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Unidade IV
Nesta unidade será finalizada a exposição sobre a evolução do serviço social até o período 
contemporâneo.
O serviço social evolui e se renova. 
Uma expressão desse rearranjo profissional foi o movimento de reconceituação do serviço social, 
ocorrido entre os anos de 1965 – 1975, que expressava uma nova corrente para a profissão, com caráter 
mais heterogêneo – várias vertentes, linhas políticas, teóricas e profissionais. Ele é fruto de condicionantes 
históricas, com aprovação de setores jovens e profissionais de vanguarda do serviço social.
Com o passar dos anos, mais especificamente nas décadas de 1980 e 1990, o serviço social encontra 
seu ápice, pois a revisão profissional, latente nas décadas anteriores, se concretiza.
É instalado um processo de renovação de dentro e fora da categoria, conhecido como o processo de 
ruptura do serviço social com o tradicionalismo profissional. Ele não foi imediato, por isso ser chamado 
de processo de ruptura, pois nessa época ainda não havia uma hegemonia na própria categoria 
profissional.
O serviço social na década de 1990 rompe com o conservadorismo, aproximando-se de uma visão de 
homem enquanto ser social que constrói sua história, tendo a liberdade como eixo central de orientação 
desse projeto, entendido não apenas como valor, mas como capacidade ontológica do ser social. 
Novas demandas são colocadas para o serviço social, exigindo novas legislações e políticas. 
O serviço social na cena contemporânea tem sua direção voltada à defesa da classe trabalhadora e 
do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida material e dos modos de vida; é comprometido 
com a afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social, lutando pelos direitos e 
cidadania, em direção do desenvolvimento social inclusivo.
Muitas viradas o serviço social vivenciou desde o movimento de reconceituação; dos congressos de 
serviço social que sistematizaram a prática, até a contemporaneidade, expressas nos últimos capítulos 
desta unidade, fechando a fundamentação de nossa profissão. 
7 A RENOVAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
A partir dos anos 1960 até 1970 ampliava-se a área de atuação do assistente social, juntamente com 
o aumento das demandas pelos serviços e políticas sociais, o que impulsionava um avanço nos âmbitos 
acadêmico, profissional e organizativo, devido, também, a uma aproximação com os fundamentos 
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da teoria da modernização presente nas ciências sociais. Esse período correspondia ao do avanço do 
desenvolvimentismo e do capitalismo industrial, que geravam preocupações aos poderes autoritários da 
sociedade brasileira.
Foi útil ao serviço social, portanto, sua inserção no âmbito universitário, o diálogo com as disciplinas 
das ciências sociais e a criação e expansão da pós-graduação, com a implantação dos cursos de mestrado 
e doutorado no início dos anos 70.
As transformações que emergiam refletiam também na organização política da própria categoria 
profissional. A partir desse rearranjo ocorreu a criação das entidades de ensino, pesquisa e representação 
profissional. 
Dentro desse contexto de mudanças, o evento que marcou essa ruptura histórica da profissão com o 
perfil conservador foi o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado em São Paulo, em 1979, 
o “Congresso da Virada”, que marcou o questionamento da organização conservadora da profissão. 
Esse congresso realizou a crítica ao conservadorismo, ao capitalismo e à autocracia burguesa, firmando 
compromisso com a classe trabalhadora e com transformações radicais da sociedade.
Foi a primeira expressão na construção de um projeto ético, político e profissional que pudesse 
orientar a ação profissional, situando como determinante da desigualdade de classe na sociedade 
capitalista a apropriação privada da riqueza socialmente produzida. 
No final da década de 70, no contexto das greves operárias do ABC, da reorganização da sociedade 
civil e do avanço dos movimentos populares, a crise da ditadura já se expressava com maior intensidade. 
A anistia política, em 1979, ocorre como resultado da confluência da mobilização de trabalhadores, 
intelectuais e dos movimentos pastorais entre outros movimentos e partidos de esquerda, como os 
comunistas e socialistas. A transição democrática reaviva no serviço social a vertente comprometida 
com o projeto democrático- popular, explicitando a dimensão política e o significado social da 
profissão.
 O Congresso da Virada
 
Figura 4 – Logotipo do seminário de comemoração dos 30 anos do Congresso da Virada
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O III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, ocorrido entre os dias 23 a 28 de setembro do ano de 
1979, no Anhembi em São Paulo, é chamado “Congresso da Virada”, pois a postura crítica dos assistentes 
sociais foi o que deu suporte à construção do desenvolvimento critico do serviço social brasileiro.
Esse congresso representou um momento de grandes mudanças para a profissão, abrindo novos 
horizontes de luta pela democracia, vinculado à classe trabalhadora na luta pelos direitos humanos, 
atrelado aos movimentos sociais e outras associações. 
Os convidados oficiais, representantes das autoridades do regime militar, foram destituídos da 
comissão de honra e substituídos por dirigentes de movimentos sindicais e populares, dentre eles Luís 
Inácio Lula da Silva. Esse fato histórico teve grande repercussão na categoria profissional, constituindo 
um marco no processo de politização e mobilização de profissionais e estudantes de serviço social e na 
reativação das entidades sindicais em todo país, culminando com a criação da Associação Nacional de 
Assistentes Sociais - ANAS no ano de 1983.
A partir desse congresso, houve um repensar pelos próprios profissionais sobre a atuação profissional 
e um novo projeto ético, político e profissional, demarcando-se a direção social da profissão – ao lado 
da classe trabalhadora – e não mais atendendo ao conservadorismo.
Foi um marco e também um processo, com determinações exógenas e endógenas à profissão, 
marcado pelo adensamento da conjuntura nacional e latino-americana da época de um lado e pelo 
próprio acúmulo da profissão proporcionado pelo movimento de reconceituação, de outro.
Teve destaque a influência da Teologia da Libertação, ao estabelecer seu compromisso com os pobres e 
com a sua libertação, passou ela a se constituir em referência dos reconceitualizadores. Esses se encontravam 
inseridos em contextos universitários ou vinculados a movimentos da Igreja, operando uma mudança 
significativa nos vínculos sociais que estabeleciam com o povo e com suas lutas sociais, seu protagonismo em 
movimentos de resistência à ditadura e de militância política que se aproximavam do marxismo.
Trata-se de uma mudança na concepção de serviço social e no perfil da categoria profissional, 
possibilitada tanto pela inserção do serviço social no circuito acadêmico e pela criação da pós-graduação 
(1972), que aproximava a profissão das teorias sociais, dentre elas a do marxismo,quanto pelo processo 
de ampliação e laicização da categoria profissional, dadas as novas demandas postas pela ditadura, que 
alteravam substancialmente o perfil profissional. Como decorrência, tem-se a ampliação e consolidação 
do mercado de trabalho para os assistentes sociais, especialmente no campo da execução das políticas 
sociais.
O III Congresso deixava claro que era urgente a ruptura com a herança conservadora presente desde 
a emergência do serviço social no Brasil e a importância de um novo projeto de profissão.
7.1 O movimento de reconceituação do serviço social
Os anos de 1960 influenciaram grandemente o serviço social brasileiro. Com a instalação da ditadura 
militar, novas demandas foram impostas ao assistente social, porém, com o grande cerceamento 
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ideopolítico, muito pouco se avançava. A categoria profissional apresentava-se engessada e de braços 
atados com os limites impostos pelo período. A impossibilidade de questionar as condições políticas, 
sociais e econômicas da realidade brasileira sinalizavam um movimento interno e externo, que indagavam 
e questionavam o objeto, os objetivos, os métodos e os procedimentos de intervenção do serviço social, 
dando início ao chamado movimento de reconceituação.
O movimento de reconceituação do serviço social, ocorrido entre os anos de 1965 – 1975, expressa 
uma nova corrente para a profissão, com caráter mais heterogêneo – várias vertentes, linhas políticas, 
teóricas e profissionais. Ele é fruto de condicionantes históricas, com aprovação de setores jovens e 
profissionais de vanguarda do serviço social.
Esse movimento fez a denúncia e crítica ao serviço social tradicional e seu vínculo com o 
conservadorismo, uma autocrítica à profissão – revisão global; questionamento da sociedade e seu nível 
societário, da direção social da prática profissional, de suas raízes sociopolíticas, de seus fundamentos 
ideológicos e teóricos, sintonizando o serviço social com a realidade a fim de atender às demandas 
– crítica o tradicionalismo.
