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Artigo Científico UNICEUB
Bruna Moraes Silva RA: 21650197
Direito Penal 
Marlon Barreto
16 de Julho de 2017
Direito Penal do Inimigo, Teoria das Janelas Quebradas e a Política de Tolerância Zero. 
Direito Penal do Inimigo
O direito penal do inimigo é uma teoria que transformou a forma de se interpretar o direito penal. A teoria foi fundamentada por Günter Jakobs, um doutrinador alemão, em 1985 e atualmente é reconhecida pelos acadêmicos do direito como relevante para o estudo o direto penal no curso direito. [1]
	A teoria de Jakobs, resumidamente, seria que haveria dois tipos de direito penal: o voltado para os cidadãos (Bürgerstrafrecht) e o voltado para os criminosos (Feindstrafrecht), os quais seriam considerados inimigos do Estado. Essa distinção de direitos se justificaria, visto que, se uma pessoa desrespeitasse as normas estabelecidas pelo ordenamento jurídico instituído pelo Estado deveria perder seus direitos e garantias como cidadão e ficar sob a tutela do Estado. [2]
	A principal diferença entre o direito penal do cidadão e o direito penal do inimigo é que ainda que, aquele considerado cidadão ainda que viole uma lei tem a oportunidade de “reestabelecer” a vigência desta norma através de uma pena e se mantem, o seu status e garantias de cidadão reconhecido pelo Direito[4] . Enquanto no Direito penal do inimigo esses status e garantias não sem mantem mesmo cumprida a pena. [3]
	As bases teóricas e de fundamentação filosófica da teoria de Jackobs foram grandes filósofos ocidentais, que construíram a teoria do Estado Moderno, que ainda serve de base como modelo para Estados democráticos, como Rousseau, Fichte, Hobbes e Kant. [4]
	Primeiramente o autor fundamenta sua teoria com as considerações de Jean-Jacques Rousseau, que em seu livro “O Contrato Social”, considerava que aquele que agrida o direito social deveria deixar de integrar o Estado. Já o filósofo Alemão Johann Gottlieb Fichte, tinha uma concepção parecida com a de Rousseau, segundo ele, aquele que desacatasse o contrato cidadão deveria ser privado de suas garantias como cidadão. O pensamento de Thomas Hobbes, no entanto divergia dos autores anteriores, a perda das garantias cidadãs era para ele muito radical, só cabendo em situações de alta traição ao Estado.[5]
Por fim, a principal perspectiva que fundamentou a teoria do direito penal no inimigo foi a de Emmnnuel Kant, que em seu livro À Paz Perpetua, explana sobre como lidar com aqueles que ameaçam o Estado, segundo ele, deve-se obrigar o indivíduo a entrar num estado comunitário-legal ou exila-lo, em todo caso, percebe-se que a essa pessoa se esvai seus direitos e garantias como cidadão, passando a ser considerada inimigo do estado. [6] [capitulo 2: Alguns Esboços Iusfilosofos Pp.26-29]
	No quinto capítulo: “Decomposição: Cidadão como Inimigos?”, o autor justifica o direito penal do cidadão como forma de proteção as demais pessoas que vivem coletivamente no Estado e como também garantia a uma constituição cidadã. [3 JAKOBS, Gunther 2008]
	Os alicerces que compõem a teoria de jackobs são: anteposição da pena do inimigo; perda de algumas garantias tanto cidadãs quanto processuais; aplicação de penas desproporcionais assim como a elaboração de normas que visem um melhor controle social.
Segundo o doutrinador Silva Sánchez (Damásio, 2009 p. 02), existem três "velocidades" para o Direito Penal:
 Direito Penal de primeira velocidade é aquele que mantem as garantias individuais presentes no modelo liberal- clássico. Por outro lado, é um direito lento do ato processual à aplicação da pena, preferindo-se as penas privativas de liberdade.
O Direito Penal de segunda velocidade é mais rápido e mais flexível nas garantias constitucionais bem como nos princípios processuais, em relação à primeira velocidade. A aplicação da pena da privação da liberdade, no entanto, não é vista como a mais viável preferindo-se outras medidas alternativas.
A terceira velocidade do Direito Penal é uma combinação de elementos da primeira velocidade, como a prisão que neste caso será de forma imediata, com elementos da segunda como a flexibilização das garantias individuais e princípios processuais. É essa a velocidade que se dá o direito penal do inimigo, uma vez que, para Jacokbs, o Direito deve prevenir uma incidência no crime, e para isso deve-se aplicar uma pena de coação, mas não voltada para ato realizado, e sim para o perigo de dano futuro. [8]
Teoria das Janelas Quebradas 
A teoria das Janelas Quebradas é uma teoria da criminologia que estuda os efeitos do vandalismo, a criminalidade urbana e o comportamento antissocial, afim de monitorar os espaços urbanos para prevenir crimes de vandalismo os quais criariam uma atmosfera simbólica de caos e de ausência de leis. O objetivo da teoria seria evitar o crescimento exponencial da criminalidade urbana. 
