Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Capítulo 5 Estrutura e custo do capital CONTEÚDO DO CAPÍTULO 5.1 - Estrutura de capital 5.2 - Custo de capital De terceiros Próprio Custo médio ponderado do capital (CMPC) Custo marginal ponderado do capital (CMgPC) Introdução O modo como uma empresa se financia tem impacto direto no retorno que ela oferece aos seus acionistas. Por isso, é importante que o administrador financeiro saiba escolher a melhor combinação de recursos próprios e de terceiros. 5.1 - Estrutura de capital A estrutura de capital de uma empresa corresponde aos fundos de longo prazo oriundos de fontes de capitais próprios e de terceiros. No BP, esses fundos integram as contas que compõem o “passivo não circulante” e o patrimônio líquido. 5.1 - Estrutura de capital 5.2 - Custo de capital O custo de capital é utilizado como parâmetro para as decisões de aprovação ou reprovação de novos projetos, uma vez que estes devem proporcionar retornos superiores aos respectivos custos. Assim, o custo de capital representa a taxa mínima de retorno que novos investimentos devem proporcionar. Ações ordinárias e preferenciais Empresa Custo de capital próprio Custo de capital da empresa (CMPC) Custo de capital de terceiros Empréstimos e debêntures 5.2 - Custo de capital 5.2 - Custo de capital O capital de terceiros é formado por empréstimos e financiamentos contraídos em instituições financeiras e pelas obrigações emitidas pelas empresas, tais como as debêntures. Debêntures são títulos de crédito de médio e longo prazos emitidos pelas sociedades anônimas não financeiras de capital aberto ou fechado. Entretanto, somente as de capital aberto podem fazer colocação pública de debêntures e o investidor, ao adquiri-las, torna-se credor da empresa emissora. Custo de Capital de Terceiros Sobre o montante de capital de terceiros (empréstimos e debêntures), incidem juros Os juros pagos são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda das Empresas, tornando com isso, o custo dessas fontes menor que os juros contratuais. EXEMPLO: Consideremos duas Empresas, X e Y. A empresa X tem, em sua estrutura de capital, R$ 200.000 de empréstimos com juros de 20% ao ano. A empresa Y não apresenta capital de terceiros. 5.2 - Custo de capital CAPITAL DE TERCEIROS As Demonstrações de Resultados dessas empresas no último exercício foram: Empresa X Empresa Y Lucro operacional ou LAJIR R$ 500.000,00 R$ 500.000,00 (–) Despesas com juros 40.000,00 0,00 (=) Lucro antes do imposto de renda 460.000,00 500.000,00 (–) IR (40%) 184.000,00 200.000,00 (=) Lucro líquido 276.000,00 300.000,00 Os juros pagos pela Empresa X reduziram em R$ 16.000,00 seu I. Renda. Assim, os juros Líquidos totalizam R$ 24.000,00. Isso representa uma taxa efetiva de 12% ao ano. Essa taxa corresponde ao custo do empréstimo, podendo ser calculada pela seguinte fórmula: Ke = J x (1 – IR) onde: Ke = custo do empréstimo (taxa efetiva); J = taxa de juros contratada; IR = alíquota do IR Partindo dos dados da empresa X, temos: Ke = 20% x (1 – 0,40) Ke = 12% 5.2 - Custo de capital CUSTO DAS DEBÊNTURES Ao emitir debêntures, a empresa assume os encargos relativos a operação desse tipo, taxas administrativas etc. Para determinar o custo dessa fonte de financiamento, é necessário elaborar o fluxo de caixa correspondente. Para exemplificar, consideremos que a Empresa Rio Pequeno S.A. tenha emitido debêntures nas seguintes condições: Valor nominal: R$ 100.000,00 (–) Deságio: (2.000,00) (–) Encargos relativos à colocação: (4.000,00) (=) Valor líquido recebido: 94.000,00 O prazo para resgate das debêntures é de quatro anos; a taxa de juros é de 20% ao ano, pagos anualmente; e a alíquota do IR da empresa é de 40%. O fluxo de caixa das debêntures corresponde: 5.2 - Custo de capital TIR =14,06% Fluxo de caixa das debêntures O custo das debêntures, Kd, é determinado pela TIR desse fluxo: 5.2 - Custo de capital Plan1 ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 Pagamento de Juros 20,000.00 20,000.00 20,000.00 20,000.00 (-) Benefício I.R. (40%) 8,000.00 