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Escatologia Doutrina das Últimas Coisas

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Escatologia 
A Doutrina das Últimas Coisas 
 
 
9 Morte Física 
9 Imortalidade da Alma 
9 Estado Intermediário da Alma 
9 O Retorno de Cristo 
9 O Arrebatamento da Igreja 
9 A Ressurreição Geral dos Mortos 
9 O Juízo Final 
9 Novo Céu e Nova Terra 
9 O Estado Final dos Ímpios e dos Justos 
 
 
9 Apêndice sobre o Milênio 
9 Bibliografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila preparada por Kleber Cavalcante. 
 2
ÍNDICE 
 
 
 
 
Introdução ............................................................................................................................................3 
1. Morte física ......................................................................................................................................3 
2. Imortalidade da alma........................................................................................................................5 
3. Estado intermediário da alma...........................................................................................................7 
4. O retorno de Cristo...........................................................................................................................8 
5. O arrebatamento da Igreja..............................................................................................................11 
6. A ressurreição geral dos mortos.....................................................................................................12 
7. O juízo final ...................................................................................................................................14 
8. Novo céu e nova terra ....................................................................................................................17 
9. O estado final dos ímpios e dos justos ...........................................................................................18 
Apêndice sobre o Milênio ..................................................................................................................20 
BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................................................24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
Introdução 
 
A necessidade de um estudo chamado escatologia surgiu a partir de passagens 
da Escritura que falam sobre “os últimos dias” (Is 2.2, Mq 4.1), o “fim dos tempos” (1 Pd 
1.20) e “a última hora” (1 Jo 2.18). 
O termo “escatologia” se deriva da junção de dois vocábulos gregos: εσχατος 
(escatos: último, últimas coisas, fim) mais λογος (lógos, no grego; no latim, logia: palavra, 
estudo), resultando no “estudo das últimas coisas”, ou, como é conhecida, “a doutrina das 
últimas coisas”. 
Quando se estuda a escatologia, aprende-se sobre os fatos e eventos que estão 
relacionados ao fim de nossas vidas e ao nosso destino eterno. Estuda-se também a 
segunda vinda de Cristo e os eventos que marcarão o fim da presente era, culminando 
nas glórias eternas do futuro. 
Para os escritores bíblicos, os “últimos dias” tiveram início com a vinda de Cristo. 
Nós JÁ vivemos nos últimos dias, ainda que há coisas que só ocorrerão NO FIM destes 
últimos dias (At 2.16, 17; Hb 1.1, 2 e, novamente, 1 Jo 2.18). Já vivemos nos últimos dias 
profetizados pelos profetas do VT porque Cristo já inaugurou o Reino de Deus neste 
mundo e já consumou sua vitória na cruz do Calvário (Lc 11.20; Cl 2.13-15). Portanto, já 
desfrutamos das bênçãos vindouras, ainda que não de forma plena – por exemplo, 
estamos espiritualmente sentados nas regiões celestiais em Cristo, mas não fisicamente 
(Ef 2.6). A plenitude e a consumação de todas as coisas só ocorrerá quando da segunda 
vinda de Cristo. 
 
Divisão da Escatologia 
 
Divide-se em dois ramos de estudo: 
ª Escatologia Pessoal ou Individual 
Trata das coisas referentes à condição do indivíduo quando sua vida chega ao fim. 
São abordados: a morte física, a imortalidade da alma humana e o estado intermediário 
ou o lugar para onde a alma vai. 
Note que a Escatologia Individual aborda coisas que acontecem com o indivíduo 
entre sua morte física e sua ressurreição. É chamada “individual” porque isso não 
acontece com todos ao mesmo tempo. Afinal, uma pessoa morre hoje, outra morre 
amanhã etc. 
ª Escatologia Geral 
 Trata daquilo que envolve a humanidade como um grande grupo: retorno de Cristo 
(que todos verão), ressurreição geral (pela qual todos passarão, conforme expressa a 
palavra “geral”), arrebatamento da Igreja (não de um indivíduo crente, mas de todo o 
grupo de crentes), juízo final (para crentes e não-crentes) e o estado final dos justos e dos 
ímpios após o juízo. 
 
 
Escatologia pessoal ou individual 
 
1. Morte física 
 
 Descrita como a morte do corpo (Mt 10.28; Lc 12.4), o término da vida terrena 
(Mt 2.20; veja, por esse texto, que aqueles que sofrem a morte física deixam de viver 
 4
nesta terra. Por isso Jesus estava seguro.), e/ou separação entre o corpo e o espírito 
(Ec 12.7 cf. Gn 2.7; Tg 2.26a; At 7.59). Devo dizer, já no início deste estudo, que espírito 
e alma são normalmente usados na Bíblia como termos sinônimos. Isso ocorre porque 
tanto o espírito quanto a alma compõem a parte imaterial do homem, aquela parte 
invisível, espiritual, que não conseguimos ver (Ec 12.7 cf. Mt 10.28). Não dá para fazer 
uma distinção clara entre alma e espírito. Isso é impossível aos homens. Há apenas dois 
textos na Bíblia que parecem fazer isso, mas mesmo esses textos não esclarecem o 
assunto. Por exemplo, 1 Ts 5.23 menciona as duas palavras separadamente, mas isso 
não prova que são substâncias diferentes. O que temos aí é uma figura de linguagem 
chamada epizêuxe, um recurso utilizado para dar ênfase por meio da repetição de termos 
sinônimos. Costumamos usar bastante a epizêuxe quando queremos espantar um 
cachorro, dizendo: “chispa! Passa! Se manda!!!” Note que essas três palavras, embora 
diferentes, têm o mesmo significado. Jesus também usou a epizêuxe quando disse que 
devemos amar a Deus “de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, de todo o nosso 
entendimento e de toda a nossa força” (Mc 12.30). É óbvio que Cristo não quis dividir o 
homem em quatro partes, mas apenas enfatizar que devemos amar a Deus com todo o 
nosso ser. Igualmente, o texto de 1 Ts 5.23 está afirmando que tanto a nossa parte física 
quanto a nossa parte espiritual (alma e espírito) devem permanecer irrepreensíveis até a 
volta de Cristo. O outro texto que parece fazer uma distinção entre o espírito e a alma do 
homem é Hb 4.12, mas esse texto pode ser entendido justamente como querendo dizer 
que a Bíblia é tão perscrutadora, tem uma capacidade tão poderosa de discernimento e 
sondagem que é capaz de fazer uma distinção que não podemos, qual seja, dividir alma e 
espírito. Ou seja, continuamos na mesma. 
 Vejamos mais algumas expressões bíblicas referentes à morte física: retorno ao 
pó (Gn 3.19c) deixar o tabernáculo (2 Pd 1.13, 14 cf. 1 Co 6.19); expirar (At 5.5, 6 e 
10); um sono ou um estar adormecido, dormindo (Jo 11.11-14; 1 Co 15.6; 1 Ts 4.13). 
Quanto a essa última expressão, devemos lembrar que quem “dorme” é o corpo do 
homem, não o seu espírito (Mt 27.52). Na morte física, o espírito se separa do corpo. 
Logo, dizer que a pessoa “está dormindo” nada mais é do que um eufemismo para referir-
se à morte física. Eufemismo é uma linguagem figurada muito utilizada quando se quer 
“suavizar” alguma expressão. O uso dessa linguagem é fácil de entender no que se refere 
à morte física, pois o corpo de um morto parece estar realmente dormindo. 
 A morte física fez parte do juízo condenatório de Deus (Gn 2.16, 17; 3.19c e 5.5). 
Observe que a morte foi um dos castigos pronunciados por Deus contra o homem.) 
 
Logo: 
De acordo com a Escritura, a morte física é o término da vida física pela separaçãoentre o corpo e a alma (ou espírito). 
 
Algumas considerações importantes sobre a morte: 
 
1º A morte é conseqüência do pecado (Gn 2.15-17; 3.6; Rm 5.12; 6.23a), sendo que a 
morte espiritual foi a que o homem recebeu em primeiro lugar - observe que Adão não 
morreu fisicamente assim que comeu o fruto (Gn 3.6, 7), mas apenas espiritualmente. 
2º Deus, por sua graça em Jesus Cristo, limitou a ação da morte, sendo que a mesma 
não é completa no crente, mas ocorre em etapas e está sempre associada à idéia de 
separação. Existe a etapa da morte física - refere-se à separação entre a matéria 
(corpo) e o espírito (alma). Neste caso, todos os homens podem ser afetados, tanto 
crentes quanto não-crentes. Caso o indivíduo esteja vivo quando da segunda vinda de 
Cristo, ele não passará pela morte física (1 Co 15.51, 52. Leia esse texto na Bíblia na 
 5
Linguagem de Hoje - BLH1). De fato, nem os ímpios poderão morrer fisicamente quando 
Cristo estiver voltando (Ap 6.15-17). O segundo tipo de morte que existe é a morte 
espiritual - refere-se à separação do espírito humano do espírito divino de Deus, 
sem que o indivíduo tenha passado pela morte física. Há pessoas que estão vivas 
fisicamente, mas mortas espiritualmente, pois não têm comunhão com o espírito do 
Senhor (Ef 2.1; Cl 2.13. Nesse texto de Colossenses, é feito um contraste entre a morte 
espiritual e a vida espiritual que recebemos em Cristo). Por fim, há também a morte 
eterna, na qual, semelhantemente à morte espiritual, o espírito humano está 
separado do espírito divino; entretanto, essa morte eterna ocorre somente após a 
morte física. O crente em Jesus Cristo “escapa” das mortes espiritual e eterna (Ef 2.1 
novamente, Jo 3.36a, Jo 11.25, 26), mas só escapará da morte física quando tiver um 
corpo imortal (1 Co 15.54. Ver ainda o verso 26, que se refere obviamente à morte física). 
 
2. Imortalidade da alma 
 
 Os cristãos não são imortais, pois seus corpos físicos estão sujeitos à morte (no 
sentido de que podem ser extintos). A alma, entretanto, é imortal (inextingüível) Os corpos 
humanos somente desfrutarão da imortalidade quando sofrerem uma transformação que 
os tornará invulneráveis à morte (1 Co 15.52, 53). 
 