Expressou também um avanço nas reflexões teóricas do serviço social, fez a crítica ao assistencialismo 
e às bases convencionais, buscando um novo papel para a atuação, mais atrelado à realidade. É um 
movimento teórico, metodológico e operacional.
Não foi um movimento homogêneo de ideias e posições, mas incorporou várias correntes e tendências. 
Até mesmo sua aceitação no meio profissional não foi homogênea. 
Ele foi mais intenso na América Latina no Brasil, país com um nível mais avançado de 
industrialização e um sistema de governo populista, lutas de classes e organizações mais conscientes 
das mesmas, com ocorrência de participação política, onde ele assumiu uma perspectiva crítica de 
contestação política e de proposta de transformação social. Essa posição dificilmente poderia ser 
levada à prática frente à explosão de governos militares ditatoriais e pela ausência de suportes 
teóricos claros.
A primeira expressão desse movimento se deu a partir do 1º Seminário Latino-Americano de Serviço 
Social, realizado no ano de 1965 em Porto Alegre, e teve seu término por volta do ano de 1973. Nesse 
mesmo ano, com a interlocução com o serviço social latino-americano, foi fundada a Associação Latino-
Americana de Escolas de Serviço Social (logo depois, Trabalho Social), ALAETS, entidade de grande 
importância no fomento da crítica – serviço social critico. Entretanto, na profissão, em consonância 
com o contexto da década de 1960, emergiu um movimento crítico, denominado Movimento de 
Reconceituação Latino-Americano do Serviço Social.
Esse movimento trouxe inúmeros questionamentos acerca da sociedade e das condições de 
trabalho postas ao assistente social, alavancando um posicionamento crítico face ao serviço 
social tradicional conservador e à lógica capitalista. Possibilitou uma análise crítica da sociedade 
do capital, problematizando o papel do assistente social na sociedade capitalista e as demandas 
a ele dirigidas.
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No âmbito do movimento, definiram-se e confrontaram-se diversas tendências voltadas à 
fundamentação do exercício e dos posicionamentos teóricos do serviço social. Essas tendências resultaram 
em conjunturas sociais particulares nos países do continente e levaram, por exemplo, no Brasil, o 
movimento em seus primeiros momentos (tempos de ditadura militar e de impossibilidade de contestação 
política), a priorizar um projeto tecnocrático/modernizador, do qual os documentos Araxá e Teresópolis 
são as melhores expressões.
No Brasil, as influências desse movimento só irão repercutir a partir do fim da Ditadura Militar, que 
minou as bases que proporcionariam a crítica progressista no serviço social. 
O pós 1964 serviu para repensar, rearranjando o que era tradicional já que mudanças efetivas 
não poderiam ser instauradas. Esse processo também poderia ser denominado como modernização 
conservadora. 
Dentro dessa perspectiva, o serviço social apenas revisou seus conceitos e conteúdos, resgatando e 
mantendo seus núcleos teóricos, revestindo-os de uma nova roupagem apenas.
Algumas vertentes de análise que emergiram no bojo do Movimento de Reconceituação:
•	 Vertente modernizadora caracterizada pelas abordagens funcionalistas, estruturalistas e 
positivistas.
•	 Vertente inspirada na fenomenologia, que priorizava como metodologia a metodologia dialógica, 
abarcando nessa as concepções de pessoa, o diálogo e a transformação social como uma forma 
de reatualização do conservadorismo presente no pensamento inicial da profissão.
•	 Vertente marxista que se apropriou do conceito de sociedade e de classes no Brasil, aproximação 
do marxismo. 
A fenomenologia, enquanto vertente, significava o estudo dos fenômenos – ciência dos fenômenos. O 
conceito de intencionalidade ocupa um lugar central na fenomenologia, definindo a própria consciência 
como intencional, voltada para o mundo. 
Fenomenologia social é, portanto, o estudo dos modos como as pessoas vivenciam diretamente seu 
cotidiano e imbuem as suas atividades de significado. A partir de uma perspectiva determinada, 
cada um organiza o mundo em um sistema de coordenadas do qual é o indivíduo central. O 
mesmo ocorre com os demais indivíduos. O mundo social se organiza através do intercâmbio 
entre os sistemas de coordenadas. Essa idealização não é apenas a situação física e espacial. O 
conceito de situação é mais rico do que o de pontos de vista, pois ele envolve o lugar que alguém 
ocupa na sociedade, o papel que desempenha, as suas posições intelectuais, políticas, éticas e 
religiosas.
É importante ressaltar a contribuição da fenomenologia no esforço de superar o empirismo: 
preocupar-se com o fenômeno, com as intenções do sujeito, com o objeto e com o direcionamento 
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da consciência. A fenomenologia assume a tarefa de penetrar diretamente no fenômeno entrando em 
contato efetivo com o mesmo, livre de preconceito e pressuposições.
A fenomenologia se caracteriza, também,pela exigência de rever as perspectivas sobre o sentido da 
existência humana. Ela introduz a visão existencial no trabalho social proporcionando a aplicação da 
teoria psicossocial.
Na fenomenologia, o serviço social se realiza através da intervenção social ou tratamento social. 
Trata-se de um procedimento sistemático no qual se desenvolve um processo de ajuda psicossocial, o 
qual é realizado através de um diálogo que deve levar a mudanças, partindo das experiências da pessoa, 
grupo e comunidade. Descobre-se um sentido novo para um processo de ajuda psicossocial a partir dos 
princípios: diálogo, pessoa e transformação social.
A matriz fenomenológica é introduzida num momento de transformação social e necessidades 
crescentes de produzir ações sociais transformadoras, envolvendo a participação dos sujeitos nessa 
transformação, os paradigmas teóricos do positivismo passam a ser questionados e interpelados.
 Efetivamente, a apropriação da vertente marxista no serviço social brasileiro e latino-americano 
não se dá sem interferências, ou mesmo de um modo equivocado – interferências político-econômico-
sociais e equívocos na apropriação e interpretação.
No entanto, é com esse referencial que a profissão questiona sua prática institucional e seus 
objetivos, iniciando-se aqui a vertente comprometida com a ruptura com o serviço social tradicional.
Num panorama geral e internacional, decorrência do declínio do período de crescimento da 
economia capitalista mundial em curso desde a Segunda Guerra Mundial, a tensão nas estruturas 
sociais do mundo capitalista ganha caráter diferente: a Revolução Cubana (1959), com seu ideário de 
libertação, a Guerra do Vietnã, que mobilizou a juventude norte-americana, amplos movimentos de luta 
sindical, lutas pela reordenação de recursos governamentais por as políticas sociais – demandas sociais 
e culturais diversificadas.
As tensões das estruturas sociais do mundo capitalista ganharam uma nova dinâmica; num contexto 
de distensão das relações internacionais, gerou-se um quadro favorável para a mobilização das classes 
subalternas em defesa dos seus interesses. Esses movimentos põem em questão a racionalidade do 
estado burguês e a capacidade de suas instituições.
Os elementos que mais incidiram no movimento de reconceituação foram:
•	 a revisão crítica que se processa nas ciências sociais: crise da teoria do desenvolvimento e 
emergência da teoria da dependência;
•	 as mudanças que ocorrem na Igreja Católica, influenciada pela Teologia da Libertação;
•	 a presença ativa do movimento estudantil.
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Esse movimento se expressou em duas direções contraditórias:
•	 a primeira era de contestação, de oposição ao regime;
•	 a segunda era de adequar ao regime, com um caráter funcionalista.
Seus traços eram:
•	 nivelamento com as ciências sociais e os problemas sociais;
•	 liderança de vanguarda quanto à pesquisa, na produção do conhecimento;
•	 aumento de diferentes concepções profissionais, rompendo com a homogeneidade de práticas;
•	 pluralismo teórico, metodológico e político que rompia com a ideia de sociedade monolítica.
A erosão do serviço social tradicional aparece nesse contexto como um questionamento de suas 
bases, segundo o reflexo da crise econômica e política.
Nesse repensar há um engajamento de todas as camadas sociais nas lutas por reformas de base 
– projetos societários, com a participação da Igreja Católica (ala progressista democrática).
