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Caderno de Processo Civil 2 Noturno 2017.1 Ubirajara Fonseca

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esse caderno foi elaborado pelos alunos do 
5° período do Noturno, no semestre de 
2017.1, e a partir de transcrições sobre as 
aulas de Direito Processual Civil II ministra-
das pelo professor Ubirajara Fonseca. 
 
 
 
3 
 
Sumário 
 
Procedimento comum: introdução .......................................................................................................... 5 
Petição Inicial ............................................................................................................................................. 9 
Requisitos intrínsecos da Petição Inicial (CPC, art. 319) ................................................................ 9 
O juízo a que é dirigida (CPC, art. 319, I) ......................................................................................... 9 
Qualificação das partes (CPC, art. 319, II) ...................................................................................... 10 
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (CPC, art. 319, III) ................................................ 11 
O pedido com as suas especificações (CPC, art. 319, IV) ........................................................... 13 
O valor da causa (CPC, art. 319, V) ................................................................................................. 14 
As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (CPC, art. 
319, VI) ................................................................................................................................................. 14 
A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação (CPC, 
art. 319, VII).......................................................................................................................................... 14 
Requisitos extrínsecos da petição inicial (CPC, art. 320) ............................................................. 15 
Emendando a Petição Inicial ............................................................................................................. 16 
Aditamento e alteração ....................................................................................................................... 16 
Indeferimento total e parcial da petição inicial ................................................................................ 17 
Teoria da cognição .............................................................................................................................. 19 
Teoria dos precedentes ...................................................................................................................... 23 
Audiência de conciliação/ mediação ..................................................................................................... 27 
Diferenças entre mediação e conciliação ........................................................................................ 30 
Contestação ............................................................................................................................................. 32 
Conceito ................................................................................................................................................ 32 
Conteúdo .............................................................................................................................................. 33 
Exemplo de identificação de matérias de contestação em um caso concreto .......................... 35 
Defesas diretas e indiretas ................................................................................................................ 38 
Ônus da contestação .......................................................................................................................... 39 
Revelia .................................................................................................................................................. 41 
Reconvenção ....................................................................................................................................... 43 
Como identificar se há reconvenção dentro da contestação ........................................................ 48 
Julgamento da reconvenção.............................................................................................................. 49 
Providências preliminares ...................................................................................................................... 49 
Espécies de providências preliminares ............................................................................................ 50 
Réplica e cumulação de tipos de defesa distintos ......................................................................... 54 
Julgamento conforme o estado do processo ....................................................................................... 55 
Julgamento propriamente dito ........................................................................................................... 56 
4 
 
Saneamento e organização do processo ........................................................................................ 58 
Teoria Geral da Prova ............................................................................................................................. 62 
Conceito de prova ............................................................................................................................... 62 
Classificação das provas ................................................................................................................... 63 
Objeto da prova ................................................................................................................................... 66 
Princípios da prova ............................................................................................................................. 66 
Ônus da prova ..................................................................................................................................... 69 
Prova emprestada ............................................................................................................................... 70 
Produção antecipada de provas (CPC, art. 381) ................................................................................ 72 
Tutela cautelar antecedente X produção antecipada de provas .................................................. 73 
Exibição de documento ou coisa (CPC, art. 396) ............................................................................... 74 
Incidente de arguição de falsidade (CPC, arts. 430 a 433)............................................................... 76 
Audiência de instrução e julgamento – AIJ (CPC, arts. 358 e seguintes) ...................................... 78 
Características ..................................................................................................................................... 78 
Produção de provas na AIJ................................................................................................................ 79 
Formulação de perguntas na AIJ ...................................................................................................... 80 
Ausência dos sujeitos em audiência ................................................................................................ 81 
Prova pericial ............................................................................................................................................ 82 
Sentença ................................................................................................................................................... 88 
Sentença em sentido latoe estrito ................................................................................................... 88 
Sentença com e sem resolução de mérito ...................................................................................... 88 
Distinção entre sentença e decisão interlocutória .......................................................................... 89 
Sentenças de tribunais ....................................................................................................................... 91 
Sobre o juízo de retratação................................................................................................................ 91 
Elementos da sentença ...................................................................................................................... 92 
Relatório ........................................................................................................................................... 93 
Fundamentação .............................................................................................................................. 94 
Dispositivo ........................................................................................................................................ 97 
Classificação da sentença ................................................................................................................. 98 
Reexame necessário da sentença ................................................................................................. 100 
Coisa Julgada ......................................................................................................................................... 102 
Limites da coisa julgada material .................................................................................................... 102 
QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES ......................................................................... 104 
 
 
 
5 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL II 
Prof. Ubirajara Fonseca 
 
Procedimento comum: introdução 
O objetivo do curso de Processo Civil II é o estudo do procedimento comum. Neste 
sentido, cabe que relembremos algumas ideias trabalhadas no semestre passado. 
Primeiramente, temos que o vocábulo “processo” traz consigo a ideia de “seguir em 
frente” e configura, ademais, o conjunto das diversas relações que autor, juiz e réu mantém 
entre si. 
O processo é composto por sujeitos que podem ser os tradicionais (juiz, autor e réu) ou 
os não tradicionais (terceiros interessados, terceiros estranhos ao feito, dentre outros). Além 
disso, como bem se sabe, o processo também é procedimento, ou seja, também é um conjunto 
de atos processuais coordenados. 
Tudo no processo visa à sentença. Não uma sentença qualquer, mas sim a sentença 
de mérito – e tal diretriz configura, conforme já estudado, um princípio, qual seja: o da primazia 
da solução do mérito. No NCPC tal noção ganha ainda mais força uma vez que o seu artigo 4º 
positiva o princípio em comento. 
Como regra, portanto, (ou ao menos em um mundo ideal) temos que os atos processu-
ais encadeados chegam à sentença de mérito. Em outras palavras: processo desemboca na 
solução da controvérsia. 
Cabe que ressaltemos: o procedimento (reunião de atos processuais encadeados) é 
questão de ordem pública e que, em assim sendo, fica a cargo do legislador. Não cabe, pois, 
ao autor da ação escolher qual procedimento a mesma seguirá (tal entendimento é, sublinhese 
desde já, relativizável). 
Caímos, então, no seguinte questionamento: como se dá a escolha do procedimento? 
Ou, ainda, quais procedimentos existem? Pois bem, atualmente temos duas categorias de pro-
cedimentos: o procedimento comum e os procedimentos especiais. 
No processo de execução, por exemplo, temos que o legislador não previu o rito co-
mum, mas tão somente procedimentos especiais que variam conforme o tipo de obrigação que 
o credor quer ver satisfeita: a de entregar, a de fazer ou não fazer e a de pagar quantia certa. 
Pergunta-se: se Gabriel contrata Bernardo para cantar em seu casamento (estabelece 
com ele obrigação de fazer), mas Bernardo sequer aparece no evento. Pode Gabriel ingressar 
6 
 