8,000.00 8,000.00 8,000.00 Despesas c/ Juros Líquidas 12,000.00 12,000.00 12,000.00 12,000.00 (+) Pagamento do Resgate 100,000.00 Total Desembolsado 12,000.00 12,000.00 12,000.00 112,000.00 Valor Líq. Recebido 94,000.00 CUSTO DE EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Ao contratar empréstimos e financiamentos, as instituições financeiras cobram taxas e comissões, reduzindo o valor líquido recebido. Para determinar o custo dessa fonte de financiamento, é necessário elaborar o fluxo de caixa correspondente (situação análoga às debêntures). Para exemplificar, consideremos que a Empresa Rio Pequeno S.A. tenha solicitado empréstimo junto ao Banco ABCD: Valor nominal: R$ 200.000,00 (–) Taxas e comissões bancárias (15.000,00) (=) Valor líquido recebido: 185.000,00 Prazo do empréstimo de quatro anos (devolução do principal no final do contrato); a taxa de juros é de 20% ao ano, pagos anualmente; e a alíquota do IR da empresa é de 40%. O fluxo de caixa das debêntures corresponde: 5.2 - Custo de capital TIR =14,61% Financiamentos Fluxo de caixa do empréstimo O custo do empréstimo, Ke, é determinado pela TIR desse fluxo: 5.2 - Custo de capital Plan1 ANO 0 ANO 1 ANO 2 ANO 3 ANO 4 Pagamento de Juros 40,000.00 40,000.00 40,000.00 40,000.00 (-) Benefício do I.R. (40%) 16,000.00 16,000.00 16,000.00 16,000.00 Despesas com Juros Líquidas 24,000.00 24,000.00 24,000.00 24,000.00 (+) Devolução do Principal 200,000.00 Total Desembolsado 24,000.00 24,000.00 24,000.00 224,000.00 Valor Líquido Recebido 185,000.00 5.2 - Custo de capital O capital próprio corresponde aos recursos investidos pelos proprietários da empresa e de lucros retidos. Em uma definição bastante simplificada, o custo de capital próprio deve corresponder à remuneração da melhor alternativa de investimento dos quais os investidores abriram mão ao aplicarem seus recursos na empresa. O custo do capital próprio de uma sociedade anônima de capital aberto deve ser determinado para as ações existentes (sejam ordinárias ou preferenciais), quando há o ingresso do novo capital e quando há lucros retidos. Pode ser calculado: Por meio do desconto do fluxo de dividendos futuros esperados (Gordon Shapiro). A expressão de Gordon e Shapiro tem aplicação em empresas estáveis em relação à distribuição de dividendos. Com a equação do CAPM. 5.2 - Custo de capital CAPM K= RF + [β (KM – RF)] + RB Modelo de Gordon Custo do capital próprio 5.2 - Custo de capital MODELO DE GORDON Custo das ações já existentes K = taxa de desconto compatível ao risco assumido pelos fornecedores de capital próprio Kao = custo das ações ordinárias Kap = custo das ações preferenciais P0 = preço corrente da ação D1 = dividendo por ação esperado ao final do ano 1 g = taxa anual esperada de crescimento dos dividendos das ações 5.2 - Custo de capital MODELO DE GORDON Custo de novas ações K = custo das novas ações Knao = custo das ações ordinárias Knap = custo das ações preferenciais VL = valor líquido recebido pela venda da nova ação D1 = dividendo por ação esperado ao final do ano 1 g = taxa anual esperada de crescimento dos dividendos das ações 5.2 - Custo de capital Custo dos lucros retidos Os lucros retidos são tratados como equivalentes ao ingresso de recursos mediante a emissão de novas ações, mas sem incorrer em gastos com taxas, comissões, corretagens etc. No cálculo do custo dos lucros retidos, Klr, é utilizada a mesma equação das ações ordinárias existentes, de modo que Klr = Kao 5.2 - Custo de capital Alternativamente ao emprego da expressão de Gordon e Shapiro, o CAPM (Capital Asset Pricing Model ou Modelo de Precificação de Ativos Financeiros) tem sido mais utilizado para a determinação do custo de capital próprio. Um pressuposto básico para a utilização do CAPM é que os mercados estejam globalmente integrados e que os retornos dos títulos estejam normalmente distribuídos. Para isso, é necessário que os investidores tenham a possibilidade de alocar seu capital livremente. Em países nos quais os investidores são diversificados e os mercados estão integrados, o CAPM tem sido amplamente utilizado. Entretanto, nos países emergentes, como é o caso do Brasil, esse modelo não tem se mostrado um bom estimador da taxa de retorno esperado de um ativo, por isso para a sua aplicação alguns ajustes são sugeridos. 