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Supervisão de Estágio Profissional - Livro Texto Unidade II

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5 A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL
O estágio supervisionado é necessário para sua profissão, pois é nesse processo que se concentra o 
aprendizado e a apreensão da prática profissional. Traduz-se por um espaço único em que o acadêmico 
tem a oportunidade de apreender de forma crítica a atuação do assistente social.
 Observação
Salientamos a sua atenção para a postura crítica. Ela deve ser construtiva 
e despertar discussões e posicionamentos ético-políticos acerca da atuação 
profissional, distanciando-se de uma conduta critica negativa, ou seja, que 
apenas aponta os erros dos profissionais em atuação.
O aluno estagiário deve observar a competência do profissional que o supervisiona na prática, pois 
esse profissional tem alicerce teórico-metodológico. Também deve voltar seu olhar para o enfrentamento 
das demandas sociais apresentadas pela comunidade à política pública social onde está inserido.
Segundo Azeredo e Souza (2004), é no campo de trabalho que se apresenta a necessidade de 
construir atividades cotidianas competentes, não apenas baseadas em elementos da formação 
profissional apreendidos pelo assistente social, mas de habilidades e atitudes que possibilitem 
respostas profissionais.
Podemos, então, entender que o profissional constrói a competência necessária para atuação em seu 
espaço de trabalho. O campo de estágio é, então, fulcral para que o aluno absorva essas habilidades e 
atitudes, que, aliadas à sua bagagem teórica, fazem dele um excelente profissional.
Destacamos também que o campo de estágio é o local que lhe permite experimentar com concentrado 
esforço o enfrentamento de múltiplas e complexas situações sociais. É por isso que a sua formação no 
Serviço Social completa-se com a realização do estágio obrigatório.
 Lembrete
É preciso que a teoria e a metodologia estudadas no curso, bem como 
os instrumentais técnico-operativos apreendidos, sejam contextualizados 
com a realidade social, para que você possa analisar a conjuntura e as 
estruturas do movimento histórico da sociedade, e, a partir desse processo, 
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compreender como proceder para criar estratégias de ação capazes de 
formular respostas.
O estágio supervisionado pode propiciar ao aluno a ponte entre a teoria e a prática, suscitando 
a reflexão, impedindo que adquira apenas um aprendizado hermético, de conteúdos estáticos e 
decorativos, reduzidos à instrumentalização técnica. É um processo em que ele constrói com solidez 
um aprendizado que compreende a realidade social no seu movimento estrutural e conjuntural. Pinto 
(1997, p. 46) afirma que
sob tais considerações, a formação profissional do assistente social é 
compreendido como um processo contínuo e inacabado de autoqualificação, 
de educação permanente, de construção de saberes mediatizados pela 
prática social, na qual se insere a prática profissional.
Sob essa perspectiva, é importante que o aluno realize o estágio supervisionado de forma séria 
e comprometida a fim de preparar-se para as exigências contemporâneas impostas aos profissionais 
no mercado de trabalho. Como uma profissão que está inserida na divisão sociotécnica do trabalho, o 
Serviço Social deve acompanhar as mudanças contemporâneas que ocorrem na conjuntura e também 
no mercado de trabalho.
É importante destacar que não deve se esquecer do projeto ético-político da profissão. Isso exige 
um equilíbrio do assistente social, na medida em que, por um lado, o profissional deve qualificar-se 
adequando ao mercado para conquistar alternativas de ação e, por outro lado, viabilizar o cumprimento 
de ações profissionais pautadas na defesa intransigente dos direitos sociais.
5.1 O campo de estágio como lugar de aprendizado
O campo de estágio não pode se tornar um espaço de tarefas mecânicas e prestação de serviço. Esse 
espaço é um lugar privilegiado em que o aluno deve se concentrar na reflexão do trabalho do profissional 
supervisor de campo para apreender a dimensão interventiva e operativa da profissão. Oliveira (2004, p. 
68) assevera que
[...] como atividade curricular obrigatória, o estágio pressupõe o 
acompanhamento e a orientação profissional, por meio do processo de 
supervisão acadêmica e de campo, configurando um dos princípios que 
fundamentam a formação profissional, preconizados pela Abepss [Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social]: a indissociabilidade entre 
estágio e supervisão.
O estágio supervisionado envolve o acompanhamento de campo e a supervisão acadêmica, que 
são traduzidas nas orientações e conteúdos ministrados pelos docentes. Dessa forma, o estágio deve 
ser realizado em conjunto, mediante interação entre os envolvidos: docente do conteúdo de estágio, 
supervisor de campo e aluno.
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O docente contribui com o estágio por meio das teleaulas em que: orienta, expondo as diretrizes 
a serem seguidas pelo aluno estagiário de Serviço Social, e explana os conteúdos necessários para o 
estágio. Nas teleaulas são ministrados ainda os conteúdos referentes aos elementos instrumentais a 
serem utilizados na construção do relatório final ao término das etapas do estágio supervisionado I e II, 
e ainda na elaboração e execução do projeto de intervenção que o aluno implementa ao final do estágio 
supervisionado.
O supervisor de campo deve contribuir com o aluno na discussão e na reflexão das problemáticas 
apresentadas no cotidiano da ação profissional, de modo que o estagiário não seja considerado apenas 
como um cumpridor de tarefas, mas como um futuro profissional que precisa desenvolver habilidades 
para a prática exercida na realidade concreta.
Sendo um futuro profissional, o aluno deve ser capaz de analisar situações práticas e contribuir com 
soluções possíveis, baseadas em sua fundamentação teórica e em concordância com o projeto ético-
político da profissão. A relação, então, que deve ser construída no estágio entre os envolvidos necessita 
alicerçar-se em respeito e contribuição para o campo de estágio.
Segundo Oliveira (2004), “o desafio é ‘abandonar’ a concepção de estágio voltada somente para a 
informação teórica e a prestação de serviços por meio do exercício profissional”. Isso nos leva a pontuar 
que o estágio obrigatório é fundamental para a construção da identidade profissional do aluno.
Então, é necessário destacar ao aluno o estágio como uma importante etapa da sua formação 
profissional, em que se pode construir um perfil profissional de forma comprometida com as respostas 
às demandas sociais apresentadas, exercitando a reflexão crítica e apreendendo as alterações 
contemporâneas no mundo do trabalho. Deve também compreender as relações sociais construídas entre 
os profissionais, tanto com as instituições quanto com os usuários do Serviço Social. Daí a importância 
primordial do comprometimento do aluno em realizar seu estágio obrigatório, já que esse processo 
articula o encontro do conhecimento adquirido na universidade com a realidade profissional concreta.
5.3 A análise dos espaços sócio-ocupacionais na contemporaneidade
A profissão de Serviço Social sofreu transformações ao longo dos anos, desde sua institucionalização 
até a contemporaneidade. Essas mudanças influenciaram a formação acadêmica dos assistentes sociais, 
bem como o exercício profissional.
O assistente social é um profissional inserido na divisão sociotécnica do trabalho e, ao longo dos anos, 
tem atuado diretamente na formulação ena implementação das políticas públicas. Quando da época 
de sua institucionalização no país, em 1940, o Serviço Social foi requisitado para atuar em instituições 
assistenciais estatais e nas paraestatais, sob forte influência da igreja católica, com a perspectiva de um 
trabalho voltado para o amor ao próximo, para a justiça e a caridade. 
Essa atuação profissional do Serviço Social era regida e determinada pela política estatal aliada 
à burguesia industrial, objetivando a construção de um processo de aceleração do desenvolvimento 
capitalista do país. O Serviço Social atuava nas instituições criadas pelo Estado para desenvolver 
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programas assistenciais com características de controle. Em respostas às demandas populares, esses 
programas implementaram ações normativas assistenciais com vistas a garantir o controle e desmotivar 
as mobilizações e reivindicações populares. Segundo Silva (2006, p. 25),
com o surgimento das grandes instituições, amplia-se o mercado de trabalho 
para a profissão, permitindo ao Serviço Social romper com suas origens 
confessionais e transformar-se numa atividade institucionalizada.
Entretanto, após as décadas de 1940 e 1950, a categoria profissional do Serviço Social amplia 
sua atuação para além das instituições, suscitando um movimento de discussão e de reflexão de 
sua prática normativa. Busca, a partir de 1965, romper com sua origem assistencialista atrelada 
aos interesses capitalista de controle e obtenção de consenso das classes subalternas da sociedade 
brasileira.
Podemos pontuar historicamente que o Serviço Social consolida-se no país como uma profissão que 
atua nas instituições estatais ou filantrópicas assistencialistas. Silva (2006, p. 24) acrescenta que
o processo de institucionalização e legitimação da profissão do Serviço 
Social que, no Brasil, vincula-se à criação e ao desenvolvimento das grandes 
instituições assistenciais, estatais, paraestatais e autarquias, instituiu-se a 
partir da década de 1940.