Logo: 
A morte física não coloca um ponto final em nossa existência, visto que há a 
imortalidade da alma. 
 
Dois argumentos extrabíblicos a favor da imortalidade da alma: 
 
Argumento histórico: Em geral, pode-se dizer que a crença na imortalidade da alma se 
acha em todas as raças e nações, não importa seu estágio de civilização. Tal coisa pode 
ser considerada como um instinto natural ou como algo envolvido na própria constituição 
da natureza humana (veja Ec 3.11: “...Deus...pôs a eternidade no coração do homem...”2). 
Há algo em nós dizendo que as coisas não terminam por aqui. Foi Deus quem colocou 
essa convicção em nossos corações. Os ateus são indivíduos que negam esse 
sentimento, negam essa intuição. 
Argumento lógico ou filosófico (onde a razão pura e simples é utilizada como meio 
de avaliação): Na morte a matéria se dissolve, visto que é tangível. Mas a alma, como 
entidade espiritual, é incapaz de dissolução; por que, então, ela teria o mesmo fim que a 
carne? Portanto, a destruição do corpo não leva à destruição da alma. Este argumento é 
muito antigo, e já foi utilizado por Platão. 
 
O mais importante dos argumentos, para nós, é o bíblico. E, de acordo com a Bíblia, a 
alma continua existindo após a morte física. 
 
A idéia de existência da alma (ou imortalidade da alma) no Velho 
Testamento 
 
 
1 A Bíblia Vida Nova diz, sobre este trecho, que o judeu relaciona a figura da trombeta com festividades, triunfos e 
eventos escatológicos, acrescentando que a designação “última” trata do fim da história, simultaneamente à segunda 
vinda de Cristo (compare com Mt 24.30, 31 e com 1 Ts 4.15-17).” 
2 A Bíblia Anotada comenta o trecho: “Deus deu ao homem uma perspectiva eterna para que este possa enxergar além 
da rotina da vida.” 
 6
Dissemos acima que, de acordo com a Bíblia, a alma continua existindo após a 
morte física. Isso é verdade, tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Um exemplo no 
Velho Testamento de que a alma humana continua existindo após a morte física pode ser 
percebido no uso da expressão: “foram reunidos (ou congregados) ao seu povo”. 
 A expressão referida acima está relacionada com a morte de Abraão (Gn 25.8, 9), 
Isaque (Gn 35.29) e Jacó (Gn 49.33 e 50.7, 13). Nesses trechos, os patriarcas foram 
reunidos ao seu povo depois de morrerem e antes de terem sido sepultados. 
Cremos, com base nessa expressão, que os espíritos desses homens não foram 
aniquilados, extintos, e sim levados ao encontro daqueles que morreram antes deles3. 
Veja também outros casos semelhantes em Gn 25.17; Dt 32.48-50 e Jz 2.8-10. 
 A BLH traduz o texto de Gn 25.8 da seguinte maneira: “Ele morreu bem velho e foi 
reunir-se com os seus antepassados no mundo dos mortos.” 
 A Bíblia Anotada (BA) faz o seguinte comentário a respeito da expressão “foi 
reunido (ou congregado) ao seu povo”: “Este versículo é uma indicação de que os mortos 
eram considerados pessoas ainda existentes. É um testemunho antigo da crença na vida 
após a morte.” Sobre o mesmo trecho, a Bíblia de Estudo Pentecostal (BEP) assevera: 
“Esta expressão do AT significa mais do que o sepultamento natural; refere-se ao 
encontro do falecido com seus familiares, na outra vida, após a morte.” O texto de Ec 
12.7, por exemplo, não menciona a aniquilação do espírito humano após a morte física. 
Diz apenas que ele retornará a Deus. 
 Outros textos do Velho Testamento também confirmam o ensino de que a alma 
continua existindo após a morte física. O único problema é que o povo do Velho 
Testamento não sabia se a alma ficava consciente ou inconsciente depois que ela saía do 
corpo. Em outras palavras, Deus permitiu que o assunto da consciência ou inconsciência 
da alma ficasse em aberto para os escritores do Velho Testamento, aceitando a 
convicção pessoal de cada escritor. Por isso alguns escritores são favoráveis à idéia de 
consciência pós-morte, enquanto outros são desfavoráveis (Jó 24.12 é favorável; Sl 6.5 e 
13.3 são desfavoráveis; Pv 23.14 é favorável e Ec 9.5, 6 e 10 é um trecho desfavorável). 
Esse tipo de coisa não anula a inspiração da Bíblia, pois a revelação de Deus é 
progressiva. Algumas verdades foram reveladas em semente no Velho Testamento, e só 
no Novo Testamento encontramos sua plena expressão, como por exemplo o ministério 
de Cristo (Gn 3.15; 9.27; 49.10 e Jó 19.25), a Igreja (Rm 11.25; Ef 3.3-6), a nova 
dimensão da guarda do sábado (Jo 20.19, 26 cf. Lc 24.7; At 20.7; 1 Co 16.1, 2) e a 
situação pós-morte, que é o objeto do nosso estudo. 
 Deve-se considerar a revelação progressiva no processo de interpretação. Alguém 
pode ler Ecl 9:5 e concluir uma doutrina errônea, afirmando que “os mortos não sabem 
cousa nenhuma”. Os adventistas, por exemplo, fazem isso, ensinando que depois da 
morte a pessoa fica inconsciente, no túmulo, aguardando o dia da ressurreição. Essa é 
uma interpretação que desconsidera claramente a revelação progressiva. O texto de 
Eclesiastes não pode ser interpretado sem considerarmos as passagens do Novo 
Testamento que falam sobre o estado intermediário, quando estaremos com Cristo no céu 
aguardando a ressurreição. A situação pós-morte é um exemplo de progressão da 
revelação, pois esse assunto só é melhor esclarecido no Novo Testamento. 
 
 
 
3 Alguns questionam se esse “reunir-se ao seu povo” não se refere, simplesmente, ao fato de enterrar o cadáver no 
mesmo lugar onde foram enterrados os outros parentes da família (veja que tanto Abraão quanto Jacó foram enterrados 
na caverna de Macpela - Gn 25.9 e 50.13). Mas note que é a expressão “sepultado” que se refere ao lugar do corpo,o 
qual realmente era enterrado junto ao de um parente. Já a expressão “reunir-se ao seu povo” refere-se indubitavelmente 
ao destino da alma. 
 7
3. Estado intermediário da alma 
 
Como as almas estão 
 O Novo Testamento não apenas ensina que a alma continua existindo após a 
morte física, como faz o Velho Testamento, mas também revela que essa alma 
permanece consciente. Veja só: 
 1. O caso de Moisés. 
 Sabemos que Moisés morreu fisicamente (Dt 34.4-6), mas o Novo Testamento foi 
além dessa informação, mostrando-nos que a alma de Moisés permanece consciente (Mc 
9.2-4). 
 2. As almas mencionadas no livro de Apocalipse. 
 Em Ap 6.9-11 temos o registro de que as almas dos crentes estão conscientes. 
Nesse trecho elas clamam pela justiça divina, demonstrando uma atitude que era muito 
comum entre os salmistas de Israel (Sl 28.4; 40.14, 15). 
 3. As palavras de Jesus ao ladrão da cruz. 
 Em Lc 23.43 Jesus garante ao ladrão da cruz que os dois estariam juntos, naquele 
mesmo dia, em um lugar chamado “paraíso”. Não parece haver sentido a idéia de que 
ambos estariam inconscientes. Pelo contrário. Parece mais lógico que Jesus e o ladrão 
iriam se encontrar em estado consciente, o mesmo estado em que se encontra o espírito 
de Moisés. 
 4. As palavras de Jesus com respeito aos patriarcas. 
 Conforme Jesus afirma em Mt 22.31 e 32, os patriarcas estão bem vivos diante de 
Deus. Somente seus corpos é que estão em estado de morte. 
 5. Os dois testemunhos de Paulo. 
 Por duas vezes o apóstolo Paulo comenta sobre o destino de sua alma e, nesses 
dois comentários, ele sugere claramente a consciência pós-morte. O primeiro testemunho 
está em 2 Co 5.6-8. Note que, segundo o apóstolo, enquanto estivermos vivos 
fisicamente estamos vivendo pela fé, e não pelo que vemos (v. 7). Em outras palavras, 
cremos em Jesus, mas não conseguimos visualizá-lo. Quando, porém, deixarmos este 
corpo, habitaremos com o Senhor e poderemos vê-Lo pessoalmente (v. 8). Precisa dizer 
mais alguma coisa? 
 O outro testemunho de Paulo está em Fp 1.21-23. Nesse texto o apóstolo também 
afirma que após a sua morte física ele iria ao encontro de Cristo. 
 6. As descrições que Jesus nos fornece sobre o inferno. 
 Jesus descreve o inferno como um lugar de sofrimento, e sabemos que uma alma 
inconsciente não pode sofrer, gritar, chorar ou fazer qualquer outra coisa que expresse 
sua dor (Mt 8.11, 12; 13.42; 25.30; Mc 9.43; se a alma fica inconsciente, para que se 
preocupar com esse “fogo” do inferno? Jd 7). É claro que essas descrições do inferno são 
figuradas, não literais, pois é impossível que haja, literalmente, fogo e trevas no mesmo 
lugar (Mt 25.30 cf. Mc 9.43). Essas figuras nos ensinam que há sofrimento e angústia 
para as almas que se encontram no inferno. 
 7. A parábola do rico e o mendigo, em Lucas 16.19-31. 
 Nessa parábola Jesus pressupõe a consciência pós-morte dos personagens (23, 
24). Porém, não podemos formar uma doutrina em cima de parábolas, pelo seu caráter 
altamente fictício. Alguns argumentam que a parábola, por ser uma estória inventada, não 
merece crédito. Cabe dizer, porém, que essa é a única parábola de Jesus que cita um 
personagem com nome próprio: Lázaro (v. 20). 
 Quanto à figura de Lázaro “no seio de Abraão”, devemos saber que tal figura 
procura retratar a idéia de comunhão e filiação. Na passagem de Jo 13.23-25, vemos que 
jazer no seio era o lugar dos convidados mais favorecidos. Na qualidade de hóspede 
 8
favorecido no céu, Lázaro descansava no seio de Abraão, o pai da fé e um dos 
personagens mais importantes para o povo judeu (4.13, 16-18). 
 8. A igreja do céu. 
 Em Hb 12.22, 23 está escrito que o crente tem acesso, entre outras coisas, “à 
universal assembléia e igreja dos primogênitos arrolados nos céus... aos espíritos dos 
justos aperfeiçoados”. Obviamente, teremos acesso a essa igreja após passarmos pela 
morte física. Paulo também diz, em Ef 3.14 e 15, que a família de Deus (a Igreja) existe 
tanto no céu como sobre a terra. 
Conclusão 
Enfatizamos novamente que a idéia bíblica de morte não tem nada a ver com 
extinção, pois o homem pode estar espiritualmente morto antes de passar pela morte 
física e, mesmo assim, continua consciente (1 Tm 5.5, 6; Cl 2.13; Ap 3.1). Como eu disse 
no tópico da morte física, o conceito de morte, na Bíblia, sempre está associado à idéia de 
“separação”, não de inconsciência. 
Além disso, para nós, que acreditamos no inferno, dificilmente se pode dizer que a 
aniquilação é uma punição, visto que qualquer punição implica necessariamente em 
consciência de sofrimento, ao passo que, quando termina a existência, cessa também a 
consciência (Extraído do Livro Teologia Sistemática, de Louis Berkhof, pg. 698). 
 