com processo contra ele, cobrando-o quantia certa? Pode (daí a afirmação, anteriormente feita, 
de que a assertiva que rege: “o procedimento é questão de ordem pública” é relativizável). 
“E por que ele pode?”. Porque a obrigação de entregar e a de fazer/não fazer são tidas 
pela doutrina como obrigações específicas (que são passíveis de serem transformadas em 
quantia certa). Por outro lado, a obrigação de pagar quantia certa é tida como genérica. 
Com vistas ao exposto, conclui-se: se a obrigação de entregar pode virar obrigação de 
pagar quantia certa e a obrigação de fazer/não fazer também pode virar obrigação de pagar 
quantia certa, há – sim – possibilidade de escolha pela parte (e tal escolha pode ser feita, in-
clusive, no curso do processo. "A" pode processar "B" querendo que ele faça algo a que se 
obrigou e, no curso do processo, mudar de ideia e escolher que B lhe pague determinada 
quantia a título de perdas e danos). 
OBS: A obrigação de fazer/não fazer não se converte em obrigação de entregar e vice-
versa. Também não se há que falar em obrigação de pagar quantia certa convertida para obri-
gação de entregar ou de fazer/não fazer. 
Voltando-se ao estudo dos procedimentos temos que os procedimentos especiais re-
cebem este nome devido à sua especialização por matéria. Outra característica a ser mencio-
nada, e que é partilhada por muitos dos procedimentos especiais, é a que se segue: os pro-
cessos que os compõem não são necessariamente processos de conhecimento, pois eles po-
dem ser híbridos (em dependendo do bem jurídico a ser tutelado). Quem determina tal hibridez 
é o código. 
Existe, ainda, o procedimento previsto na Lei 9.099/95 de tal sorte que este pode ser ti-
do como um procedimento comum concentrado. Existem duas especialidades que podem fazer 
com que determinado processo desemboque no Juizado: a matéria sobre a qual ele versa e o 
valor atribuído à causa. 
O procedimento comum é residual em relação à Lei 9.099/95 e aos procedimentos es-
peciais; isso porque se a matéria a ser discutida não é de competência da Lei extravagante e 
nem é específica de algum procedimento especial: ela cairá na vala comum que é o procedi-
mento comum. Ou, então, se o valor da causa for superior àquele suportado pelos Juizados: 
deverá o feito seguir o procedimento comum. 
Nem por isso o procedimento comum deixa de ser a regra. Muito pelo contrário! Para o 
processo civil este é o procedimento padrão (e, aí, sublinhe-se: ele não é o procedimento pa-
drão só para o processo de conhecimento, mas sim para o processo civil – como um todo). 
Devido à sua importância cabe que adentremos, ao menos superficialmente, o estudo 
do procedimento comum, de tal sorte que o autor Humberto Teodoro Junior lhe atribui – de 
forma bastante didática e geral – quatro fases, quais sejam: 
7 
 
1. A fase postulatória – na qual são feitos pedidos e requerimentos (esta fase perdura 
até a contestação); 
2. A fase de saneamento – na qual os vícios do processo são afastados e o processo é 
”limpo” (observação: se o juiz observar a impossibilidade de sanear o processo ele será extinto 
sem resolução do mérito); 
3. A fase instrutória – na qual provas são produzidas (fala-se, aqui, em provas orais – 
uma vez que as provas documentais são juntadas na petição inicial e na peça de defesa – e, 
em especial, na realização da audiência de instrução e julgamento); e 
4. A fase decisória, cujo nome fala por si só. 
OBS: As quatro fases anteriormente apresentadas são, nas palavras da própria profes-sora, “o simplificado, do simplificado, do simplificado” e não abarcam, portanto, todas as espe-
cificidades de todos os processos que seguem o procedimento comum; servindo, tão somente, 
para fins didáticos. Nesse sentido, temos que nem sempre haverá necessidade de produção de 
provas para além das documentais, por exemplo. Ademais, o saneamento do processo aconte-
cerá, como bem notou um aluno, durante todo o processo. Se o juiz, apreciando a petição inici-
al notar que o autor deixou de apresentar, junto a ela, documento relevante, vai ele ordenar, via 
despacho*, que o autor o traga. A fase do saneamento configuraria, na visão do autor, uma 
limpeza final (ou “a última limpeza”). 
Em esquema, teríamos que o procedimento comum se desenrola da seguinte forma: 
1. Ocorre a triangularização do processo – com o protocolamento da petição inicial e a 
citação; 
2. O réu apresenta contestação; 
3. O processo é saneado; 
4. Passa-se à produção de provas; 
5. Decide-se o mérito. 
O procedimento dos juizados, por outro lado, pode ser esquematizado da seguinte ma-
neira: 
1. Ocorre a triangularização do processo – com o protocolamento da petição inicial e a 
citação; 
2. Autor e réu são intimados a comparecer a uma sessão de conciliação que pode ser 
convertida em audiência de instrução e julgamento (significa dizer: autor e réu devem compa-
recer ao juízo munidos de nada além do seu corpo – eles tão somente vão/comparecem à au-
diência designada. Não levam advogados, documentos ou provas consigo. Na audiência de 
8 
 
conciliação busca-se um acordo entre as partes, de tal sorte que, em havendo autocomposi-
ção, esta será homologada; em não havendo, pode ser que no mesmo dia realize-se a audiên-
cia de instrução e julgamento a qual desembocará na sentença). 
Como bem se vê o procedimento dos Juizados é um tanto quanto concentrado e preza 
pela oralidade (há muita fala e pouco papel) ao contrário do que se vê no procedimento co-
mum. 
Finalmente, cabe que comentemos uma novidade trazida pelo Novo Código de Proces-
so: os chamados negócios processuais (constantes nos artigos 190 e 191). Tais negócios per-
mitem que autor, juiz e réu criem um procedimento para o caso em concreto – o que corrobora, 
inclusive, a ideia da relativização da assertiva segundo a qual “o procedimento é questão de 
ordem pública”. Alguns autores denominam o fenômeno em estudo de “flexibilização do proce-
dimento”. 
A principal consequência da flexibilização do procedimento (abarcando-se, aqui, tanto o 
procedimento comum quanto os especiais e deixando-se de fora o procedimento dos juizados) 
é a calendarização do processo que está começando a se fazer presente. Em suma, podem 
autor, réu e juiz se reunirem, “pegarem as suas respectivas agendas” e combinarem em qual 
dia de qual mês cada ato processual vai ocorrer. 
Brinca-se que o artigo 191 possibilita que as partes tenham “um processo para chamar 
de seu”. A professora fecha a aula comentando que “o processo é das partes e não do juiz, 
então elas podem – sim – calendarizá-lo”. 
 
Apêndice 
*Como saber de que modo a ordem do juiz deve ser dada? Em outras palavras: como 
saber se o impulso dado pelo magistrado se fará via sentença, via decisão ou via despacho? 
A resposta vem no artigo 203 do CPC. 
A sentença extingue o processo; a decisão traz consigo a ideia de perdedor e vencedor 
sem, entretanto, resolver o mérito e já o despacho impulsiona o andamento processual. 
Uma vez que a intimação do autor para que traga determinado documento faltante não 
extingue o processo e não traz consigo nenhum tipo de perda ou ganho, deverá o juiz dar a 
sua ordem via despacho. 
OBS: o juiz não pede para que a parte traga o documento, ele manda/ordena que ela o 
faça (o verbo “pedir” não combina com a figura do magistrado). 
 
9 
 
Petição Inicial 
Assim dispõe o art. 2° do CPC: 
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, 
salvo as exceções previstas em lei. 
A Petição Inicial é o instrumento que leva a demanda para o Judiciário. Tal demanda 
implica sempre em um pedido. 
A demanda se trata da solicitação de tutela do Estado a um direito, que se manifesta 
na instauração do processo e acarreta na formação do primeiro elo da triangularização do pro-
cesso, que é a ligação entre autor e juiz. É uma súplica de caráter imediato. 
O pedido é a providência contra o Réu em si, aquilo que pode resultar no objeto da 
sentença resolutiva de mérito. É uma súplica de caráter mediato. 
A Petição Inicial e a Sentença marcam os atos extremos do Processo de Conhecimen-
to. Tudo o que ocorre no processo emana, de forma direta ou indireta, da Petição Inicial (inclu-
sive a contestação, por ser uma contra argumentação ao que foi trazido pelo autor). Tudo re-
sulta, de forma direta ou indireta, em uma sentença. 
 
Requisitos intrínsecos da Petição Inicial (CPC, art. 319) 
A petição inicial possui formalidades a serem atendidas, que podem ser classificadas 
como intrínsecas ou extrínsecas. 
Os requisitos que compõem a petição em si (em outras palavras, o “corpo da petição”) 
são os chamados intrínsecos, enquanto aqueles que não compõem a petição, mas a ela são 
anexados, são os chamados requisitos extrínsecos. Essa distinção será vista com mais deta-
lhes mais adiante. 
Começaremos o nosso estudo pelos requisitos intrínsecos da petição inicial, descritos 
no artigo 319 do CPC. 
 