No serviço social, ocorreram mudanças:
•	 no contexto universitário: entrada do curso na universidade, forte expressão do movimento 
estudantil;
•	 no repensar do currículo mínimo do serviço social;
•	 no questionamento da universidade tradicional – propõe-se uma universidade mais democrática, 
política;
•	 na interlocução do serviço social com as ciências sociais, incorporação de conceitos;
•	 na introdução do desenvolvimento de comunidade, com uma atuação mais ativa, macrossocietária, 
inserindo a profissão em equipes multidisciplinares, dando um caráter mais técnico à profissão, 
mais participativo no que diz respeito ao planejamento e administração, o serviço social não se 
restringe apenas ao papel de um executor das políticas públicas. O desenvolvimento de comunidade 
é o vetor para esse repensar da profissão.
Essa erosão perdurou até o ano de 1964, quando o golpe levou ao rompimento com essas 
vertentes. 
O movimento de reconceituação não foi unitário, nem homogêneo, mas desdobrou-se em diversas 
tendências, conforme sinopse a seguir:
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Autor Tendências identificadas
Josefa Batista Lopes (1979)
A perspectiva da integração social (modernizante).
A perspectiva da libertação social (marxista).
Vicente de Paula Faleiros (1981)
Paradigma das relações interindividuais (funcionalista / fenomenológica).
Paradigma das relações de força, poder e exploração (marxista).
Maria Guadalupe Silva (1982)
Posições ideológicas conservadoras (funcionalistas).
Posições ideológicas de mudanças:
- tendência reformista ou desenvolvimentista (modernizadora);
- tendência revolucionária (transformação radical – marxismo).
José Paulo Netto (1990)
Perspectiva modernizadora (conservadora).
Reatualização do conservadorismo (fenomenológica).
intenção de ruptura (marxista)
Ivete Simionatto (1995)
vertente desenvolvimentista;
vertentes radicais.
A periodização histórica do movimento elenca um desenvolvimento do serviço social latino-
americano em que prevalecem as seguintes concepções na profissão:
•	 concepção benefício-assistencial: uma forma tecnificada de exercer a caridade e a filantropia;
•	 concepção paramédica ou parajurídica: se relaciona à ação dos visitadores domiciliares, auxiliares 
do médico ou dos serviços judiciários;
•	 concepção asséptico-tecnocrática: oferta profissional de seus serviços, com caráter política e 
ideologicamente neutro, a partir da influência norte-americana nos métodos do serviço social de 
caso, grupo e comunidade;
•	 concepção desenvolvimentista: inspirada no ideário da aliança para o progresso e patrocinada 
pelo governo americano;
•	 concepção conscientizadora-revolucionária: emergiu com o movimento de reconceituação.
Outra abordagem é aquela que assinala quatro fases para o serviço social:
1. fase pré-técnica: ações ainda assistencialistas, sob a forma de caridade e benemerência;
2. fase técnica: a partir do desenvolvimento do capitalismo e a transição das sociedades pré-industriais 
ao capitalismo industrial, com crescente tecnificação das formas de assistência pública;
3. fase pré-científica: após a segunda guerra mundial, com maior embasamento teórico 
profissional;
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4. fase cientifica: ruptura epistemológica do serviço social, que passa a preocupar-se em apreender a 
natureza contraditória das coisas, como também a essência e a substancia dos fenômenos, pondo 
em questão as limitações teóricas, metodológicas e axiológicas da profissão.
8 O SERVIÇO SOCIAL PÓS ANOS 1980: VIVÊNCIAS DA RENOVAÇÃOCRÍTICA
A década de 1980 inaugura um novo processo para a revisão profissional. É nessa década que a 
categoria profissional respira novos ares rumo a uma atuação mais democrática e autônoma. 
Instala-se um processo dentro e fora da categoria, processo de renovação do serviço social, conhecido 
como o processo de ruptura do serviço social com o tradicionalismo profissional. Esse processo não foi 
imediato, por isso é chamado de processo de ruptura, pois nessa época ainda não havia uma hegemonia 
na própria categoria profissional. 
Um questionamento das bases se iniciava, questionando e refletindo criticamente a metodologia e a 
prática profissional. Esse era também um questionamento ético. A ética entra em pauta nas discussões 
profissionais, pois se verificou que se fazia necessário romper com a neutralidade e com o tradicionalismo 
filosófico fundado pelo neotomismo e humanismo cristão. Ao assumir esse posicionamento ético, novas 
possibilidades se abririam, pois ainda eram insuficientes as ações voltadas para a classe trabalhadora. 
O regime militar vigente nessa década apresentava-se desgastado, pois havia no momento uma 
falta de sincronia no interior das classes dominantes, que refletia no sistema econômico e fazia cada dia 
mais aumentar a condição de pobreza e desigualdade social.
Essa herança da reconceituação foi à base para a renovação crítica do serviço social brasileiro na 
década de 1980, mesmo com os limites, aponta-se algumas conquistas decorrentes dessa época no 
Brasil:
1. intercâmbio e interação profissionais com outros países que respondessem as problemáticas 
comuns da América Latina;
2. a explicitação da dimensão política da ação profissional;
3. interlocução crítica com as ciências sociais: crítica ao tradicionalismo, com abertura para a tradição 
marxista e sincronia com tendências diversificadas do pensamento social contemporâneo;
4. inauguração do pluralismo profissional.
Uma das maiores expressões é sobretudo a efetivação da interlocução com a teoria social de Marx.
Essa década marca também o processo de abertura política no Brasil, com grande avanço dos 
movimentos sociais. O fortalecimento do sindicalismo, das comunidades de base e da reforma sanitária, 
aliado ao aprofundamento da crise econômica que se evidenciou na ditadura militar, vai resultar em um 
grande movimento social em torno da elaboração da nova Constituição. 
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Nessa conjuntura, há um movimento significativo no serviço social, de ampliação do debate 
teórico e incorporação de algumas temáticas como o Estado e as políticas sociais fundamentadas no 
marxismo. 
A mobilização da sociedade civil se adensa com a incorporação de diferentes categorias profissionais 
(médicos, professores, sanitaristas, funcionários públicos, assistentes sociais), que engrossam as lutas 
políticas, recriando suas entidades representativas e aliando-se às reivindicações democráticas de 
retomada do poder civil, de reconhecimento de direitos sociais e políticos, de democratização do Estado, 
de enfrentamento da grave crise social.
No âmbito do serviço social inicia-se a fecundação de um debate e posicionamento ético 
comprometido com a classe trabalhadora, com os direitos humanos e sociais, com a ampliação da 
democracia. As entidades profissionais tiveram um papel fundamental nesse processo de lutas, pelo seu 
atrelamento com a universidade e no adensamento da crítica.
E é nessa década que há um rompimento com o conservadorismo no serviço social, pela revisão do 
posicionamento ético e profissional, pela própria revisão do projeto formativo da profissão – diretrizes 
curriculares de 1982; pela organização da categoria – participação democrática. As entidades de ensino e 
representativas tiveram esse papel primordial, ABESS/CEDEPSS (Centro de Documentação e Pesquisa em 
serviço social e Políticas Sociais) e o CFESS/CRESS merecem destaque na elaboração de uma legislação 
que contemplasse essas mudanças. 
No ano de 1986 um novo do código de ética foi lançado, comprometido com um novo projeto ético, 
político e profissional junto à classe trabalhadora e seus interesses e que rompia com o corporativismo 
profissional. 
Uma nova postura e direcionamento são assumidos, que vieram a legitimar o compromisso expresso 
nesse novo código profissional. 
Dois elementos que representam uma ruptura com os paradigmas da profissão predominante nos 
anos 1980:
•	 considerar a questão social1 como base de fundamentação sócio- histórica do serviço social;
•	 apreender a prática profissional como trabalho e o exercício profissional inscrito em um processo 
de trabalho.
Nesse contexto, outros fatores importantes marcaram esse processo de renovação crítica do serviço 
social: a aprovação do novo currículo mínimo pelo Conselho Federal de Educação em 1982 representou 
um ganho significativo; a aproximação do serviço social da discussão sobre a vida cotidiana, através de 
1 Segundo Iamamoto (1992), questão social é a expressão do processo de formação e desenvolvimento da 
classe operária e seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do 
empresariado e do Estado. É a manifestação cotidiana da contradição entre proletariado e burguesia.
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autores como Lukács e Heller, Goldman, Lefèvre; como também a presença da influência Gramsciana 
em várias produções dessa época, que possibilitou novas interpretações das possibilidades de renovação 
crítica. Esses fatores incorporavam o papel de “educador” à prática profissional, contribuindo com a 
renovação da profissão. Marcam, também, a elaboração de um novo Código de Ética Profissional em 
1986, que se configurou como elementos significativos no processo de ruptura profissional, sobretudo, 
nos aspectos político e teórico, expressando a influência do pensamento marxista no serviço social.