Onde as almas estão 
 Onde estão os justos e os ímpios entre a morte e a ressurreição? Já vimos que 
suas almas estão conscientes. Mas onde? 
 Jesus afirmou ao ladrão da cruz, em Lc 23.43, que ambos iriam para um lugar 
chamado “paraíso”. À luz de 2 Co 12.2-4, esse “paraíso” fica no terceiro céu, o lugar onde 
Deus habita. De fato, a Bíblia indica que há três tipos de céu. (1) O primeiro céu é a 
atmosfera que circunda a Terra (Os 2.18); (2) O segundo céu é o das estrelas (Gn 1.14-
18; Hb 11.12); (3) O terceiro céu, também chamado paraíso, é a habitação de Deus e o 
lar de todos os salvos que já morreram. Sua localização exata não está revelada. É ao 
terceiro céu que vemos mencionado em textos como Mc 16.19; Lc 15.7; Jo 3.27 e Ap 
11.15. 
 Quanto aos ímpios, a Escritura ensina que, caso não se convertam, já estão 
condenados, sendo destinados ao inferno (Jo 3.18 e 36; Jd 7). Essa realidade é ilustrada, 
como vimos, na parábola do rico e o mendigo (Lc 16.22-24). 
 As almas dos justos e dos ímpios ficarão respectivamente no céu e no inferno, 
aguardando a ressurreição geral dos corpos e o juízo final, coisas que ocorrerão por 
ocasião da segunda vinda de Cristo. É sobre essa segunda vinda que falaremos a seguir. 
 
Escatologia Geral 
 
4. O retorno de Cristo 
 
 Jesus se referiu ao seu retorno mais de uma vez (Mt 24.30, 31; 25.31; Jo 14.3). 
Anjos apontaram para esse regresso (At 1.10, 11), e os apóstolos falam disso em 
diversas passagens (At 3.19, 20; Fp 3.20; 1 Ts 4.15, 16; Hb 9.28). 
 A expressão “segunda vinda” não ocorre no NT. O termo mais conhecido para 
denotar esse grande evento é a palavra grega παρουσια (parusía, que significa, 
literalmente, “presença”). Essa palavra foi traduzida como “vinda”, e aparece nos 
seguintes trechos bíblicos: Mt 24.3, 27, 37; 1 Ts 2.19; 3.13; Tg 5.7, 8 e 1 Jo 2.28. 
Segundo Berkhof, famoso teólogo reformado, esse termo aponta para “a vinda que resulta 
na presença”. 
 9
 
Eventos grandiosos que ocorrerão antes da vinda do Senhor 
 
ª O chamamento dos gentios ou a pregação do Evangelho a todas as nações (Mt 
24.14) 
 As nações deverão ser evangelizadas antes da vinda de Cristo. No final dos 
tempos deverá ser possível dizer que a todas as nações foi dado conhecer o Evangelho. 
Sabemos, porém, que a mensagem de salvação tem tido muita dificuldade de penetrar na 
famosa janela 10/40, que abrange diversos países muçulmanos. 
ª Conversão de todos os eleitos de Deus, sejam judeus ou gentios 
 Haverá a conversão daqueles judeus que foram eleitos segundo a graça de Deus. 
Trata-se de um remanescente, não de todo o Israel (Rm 11.1-5 cf. 9.27). Hoje, por 
exemplo, sabemos que alguns judeus se convertem ao Evangelho (2 Co 3.15, 16) 
Evidentemente, os judeus que tiverem de aceitar a Cristo tomarão tal atitude antes de Sua 
volta e, com isso, estarão anunciando que essa volta está para acontecer. O mesmo 
ocorrerá entre os gentios. O fato é que todos os que forem eleitos terão de vir a Cristo 
antes de Ele retornar a este mundo, pois no Seu retorno não haverá uma segunda chance 
para ninguém (Jo 6.37 cf. Mt 25.10-13; 2 Ts 1.7, 8). 
ª Grande tribulação (Mt 24.21, 29 e 30)Veja que, pelo texto de Mateus, Jesus voltará “logo em seguida à tribulação 
daqueles dias” (vs. 29 e 30). Não sabemos qual o tempo exato entre o final da tribulação 
e a segunda vinda. De qualquer forma, o importante é que reconheçamos que Ele só 
voltará após a grande tribulação. 
Além disso, cremos que os crentes passarão por esse período de sofrimento e 
perseguição porque, geralmente, o termo “tribulação” refere-se àquilo que a Igreja sofre 
com o intuito de ser aperfeiçoada. Pode vir do próprio Deus ou do inimigo e ser utilizado 
por Ele para ensinar algo e/ou trazer benefícios à Sua Igreja. O Senhor nos livra de Sua 
ira eterna, mas não faz o mesmo em relação às tribulações ou à Grande Tribulação. Veja, 
por exemplo, At 14.21, 22; Rm 5.3; 12.12; 2 Co 4.17; 7.4; 8.1, 2; 1 Ts 1.6; 1 Pd 2.19-21; 
3.13, 14 e 17; Ap 2.9, 10; 7.9, 13 e 14. Como deixará Deus de abençoar a Igreja por 
intermédio da tribulação, se ela é um instrumento benéfico em seu favor? Sabemos que a 
tribulação tem a capacidade de aproximar o homem de Deus, devido ao estado de 
necessidade e quebrantamento em que ela o coloca (infelizmente, muito só buscam a 
Deus quando sentem necessidade de algo ou estão sofrendo alguma aflição). 
Logicamente, Deus não nos deixará abandonados no período da tribulação (Mt 
24.21, 22). E ainda que estejamos neste mundo naquele momento em que o mal estiver 
imperando, Cristo nos guardará e livrará a fim de que não sejamos tomados de Suas 
mãos (veja Jo 17.15 (comparando-o com Ap 3.10)4, e Rm 8.35, 39. 
ª Grande Apostasia (abandono da fé - 2 Ts 2.1-3 e 1 Tm 4.1) 
A idéia que se tem, com respeito à grande apostasia, é que muitos dos que têm fé 
virão a abandoná-la. Muitos negarão a fé por pelo menos três razões: 
¾ Muitos crêem em Cristo de acordo com as circunstâncias, não possuindo uma fé 
verdadeiramente autêntica (Mt 13.20, 21). Quando estiverem diante da grande tribulação, 
não resistirão (Mt 24.22); 
¾ Há também aqueles que possuem uma fé meramente intelectual, ou seja, 
pessoas que sabem quem é e o que Jesus fez, mas tais verdades não foram absorvidas 
espiritualmente, apenas intelectualmente, à semelhança do que ocorre com os demônios 
(Tg 2.19); 
 
4 O verbo “guardar”, ou “livrar”, é o mesmo nos dois textos. Basta comparar o texto grego de Jo 17.15: 
τηρησης αυτους εκ του πονηρου (os guardes do mal) com o de Ap 3.10: σε τηρησω εκ της ωρας (te guardarei da 
hora) Trata-se do mesmo verbo: τηρεω, que significa “guardar, preservar, manter”. Deus não impede que a aflição e/ou 
tribulação venham em nossa vida, mas Ele está conosco em meio ao perigo. 
 10
¾ Por fim, há aqueles que negarão porque serão enganados (Mt 24.23, 24). São 
aquelas pessoas que seguem facilmente qualquer vento de doutrina (1 Tm 4.1). 
Alguns ensinam que essa grande apostasia acontecerá porque o Espírito Santo 
será “retirado” da terra. Entretanto, não há qualquer texto bíblico que comprove a 
ausência do Espírito em momento algum da história da Igreja até a consumação dos 
séculos. 
ª A revelação do Anticristo como um ser pessoal 
 O termo “anticristo” só se encontra nas epístolas de João. Em suas duas primeiras 
cartas o apóstolo usa a expressão tanto no sentido específico (1 Jo 2.18a) quanto no 
genérico (1 Jo 2.18b, 22 e 23; 4.3; 2 Jo 7). Todos os estudiosos evangélicos concordam 
que realmente haverá um homem com as características desses anticristos mencionados 
por João, e que tal indivíduo é o mesmo descrito por Paulo em 2 Ts 2.1, 3 e 4, ou seja, o 
“Anticristo escatológico”, alguém que terá grandes poderes sobrenaturais e de persuasão 
(2 Ts 2.9, 10). Esse Anticristo é apresentado no Livro de Apocalipse, segundo a maioria 
dos estudiosos, com a “besta que emerge do mar” (Ap 13.1, 4, 7 e 8). Além de poder 
sobrenatural, observe que ele terá também o poder político mundial em suas mãos (Ap 
13.7). Obs.: A besta emerge “do mar” porque o mar ou as “muitas águas”, no livro de 
Apocalipse e nos Salmos, são um símbolo para as multidões de não-crentes que existem 
no mundo (Ap 17.1, 15 cf. Is 57.20; Jr 49.23 e Ap 21.1). 
ª Vários sinais e prodígios, todos listados em Mt 24 
 ¾ Guerras e rumores de guerras, fomes e terremotos em diversos lugares, tudo 
relacionado aos tempos do fim (vs. 6, 7) 
 O fato de ocorrerem essas coisas hoje não quer dizer que o fim está próximo. Os 
estudiosos afirmam que as ocorrências de Mateus 24 serão em maior extensão e 
intensidade do que as atuais. Por exemplo, haverá terremotos onde, até o momento, não 
se tem conhecimento de que tenha havido. Além disso, haverá também uma 
extraordinária conjunção de todos os sinais aqui alistados, simultaneamente (vs. 6, 7, 9-
11), e as ocorrências naturais serão seguidas por fenômenos sobrenaturais, envolvendo o 
sol, a lua e as estrelas (v. 29). 
 ¾ O amor se esfriará de quase todos (v. 12), resultado do aumento da maldade 
dos ímpios. O ódio dos não-crentes pela igreja fará desaparecer o que resta de amor em 
seus corações. 
¾ Vinda de falsos profetas e de falsos Cristos, que exibirão grandes sinais e 
prodígios para desencaminhar, se possível, até os próprios eleitos (v.24). Isso significa 
que serão profetas e Cristos muito bons na arte de enganar. Observe como o Inri Cristo 
arrasta multidões de seguidores nos dias de hoje. Imagine, agora, como será nos tempos 
do fim. 
 