O juízo a que é dirigida (CPC, art. 319, I) 
O caput e inciso I deste artigo assim dizem: 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
10 
 
O endereçamento deve ser o mais preciso possível, determinando a comarca e o res-
ponsável pelo encargo (ou seja, definir se o agente competente é o juiz de direito se o caso for 
competência da justiça estadual; juiz federal se for tema de competência da justiça federal; 
ministro do Supremo, etc.). 
O termo "juízo" utilizado no inciso I do art. 319 se refere ao órgão em si, nunca à pes-
soa do juiz ou dos membros do colegiado julgador. Por tal razão, no caso de afastamento tem-
porário, a aderência ao juízo fica garantida, sem que ocorra suspensão do processo. 
Assim sendo, temos que o processo é ligado diretamente ao juízo e indiretamente ao 
juiz, pelo fato de que este está vinculado diretamente apenas ao juízo ao qual o processo está 
vinculado. 
Ademais, esse termo reforça o princípio do juiz natural e abarca a possibilidade de di-
recionar o processo para outro aplicador do direito que não seja necessariamente um juiz, co-
mo um ministro, por exemplo. 
 
Qualificação das partes (CPC, art. 319, II) 
Assim prevê o inciso II do art. 319: 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurí-
dica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. 
Tal qualificação é importante para a individualização dos sujeitos bem como para ga-
rantir a aplicação de certas normas como, por exemplo, o litisconsórcio necessário de pessoas 
casadas. 
Se for ignorada alguma das informações requisitadas, o autor deve informar tal fato na 
Petição Inicial e prover, dentro de suas capacidades, uma forma de identificação. 
Uma questão relevante quanto à qualificação das partes é a questão do nome artístico. 
Se houver interesse em desejar citar “Ariclenes Venâncio Martins”, seria difícil identificar essa 
parte, porém a identificação se torna muito mais fácil se na citação houvesse menção a “Lima 
Duarte”. 
Não há pacificação quanto ao uso do nome artístico na petição.Há um posicionamento 
de que apenas o nome artístico não seria suficiente para identificar uma pessoa, pois é possí-
vel que alguém tenha nome e sobrenome iguais ao nome artístico de uma pessoa famosa (por 
11 
 
exemplo, ao citar “Lima Duarte”, não significa necessariamente que a citação se refira ao ator, 
mas a alguém que realmente se chame Lima Duarte). 
Porém, há outro posicionamento, fundamentado no § 2° do art. 319: 
§ 2° A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que 
se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
Segundo esse parágrafo, informações incompletas atendem aos requisitos legais 
quando forem suficientes para individualizar uma pessoa (e tornando possível a citação do 
réu). Portanto, por analogia, na falta do nome verdadeiro da pessoa, seu nome artístico deveria 
ser suficiente também. 
Outra questão é quanto ao CNPJ de determinadas pessoas jurídicas, como o Itaú, por 
exemplo, que possui diversos CNPJ’s, sendo um para cada regional, assim como CNPJ próprio 
para diversos segmentos da empresa. Além disso, empresas muito conhecidas pelo seu nome 
fantasia seriam difíceis de identificar pela sua razão social (como o McDonalds, cuja razão 
social é Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda). 
Seguindo a lógica do segundo posicionamento apresentado quanto ao uso de nome ar-
tístico na inicial, o nome fantasia dessas empresas seria o suficiente para identificá-las, já que 
o nome fantasia seria uma espécie de “nome artístico” dessas empresas. 
Na hipótese de não conseguir o CNPJ, razão social, ou qualquer informação referente 
ao réu exigida no inciso II do art. 319, se aplica o disposto no § 1° do mesmo artigo: 
§ 1° Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na peti-
ção inicial, requerer ao juiz diligências necessárias à sua obtenção. 
Ainda quanto ao inciso II, dispõe o § 3°: 
§ 3° A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II 
deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o 
acesso à justiça. 
 
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (CPC, art. 319, III) 
Quanto ao fato do pedido, não basta ao autor apenas informar sua pretensão para que 
a petição seja acolhida. Toda petição inicial deve informar o objetivo pelo qual o autor viu ne-
cessária a intervenção do Estado, bem como os fundamentos que o legitima a fazê-lo. É ne-
cessário dizer o que se quer, explicar os fatos ocorridos que justificam o que se pede, e expor 
os dispositivos legais que fundamentam o que se pede. 
12 
 
A petição preza pelo princípio da substanciação, em detrimento do princípio da indivi-
duação, demonstrados no quadro abaixo: 
Individuação Substanciação 
Basta ao Autor legitimar-se como detentor do 
título que está apresentando ao Juízo (credor, 
locatário, etc.) 
Exercer o direito envolve basear-se em uma 
causa de pedir que compreenda o fato de 
onde se extraiu uma conclusão que é a que 
se baseia o pedido. 
Não basta ser credor, deve-se descrever o 
fato que gerou o crédito 
 
Exemplo de aplicação dos dois princípios na petição inicial: 
Individuação: “Desejo o pagamento desta nota promissória, pois meu nome consta no 
documento como promitente credor, e o nome do José (nome apenas exemplificativo) está 
como devedor, e pela data estipulada como limite para pagamento, podemos ver que este se 
encontra em atraso”. 
Substanciação: “No dia 15 de dezembro de 2016, aproximou-se o senhor José, que en-
frentando dificuldades financeiras, solicitou um empréstimo com a quantia de R$ 1.000,00. 
Informei ao senhor José que apenas emprestaria o dinheiro mediante nota promissória, a ser 
paga até o dia 10 de março do ano seguinte, 2017. O senhor José concordou de livre e espon-
tânea vontade com esta obrigação. Um documento foi elaborado e assinado por mim e pelo 
senhor José no dia 17 de dezembro de 2016. Ao chegar o dia 10 de março de 2017, entrei em 
contato com o senhor José, que informou que pagaria apenas quando pudesse. Diante do des-
caso em cumprir o acordo, com base no art. 389 do CC, venho perante o juízo requisitar a de-
volução dos valores corrigidos, em razão da violação da integridade patrimonial de minha pes-
soa resultada pelo inadimplemento do senhor José”. 
Podemos observar que no segundo exemplo, houve uma contextualização da situação, 
com descrição dos fatos, comprovação da existência de obrigação da parte contrária, e funda-
mentação do pedido. 
Cabe destacar que o princípio da individuação existe em nosso ordenamento jurídico, 
mas não na petição inicial, dentro do procedimento comum. Em Direito Administrativo, por e-
xemplo, em um processo licitatório, apenas é necessário aos concorrentes apresentar docu-
mentos que comprovem que estão aptos a atender a demanda do Estado, sem necessidade de 
haver petição detalhada. 
13 
 
Quanto aos fundamentos jurídicos do pedido, aplica-se o princípio da iura novit cu-
ria (“o juízo conhece o direito”), segundo o qual a remissão da petição pode ser procedente 
mesmo se o dispositivo legislativo que fundamenta a petição seja inadequado, pois compete ao 
juiz identificar o dispositivo que se aplica devidamente ao caso. 
Suponhamos que um advogado confunda o art. 350 do CC com o art. 350 do CPC. Se 
o juízo perceber pelo contexto da petição que o advogado está se referindo ao art. 350 do CC, 
ele pode tomar a narrativa como se correta ela fosse, porque faz parte das atribuições do juiz 
saber interpretar fatos narrados e identificar a fundamentação legislativa mais adequada para a 
questão. 
Não é obrigatório recitar o texto legal que garanta o direito. Mesmo o erro da invocação 
da norma não impede a apreciação, estando o fato devidamente e detalhadamente descrito. 
Porém, é importante ressaltar que esse princípio não isenta o advogado de fundamen-
tar devidamente: ele nunca deve ter desleixo na fundamentação com o pretexto de que o juiz 
deve perceber o que está sendo dito, pois se a fundamentação estiver feita de qualquer manei-
ra e o juiz for induzido a erro, existe a chance de que o juiz produza coisa julgada que vai con-
tra o interesse da parte que este advogado representa. A responsabilidade por esse prejuízo 
não será do juiz, mas do advogado. 
 
