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juizo de admissibilidade e juizo de merito

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Profª Cíntia Marques 
 
10 
 
Juízo de admissibilidade e Juízo de mérito 
 
 Durante a sua apreciação, o recurso submete-se a dois tipos de exame: 
 
 juízo de admissibilidade: onde se verifica, até mesmo de ofício (por se tratar de matéria de ordem 
pública), o atendimento a todos os requisitos formais do recurso (pressupostos recursais), os quais, se 
presentes, autorizam o posterior conhecimento do mérito do recurso pelo órgão julgador, ou seja, o 
juízo de mérito. 
 Valer lembrar que o juízo de admissibilidade não é realizado pelo juízo a quo, salvo nos 
recursos especial e extraordinário, quando então o presidente ou vice-presidente do tribunal a quo 
poderá dar ou negar seguimento ao recurso (art. 1.010). 
 Sendo assim, regra geral, quem o faz é apenas o juízo ad quem, o qual conhecerá ou não o 
recurso. Importante lembrar que o órgão ad quem poderá realizar mais de um juízo de 
admissibilidade: 1º) monocraticamente pelo relator; e 2º) pelo colegiado em sessão de julgamento. O 
segundo juízo não se vincula ao primeiro, sendo possível o colegiado não conhecer do recurso, ainda 
que o relator tivesse já o conhecido anteriormente. 
 
 Da decisão do relator que não conhece do recurso cabe agravo interno; e da decisão do 
colegiado pode caber recurso especial ou extraordinário se houver violação da norma. 
 
 juízo de mérito: momento em que o órgão ad quem, depois de conhecer do recurso (juízo positivo 
de admissibilidade), verificará se assiste ou não razão ao recorrente, dando-lhe o provimento ou 
negando-lhe o provimento. 
 Portanto, o juízo de admissibilidade é sempre e necessariamente preliminar ao juízo de mérito. 
 O julgamento do recurso é geralmente de competência do colegiado, porém excepcionalmente 
o juízo de mérito pode ser realizado monocraticamente pelo relator, negando provimento a recurso 
contrário a precedentes judiciais, ou dando provimento a recurso quando a decisão recorrida é que 
estiver contrário a tais precedentes. Isto está previsto, respectivamente, nos incisos IV e V do art. 932, 
NCPC. 
 Excepcionalmente também o juízo de mérito pode ocorrer no juízo a quo, quando este, por 
exemplo, retrata-se e reconsidera a decisão. É o que se chama de juízo de retratação, previsto na 
apelação (art. 331) e no agravo de instrumento (art. 1.018). 
 Vale registrar que, dando o tribunal provimento ao recurso, não poderá haver a reforma da 
sentença para piorar a situação da parte que recorreu, ou seja, não se admite a reformatio in pejus. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Profª Cíntia Marques 
 
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Por outro lado, e aí não há que se falar em reformatio in pejus, se houver a interposição de recursos 
por ambas as partes, como no caso de sucumbência parcial, pois poderá haver a reforma da sentença 
para pior quando o tribunal dar provimento a um recurso e negar em relação ao outro. 
 
ASSIM SENDO, FRISA-SE: 
 
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO - O magistrado deve fazer um duplo exame: 
primeiro, analisa a validade do procedimento e verifica se será possível o exame do conteúdo 
(admissível ou inadmissível – juízo de admissibilidade). Se admissível, passa a examinar a 
procedência ou não da demanda (procedente ou improcedente – juízo de mérito). 
 
  JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE - O juízo de admissibilidade pode ser provisório ou definitivo. 
Em alguns casos, cabe ao órgão a quo fazer um juízo provisório e ao órgão ad quem realizar o juízo 
definitivo. Ex.: REsp e RE. - Em regra, os recursos são interpostos perante o órgão que proferiu a 
decisão recorrida (juízo a quo). Exceção: o agravo de instrumento é interposto diretamente perante o 
órgão ad quem. - Em regra, as questões de admissibilidade podem ser conhecidas de ofício. Exceção: 
a não comprovação da interposição de agravo de instrumento em autos de papel (art. 1.018, §3º), em 
que deve haver provocação do agravado. - Quando o recurso é inadmissível, não deve ser 
“conhecido”. 
 
 REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO INTRÍNSECOS 
 
 1) Cabimento; 2) Legitimação; 3) Interesse; 4) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder 
de recorrer. 
 
EXTRÍNSECOS 
 5) Tempestividade; 6) Preparo; 7) Regularidade formal. 
 
 
 
 
DOS EFEITOS DOS RECURSOS 
 
IMPEDIMENTO AO TRÂNSITO EM JULGADO  
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Profª Cíntia Marques 
 
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 a interposição do recurso IMPEDE o trânsito em julgado, o recurso prolonga a litispendência. 
 
 EFEITO SUSPENSIVO  a interposição do recurso prolonga o estado de ineficácia em que se 
encontrava a decisão (os efeitos dessa decisão não se produzem). - Atenção: o efeito suspensivo 
não decorre da interposição do recurso, mas resulta da mera recorribilidade do ato. Havendo 
recurso previsto em lei, dotado de efeito suspensivo, para aquele tipo de ato judicial, esse, quando 
proferido, já é lançado aos autos com sua executoriedade adiada ou suspensa, perdurando essa 
suspensão até, pelo menos, o escoamento do prazo para interposição do recurso. Havendo recurso, 
a suspensividade é confirmada, estendendo-se até seu julgamento pelo tribunal. Não sendo 
interposto o recurso, opera-se o trânsito em julgado, passando-se, então, o ato judicial a produzir 
efeitos e a conter executoriedade. - Se a decisão contiver mais de um capítulo, é possível que o 
recurso tenha efeito suspensivo em relação a um e não tenha em relação a outro. REGRA GERAL 
RESSALVAS CONCLUSÃO Segundo o art. 995, o recurso NÃO possui efeito suspensivo 
automático, salvo disposição legal (1) ou decisão judicial em sentido diverso (2). (1) Recursos 
com efeito suspensivo automático por disposição legal (ex.: apelação – art. 1.012). (2) Efeito 
suspensivo atribuído por decisão judicial. Isto porque cabe ao recorrente pedir o efeito suspensivo 
e fundamentar no caso concreto. Todo recurso pode ter efeito suspensivo 
 
EFEITO DEVOLUTIVO 
 
 Permite ao órgão ad quem, como regra geral, a reapreciação da matéria objeto de impugnação, 
nos termos do caput do art. 1.013, NCPC, consagrando a máxima tantum devolutum quantum 
appellatum. 
 Dessa forma, a depender do que for impugnado pelo apelante, nos limites de sua sucumbência, 
a devolução pode ser total ou parcial (devolutividade sob a dimensão horizontal ou quanto à 
extensão). 
 Lembrando que o apelante só pode impugnar o que foi levado ao conhecimento do juízo 
inferior, pois está limitado à própria sucumbência. Não pode, portanto, impugnar questões de fato 
novas, ou seja, não propostas no juízo inferior sobre os quais não houve sequer oportunidade de 
julgamento pelo juízo a quo, salvo se tratarem de fatos posteriores à sentença ou cuja argüição em 
momento próprio não foi possível em virtude de força maior (art.1.014). Excetuam-se também fatos 
argüidos por terceiro prejudicado, que, só após a sentença, ingressa no processo interpondo recurso, 
e questões conhecíveis de ofício pelo juiz, não sujeitas a preclusão. 
 Assim, o juízo ad quem está em face da mesma lide, mas com a extensão do conhecimento 
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limitada pela impugnação. Em outras palavras, todas as questões (pedidos) e fundamentos (de fato e 
de direito – argumentações) adstritos à parcela da impugnação ou ao capítulo impugnado são 
devolvidas ao tribunal, ainda que não tenham sido apreciadas uma ou algumas delas, embora tenha 
sido dada tal oportunidade ao juízo a quo. Esta é a inteligência dos §§1º e 2º do art. 1.013 do NCPC. 
 De acordo com os §1º, devolve-se aotribunal de todas as questões suscitadas e discutidas no 
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, como, v.g., a hipótese de o juiz negar um primeiro 
pedido e deixar de examinar o pedido seguinte. 
Ou quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um (§ 
2º), como, v. g., no caso de pedido de rescisão contratual, onde se discute o defeito da coisa e a falta 
de manutenção na mesma, mas o juiz só acolhe este último. 
Em suma, no §1º devolve-se todos os pedidos e, no §2º, devolve-se todas as causas de pedir, 
ainda que o juiz não tenha julgado ou acolhido todos eles. 
 Um bom exemplo é o caso da sentença que reconheceu prescrição ou decadência, não 
adentrando no mérito propriamente dito. Considerando o disposto no §4º do art. 1.013, poderá o 
tribunal, depois de reformar a sentença, afastando a hipótese de prescrição ou de decadência, enfrentar 
o mérito propriamente dito de forma inédita, sem que com isso implique em supressão de instâncias. 
 Assim, não é necessário que o juízo a quo tenha se pronunciado sobre todas as questões de 
mérito ou fundamentos para que o tribunal também possa fazê-lo, pois tal oportunidade já havia sido 
conferida pelo juízo de origem. 
 Estamos, dessa forma, diante da devolutividade sob a dimensão vertical, ou quanto à 
profundidade, que é sempre integral, também conhecida como efeito translativo do recurso de 
apelação, uma vez que transladam-se para o tribunal tudo o que está adstrito à parcela ou capítulo 
impugnada, independentemente de requerimento. 
 