Propunha-se ainda a superar a fragmentação existente no tripé caso, grupo e comunidade, criando 
as disciplinas de Metodologia do Serviço Social, História do Serviço Social e Teoria do Serviço Social.
Merece destaque também a formulação expressa na obra produzida por Marilda Villela Iamamoto 
e Raul de Carvalho, publicada em 1982 e intitulada Relações Sociais e serviço social no Brasil: esboço 
de uma interpretação histórico-metodológica, que veio de encontro às expectativas da categoria, 
sinalizando uma maioridade intelectual no rompimento.
Todo esse processo se desdobra na construção de um novo projeto ético, político e profissional, 
vinculado a um projeto societário, propondo uma nova ordem social, voltada à equidade e à justiça 
social, numa perspectiva de universalização dos acessos aos bens e serviços relativos às políticas sociais. 
Nesse contexto a profissão busca o compromisso com a classe trabalhadora através do aprimoramento 
intelectual, baseada na qualificação acadêmica e alicerçada em concepções teórico-metodológicas 
críticas e sólidas.
Essa década sinalizou uma redefinição e um repensar na categoria profissional, pois esta reconheceu 
que se fazia necessário ser partícipe e integrante de todo processo democrático em prol da classe 
trabalhadora. Para tal, a categoria se inseriu na luta por uma Constituição que contemplasse essa classe, 
fosse universal e democrática. A categoria propôs a incorporação dos interessesda classe trabalhadora 
que perfilassem um sistema que a melhor protegesse e atendesse: a seguridade social.
No que tange ao modelo de proteção social, a Constituição Federal de 1988, denominada Constituição 
Cidadã, é uma das mais progressistas, em que a saúde, conjuntamente com a assistência social e a 
previdência social, integram a seguridade social.
Esse novo paradigma do tripé da Seguridade Social como direito do cidadão foi fruto de forte 
movimentação popular, por meio de movimentos populares de saúde, sindicatos, associações de 
donas de casa, em contraposição aos segmentos privados, que se uniram em torno de uma proposta 
de privatização dos serviços, o que necessitou de uma composição de forças para o avanço do 
entendimento da saúde e assistência como direito, porém prevendo a possibilidade de complementação 
pelo setor privado.
Em relação à saúde, foi necessária grande mobilização popular que garantiu a Emenda Popular, 
assinada por cinquenta mil eleitores e 167 entidades (Bravo, 2007).
Essa década foi de extrema importância para o serviço social, que passa a avaliar a sua ação dentro da 
tradição marxista, como também há uma maior aproximação no movimento interno da universidade.
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Os anos de 1980 começavam a colocar para o serviço social brasileiro demandas, particularmente 
na pós-graduação, de instituições portuguesas e latino-americanas (Argentina, Uruguai, Chile), o que 
ampliava a influência do pensamento profissional brasileiro.
Esse novo modelo de Estado vem operando num processo de enfraquecimento dos movimentos 
sociais, que vinham da década anterior, com forte mobilização. Observa-se um esvaziamento dos 
sindicatos, um reforço da negociação dos acordos dentro das fábricas sem intermediação dos sindicatos, 
uma valorização do individual e da prestação de serviço em detrimento do emprego formal.
Em contrapartida, a Constituição de 1988 garantiu o controle social das políticas públicas, com o 
fortalecimento da gestão municipal; dessa forma, o serviço social tem necessidade de rever sua prática 
para contribuir na reorganização do movimento social em torno das garantias de direitos e manutenção 
das conquistas obtidas, evidenciando questões referente à necessidade de construir e concretizar uma 
prática que garanta um Estado participativo.
A partir dessa realidade, o Estado fica com a função de garantir um mínimo aos que não podem 
pagar, e o setor privado, com o atendimento aos cidadãos consumidores economicamente ativos, 
garantindo o lucro do setor, e repassando para o Estado as situações de alto custo; nos planos de saúde, 
o usuário, apesar de financiar durante anos sua saúde, quando necessita de um tratamento de alto 
custo, é encaminhado para saúde pública.
O Estado liberal traz como estratégia de governo um projeto privatista, o que cada vez mais vem 
trazendo demandas para o serviço social. Muitas das demandas apresentadas à categoria têm um 
caráter de fiscalização dos usuários, de convencimento da impossibilidade de acessar determinado 
recurso por não apresentar o perfil estabelecido; na seleção socioeconômica que exclui mais usuários de 
que os inclui; na atuação psicossocial via aconselhamento; na atuação através da inclusão de benefícios 
previdenciários e sociais tal como é o Beneficio de Prestação Continuada - BPC2 . Ainda perfilam a 
atuação profissional a ação junto aos planos de saúde, perícias sociais, planos de previdência privada. Tais 
práticas podem significar uma volta ao assistencialismo por meio da ideologia do favor e do predomínio 
de práticas individuais.
Nesse novo contexto, cabe aos profissionais de serviço social fortalecer as instâncias de controle 
social previstas na Constituição (conselhos municipais de saúde, educação, assistência, segurança 
pública, cultura, conselhos tutelares) para garantir a manutenção e viabilização de políticas públicas 
nessas áreas, além da destinação efetiva dos recursos financeiros disponíveis, garantindo a otimização 
de tais recursos nas ações de interesse das classes populares. Cabe ainda lutar para que esses conselhos 
não sejam cooptados pela iniciativa privada, garantindo assim seu papel de controle social da execução 
de políticas públicas.
Os programas de transferência de renda, embora reconhecidos internacionalmente como importante 
política de combate à fome, são um caminho para uma distribuição de renda menos perversa. Encontram 
2 O Benefício da Prestação Continuada - BPC , pensão garantida pela LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social para 
pessoa portadora de deficiência e idoso comprovadamente sem condições de se sustentar.
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fortes críticas nos setores hegemônicos nacionais e concorrem com políticas assistencialistas de 
preservação da pobreza, como também na ausência de uma retaguarda à população usuária.
Assim, tendo em conta os debates e embates no serviço social, a partir de 1986, com a elaboração de um 
código de ética profissional, inicia-se a busca do rompimento com o conservadorismo. Nesse código, é visível 
o rompimento das referências éticas desconectadas, superam-se, portanto, as reflexões éticas obscurecidas 
pelas construções idealizadas da realidade, que situam a ética fora do campo dos condicionantes históricos, 
dos interesses de classe. Ao mesmo tempo, há um reconhecimento da dimensão político-ideológica que marca 
a profissão desde o seu início e caracteriza a sua história, o que pode ser percebido na própria introdução do 
Código.
Destaca-se, uma postura em defesa de direitos antes não observada, na disposição sobre os deveres 
dos assistentes sociais
Denunciar, no exercício da profissão, às organizações da categoria, às autoridades 
e aos órgãos competentes, qualquer forma de agressão à integridade física, social 
e mental, bem como abuso de autoridade individual e institucional (Código de 
Ética Profissional, 1993).
Esse código tem uma vital importância para a profissão, pois traçou uma linha tênue entre o antes e o 
depois do serviço social, expressando definitivamente o rompimento com o conservadorismo na profissão.
8.1 O serviço social e os anos 1990: consolidação da renovação crítica
As décadas de 1980 e 1990 sinalizaram a maturidade do serviço social. Com sua aproximação com 
outras matrizes teóricas, com a crítica fundamentada e elaborada tornou-se evidente que o caráter dado 
à profissão anteriormente – acrítico e a-histórico – deveria ser rompido e repensado. Nos horizontes 
se abriam para o exercício profissional, colocou-se para o assistente social uma maior participação, 
participação essa para além da intelectualidade. A participação do assistente social retorna à militância 
e ao ideário de luta tão obscurecido pelo período ditatorial. 
A participação do assistente social nos movimentos sociais, nas lutas de classes e na questão social iam 
de encontro a uma melhor compreensão da realidade social. É nesse momento que as teorias sociais críticas 
serviram de aprofundamento para os assistentes sociais, com especial atenção pela teoria social de Marx.
A década de 1990 é marcada por fortes influências nas relações sociais no país, a partir do projeto 
neoliberal, iniciado pelo governo de Fernando Collor de Mello, da contrarreforma do Estado sob a 
orientação do Consenso de Washington3 defendida pelo governo Fernando Henrique Cardoso.3 O Consenso de Washington é uma das estratégias do neoliberalismo na condução crise que permeava as décadas 
de 1980 e 1990. Uma de suas premissas pautava-se no esforço em realizar ajustes e medidas a fim de negociar as dívidas 
externas dos países latino-americanos. Essa premissa está atrelado ao modelo imposto pelo FMI e do Banco Mundial. 