O pedido com as suas especificações (CPC, art. 319, IV) 
Aqui se encontra o objeto da ação e do processo. Para que o juízo possa agir, é ne-
cessário que o pedido seja específico. Em uma ação em que se requeira indenização, por e-
xemplo, não adiantaria pedir essa indenização sem especificar o valor. 
Fatos e fundamentos jurídicos expostos, o autor deve pedir duas medidas ao juízo: 
uma imediata (a sentença) e uma medida mediata (a tutela específica do bem jurídico violado). 
Ex: Em uma ação por danos o autor expõe o fato que gerou o dano, o direito que fun-
damenta sua pretensão de ser ressarcido, e pede que seja dada solução à lide (pedido imedia-
to) e condene o demandado a indenizar o prejuízo (pedido mediato). 
OBS: Nesse trecho, ao falarmos de pedido imediato e mediato, devemos ter atenção 
para não confundir com o que foi exposto no início do estudo sobre petição inicial. Ao fazer a 
petição inicial, há duas súplicas: uma imediata (a demanda) e uma mediata (o pedido). O pedi-
do, que é uma súplica mediata, possui solicitação de duas medidas: a sentença (imediata) e a 
tutela específica do bem jurídico violado (mediata). 
Para se cumprir a demanda, é necessário haver na sentença a presença de dois as-
pectos causados pelo pedido: o reconhecimento da parte do Estado da responsabilização a ser 
imputada à parte condenada e a imposição do cumprimento de uma obrigação.14 
 
 
O valor da causa (CPC, art. 319, V) 
Deve ser sempre exposta de forma específica. Se por exemplo, alguém perde uma ge-
ladeira em decorrência de falta de luz, na ação a ser ajuizada pode ser pedido a restituição do 
bem ou o valor correspondente à geladeira. 
Isso também se aplica à prestação continuada, como por exemplo, numa ação para re-
querer pensão alimentícia. De acordo com a lei correspondente, em determinada hipótese, é 
possível exigir 12 meses de pagamento de pensão alimentícia. Com a devida fundamentação, 
a parte autora deve especificar que o valor da causa corresponde a 12 prestações. 
Se a causa for inquantificável, deve ser feito uso do chamado valor de alçada. Se trata 
de um valor qualquer estipulado de acordo com a vontade do autor, definido sem nenhum las-
tro real, simplesmente para atender ao requisito formal de estipular o valor da causa. 
Na redação da petição, seria algo semelhante a “Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 
para fins de alçada”. A quantia informada faria diferença no recolhimento das custas processu-
ais (geralmente 2% do valor da causa). Esse valor também é usado como referência para os 
honorários de sucumbência (em geral, 10% do valor da causa). 
 
As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (CPC, art. 
319, VI) 
Não basta apenas alegar, o Autor deve provar o direito pretendido. A essa obrigação, 
chamamos de ônus da prova, sob pena de sucumbência. Daí a necessidade de se indicar 
logo na Petição Inicial os meios de prova que serão utilizados. 
Não é necessário que se tome as medidas probatórias completas. Basta indicar a es-
pécie de prova. Todo conteúdo probatório que será necessário no andamento do processo é, 
em regra, exigido na petição inicial (por exemplo, laudo pericial ou participação de testemu-
nhas). 
 
A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação 
(CPC, art. 319, VII) 
Tal audiência, se ocorrer, acontecerá antes do Réu apresentar resposta. 
Se Autor e Réu manifestarem de forma expressa a vontade de não realizar tratativas 
de autocomposição, a audiência não ocorrerá, segundo o disposto no art. 334, § 4°, I: 
15 
 
Art. 334 [...] 
§ 4º A audiência não será realizada: 
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição 
consensual; 
Pelo disposto, se por exemplo, o autor não quiser a audiência, mas o réu diz de forma 
tácita* que quer, então a audiência ocorrerá, pois apenas seria impedida de ocorrer se o réu 
também recusasse de forma expressa. 
*A presunção tácita ocorre se ele não recusar a audiência expressamente. Se ele não 
disse que não quer, então se presume que quer. 
O momento de manifestação das partes sobre esse tema é distinto: o Autor se manifes-
tará em sua petição inicial se deseja a audiência ou não. O réu, por sua vez, se manifestará em 
petição apresentada com 10 dias de antecedência à audiência. 
Apesar do que está disposto no CPC, orientação do CNJ e legislação específica da 
conciliação contrariam essa disposição: afirmam que basta apenas a recusa de uma das partes 
para que não haja audiência. A fundamentação é que nenhuma das partes deve ser obrigada a 
conciliar. Neste tema temos, portanto, uma controvérsia, cuja resolução varia de juiz para juiz 
no caso concreto. 
 
Requisitos extrínsecos da petição inicial (CPC, art. 320) 
Assim prevê o art. 320: 
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositu-
ra da ação. 
Trata-se de um requisito extrínseco da petição inicial. 
Quanto a esse trecho sobre documentos indispensáveis, é pertinente ao estudo reto-
mar a distinção apresentada entre requisitos intrínsecos e extrínsecos: os requisitos que com-
põem a petição em si são os chamados intrínsecos; enquanto aqueles que não compõem a 
petição, mas a ela são anexados, são os chamados requisitos extrínsecos. 
Assim sendo, temos que todos os requisitos vistos até agora (qualificação das partes, 
fundamento do pedido, valor da causa, etc.) são elementos que compõem o corpo da inicial (e, 
dessa forma, podemos afirmar que estão “dentro” da petição inicial). São, portanto, requisitos 
intrínsecos. Qualquer documentação que não está “dentro”, mas “junto” à petição, é um requisi-
to extrínseco. 
16 
 
Exemplo de requisito extrínseco: numa ação em que se pretende cobrar o pagamento 
de uma promissória, é necessário apresentar a nota promissória para análise, por ser um do-
cumento indispensável para o processo. Portanto, essa nota promissória vai “junto”, e não 
“dentro” da petição inicial. 
 
Emendando a Petição Inicial 
Caso haja irregularidade na petição inicial, o juízo deve intimar o Autor para que a corri-
ja no prazo de 15 dias, nos termos do art. 321 do CPC: 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de 
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indi-
cando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. 
A emenda após o prazo concedido não justifica indeferimento da Inicial. Segundo juris-
prudência do STJ, se a emenda é feita antes da decisão que indefere o processo, o vício foi 
sanado (STJ, 6ª Turma, Resp 38.812-0 BA. Rel. Min. Pedro Acioli). A lógica dessa jurisprudên-
cia é que: se a emenda não for feita em 15 dias, o processo deve ser extinto sem resolução de 
mérito. Mas enquanto a sentença que irá extinguir o processo não for proferida, o processo 
continua em curso. Pelo princípio da instrumentalidade, o juiz deve acolher a emenda. 
Então, se por exemplo, a parte autora não emenda a petição em 15 dias, mas no 16° o 
juiz ainda não proferiu sentença extinguindo o processo, ela poderá apresentar a emenda no 
16° dia. Mas, se porventura a emenda não foi feita em 15 dias, e a sentença foi proferida jus-
tamente no 16° dia, o vício não foi sanado a tempo. 
 
Aditamento e alteração 
Enquanto a emenda é uma modificação necessária para corrigir um vício da petição e 
impedir a extinção do processo, o CPC prevê possibilidade outras formas de realizar modifica-
ções na petição inicial: o aditamento (acréscimo de informações) e a alteração (mudança de 
informações), nas seguintes condições previstas no art. 329: 
Art. 329. O autor poderá: 
I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de 
consentimento do réu; 
17 
 
II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com 
consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação 
deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa 
de pedir. 
Uma distinção deve ser feita: a emenda se refere a modificações na petição exigidas 
quando não se atendem aos requisitos dos arts. 319 e 320 (intrínsecos e extrínsecos), e visa 
evitar a extinção do processo sem resolução de mérito. Já o aditamento e a alteração se refe-
rem particularmente a modificações no pedido e na causa de pedir, que não são exigidas, mas 
feitas de acordo com a conveniência do autor, respeitadas as limitações previstas no art. 329. 
 
