Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fluxo de Nutrientes nos Ecossistemas Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Agrárias Departamento de Solos e Engenharia Agrícola AL321 – ECOLOGIA AGRÍCOLA Profa. Fabiane Machado Vezzani Nutrientes mais importantes: • C, O, N – Reservatório principal: ATMOSFERA – Caráter global (figura) • P, S, K, Ca, micronutrientes – Reservatório principal: LITOSFERA - SOLO – Caráter local Fluxo C Reservatório: atmosfera Ricklefs, 2003. Valores em Gigatoneladas – 1015g Nutrientes mais importantes: • C, O, N – Reservatório principal: ATMOSFERA – Caráter global • P, S, K, Ca, micronutrientes – Reservatório principal: LITOSFERA - SOLO – Caráter local (figura) Fluxo P Reservatório: solo Ricklefs, 2003. Valores em Gigatoneladas – 1015g Khatounian, 2001. Os dois fluxos de nutrientes no ambiente terrestre: chuva, vento, fertilizantes, corretivos Khatounian, 2001. Os dois fluxos de nutrientes: Os dois fluxos de nutrientes: • Fluxo mineral: – Entradas: intemperismo, chuva, vento, fertilizantes e corretivos. – Saídas: fixação, lixiviação, erosão. • Fluxo orgânico: – Entradas: idem fluxo mineral → entra no fluxo C. – Saídas: idem fluxo mineral → menor, em função da ciclagem. • Fonte principal de N, S e P: mas, envolve todos os nutrientes. • Solo pobre: maior importância. Depósito abiótico Absorção pelas plantas Cadeia Trófica Fluxo de E Intemperismo rochas Gases atmosfera União dos Fluxos: acompanha Gliessman, 2000. Fluxo de Nutrientes nos Ecossistemas Naturais Acompanha o fluxo de E: POR QUÊ? parte aérea raízes fotossíntese SOL palha CO2 CO2 organismos Fluxo de energia e matéria: nutrientes Quem são os organismos do solo? • Biomassa microbiana: – bactérias, actinomicetes, fungos, algas, protozoários, vírus. • Bactérias: significância pela atividade e abundância • Fauna: ácaros, nematóides, aranhas, insetos, formigas, minhocas, centopéias, caramujos, camundongos. Número de organismos em uma grama de solo: Organismo Número estimado / g solo Bactérias 3.000.000 a 500.000.000 Actinomicetes 1.000.000 a 20.000.000 Fungos 5.000 a 900.000 Leveduras 1.000 a 100.000 Algas 1.000 a 500.000 Protozoários 1.000 a 500.000 Nematódeos 50 a 200 Pelczar et al., 1997. 1 g solo → 1 bilhão de células Microflora e microfauna Mesofauna Macro e megafauna Alimento: microrganismos - regulação da MO - Habitam os espaços porosos Alimento: microrganismos - regulação da MO - Movimentam-se no perfil “Engenheiros do Ecossistema” Alimento: resíduos vegetais - regulação da MO - Organismos Decompositores do Solo - diâmetro do corpo X funções no solo - Classificação de Swifit et al., 1979 apresentado em Tyller Miller & Spoolman, 2012. Bolsas de Decomposição Foto: arquivo pessoal Dados apresentados em Odum & Barrett, 2007. Atividade de microartrópodos, nematóides e fungos na decomposição de resíduos orgânicos. Sem microartrópodos Sem fungos e microartrópodos Sem fungos, microartrópodos e nematóides Tipos de Metabolismo Tipo Fonte E Fonte C Doador e- Exemplo Fotoautotróficos luz CO2 H2O Plantas, algas, cianobactérias H2S, S 0, H2 Bactérias Chlorobiaceae e Chromatiaceae Fotoheterotróficos luz Substâncias orgânicas Substâncias orgânicas Algumas algas, bactérias Rhodospirillaceae Quimioautotróficos Substâncias minerais CO2 Substâncias minerais Nitrificadores, Thiobacillus Quimioheterotróficos Substâncias orgânicas Substâncias orgânicas Substâncias orgânicas Animais, protozoários, fungos, maioria das bactérias Neves, 1992. Estrutura da Celulose Cerri et al., 1992. – Polímero de glicose não-ramificado. – Espaço entre as moléculas: depósito lignina nas plantas maduras. – Paredes celulares plantas, algas e fungos. Estrutura da Hemicelulose Cerri et al., 1992. – União de açúcares simples e ácidos