Imediatamente após as coisas extraordinárias que acontecerão nos céus, 
Jesus virá (Mt 24.30) 
Não sabemos a data da segunda vinda, e nem Cristo, quando esteve na Terra, 
teve tal conhecimento (Mt 24.36) O que podemos afirmar é que tal coisa se dará no fim do 
mundo (Veja Mt 24.3, onde a BLH traduz a expressão “consumação do século” como “fim 
de tudo”). Jesus virá para pôr um fim neste mundo e inaugurar um novo mundo, ou seja, 
um “novo céu e uma nova terra” (2 Pd 3.10-13 cf. Ap 21.1). 
 
Como será o retorno de Cristo - o modo da segunda vinda 
 
 11
O retorno de Cristo será 
(1º) Físico e pessoal, assim como subiu diante dos apóstolos após a ressurreição (At 1.11 
cf. Mt 24.30). 
(2º) Público e visível, de uma à outra extremidade da Terra (Mt 24.27; Ap 1.7). 
Ele será visto igualmente por todos os habitantes do mundo. 
(3º) Repentino e inesperado (Lc 12.39, 40). 
 Alguns acham que os sinais descritos na seção acima tiram a surpresa da segunda 
vinda. Entretanto, tais sinais não dizem com precisão a hora em que Cristo virá; apenas 
nos alertam para a aproximação dessa vinda (Mt 24.30-33). Lembre-se dos dias de Noé, 
conforme se lê em Mt 24.37-39. Os contemporâneos de Noé foram avisados, viram a arca 
sendo construída e, mesmo assim, ficaram surpreendidos pela chegada do dilúvio. Muita 
gente só acreditará na vinda de Cristo quando realmente vê-Lo no céu. Para muitas 
pessoas todos esses sinais que lemos acima não representarão nada, e serão explicados 
de uma ou outra maneira, como muitos não-crentes costumam fazer nos dias de hoje. 
Porém, quando Cristo realmente vier, será muito tarde para qualquer tipo de 
arrependimento (Mt 24.48-51; 25.10-13 e o v. 19, da parábola dos talentos. Veja ainda 2 
Ts 1.7, 8). Na verdade, não haverá espaço para arrependimento, só para lamentações 
(Ap 1.7; 6.15-17). 
(4º) Glorioso e triunfante (Mt 24.30; 25.31; Mc 13.26; Lc 21.27). 
 Não será mais o mesmo homem que foi humilhado e agredido pelos ímpios (Lc 
22.63-65), mas o justo juiz que haverá de condenar aqueles que O rejeitaram (Mt 25.41). 
(5º) Simultâneo à ressurreição geral de todos os homens (1 Ts 4.16 cf. Jo 5.25, 28 e 29). 
 
Note o erro das seitas heréticas como os Adventistas do 7º Dia e as Testemunhas de 
Jeová, que marcaram a volta de Cristo sem considerar a ocorrência da maioria dos 
eventos acima. 
 
5. O arrebatamento da Igreja 
 
 Já disse e repito que Cristo vai voltar somente depois da Grande Tribulação, e não 
antes (Mt 24.29, 30). Não há qualquer base bíblica paracrermos que Jesus voltará duas 
vezes, uma vez para a Igreja, antes da Grande Tribulação, e outra para o mundo, como 
ensinam as igrejas pentecostais. A igreja terá de passar pela Grande Tribulação, visto que 
as provações deste mundo fazem parte do plano de Deus para a nossa vida (At 14.22; 
Rm 5.3; 12.12; 2 Co 4.17; 7.4; 8.2; 1 Ts 1.6; Ap 2.9, 10; 7.14). A tribulação aproxima a 
igreja de Deus, além de testar a fidelidade dos verdadeiros crentes. É óbvio que Deus não 
nos deixará abandonados no período da tribulação. Deus jamais permitirá que sejamos 
arrancados definitivamente de suas mãos (Jo 17.15 “não peço que os tires do mundo, e 
sim que os guardes do mal”; Rm 8.35, 39 e Ap 3.10, “te guardarei da hora...”, o mesmo 
verbo grego que foi traduzido por “guardar” em Jo 17.15. Trata-se do verbo τηρησηω, 
terésô). 
 A idéia de que a igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação foi semeada 
no Século 19, por alguns norte-americanos pentecostais que receberam “novas 
revelações” nesse sentido. Aqui no Brasil, esse ensino foi popularizado pelo disco “A 
última trombeta”, que traz a revelação que um homem teve sobre esse tipo de 
arrebatamento pregado nas igrejas pentecostais. 
 O arrebatamento da Igreja vai ocorrer exatamente quando Cristo aparecer diante 
de todos os povos do planeta (Mt 24.30, 31). Vamos ao encontro de Cristo nos ares e 
desceremos com ele, como se fôssemos uma comitiva para receber o nosso Senhor e 
escoltá-lo até a terra (Zc 14.5; Cl 3.4). De fato, a palavra grega que foi traduzida por 
 12
“encontro”, em 1 Ts 4.17, é um termo técnico para se referir a um encontro de boas-
vindas, conforme se vê em At 28.14 e 15. Não é exatamente isso que nos ensina a 
parábola das dez virgens, em Mt 25.1-10? As cinco virgens prudentes, aqui 
representando a Igreja, vão receber o noivo que estava chegando e o acompanham até o 
lugar onde o casamento seria realizado (vs. 6-10). Sabemos que o noivo, nessa parábola, 
é Cristo. Note que a Igreja vai receber a Cristo, não para ir embora com ele, mas para 
recebê-lo em comitiva e escoltá-lo até o local do casamento. E onde é o local do 
casamento? Na “nova” terra, a qual será esta mesma terra em que vivemos, só que 
completamente restaurada (Ap 21.1-3). Esse é o ensino bíblico sobre o assunto. 
 
6. A ressurreição geral dos mortos 
 
 Assim como o assunto do “estado intermediário” é explicado mais claramente no 
NT do que no Velho, da mesma maneira ocorre com respeito à ressurreição geral. Foram 
selecionados três textos significativos que mencionam a consciência deste fato, no Velho 
Testamento: Sl 17.15; Is 26.19; Dn 12.1, 25 
 A respeito do Sl 17.15, temos dois comentários, feitos pelas Bíblias Vida Nova e 
Anotada: 
 BVN: “...depois de despertarmos após a morte, teremos o gozo da presença de 
Deus durante toda a eternidade.” 
 BA: “...a ressurreição (acordar) na presença de Deus é eterna.” 
As Bíblias acima também comentam o texto de Is 26.19. 
 BVN: “Sublime testemunho da ressurreição do corpo no AT.” 
 BA: “Este versículo...ensina explicitamente a ressurreição corporal dos crentes.” 
 No Novo Testamento há inúmeras passagens que ensinam sobre a ressurreição, 
tanto a dos justos quanto a dos ímpios: At 4.1, 2; 23.6-8 (veja que Paulo e os fariseus 
admitiam a ressurreição, sendo que os fariseus eram os mestres da Lei de sua época.); 
24.14, 15; 1 Co 6.14; 
 Cristo expõe claramente esta doutrina nos seguintes textos: Jo 5.25-29; 6.39, 40, 
44, 54; 11.23, 24 (veja que Marta tinha conhecimento da ressurreição geral, antes mesmo 
dos escritores do NT escreverem algo sobre o assunto. Isto prova que já havia 
consciência desse assunto entre os judeus.) 
 Paulo pode ser considerado o grande expositor da doutrina da ressurreição em 1 
Co 15. 
 
Como será a ressurreição 
 
 Tomando por base a pessoa de Jesus Cristo, que é referido como “as primícias da 
ressurreição”6 (1 Co 15.20, 21 e 23), e sabendo que Sua ressurreição foi física e corpórea 
(tinha um corpo tangível), com base em Jo 20.27, cremos que assim também se dará na 
ressurreição geral dos mortos. 
 Quem morreu em Cristo participa da chamada “ressurreição dos justos”. Dois 
textos referentes à mesma são: Rm 6.5 e 8.11. Essa ressurreição destruirá todas as 
coisas do “velho corpo” que não se adequarem ao novo estado e o dotará de aptidões 
que o qualificarão para a nova vida. 
 