Indeferimento total e parcial da petição inicial 
O art. 330 do CPC dispõe sobre o indeferimento da petição inicial. Segue abaixo seu 
caput e incisos: 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidasas prescrições dos arts. 106 e 321. 
O inciso I do art. 330, assim como nos §§ 1° e 2° desse artigo, faz menção ao instituto 
da inépcia, que é um estado de indeferimento da petição inicial causado por uma espécie de 
“má formação” do processo. O § 1° explicita quando a petição é tida como inepta: 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o 
pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
O art. 331 trata do pedido de reconsideração do deferimento da inicial: 
18 
 
Art. 331. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo 
de 5 (cinco) dias, retratar-se. 
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. 
§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a 
correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. 
§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença. 
Caso ocorra indeferimento da petição inicial, será facultado ao autor apelar. Se é cabí-
vel apelação, podemos deduzir que a natureza dessa decisão de indeferimento da petição ini-
cial é de sentença. 
Quando há indeferimento total, o processo deve ser extinto, e essa extinção ocorre por 
meio de sentença. Porém, o indeferimento da inicial não abarca, necessariamente, a petição 
inicial integralmente. É possível que o indeferimento seja apenas em relação a uma parte da 
inicial. Pode acontecer, por exemplo, que parte do que está sendo pedido seja competência da 
Justiça Estadual, enquanto a outra parte é competência da Justiça Federal. Essa hipótese con-
siste na figura do indeferimento parcial do processo, prevista no art. 354, parágrafo único: 
Art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e II-
I, o juiz proferirá sentença. 
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas parce-
la do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento. 
Como esse tipo de decisão não encerra o processo, possui natureza de decisão inter-
locutória, que tem como recurso cabível não uma apelação (por não ser sentença), mas um 
agravo de instrumento. 
Em caso de apelação feita a respeito do indeferimento da inicial, é necessário haver as 
contrarrazões do réu, para que se efetive o princípio do contraditório. Porém, nesses casos, o 
réu sequer foi integrado ao processo por meio da citação, já que a petição foi indeferida. Então, 
por que deve haver a intimação do réu, mesmo sem ter sido citado? 
O fundamento para intimar o réu a ter ciência do processo mesmo sem haver a citação 
é a possibilidade de o autor ser litigante de má-fé. Se o juiz cria coisa julgada com decisão que 
faz o autor sucumbir (se sua petição não foi aceita, se depreende que ele perdeu a causa), e 
esse autor ingressa novamente no Judiciário com o mesmo tipo de ação, está agindo de má-fé 
por tentar responsabilizar o réu por algo que já foi indeferido em juízo anterior. Assim, se o réu 
for notificado sobre essa coisa julgada, ele poderá usá-la a seu favor caso o autor tente ingres-
sar novamente com outra ação. 
19 
 
Se após a contestação, alguém quiser invocar o indeferimento da inicial, o juiz não o 
poderá fazer de ofício, salvo quando se referir a condições da ação (interesse de agir e legi-
timidade das partes) e pressupostos processuais (imparcialidade do juiz, capacidade de 
estar em juízo, capacidade postulatória, entre outros), que podem ser discutidos em qualquer 
momento do processo, inclusive em fase de apelação. 
 
Teoria da cognição 
Na apreciação da petição inicial, se aplica a teoria da cognição. Segundo essa teoria, 
o juiz deve, no decorrer do processo, ter percepção de como conduzir da melhor forma possí- 
vel a tutela jurisdicional à pretensão de direito material. 
Essa teoria já era aplicada no CPC/73. Porém, no CPC/15, é aplicada de forma mais 
econômica (processualmente falando), ou seja, de forma mais tempestiva. 
A aplicação da teoria da cognição na fase de conhecimento possui total relação com a 
garantia da tempestividade. Mesmo no CPC/73, já havia a concepção de que o procedimento 
comum deveria atender não só a tempestividade, como também o devido processo legal. 
Na prática, essa garantia não é efetivada de forma plena: por exemplo, uma petição 
pode demorar 6 meses pra ser juntada. Mas, o CPC/15, em si, foi elaborado de forma benéfica 
a assegurar que o processo seja tempestivo. 
Por tempestividade, devemos entender que se trata da duração do processo em tem-
po razoável. Tempo razoável, por sua vez, é tido como o menor tempo suficiente para que 
todas as garantias sejam resguardadas. O processo não pode se prolongar por tempo inútil, 
desnecessário. 
Quanto à teoria da cognição, há uma ordem de cognição dada ao juiz: a partir do 
momento em que for verificada, no decorrer do processo, uma hipótese na qual o juiz deve 
proferir uma decisão (seja ela satisfativa à pretensão material ou extintiva do processo), o juiz 
deverá proferi-la sem procrastinação, de acordo com o previsto em lei. 
Nessa cognição, o juízo é obrigado a verificar a todo o momento se ocorre alguma das 
hipóteses do art. 485 do CPC, que acarretam no proferimento de sentença sem resolução de 
mérito. Em relação à petição inicial, devemos atentar para o inciso I desse artigo. Segue abaixo 
sua redação: 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
I - indeferir a petição inicial; 
20 
 
Neste dispositivo, temos uma tarefa a ser realizada pelo juiz no exercício da cognição: 
verificar se ocorre indeferimento da petição inicial. A petição inicial é indeferida quando ocor-
re as hipóteses do art. 330 do CPC: 
Art. 330. A petição inicial será indeferida quando: 
I - for inepta; 
II - a parte for manifestamente ilegítima; 
III - o autor carecer de interesse processual; 
IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. 
§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando: 
I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; 
II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o 
pedido genérico; 
III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. 
§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de emprésti-
mo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discrimi-
nar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, 
além de quantificar o valor incontroverso do débito. 
§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e 
modo contratados. 
Se ocorrer o indeferimento da petição inicial, deve ser verificada a possibilidade de sal-
var a causa, por força do princípio da primazia do julgamento de mérito, segundo o qual o 
juízo deve fazer uso de todos os recursos possíveis para evitar a extinção do processo sem 
resolução do mérito. Mas, se não tiver como salvar a causa, deve haver uma sentença sem 
resolução de mérito. 
Se não for verificada uma das hipóteses do art. 485, o juiz irá proferir uma sentença 
com resolução de mérito de acordo com as hipóteses descritas o art. 487. Quanto à petição 
inicial, devemos atentar para o inciso I: 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
21 
 
Se o pedido formulado na petição inicial for acolhido pelo juiz, haveráresolução de mé-
rito para a causa. Outra tarefa do juiz no exercício da cognição é verificar se a petição inicial 
atende a todos os requisitos previstos no art. 319 e 320. Caso não atenda, será necessário 
exigir a realização da emenda, prevista no art. 321: 
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 
319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de 
mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indi-
cando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. 
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial. 
Quanto à ausência de emenda, cabe destacar que, por força do princípio da primazia 
de julgamento de mérito, é possível ao juiz julgar a causa, mesmo sem emenda. 
Além da questão do indeferimento da petição inicial e da emenda, o juiz deve verificar, 
ainda na fase de análise da petição inicial, se está diante de uma hipótese de improcedência 
liminar do pedido. Caso esteja, o juiz poderá proferir uma sentença com base no art. 332: 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justi-
ça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Jus-
tiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, des-
de logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. 
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, 
nos termos do art. 241. 
§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. 
§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a ci-
tação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar con-
trarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias. 
22 
 
Os itens dispostos nos incisos do artigo em estudo são considerados como preceden-
tes. O estudo sobre os precedentes será feito mais adiante. 
Pela teoria da cognição, o juízo jamais poderá determinar a citação do réu se ele per-
ceber que está ocorrendo um caso de improcedência liminar. Por exemplo, se houver um pre-
cedente contrário à tese do autor, a princípio, o juízo é obrigado a julgar o pedido como impro-
cedente, porque hoje os precedentes são vinculantes. O precedente pode ser superado, mas o 
juízo deve, justificadamente, mostrar essa superação. 
Ainda quanto à improcedência liminar do pedido, temos que esse tipo de situação pode 
se acumular com outra situação que acarreta na extinção do processo, como por exemplo, 
ausência de emenda. Então, o que deve ser feito? Proferir uma sentença com base no art. 332 
(indeferimento do pedido) ou no art. 321 (sobre a emenda)? 
Para contextualizar esse questionamento, imaginemos o seguinte exemplo: alguém 
move uma ação de indenização por danos morais e materiais, porém o valor da causa não é 
inserido na petição inicial. O juízo mandou emendar, porém o autor não emendou. Além disso, 
há um precedente contra o autor. 
Se o autor não emenda a petição, de acordo com o parágrafo único do art. 321, ocorre 
o indeferimento da petição inicial. Se o juiz optar pelo indeferimento, a sentença proferida será 
sem resolução de mérito, pois o que justifica a extinção do processo não é o conteúdo do pedi-
do, e sim a falta do cumprimento de uma exigência processual. Logo, não há julgamento de 
mérito, pois o direito que está sendo pleiteado sequer foi analisado. 
No exemplo dado, temos também que há um precedente contra o autor, e essa é uma 
hipótese de improcedência liminar do pedido. Ao proferir esse tipo de sentença, ocorre proferi- 
mento de sentença com resolução de mérito, já que foi verificado que aquilo que está sendo 
pleiteado (ou seja, o conteúdo do pedido) vai contra um precedente. 
Se o juiz optasse pela sentença de indeferimento da petição inicial, haveria a possibili-
dade de que o autor retornasse com o mesmo pedido, já que o processo seria extinto sem re-
solução de mérito. Se o autor retornasse com o mesmo pedido, e o processo prosseguisse 
sem necessidade de emenda, o juiz seria obrigado a dar sentença de improcedência liminar do 
pedido, por força do precedente contra o pedido do autor. 
Portanto, a conclusão a ser feita é que, para evitar o surgimento de novos processos 
de forma desnecessária, se o juiz está diante de uma situação de haver, no mesmo processo, 
indeferimento da petição inicial, ausência de emenda e improcedência liminar do pedido, o juiz 
deve proferir uma sentença com base no art. 332. 
Em caso de improcedência liminar, o sucumbente é o autor. Jamais poderia o réu ser 
sucumbente quando sequer foi citado. Também cabe destacar que, nesse caso, o réu toma 
ciência do resultado do processo quando ele estiver sido estabelecido, pelo fato de ter sido 
23 
 