Na década de 1960, inicia-se um processo de questionamento da atuação profissional do Serviço 
Social provocado pelos próprios profissionais da categoria, que tinham como espaço de atuação sócio-
ocupacional as instituições estatais e filantrópicas.
Fazendo uma análise da prática do assistente social nesses espaços de trabalho, destacamos que eram 
instituições em que o exercício profissional desenvolvia-se de forma normativa e corretiva, controlando 
e adequando os usuários das políticas sociais aos interesses estatais e burgueses.
Após o Movimento de Reconceituação, a profissão apresentou mudanças em sua forma de ação 
e formação acadêmica. Aliadas a essas transformações da categoria, há ainda aquelas que ocorreram 
na conjuntura econômica e social do país, que fizeram com que a profissão buscasse novos campos de 
atuação.
Apesar de o setor público ser ainda o maior empregador dos profissionais de Serviço Social, 
a política de redução de custos pós anos 1980 foi responsável por conquistas de espaços sócio-
ocupacionais alternativos para os assistentes sociais. Iamamoto (2001, p. 124) afirma que
os assistentes sociais funcionários públicos vêm sofrendo os efeitos 
deletérios da Reforma do Estado no campo do emprego e da precarização 
das relações de trabalho, tais como redução de concursos públicos, demissão 
dos funcionários não estáveis e contenção salarial.
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Diante dessa situação, espaços sócio-ocupacionais foram se formando e abrindo campos de trabalho 
para os assistentes sociais, além das instituições estatais. Um campo de atuação que podemos destacar 
como privilegiado, um espaço sócio-ocupacional de grande importância para um aprendizado de 
participação e democracia, são os conselhos criados com a promulgação da Constituição Federal de 
1988.
Segundo Iamamoto (2001), abriram-se novos canais de trabalho para os assistentes sociais com a 
municipalização das políticas públicas. Esses espaços foram possíveis com a criação dos conselhos: da 
assistência, da saúde, da previdência, de conselhos tutelares e de defesa da criança e do adolescente.
Os conselhos podem representar novos espaços de trabalho e de aprendizado com qualidade, uma 
vez que suscitam a participação da sociedade civil na discussão sobre o processo decisório nas esferas de 
formulação, gestão, avaliação da implantação de políticas sociais e o controle dos recursos financeiros 
destinados aos programas sociais.
A participação de profissionais do Serviço Social no processo das decisões sobre as políticas a 
serem implementadas contribui para o fomento da democracia e para a obtenção de transparência e 
participação da sociedade civil, que se informa sobre seus direitos e busca por um controle social mais 
efetivo. Isso é fundamental para que se criem novos rumos pela defesa da melhoria de qualidade de vida 
dos usuários dos serviços dos assistentes sociais, tornando-se um campo de estágio com aprendizado 
de qualidade para os alunos de Serviço Social que estagiam em conselhos e em programas de gestão 
democrática e participativa.
Outro espaço sócio-ocupacional que se amplia com as mudanças contemporâneas no mundo do 
trabalho são as organizações não governamentais. O Estado, em função da política neoliberal assumida 
como determinação da política econômica, retrai o campo das políticas sociais e amplia o crescimento 
de parcerias com as ONGs. Santos (2007, p. 128) afirma que
esse ideário responde às novas determinações do mundo do trabalho que, 
dentre outras manifestações, aponta para a possibilidade de inserção, em 
novos espaços ocupacionais, parte deles ancorados no denominado Terceiro 
Setor.
O profissional inserido nas instituições de terceiro setor deve atuar pautado na reflexão sobre seu 
papel como mediador da condição de elo entre a sociedade civil e o Estado, compreendendo a ampliação 
de sua função como defensor da inserção e ampliação do acesso às políticas sociais desenvolvidas por 
esse setor às classes subalternas.
O assistente social que exerce sua atuação voltada para a execução de ações com o 
compromisso de consolidar o projeto profissional, ou seja, de fortalecer a autonomia dos usuários 
das políticas sociais, abre um campo de espaço sócio-ocupacional de grande aprendizagem para 
o aluno estagiário do curso de Serviço Social. A atuação nas ONGs permite a construção de novas 
experiências de respostas às demandas sociais. Faz-se necessário atuar pautado nos princípios 
de liberdade, equidade, igualdade e justiça social, refletindo e discutindo sobre a realidade social 
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concreta, para que o trabalho nas organizações governamentais seja um campo de extrema 
aprendizagem para o aluno estagiário.
Outro espaço sócio-ocupacional contemporâneo em que se inserem os assistentes sociais são os 
projetos socioambientais desenvolvidos pelo Estado ou por instituições não governamentais. Esse 
espaço de trabalho configura-se em razão da questão ambiental ser alvo de discussões e preocupação 
na contemporaneidade. Os profissionais de Serviço Social inseridos em programas socioambientais 
trabalham voltados para a recuperação dos ambientes degradados que ameaçam diversos aspectos nas 
sociedades: saúde, sustentabilidade e preservação dos recursos naturais.
O Serviço Social em seu exercício profissional desenvolve ações de educação ambiental que visam 
à preservação dos recursos naturais que podem ser utilizadospelas comunidades, bem como auxiliam 
na melhoria da saúde das pessoas que apresentam problemas nas áreas urbanas em consequência da 
desinformação, por exemplo, sobre o tratamento do lixo. Américo, Lima e Lopes Júnior (2007, p. 137) 
consideram que
os problemas ambientais estão atrelados aos condicionantes econômicos 
e culturais, de modo que já não se concebe vislumbrar qualidade de vida 
e desenvolvimento econômico e tecnológico dissociados de um ambiente 
ecologicamente sustentável.
Dessa forma, os projetos socioambientais são espaços de apreensão de uma atuação contemporânea 
dos assistentes sociais, que responde a demandas complexas apresentadas pelo mundo moderno e pode 
representar um avanço para a categoria, uma vez que envolvem o trabalho de socializar informações e 
buscar uma melhor qualidade de vida para as classes minoritárias. 
Para os alunos estagiários, esses espaços sócio-ocupacionais em que também se insere 
a profissão representa uma ótima oportunidade de leitura da realidade atual, uma excelente 
aprendizagem. Os trabalhos encaminham-se para discussões de associação do surgimento 
de doenças, da degradação e o esgotamento dos recursos naturais (águas, plantas medicinais, 
enfraquecimento do solo de plantio, peixes, entre outros) ao modo de vida das comunidades, 
como elas se apropriam do ambiente em que vivem. O trabalho do assistente social consiste em 
discutir e fazer as comunidades refletirem sobre o seu cotidiano, encontrando, junto com os 
usuários, alternativas possíveis para a solução dos problemas apresentados. O que representa um 
excelente campo como oportunidade de aprendizado.
5.4 Os espaços sócio-ocupacionais como lócus de apreensão da prática 
profissional
Os espaços de trabalho nos quais se inserem os assistentes sociais são lócus de construção de estratégias 
para uma atuação pautada na defesa dos direitos e proteção social da população. Os assistentes sociais 
são desafiados permanentemente, na atualidade, a uma qualificação em busca de subsídios que possam 
auxiliar no domínio de conhecimentos especializados e atualizados para decodificar as realidades e 
formular respostas para as diferentes demandas sociais apresentadas à categoria.
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O local de trabalho dos assistentes sociais é, então, espaço privilegiado para que o estagiário possa 
apreender as habilidades necessárias para o exercício profissional. A prática desenvolve-se na dinâmica 
das relações sociais sempre levando em conta as contradições existentes na conjuntura da sociedade 
e também as relações construídas entre usuário, profissional e instituição. Portanto, como campo de 
estágio, é primordial para um aprendizado sobre como essas relações se desenvolvem e como atuar com 
competência alicerçada no projeto ético-político do Serviço Social.
Sendo o campo de estágio um local para se compreender o significado da prática do Serviço 
Social, reforçamos que o aluno estagiário deve refletir sobre o que os espaços sócio-ocupacionais 
representam para sua formação profissional. Esse exercício deve ser alicerçado em uma vertente crítica 
e compromissada.
5.5 O papel dos sujeitos envolvidos no estágio supervisionado do Serviço 
Social
A relação entre os envolvidos no estágio é importante para que essa etapa de formação do aluno 
seja efetiva, de acordo com sua proposta de um espaço de aprendizado, reflexão e de discussão da 
prática profissional. 