 	A teoria foi introduzida e fundamentada pelo cientista político James Q. Wilson e pelo criminologista George L. Kellingn em seu artigo Broken Windowns, publicado em 1982 na revista acadêmica The Atlantic Monthly, e posteriormente os autores publicaram um livro um livro chamado: Fixing Broken Windows: Restoring Order and Reducing Crime in Our Communities, onde exploraram as soluções para o exposto na Teoria das Janelas Quebradas [9] 
Na Teoria das Janelas Quebradas James Q. Wilson e George L. Kellingn esses autores argumentam que há uma conexão entre a desordem e a criminalidade. As janelas quebradas, quando não reparadas, resultariam em outros vandalismos que pouco a pouco tomariam dimensões bem maiores, e consequentemente uma queda na qualidade de vida urbana. 
Para comprovar essas afirmações os autores se embasaram em um experimento de psicologia social realizado pela Universidade de Standford no qual foram reproduzidas duas situações iguais, porém em localidades diferentes. Em duas localidades economicamente diferentes, em um bairro pobre dos Estados Unidos, Bronx, e em um bairro de classe média alta, Palo Alto (Califórnia), foram abandonado dois automóveis idênticos em cada um desses bairros. O resultado desse experimento foi que no bairro pobre o carro foi depredado enquanto no bairro de classe média o carro ficou em perfeito estado. Os pesquisadores então experimentaram quebrar uma janela do automóvel deixado em Palo Alto e posteriormente ocorreu a mesma depredação que tinha ocorrido em Bronx, levando os pesquisadores a concluir que uma janela quebrada transforma um bem em algo que pode ser ainda mais depredado, desencadeando outro vandalismo em relação a ele. [10]
Nas décadas de 70 e 80, o nível de criminalidade em Nova York atingiu um patamar insustentável. Havia negligência tanto por parte da população, como por parte das autoridades publicas, em relação a deplorável situação de vandalismo na cidade. Pichações, sujeira e desordem pela cidade tornavam certos ambientes perigosos e alvos da violência urbana e depredação, eram lugares sem leis. O local em que isso ficava mais aparente era o metro da cidade, o qual não contava com iluminação noturna e era palco de criminalidade e atos de vandalismo. 
Na década 90 de a situação começou a ganhar a atenção das pessoas devido ao fato de se tornar tema de discussões políticas nas eleições. Foram identificados as situações que traziam uma atmosfera de um lugar sem leis e embasando-se na Teoria das Janelas Quebradas foram introduzidas certas medidas afim de reduzir pequenos delitos antes que estes tomassem dimensões maiores.
Um dos grandes adeptos da Teoria das Janelas Quebradas é o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que partir de 1994 determinou a remoção dos grafites nos metrôs da cidade, buscando com isso que a localidade com uma atmosfera mais organizada e “limpa”, deixasse de ser alvo de depredação, vandalismo, e criminalidade. O resultado que a experiência trouxe foi de acordo como explanado na teoria das janelas quebradas e o experimentado no experimento comportamental da Universidade de Standford, isto é, uma diminuição da criminalidade na região, que posteriormente inspirou a política de “tolerância Zero” no país. [11]
A política de “tolerância zero” foi uma estratégia de segurança dirigida pelo policial Willian Bratton, que consistia em suprimir os pequenos delitos que ocorriam no metrô e que traziam a sensação de insegurança ao local como: pular a catraca para não pagar a passagem de metrô. Instaurada essa política as pessoas que pulavam a catraca eram presas no mesmo instante pelos policiais, contudo as penas aplicadas à essas pessoas que cometiam os pequenos delitos, não se tratavam de encarceramento, mas sim de prestação de serviços comunitários. O resultado assim como o de todas as outras experiências embasadas na Teoria das Janelas quebradas foi positivo. 
A política de “tolerância zero” tomou grandes dimensões pela cidade e todos os pequenos delitos passaram a serem combatidos. A cidade de Nova York decaiu notavelmente seus níveis de criminalidade e se tornou segura.
Direito Penal do Inimigo e Teoria das Janelas Quebradas: Uma Busca pela Redução da Criminalidade e Pela Segurança na Cidade.