5 O v. 2 de Daniel 12 diz que “muitos...ressuscitarão”, em vez de dizer “todos ressuscitarão”. Alguns acreditam que o 
escritor queria, simplesmente, enfatizar a grande quantidade de pessoas mortas à época da ressurreição geral. Visto que 
o Novo Testamento ensina claramente que todos ressuscitarão no Dia do Juízo (Jo 5.25, 28 e 29; Ap 20.13), parece 
óbvio que estamos diante de uma sinédoque, onde a palavra “muitos” está sendo usada no lugar de “todos”. 
6 “primícias” significa, segundo a BLH, o “primeiro de todos” 
 13
 
De acordo com 1 Co 15.42-44, 
o corpo sofrerá 4 modificações após a ressurreição: 
 
1ª) “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na 
corrupção, ressuscita na incorrupção.” (v. 42, partes a e b) 
 “Assim também é a ressurreição dos mortos” refere-se aos versos anteriores, 
que dizem haver diferença entre os corpos, entre as constituições físicas de cada um, 
sejam homens, aves e peixes, entre outros (35, 38-41). Da mesma forma, haverá 
diferença entre o corpo atual que temos e o corpo glorificado que teremos. 
 “Semeia-se...”: a BLH optou pelo verbo “enterrar”, em vez de “semear”. Ficou 
melhor. Veja só: “.. Quando o corpo é enterrado, é um corpo mortal; mas, quando 
ressuscitar, será imortal. Quando ele é enterrado...” E por aí vai. 
 “na corrupção”: a vida humana foi criada em corrupção. Essa palavra “corrupção”, 
no grego, é φθορα (phthóra), e pode significar, entre outras coisas, “destruição e/ou 
dissolução”, o que parece ser o conceito mais adequado a este texto. Logo, o corpo do 
homem foi criado sujeito à destruição, à decomposição, à deterioração. Não é à toa que 
surgem rugas, que envelhecemos, que alguns praticamente “murcham”. A BVN comenta: 
“Corrupção. Sujeito a decomposição.” E a BEP acrescenta: “ressuscita na incorrupção. 
Esse novo corpo não terá possibilidade de deterioração.” Em outras palavras, o novo 
corpo não poderá ser aniquilado, destruído, extinto. 
2ª) “Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.” (v. 42c) 
 Esta palavra, “desonra”, poderia ser traduzida de várias formas: “humilhação, 
estado desprezível, rebaixamento”, ensinando-nos que o estado pecaminoso do ser 
humano o humilha, rebaixa, despreza, desonra. Mas, quando ressuscitarmos, seremos 
glorificados como Cristo o foi (Fp 3.21) Encontrar-se em um estado de glorificação é estar 
impossibilitado de ser atingido pelo pecado que macula a perfeição do modo divino de 
vida e convívio. O homem fica impossibilitado de sofrer depravação. Não haverá o 
domínio da carne, pois a nova “carne”, digamos assim, será gloriosa (veja Rm 7.18, 19, 
23 e 25) 
3ª) “Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.” (v. 43) 
 Surgirá um corpo poderoso, não mais sujeito às enfermidades ou à fraqueza 
(cansaço, fadiga). 
4ª) “Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual.” (v. 44) 
Corpo natural é aquele que foi gerado do pó da terra, é “natural” deste mundo, feito 
de carne e, portanto, não pode herdar o reino de Deus (1 Co 15.50a). Nosso corpo 
passará a ser um corpo espiritual quando for feito de outra substância, não algo terreno, 
como o pó da terra, e sim celestial (veja 1 Co 15.47-49). Logo, esta questão de ser natural 
ou espiritual diz respeito à adaptabilidade do corpo. O corpo natural é adaptado à vida 
humana e terrena. O corpo espiritual é adaptado à vida espiritual e à nova terra. Esse 
novo corpo corresponderá às necessidades da vida espiritual. 
Obs.: Com respeito às transformações do corpode um ímpio, após a ressurreição, 
alguns acham que haverá um processo diferente, porque crêem não ser lógico que o 
corpo ressurreto de um ímpio passe pelo mesmo tipo de mudança que o corpo de um 
crente, uma vez que àquele está reservado um destino diferente deste. 
Certamente o corpo do ímpio não irá se decompor, sendo adaptável à sua nova 
realidade infernal (afinal, ímpios não conseguiriam ficar no inferno “eternamente” se seus 
corpos atuais fossem feitos da mesma substância que são feitos hoje. Pelo menos a 
matéria dos corpos teria de ser modificada.) 
 
 14
Quando ocorrerá a ressurreição 
 
 Baseados em trechos como Jo 5.28 e 29, parece claro que os ímpios ressuscitarão 
no mesmo momento que os crentes. E quando os crentes e os ímpios ressuscitarão? 
Quando Cristo estiver voltando (1 Ts 4.15, 16). Em outras palavras, ressuscitarão por 
ocasião do fim do mundo, no último dia deste mundo (Jo 11.23, 24). 
 
Antes de continuar o estudo, queremos esclarecer um ponto importantíssimo 
na Escatologia, que diz respeito ao Milênio. Para quem não sabe do que estou 
falando, preste atenção: há um grupo de estudiosos, chamados pré-milenistas, 
crendo que, logo após Sua segunda vinda, o Senhor Jesus reinará mil anos nesta 
terra juntamente com seus santos transformados (tanto os que estavam vivos 
quanto os que ressuscitaram). Já os amilenistas, outro grupo, considera que 
esses mil anos são simbólicos, tiveram início na primeira vinda de Cristo e 
terminarão justamente no Seu retorno a Terra. Há também um terceiro grupo, os 
pós-milenistas. Esses crêem que o milênio (palavra latina para “mil anos”) 
começou a partir do momento em que as nações começaram a ser evangelizadas 
pela Igreja, e que a tendência do mundo é ficar cada vez melhor até a volta de 
Cristo. Note que o conceito de “pré”, “a” ou “pós” milenista está relacionado 
diretamente ao assunto da segunda vinda de Cristo. Se você crê que Jesus volta 
antes de um milênio na terra, você é pré. Se você crê que a volta de Cristo não está 
ligado a um reino literal e milenar nesta terra, você é “a”. E se você pensa que 
Jesus voltará após o milênio de paz nesta terra, você é “pós”. Toda essa confusão 
se deve a diferentes interpretações de um único trecho bíblico: Apocalipse 20.1-8 
Tomaremos a posição amilenista neste estudo, ignorando a ocorrência de um 
“milênio” literal nesta terra após a segunda vinda de Cristo e indo diretamente para 
o estudo do juízo final. Entretanto, caso haja curiosidade com respeito às três 
posições (“pré”, “a” e “pós”-milenistas), solicitamos que seja consultado o 
apêndice sobre o Milênio. 
7. O juízo final 
 
 A segunda vinda e o juízo final estão relacionados ao fim do mundo e ao início de 
um novo céu e uma nova terra (Mt 25.31-34, 41; Ap 20.15-21.1). Quando Cristo vier, 
julgará o mundo (justos e ímpios), premiará quem tiver de ser premiado e condenará 
quem tiver de ser condenado. Logo depois disso haverá o gozo da vida e da morte 
eternas. 
 O famoso "julgamento do trono branco" (Ap 20.11-15) envolverá tanto justos 
quanto ímpios, o que significa que justos e ímpios serão julgados simultaneamente. 
Cremos nisso porque o v. 15 diz que “se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, 
esse foi lançado para dentro do lago de fogo”. Isso significa que a omissão do nome de 
uma pessoa nesse livro indica o inferno como seu destino. Logo, os ímpios estarão ali. 
Quanto aos crentes, não há dúvida de que passaremos por esse tribunal também, num 
julgamento que envolverá nossas ações, de maneira geral, enquanto crentes (1 Co 3.10-
15). Seremos julgados no mesmo momento que os ímpios, no mesmo tribunal e diante do 
mesmo juiz (Mt 25.31-34, 41). A Bíblia não menciona outro tribunal, no final dos tempos, 
além deste do “trono branco”. 
É importante perceber que esse juízo, na verdade, não envolverá a destinação 
dos réus, pois isso é decidido enquanto estamos vivos: quem recebe a Jesus como 
Senhor e Salvador não morrerá eternamente (Jo 3.16; 1 Jo 5.13), ou seja, não entrará em 
juízo para condenação (Jo 5.24; 6.47; Rm 8.1). Já o ímpio, aquele que não quis ir a Jesus 
 15
quando teve oportunidade, perdeu o convite da vida eterna (Jo 5.39, 40), já está 
condenado (Jo 3.18, 36) e seu nome, com certeza, não estará no livro da vida. 
Se o destino das pessoas já é decidido nesta vida, como foi dito acima, qual a 
razão de um juízo final? 
Em primeiro lugar, é óbvio que um Juízo Final seria necessário para aqueles que 
estiverem vivos por ocasião do retorno de Cristo, mas essa não é a razão principal. As 
três principais razões para o Juízo Final são as seguintes: 
1ª) Mostrar a soberania de Deus e a Sua glória na revelação do destino final de 
cada pessoa. Sabemos que até essa ocasião o destino final de cada pessoa terá 
permanecido oculto ao conhecimento dos homens. No Dia do Juízo, porém, a graça de 
Deus será manifesta diante de toda a humanidade, por causa da salvação do Seu povo, 
enquanto que a justiça divina também se manifestará a toda a humanidade, por ocasião 
da condenação dos ímpios (Rm 9.22, 23). Ainda com respeito ao julgamento dos ímpios, 
o teólogo reformado Hermann Bavinck disse que “a glória de Deus... se manifesta na 
vitória de Cristo sobre todos os seus inimigos” (pg. 621). 
2ª) Revelar o grau de punição que cada ímpio irá receber na morte eterna (Mt 
11.20-24; Lc 12.47, 48). É certo que todo incrédulo que morre hoje já está em tormentos 
no inferno, como podemos ver na ilustração da parábola do rico e Lázaro (Lc 16.19-23). 
No Dia do Juízo será apenas revelado o grau de tormentos que essa pessoa passará a 
receber no “lago de fogo”, nome dado àquilo que poderia ser chamado de “inferno final” 
(Ap 20.15). 
Alguns acham terrível a idéia de que haverá graus de punição no inferno, mas isso 
é algo resultante da justiça de Deus. Pensemos na seguinte ilustração: um pai de família 
honesto, boa pessoa, muito piedoso, não aceita a Cristo como Salvador, após ter-lhe sido 
pregado o Evangelho. Ora, ele deixou de fazer o essencial. Da mesma maneira, Adolf 
Hitler não recebeu a Jesus, mas, ao contrário do homem citado anteriormente, Hitler foi 
cruel no período de sua existência terrena. Pergunta: seria justo que ambos, ainda que 
tenham o inferno como destino, tenham o mesmo sofrimento? 
Devo dizer que não sabemos se os crentes terão conhecimento dessa informação 
específica quanto ao grau de punição dos ímpios. 
3ª) Revelar o galardão que cada crente vai receber (1 Co 3.13-15 cf. Ap 22.12). É 
certo que o crente que morre em Cristo hoje já está gozando da presença de nosso 
Senhor (Lc 23.43; 2 Co 5.6-8 e Fp 1.21-23), mas a definição dos galardões só ocorrerá 
por ocasião de Sua segunda vinda e do juízo final (1 Co 3.13 e Ap 22.12). 
Portanto, esse juízo envolverá somente as obras, tanto dos crentes quanto dos 
incrédulos. No caso do crente, as obras que forem "aprovadas" pelo Senhor 
permanecerão; então, ele - o crente - receberá galardão (1 Co 3.14). Com relação ao 
incrédulo, uma vez que seu destino também já estará decidido, suas obras apenas 
definirão o grau de sofrimento e/ou punição no inferno (Mt 11.22-24). 
Que tipo de coisas serão julgadas? 
 