O estágio deve ser compreendido pelos envolvidos baseando-se na superação do desafio que ele lhes 
acarreta. Os alunos estagiários devem superar o estigma de serem confundidos com um empregado de 
meio período. Os assistentes sociais supervisores de campo, da mesma forma, devem superar o estigma 
de que os alunos fazem parte do quadro funcional da instituição. Esse engano acaba direcionando os 
estagiários a funções administrativas ou burocráticas, e até mesmo atividades que não são relacionadas 
com o Serviço Social.
O supervisor de campo recebe, então, um desafio quando lhe é conferida a tarefa de repassar ao 
aluno o ensino da prática. Deve-se atentar para o risco de não sistematizar esse trabalho, o que implica 
uma supervisão aleatória e descompromissada, conforme constata Oliveira (2004, p. 69): 
quanto ao profissional – supervisor de campo, é conferida a ele a 
responsabilidade pelo “ensino da prática”, sendo a supervisão, na maioria 
das vezes, exercida sem sistematização, de forma intuitiva, agravada pela 
falta de capacidade continuada dos profissionais.
Os professores orientadores de estágio ou professores supervisores de estágio, também como parte 
desse processo, são responsáveis por conduzirem o aluno à reflexão acerca dos conhecimentos teóricos 
repassados no curso, são a ponte entre a teoria e o exercício profissional do campo de estágio que o 
aluno está inserido.
Dessa forma, podemos asseverar que é necessária a construção de uma comunicação entre as partes 
envolvidas no estágio, uma capacitação conjunta de orientações que possam nortear o aluno para a 
apreensão do exercício profissional de forma articulada, ou seja, não perdendo de vista a relação entre 
a teoria e a prática da profissão.
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Essa interação entre os sujeitos envolvidos no estágio (professor orientador, supervisor de campo 
e aluno) contribui para uma formação integrada, para que o aluno supere a dicotomia entre a teoria 
e a prática, ou seja, permite-lhe o embasamento acerca da realidade social expressa na conjuntura 
contemporânea, por meio das teorias e conteúdos transmitidos pelos professores na universidade, 
subsidiando o seu preparo como profissional na construção de estratégias saneadoras dos problemas 
sociais apresentados pelos usuários do Serviço Social. 
 Lembrete
A relação entre os envolvidos no estágio (professor, orientador supervisor 
de campo e aluno) deve possibilitar a reflexão, a discussão necessária e 
privilegiar a intrínseca relação da teoria com a prática.
Nessa perspectiva, o estágio integra o processo de educação do aluno de Serviço Social, pois lhe 
propicia experimentar inúmeros elementos da dimensão pedagógica da formação profissional, dentre 
elas a pesquisa, considerando que o aluno conhece a realidade, analisa criticamente o exercício 
profissional e, mediante a efetiva interação com demais envolvidos no estágio, vivencia as discussões 
que ativam a reflexão teórica sobre as alternativas para o Serviço Social.
Buriolla (2003, p. 16) chama atenção para o fato de que
assim, a formação profissional em Serviço Social pode ser entendida como 
um conjunto de experiências que incluem a transmissão de conhecimentos, 
a possibilidade de oferecer ao aluno um campo de ação – vivência de 
situação concreta, relacionada à revisão e ao questionamento de seus 
conhecimentos, habilidades, valores etc.
Podemos considerar o estágio, portanto, um campo privilegiado, revolucionário, de liberdade, 
diálogo, crescimento e de transgressão da atuação profissional conservadora. Ele permite ao aluno uma 
aproximação com os usuários para direcionamento da defesa dos direitos sociais.
6 A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO APLICADO À POLÍTICA 
SOCIAL EXECUTADA NOS CAMPOS DE ESTÁGIO
6.1 O Serviço Social na política social de atenção à criança e ao adolescente
A área da criança e do adolescente conta com profissionais de diversas categorias. Tem movimentado 
lutas na busca pela efetivação da defesa e dos direitos sociais, em que a atuação da categoria dos 
assistentes sociais também se constitui um dos mais ricos campos de estágio para a apreensão do fazer 
profissional. 
Após conquistada militância para a criação de uma legislação que tivesse como âmago a 
proteção às crianças e aos adolescentes, foi sancionada a Lei n. 8.069 de 13 de julho 1990, que 
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dispõe sobre a criação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), fundamentada na Constituição 
Federal de 1988.
Para os atuantes na defesa e proteção da criança e do adolescente, o ECA representou uma mudança 
no reconhecimento das crianças e dos adolescentes como sujeitos de direitos, não importando raça, cor 
ou condição social, reconhecendo que todas as crianças são consideradas pessoa em desenvolvimento 
a que se deve prioridade absoluta, seja na elaboração de políticas públicas ou na destinação de recursos 
das diversas instâncias públicas do país. Conforme Art. 4º dele,
É dever da família, comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos diretos referentes à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, 
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e 
comunitária (CRESS, 2007).
 A profissão do assistente social, consolidada na sociedade brasileira, pautada em um código de 
ética, deve primar pelo o que esse artigo pontua. Esse compromisso corrobora a primazia do Serviço 
Social pelo fortalecimento e efetivação dos direitos sociais, pela defesa intransigente da liberdade e 
direito dos cidadãos, no protagonismo crescente no campo da prestação de serviços, planejamento, 
gestão e execução de políticas públicas, programas e projetos sociais, entre outras atividades.
O Serviço Social inserido também nos trabalhos ligados à área da criança e do adolescente, objetivando 
atuar voltado ao cumprimento do que dispõe o ECA, atua em diversas esferas: tanto governamentais 
quanto não governamentais, ligadas a políticas de atendimento, combate à violência contra criança e 
adolescente, combate ao trabalho infantil, abrigo, adoção, entre outros.
Todas as questões pertinentes à criança e ao adolescente têm então grande relevância e preocupam 
o segmento dos assistentes sociais. Uma delas é o trabalho infantil. Iamamoto (2001, p. 38) assevera que
A OIT calcula hoje que trabalhem 200 milhões de crianças em todo 
o mundo. Segundo o IBGE, 7,5 milhões de brasileiros entre 10 a 17 
anos trabalham. Representam 11,6% da força de trabalho do país e 3,5 
milhões deles têm menos de 14 anos. Trata-se de uma mão de obra 
menos organizada, mais dócil e mais barata; 70% dos casos recebem 
menos que meio salário mínimo.
Mediante o apontamento da autora, constatamos que o trabalho infantil, apesar de proibido 
por uma legislação avançada de proteção integral à criança e ao adolescente, ainda é uma realidade 
no país, com a qual muitas famílias convivem. A criança que trabalha acaba por desvincular-se 
da escola, prejudicando sua formação, o que possivelmente determina sua condição desfavorável 
de posicionamento no mercado, devido à sua baixa qualificação. Consequentemente, perpetuam-
se os trabalhos em funções subalternas e de baixos rendimentos, gerando um ciclo repetitivo, na 
medida em que gerações de pais colocam à disposição do mercado de trabalho a mão de obra de 
seus filhos.
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SUPERVISÃO DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL
Outra problemática preocupante é a questão da violência doméstica contra crianças e adolescentes. 
Principal causa de morte da população infantojuvenil, ocorre, sobretudo, no seio família: é praticada 
pelos pais ou pessoas próximas que se valem da violência como uma forma de “educação”.
 Saiba mais
É importante ao aluno estagiário do Serviço Social, inserido nas 
instituições que atuam com essa área, conhecer sobre a legislação de defesa 
da criança e do adolescente. Por isso recomendamos a leitura, na íntegra 
da Lei n. 8.069, disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8069.htm>. Acesso em: 14 maio de 2012.
Diante de alguns problemas apresentados aqui, que desafiam os profissionais que trabalham na 
área da criança e do adolescente, os assistentes sociais e alunos estagiários devem estar atentos às 
leis que protegem os menores, estar preparados profissionalmente, embasados de conhecimento 
teórico e técnico-operativo para a defesa intransigente dos direitos desses cidadãos. 
Portanto, você deve conhecer a fundo essa política, especialmente se seu objetivo é desenvolver 
uma prática profissional que se proponha a desenvolver programas ou projetos que ofereçam 
oportunidades de desenvolvimento pessoal e social da criança e do adolescente para que possam 
exercer sua cidadania.
6.3 O Serviço Social e a política de atenção ao idoso
A população de idosos atualmente representa um aumento considerável em todos os países. Esse 
fato pode ser atribuído ao avanço da ciência e da tecnologia, que permitiram o controle de doenças e a 
descoberta de novas medicações. 
Nesse contexto, devemos levar em consideração as políticas de saúde, como as campanhas de 
vacinação e tratamentos que superaram a propagação de muitas doenças infectocontagiosas e 
potencialmente fatais. 