5.2 - Custo de capital CAPM: K = RF + [β x (KM – RF)] + RB onde: K = retorno esperado para o ativo RF (risk free) = taxa de retorno para um ativo livre de risco β = Coeficiente beta . É uma medida de risco. Um índice do grau de movimento do retorno de um ativo em resposta ao retorno do mercado. É uma medida do grau de variação dos retornos de uma ação em relação à variação do mercado de ações. São obtidos nas principais corretoras de valores do país. KM = retorno esperado da Carteira de Ativos do Mercado. RB = Risco Brasil. 5.2 - Custo de capital Custo médio ponderado de capital (CMPC) Representa o custo dos financiamentos de longo prazo da empresa (custo de capital). Corresponde à média dos custos das fontes de capital (próprios e de terceiros) ponderados pela participação relativa de cada uma delas na estrutura de capital da empresa. 5.2 - Custo de capital Wd = proporção de debêntures na estrutura de capital We = proporção de empréstimos na estrutura de capital Wao = proporção de ações ordinárias na estrutura de capital Wap = proporção de ações preferenciais na estrutura de capital Wlr = proporção de lucros retidos na estrutura de capital Kd = custo de debêntures Ke = custo de empréstimos Kao = custo de ações ordinárias Kap = custo de ações preferenciais CMPC = (Wd x Kd) + (We x Ke) + (Wao x Kao) + (Wap x Kap) + (Wlr x Kao) 5.2 - Custo de capital Quanto à estrutura de capital, são consideradas: Aquela constante do balanço patrimonial, valorizada pelos respectivos custos históricos A composição das fontes constantes do balanço patrimonial, valorizadas a preços de mercado 5.2 - Custo de capital EXEMPLO: Estrutura de Capital (com custos históricos) CMPC = (13,33% x 0,1406) + (26,67% x 0,1461) + (40,00% x 0,1850) + (20,00% x 0,1650) = 1,87% + 3,90% + 7,40% + 3,30% = 16,47% 5.2 - Custo de capital Plan1 Valor Proporção Custo contábil (K) EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Debêntures R$ 100,000.00 13.33% 14.06% Empréstimos R$ 200,000.00 26.67% 14.61% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ações ordinárias (25 mil ações a R$ 12,00 cada) R$ 300,000.00 40.00% 18.50% Ações preferenciais (15 mil ações a R$ 10,00 cada) R$ 150,000.00 20.00% 16.50% R$ 750,000.00 100.00% EXEMPLO: Estrutura de Capital (a preços de mercado) CMPC = (9,76% x 0,1406) + (19,51% x 0,1461)+ (48,78% x 0,1850) + (21,95% x 0,1650) = 1,37% + 2,85% + 9,02% + 3,62% = 16,86% 5.2 - Custo de capital Plan1 Valor Proporção Custo contábil (K) EXIGÍVEL A LONGO PRAZO Debêntures R$ 100,000.00 9.76% 14.06% Empréstimos R$ 200,000.00 19.51% 14.61% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Ações ordinárias (25 mil ações a R$ 20,00 cada) R$ 500,000.00 48.78% 18.50% Ações preferenciais (15 mil ações a R$ 15,00 cada) R$ 225,000.00 21.95% 16.50% R$ 1,025,000.00 100.00% ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL Uma estrutura ótima de capital é aquela que leva a empresa ao menor custo médio ponderado de capital. EXEMPLO 5.2 - Custo de capital CUSTO MARGINAL PONDERADO DO CAPITAL (CMgPC) É o custo ponderado de capital associado à próxima unidade monetária do novo financiamento da empresa. Considere uma empresa que planeja realizar investimentos em novos ativos imobilizados e cujo administrador financeiro pode escolher as fontes para a captação dos recursos necessários. Nesse caso, cabe a ele definir a combinação que resulte no menor custo de capital para financiar os projetos. O custo que esses novos recursos representa é o CMgPC (Custo Marginal Ponderado de Capital). Ou seja, é o custo total associado aos novos financiamentos obtido pela empresa. Esse custo é relevante nas decisões de investimentos, uma vez que se espera que a empresa invista em ativos que proporcionem taxas de retorno acima de seu custo marginal ponderado de capital. 5.2 - Custo de capital
Compartilhar