Serão julgadas todas as coisas que foram realizadas durante esta vida terrena (2 
Co 5.10). Basicamente: 
NOSSAS OBRAS EM GERAL: Mt 25.35-40; Ap 20.12 cf. 1 Co 3.7-9; 1 Pd 1.17 e 
Ap 22.12. 
NOSSAS PALAVRAS: Mt 12.36, 37; Tg 3.1. 
NOSSOS PENSAMENTOS: 1 Co 4.5; Rm 2.16. 
Em suma, o crente terá que prestar contas da sua fidelidade ou infidelidade a Deus 
(Mt 25.21, 23). Tudo virá à tona no Dia do Juízo (Mt 6.4, 6 e 18; 10.26; Lc 12.2; 1 Tm 
5.24, 25). 
 16
Volto a repetir que seremos salvos independentemente daquilo que fizermos, mas, 
se não formos bons crentes, essa salvação se dará como que “através do fogo” (1 Co 
3.15). Em outras palavras, seremos purificados e aperfeiçoados paraa vida eterna, mas 
sem receber qualquer tipo de galardão (contraste os vs. 14 e 15). Quanto ao fogo como 
elemento de purificação, veja os seguintes textos: Nm 31.22, 23; Ml 3.2-4 e Ap 3.18a. 
Alguém poderia argumentar o seguinte: se o crente de verdade não corre o risco 
de perder a salvação, porque ele se preocuparia em ter boas obras diante de Deus? Só 
pelo galardão? Em primeiro lugar, devemos ter boas obras diante de Deus porque é isso 
que se espera de um crente de verdade, de alguém que realmente ame a Jesus (Jo 
14.21). Se você não se preocupa em agradar a Cristo, então como você pode ter certeza 
de que é uma nova criatura, um crente autêntico? Em segundo lugar, o crente que tiver 
uma vida espiritual relaxada com certeza sofrerá as conseqüências por isso. Deus 
certamente haverá de puni-lo ainda nesta vida (Gl 6.7 e Hb 10.26, 27, 30 e 31; 12.4, 5). 
Quais os resultados específicos do julgamento dos crentes 
 
Citaremos apenas dois: 
a) Receberemos uma posição de superioridade ou inferioridade na nova terra (Mt 
5.19). Com base em trechos assim, muitos estudiosos crêem que na nova terra alguns 
crentes terão mais privilégios do que outros, ou seja, assim como há diferença de funções 
entre os anjos7, haveria uma espécie de hierarquia entre nós, baseada em funções 
diferentes que haveríamos de receber. A parábola das minas8, que fala sobre a volta de 
Cristo, declara de forma implícita que o servo fiel haverá de receber autoridade ou poder 
de governar na nova terra (Lc 19.12-19). É possível que isso ocorra sem afetar nossas 
relações como irmãos, visto que não teremos mais qualquer tipo de sentimento facciosos 
ou inveja uns dos outros. 
b) Receberemos um presente, uma recompensa ou galardão pelas obras 
praticadas nesta vida terrena (1 Co 3.11, 14), mas não temos informações específicas 
sobre que tipo de “tesouros” iremos receber (Mt 6.19, 20). 
Para terminar essa parte de galardão do crente, devo dizer que tais galardões são 
imerecidos, sendo verdadeiros dons da graça de Deus (Lc 17.10; 1 Co 4.7; Fp 2.12, 13). 
Veja a resposta que foi dada, no Catecismo de Heidelberg, à sua Pergunta 63: Pergunta: 
“Nossas obras, então, não têm mérito? Deus não promete recompensá-las nesta vida e 
na futura?” Resposta: “Essa recompensa não nos é dada por mérito, mas por sua graça 
(Lc 17.10)”. 
 
Duas questões complexas 
 
Toda vez que estudamos sobre o Juízo Final há sempre duas questões que nos 
são apresentadas. A primeira delas é a seguinte: Como fica a situação daqueles que 
nunca ouviram o Evangelho? Serão todos condenados (Rm 2.12). A única maneira de 
ser salvo é crer no Messias. O povo do Velho Testamento foi salvo por causa disso, bem 
como os judeus que creram em Jesus quando Ele veio ao mundo (Jó 19.25; Jo 1.11, 12 e 
 
7 A Bíblia diz que, além dos anjos, há arcanjos (Jd 9) Um anjo, por nome Gabriel, disse que “assistia diante 
de Deus”. Foi esse anjo que avisou Zacarias sobre o nascimento de João Batista (Lc 1.13, 19) e avisou 
Maria sobre o nascimento de Jesus (Lc 1.26, 27 e 31). O profeta Isaías, no Cap. 6 de seu livro, viu anjos, 
chamados serafins, que ficam diante do trono de Deus, exaltando e glorificando Seu nome. Isso não é um 
privilégio? Há outro tipo de anjo, chamado querubim, cujo objetivo é guardar as coisas sagradas de Deus, 
para que não sejam violadas (Gn 3.24 e Ex 37.6, 7 e 9). Fica claro, por esses textos, que os anjos têm 
privilégios e funções diferentes. 
8 A mina representava uma quantia semelhante a cerca de três meses de ordenado. 
 17
At 15.10, 11). Infelizmente as nações da época do Velho Testamento foram condenadas, 
justamente por não terem um conhecimento salvífico com respeito ao Deus verdadeiro (At 
14.15-17 cf. Rm 1.18-20). Mesmo que isso nos espante, devemos lembrar que não há 
qualquer injustiça em Deus condenar pecadores, visto que a Bíblia ensina claramente que 
o salário do pecado é a morte (Rm 6.23a). 
A segunda questão normalmente levantada quando falamos sobre o Dia do Juízo é 
a seguinte: É verdade que os crentes julgarão o mundo? Sabemos que alguns textos 
atribuem aos crentes a função de juizes, tanto de homens quanto de anjos caídos. Veja, 
por exemplo, Mt 19.28 e 1 Co 6.1-3 (compare o v. 3 com 2 Pd 2.4 e Jd 6). Infelizmente 
não sabemos como será a participação dos crentes como juízes no Dia do Juízo Final, 
pois a Bíblia não dá qualquer tipo de informação sobre isso, e nem os melhores teólogos 
se arriscam a fazê-lo. 
 
8. Novo céu e nova terra 
 
A expressão “novo céu e nova terra” (Ap 21.1) se refere à transformação ou 
renovação deste mundo. Trata-se da restauração da Criação para a habitação dos filhos 
de Deus. Vejamos, abaixo, as bases bíblicas para essa afirmação. 
 
1) TODA A CRIAÇÃO FOI AFETADA PELO PECADO, NÃO SOMENTE A 
HUMANIDADE. 
 Gn 3.17, 18 
Um exemplo claro do quanto a Criação foi afetada por ser visto nas desordens naturais 
como terremotos, maremotos, El Ninõ, aquecimento do Sol etc. 
 
2) DIANTE DISSO, DEUS NÃO VISA SOMENTE REDIMIR OU RESTAURAR A 
HUMANIDADE CAÍDA. ELE VAI RESTAURAR TODA A SUA CRIAÇÃO. 
 Rm 8.19-23; Is 65.17-19, 25; 11 (o capítulo inteiro); 
Inclusive, há duas palavras gregas que querem dizer “novo” ou “nova”. A primeira é néos 
(νεος), e se refere a algo totalmente novo, que está vindo à existência pela primeira vez. A 
segunda é kainós (καινος). Esta, por sua vez, refere-se a algo que já existia e que foi 
renovado ou feito novo. Adivinhem qual é a palavra que temos em Ap 21.1? Kainós. Essa 
mesma expressão grega aparece em 2 Co 5.17, para se referir ao crente como uma 
“nova” criatura. Ora, sabemos que, quando nos tornamos novas criaturas, isso não quer 
dizer que a pessoa anterior foi destruída e que surgiu um novo ser humano, 
completamente desvinculado do anterior. Pelo contrário. Ser nova criatura é ser a mesma 
pessoa, só que uma pessoa transformada pelo Espírito Santo de Deus. 
 
3) PORTANTO, ESSA RESTAURAÇÃO DA CRIAÇÃO VISA PURIFICÁ-LA DA 
MALDIÇÃO DO PECADO PRONUNCIADA EM GN 3.17, 18. 
 