Outros fatores que podemos apontar como fundamentais para o aumento dos idosos na nossa 
sociedade é a própria evolução da cultura com relação à preocupação com a saúde, alimentação e 
bem-estar, assim como o processo acelerado de urbanização que acabou por ampliar as redes de 
abastecimento de água e esgoto.
Contudo, apesar de uma melhoria considerável na qualidade de vida e no controle das doenças, 
os idosos enfrentam muitos problemas na sociedade contemporânea. Essa realidade toca também 
as atribuições da categoria dos assistentes sociais, que atuam na luta de defesa pela efetivação 
dos direitos do idoso conquistados a partir do movimento para a criação de uma lei de proteção 
a esses cidadãos. 
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Como na luta pela criação e aplicação do ECA, os idosos e militantes de sua causa conseguiram, em 
1º de outubro de 2003, a aprovação da Lei n.10.741, que dispõe sobre o Estatuto dos Idosos. O art. 2º 
dessa lei assevera que
o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, 
sem prejuízo de proteção integral de que trata essa Lei, assegurando-se-
lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para 
preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, 
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade 
(CRESS, 2007).
De acordo com essa lei, é obrigação da família e do Estado respeitar e garantir ao idoso uma vida 
satisfatória: a participação no convívio social; a proteção; a saúde, não sendo tolerado nenhum tipo de 
discriminação, crueldade ou opressão à pessoa idosa.
Apesar desse avanço em nossa legislação, sabemos que os idosos ainda enfrentam muitos problemas. 
É considerada idosa e portadora de direitos assegurados, pela lei brasileira, a pessoa que tenha idade 
igual ou superior a sessenta anos. Entretanto, para beneficiar-se do direito recebimento de um salário 
por aposentadoria, mediante os termos da Lei Orgânica da Assistência Social, Loas, é estabelecida ao 
idoso a idade de sessenta e cinco (65) anos completos.
Mesmo com esse benefício da aposentadoria previsto na lei, o idoso enfrenta inúmeras dificuldades. 
Do ponto de vista econômico, a quantia de um salário mínimo não permite o atendimento satisfatório 
das necessidades de sua sobrevivência, principalmente quando vive em situação vulnerávele com 
famílias numerosas, tendo esse salário como único recurso financeiro para o sustento familiar.
Os idosos mais carentes requerem mais demandas de recursos do sistema de apoio formal: Estado; 
sociedade civil; família. Quando a família não consegue prover esse sustento, o idoso acaba entrando 
em um processo de exclusão, que representa perdas nas relações sociais.
O Estado brasileiro apresenta uma lei consistente em relação aos direitos dos idosos, mas conta 
com um vasto contingente de pobres, uma política de saúde precária e uma política de valores que 
geralmente apresenta preconceitos e benefícios ínfimos. Isso expõe os idosos ao enfrentamento de 
problemas sociais e financeiros, e ainda ao abandono por parte da família, obrigando-os a ficar à mercê 
de políticas sociais de abrigamento em casas-lares.
A Lei n. 10.741 prevê, em seu art. 37, que
o idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, 
ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, 
em instituição pública ou privada (CRESS, 2007).
Apesar de a lei instituir o direito de moradia digna, muitos idosos sofrem em abrigos com 
instalações insatisfatórias e atendimento negligente. Por isso é preciso que os profissionais que 
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atuam na área da efetivação dos direitos, como os assistentes sociais, estejam atentos para a 
construção de projetos e programas voltados à socialização, à integração dos idosos com seu meio 
social e à efetivação de seus diretos na área da saúde, habitação digna, transporte, assistência 
social, previdência, entre outras, de acordo a Lei n. 10.741, de 24 de outubro de 1989, que dispõe 
sobre o Estatuto dos Idosos.
 Saiba mais
O conhecimento da Lei n. 10.741, que dispõe sobre Estatuto do Idoso é 
imprescindível ao profissional de Serviço Social. Recomendamos, portanto, 
que a leia na íntegra. Pode ser acessada por meio do endereço: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. Acesso em 16 maio 
de 2012.
6.4 O Serviço Social e a pessoa com deficiência
O Serviço Social também atua na efetivação dos direitos das pessoas com deficiência. Como 
toda classe considerada minoria, os portadores de deficiência também travaram um luta para 
conquistarem maior apoio à sua integração social mediante a aprovação da Lei n. 7.853, que 
assevera em seu 1º artigo que “ficam estabelecidas normas gerais que assegurem o pleno exercício 
dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, e sua efetiva integração social [...]” 
(CRESS, 2007).
Os assistentes sociais devem estar atentos para o cumprimento dessa lei e de todas as formas jurídicas 
legais que efetivem os direitos das pessoas com deficiência. É certo que os problemas a enfrentar são 
muitos, em todos os sentidos, mas a questão da acessibilidade é uma luta diária que a pessoa com 
deficiência tem de enfrentar, pois é uma barreira que impede sua locomoção, o acesso a inúmeros locais, 
consequentemente, sua socialização.
Casos há em que, por exemplo, o cadeirante (usuário de cadeira de rodas) enfrenta situações, tais como 
subir em edifício sem rampa ou elevador, ou entrar em um transporte público que não esteja adaptado 
à condução para pessoas com deficiência. Outra grave questão a ser enfrentada pelos portadores de 
deficiência é o ingresso ao mercado de trabalho. Mesmo que a lei n. 10.741 prime por igualdade de 
tratamento, justiça social, respeito à dignidade humana, igualdade no tratamento e oportunidades e 
repúdio à discriminação, nem sempre as pessoas com deficiência têm acesso ou inclusão ao mercado de 
trabalho, principalmente quando se trata de atendimento ou vendas.
Dessa forma, pontuamos aos futuros assistentes sociais a necessidade de um trabalho competente, 
fundamentado nas leis de proteção às classes minoritárias. Os profissionais devem conhecer a fundo as 
leis para criar estratégias que viabilizem o cumprimento dos direitos, elaborando projetos que busquem a 
inclusão das minorias nas relações sociais, combatendo a exclusão e discriminação sofrida pelas crianças 
e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.
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O conhecimento da realidade e conjuntura social, ou seja, desvelar as necessidades reais dos 
usuários são desveladas é imprescindível para a criação das redes de trabalhos especializados. 
Outro elemento que embasa os assistentes sociais para a construção de ações que possam ser 
executadas é o conhecimento das leis ou estatutos pertinentes à legislação defensora dos direitos 
sociais dos segmentos minoritários da sociedade.
Fator também necessário para o cumprimento de políticas públicas que materializem os direitos 
sociais é o compromisso e o grau de comprometimento dos profissionais, fundamental para ações 
competentes e elaboração de programas e projetos que atendam as demandas concretas dos usuários 
do Serviço Social.
 Saiba mais
Indicamos a leitura da Lei n. 7.853, que dispõe sobre o apoio às 
pessoas portadoras de deficiência, sua integração social e sobre a 
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de 
Deficiência, Corde. Para o assistente social, essa leitura é tão importante 
quanto aquelas anteriormente recomendadas, referentes aos direitos 
da criança e do adolescente, e do idoso. Pode ser acessada por meio 
do endereço: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm>. 
Acesso em 16 maio de 2012.
6.5 O Serviço Social e o trabalho de geração de renda
Outro desafio para a profissão é atuar na política de geração de emprego e renda, elaborando e 
desenvolvendo políticas alternativas de capacitação, com vistas a criar mecanismos que gerem renda 
para os usuários do Serviço Social. Carneiro (2007, p. 77) assevera que “o enfrentamento da pobreza 
crônica exige políticas intensas e prolongadas no tempo, envolvendo um conjunto amplo de ações e 
setores”.
É certo que vários fatores contribuem para o crescimento da pobreza, mas a permanência da 
exclusão do mercado de trabalho faz com que o ciclo de manutenção da pobreza perpetue-se em 
diversas famílias. Segundo Castel, Wanderley e Belfiore-Wanderley (2000), o desemprego constitui a 
“nova questão social”, ou seja, sua solução impõe um grande desafio, dado o contingente daqueles 
socialmente excluídos.
As políticas de geração de renda são importantes para novas estratégias que conduzam à 
sustentabilidade das famílias na contemporaneidade. Nos últimos anos, o combate ao desemprego e 
à pobreza ganhou centralidade nas ações de programas e projetos elaborados e desenvolvidos pelas 
políticas dos governos federais, estaduais e municipais.
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Dessa forma, os assistentes sociais têm um compromisso de muita importância no trabalho 
de geração de renda, uma vez que, por meio de cursos e capacitações, podem capacitar os 
usuários, subsidiar, fortalecer e emancipar as famílias, de modo que elas trilhem o caminho de 
ruptura com a dependência financeira em relação às políticas assistencialistas dos estados e 
municípios. 
