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Aula - Transição demográfica e epidemiológica.

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Transição Demográfica e Epidemiológica
Professor Carlito Nascimento
Disciplina: Epidemiologia
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Transição do Latim (Transitione) Efeito de passar lentamente de um lugar, estado ou assunto para outro.
Remete a noção de passagem, trajeto ou trajetória.
Remete a noção de processo.
Transição
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Teoria que se refere as mudanças no perfil da mortalidade e da fecundidade (datam da primeira metade do século XX).
A humanidade conviveu por milênios com altos índices de mortalidade e natalidade. 
Nos dois últimos séculos, essa situação se alterou  urbanização e industrialização  redução gradativa da mortalidade e da natalidade. 
Transição Demográfica (TD)
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 Taxas de Mortalidade (TM); 
Taxas de Natalidade (TN);
 A população cresce se:  (TN) -  TM;
 Desaceleração do crescimento demográfico  Natalidade declinando  (TN);
 estabilidade demográfica   TN e  TM
Características gerais do processo
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Postula-se 4 estágios na dinâmica populacional; 
Esquema geral comporta variações regionais e sociais;
I. Fase  Fase pré-industrial ou primitiva - altas Taxas de Natalidade e de Mortalidade (A população é jovem e estável);
II. Fase  Fase intermediária de divergência de coeficientes –  da mortalidade e a  natalidade (crescimento da população); 
Fases da Transição Demográfica
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III. Fase  Fase intermediária de convergência dos coeficientes - natalidade em ritmo acelerado e  mortalidade (limitação progressiva do ritmo de crescimento populacional);
IV. Fase  Fase moderna ou pós-transição - ambos os coeficientes em níveis baixos. População estável (crescimento zero), com % substancial de pessoas idosas. Fecundidade próxima ao nível de reposição, (+ ou - 2 filhos/casal). A esperança de vida ao nascer é elevada.
Fases da Transição Demográfica
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Fecundidade - refere-se à fecundidade feminina. Expressa a capacidade reprodutiva de uma população. 
Taxa de Fecundidade Geral (TFG) = 
Número de nascidos vivos x 1.000
 	população de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) 
Fatores da dinâmica demográfica
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Mortalidade - refere-se aos óbitos ocorridos numa população em um determinado período de tempo.
Taxa de Mortalidade Geral =
 Total de óbitos x 1.000
	população no meio do período
Movimentos Migratórios - são os deslocamentos populacionais entre as unidades administrativas de um mesmo território, entre territórios ou entre países.
Fatores da dinâmica demográfica
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Inter-relações entre a transição demográfica e estrutura, por idade e sexo da população.
1. Redução diferenciada da mortalidade
A diminuição da mortalidade foi mais marcante nos grupos etários mais jovens, e menos importante para as pessoas de meia-idade ou idosas. Logo, o progresso afetou mais a Mortalidade Infantil. 
2. Envelhecimento da população
1. Média ou Mediana – Transição demográfica progride, a idade média também se eleva.
2. Pirâmide de Idade – representação gráfica da estrutura de uma população.
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Inter-relações entre a transição demográfica e estrutura, por idade e sexo da população.
3. Comparação entre 3 grupos populacionais –  da mortalidade e da natalidade fazem  o % de jovens (<15 anos),  o % de adultos (15-64 anos) e  o % de idosos (mais de 65 de idade) na população;
4. Índices para representar a estrutura da população 
1. Índice de envelhecimento – relaciona os idosos ao segmento jovem da população (+ de 65 / 0 - 14) X 100
2. Razão de dependência - relaciona os dois segmentos economicamente dependentes (jovens e idosos) à População Economicamente Ativa (PEA). Informa o número de pessoas dependentes por 100 adultos em Idade Economicamente Ativa. ((0 - 14 + 65+) / (15 - 64 ) X 100).
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Inter-relações entre a transição demográfica e estrutura, por idade e sexo da população.
3. Comparação da população por sexo
 Nascem mais homens que mulheres; 
 Entretanto, o corre uma maior mortalidade masculina;
 Dessa forma, a relação se altera e em idades avançadas há muito mais mulheres do que homens;
 Nos muito idosos  2:1 mulheres/homem
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Transição Demográfica nos países industrializados e no Brasil
 Nos países industrializados, a Transição demográfica foi lenta e gradual (fim do séc. XIX e início do séc. XX); Melhorias sociais (saneamento ambiental, melhoria nos níveis nutricionais, habitacionais e educacionais) e econômicas.
 No Brasil,  mortalidade começa na década de 40 e da fecundidade na década de 60 (tecnologia médica e sanitária); 
 Entre as décadas de 40 e 60 ocorreu um grande crescimento populacional no Brasil.