 Segundo Soares (2002, p. 16) o Consenso de Washington é “um conjunto abrangente de regras de condicionalidade 
aplicadas de forma padronizada aos diversos países e regiões do mundo, para obter o apoio político e econômico dos 
governos centrais e dos organismos internacionais. Trata-se também de políticas macroeconômicas de estabilização 
acompanhadas de reformas estruturais liberalizantes”. 
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O governo de FHC foi aquele que deu maior abertura para os postulados do neoliberalismo4. Com o 
Plano Real, os ajustes neoliberais tiveram novos contornos. Mesmo já iniciados no governo de Fernando 
Collor de Mello, os ajustes neoliberais se intensificaram.
No plano econômico, estabelece-se um plano de estabilização a fim de se retomar o crescimento e 
combater a inflação. O Estado é retirado mesmo com uma política que visava a um Estado de bem estar 
social aos moldes americanos – Welfare State. 
No âmbito do serviço social, os efeitos foram grandes. Com as propostas de privatização das empresas 
estatais, da flexibilização da economia e reestruturação no mundo do trabalho, da retração dos direitos 
sociais e da reforma do Estado, o Estado mínimo, mesmo com esse cenário desastroso e de retrocessos, 
o serviço social amplia os campos de atuação, passando a atuar no terceiro setor, nos conselhos de 
direitos, entre outros.
O serviço social na década de 1990 rompe com o conservadorismo, achegando-se a uma visão de 
homem enquanto ser social que constrói sua história, tendo a liberdade como eixo central de orientação 
deste projeto, entendida não apenas como valor, mas como capacidade ontológica do ser social. 
Com essas reflexões, a década de 1990, será o momento histórico em que o serviço social supera 
as dificuldades encontradas na década de 1980. Serão superadas, principalmente, as defasagens 
de publicações acerca dos fundamentos filosóficos da ética e do ser social, consolidando um 
amadurecimento, sistematizado e difundido entre a categoria na década, a partir da promulgação de 
documentos normativos, necessários nesse modelo de sociedade, a fim de garantir os direitos e deveres 
dos profissionais.
Os assistentes sociais ingressaram os anos 1990 como uma categoria que também é pesquisadora, 
reconhecida pelas agências que as fomentam. 
A aprovação do Código de Ética em 1993, já tende para a mudança, tratando a ética em seus fundamentos 
filosóficos, em sua configuração histórica na sociedade burguesa e na realidade brasileira. 
É possível afirmar, então, que o Código de 1993 confirmou importantes valores e diretrizes para 
o exercício profissional, que se colocam de forma divergente daqueles que atualmente vêm sendo 
difundidos e efetivados. 
O projeto ético, político e profissional legitima o compromisso com uma determinada ideologia 
e classe social. Esse posicionamento está expresso na Lei de Regulamentação da Profissão de serviço 
social, em 1993; no Código de Ética de 1993 e nas novas Diretrizes Curriculares de 1996. Dessa forma, 
a profissão debateu, elaborou e legitimou, junto à categoria, a estrutura necessária para a consolidação 
hegemônica desses novos rumos, aos quais essas normatizações profissionais deram a base.
4 Para aprofundamento quanto ao tema do neoliberalismo consultar: ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. 
In: SADER, Emir & GENTILI, Pablo (orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz 
e Terra, 1995.
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Os anos 1990 trouxeram para o país uma emergência no redimensionamento econômico 
e uma maior abertura para a economia global e para a concorrência internacional. Com essa 
abertura, o Brasil teve que se adequar aos moldes internacionais. Contratações flexibilizadas, 
subcontratos, parcialidade no trabalho, incorporação de modelos americanos no sistema de 
produção evidenciaram esta adequação. 
Mesmo com um contexto que aparentemente evidencia mudanças significativas e uma evolução por 
meio do enquadramento dos modelos internacionais, os retrocessos e limites eram maiores e atingiam 
pontualmente a classe trabalhadora.
Diante desse contexto devastador, o Estado, que já se colocava como mínimo, desenvolve ações 
fragmentárias, seletivas e focalistas a fim de responder e apaziguar os ânimos da classe trabalhadora 
que formava um verdadeiro exército de reserva. 
Tais ações afetavam a profissão de serviço social, pois a questão social não se apresentava com a 
mesma cara e formato de anteriormente. Havia naquele momento uma emergência, mais uma entre as 
que já se colocaram para a categoria profissional. Urgia para o serviço social apresentar respostas – um 
desafio, mais do que uma emergência em si – de decifrar a realidade imposta pelo sistema capitalista e 
pelo ajuste do neoliberalismo, verificado no processo de desfiliação social da classe trabalhadora e, por 
extensão, de sua família, na defasagem apresentada pelo sistema dito como protetor, como também 
urgia pensar em respostas mais claras e pontuais, pois a questão social agora tinha múltiplas expressões 
e ia além da condição de pobreza. 
A questão social se expressa com um novo perfil. Ela é um conjunto, não só a situação de pobreza em 
si, formada pela precarização, pela insegurança e vulnerabilidade social no trabalho e nas condições de 
vida, pelo desemprego, pelos baixos salários, pela desproteção social que assola a classe trabalhadora. 
Além disso, propunha-se uma construção coletiva, concretização dessa construção já sinalizada 
com os movimentos ocorridos no interior na categoria, a construção de um projeto ético, político, 
hegemônico e societário. 
Pode-se identificar isso por meio de consulta aos “Princípios fundamentais” do último Código de 
Ética da profissão.
Ainda nesta década, adensou o debate teórico, o que gerou maior visibilidade acadêmica e científica 
da profissão. A pesquisa que até então não era uma realidade determinante do modo de ser e existir do 
serviço social passou a ser uma necessidade em todos os níveis de formação.
Na formação profissional foram eleitos novos elementos valorativos e formativos. A teoria social 
crítica foi definitivamente incorporada. Novas dimensões foram evidenciadas, como também uma nova 
reforma curricular. As novas diretrizes (Diretrizes Curriculares de 1998) evidenciaram e apontaram 
como direção à apreensão crítica do processo histórico como totalidade; a investigação; a apreensão do 
significado social da profissão a fim de desvelar as possibilidades contidas no cotidiano; o cumprimento 
de competências e atribuições. 
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As diretrizes curriculares do curso de serviço social evidenciaram os componentes principaisque são 
as dimensões teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política. O trabalho é tomado 
como norte, como categoria central do ser social, sendo, portanto, a partir dele pensadas e repensadas 
as ações. Núcleos de fundamentação foram criados a fim de efetivar este projeto profissional. 
Os Núcleos de Fundamentação podem ser:
•	 núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social;
•	 núcleo de fundamentos da particularidade da formação sócio-histórica da sociedade brasileira;
•	 núcleo de fundamentos do trabalho profissional.
O assistente social deveria ter capacidade de apreender, sob a ótica da totalidade, os processos 
sócio-históricos que permeiam a vida da classe trabalhadora. Ele deveria ainda compreender o 
significado social da profissão e das suas demandas, como também a sua inserção na divisão 
social do trabalho.
O projeto ético-político veio a protagonizar valores, agregá-los rumo a uma nova ordem societária. 
O Código de Ética de 1993 veio somar a essas premissas de mudança instauradas para a profissão. 
Seus princípios sinalizaram que se faziam necessárias mudanças. A liberdade é colocada como valor 
ético central tal como as demandas que emergem dela junto ao contexto político: autonomia, 
emancipação do sujeito. Sinaliza-se o respeito ao indivíduo respeitando sua historia, sua cultura, seus 
costumes. 
A condição de cidadania é evidenciada, como também a necessária luta pelos direitos humanos 
e sociais, pelo posicionamento em favor da equidade e da justiça social. Deve-se ainda assegurar 
a universalidade de acesso aos bens e serviços, o que, mesmo instruído legalmente, vai em sentido 
contrário ao estabelecido pelo neoliberalismo. 
No início do século XXI, as alterações nas relações sociais requisitam da profissão novos patamares 
para compreensão da sociedade, fazendo emergir preocupações com as matrizes teóricas que alimentam 
a formação profissional e a intervenção do assistente social. 