Contudo, devemos salientar que só isso não garante a emancipação financeira dos menos favorecidos 
socialmente. Os assistentes sociais dedicados às políticas de geração de renda têm de trabalhar um 
conjunto de elementos para que, realmente, essas políticas efetivema melhoria da qualidade de vida da 
população ou comunidade em que atua.
 É preciso ainda uma investigação concreta da realidade econômica destes, saber qual produto 
o mercado consumidor pede, capacitando as famílias para a gestão (cuidado com a aparência do 
produto, valores de mercadoria, possibilidades de financiamento), para a criação de associações e 
cooperativas de forma que criem redes locais de fortalecimento, ampliando as possibilidades de 
inserção produtiva.
Carneiro (2007, p. 93) afirma que “existe no desenho da intervenção uma preocupação central 
com a dimensão de ativos e da criação de capacidade e de fortalecimento de dimensões psicossociais 
mais positivas para o enfrentamento da exclusão”. Indica-nos que os processos de fortalecimento e 
empoderamento dos usuários e famílias devem acompanhar as capacitações, cursos e alternativas 
de geração de renda viabilizadas pelos profissionais. Assim, o combate ao desemprego, à pobreza e 
à exclusão caminhará na construção de novas possibilidades humanas e aumentará as chances de 
respostas de uma vida digna e de direitos efetivados.
6.6 O Serviço Social e o trabalho na área rural
É sabido que a população rural sempre esteve em desvantagem em relação à população urbana, 
quanto à implementação de políticas públicas ou sociais. As conquistas para a população agrária sempre 
vieram após movimentos sociais organizados, reivindicações e conflitos sociais no campo.
A constituição Federal de 1988 promulgou, em seu artigo 94, parágrafo 2º, “uniformidade e 
equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais” igualando os direitos da população 
rural aos mesmos direitos da população urbana, sem distinção. Apesar das mudanças, a luta pelo acesso 
aos direitos sociais, aos bens e serviços, é grande e movimenta categorias de diversos profissionais que 
atuam na área rural, inclusive o segmento dos assistentes sociais.
Os assistentes sociais que atuam nesse contexto devem estar atentos para a essa condição precária 
de acesso às políticas públicas e sociais a que as famílias de agricultores são submetidas. Os incentivos 
financeiros e políticas de infraestrutura são destinados aos grandes produtores ou pecuaristas, que 
recebem o apoio das políticas estatais destinadas ao campo. Conforme constata Iamamoto (2001, p. 
156),
acelerou-se não só a industrialização de produtos, equipamentos e 
insumos para a agricultura, mas a industrialização da agricultura, isto é, 
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o processamento industrial dos produtos dela derivados. O apoio estatal à 
grande agricultura de exportação foi também estimulado, em detrimento da 
pequena produção de alimentos.
Essa política de incentivo aos grandes produtores foi responsável pela grande migração da população 
rural para as áreas urbanas, causando o êxodo rural. Iamamoto (2001, p. 37) informa esse é um “processo 
que ocorreu nos últimos vinte anos; somente nos anos 1970, mais de dezesseis milhões de pessoas 
migraram do campo para os centros urbanos”. Esse fato foi gradativamente acontecendo no Brasil, em 
virtude de ineficazes políticas de apoio, financiamento e incentivo à população de pequenos lavradores 
da área rural.
Aliadas a esses fatores, podemos acrescentar as inovações tecnológicas, a mecanização e, 
consequentemente, as novas formas organizacionais de produção, que alteraram profundamente 
o mercado na área rural, expondo o trabalhador assalariado do campo ao desemprego. Toda essa 
mudança intensificou o processo de pauperização do pequeno produtor rural, que passou a submeter-
se a transformações em seu modo de viver.
Outro fator que podemos apontar como estimulador do processo de expulsão da população 
rural para os grandes centros foi a mercantilização das propriedades rurais. O preço das terras 
subiu, desencadeando um processo de compra de terras para especulação. Assim, muitos 
adquiriram terras como reserva para um mercado de valor, e não para produzir e gerar empregos 
na área rural.
Conforme Iamamoto (2001, p. 106), “essa gradualmente moderniza a grande propriedade que 
assume a face racional de empresa capitalista, convivendo com as vantagens da apropriação de 
renda fundiária”.
Esse processo ocorrido na área rural alterou profundamente as relações sociais vividas pelo 
pequeno produtor, intensificou a violência no campo, desencadeando lutas pela posse das terras, 
conflitos entre grandes proprietários rurais e posseiros ou sem terras, e o trabalho escravo.
Com isso temos o seguinte panorama: a expulsão do homem do campo para as cidades faz crescer o 
contingente de populações nos grandes centros. Esse inchaço traz consequências diretas para o serviços 
sociais públicos, uma vez que há uma crescente demanda por parte da população subalternizada e 
pauperizada. Outro problema apresentado na realidade contemporânea para o Serviço Social é que o 
processo de migração contribui para o aumento do contingente de excluídos do mercado de trabalho 
das áreas urbanas. O mercado de trabalho exige cada vez mais qualificação, e a população rural que 
migra para as cidades não tem acesso a uma formação profissional mais especializada. Segundo nos 
aponta Iamamoto (2001), a massa de trabalhadores desempregados vai acrescendo sob o estigma de 
não corresponderem às necessidades médias do capital.
Sendo assim, os profissionais do Serviço Social que atuam na área rural convivem com a realidade 
de usuários que contam com poucas políticas de incentivo para a permanência no campo, tendo de 
trabalhar políticas alternativas de organização dessa população para geração de renda, como: economia 
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solidária, criação de associações e cooperativas que viabilizem o fortalecimento dos trabalhadores rurais 
e a melhoria na qualidade dos produtos produzidos por eles, e inclusão no mercado consumidor.
Cortizo e Oliveira (2004, p. 88) afirmam que
a contribuição da economia solidária para a politização do espaço mundial 
centra-se nas redes de troca, nos projetos de cooperação internacional e 
no desenvolvimento do comércio justo, em que os produtos da economia 
solidária são valorizados por serem resultado de um trabalho coletivo, sem 
exploração da mão de obra.
 Observação
É possível ainda ao assistente social trabalhar, conforme 
consideramos em seção anterior, o desenvolvimento sustentável, 
instruindo essa população a cuidar do ambiente de onde tiram os 
recursos, a utilizar a natureza para gerar recursos sem agredi-la ou 
depredá-la. Um exemplo real desse processo é a capacitação das 
famílias por meio de oficinas de artesanato com: sementes, capins, 
palhas ou outros elementos da natureza.
O trabalho com as famílias na área rural também deve se estender para a capacitação sobre 
mecanismos de: vendas, finanças e gestão, conforme também já mencionamos.
Outro fator importante é a organização e a politização dos indivíduos, instruindo-os para 
buscar junto ao poder público local de melhorias em sua região que venham ao encontro da 
inserção no mercado de vendas local, como: boa manutenção das estradas de acesso para 
escoar a produção, auxílio dos transportes públicos para o escoamento, criação de feiras 
locais para a inserção das próprias produções locais, implementação de políticas específicas 
de financiamento para produção, melhoria nas áreas da saúde e da educação. Dessa forma, 
o Governo propicia melhoria na qualidade de vida do trabalhador rural e condições de sua 
permanência no campo.
Diante do trabalho do assistente social nessas áreas, podemos concluir que um elemento 
fundamental de sua atuação é o envolvimento e a organização dos indivíduose famílias. Esse processo 
compreende uma trajetória de emancipação e crescimento dos trabalhadores em diversas áreas em 
que atua o Serviço Social; mediante a socialização de informações e capacitações, acaba por construir 
nova lógica para o trabalho, tecendo redes de apoio, novas relações, conscientizando-os do seu poder 
e das transformações e melhorias possíveis em suas realidades sociais. Portanto, é fundamental que a 
mobilização e envolvimento dos usuários, na política em que o aluno atua, sejam levados em conta 
quando da elaboração e execução do projeto de intervenção. Isso é primordial para um projeto de 
execução competente.
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6.6.1 As necessidades do setor rural e o assistente social
Conforme discutimos na seção anterior a questão agrária no Brasil e sua relação com o problema 
social da terra, ou seja, a luta dos trabalhadores em defesa por essa posse vem de muito tempo. Vale 
dizer que se apresenta desde o período colonial, passando por outras fases na história agrária brasileira 
até os dias atuais. 
Então, um fato importante a ser ressaltado em relação à população rural é que esta sempre esteve 
em desvantagem em relação à população urbana no tocante à implementação de políticas públicas ou 
sociais. Isso ocorre em virtude das demandas do setor urbano serem mais tendentes às determinações 
e implementações das políticas públicas e programas elaboradas pelo Governo. Os trabalhadores 
rurais, por sua vez, pelo fato de viverem no meio rural, estão mais propensos às investidas dos grandes 
proprietários de terras ou da inserção do desenvolvimento capitalista no campo. Assim, ficam à mercê 
da própria “sorte”, distante dos investimentos governamentais.