urônicos, geralmente em cadeia ramificada. – Íntima associação física com a celulose na parede celular das plantas. Estrutura da Lignina Cerri et al., 1992. – Polímero aromático altamente ramificado. – Vários tipos de ligações (fortes) e não se repetem regularmente. – Está associada à celulose na parede celular. – Conteúdo aumenta com a idade da planta. Resíduo orgânico C N P S K ------------------------------------ % --------------------------------------- Milho 44 1,4 0,2 0,17 0,9 Alfafa 45 3,3 0,28 0,44 0,9 Madeira N.D. 0,13 0,006 0,005 0,03 Citado por Cerri et al, 1992. Composição elementar de alguns resíduos orgânicos: N.D. = não determinado C e outros elementos são o fluxo de matéria !!!! Transformação plantas a MOS: Siqueira & Franco, 1988. Transformação plantas a MOS: Siqueira & Franco, 1988. Complexidade das Moléculas: - diferentes enzimas - rotas diversas - tempos diversos É necessário diversidade para favorecer estas reações !!!! Transformação plantas a MOS: Siqueira & Franco, 1988. Beare et al., 1995. Visão hierárquica da biodiversidade vegetal influenciando a diversidade da estrutura e das funções do solo. Diversidade de plantas estimula diversidade organismos. Fonte:http://soils.usda.gov/SQI/concepts/soil_biology/images/SBPfoodwebWords.jpg Modelo de cadeia alimentar do solo 1 g solo = 1 bilhão de células !!!!! SOL CO2 CO2 Fluxo de energia e matéria: organismos nutrientes SOL CO2 CO2 Fluxo de energia e matéria: CO2 80% matéria orgânica organismos SOL CO2 CO2 Fluxo de energia e matéria: matéria orgânica Espectro de material orgânico T ra n s fo rm a ç ã o p la n ta s a M O S : Siqueira e Franco, 1988. O que é a MOS? Espectro de material orgânico Compartimentos: – Resíduos vegetais e animais – Raízes – Exsudatos vegetais e animais – Biomassa microbiana – Matéria Orgânica Particulada – Matéria Orgânica Humificada Tempo de residência dos compartimentos da MOS: Compartimentos Residência (anos) Resíduos vegetais, raízes e exsudatos 0,25 Biomassa microbiana 0,25 Matéria Orgânica Particulada ----** Matéria Orgânica Humificada 1000 Informações de Duxbury et al. (1989) apresentadas em Mielniczuk (2008). partes de plantas raízes Fernandes, 2002 Matéria Orgânica Particulada Siqueira & Franco, 1988. Velocidade de decomposição de diferentes materiais orgânicos no solo ** Odum & Barret, 2007. Modelo de uma molécula de ácido húmico Anéis benzênicos Anéis cíclicos de N Cadeias laterais de N Resíduos de carboidratos Apresentado em Cerri et al., 1992. Taxa de decomposição de constituintes orgânicos dos vegetais Apresentado em Odum & Barrett, 2007. Ação do clima na decomposição dos resíduos com diferentes teores de lignina Beare et al., 1995. Visão hierárquica da biodiversidade vegetal influenciando a diversidade da estrutura e das funções do solo. Diversidade para decompor as moléculas orgânicas. Diversidade de organismos atingida pela diversidade de plantas SOL CO2 CO2matéria orgânica Funções ??? Matéria Orgânica do Solo: • Nutrientes na sua estrutura • Cargas elétricas • Retenção de nutrientes • Interação com minerais • Complexação de compostos • Fonte de alimento para organismos Funções atingidas por meio das suas propriedades. filossilicato 2:1 = esmectita óxidos de Fe nutrientes Lâmina tetraedral Lâmina octaedral Lâmina tetraedral Apresentado em Novotny & Martin-Neto, 2008. Modelo Matéria Orgânica Humificada Cornejo & Hermosín, 1996. Modelo Interação Molécula Orgânica e Filossilicato nutrientes filossilicato Propriedades: REATIVIDADE Com Moléculas Orgânicas: • Ligações eletrostáticas • Pontes de H • Forças de Van der Walls • Complexos de Coordenação → agrocidas Simulação sorção atrazina, muscovita, ácido húmico Apresentado em Novotny & Martin-Neto, 2008. atrazina muscovita ácido húmico Estrutura polimerizada