Sinteticamente, é importante destacar que os avanços consolidados na década de 1990 se deram 
em três dimensões. Na dimensão ético-política, a superação da neutralidade profissional, inserindo 
os profissionais na luta juntamente com os trabalhadores. Na dimensão teórico-metodológica, com o 
Código de 1993, a ampliação com a teoria marxista, que se baseou no entendimento crítico e histórico 
da prática ética e política. Na dimensão técnico-operativa, a conquista de direitos e deveres do assistente 
social sintonizados nesses novos rumos consolidados pelo Código de Ética de 1993.
Assim, a partir do Código de 1993 que o projeto profissional ganha visibilidade nacional como 
“projeto ético-político”.
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Os temas que articulavam a prática nessa década: 
•	 seguridade social, juntamente com o “tripé” realizado com a política de saúde, assistência social 
e previdência social. a noção de seguridade supõe que os cidadãos tenham acesso a um conjunto 
de certezas e seguranças que cubram, reduzam ou previnam situações de risco e vulnerabilidades5 
sociais sem custo algum; 
•	 assistência social como política publica de proteção social5; 
•	 municipalização e descentralização das políticas sociais públicas;
•	 consolidação do projeto ético, político, teórico, metodológico e operativo. 
 Porém, mesmo com todos esses avanços, vários impasses se colocaram frente ao serviço social na 
década de 1990.
Um impasse muito famoso e que traz um grande “nó” para a atuação profissional é o do distanciamento 
entre o trabalho intelectual, de cunho teórico e metodológico, e o exercício da prática profissional. 
Outro diz respeito à construção de estratégias técnico-operativas para o exercício profissional, ou 
seja, do preenchimento o campo de mediações entre as bases teóricas e a operacionalidade. 
Questão para reflexão
Num contexto atual, qual sua compreensão quanto à profissão de serviço social? Você verifica 
avanços quanto à prática?
8.2 O serviço social na cena contemporânea
O serviço social na cena contemporânea tem sua direção voltada à defesa da classe trabalhadora e 
do trabalho, dentro do processo de reprodução da vida material e dos modos de vida; comprometido 
com a afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e da justiça social, lutando pelos direitos e 
pela cidadania em direção do desenvolvimento social inclusivo.
5 Vulnerabilidade social é uma noção multidimensional, na medida em que afeta indivíduos, grupos e comunidades 
em planos distintos de seu bem-estar, de diferentes formas e intensidade. Entre os fatores que compõem as situações de 
vulnerabilidade social estão: a fragilidade ou desproteção ante as mudanças originadas em seu entorno, o desamparo 
institucional dos cidadãos pelo Estado; a debilidade interna de indivíduos e famílias para realizar as mudanças necessárias 
a fim de aproveitar o conjunto de oportunidades que se apresenta; a insegurança permanente que paralisa, incapacita 
e desmotiva o pensamento de estratégias e a realização de ações com o objetivo de lograr melhores condições de vida”. 
(http://www.seade.gov.br/produtos/ipvs/apresentacao.php, acessado em 29/10/2010).
6 A proteção social de assistência social contemplada aqui diz respeito ao sistema de proteção social inaugurado 
com Sistema Único de Assistência Social – SUAS e pela Política Nacional de Assistência Social – PNAS, que elencam ações 
e manobras na erradicação da situação de vulnerabilidade social. 
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As condições concretas na atualidade para a atuação profissional sinalizam um atrelamento com 
o movimento, como um todo, da sociedade. Através do desenvolvimento do ideário neoliberal, dois 
aspectos em particular se interpelam ao serviço social: as novas manifestações e expressões da questão 
social e os processos de redefinição dos sistemas de proteção social.
Até mesmo a própria expressão da questão social apresenta-se num novo perfil, com a 
precarização, insegurança e a vulnerabilidade do trabalho, que geram a perda das proteções e 
seguranças sociais no enfrentamento do desemprego e do crescimento do trabalho informal 
e das formas precarizadas de trabalho, o achatamento salarial e o aumento da desproteção 
social.
Evidencia-se a renovação crítica profissional, fruto do amplo processo de lutas pela democratização, 
de lutas operárias, processo esse que rompia com o tradicionalismo.
Face às mudanças estruturais e sociais, exige-se da profissão de serviço social que continuadamente 
estabeleça uma interligação e apropriação teórico-metodológica, que o permita ler e reler a realidade e 
atribuir visibilidade aos fios que integram o singular com o coletivo.
O serviço social tem hoje nas políticas sociais seu maio foco de atuação, visto que o Estado, gestor 
das políticas sociais, é o maior empregador. Dado seu caráter assalariado e o fato de a intervenção 
profissional só se realizar mediada por organizações públicas ou privadas, a profissão acaba sendo 
condicionada pelo tipo, pela natureza, pelo formato, pela modalidade de atendimento das sequelas da 
questão social sugeridas pelo Estado burguês.
O redesenho das ações sociais estatais caracteriza-se pela municipalização, descentralização e 
transferência para a iniciativa privada de atividades prestadas por órgão do Estado. Instala-se uma 
nova ótica na ação social estatal: o Estadodeve subsidiar as ações e não executá-las. Para esse papel 
subsidiário que cabe ao Estado, ganham força as alternativas privatistas para a questão social e crescem 
as ações no campo da filantropia – refilantropização.
Não se trata do ressurgimento da filantropia, mesmo que suas expressões se deem com as mesmas 
marcas do passado assistencialista, porém ela se expressa com uma nova roupagem, a filantropia do 
grande capital, resultante do amplo processo de privatização dos serviços sociais – processo neoliberal.
Tal “filantropia” se expressa como uma evocação da solidariedade social em parceria com a sociedade 
civil e o Estado.
Este sinaliza um avanço no chamado terceiro setor, que muitas das vezes vem substituir as ações 
socioassistenciais estatais. 
São apresentados vários desafios profissionais e acadêmicos:
1. Formação teórica e metodológica que permita explicar o atual processo do desenvolvimento 
capitalista.
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2. Qualidade acadêmica na formação universitária.
3. Articulação em rede rumo à defesa do trabalho e dos direitos.
4. Afirmação do horizonte social e ético-político do projeto profissional no trabalho cotidiano.
5. Atitude crítica e ofensiva na defesa das condições de trabalho e na qualidade dos serviços 
prestados.
Intenta-se hoje um atendimento às demandas sociais através ou no formato de serviços 
sociais ou políticas sociais, por ações que, neste período contemporâneo, são denominadas como 
“refilantropização10”, pelas instituições públicas não estatais, as quais apresentam em seu quadro 
sócio ocupacional o exercício profissional como atividade voluntária. Dessa forma, estabelece-se 
uma nova relação entre as instituições prestadoras de serviço, os agentes prestadores de serviços 
e os usuários.
A ação estatal efetivada nesse contexto de projeto neoliberal, mesmo que de forma fragmentada, 
mostrou-se eficaz nas ações de redução da pobreza.
Nesse período, as ações do Estado apresentam-se refuncionalizadas e requerem a ação dos 
três segmentos, o setor público estatal, as empresas e as instituições sem fins lucrativos. Cresce a 
demanda e a exigência da solidariedade, solidariedade via voluntariado, refilantropizando algumas 
velhas questões. 
A questão social apresenta-se institucionalizada pelas organizações sociais, responsáveis pela 
execução das políticas sociais. Com essa institucionalização há uma desqualificação e descaracterização 
profissional, que tendência à fragmentação da categoria.
Velhas práticas são retomadas, como o caráter missionário, a vocação, substituindo a intervenção 
profissional por atividades voluntárias, desprofissionalizadas. 
Nesse período também se inicia uma retomada do crescimento econômico, logo ameaçado pela crise 
internacional do capital financeiro, iniciada em 2008, com repercussões no Brasil.
As manifestações dessa crise, representadas pela elevação dos índices de desemprego e pela recessão, 
começam a ser ligeiramente atenuadas a partir do segundo trimestre de 2009.
As políticas sociais consolidadas a partir do final dos anos de 1990 e no ano de 2000 
vêm consolidar a gestão descentralizada do sistema socioassistencial. A pobreza é focalizada 
7 Cf. Serra (coord.), 1998. Entendemos que nesta perspectiva de refilantropização da questão social, donde seu 
atendimento pelas empresas em programas denominados filantropia gerencial ou corporativa, tem sido uma das formas 
de o grande capital tirar vantagem até mesmo da barbárie social de que é responsável e de encobri-la com a cortina de 
fumaça da “solidariedade”.