A luta dos trabalhadores rurais, quando ocorreu, sempre se deu pela organização da categoria e, 
ao longo dos séculos e nas últimas décadas, conseguiu muitas conquistas, fruto da mobilização de 
movimentos sociais.
A situação de adversidades pela qual passa a população rural alia-se às demandas existentes, tais 
como a saúde, a educação, a violência no campo, as péssimas condições de trabalho, a ineficácia de 
políticas de apoio, de financiamento e incentivo para a população de pequenos lavradores rurais. Estas 
são algumas para as quais o assistente social pode ser chamado a atuar com competência teórica e 
metodológica tanto no campo quanto na via urbana.
Aqui cabe relacionar a prática profissional do assistente social à prática da sociedade, em específico 
a prática desse profissional e o meio rural. Conforme assinala Iamamoto (2001, p. 59), “a análise da 
‘prática’ do assistente social como trabalho integrado em um processo de trabalho permite mediatizar 
a interconexão entre o Serviço Social e a prática da sociedade”. Essa específica prática da sociedade 
deve ser relacionada à prática do assistente social e à sua inserção no meio rural como agente de 
transformação.
6.7 Habitação, um problema social contemporâneo
A busca por uma moradia sempre fez parte da condição de sobrevivência do homem. Com a criação 
das sociedades e da propriedade privada, a luta pela moradia, na contemporaneidade, acabou por se 
tornar um dos assuntos da questão social.
É certo que, fazendo uma retrospectiva histórica, podemos considerar que a Revolução 
Industrial foi um acontecimento que desencadeou a migração das populações rurais para as 
áreas urbanas, o que gerou um processo de evolução dos problemas sociais vinculados à questão 
habitacional. Dessa forma, foram surgindo reivindicações das populações urbanas subalternas 
que, junto às lutas por melhores condições de trabalho durante esse período, também lutavam 
por melhores condições de vida, saúde e moradia digna. Segundo Gonçalves (s/d), “as cidades, 
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na trajetória histórica, têm sido palco de várias formas de lutas envolvendo questões relativas à 
terra, à habitação e aos bens de consumo coletivo”. Desse modo, a moradia tornou-se uma política 
de intervenção estatal, reconhecida pelos Estados e Municípios como uma demanda a ser sanada, em 
que também atuam os assistentes sociais.
As políticas habitacionais desenvolvidas pelos governos são respostas aos movimentos sociais, para 
mediar os conflitos entre os donos de terrenos que utilizam dos espaços urbanos para a valorização no 
mercado de especulações e os participantes das lutas por movimentos que reivindicam moradias. Essa 
dialética faz parte das conjunturas contemporâneas entre sociedade capitalista, populações subalternas 
e estados.
As lutas implementadas pelos movimentos sociais em favor da moradia foram ganhando espaços a 
partir dos anos 80. O processo de mudança no cenário político, com a abertura democrática da política 
brasileira, possibilitou a organização da sociedade civil. Assim, a moradia, como uma demanda coletiva 
que permeia a classe trabalhadora, acabou ganhando força de forma universal, uma vez que é um bem 
de consumo de interesse coletivo.
Souza (2004, p. 13) afirma que
de forma mais ou menos profunda, as populações se identificam com 
seus espaços de moradia. Essa identidade, por meio de elementos 
comuns aí presentes, produzem condições propícias aos mais diversos 
processos sociais. Entre eles, encontram-se as ações comunitárias, cuja 
força ou significação maior está no que se produz como organização 
social da população. 
Concordando com o pensamento de Souza, podemos pontuar que as necessidades coletivas são as 
que mais têm poder de mobilização da sociedade civil em relação às reivindicações.
A Constituição Federal de 1988 garante, em seu art. 194, que a seguridade social compreende um 
conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Em seu parágrafo único, diz que
compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: VI – diversidade da base 
de financiamento. Dentro dessa perspectiva de garantias de direitos 
assegurada por lei, é que estão as políticas de financiamento que 
subsidiam as políticas habitacionais.
A Lei Orgânica da Assistência Social, Lei n. 8.742/93, na sessão II, das diretrizes, art. 5º, assevera que 
a organização da assistência tem como base a:
II. participação da população, por meio de organizações representativas, na 
formulação das políticas e no controle das ações em cada esfera de governo. 
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Fazendo uma reflexão acerca disso, com relação à atuação do Serviço Social na política de habitação, 
é imprescindível que haja um trabalho de organização das comunidades na perspectiva de busca coletiva 
por movimentos que socializem as informações pertinentes aos direitos sociais e às reivindicações 
organizadas, objetivando respostas por parte dos governos relacionadas à política de habitação.
Esse trabalho é necessário, pois há, na contemporaneidade, em função de políticas neoliberais 
adotadas pelo governo brasileiro, um empobrecimento crescente dos segmentos sociais. Isso impede o 
acesso da população ao poder de compra em um mercado imobiliário cada vez mais inacessível para as 
classes subalternas.
Os problemas em decorrência da falta de moradia trazem um aglomerado de consequências para a 
população, tal como o surgimento de favelas (hoje denominados núcleos residenciais). Nessas construções, 
há barracos de lona de plástico ou de papelão. Essas alternativas precárias de abrigo desencadeiam 
problemasrelacionados à saúde, entre outros. Essa vulnerabilidade na habitação compromete até mesmo 
a própria vida da população, uma vez que o material utilizado, às vezes inflamável, é muito suscetível a 
incêndios, e os terrenos utilizados para as construções são periféricos, situados em morros e encostas, 
onde mais ocorrem deslizamentos. 
Mediante esses problemas enfrentados pelas classes empobrecidas, faz-se necessário uma 
intervenção Estatal para sanar os problemas decorrentes da questão habitacional. No Brasil, o 
primeiro programa voltado para a política de habitação na perspectiva da coletividade surgiu 
em 1964: o Sistema financeiro da Habitação, que criou o Banco Nacional de Habitação, BNH, 
encarregado de promover a construção de casas para famílias de baixa renda. Entre 1995 a 2002, 
o governo federal criou a Secretaria de Política Urbana, vinculada ao Ministério de Planejamento, 
que instituiu vários programas baseados em diretrizes democráticas de participação popular na 
discussão de implementação de políticas habitacionais, como: Pró-moradia, Habitar Brasil, Apoio à 
Produção, Carta de Crédito Individual e Associativo, todos com integração entre gestão municipal 
e população carente.
Essas políticas são respostas ao processo de luta pela moradia e organização popular. Portanto, a 
expressão das comunidades em reivindicações é imprescindível para a resolução dessa questão central 
da implementação de políticas habitacionais que respondam às demandas da coletividade para se 
chegar a uma qualidade de vida digna, com saúde e desenvolvimento global do país.
6.8 A atuação do assistente social na área da saúde
A área da saúde é um dos maiores campos de trabalho que emprega assistentes sociais e que absorve 
os alunos estagiários do Serviço Social. Portanto, conheçamos essa política que foi efetivada como 
direito de todos a partir da Constituição Federal de 1988.
De acordo o texto da Constituição, em seu artigo 196, está declarado que
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros 
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agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação (CRESS, 2007).
A Constituição Federal de 1988 também instituiu o plano de saúde que cobre todos os brasileiros 
sem distinção, o Sistema Único de Saúde, consagrando a dimensão de amplitude atribuída à 
saúde. Dessa forma, cabe ao Estado a responsabilidade pela gestão da saúde pública brasileira 
como um todo.
O Sistema Único de Saúde, SUS, instituído por lei na Constituição Brasileira que descreve, em seus 
artigos 196 e 200, as diretrizes da política de saúde do Governo brasileiro, é considerado um dos planos 
de saúde mais bem elaborados do mundo e prevê uma política de inserção social em dimensão ampliada, 
além de cobertura universal e qualidade de atendimento. 
O sistema de saúde implementado pela política brasileira também é regido por princípios 
organizacionais de hierarquização, regionalização, que apontam para o reconhecimento das 
especificidades dos aspectos da realidade local dos municípios. Prevê ainda a construção de redes 
para efetivar o controle social, considerando que a sociedade civil organizada deve ter como missão a 
fiscalização dos gastos, o exercício da transparência e a coparticipação na gestão da política de saúde 
no país.
Olivar e Vidal (2007, p. 141) afirmam que
A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, 
permite um conhecimento maior da situação da saúde da população da 
área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, 
controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção 
ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade.