vitorioso e ter uma coisa julgada em favor dele. Essa coisa julgada pode ser usada como argui-
ção caso a mesma ação seja proposta de novo. 
Assim, para concluir, temos que, resumidamente, pelo exercício da cognição, 3 coisas 
devem ser verificadas pelo juiz: 
1 – Se há indeferimento da petição inicial (CPC, arts. 330 e 331) 
2 – Se há necessidade de emenda (CPC, art. 321) 
3 – Se há improcedência liminar do pedido (CPC, art. 332) 
Caso não haja improcedência liminar do pedido, o processo segue para a audiência de 
conciliação, previsto no art. 334. Ao designar essa audiência, significa que o juiz entende que 
não ocorreu nenhuma das situações apresentadas nos arts. 330 ou 331, e que não há neces-
sidade de emenda. Contudo, isso não impede que o juiz verifique, ainda que de forma tardia, 
improcedência liminar do pedido. 
Podemos ver que a redação do art. 334 também possui incidência da teoria da cogni-
ção: 
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de im-
procedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com 
antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) 
dias de antecedência. 
A teoria da cognição se faz presente nesse artigo por ele mencionar que o juiz tem o 
dever de verificar os requisitos da petição inicial e se não há improcedência liminar do pedido 
para poder designar audiência. 
Por ocasião dessa audiência, podemos ter o que antes era chamado como “respostas 
do réu”, que hoje estão resumidas ao termo “contestação”, que inclui todas as respostas possí-
veis, com várias modalidades, várias espécies de defesa e até de ação cabível (como a recon-
venção, inserida na fase de contestação). Pelo CPC, a contestação ocorre 15 dias após a au-
diência, dependendo do caso. 
Essas fases serão discorridas em aulas posteriores. Veremos agora como a teoria dos 
precedentes tem incidência na apreciação da petição inicial. 
 
Teoria dos precedentes 
Segundo essa teoria, o CPC preza pela vinculação das decisões judiciais aos prece-
dentes, criados com o intuito de impedir que juízes profiram decisões divergentes sobre o 
24 
 
mesmo tipo de causa. Em outras palavras, visam prover maior segurança jurídica. A observân-
cia desses precedentes deve ser feita desde a petição inicial. 
Artigos como o 311, 332, 926, 927 e 932 foram casados de forma a reforçarem a ob-
servância dos precedentes. Aesses artigos, podemos acrescentar o art. 10 e o art. 988, que 
ressaltam a falta de discricionariedade nas decisões judiciais, limitando mais ainda a possibili-
dade de que os juízes contrariem precedentes. Enquanto o art. 10 trata sobre dar às partes o 
direito de se manifestar mesmo nas matérias que o juiz deve resolver de ofício (princípio da 
não surpresa), o art. 988, trata do instituto da reclamação. 
Segundo esse instituto, se uma decisão for proferida fora do precedente, a parte preju-
dicada sequer precisa recorrer: ela promove uma reclamação para a instância superior, e a 
sentença será reformada, a não ser que o juiz consiga a superação do precedente de forma 
justificada. Contudo, o CPC trata de forma ínfima a superação de precedente. 
Por certo ponto de vista, considerando a forma como os artigos foram casados e a au-
sência de maiores informações sobre essa superação, podemos concluir que não é intenção 
do legislador permitir de forma alguma que precedentes sejam contrariados. 
Uma crítica feita pelo professor é que o precedente deve ser construído, não imposto. 
Nos EUA, os precedentes são construídos por décadas, enquanto no Brasil o precedente pode 
ser criado a qualquer momento e sem estudo adequado, por meio do IRDR (incidente de reso-
lução de demandas repetitivas, previsto no art. 976 do CPC). Assim, os juízes são obrigados a 
reproduzir, sem questionamentos, precedentes que nem sempre são adequados em um caso 
concreto para proferir uma sentença de forma justa. 
Os precedentes são vinculativos (e não plenamente vinculantes, pois possuem distintos 
graus de vinculação). 
Quanto aos artigos que fazem referência aos precedentes, assim dispõe o art. 926: 
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra 
e coerente. 
§ 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, 
os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. 
§ 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáti-
cas dos precedentes que motivaram sua criação. 
No art. 927, temos disposto em seus incisos o que é considerado como precedente: 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
25 
 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constituciona-
lidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de de-
mandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucio-
nal e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
Como foi dito anteriormente, a obediência a esses precedentes é reiterada em diversos 
artigos. Por exemplo, as hipóteses de improcedência liminar do pedido previstas nos incisos do 
já estudado art. 332 são todas referentes aos precedentes do art. 927: 
Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da 
citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: 
I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justi-
ça; 
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Jus-
tiça em julgamento de recursos repetitivos; 
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
assunção de competência; 
IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. 
O art. 932, em seus incisos IV e V, possui o mesmo teor do art. 332, sendo que o art. 
332 se aplica apenas em primeira instância, enquanto o art. 932 se refere a todos os tribunais, 
de segunda instância até o STF: 
Art. 932. Incumbe ao relator: 
[...] 
IV - negar provimento a recurso que for contrário a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio 
tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justi-
ça em julgamento de recursos repetitivos; 
26 
 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de as-
sunção de competência; 
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se 
a decisão recorrida for contrária a: 
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio 
tribunal; 
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justi-
ça em julgamento de recursos repetitivos; 
c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de as-
sunção de competência; 
O art. 311 trata da tutela de evidência. Ele também possui, em seu inciso II, previsão 
de observância aos precedentes, porém tem paralelo em sentido contrário ao art. 332: enquan-
to o art. 332 manda rejeitar pedidos que contrariem precedentes, o art. 311 manda acolher 
pedidos que se coadunem com precedentes. 
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração 
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: 
[...] 
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver 
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; 
[...] 
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. 
Ainda temos que, segundo o art. 489, § 1°, VI, sentença que não segue precedente se-
quer se considera fundamentada: 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: 
[...] 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, 
sentença ou acórdão, que: 
[...] 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela 
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do 
entendimento. 
27 
 
Ainda há uma controvérsia quanto ao art. 332. 
Esse artigo substitui o antigo 285-A do CPC/73, que assim diz em seu caput: 
CPC/73 
Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já hou-
ver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dis-
pensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.
 (Incluído pela Lei nº 11.277, de 2006) 
Nesse artigo do CPC/73, se não houvesse uma questão processual impedindo o an-
damento do processo (como a necessidade de emenda, por exemplo), e o juiz percebe a im-
procedência do pedido (com base em casos idênticos julgados anteriormente), ele poderia 
proferir sentença de improcedência liminar do pedido sem precisar citar o réu. Esse artigo pre-
vê a chamada “manifesta improcedência”. 
Nesse artigo, temos uma subjetividade que possibilitava ao juiz decidir no caso concre-
to se considera o pedido como procedente ou não. No art. 332 do CPC/15, não temos essa 
subjetividade, pois segundo o disposto nesse artigo, o juiz só pode considerar o pedido como 
improcedente antes da citação se ele contrariar um precedente. Caso contrário, o juiz deve 
citar o réu. 
Quanto à essa disposição do art. 332, há uma intempestividade no artigo: se antes o ju-
iz poderia considerar o pedido como improcedente antes da citação a partir de sentenças da-
das em casos idênticos; atualmente, mesmo se o juiz perceber a improcedência do pedido, ele 
não poderá proferir sentença antes da citação do réu se esse pedido não contrariar preceden-
te. Ou seja, o réu seria obrigado a arcar com custas judiciais e o processo se estenderia, mes-
mo com o juiz percebendoa improcedência do pedido do autor. 
Portanto, devemos ter atenção ao fato de que manifesta improcedência não dá ensejo 
à aplicação do art. 332. 
 