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através de programas e projetos sociais que abarcam apenas uma parcela – até mesmo as 
ações socioassistenciais de erradicação da condição de pobreza são seletivas, visto que se 
faz necessário selecionar, através de critérios e condicionantes, os mais empobrecidos 
dos empobrecidos. Critérios são utilizados, critérios esses que são mais exclusivos do que 
inclusivos. 
Os governos atuais têm efetivado ainda mais essa condição seletiva, através de uma inclusão, 
inclusão esta perversa que não contempla a totalidade humana e as novas condições que elegem outras 
necessidades e mínimos sociais. 
Há a prevalência dos programas de transferência de renda, tais como o Benefício de Prestação 
Continuada - BPC e o Bolsa Família, criado pelo Governo Federal em 2003.
Merecem destaque ainda as novas políticas e seus avanços, como o alcançado pela Política de 
Assistência Social, com um caráter mais geral e nacional, implantada desde 2004. Soma-se a esta o 
Sistema Único de Assistência Social – SUAS, implantado desde 2005, muito semelhante ao SUS, que 
vem a universalizar o acesso, gerir recursos e serviços.
Os campos de prática do serviço social nesse início de século estão indo de encontro às 
novas expressões da questão social – múltiplas expressões. Para essa execução, execução que 
vá além do caráter tecnocrático e acrítico, exige-se um continuum, um constante repensar 
da prática, para que essa não caia e retorne aos modelos anteriores de ação profissional. 
Para tal, é mister ver e rever diariamente seu conteúdo teórico-metodológico para dar conta 
dos desafios que seu compromisso. 
Ainda no âmbito do mercado de trabalho emergente para o assistente social, as ações que 
perpassam a prática mostram que não apenas na execução de ações e programas este pode atuar. 
A execução de práticas como de assessoria e consultoria às ONGs, aos movimentos sociais, aos 
profissionais, tem sido requisitada, como também a formulação de políticas, implementação de 
programas destinados ao treinamento e organização de voluntários.
Acentua-se a tendência neoconservadora, as políticas e ações focalistas, fragmentadas, de controle, 
dentro da ótica da abordagem microscópica da questão social, transformada em problema ético-
moral.
No âmbito da dimensão instrumental da profissão há que se ter uma racionalidade, ontológica 
e crítica, que “inspire” a atuação profissional e que faça o profissional ter a coragem de não 
retroceder, mesmo que no cotidiano muitos dos passos que guiam a ação profissional rumem ao 
retrocesso; e que o encorajem, mesmo um passo para frente e dois para trás, a qualificar-se para o 
enfrentamento das reformas estatais e das demandas que essas trazem. Para tal, faz-se necessário 
realizar alianças com os outros profissionais e trabalhadores, que permitam a defesa da democracia 
e os direitos humanos, e o acesso aos bens e serviços sociais. 
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Para tanto, há que se ultrapassar a racionalidade formal-abstrata das correntes tecnocráticas, a 
visão tarefista-burocrática, fatalista, bem como combater os subjetivismos, que visam psicologizar 
as respostas profissionais. Ambos são produto do pensamento conservador burguês e dele se 
sustentam.
As mudanças no mundo do trabalho, os novos padrões de produção e de gestão da força de 
trabalho (reestruturação produtiva, flexibilização, fordismo, taylorismo, keynesianismo (política 
de pleno emprego) foram às primeiras expressões da contemporaneidade que emergiram epermearam a sociedade atual.
Os avanços tecnológicos e dos meios de produção marcam esse cenário contemporâneo, como 
também as relações intergeracionais, fornecendo um novo olhar para a questão do envelhecimento e 
para as questões de gênero e de opção.
Com esses avanços há um agravamento das condições de vida, um avanço ou ressurgir dos 
movimentos sociais, como também o reflorescimento de velhas expressões da questão social tais como 
a violência e suas inúmeras expressões, a questão urbana, entre outros.
Para tanto se exige um novo perfil profissional que melhor contemple as expressões (múltiplas 
expressões) da questão social. Exige-se um profissional antenado, que saiba interpretar e decifrar 
a realidade cotidiana e a transformar em projetos profissionais. Que tenha ainda um caráter 
interventivo, que rompa com a endogenia, com as atividades repetitivas e alienantes, com as meras 
rotinas burocráticas, ou seja, que transcenda com a mesmice que muitos espaços de trabalho 
imprimem à profissão.
Exige-se um profissional não múltiplo – strito sensu, mas que saiba transitar nos vários lócus 
profissionais, que saiba propor, que negocie, que defenda a profissão de serviço social, rompendo com 
o fatalismo e o messianismo.
Vale saber:
Na contemporaneidade, é na prestação de serviços socioassistenciais que o assistente social 
intervém nas relações sociais que fazem parte do cotidiano da população usuária de seus 
serviços. O assistente social é hoje, portanto, um profissional que atua na esfera dos serviços, 
nesse setor. 
Sua intervenção profissional está voltada para a melhoria das condições de vida da população 
e se concretiza tanto na oferta de bens, recursos e serviços, como pelo exercício de uma ação 
socioeducativa. 
A ação socioeducativa profissional não vem como um caráter de ensino, muito menos com uma 
característica disciplinadora, voltada ao enquadramento como muito era feito nos primórdios da 
profissão, mas sim se volta a uma perspectiva emancipatória, defendendo, preservando e efetivando 
direitos sociais. 
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Quadro 2
Serviço social em datas
1932 O surgimento das primeiras manifestações da institucionalização do serviço social pela Igreja 
deu-se com a criação do Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo – CEAS, com o incentivo 
e controle da Igreja Católica.
1936 Primeiro curso de serviço social.
1938 A primeira grande ação de regulação da assistência social no país foi a partir da instalação do 
Conselho Nacional de serviço social – CNSS.
1941 Conferência Nacional do Serviço Social, intercâmbio com outras escolas de serviço social.
1942 Criação da Legião Brasileira de Assistência e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. 
1947 Congresso Brasileiro de serviço social, promovido pelo Centro de Estudos e Ação Social – CEAS.
1957 Regulamentação da profissão de serviço social.
1960 Processo de reconceituação.
1982 Currículo mínimo.
1996 Diretrizes curriculares.
1986 Código de ética – sob outro olhar.
1993 Código de ética profissional.
Questão para reflexão:
Muito tem-se falado quanto a projetos profissionais e sobre o projeto ético político no serviço social. 
Segundo a sua concepção sobre projetos profissionais, o que você verifica quanto ao projeto ético 
político neste contexto contemporâneo?
 Resumo
O serviço social teve seu início na Europa, com forte influência da 
religião católica, com características filantrópicas de atendimento religioso 
aos pobres e enfermos.
No Brasil, a profissão tem início em 1930, com base nos ensinamentos 
de franceses e belgas. A partir de 1945, com o final da Segunda Guerra 
Mundial, passa a buscar um tecnicismo, substituindo uma postura julgadora 
por instrumentos da psicologia, sob influência do serviço social norte-
americano, pondo fim à influência europeia. 
A partir de 1970, impulsionado pelas questões sociais na América Latina, 
o serviço social passa a pensar em um modelo de atuação mais condizente 
com a necessidade dessa demanda e não mais das culturas de países 
desenvolvidos, dando assim origem à reconceituação da profissão. Esse 
movimento ocorre no período de polarização entre o sistema capitalista e 
o socialismo.
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Apesar de historicamente atrelado ao capitalismo, o movimento de 
reconceituação trouxe para o ensino acadêmico e para a profissão um 
discurso e uma prática baseados nas teorias marxistas.
Nos últimos 70 anos, o serviço social realizou uma transformação no 
interior da profissão; ele deixa de culpar os indivíduos pelas situações 
que vivenciavam para assumir uma postura funcionalista de adequação 
e prática doutrinária baseada em princípios cristãos. Efetiva-se como uma 
prática institucionalizada, atuando junto a indivíduos com desajustamentos 
familiares e sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de 
“estruturas sociais inadequadas” (CBCISS, 1967). 
Este processo teve como direções do processo:
•	 Perspectiva modernizadora – foi uma adequação do serviço social 
como instrumento do regime, na qual se buscavam técnicas 
que atendessem às exigências do regime. Foi expressa por dois 
seminários de teorização do serviço social: Araxá e Teresópolis. Essa 
visão não rompeu com o serviço social tradicional, só o modernizou 
(funcionalismo estrutural).