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Evolução da população no Brasil - Mortalidade
 Começa a declinar a partir de 1940. Declínio rápido. Domínio e tratamento das DIP (Programas de vacinação em massa, melhoria nas condições sanitárias);
 O declínio rápido dos níveis de mortalidade + manutenção dos altos níveis de fecundidade = aumeno do volume populacional;
Taxa de crescimento do Brasil durante a década de 60 próxima dos 3% ao ano.
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Evolução da população no Brasil - Fecundidade
 Níveis elevados até os anos 60 (média de 6,8 filhos / casal);
  fecundidade final da década de 60 e início dos anos 70, acentuando-se durante a década de 80;
 Evolução na queda da taxa de fecundidade no Brasil 1991 (2,9), 2000 (2,4), 2005 (2,1), 2008 (2,0), 2014 (1,7) Filhos por Casal; 
 Cabe salientar que esta média esconde variações regionais Nordeste / Sudeste, Zona Urbana / Rural.
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Evolução da população no Brasil - Fecundidade
 Com a taxa média de 2,0 Filho/Mulher, abre-se a Janela de Oportunidade Demográfica. Nos próximos 30 anos, o país terá Maior % de pessoas em Idade Produtiva (15-64 Anos); 
 O % de crianças e idosos diminuirá;
Projeção da população em 2050:
Com a taxa de crescimento atual = 210 milhões habs.
Com a taxa de crescimento de 1991 = 377 milhões habs.
Com a taxa de crescimento de 1970 = 623 milhões habs.
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Evolução das taxas brutas de mortalidade e de natalidade no Brasil, 1881-2020, IBGE
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Brasil, indicadores demográficos 1980/2020
Esperança de vida ao nascer e Taxa de mortalidade infantil (T.M.I.), por sexo e Taxa global de fecundidade (T.G.F.) Brasil, 1980/2020
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais.
Componentes da Dinâmica Demográfica
Nota: Indicadores implícitos na projeção preliminar da população brasileira, pelo método das componentes, para o período 1980/2020 com revisão de hipótese de declínio da fecundidade e incorporação do indicativo do saldo migratório internacional. 
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Crescimento populacional no Brasil
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Transição Epidemiológica (TE)
 A Transição Demográfica, por sua vez, é causa e efeito de outras transições que ocorrem na sociedade. Entre elas, a TE;
 A TE permite associar suas fases a padrões predominantes de morbidade, já que os agravos à saúde, alteram-se, com as mudanças demográficas;
 Refere-se às modificações, a longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. 
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O processo de Transição Epidemiológica (TE) engloba três mudanças básicas:
 Substituição, entre as primeiras causas de morte, das Doenças Transmissíveis (DIPs) por Doenças Não Transmissíveis (crônico degenerativas) e Causas Externas;
 Mudanças socioeconômicas interferem nesta mudança (melhoria nos níveis de instrução, habitação, nutricionais, saneamento ambiental e higiene de maneira mais ampla associada à contribuição das ciências da saúde);
 Deslocamento da maior carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens para os grupos mais idosos;
 
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Estágios da Transição Epidemiológica
Redução progressiva nos Níveis de mortalidade e fecundidade; 
Redução da morbidade e mortalidade por DIP´s e elevação da morbi/mortalidade por doenças crônico-degenerativas (prevalente nos idosos);
Modificações no estilo de vida, envelhecimento
populacional, doenças emergentes e reemergentes. 
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Estágios da Transição Epidemiológica
 I. Fase  período das pragas e da fome: níveis de mortalidade e fecundidade elevados, predomínio de D.I.P, desnutrição e problemas de saúde reprodutiva;
 II. Fase  período de redução das D.I.P;
 III. Fase  período de crescimento das doenças degenerativas e provocadas pelo homem;
 IV. Fase período do declínio da mortalidade por doenças crônicas degenerativas, modificações no estilo de vida envelhecimento populacional;
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Transição Epidemiológica
FATORES IMPORTANTES NA EVOLUÇÃO PARA UM NOVO PADRÃO EPIDEMIOLÓGICO:
 Desenvolvimento socioeconômico  melhoria nos níveis de instrução, de habitação, do estado nutricional, ampliação de programas de saneamento ambiental e higiene de maneira mais ampla associada à contribuição das ciências da saúde.
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Transição Epidemiológica
 Etapa inicial (predominam as DIPs), progressivamente aumentam às doenças crônicas não-transmissíveis (especialmente nos idosos);
 Fator importante nessa evolução  Desenvolvimento socioeconômico envolvendo: melhorias nos níveis nutricionais, de instrução, habitação, ampliação dos sistemas de saneamento ambiental, e de higiene;
 Contribuição das ciências da saúde.