Audiência de conciliação/ mediação 
A única função da audiência é tentar um acordo. Não se produz provas nessa audiên-
cia nem colheita de depoimento: mesmo que o réu confessasse, essa confissão apenas seria 
válida se o réu pedisse para que ela fosse registrada no processo. O autor e o juiz estão impe-
didos de usar em momento posterior as alegações ou confissão do réu apresentadas em audi-
ência. 
No CPC é demonstrado grande interesse em ter auto composição. Esse interesse se 
justifica no Brasil pelos seguintes fatores: geralmente, o processo fica parado muitos meses; 
28 
 
quem recepciona o processo ao final é o conciliador, e não necessariamente um juiz; uma das 
partes sequer está a fim de conciliar e, nesse caso, a audiência de nada serviu a não ser para 
paralisar o processo. 
A ideia de realizar audiência de conciliação antes da contestação no procedimento co-
mum foi retirada do procedimento da ação de família. 
No CPC/15, há uma novidade nas ações de família: quando o réu é citado, é proibido 
que lhe seja dada a contrafé (cópia da inicial), para evitar que este fique com raiva ou com 
repulsa do autor, de maneira que não queira mais fazer um acordo. 
É possível que nenhuma das partes queira a audiência. Se ambos não a desejarem, a 
audiência não se realiza, conforme o art. 334, § 4°, I. Sem a realização da audiência, o prazo 
para contestar se inicia a partir da juntada do mandado, segundo o art. 335, II. 
Além da hipótese em que ambas as partes recusem a audiência, é possível ocorrer 3 
possibilidades: 
1 – O autor desejar e o réu não se manifestar se deseja ou não: nessa hipótese, os 
dois desejam a audiência, sendo que enquanto a manifestação do autor é expressa, a manifes-
tação do réu é tácita /presumida (já que não negou expressamente). Nesse caso, o réu é citado 
pra contestar em 15 dias após a audiência, caso não haja acordo (art. 335, I). 
2 – O autor não desejar, o juiz considerar sua recusa* e mandar citar o réu pra contes-
tar, independentemente de sua vontade de ter audiência: se o autor diz que não quer e o juiz 
resolve que a audiência não deve acontecer, o réu é citado e intimado a apresentar contesta-
ção em 15 dias após o juntado do mandado. 
*Há entendimento jurisprudencial no Brasil no sentido de que se apenas uma das par-
tes não desejar a audiência (o autor, por exemplo), isso já é o suficiente para não ter audiência. 
Nesse caso, o prazo para contestar seria de 15 dias úteis da juntada do mandado. Esse enten-
dimento é contra legem, já que contraria o disposto no CPC. 
3 – O autor não desejar, o juiz citar o réu, e independente de ter audiência ou não, o 
réu já contestar dentro do prazo de 15 dias após a juntada do mandado dizendo que não queria 
a audiência: situação semelhante à hipótese “2”, com a diferença de que quando o réu é citado, 
ele pode contestar dentro de 15 dias já dizendo que não queria a audiência, independentemen-
te da confirmação de sua realização ou não. Em outras palavras: mesmo sem saber se terá 
audiência, o réu pode apresentar a contestação dentro de 15 dias após a juntada do mandado, 
explicando nessa contestação que como não estava interessado desde o começo na audiên-
cia, está contestando logo de uma vez pra poder adiantar o processo. 
Há previsão no CPC de que, se o autor expressa que não quer a audiência, mas o juiz 
marca essa audiência assim mesmo, o réu pode aguardar sem se manifestar e fazer uma peti-
29 
 
ção simples de recusa à audiência de conciliação, em até 10 dias antes da audiência de con-
ciliação para que essa petição seja protocolada essa petição. A partir do protocolo dessa peti-
ção, irá iniciar a contagem do prazo de 15 dias úteis para contestar. Essa previsão está no art. 
334, § 5°. 
Quanto à obrigatoriedade de comparecimento: temos que, segundo o disposto no 
CPC, se for designado audiência de conciliação, a parte /advogado são obrigados a compare-
cer. O fato de uma das partes querer a audiência já seria suficiente para a audiência existir. 
Quem deve comparecer? Segundo o art. 334, há 3 possibilidades: 
a) Ir apenas o advogado, já que a parte tem a faculdade de ir ou não, e se quiser, não 
precisa acompanhar o advogado. 
b) A parte ir junto com o advogado, já que possui essa faculdade de decidir se vai ou 
não. 
c) A parte nomear um representante para ir em seu lugar, podendo ser inclusive o pró-
prio advogado (art. 334, § 10). 
Porém, no Rio de Janeiro o TJ estabeleceu, de forma inconstitucional, um provimento 
em que o advogado não pode ir para a audiência desacompanhado: a parte é obrigada a ir, e 
caso não seja possível comparecer, deve obrigatoriamente nomear alguém para a audiência. 
Segundo o professor, a maioria dos estados faz interpretação literal do art. 334, discordando do 
RJ. 
A possibilidade de escolha de um representante possui os seguintes fundamentos: 
- Pessoas jurídicas necessitam se fazerem representadas por preposto. 
- No CPC/73, já havia previsão de representação por causa do reconhecimento da ati-
vidade dos negociadores profissionais, que podem ser contratados para negociar apenas em 
um ato específico, prática muito comum em ações de grande valor. 
No Rio, se a parte descumprir o chamamento à audiência, ela é multada em até 2% do 
valor da causa, com base no art. 334, § 8°. Nos outros estados, a multa ocorre se a parte não 
for e não tiver escolhido um representante. 
Quanto à vontade de conciliar: não basta à parte interessada comparecer à audiên-
cia. Se a parte quis essa audiência, é necessário haver práticas em prol da conciliação. Há 
maior exigência do réu nesse aspecto por ser mais interessado na procrastinação do processo. 
Se uma parte quiser audiência e disser que não haverá acordo, ou não houver atuação 
de forma a demonstrar interesse em chegar a esse acordo, cabe ao conciliador registrar esse 
fato e apresentar ao juiz, para que uma multa seja aplicada à essa parte. 
30 
 
