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Infecções do SNC associadas ao HIV Dr Rodrigo R. N. Vargas Introdução Em 2009: 33.3 milhões de pessoas com o vírus HIV 2.6 milhões de pessoas contraíram HIV em 2009 A incidência anual declinou 19% desde o pico em 1999 alguma regiões continua a crescer 7.000 novas infecções ocorrem diariamente 95% países de baixa renda Introdução 1/3 dos pacientes terão acesso a TARV A introdução da TARV alterou a incidência de infecções oportunistas do SNC O tratamento da infecção oportunista associado a TARV aumenta a sobrevida Introdução Infeccções oportunistas no SNC definidores de AIDS Leucoencefalopatia mutifocal progressiva (LMP) Citomegalovírus (encefalite) Tuberculose SNC Meningite criptococica Toxoplasmose cerebral HIV-1 É o mais comum Família Retroviridae e gênero Lentivirus Transcriptase reversa transcreve o RNA viral em DNA integrado ao genoma do hospedeiro Alvos: linfócitos TCD4, monócitos e macrófagos Subtipos: T-tropic CXCR4 para infectar linfócitos M-tropic CCR5 para infectar macrófagos HIV-1 A infecção é caracterizada por 3 estágios: Infecção primária aguda Fase assintomática (latente) Fase crônica sintomática Replicação viral persistente Constante ativação imune Progressiva deteriorização da função imune Grave imunodeficiência HIV-1 Progressão altamente variável : 6 meses após soroconversão ou 20-30 anos Sem TARV : 10-11 anos (AIDS) A maioria das infecções oportunistas resultam da reativação de patógenos latentes Destruição da imunidade celular Características clínicas Infecções oportunistas do SNC devem ser suspeitadas em todas as pessoas com infecções avançadas pelo HIV Pacientes podem abrir o quadro com infecção oportunista do SNC Início da TARV pode desmascarar infecções oportunistas síndrome inflamatória da reconstituição imune CD4 < 200 células Características clínicas Evolução Aguda : meningite criptococia e toxoplasmose Insidiosa: linfoma SNC e leucoencefalopatia multifocal progressiva Princípios das infecções oportunistas neurológicas associadas ao HIV Geralmente ocorrem quando CD4 < 200 células Diagnóstico deve ser baseadona apresentação clínica, tempo de evolução,líquore aspectos radiológicos Múltiplas infecções estão presentes em 15% e algumas podem se revelar após início deTARV A TARV dever ser continuada, modificada ouinciadaem conjunto com a terapia antimicrobiana adequada Tratamento antimicrobiano deve ser mantido até recuperação imune CD4< 200 células Meningite Tuberculosa OMS estima que 1/3 da população mundial seja infectada pelo Mycobacterium tuberculosis Inalação do bacilo Resposta imune mediada por cels T evitam disseminação hematogênica Doença dissemina prontamente redução CD4 Meningite Tuberculosa Pacientes com co-infecção pelo HIV tem maior risco de infecção disseminada Granulomas cerebrais: Tuberculomas Abscesso cerebral parenquimal Rompimento meningites Meningite Tuberculosa Diagnóstico precoce crucial Detecção do bacilo por culturas ou PCR difícil Baixa sensibilidade dos testes PPD e quantiFERON-TB Gold não excluem precisamente tuberculose, principalmente em indivíduos com HIV e CD4 <200 Meningite Tuberculosa Líquor : amplificação do ácido nucleico Aumenta a sensibilidade do teste Em combinação com BAAR A mortalidade em pacientes HIV associados à meningite tuberculosa é 50% Meningite Tuberculosa Tratamento: Isoniazida Pirazinamida Rifampicina Etambutol Durante 2 meses Isoniazida Rifampicina 9 a 12 meses Meningite Tuberculosa Tratamento: Corticóides e início da TARV em associação com terapia anti-tuberculose controversos Estudo com 545 pacientes ( Vietnam) Uso adjuvante de corticóide (dexametasona) Redução 30% risco de óbito Não demostrou diferença nas sequelas Meningite Tuberculosa Tratamento: Estudo com 253 pacientes Tratamento padrão anti-tuberculose + corticóide adjuvante e clotrimazol profilático Início imediato de TARV não alterou evolução Postergar o início de TARV é recomendada para pacientes com meningite tuberculosa Encefalite por Toxoplasmose É a infecção oportunista do SNC mais comum Toxoplasma gondii Reativação do bradizoíto ( cérebro e músculos) Incapaz de bloquear infecção latente Fatores de risco: Grau de imonosupressão Profilaxia com Trimetoprim ( P. jiroveci) Encefalite por Toxoplasmose Linfoma primário do SNC é o principal diagnóstico diferencial RNM / PET scan / Spect tálio Biópsia cerebral se piora com o tratamento empírico Encefalite por Toxoplasmose Tratamento: Pirimetamina Sulfadiazina Ácido folínico Manter o tratamento até CD4 > 200 Corticóides se apresentar efeito de massa e anticonvulsivantes se crises convulsivas Encefalite por Toxoplasmose Fatores de pior prognóstico: Idade > 45 anos Contagem de CD4 Baixa ao diagnóstico Outras doenças definidores de AIDS Encefalopatia Mortalidade : 20 a 60% em 1 ano do diagnóstico Meningite Criptocócica Incidência vem diminuindo após TARV Cryptococcus neoformans Solo e fezes de pombos Cryptococcus gatti Doença em imunocompetentes Inalação de esporos infecção pulmonar primária, infecção latente ou infecção disseminda Em imunocomprometidos reativação da infecção latente Meningite Criptocócica Hidrocefalia e aumento da pressão intracraniana Vômitos Cefaléia Alterações visuais e auditivas Alterações do nível de consciência Meningite Criptocócica Diagnóstico: Punção lombar com manometria Pressão de abertura do líquor é geralmente alta Líquor pode ser normal em 30% dos casos Detecção do fungo com tinta da Índia e cultura Meningite Criptocócica Punção lombar repetida com retirada de volume pode aliviar sintomas e diminuir sequelas neurológicas ( cegueira e surdez) Punção lombar diária se : Pressão de abertura for persistentemente > 25 cm H2O DVP se hipertensão intracraniana difícil controle Meningite Criptocócica Tratamento: Anfotericina B associada à Flucytosine 15 dias Seguido por Fluconazol oral 8 semanas Profilaxia: Fluconazol até CD4 > 200 cels Anfotericina B lipossomal : menor toxicidade renal Encefalite por Citomegalovírus Citomegalovírus Infecções neurológicas são raras, mas graves CMV: Encefalite Retinite Polirradiculoneurite Mononeurite Encefalite por Citomegalovírus Sintomas: Encefalopatia rapidamente progressiva Hiponatremia envolvimento adrenal Convulsões Encefalite por Citomegalovírus Suspeita de encefalite por citomegalovírus: Exame de neuroimagem com contraste Realce meníngeo ou inflamação periventricular Achados inespecíficos Líquor : Predomínio neutrófilos , cultura bacteriana negativa PCR altamente sensível e específico Monitorização do tratamento Encefalite por Citomegalovírus Tratamento: Ganciclovir tratamento de primeira linha Foscarnet leucopenia por ganciclovir Profilaxia secundária : valganciclovir , até recuperação imune pela TARV Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Rara, porém grave infeccção oportunista do SNC Reativação do vírus JC Pode ocorrer com níveis de CD4 > 200 Infecção primária assintomática Vírus armazenado nos rins, medula óssea e tecido linfóide Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Patogenia incerta HIV-1 pode ser co-fator para replicação do vírus JC Lesões desmielinizantes substância branca Sintomas: Déficit neurológico focal de forma insidiosa Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Diagnóstico: Líquor: Detecção do vírus por PCR diagnóstico definitivo Neuroimagem: RNM: Áreas de hiperintensidade uni ou multifocal (T2) Lesão hipointensa bem delimitada (T1) Mínimo edema Sem realce por contraste Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Tratamento: Recuperação imune com TARV Aumenta a sobrevida em 50 a 75% Não há antiviral com eficácia comprovada Ciclofovir pouca eficácia, baixa penetração no SNC e dose limitada (efeitos colaterais) Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Complicação: Resposta imune exacerbada associada a TARV Pode evidenciar ou levar a piora paradoxal da LMP Corticóides efeitos positivos naqueles com resposta imune exacerbada Linfoma Primário do Sistema Nervoso Central Infecção por HIV é um fator de risco primário para linfoma do SNC Após introdução da TARV se tornou raro Grandes células B Esta associado a múltiplas alterações genéticas: Ativação do proto-oncogenes Infecção vírus Epstein-Barr Linfoma Primário do Sistema Nervoso Central Sintomas inespecíficos: Letargia Alterações cognitivas Cefaléias Sintomas focais por efeito de massa Linfoma Primário do Sistema Nervoso Central Diagnóstico: Neuroimagem : TCC ou RNM: Lesões multifocais com realce heterogêneo por contraste TC tórax, abdome e pelve excluir linfoma sistêmico Biópsia padrão ouro Líquor PCR para vírus Epstein-Barr Linfoma Primário do Sistema Nervoso Central Corticóides: Devem ser evitados Apenas para prevenir herniação iminente Tratamento definitivo TARV Radioterapia aumenta a sobrevida Encefalite por Herpes Vírus Simples Causa pouco frequente de infecção oportunista do SNC Herpes vírus 1 Infância Latente em cels da Glia Encefalopatia subaguda Herpes vírus 2 Prevalência aumenta com idade e número de parceiros sexuais Meningoencefalite difusa Encefalite por Herpes Vírus Simples Lesões herpéticas cutâneas não são preditivas de lesões neurológicas Encefalite necrosante acomete lobo temporal e lobo frontal inferior HIV Sintomas variados: Febre / cefaléia / vômitos Confusão mental / convulsões / depressão Disfagia / fotofobia Encefalite por Herpes Vírus Simples Diagnóstico: EEG: Atividade epileptiforme na região frontotemporal Neuroimagem : Hiperintensidade em T2 Realce com contraste Encefalite por Herpes Vírus Simples Tratamento: Escolha aciclovir 30 mg/Kg /dia Durante 14 -21 dias Progressão da doença pode ocorrer apesar do tratamento se CD4 for baixo CD4 Evolução Efeito de massa Proporção de lesões solitárias Encefaliteporneurotoxoplasmose <200 Dias Frequente <20% PML <100 Semanas / meses Raro ~50% Linfoma primário do SNC <100 Semanas Frequente 30-50% Encefalite por CMV <50 Dias Nenhum ----------- Meningitecriptocócica <50 Dias Hidrocefalia aumento da pressão intracraniana Múltiplas Meningite tuberculosa Variável <200 Dias / semanas Hidrocefalia Exudatos Encefalite Herpes simples variável Semanas Mínimo ----------- Meningite criptocócica Toxoplasmose Linfoma Primário Do SNC Leucoencefalopatia Multifocal progressiva Conclusão Apesar das infecções oportunistas do SNC estarem regredindo, ainda possuem efeitos devastadores nos indivíduos HIV +. Possui alta mortalidade, mesmo com o tratamento apropriado, além de sequelas neurológicas. Por isso é importante a prevenção, o diagnóstico precoce e a alta aderência à TARV. Obrigado
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