 EFEITO REGRESSIVO OU DE RETRATAÇÃO  é o efeito que autoriza o órgão a quo a rever a 
decisão recorrida (JUÍZO DE RETRATAÇÃO). É uma dimensão do efeito devolutivo. 
 
 RECURSOS COM EFEITO REGRESSIVO Apelação contra sentença que indefere a petição inicial 
(art. 331); Apelação contra sentença que extingue o processo sem exame do mérito (art. 485, §7º); 
Apelação contra sentença de improcedência liminar do pedido (art. 332, §3º); Apelação no ECA (art. 
198, VII); Agravo de instrumento (art. 1.018, §1º); Agravo interno (art. 1.021, §2º); REsp e RE 
repetitivos (art. 1.040, II). 
 
 EFEITO EXPANSIVO SUBJETIVO  em regra, a interposição do recurso produz efeitos apenas 
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para o recorrente (princípio da personalidade do recurso). Contudo, há casos em que o recurso 
interposto por uma parte produz efeitos em relação a outra: a) O recurso interposto por assistente 
simples é eficaz em relação ao assistido (art. 121); b) O recurso interposto por um dos litisconsortes 
a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses (art. 1.005 – litisconsórcio unitário). 
Isso porque recorrer é uma conduta alternativa (unitário  aproveita a todos; simples  não aproveita). 
c) Por opção legislativa, o recurso interposto por um devedor solidário estende os seus efeitos aos 
demais, quando tratar de defesa comum (art. 1.005, parágrafo único). Sabe-se que a solidariedade 
pode implicar litisconsórcio unitário ou simples a depender da divisibilidade ou não do bem jurídico 
envolvido. Aqui, contudo, por opção legislativa, permite-se a expansão subjetivo mesmo que não se 
trate de litisconsórcio unitário. d) Os embargos de declaração interpostos por uma das partes 
interrompem o prazo para a interposição de outro recurso para ambas as partes, e não apenas para 
aquela que embargou (art. 1.026). e) A interposição de embargos de divergência no STJ interrompe, 
para ambas as partes, o prazo para a interposição de RE (art. 1.044, §1º). 
 