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Transição Epidemiológica
1. Sociedades primitivas (encontram-se na 1ª fase da TD). Altas Taxas de Natalidade e de Mortalidade. Associa-se ao perigo infeccioso o risco nutricional (carencial, representado pela desnutrição protéico-calórica, anemia ferropriva, bócio-endêmico e carência de vitamina A), atingindo mais as crianças;
Esperança de vida baixa e poucos indivíduos sobrevivem até a velhice. Eventos associados à pobreza, analfabetismo e outras condições sociais adversas.
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Transição Epidemiológica
2. Sociedades modernas (4ª fase da TD). Baixas Taxas de Natalidade e de Mortalidade. Redução das DIPs. A Situação nutricional modifica-se (desnutrição protéico-calórica em crianças  obesidade atingindo adultos também).
 Morbidade: predomínio das DCNT e suas complicações (DAC, DP, Neoplasias, Diabetes  prevalentes em pessoas de meia-idade e idosos, passíveis de controle);
 Esperança de vida elevada. Esforço preventivo para identificar e alterar fatores de risco para essas afecções;
 A atenção médica passa a consumir mais recursos financeiros do setor saúde e a atenção social aos idosos passa a representar uma prioridade da sociedade.
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Transição Epidemiológica
 Entre as duas situações, encontram-se regiões em transição demográfica e epidemiológica (2ª e 3ª fases) que são presentes em realidades sociais que tendem a migrar do subdesenvolvimento para níveis melhores de vida;
 O perfil demográfico se caracteriza por aumento populacional, devido ao diferencial entre as TN e TM. O quadro nosológico é misto, bastante complexo, combinando agravos à saúde prevalentes nas duas situações polares descritas.
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TE nos países industrializados
 Inicia-se com o declínio das taxas de mortalidade por algumas doenças transmissíveis entre a população adulta de ambos os sexos, retardando a mortalidade por doenças crônico-degenerativas sem alterar a composição das causas básicas de morte. 
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TE nos países industrializados
 O aumento do tempo de vida nesses países tenderia a provocar o aumento da invalidez e da dependência crescente de serviços sociais e de saúde, por largas parcelas da população. ex: seqüelas do AVC e fraturas após quedas, as limitações provocadas pela insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica, as amputações e cegueira provocados pelo diabetes e a dependência determinada pela demência de Alzheimer.
 No presente, re-emergência de algumas doenças infectocontagiosas, em especial a Tuberculose, ligada à AIDS, e resistência aos antibióticos.
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Transição demográfica x Transição epidemiológica: conexão básica
 A diminuição inicial na mortalidade se concentra seletivamente nas causas de morte ditas infecciosas e tendem a beneficiar os grupos de idade mais jovens;
 A sobrevivência progressiva além da infância aumenta o grau de exposição e fatores de risco associados a doenças não transmissíveis;
 A diminuição da mortalidade afeta a estrutura por idade e repercute sobre o perfil de mortalidade, pois a proporção crescente de pessoas com idade avançada aumenta a importância do adoecimento por doenças crônicas e degenerativas.
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Transição Epidemiológica na A. Latina
TRANSIÇÃO DA SAÚDE
Resposta social organizada a essas condições, que se instrumentaliza através do sistema de atenção à saúde; é a transformação da resposta social expressa na forma em que o sistema de saúde se organiza para a oferta de serviços.
Transição das condições de saúde e enfermidades que definem o perfil epidemiológico de uma população; mudanças de freqüência, magnitude e distribuição das condições de saúde expressas em termos de morte, enfermidade e invalidez.
Transição epidemiológica
Transição na 
atenção à saúde
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Transição Demográfica na Inglaterra
Fonte: Pereira, 1995
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Transição Demográfica no Brasil
Queda rápida da mortalidade e natalidade.
Quadro comparativo das taxas médias de mortalidade e de natalidade no Brasil em períodos aleatórios (taxa por 1.000 habitantes).
Fonte: Pereira, 1995
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Referências
Bibliografia Básica
PRATA, P.R. A transição Epidemiológica no Brasil. Cadernos de saúde Pública, rio de Janeiro, 8(2); 166-175, Abril/junho, 1992.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
MEDRONHO, RA; CARVALHO, DM. Epidemiologia. São Paulo, Atheneu, 2006. 
BARRETO, M. L. & CARMO, H. E. Padrões de adoecimento e morte da população: os renovados desafios para o Sistema Único de Saúde (SUS). Ciência e Saúde Coletiva. 12 (Sup) 1779-1790, 2007. 
Bibliografia Complementar
OMRAM, A.R. The Epidemiologic Transmition: a theory of the epidemiology of population change. Milbank memorial Fund Quarterly, 49 (part.I); 509-538.
MCKEOWN, T; RECORD, R.G. e TURNER, R.D. An interpretation of the decline of mortality in England and Wels during the twentieth-century. Population studies, 24; 391-422, 1975.
POSSAS, C. Epidemiologia e Sociedade: Heterogeneidade e saúde no Brasil. São Paulo, HUCITEC, 1989.  
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