Visto que o fogo, na Bíblia, muitas vezes é tido como um elemento de purificação (Nm 
31.22, 23; Ml 3.2-4; 1 Co 3.12-15, especialmente v. 15; Ap 3.18a), o apóstolo Pedro diz 
que a purificação deste mundo se dará pelo fogo (2 Pd 3.5-7, 10-13). Note que nesse 
mesmo capítulo o apóstolo Pedro diz que o mundo, nos dias de Noé, pereceu (v. 6). Mas 
sabemos que aquele mundo que pereceu é o mesmo nosso. Na verdade, o que 
aconteceu é que as águas do dilúvio purificaram o mundo do pecado, ou melhor, dos 
ímpios que viviam aqui. O mesmo vai acontecer quando do surgimento de um novo céu e 
uma nova terra. Haverá a purificação do pecado que existe neste mundo. Só que, aí, será 
uma transformação completa. Não somente os ímpios serão banidos deste mundo, mas o 
pecado pronunciado sobre a Criação também. Portanto, esse “fogo” mencionado por 
Pedro representa tanto a destruição do mal quanto a purificação deste mundo. Essas 
 18
duas coisas são sinônimas (Sf 3.8 cf. Ml 3.2). 
 
4) APÓS A PURIFICAÇÃO OU RESTAURAÇÃO DA CRIAÇÃO, A CARACTERÍSTICA 
MARCANTE DOS NOVOS CÉUS E NOVA TERRA SERÁ A PRESENÇA DA JUSTIÇA. 
 2 Pd 3.13 
Em outras palavras, prevalecerá a justiça divina, ou seja, aquilo que é certo e bom, de 
acordo com a vontade de Deus. 
 
5) ENTÃO, DEUS PASSARÁ A HABITAR COM OS HOMENS NESTA TERRA 
TRANSFORMADA. 
 Ap 21.2, 3 
Sabemos que Deus não vive entre os homens hoje. Ele vive em um lugar que 
normalmente chamamos de céu ou céus, no plural (Mt 6.9, 10; 7.11; Hb 9.23, 24), paraíso 
(Lc 23.43; 2 Co 12.4), terceiro céu (2 Co 12.2) ou Jerusalém celestial (Hb 12.22). 
Atualmente, somente os crentes que já morreram vivem nesse lugar com Deus. 
Porém, quando este mundo for restaurado, Deus voltará a habitar com o homem, como 
era no princípio, no jardim do Éden (Gn 2.19; 3.8). O plano original, iniciado em Gênesis,passa a ter continuidade. 
Por isso é que Ap 21.1, 2 diz que a Jerusalém celestial descerá para a nova terra. O 
resultado está no v. 3: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com 
eles...”. 
 
9. O estado final dos ímpios e dos justos 
 
 O estado final dos ímpios é o “lago de fogo” (Ap 20.15), um nome usado na Bíblia 
para designar o “inferno final”, no qual habitará todos os que forem condenados à morte 
eterna. Esse será o destino não somente dos ímpios, mas de Satanás9, do Anticristo e do 
falso profeta (Ap 20.10). Note que, nesse lugar, as pessoas serão atormentadas “de dia e 
de noite, pelos séculos dos séculos”. 
 O estado final dos justos, como já foi estudado, será nesta mesma terra, só que 
completamente purificada do pecado. 
 
Como será na nova terra 
 
 Antes de mais nada, vamos recapitular: 
1º) O terceiro céu (2 Co 12.2), que é a morada de Deus, e a nova terra, serão uma 
coisa só. Esta junção pode ser vista pela descida da nova Jerusalém (do céu) e a 
afirmação de que Deus passa a habitar com seu povo (Ap 21.2, 3) 
2º) Na nova terra os crentes habitarão em seus corpos físicos transformados. No 
estado intermediários os crentes vivem no céu, apenas em espírito. 
Cientes disso, vamos às características da nova terra: 
¾ Nós reinaremos sobre ela como vice-gerentes de Deus, assim como foi no início, com 
Adão e Eva (Ap 5.9, 10 cf. Gn 1.27, 28). 
¾ Reconheceremos nossos familiares e amigos queridos que já partiram antes de nós. 
Isso é deduzido pelos seguintes fatos: 
1. Moisés foi reconhecido por Pedro (Mt 17.1-4). 
 
9 Alguns questionam o fato de Satanás ser condenado ao inferno, uma vez que, popularmente, ele é 
considerado como o chefe de lá. Ora, se Satanás é ou não um líder no inferno, o fato é que ele passará a 
sofrer os tormentos do mesmo (Ap 20.14). 
 19
2. A ressurreição envolve uma volta do espírito para o mesmo corpo, e não um 
corpo diferente. Reencarnação é que diz respeito a corpos diferentes. 
3. Ressuscitaremos à semelhança de Cristo, e Cristo ressuscitou com a mesma 
aparência terrena (1 Co 15.20-23 cf. Mt 28.8, 9; Lc 24.13-16, 30 e 31). 
4. A transformação do corpo não envolve aspectos estéticos, os quais mudam em 
cada geração (1 Co 15.42-44). Basta ver o padrão de beleza do Século 19 e 
comparar com o do Século 20. 
¾ Nessa nova terra não haverá lágrimas (Ap 21.4). Ou seja, serão banidos o choro e a 
dor. Isso quer dizer que não haverá mais mortes. Não haverá acidentes fatais, doenças 
incuráveis nem serviços fúnebres. 
¾ Haverá uma cidade santa, provavelmente no centro da nova terra (Ap 21.23, 24), um 
lugar onde todas as nações de crentes se encontrarão periodicamente para adoração (Is 
66.22, 23). 
¾ Mas não haverá templo na cidade, e é fácil entender por quê. Afinal, os habitantes da 
nova terra terão comunhão direta e contínua com Deus (Ap 21.22). 
¾ Os reis ou governantes da nova terra, bem como todos os seus habitantes, levarão a 
Deus como oferta tudo aquilo que for produzido entre as nações, especificamente aquelas 
coisas que trazem glória ao Seu nome (Ap 21.24-26). 
 Imagine como será a produção cultural e artística na nova terra. E a produção 
científica? Certamente recuperaremos os cem por cento de nossa capacidade mental; o 
nosso domínio sobre a natureza será completo e a nossa união de forças e conhecimento 
será total. Sim, as nossas obras nos acompanharão, só que numa dimensão inimaginável 
(Ap 14.13). 
¾ Na nova terra as nações viverão em paz (Is 2.4). Todos, sem exceção, servirão a Deus 
(Ap 22.3). 
Se todos servirão a Deus, o projeto original, com Adão e Eva, será retomado (Is 
65.17, 21, 22, 24 e 25). E, com obediência, o resultado só pode ser alegria e louvor ao 
nosso Deus (Is 61.7, 11) 
 
Amém. Vem, Senhor Jesus! 
 20
Apêndice sobre o Milênio 
 
 Analisemos a questão do “milênio”, um dos pontos mais controvertidos e 
polêmicos da Escatologia. Milênio é a palavra latina para a expressão “mil anos”, e o 
texto básico para sua discussão é o de Ap 20.1-10. A expressão também aparece em 2 
Pd 3.8 
 Há 3 sistemas de interpretação com respeito ao significado desse período. São 
eles: (1º) Pré-milenismo ; (2º) Pós-milenismo; (3º) Amilenismo. 
 
ª O Pré-milenismo ensina que o milênio é um longo período de paz e justiça, 
durante o qual Cristo governará em pessoa, como rei, nesta Terra. Portanto, a 
segunda vinda ocorrerá antes desse período, daí a designação “pré”. 
Entre os pré-milenistas há os pré-tribulacionistas, os mid ou meso-tribulacionistas e 
os pós-tribulacionistas. Os primeiros crêem que a Igreja será arrebatada secretamente 
antes da grande tribulação que ocorrerá no fim dos tempos (a Igreja ficaria no céu com 
Cristo, vindo com o Senhor em sua segunda vinda, após a grande tribulação) Estes são 
chamados pré-milenistas dispensacionalistas10; o segundo grupo acha que a Igreja 
será arrebatada no meio da grande tribulação; o terceiro grupo acredita que Cristo virá 
após a tribulação - neste caso, o arrebatamento e a segunda vinda seriam uma coisa só; 
estes últimos são conhecidos como pré-milenistas históricos. 
 
ª O Pós-milenismo ensina que o reino de Deus está atualmente sendo 
expandido através do ensino e pregação cristãs. Essa atividade fará com que o 
mundo se cristianize e resultará em um longo período de paz e prosperidade 
chamado milênio. O mal não será eliminado, mas reduzido a um mínimo conforme a 
influência moral e espiritual dos cristãos cresce. Somente no fim desse milênio 
haverá uma manifestação grandiosa das forças do mal, juntamente com o 
surgimento do Anticristo. Então, Cristo virá. Portanto, a segunda vinda ocorrerá 
após o milênio, daí a designação “pós”. 
 
ª O Amilenismo (“a” significando “não”, mais “milenismo”, referindo-se a 
“milênio”; significa, literalmente, “negação do milênio”) é o terceiro sistema, e 
aquele adotado, em tese, pelos presbiterianos. Louis Berkhof, em seu Teologia 
Sistemática, pg. 714, diz, quanto ao Amilenismo: “sempre foi o conceito mais amplamente 
aceito, é o único que vem expresso ou implícito nas grandes confissões históricas da 
igreja, e sempre foi o conceito predominante nos círculos reformados”. Américo J. Ribeiro, 
conhecido pastor presbiteriano e autor do livro Iniciação Doutrinária, da Editora “Luz para 
o Caminho”, acrescenta, em seus escritos, que: “os argumentos que embasam a 
atitude...do amilenismo...são também sólidos, quer do ponto de vista histórico, quer 
bíblico.”(pg. 166) 
O mesmo Ribeiro explica, em seu livro, que a palavra “amilenismo” somente tem 
sentido no aspecto em que nega os conceitos do milênio segundo os pré e os pós-
 
10 O Dispensacionalismo é um sistema de interpretação criado por J. N. Darby (1800-1882) “Ele descreveu 
a vinda de Cristo antes do milênio consistindo de dois estágios: o primeiro, um arrebatamento secreto 
removendo a igreja antes da Grande Tribulação devastar a terra; o segundo, Cristo vindo com seus santos 
para estabelecer o reino. Ele cria também...que os propósitos de Deus na Escritura podiam ser entendidos 
através de uma série de períodos de tempo chamados dispensações.” (Extraído do livro “Milênio - 
Significado e Interpretações”). As sete “dispensações” são: 1ª) Da Inocência - no Éden; 2ª) Da Consciência - 
da queda ao dilúvio; 3ª) Do Governo Humano - do dilúvio à chamada de Abraão; 4ª) Da Promessa - de 
Abraão ao Sinai; 5ª) Da Lei - do Sinai ao ministério público de Cristo; 6ª) Da Graça - do ministério público de 
Cristo à Sua segunda vinda; 7ª) Do Reino - da volta de Cristo ao fim do Seu reinado terrestre (neste caso, o 
“milênio pré-milenista”). 
 21
milenistas. Na verdade, o Amilenismo também apregoa a existência de uma espécie de 
milênio. Por isso, o autor acha o termo inapropriado, preferindo usar a designação 
“milênioinaugurado” (pg. 173) 
Se, de fato, o amilenismo admite uma espécie de milênio, como ele seria? 
 