•	 Reatualização do conservadorismo – confere à profissão um traço 
microscópico de intervenção embasado nos fundamentos da Igreja 
Católica (Positivismo).
•	 Intenção de ruptura com o serviço social tradicional – produz a crítica 
ao serviço social tradicional e seu embasamento pautado no regime, 
respondendo a suas demandas. Queria romper com o pensamento 
conservador. Introduziu a teoria social de Marx (método de BH). 
Na década de 1970, com as mobilizações populares contra a ditadura 
militar, o serviço social revê seu objeto e o define como transformação 
social. Esse objeto foi definido de forma pitoresca porque a transformação 
social não pôde ser atribuída a nenhuma categoria profissional específica 
e sim a todo o movimento social. Isso implicou o engajamento do governo 
nas diferentes instâncias: legislativo (garantindo leis que contribuíssem 
para mudança social, distribuição mais equitativa de renda); executivo 
(com programas sociais de regate da cidadania e não de perpetuação da 
dependência e miséria); e judiciário (garantindo acesso à justiça e rapidez 
em processos e no cumprimento da lei, diminuindo a impunidade).
A década de 1980 demonstrou o ápice revisional da profissão rompendo 
com o tradicionalismo, sintonizando-se ao processo de transformações 
sociais, políticas e econômicas do mundo contemporâneo e da própria 
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realidade brasileira, o que veio a exigir e a colocar para a profissão novas 
demandas que sinalizaram a emergência da capacitação e atualização 
constante a fim de acompanhar esse processo. Os anos de 1990 imprimem 
uma nova visão de homem e de mundo sob a ótica da totalidade e da sua 
historicidade– ser histórico que é e faz historia. 
Novas demandas são colocadas para o serviço social, exigindo novas 
legislações e políticas, tendo a profissão na cena contemporânea sua direção 
voltada à defesa da classe trabalhadora e do trabalho, dentro do processo 
de reprodução da vida material e dos modos de vida; comprometido com a 
afirmação da democracia, a liberdade, a igualdade e a justiça social, lutando 
pelos direitos e a cidadania em direção do desenvolvimento social inclusivo.
Muitas viradas o serviço social vivenciou desde o Movimento de 
Reconceituação, dos congressos de serviço social que sistematizaram a 
prática, até a contemporaneidade, expressas nas unidades desta apostila e 
que podem revelar sua escolha por este curso. 
O assistente social tem seu processo de trabalho orientado por condições 
econômicas, políticas e culturais, impossibilitando uma prática descolada 
dessa realidade sócio histórica. Tendo como base de sua intervenção as 
diversas manifestações da questão social, ele se utiliza de instrumentos 
para intervir. Esses instrumentos lhes são ferramentas de trabalho. Diga-
se ferramenta, mas nem sempre é algo palpável como uma ferramenta 
– martelo, pregos, etc.; mas sim um conglomerado de técnicas, de 
embasamentos teóricos – metodológicos, técnico-operativos, entre outros.
Além desse atrelamento com a realidade vivida diariamente, a atuação 
profissional tem também um horizonte ético-político compromissado com 
as camadas populares, na defesa da democracia e na luta pelos direitos 
sociais dos cidadãos, alinhado com os princípios fundamentais inscritos 
no Código de Ética Profissional: ”ampliação e consolidação da cidadania, 
considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos 
direitos civis, sociais e políticos da classe trabalhadora”.
Essa nova realidade imposta requereu um balançar das estruturas 
da categoria, impondo uma revisão de sua prática frente às demandas 
contemporâneas, e o repensar de suas atribuições e competências. 
Por fim, apesar do equívoco na escolha do objeto, essa redefinição propiciou 
um vínculo com as classes subalternizadas e exploradas pelo capital. Essa 
questão tem marcado o discurso social e legitimado uma atuação comprometida 
com a proposta dialética marxista, em contraponto ao tecnicismo assistencial 
positivista do início do exercício profissional no Brasil.
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Atualmente, o objeto do serviço social passou a ser definido como a 
questão social, ou as expressões da questão social, conforme definido pela 
Associação Brasileira de Ensino em serviço social (ABESS) (ABESS/CEDEPSS, 
1996, p. 154-5).
Na virada do milênio, assume-se uma postura marxista.
Reconhece-se que a forma de produção social é a causa prioritária das 
desigualdades, devido à necessidade de manter a dominação de classes; 
reconhece-se a assistência como um direito e a necessidade de fortalecer 
os movimentos sociais, garantindo o protagonismo dos indivíduos.
As demandas impostas para o serviço social estão minadas de 
determinações econômicas, políticas, culturais, ideológicas, então elas 
exigem mais do que ações simples, repetitivas, instrumentais, imediatistas, 
sem conteúdos ético-políticos. 
Para além das demandas do mercado, corre-se o risco de um retrocesso 
da profissão às suas origens, de operarmos uma redução psicologista do 
projeto profissional. 
 Exercícios
Questão 1.(ENADE, 2010) As principais vertentes de fundamentação teórico-metodológica que 
emergiram no bojo do Movimento de Reconceituação foram: a vertente ________________________, 
caracterizada pela incorporação de abordagens funcionalistas e estruturalistas e, mais tarde, sistêmicas 
(matriz positivista),voltadas a uma modernização conservadora (NETTO,1994, p.164);a vertente de 
inspiração_________________, centrada na análise do vivido e das vivências dos sujeitos;e a vertente __
____________________, que remete a profissão à consciência de sua inserção na sociedade de classes.
Assinale a opção cujas palavras preenchem corretamente as lacunas, na ordem em que estão 
dispostas no texto.
A) modernizadora, fenomenológica, marxista.
B) fenomenológica, modernizadora, marxista.
C) sistêmica, marxista, modernizadora.
D) marxista, sistêmica, fenomenológica.
E) sistêmica, fenomenológica, marxista.
Resposta correta: alternativa A
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Análise das alternativas:
A) Alternativa correta. 
Justificativa: Netto (1994), em sua obra Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no 
Brasil pós 64, dedica especial atenção ao Movimento de Reconceituação da profissão. O autor afirma que a 
partir desse movimento surgiram várias vertentes que possuem distintas formas de compreender o serviço 
social. Tal distinção decorre de diferentes matrizes teóricas e de diferentes perspectivas: modernizadora, 
marxista e fenomenológica. A perspectiva modernizadora tem recorrência ao funcionalismo enquanto 
matriz teórica. A perspectiva fenomenológica, que como a própria denominação sugere, recorre à 
fenomenologia, conferindo destaque à “análise do vivido e as vivências do sujeito”. A perspectiva de 
vertente marxista, também chamada pelo autor como perspectiva de intenção de ruptura, recorre ao 
marxismo enquanto corrente teórica e conduz a profissão a realizar uma análise da sociedade capitalista, 
principalmente da categoria “classes sociais”, propondo uma definição da classe social que a profissão 
deseja “servir”. 
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: essa alternativa está incorreta porque inverte as perspectivas modernizadora e 
fenomenológica ao completar as lacunas. A perspectiva fenomenológica é descrita como aquela que 
incorpora abordagens funcionalista e estruturalista, e na verdade a abordagem que se respalda nessas 
concepções é a perspectiva modernizadora. Por outro lado, a perspectiva modernizadora é descrita 
como sendo àquela que se respalda na fenomenologia, o que está incorreto.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: a visão sistêmica compreende a sociedade realizando uma análise setorizada, partindo 
dos sistemas isolados que convergem para o todo, podendo ser compreendida como uma teoria 
que provém do funcionalismo e mesmo do estruturalismo. O erro reside na terminologia adotada. A 
perspectiva é denominada modernizadora, mas o funcionalismo e mesmo a teoria sistêmica são as 
referências teóricas que embasaram a perspectiva. A maior inconsistência proposta nessa alternativa 
se encontra na compreensão da vertente marxista como se fosse orientada para a análise do vivido e 
das vivências. O Marxismo analisa o modo como a sociedade organiza sua produção e seu consumo, 
e os processos decorrentes dessa forma de organização. A perspectiva modernizadora não pode ser 
relacionada à compreensão de análises focadas na interpretação da sociedade de classes.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: as vertentes indicadas para preencher as lacunas não possuem correspondência com as 
teorias descritas. Ver justificativas anteriores.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: o termo “sistêmica” refere-se à teoria, e não a uma vertente assumida pela profissão.
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