 
 EFEITO DESBSTRUTIVO 
 
 Aparentemente um desdobramento do efeito devolutivo, o efeito desobstrutivo é, na verdade, 
um efeito do provimento do recurso, uma vez que autoriza o tribunal decidir diretamente e de forma 
inédita o mérito da causa, sem devolver os autos ao juízo de origem, após dar provimento à apelação, 
anulando a sentença apelada. 
 Para a sua aplicação, é necessária a observância de 3 pressupostos: a) requerimento do 
apelante (sob pena de julgamento extra petita); b) provimento da apelação; c) o processo estiver em 
condições de imediato julgamento (p. ex, réu citado, provas já produzidas etc - aplicação da teoria da 
causa madura). 
 É a regra insculpida no art. 1.013, §3º, que prevê o seu cabimento nas seguintes hipóteses: 
 
I) sentença processual ou terminativa (art. 485) – é a única hipótese em que o efeito desobstrutivo é 
cabível mesmo que o fundamento tenha sido erro de julgamento. Isso pois que, reformando a sentença 
extintiva e desde que observados os referidos pressupostos, é possível o tribunal adentrar no mérito 
sem que isso implique em supressão de instâncias (é velha hipótese do art. 515, §3º do CPC de 73). 
A polêmica é maior quando se refere a acórdão que anula tal sentença por erro de 
procedimento, pois a anulação impõe normalmente o necessário retorno dos autos para nova atividade 
jurisdicional. Todavia, o entendimento tem sido no sentido de que é também possível à luz dos 
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princípios da duração razoável do processo e da primazia da decisão de mérito e desde os referidos 
pressupostos esteja também observados. 
 
II) sentença que violar a regra da congruência – é o caso de o tribunal anular a sentença extra petita, 
ou seja, em que o juiz examinou pedido não formulado, deixando de examinar pedido que realmente 
fora feito. Ex: pede-se danos materiais apenas e o juiz examina danos morais que sequer foram 
pedidos. 
Conclui-se, assim, facilmente que, na verdade, a sentença congruente não é só extra petita, 
mas citra petita também, vez que o pedido formulado pelo autor não foi examinado em razão de o 
juiz ter examinado outro, não formulado. 
Nesse caso, se o tribunal anular tal sentença, poderá prosseguir julgando pedido ou a causa de 
pedir que não foram antes examinados. 
 
III) sentença que não examinou um pedido - não confundir com a hipótese anterior, porque aqui se 
trata de verdadeira omissão, quanto ao pedido formulado (julgamento citra petita), constatada pelo 
tribunal na ocasião do provimento da apelação. Ex: o tribunal, ao reformar sentença que acolheu 
pedido principal, poderá avançar e decidir o pedido subsidiário que, obviamente, não havia sido 
examinado antes. 
 Interessante notar que o tribunal não vai invalidar a sentença naquilo em que ela foi omissa, 
porque não há sequer decisão pra anular; mas tão somente “constatar a omissão” no momento do 
provimento, julgando em seguida o pedido não enfrentado pelo juízo de origem. No caso do inciso 
II, o verbo utilizado não é “constatar”, mas “decretar a nulidade da sentença por não ser ela 
congruente...”. Tal sutileza, nos dizeres de Didier Júnior (2016, p. 36, v.3), “não pode passar 
despercebida”. 
 
IV) sentença sem fundamentação - quando o tribunal, dando provimento à apelação, decretar a 
nulidade da sentença por falta de fundamentação, poderá avançar e, desde logo, julgar o mérito. Além 
de justificar tal procedimento por estar a causa madura, pressupõe também que, caso os autos 
retornassem ao juízo a quo, provavelmente a decisão seria a mesma. 
 
EFEITO SUSPENSIVO 
 
É aquele que impede, que suspende os efeitos, inclusive executórios, da sentença recorrida, 
não podendo ser executada, ainda que provisoriamente. 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Profª Cíntia Marques 
 
