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O behaviorismo como um behaviorista o vê (1)

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O behaviorismo como um behaviorista o vê
Em 1913 o psicólogo norte americano John Broadus Watson publicou um artigo intitulado “A psicologia como um Behaviorista a vê”. Esse artigo é chamado por muitos de “O manifesto behaviorista”, pois reúne muitas das concepções que embasaram os vários “behaviorismos” que já existiram, incluindo a vertente mais difundida e mais aceita nos dias atuais: o behaviorismo radical de B. F. Skinner.
Watson criticava, entre outras coisas, o uso da introspecção como método. Sua crítica se baseava, sobretudo, na discordância entre os resultados produzidos por diferentes laboratórios. Watson propõe então uma mudança na Psicologia, tanto em seu objeto quanto em seu método. O objeto não seria mais a consciência, ou seus elementos, mas o comportamento. O método não seria mais a introspecção, mas a experimentação. Watson propunha que a Psicologia deveria ser uma ciência natural.
Embora a proposta original de Watson tenha sido reformulada, expandida e exaustivamente discutida ao longo de quase 100 anos, muitos livros atuais de história da psicologia, introdução à psicologia e outros manuais de conteúdo geral sobre psicologia ainda se referem ao behaviorismo como “a escola estímulo-resposta”, “a teoria do organismo vazio”, “uma visão simplista”, “um visão reducionista”, entre outros. Essas concepções, ou visões, são retratadas, via de regra, por autores não-behavioristas. Mas como será o behaviorismo como um behaviorista o vê?
Para um behaviorista, o behaviorismo é um conjunto de enunciados verbais e atitudes que representam uma visão de homem extremamente humanista (no sentido amplo) e otimista. Humanista porque seu propósito principal é discutir e resolver questões que ajudem a humanidade a atingir o máximo de suas realizações, que ajude a humanidade a resolver seus principais problemas e promover um mundo cada vez melhor (e muito tem sido conseguido neste sentido). Otimista porque, penso eu, talvez seja uma das visões de homem que mais acredita no potencial de mudança do ser humano. Não é por acaso que os behavioristas fazem tanto sucesso, por exemplo, no tratamento de transtornos invasivos do desenvolvimento: quando behavioristas olham para pessoas que aos olhos de muitos têm limitações extremas de aprendizagem, os behavioristas vêem nessas pessoas um potencial para aprender limitado apenas pela sua capacidade de ensiná-las. Os behavioristas não acreditam que existam estruturas psíquicas, imutáveis, que determinem o comportamento das pessoas. Embora os behavioristas não neguem a influência de variáveis biológicas sobre o comportamento humano, preferem buscar à exaustão influencias ambientais (sobretudo sócio-históricas), pois estas podem ser alteradas, permitem que as pessoas mudem, se for a caso.
Muitas críticas cruéis ao behaviorismo surgem principalmente quando os assuntos em questão referem-se à emoção, pensamento e sentimento, isto é, referem-se a uma vida mental, interna, privada. Os behavioristas têm uma visão sobre esses assuntos bastante diferente de outras escolas filosóficas e psicológicas. Alega-se, por exemplo, que, na visão dos behavioristas, tais eventos não existem. Na visão dos behavioristas, tais alegações são, no mínimo, curiosas. Quando os behavioristas as ouvem eles pensam – sim, eles pensam – “será que essa pessoa pensa que eu não penso?”; quando os behavioristas as ouvem eles ficam tristes – sim, eles têm sentimentos; quando os behavioristas as ouvem eles ficam, às vezes, irritados – sim, eles têm emoções. E mais, os behavioristas lembram – sim, eles têm memória – dessas alegações por anos e anos e, como se não bastasse lembrar, ainda encontram maneiras criativas –sim, muitos deles são extremamente criativos – de tentar responder a tais alegações. Os behavioristas pensam, sentem e lembram, entre outros eventos como esses, e ainda acreditam que todos os outros seres humanos também o fazem. Só não acreditamos que tais eventos sejam a explicação de outros (por exemplo, foi embora porque estava com raiva). Esses eventos privados, ditos mentais, na visão dos behavioristas, são também comportamentos que devem ser explicados em seu próprio direito.
Na visão de muitos não behavioristas também, o behaviorismo não considera ou não dá importância à tão aclamada subjetividade. Não visão de um behaviorista, o behaviorismo talvez seja uma das escolas de pensamento que mais valoriza a subjetividade e a individualidade. Por exemplo, quando behavioristas fazem pesquisas, o tipo de delineamento preferido por eles é o delineamento de sujeito único (a mesma pessoa passa por diferentes fases da pesquisa). Por quê? Por que na visão de um behaviorista cada ser é único, é singular; para um behaviorista, as pessoas são diferentes, pois têm histórias de vida diferentes e, portanto, reagem de maneiras diferentes ao mundo ao seu redor.
Alguns dizem também, não sem certo desdém, que o behaviorismo é uma visão determinista do homem. Nesse ponto, exceto pelo desdém, os não behavioristas estão certos. Skinner, por exemplo, era um determinista, como o era Sigmund Freud e todos aqueles que acreditam que o comportamento humano, em qualquer nível, “não surge do nada”. Afinal, se as escolas psicológicas tentam explicá-lo, é porque em algum nível ele é determinado, ele é causado (não confundir aqui determinismo com pré-determinação ou predestinação). Aliás, se isso não fosse verdade, não faria sentido a existência de uma ciência chamada Psicologia.
Na visão de muitos não behavioristas, as pessoas, para o behaviorismo, são destituídas de vontades, desejos, intenções, capacidade de reflexão ou julgamento, entre outros construtos psicológicos do gênero. Não creio que algum behaviorista tenha se tornado behaviorista porque alguém o obrigou. Penso que aqueles que se tornaram behavioristas o fizeram após refletir sobre as diversas escolas, após julgar que esta escola é interessante. Os behavioristas desejam um mundo melhor, têm vontade de mudar o mundo e agem intencionalmente neste sentido. Entretanto, na visão dos behavioristas, dizer, por exemplo, que as pessoas agem porque têm “o desejo de”, ou “tiveram a intenção” não são explicações adequadas, no sentido de precisão elas mesmas de explicação.
Na visão de um behaviorista, o behaviorismo é filosofia sobre o comportamento humano que vê as pessoas como seres ativos, sociais, históricos, subjetivos, complexos, criativos e com um potencial para a mudança, para a aprendizagem praticamente inesgotável. Cabe à Psicologia, na visão de um behaviorista, usar os métodos da ciência para desenvolver formas de transformar esse potencial em realidade
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