O que os autores nos apontam é que o trabalho em rede permite compreender os serviços de saúde 
de forma totalitária, o que favorece as atuações e o conhecimento de todos os aspectos e os problemas 
da área.
Em uma breve retrospectiva do histórico da política de saúde do Brasil, vemos que as primeiras 
políticas de saúde instituídas não tinham a abrangência como princípio no seu atendimento. A política 
de saúde não era prevista por lei, o que favorecia uma prática de atendimento clientelista e paternalista, 
de caráter de privilégios e favores, perpetuando uma cultura de política de tutelamento.
A desigualdade no caráter de atendimentos provocou a organização dos movimentos sociais para 
fazer frente à política de saúde. A partir dos anos 70 e 80, com o aparecimento dos primeiros indícios 
de finalização da ditadura militar, foram possíveis críticas ao modelo de saúde implementado pelo 
Estado brasileiro. A junção de diversas categorias de profissionais, como intelectuais, sociedade civil e 
profissionais da saúde, permitiu o debate acerca de propostas que culminaram na agenda reformista do 
setor de saúde.
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Por meio dessa militância de categorias pela reforma na saúde brasileira, em 1990, o Congresso 
Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, Lei Federal n.º 8080, de 19 de setembro de 1990, que detalha 
o funcionamento do Sistema Único de Saúde.
A saúde, com a aprovação do SUS, passa a ser assegurada mediante uma ação integrada, por meio 
da formulação e execução de políticas econômicas e sociais que objetivem a redução no aparecimento 
de doenças e ainda viabilize o acesso dos usuários de forma universal. Dessa forma, a Lei Orgânica da 
Saúde n. 8080, em seu art. 5º, capítulo III, estabelece “[...] a assistência às pessoas por intermédio de 
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com realização integrada das ações assistenciais 
de atividades preventivas (CRESS, 2007)”.
O trabalho do assistente social na área da saúde é, então, mediado por políticas públicas 
implementadas pelo Estado. Podemos pontuá-lo como uma missão complexa, de particularidades das 
quais apontaremos algumas a seguir.
O assistente atua nesse segmento desenvolvendo ações tanto prolongadas quanto imediatas, 
chamadas de pontuais. No atendimento hospitalar, a ação profissional é exercida com acolhimentos, 
entrevistas, preenchimento de fichas, encaminhamentos, procedimentos relativos a internamentos, à 
viabilização de serviços a pacientes e suas famílias.
Podemos então asseverar que o assistente social, nos serviços de saúde, tem o papel de assegurar a 
integralidade e o cumprimento das ações previstas na Lei Orgânica de Saúde n.º 8.080, que descreve os 
princípios e o funcionamento do Sistema Único de Saúde.
Apesar do trabalho imediato do assistente social na área hospitalar, faz-se fundamental a elaboração 
de ações prolongadas, como cursos voltados para adolescentes, idosos, entre outros usuários da saúde. 
Mesmo diante da ação profissional imediata, esse profissional não pode perder de vista a ponte de 
reflexão teoria/prática.
Olivar e Vidal (2007, p. 150) acrescentam que
Todavia, o que encontramos nas produções teóricas são referências a ser 
exploradas que possibilitam a apreensão da dinâmica da realidade-objeto, 
de ação e que necessitam de criatividades somadas às mediações para 
repercutir na prática.
Diante disso, a atuação do assistente social em espaços de saúde deve articular-se com mecanismos 
que incentivem a participação dos usuários nos serviços e um atendimento que exercite a constante 
pesquisa sobre a realidade. A pesquisa torna mais fácil compreender as transformações na sociedade, os 
entraves e as facilidades apresentadas e, dessa forma, permite buscarem-se alternativas de enfrentamentoe solução das problemáticas desse campo de trabalho, de acordo com as atribuições profissionais do 
assistente social na efetivação dos direitos sociais.
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As pontuações a seguir, acerca das políticas desenvolvidas nas áreas da saúde, assistência 
social e da previdência, somados às características das instituições estaduais e municipais em que 
estagia o aluno, e em que se desenvolvem os programas e projetos, normatizados e financiados pelo 
governo federal, são de suma importância para que os alunos estagiários de Serviço Social possam 
participar ativamente das atividades executadas pelos supervisores de campo, apreendendo os 
problemas socais e a possíveis resoluções que são engendradas de acordo a com a realidade social 
e com os contextos institucionais. 
6.9 O Serviço Social, a assistência social e a previdência social
Os espaços sócio-ocupacionais em que se inserem os assistentes sociais são campos de estágio 
em que normalmente são desenvolvidos políticas, programas e projetos na área social. Dessa forma, 
apresentaremos a você a legislação específica sobre a assistência a previdência social. Conhecer essas 
políticas é muito importante para que entenda como poderão ser efetivados os direitos da população 
usuária dos serviços da instituição e também quais as estratégias podem ser utilizadas para responder 
às demandas apresentadas no campo de estágio.
A Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, sancionada pelo Presidente da República, dispõe sobre a 
política de assistência social, como esta deve ser organizada, implementada e quais princípios regem 
seu cumprimento. Trata-se da Lei Orgânica da Assistência Social, Loas, que prevê a política de assistência 
como dever do Estado e direito do cidadão. Essa assistência disponibiliza a cobertura de assistência para 
todos, de forma não contributiva, garantindo mínimos sociais e políticas intersetoriais de enfrentamento 
e combate à pobreza.
A Loas traz em seu art. 5º, na seção II, diretrizes e princípios de: descentralização na 
administração dos programas e projeto para os estados, municípios, o que leva em consideração 
as demanda locais e a autonomia na implementação das ações; a participação popular, o que 
efetiva a organização dos conselhos e contribui para a transparência da gestão dos recursos, bem 
como para a participação na formulação das políticas que primam pela garantia de respostas às 
demandas do usuário.
Campos (2006, p. 102) ensina-nos que
A grande inovação nessa área é, portanto, sua inscrição como direito do 
cidadão e dever do Estado, sepultando assim, pelo menos do ponto de vista 
legal, a tradição assistencialista que a vincula à benesse, à caridade e ao 
favor.
O autor aponta que a atribuição ao Estado da responsabilidade pela efetivação da política como 
dever e direitos foi um grande passo para a redução das políticas paliativas realizadas por meio da 
caridade. 
O objetivo dos assistentes sociais, profissão guiada por um código de ética e defesa da classe 
que vive do trabalho, é superar a herança de políticas paternalistas, assistencialistas, de benesse e 
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caridade, tendo em vista que a combinação caridade e assistencialismo é uma fórmula ideal para 
perpetuar a subalternidade e a reprodução da miséria.
Para tanto, os profissionais de Serviço Social devem articular estratégias para socializar os direitos 
do usuário, trabalhar a política de assistência combinada com à socialização de informações pertinentes 
aos direitos sociais e definir como fazer esse trabalho com o estagiário. O fortalecimento da população 
possibilita a superação dos procedimentos tradicionais na política e desencadeia o monitoramento e a 
avaliação da execução das políticas sociais.
Atualmente, a política de assistência social executada pelo Governo Federal trabalha a 
transferência de renda, tais como: Benefício de Prestação Continuada, BPC, que garante um 
salário mínimo ao idoso ou deficiente que não tem como prover a si ou sua família; Programa 
Bolsa Família, que teve início em 2003 e representa a junção dos programas Bolsa Escola, Bolsa 
Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio-Gás. Outros programas de transferência de renda são: 
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e Agente Jovem.
Contudo, podemos constatar o caráter fragmentado que há no cumprimento da política de garantia 
aos mínimos direitos sociais expressos na Lei. Por exemplo, os programas para crianças em situação de 
trabalho são diferenciados do programa de renda para idosos ou deficientes. Essa fragmentação dificulta 
o fortalecimento da família como um todo, bem como a ruptura com essa política de atendimento. Se 
as políticas fossem direcionadas para todos os membros da família: jovens, idosos, crianças, chefes 
de famílias e mulheres, as relações familiares seriam mais fortalecidas. Entendemos que resolver os 
problemas parcialmente não sana as demandas, e as famílias acabam por necessitar das políticas sociais, 
o que causa dependência, e não ruptura.
Torres (2007, p. 49) assevera que
nesse sentido, estudos da Cepal já indicavam que, a alta vulnerabilidade 
social não está associada ao atraso tecnológico, à pobreza ou à densa 
concentração de renda, mas à ausência de políticas universais.
Defendendo esse caráter coletivo é que salientamos a ideia de que a maiorias das demandas 
apresentadas são coletivas, permeiam as famílias atendidas pela política social e são passíveis de serem 
sanadas quando se impulsionam ações estáveis de caráter coletivo.