16 
 
O efeito suspensivo é automática na apelação, pois decorre da lei (art. 1.012, caput, NCPC– é 
o chamado efeito suspensivo ope legis). 
Porém, excepcionalmente, a apelação não serárecebida no efeito suspensivo, mas apenas no 
efeito devolutivo, o que implica dizer que a sentença apelada pode produzir seus efeitos 
imediatamente e submeter a um cumprimento provisório (art. 1.012, §2º c/c art. 520, NCPC). 
Entretanto, se o apelante requerer ao relator o efeito suspensivo, este poderá concedê-lo, desde que 
esteja demonstrada a probabilidade de provimento (espécie de tutela de evidência recursal), ou desde 
que provado que o fundamento recursal é relevante e que a produção imediata dos efeitos da sentença 
pode gerar risco de um dano grave ou de difícil reparação (ou seja, fumus boni iuris e periculum in 
mora, na já tradicional tutela de urgência recursal). Em todos estes casos trata-se do efeito suspensivo 
ope judicis ou efeito obstativo, previsto no §4º do art. 1.012 do NCPC. 
Tais hipóteses excepcionais em que a apelação NÃO terá efeito suspensivo estão previstas no 
§1º do art. 1.012 do NCPC, a saber: 
I – sentença que homologar a divisão ou a demarcação – pois se trata de sentença constitutiva. 
II – sentença condenatória de alimentos – seria contrário ao princípio da efetividade processual 
admitir que a apelação contra tal sentença seja recebida também no efeito suspensivo, pois que o 
direito nela reconhecido é de caráter alimentar e urgente. 
III – sentença que extingue sem resolução de mérito ou que julga improcedentes os embargos do 
executado - visa nitidamente beneficiar o exequente que verá a sua execução prosseguir normalmente 
face à produção imediata dos efeitos da improcedência ou da rejeição dos embargos. 
IV – sentença que julga procedente pedido de instituição de arbitragem – para suprir a falta de 
compromisso arbitral pela negativa de uma das partes (art. 7º, Lei 9.307/96); nesse caso, a apelação 
contra tal sentença produzirá efeitos imediatos em prestígio ao instituto da arbitragem. 
V – sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória – seja ela de urgência (de natureza 
antecipada ou cautelar), seja ela de evidência. Com o afastamento do efeito suspensivo, fica garantida 
a sua eficácia, pois que a sentença produzirá efeitos imediatamente. Admitir o contrário é tornar a 
medida inócua. 
 E não ocorre apenas contra sentença que concede ou confirma a tutela provisória, mas também 
a que revoga/cassa a liminar, porque, se admitir o recebimento da apelação no efeito suspensivo, 
implicaria no revigor do provimento já cassado na sentença. 
VI – sentença que decreta a interdição 
 
 Vale lembrar que este rol não é taxativo. Existem outras hipóteses em que a apelação também 
será dotada apenas de efeito devolutivo, tais como: 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Profª Cíntia Marques 
 
17 
 
- art. 14 da Lei n. 7.347/85/ Lei da Ação Civil Pública; 
- art. 14, §3º da Lei n. 12.016/09/Lei do MS; 
- art. 58, V, da Lei n. 8.245/91 (sentenças em ações de despejo); 
- art. 15, parágrafo único, da Lei n. 9.507/97 (sentença que conceder o habeas data); 
- art. 199-A da Lei n. 8.069/90 (sentença que deferir adoção, salvo exceções); 
- art. 199-B da Lei n. 8.069/90 (sentença que destituir os genitores do poder familiar). 
 
EFEITO REGRESSIVO 
 
Da sentença que indefere liminarmente a petição inicial cabe apelação, facultando-se ao juiz 
retratar de sua decisão em 5 dias após a interposição do recurso (art. 331). 
Não se retratando, deverá o juiz mandar citar o réu para responder ao recurso (§1º), remetendo 
em seguida os autos para o tribunal. Caso o tribunal reforme a sentença, o prazo para a contestação 
fluirá a partir da intimação do retorno dos autos (§2º). 
Por outro lado, retratando-se, a sentença restará reformada e a apelação, prejudicada. Trata-se 
do juízo de retratação, também conhecido como efeito regressivo do recurso, que é uma exceção à 
regra do art. 494, NCPC, segundo o qual, com a publicação da sentença, o juiz não poderá mais alterá-
la, operando a chamada preclusão judicial (pro iudicato). 
Outra hipótese muito semelhante em que também cabível o juízo de retratação é a prevista no 
art. 332, §3º, ou seja, que trata da apelação contra a sentença que julgar liminarmente improcedente 
o pedido.

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