A modernidade, trazida pelo século passado, certamente transformou todas as instancias da vida do ser humano, tanto individualmente quando coletivamente. As relações humanas também se transformaram e por conseguinte o crime também se transformou. Fatores como o isolamento social, causado pela expansão das redes sociais e também pelo comportamento individualista trazido pela expansão da cultura de mercado, segregaram as pessoas ainda mais e também acentuaram a desigualdade social; as cidades cresceram, a população dobrou de tamanho. Tudo isso contribuiu para que qualquer situação encarada como hostil fosse enquadrada no conceito de crime. [12]
É certo que a sociedade contemporânea está aflita com o estouro das estatísticas criminais, que congregam crimes de diversas naturezas e que se deseja atitudes que combatam a criminalidade e que torne o ambiente urbano seguro. Afim de enfrentar a criminalidade surgem métodos que primam essencialmente por uma atmosfera social “limpa”, com a ordem nas ruas (Teoria das Janelas Quebradas) e indivíduos violadores da norma penal encarcerados (Direito Penal do Inimigo).
Muitos doutrinadores fundamentam que o direito penal deve ser usado com sabedoria, isto é, a resolução de graves problemas sócio-culturais, para que se tenha um caráter mínimo. Tanto o direito penal do inimigo quanto a teoria das janelas quebradas conflitam com essa intervenção mínima do Direito Penal, uma vez que buscam resultados imediatos à situação de criminalidade moderna.
A Intervenção mínima no Direito Penal estabelece limitações para os legisladores, e complementa a legalidade, tendo em vista que a lei seca permite que sanções penais sejam aplicadas para bens jurídicos cuja relevância não as justifiquem. Assim, ao aplicar-se desmedidamente o Direito Penal, sua função resta inevitavelmente ineficaz, deixando de proteger os bens jurídicos realmente relevantes. Em decorrência dessa má aplicação, a pena acaba sendo apenas um meio de punição, não atingindo sua real função de ressocialização.
Segundo o doutrinador Bitencourt ao invés da aplicação do direito penal para qualquer conflito ou pequena sanção, pode-se tentar outros meios de resolução de conflito por meio do direito civil e do direito administrativo. Caso não sejam suficientes esses direitos para solucionar o conflito aplicara-se então o direito penal. [13]
O Direito Penal não se deve ocupar com comportamentos de somenos importância, mesmo que encarados como violadores da boa convivência social, resguardando-se apenas para aqueles que são intoleráveis e lesivos aos bens jurídicos mais importantes.
A contemporaneidade, essa ingênua ciência do controle social oscila entre o discurso da tolerância zero, que significa intolerância absoluta, e o discurso do Direito Penal do Inimigo, que significa extermínio de seres humanos, ambos propostos como controle antecipado de hipotéticos crimes futuros: a teoria simplista da relação desordem urbana/criminalidade de rua do discurso de tolerância zero explica a criminalização da pobreza, de infrações de bagatela (pequenos delitos contra o patrimônio, contravenções penais etc.); a teoria simplista dos defeitos de personalidade do discurso do Direito Penal do Inimigo propõe a neutralização/extermínio de futuros e eventuais autores de crimes, ainda que bagatelares, relegando a segundo plano princípios norteadores da ciência criminal, como o da intervenção mínima.
A credulidade do direito penal do inimigo não está em investir na violência do Estado sobre o indivíduo, mas em desconhecer as recentes aquisições científicas sobre crime e controle social nas sociedades atuais. O fato de imputar apenas ao indivíduo o cometimento de um crime implicar sonegar estudos históricos do influxo social sobre a natureza humana.
Dito isso é possível concluir que tanto a teoria das janelas quebradas quanto o direito penal do inimigo não são as melhores maneiras de solucionar o problema da criminalidade, uma vez que não se trata de um problema apenas da esfera jurídica, é sim algo que está arraigado em bases de desigualdade social, do desenvolvimentodas cidades e do crescimento populacional, faz-se necessário uma analise cuidadosa da questão antes da aplicação do direito penal afim de não corromper seu caráter mínima intervenção.
Fontes Bibliográficas
[1] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. Livraria do Advogado. Ed, 2007,
 [2] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. Livraria do Advogado. Ed, 2007,p
[3] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. Livraria do Advogado. Ed, 2007,p
[4] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. Livraria do Advogado. Ed, 2007,p. 33.
[5]http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11101&revista_caderno=3
[6] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. Livraria do Advogado. Ed, 2007,p. 26-29
[7]http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11101&revista_caderno=3#
[8] CANCIO MELIÁ, Manuel, in JAKOBS, Günther; CANCIO MELIÁ, Manuel. Direito Penal do Inimigo Noções Críticas. p. 33-34_ftn9
[9]https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_Janelas_Partidas [10]https://daniellixavierfreitas.jusbrasil.com.br/artigos/146770896/janelas-quebradas-uma-teoria-do-crime-que-merece-reflexao
[11] VARELLA, Drauzio. Estimulo a Desordem Janelas Quebradas. 2011
[12] CHRISTIE, Nils. Uma Quantidade Razoável de Crimes. REVAN. 2011
[13] BITENCOURT, 2008, p.12

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