A porta de entrada das demandas nos municípios, respeitando o princípio da territorialização, são os 
Centros de Referência da Assistência Social, Cras, que, segundo afirma Muniz (2006), são o “equipamento 
físico que centraliza meios e recursos humanos e técnicos operando sobre localidade”. Eles têm a função 
de atender demandas, articular rede de serviços socioassistenciais e atender políticas de proteção social 
básica, PSB.
Essa ação tem o intuito de prevenir situações de risco, fortalecer vínculos familiares e comunitários e 
trabalhar por meio do Programa de Apoio Integral à Família, PAIF, que atende as demandas das famílias. 
Isso reforça a necessidade de políticas integrais de caráter coletivo. 
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Nessa perspectiva, as ações dos Cras deveriam romper com a implementação de políticas sociais 
fragmentadas. Esses centros de referências atendem, conforme o Sistema Único de Assistência 
Social, Suas, de 2.500 a 5.000 pessoas, dependendo do porte do município, com programas de 
proteção básica. Ao aluno de estágio é fundamental entender o funcionamento dos Cras por ser 
este um dos locais que mais concedem estágios aos cursos de Serviço Social.
Quanto ao atendimento por meio das políticas de proteção social especial, PSE, como violência sexual 
contra criança e adolescentes, é realizado pelos Centros de Referências Especializados de Assistência 
Social, Creas.
Tratemos agora da previdência social. Instituída por lei na seção III, da Constituição Federal da 
Ordem Social de 1988, e dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998. De acordo com o Art. 201, é 
organizada sob forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os 
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atende nos termos da lei da Constituição 
Federal de 1988.
A constituição, em seu Art. 201, capítulosI, II, III, IV, V: dá cobertura dos eventos de doença, 
invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, proteção ao trabalhador em situação 
de desemprego involuntário, salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados 
de baixa renda, pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes.
O art. 201, em seu §7º, assegura a aposentadoria no regime geral da previdência social: 
podendo o homem aposentar-se após contribuição de trinta e cinco anos e a mulher após 
trinta anos de contribuição. No caso do não contribuinte, sessenta e cinco anos de idade para 
o homem e sessenta anos para a mulher. Os trabalhadores rurais reduzem esse limite para 
ambos os sexos.
Essas pontuações acerca das políticas desenvolvidas nas áreas da saúde, assistência social e 
previdência, somados às características das instituições estaduais e municipais que desenvolvem 
programas e projetos normatizados e financiados pelo Governo Federal, são de suma importância para 
o projeto de execução do estagiário de Serviço Social, de acordo a com realidade social e demandas 
impostas pelos usuários dessas políticas.
6.10 Os assistentes sociais e o Terceiro Setor
As organizações do terceiro setor ocupam o lugar privilegiado de mediadoras entre o Estado e a 
sociedade civil na universalização valores éticos, essência mesma dos propósitos do Serviço Social. 
Segundo Siqueira e Spers (2003), as ONGs “têm a finalidade de instrumentalização da luta política da 
população e de socialização de conhecimentos”.
 As mudanças na conjuntura brasileira não ocorreram em relação à abertura democrática, tampouco 
o firmamento das organizações não governamentais; tais mudanças ocorridas aconteceram após o 
movimento de reconceituação, inclusive na profissão do Serviço Social, foram amparadas pela influência 
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de uma sociedade democrática. Após essas mudanças foi sancionada uma nova Lei de Regulamentação 
da Profissão em 1993, que dispõe sobre as atribuições do assistente social.
De acordo essa lei, o profissional está apto para: implementar e gerir ações, projetos, 
programas e políticas, capacitar e organizar grupos, além de prestar atendimento individual e 
coletivo à população usuária do Serviço Social. Essas atribuições, em grande perspectiva, foram 
também responsáveis pela implementação no país de novos cursos de Serviço Social. De acordo 
Santos (2007), “até julho de 2006 havia no Brasil 227 Cursos de Serviço Social, a maioria em 
funcionamento a partir da década de 1990”.
Junto a esse crescimento e amadurecimento da profissão, estão as mudanças ocorridas 
na economia brasileira, que volta suas ações para uma política neoliberal. Nesse momento, as 
intervenções estatais têm um caráter de redução das políticas públicas e cortes nas políticas 
sociais. Com isso, o Terceiro Setor passa a ser, por excelência, um campo contemporâneo de 
atuação e inserção de profissionais assistentes sociais, tendo caráter propositivo de valorização 
da ética e da busca por equacionar problemas sociais coletivos, objetivos que condizem com os 
propósitos da profissão.
Apesar desse setor ser um novo campo de trabalho, é importante compreender o papel do Estado em 
nossa sociedade, que, embora reduzido, não pode jamais ser substituído por organizações de quaisquer 
espécies. As ações desenvolvidas pelo Terceiro Setor devem ser de complementação e ampliação das 
políticas sociais, conjugando com o Estado o cumprimento dos direitos sociais regulamentados por lei, 
na intenção de nunca compactuar pelo retrocesso nas conquistas sociais brasileira.
O assistente social, atuando no Terceiro Setor, tem uma maior aproximação com as comunidades e a 
oportunidade de trabalhar a organização e fortalecimento da população, a oportunidade de cumprir um 
projeto ético-político que tem como premissa a defesa de uma sociedade justa, igualitária e democrática, 
que pressupõe uma prática de apreensão das mudanças na sociedade e o compromisso histórico na luta 
e consolidação dos direitos sociais.
Mediante tais posicionamentos, a profissão não pode alimentar a atuação do Terceiro Setor como 
negação do papel do Estado, atribuindo à sociedade civil a resolução dos problemas sociais. Também 
não deve incentivar a refilantropização, mas sim a emancipação, a efetiva cidadania. Os profissionais do 
Serviço Social devem, sim, analisar e discutir o papel e a atuação das ONGs. Para tanto, não podem deixar 
de compreender as relações sociais e econômicas que o Estado neoliberal desempenha na sociedade 
brasileira, para não incentivar essas organizações não governamentais a fazerem o papel de supridoras 
das obrigações do Estado estabelecidas por lei.
Santos (2007, p. 133) afirma que devemos compreender as ONGs
[...] como legítimas representantes da sociedade na defesa dos cidadãos 
e possível parceiro (sim, parceiro!) do Estado na consecução de direitos 
historicamente conquistados, inclusive, pela participação política dessas 
entidades.
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O Serviço Social tem então o desafio de tornar esse espaço de trabalho em lugar de ações 
que privilegiem o acesso aos direitos sociais conquistados e o cumprimento dos princípios de 
equidade e justiça social consoantes à construção de um modelo democrático e fortalecido de 
sociedade brasileira. Deve atuar nessas instituições de modo a considerar a organização das 
comunidades, defendendo uma politização dos usuários e rompendo com posturas inocentes e 
alienadas. 
Dessa forma, o acadêmico de Serviço Social, quando inserido nesse campo de estágio, deve estar 
atento para analisar e detectar o funcionamento e posicionamento dessas instituições quanto à 
cobrança no cumprimento dos direito sociais estabelecidos por lei. O estagiário evitar ações que venham 
a privilegiar a filantropia, a caridade, em detrimento de ações que fortaleçam os usuários e que atribuam 
ao Estado na efetivação da legislação de direitos sociais.
O posicionamento do assistente social nas instituições não governamentais abre caminho para a 
elaboração de um projeto de intervenção que não privilegie apenas ações caridosas, mas a organização 
popular e a socialização acerca da real conjuntura social e econômica do país, objetivando o fortalecimento 
da população usuária do Serviço Social.
É notadamente importante que você tenha apreendido o que abordamos sobre as legislações aqui 
apresentadas e como o Serviço Social pode utilizá-las na implementação dos direitos da classe usuária 
de seus serviços. É fundamental que as conheça, tanto para se envolver, discutir e opinar nas atividades 
realizadas no estágio, quanto em sua atuação futura como assistente social, não perdendo de vista as 
diferentes formas em que se desenvolvem as políticas pontuadas em cada uma das áreas do Serviço 
Social.
6.11 O trabalho do assistente social nas empresas
A atuação dos assistentes sociais nas empresas ampliou-se a partir da década de 1960, em função da 
política de desenvolvimentismo adotada pelo governo brasileiro, por meio da implantação de grandes 
indústrias no país. Esse trabalho revelou-se contraditório para o Serviço Social por vincular-se à classe 
burguesa e, segundo Freire (2003), implementar projetos assistencialistas, normativos e comportamentais 
vinculados ao patronato, ao passo que a profissão, historicamente, tem uma trajetória de mudanças 
ideológicas na categoria, com vistas à ruptura de ações assistencialistas, à defesa da classe trabalhadora 
e à luta por conquistas e efetivação de direitos sociais.

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