático e adequado para o debate e solução da lide, sendo esta a sua maior virtude – é o que Arnoldo Plínio Gonçalves determina instrumentalidade “técnica” do processo (GONÇALVES, Arnoldo Plínio. Técnica processual e teoria do processo. Rio de Janeiro: Aide, 1992.)
Na Lei 9.099/95, não há previsão de recursos antes da sentença, ou seja, contra decisões interlocutórias que versem, por exemplo, sobre o regramento da prova ou sobre tutelas provisórias (artigo 41). Destarte, a busca por democratização do processo, conquistada com o suor e dedicação ao longo dos anos é desprezada a partir do momento que ocorre a supressão radical dos meios recursais, porquanto retira dos litigantes a possibilidade de manifestação adequada e no momento propício, colocando o juiz em uma posição de poderio exacerbado. 
Uma atenuação dos atos processuais em nome da celeridade, como ocorre no procedimento sumaríssimo, destrói em parte a ideia de ampla defesa e devido processo legal, visto que sacrifica a oportunidade de demonstração da matéria relativa aos meios de prova, comprometendo ainda a reflexão acerca dos dados cruciais da causa. 
Considerações Finais
	Com o presente estudo, buscou-se analisar de forma crítica e sistêmica a dinâmica processual instituída pela Lei 9.099/95 no ordenamento jurídico brasileiro, de forma a compreender as inovações trazidas pelos Juizados EspeciaisCíveis, e sua influência no estado democrático de direito.
Não se pode negar que a nova dinâmica processual, mais célere e simplificada, facilita a muitos o acesso ao judiciário, vez que a presença de advogado não é obrigatória e não são exigidas custas processuais em primeira instância, sendo cobradas apenas em caso de recurso, na segunda instância. Contudo, é necessário abrir mão de fatores que muitas vezes são relevantes para a formação do provimento jurisdicional e que podem prejudicar o litigante.
Em um Estado de escassa educação básica, quem dirá noções jurídicas por grande parcela da população, o instituto do jus postulandi se torna muitas vezes inviável e propiciador de um processo injusto e desarrazoado. A postulação perante os Juizados Especiais sem o acompanhamento de advogado gera um risco evidente da violação do princípio da isonomia processual, visto que variável o nível de instrução recebido pelos litigantes, e por isso desigual a produção de provas, esclarecimento acerca dos riscos da demanda, bem como falta de discernimento de se mensurar as possibilidades recursais. Além disso, o jus postulandi compromete o assessoramento da parte, em comparação a expertise do operador do direito no que tange as estratégias de tratativas ou de entabular um acordo com bases mais vantajosas para o jurisdicionado. 
Dessa forma, a incessante busca dos Juizados Especiais pela celeridade processual gera a supressão de direitos fundamentais, como do direito ao exercício do contraditório e ampla defesa, suprimindo oportunidades de manifestação adequada da parte. Apesar de esse novo instituto processual facilitar o acesso à jurisdição por grande parte da população, o processo perde seu caráter democrático e isonômico a partir do momento que não são dadas as partes o mesmo direito de manifestar seus interesses. O jus postulandi não é, portanto, a forma correta de se alcançar o acesso à jurisdição, mas sim exercê-la na companhia de operadores do direito, devidamente instruídos, mesmo que remunerados através do Estado, como os defensores públicos. Conclui-se, portanto, que a norma constitucional que estabelece o advogado como indispensável à administração da justiça deve ser empregado também no âmbito do rito sumaríssimo, nos Juizados Especiais Cíveis, de maneira a auferir a democracia no processo.
Referências bibliográficas
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp115930.pdf
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http://www.cnj.jus.br/poder-judiciario/juizados-especiais
http://www8.tjmg.jus.br/institucional/at/pdf/re06392010.pdf
http://ftp.tjmg.jus.br/jesp/legislacao_atos_normativos/lei_estadual/lei_complementar_40_1995.pdf
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https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/artigos/2012/principios-orientadores-dos-juizados-especiais-juiza-oriana-piske
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,principios-norteadores-dos-juizados-especiais-civeis-estaduais-e-federais-uma-analise-sobre-sua-efetiva-observ,35509.html
https://www.jurisway.org.br/monografias/monografia.asp?id_dh=11480
http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13998
file:///C:/Users/Dec%C3%ADlio/Downloads/21574794-Juizados-Especiais-Civeis-Estaduais-e-Federais-Uma-Abordagem-Critica.pdf
Lições de Cidadania – GONÇALVES, Antônio Fabrício de Matos – editora OAB
Artigo “Acesso à Justiça, a qual justiça?” – Allan Helber de Oliveira
Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Tutela de Evidência, teoria da cognição e processualidade democrática, editora Fórum
http://ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10449&revista_caderno=21
https://mkarinne.jusbrasil.com.br/artigos/121211475/os-principios-norteadores-do-juizado-especial-civel-como-busca-por-uma-prestacao-jurisdicional-mais-rapida-e-eficaz
http://www.ojs.ufpi.br/index.php/raj/article/viewFile/1087/872

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