Ap 20.1-10 
 
Indo diretamente à passagem objeto deste estudo, e considerando a natureza 
simbólica do livro, crê-se que a expressão “mil anos” não é literal, mas simbólica. 
Portanto, interpreta-se que essa expressão refere-se a um longo e indefinido período de 
tempo. 
Sabemos, pelo início da passagem, que Satanás foi preso11 por mil anos, para que 
“não mais enganasse as nações” (vs. 2 e 3). Agora, indo ao texto de Mt 12.24-29, vemos 
a necessidade de se “amarrar” - o mesmo verbo usado em Ap 20.2, do qual deriva a 
palavra “preso” - o valente (Satanás), para impedi-lo de agir em determinada área ou na 
vida de alguma pessoa. No caso de Mt 12.29, ele não pôde continuar possuindo o corpo 
de alguém, deixando-o, por meio da possessão, cego e mudo (Mt 12.22-24). Já em Ap 20, 
ele ficaria amarrado para não enganar as nações. Sabemos que Satanás considerava-se, 
com efeito, o dono deste mundo (Lc 4.8) Sabemos também que, na época do VT, todas 
as nações do mundo, exceto Israel, estavam sob o governo de Satanás. Repetimos: todas 
as outras nações, salvo algumas exceções, como uma pessoa, família ou cidade que, 
ocasionalmente, entrasse em contato com a revelação especial de Deus, viviam sob 
densas trevas espirituais, cada qual andando segundo seus próprios caminhos (At 14.16), 
ignorantes (At 17.30) e cegos pelo poder de Satanás (2 Co 4.4) 
Quando de Sua primeira vinda, Cristo mudou radicalmente esse quadro descrito 
acima, por intermédio de Sua Igreja. Ele “amarrou” o valente, e deu à Igreja autoridade 
para proclamar boas-novas de Salvação a todos os povos, sendo que, agora, as portas 
do inferno não prevalecerão contra a Igreja (Mt 16.18) e Satanás não poderá mais 
enganar as nações, desviando-as dos caminhos de Deus. Ele está amarrado num duplo 
sentido: primeiramente, ele não pode impedir que a Igreja cumpra sua tarefa missionária e 
evangelística, nem tampouco cegar a consciência dos que desejam receber o evangelho. 
Veja que Jesus, quando falava sobre a aproximação de Sua morte, disse, em João 12.31, 
32: “chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será 
expulso. E eu, quando for levantado da Terra, atrairei todos a mim mesmo.” Para 
isto acontecer, basta que preguemos o evangelho a todos os povos (Rm 10.13, 14 e 17). 
Hoje há esperança para conversões sem que Satanás nos atrapalhe, pois ele não pode 
manter as pessoas no inferno ou a caminho do mesmo. 
Evidentemente, o fato de ele estar preso ou amarrado não quer dizer inércia total, 
pois, como está escrito em 1 Pd 5.8 e 9, ele é um “leão...procurando alguém para 
devorar”. Por isso, voltamos a explicar: “amarrar o diabo” significa impedi-lo de agir em 
determinada área ou na vida de alguma pessoa. Entendemos que o milênio citado nos 
vs. 1-3 está ocorrendo na Terra. Este milênio começou na primeira vinda de Cristo e vai 
até o seu retorno triunfante, sendo que, no final desse período, Satanás será solto por 
pouco tempo, até que, inesperadamente, Cristo voltará segunda vez e o vencerá. 
Os vs. 4-6 falam do mesmo milênio citado acima, mas agora nos revela como 
ele ocorre no céu. Este trecho mostra os santos com Cristo, no estado intermediário. 
Aqui reinam suas almas. Depois da segunda vinda, os santos continuarão a reinar, porém 
em um corpo glorificado. Analisemos os vs. 4-6, um por um: “Vi também tronos, e 
nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as 
almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da 
 
11 Esta palavra, “preso”, deriva do verbo grego δεω, que pode significar, também, “atar ou amarrar”. 
 22
palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua 
imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão;” 
A palavra “trono” é usada 47 vezes no livro de Apocalipse. Todos, menos três 
desses tronos (2.13; 13.2; 16.10) parecem estar no Céu. Além disso, João vê “almas”. Daí 
porque cremos que agora se trata de uma visão do milênio no Céu. João está tendo uma 
visão do estado intermediário, onde estão aqueles que morrem em Cristo, desde Sua 
primeira vinda até Seu retorno. 
O fato de que os santos estão sentados em tronos mostra que todos eles têm uma 
posição privilegiada, assim como Jesus prometeu em Ap 3.21. A afirmação de que teriam 
“autoridade de julgar” é tratada em outra parte desta mesma apostila. 
A expressão “almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus” deixa 
claro que estes são os mártires da Igreja (veja um texto paralelo a este em Ap 6.9-11), e a 
expressão “tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem...” refere-
se especificamente àqueles que morreram no período da grande tribulação (Ap 13.4, 7-10 
na BLH, e 15-17; 14.9-11; 15.2) É lógico que, assim como estes que foram citados, todos 
aqueles que permanecerem fiéis a Cristo - no passado, no presente e no futuro - até o 
fim, receberão a mesma recompensa (veja novamente Ap 3.21) 
 “...e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Os restantes dos 
mortos não reviveram até que se completassem os mil anos. Esta é a primeira 
ressurreição.” 
Vejamos, com cuidado, o que o texto diz: o apóstolo João chama de “primeira 
ressurreição” o “viver e reinar com Cristo” (v. 4). Essa ressurreição é chamada de 
“primeira” porque ocorre no momento em que somos regenerados (Rm 6.11; Ef 2.5, 6; Cl 
3.1-3). Note que nessas passagens o termo ressurreição é usado para descrever a 
regeneração. Todos quantos são regenerados ressuscitaram com Cristo. Essa é a 
“primeira ressurreição”, a ressurreição espiritual. Já a ressurreição do corpo seria a 
“segunda” ressurreição. Concluímos, então, que esse “restantes dos mortos” são aqueles 
que ímpios que permaneceram fisicamente mortos até que se completassem os mil anos 
(v. 5), ou melhor, até que Cristo voltasse e os ressuscitasse fisicamente. 
Veja bem: esse restante já está morto fisicamente, e, após o milênio, ressuscitará e 
estará sujeito à “segunda morte”, também conhecida como “lago de fogo” (vs. 5, 6, 13-15) 
Quando isso ocorrer, é porque os mil anos terão acabado e Jesus terá voltado. 
Os vs. 7-10 comprovam que Satanás será solto no fim do milênio e, juntamente 
com Gogue e Magogue (Ez 38.2), que representam todo o mundo ímpio que se unirá 
contra a Igreja, darão início à famosa batalha do Armagedom. Eis que Cristo surgirá de 
repente e destruirá seus inimigos. Satanás será lançado no lago de fogo e enxofre (onde 
já se encontrarão a besta e o falso profeta). Seguir-se-á o juízo final, definindo-se o 
destino dos justos e injustos, e o estabelecimento definitivo do Reino de Deus. 
É bom deixar claro que esta é apenas uma das posições, especificamente a da 
IPB, quanto ao significado do milênio. Porém, o professor presbiteriano Américo J. Ribeiro 
disse o seguinte, com respeito a isso: “... esta teoria está sujeita a muitas objeções. 
Sustentamos, porém, que todas as outras que se propõem a interpretar a intrincada 
passagem de Apocalipse 20.1-10 estão também sob o peso de objeções porventura ainda 
mais graves e numerosas.”(pg. 190) 
Devo dizer ainda que, embora teoricamente a posição da Igreja Presbiteriana do 
Brasil seja amilenista, a maioria dos pastores presbiterianos brasileiros são, de fato, pré-
milenistas. Há também aqueles que não estudam seriamente o assunto e acabam 
misturando e transmitindo ensinos do pré, do pós e do amilenismo. Como não se trata de 
algo referente à salvação do indivíduo, há a liberdade para discordâncias. Como palavra 
final, de tudo que foi estudado, aconselhamos que sejam guardadas como dogma a 
verdade escatológica fundamental e indiscutível, qual seja, Cristo realmente virá, e 
devemos estar preparados! 
 23
 
 
 
 24
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	 TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. Rio de Janeiro: Juerp, 1991. 
	Apostila preparada por Kleber Cavalcante.
	Introdução
	Escatologia pessoal ou individual
	1. Morte física
	2. Imortalidade da alma
	A idéia de existência da alma (ou imortalidade da alma) no Velho Testamento
	3. Estado intermediário da alma
	Como as almas estão
	Conclusão
	Onde as almas estão
	4. O retorno de Cristo
	Eventos grandiosos que ocorrerão antes da vinda do Senhor
	Como será o retorno de Cristo - o modo da segunda vinda
	O retorno de Cristo será 
	5. O arrebatamento da Igreja
	6. A ressurreição geral dos mortos
	Como será a ressurreição
	Quando ocorrerá a ressurreição
	7. O juízo final
	Que tipo de coisas serão julgadas?
	Quais os resultados específicos do julgamento dos crentes
	Duas questões complexas
	8. Novo céu e nova terra
	9. O estado final dos ímpios e dos justos
	Como será na nova terra
	Apêndice sobre o Milênio
	Ap 20.1-10
	BIBLIOGRAFIA

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