Outra situação é quando a parte afirmou que não queria, mas a audiência aconteceu 
porque a outra parte quis: nesse caso, a parte obrigada a ir para a audiência não é obrigada a 
demonstrar interesse em obter um acordo, bem como pode declarar abertamente que não ha-
verá acordo algum sem ser multada por isso. Não haveria sentido em multar uma parte desin-
teressada no acordo se desde o início foi dito que não queria a audiência. 
Quanto à ausência justificada: pode impedir a aplicação de multa. A justificativa pode 
ser anterior ou posterior à audiência. Como a lei não prevê prazo para justificar a ausência, se 
aplica a razoabilidade no caso concreto para aferir se a justificativa é válida. Se a justificativa 
feita não for razoável, o juiz deve multar a pessoa. 
Um exemplo de justificativa prévia que não seria razoável seria alegar que não poderá 
ir à audiência porque 2 dias antes precisará fazer uma viagem internacional, cujas passagens 
foram compradas 30 dias antes. A audiência poderia ser remarcada nessa hipótese, em respei-
to à parte contrária, mas o juiz irá multar a parte que não justificou de forma satisfatória. 
Se acontecer um fato não previsto que impeça o comparecimento à audiência, a justifi-
cativa poderá ser feita posteriormente, porém deve ser feita em prazo razoável (1 dia após, de 
preferência). Se a justificativa é feita, por exemplo, 30 dias após a data marcada para a audi-
ência, essa justificativa não ocorreu em prazo razoável. Logo, o juiz também poderá multar 
essa parte que não compareceu. 
A falta a essa audiência não possui nenhuma consequência que afete o processo (co-
mo umarevelia, ou a extinção do processo). A única consequência é a multa. 
Quanto ao intervalo entre audiências: deve haver um intervalo mínimo entre uma au-
diência e outra, que é de 20 minutos, segundo o disposto no CPC, art. 334, § 12. Esses 20 
minutos visam prover segurança jurídica, de forma que o juiz não deve ter pressa em chegar a 
um acordo, pois o tempo deve ser devidamente gasto para ouvir as partes. 
Outra justificativa para esse intervalo de 20 minutos é porque o art. 334 também fala 
em realização de mediação durante as audiências. Uma mediação não poderia ser realizada 
em 5 ou 10 minutos, por exemplo. Quanto ao papel do juiz na mediação, temos que o juiz pode 
atuar como conciliador, mas nunca como mediador. 
Um entendimento amplamente difundido na doutrina é que o juiz não pode quebrar es-
se intervalo legal obrigatório. 
 
Diferenças entre mediação e conciliação 
MEDIAÇÃO CONCILIAÇÃO 
31 
 
É feita, em regra, para direitos não patrimoni-
ais¹ 
É feita, em regra, para direitos patrimoniais¹ 
O mediador é conhecedor profundo da lide O conciliador tem função superficial, sem se 
aprofundar no litígio 
O mediador cria condições favoráveis para 
chegar ao acordo, aproximando as partes 
O conciliador não aproxima as partes 
Possui um método, uma sequência de atos 
planejados 
Não possui método planejado, simplesmente 
se tenta chegar a um acordo 
Poder ser feito judicialmente ou extrajudicial-
mente² 
Sempre ocorre de forma judicial, formalmente 
falando 
Geralmente, na mediação existe relação jurí-
dica prévia ao litígio entre as partes
3
 
Em geral, não existe relação jurídica prévia 
entre as partes, ocorrendo apenas com o 
litígio
3
 
 
1) Quanto à primeira distinção, devemos ressaltar que não se trata necessariamente de 
características opostas da mediação e da conciliação, mas de algo constatado pela doutrina. 
Essa distinção consiste no emprego dos termos “direitos patrimoniais” e “não patrimo-
niais”, ao invés da forma que comumente é usada na doutrina, com os termos “direitos disponí-
veis” e “indisponíveis”. A terminologia empregada se justifica pelo fato de que, em geral, para 
saber qual tipo de audiência será mais adequada, é mais fácil resolver esse questionamento 
verificando a natureza patrimonial do direito, e não sua disponibilidade. Assim sendo, foi cons-
tatado, por exemplo, que em geral, a mediação é mais adequada para discutir direitos não pa-
trimoniais. 
Entretanto, como foi dito, não se trata de uma distinção rígida. Nada impede que direi-
tos não patrimoniais sejam discutidos em audiência de conciliação, uma vez que tanto os direi-
tos patrimoniais quanto os não patrimoniais admitem auto composição. 
2) Mediação extrajudicial envolvendo direito de incapaz deve ser homologada por juiz. 
A homologação não é necessária para a mediação ser válida, mas para obrigar as partes. 
Contudo, se essa mediação extrajudicial não envolve direito de incapaz e um acordo é 
feito, as partes estão obrigadas, sem haver necessidade de homologação judicial, pois na me-
diação é concedido um título extrajudicial para executar o acordo. 
32 
 
A mediação judicial pode ser feita por qualquer pessoa com credenciamento próprio 
para esse fim, fornecido pelo Tribunal por meio de algum curso ou treinamento. Não é neces-
sária uma capacitação específica para ser mediador judicial (como por exemplo, ser advogado 
ou psicólogo). 
A mediação extrajudicial pode ser por qualquer pessoa habilitada (como o árbitro), ou 
mesmo pela Defensoria Pública. 
Tanto o árbitro quanto o mediador extrajudicial podem ser escolhidos pelas partes. 
3) Se trata de uma distinção doutrinária falha, irrelevante na prática. É muito comum, 
por exemplo, as partes possuírem relação jurídica prévia, e mesmo assim tentarem acordo em 
audiência de conciliação; bem como duas partes participarem de uma audiência de mediação 
sem se conhecerem até o surgimento do litígio. 
Portanto, a distinção apresentada apenas se trata de algo encontrado pela doutrina, 
porém as demais distinções são mais importantes, por tratarem de características relevantes 
dos dois procedimentos. 
 
Contestação 
Conceito 
É um instrumento a serviço do demandado dentro do qual é possível apresentar múlti-
plas respostas para se defender do que é alegado pelo autor ou para demandar contra ele. 
Foi bastante simplificada no CPC/15. Antes, era um sistema de multi defesas, com ela-
boração de peças para cada tipo de defesa que poderia ser apresentada (por exemplo, se o 
réu quisesse alegar suspeição e vício de competência, deveria elaborar uma peça processual 
para cada matéria). Atualmente, o CPC traz menção às “respostas do réu”, nas quais temos 
formalmente apenas um ato processual (a contestação) no qual são apresentadas múltiplas 
defesas. 
Na contestação, há incidência do princípio da eventualidade, segundo o qual o réu de-
ve apresentar todas as matérias de defesa em momento oportuno, sob pena de preclusão do 
direito de apresentar essas matérias. Em outras palavras, se o réu não expõe todas as maté- 
rias de defesa no momento da contestação, não poderá fazer isso nos atos seguintes. 
Em decorrência do princípio da eventualidade, é admissível que as matérias de defesa 
apresentadas sejam contraditórias. Para entender essa afirmação, suponhamos o seguinte 
exemplo: uma ação de cobrança é ajuizada em decorrência de um contrato, e o réu alega que 
o contrato não existe. Porém, na mesma contestação, diz que se o contrato existisse, teria 
33 
 
prescrição e, mesmo se fosse provado que o contrato existia e não há prescrição, ele não de-
veria ser condenado porque a dívida deve estar paga. 
As defesas no exemplo dado foram totalmente contraditórias: se ele diz que o contrato 
não existe, não faz sentido dizer que a cobrança prescreveu, e menos sentido ainda em dizer 
que já pagou uma dívida que nega ter. Porém, todas essas argumentações são admissíveis 
pelo fato de que a contestação é a única oportunidade que o réu tem de alegar tudo o que for 
possível em sua defesa. Essa possibilidade decorre do princípio da eventualidade. 
Pode também ocorrer arguição de impedimento e/ou suspeição do juiz de forma con-
corrente com a contestação. Essa arguição pode ocorrer em peça à parte da contestação ou 
em petição simples. O CPC/73 previa as chamadas exceções, que eram as peças processuais 
nas quais se apresentava as matérias de defesa. Dentre essas arguições, havia a chamada 
“exceção de suspeição” ou “exceção de impedimento”. O termo “exceção” foi abolido do CPC. 
Como foi dito, a contestação também pode ser usada como forma de demandar contra 
o autor. Em um processo, é possível que autor e réu que se confundam nos polos: o réu origi-
nário pode virar um demandante, e o autor originário pode virar um demandado. A contestação 
é apresentada por quem está no polo passivo da demanda, mas os polos podem ser trocados 
de acordo com o pleito que está sendo apresentado. 
Isso pode ocorrer quando é feito uso do instrumento da reconvenção, que será estuda-
da mais profundamente em momento posterior. Consiste numa demanda que o réu apresenta 
na contestação contra o autor. 
A defesa que o autor apresenta na reconvenção possui natureza de contestação (ou 
seja, a resposta do autor à reconvenção é como se fosse a “contestação” do autor). Inclusive, é 
cabível reconvenções sequenciais (em outros termos, reconvenção da reconvenção). 
Em regra, a contestação é a primeira oportunidade que o réu tem de se manifestar no 
processo. 
 
Conteúdo 
No CPC, a contestação é prevista a partir do art. 335. Possui 3 categorias de conteúdo: 
a) Matérias preliminares 
b) Matérias de mérito propriamente

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