para ligação Al, Fe3+, Fe2+ pela MO - Complexos de Coordenação - Apresentado em Stevenson & Fitch, 1986 Dick et al., 2009. Mecanismos de interação MOS e cátions Células Microbianas = cargas elétricas!!!!!!! Burns, 1986. INTERAÇÕES AGROCIDAS NUTRIENTES ARGILOMINERAIS MATÉRIA ORGÂNICA Reatividade das Propriedades: COLOIDAIS • Forma e flexibilidade** • Propriedades superficiais: – alta ASE (800-1400 m2 g-1) • Dimensões: grande relação área/volume Simulação sorção atrazina, muscovita, ácido húmico atrazina Flexibilidade: Apresentado em Novotny & Martin-Neto, 2008. Propriedades: COLOIDAIS • Forma e flexibilidade • Propriedades superficiais: – alta ASE (800-1400 m2 g-1) • Dimensões: grande relação área/volume Caulinita: 30 m2 g-1 Vermiculita: 750 m2 g-1 Propriedades: ESPAÇOS VAZIOS • Estrutura da MO contém espaços vazios de diferentes tamanhos • Alojam-se compostos orgânicos: carboidratos, materiais proteináceos, lipídios, agrocidas e outros poluentes. • Alojam-se também: filossilicatos e óxidos Apresentado em Dick et al., 2009. Espaços vazios: Região I e Região II aprisionam íons e moléculas neutras. Matéria Orgânica do Solo: • Nutrientes na sua estrutura • Cargas elétricas • Retenção de nutrientes • Interação com minerais • Complexação de compostos • Fonte de alimento para organismos Funções atingidas por meio das suas propriedades. SOL CO2 CO2 Fluxo de energia e matéria: CO2 80% matéria orgânica organismos CO2 microagregados matéria orgânica CO2 Auto- Organização do Sistema Solo microagregados matéria orgânica CO2 CO2 CO2 CO2 CO2 minerais compostos nutrientes estoque matéria orgânica estoque nutrientes adsorção compostos atividade biota HIFAS CO2 macroagregados CO2 RAÍZES Auto- Organização do Sistema Solo 0 5 10 15 20 25 30 35 40 pangola descoberto < 0.053 0.053 - 0.25 0.25 - 2 2 - 4.76 > 4.76 classes de diâmetro dos agregados (mm) % d e a gr eg ad os microagregados macroagregados Argissolo Vermelho 0-10 cm condição inicial 17 anos Vezzani, 2001 0 5 10 15 20 25 30 35 40 pangola descoberto < 0.053 0.053 - 0.25 0.25 - 2 2 - 4.76 > 4.76 classes de diâmetro dos agregados (mm) % d e a gr eg ad os microagregados macroagregados Vezzani, 2001 Haynes & Beare, 1996 Structure and organic matter storage in agricultural soils. pastagem trevo ladino milho soja girassol sorgo trevo doce massa raízes g vaso-1 ri z o d e p o s iç ã o C g v a s o -1 0 1 2 3 4 5 6 0 0.4 0.8 1.2 1.6 CO2 CO2 RAÍZES ação mecânica adição MO Importância das Raízes: Biomassa microbiana mg C kg-1 PC trigo / pousio 266 pastagem 1158 Collins et al., 1992 4x Tipo de agregado Peso agregados mg kg-1 microbiano 400 raízes-microbiano 1240 Forster, 1979 3x + MO = + agregação + microorganismos = + MO : RETROALIMENTAÇÃO !!!! HIFAS CO2 macroagregados CO2 RAÍZES Auto- Organização do Sistema Solo macroagregados HIFAS RAÍZES CO2 CO2 + estoque matéria orgânica + estoque nutrientes + adsorção compostos + atividade biota compostos nutrientes Carbono no solo comparado ao carbono na cobertura vegetal em diferentes biomas Piccolo, 1996. 3 X a biomassa vegetal!!! Potencial de estocar nutrientes/matéria. matéria orgânica O fluxo de C é o fluxo de matéria... CO2 HIFAS RAÍZES lixiviação erosão CO2 Perda de matéria..., neste caso, o fluxo está frágil, mais perda do que adição. revolvimento lixiviação erosão CO2 Perda muito maior, fluxo bem mais frágil. Haynes & Beare,1996. C o rg â n ic o ( % ) 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5 tempo (anos) 1950 1960 1970 1980 preparo convencional pastagem pastagem preparo convencional Apresentado em Dick et al., 2009. Química e Mineralogia do Solo – Parte II. SBCS. Apresentado em Dick et al., 2009. Química e Mineralogia do Solo – Parte II. SBCS. Bayer et al., 2006. Soil Tillage Research, 91: 217-226 Produção de C - matéria Preparo do solo Culturas Adição C COT 13o ano CO2 perdido ( ou retido (+) 13 anos Mg ha-1 Convencional Aveia/Milho 54 25,9 -24,4 Aveia+vica/ Milho+caupi 105 30,6 - Direto Aveia/Milho 50 32,6 +0,2 Aveia+vica/ Milho+caupi 99 37,8 +19,3 Bayer et al., 2001. Argissolo Vermelho Distrófico típico Depressão Central do RS diversidade de plantas CO2 CO2 CO2 CO2 CO2 CO2 CO2 Estoque de C em diferentes solos e condições ambientais Vezzani, 2001. Guabiju Eldorado do Sul Eldorado do Sul Dose de Nitrogênio (kg ha-1) Cultura 0 40 80 120 --------------- Mg ha-1------------------ Pousio 5,56 6,10 6,20 6,71 Aveia- preta 3,49 4,32 5,20 5,80 Ervilhaca Peluda 6,95 7,08 7,22 7,06 Rendimento de milho em cultivo mínimo sobre diferentes culturas de inverno Calegari (1998) Khatounian, 2001. Ciclo de uma Cultura Sincronismo: liberação – absorção dias após o manejo 0 20 40 60 80 100 120 140 % n itr og ên io n os re sí du os 0 20 40 60 80 100 aveia aveia+ervilhaca ervilhaca Amado et al., 2000. Taxa de decomposição de resíduos em sistema plantio direto - Região da Depressão Central do RS - P Mehlich P solução Prof (cm) PC PD PC PD -------mg kg -1 -------- --------g dm -3 ------- 0-2 4,2 14,5 6,0 27,0 2-4 3,9 14,5 8,0 25,0 4-6 3,8 16,6 5,0 23,0 6-8 4,0 19,1 7,0 24,0 8-10 4,0 14,6 15 28,0 10-15 4,4 7,3 8,0 16,0 15-20 3,8 4,4 7,0 24,0 20-30 4,4 1,2 11,0 17,0 Guarapuava (20 anos) – Coop. Agrária Ciotta et al., 2002. MO afeta reações do P no solo: - ciclagem de P via biomassa microbiana - formas orgânicas - Saturação e bloqueio de sítios reativos dos minerais Beare et al., 1995. Visão hierárquica da biodiversidade vegetal influenciando a diversidade da estrutura e das funções do solo. Diversidade promove: - atividade biotaedáfica - ciclagem eficiente: liberação/absorção Ciclos C, N, P e S na MOS Siqueira & Franco, 1988 Decomposição e Ciclagem de Nutrientes Apresentado em Siqueira & Franco, 1988 O que afeta a ciclagem? Siqueira & Franco, 1988 Qualidade dos resíduos Raízes: - Densidade - Profundidade Atividade e Biomassa Biota: -Temperatura - ambiente e solo - Umidade - ambiente e solo - Fonte de alimento Beare et al., 1995. Visão hierárquica da biodiversidade vegetal influenciando a diversidade da estrutura e das funções do solo. Diversidade promove ciclagem. Como aumentar a eficiência do ciclo? Siqueira & Franco, 1988 Qualidade dos resíduos Raízes: -Densidade -Profundidade Atividade e Biomassa Biota: -Temperatura - ambiente e solo -Umidade - ambiente e solo -Fonte de alimento Estratégias para uso sustentável dos nutrientes: 1) Condições AMBIENTAIS adequadas à biota: • Temperatura • Umidade • Aeração 2) Fonte de Alimento: • Adição contínua • Sistema radicular • Qualidade diferente Solo coberto Sem revolvimento Manejo: Cultivo contínuo de plantas Espécies diferentes Manejo: Beare et al., 1995. Visão hierárquica da biodiversidade vegetal influenciando a diversidade da estrutura e das funções do solo. - solo coberto - diversidade parte aérea - diversidade raízes - diferentes profundidades raízes Bibliografia Complementar: • Capítulos de livros: – GLIESSMAN,S.R. Agroecologia. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. Capítulo 2 – item Ciclagem de Nutrientes – KATHOUNIAN, C.A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: Agroecológica, 2001. Capítulo IV. – ODUM, E.P.; BARRET, G.W. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. Capítulo 4. – RICKLEFS, R.E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A., 2003. Capítulo 7. • Textos disponíveis para cópia: – Processos Microbiológicos e Bioquímicos no Solo: Siqueira e Franco, 1988. – Composição da Fase Sólida Orgânica do Solo: Silva, Camargo e Ceretta, 2000. – Dinâmica e Função da Matéria Orgânica: Bayer e Mielniczuk, 1999. – Matéria Orgânica e a Sustentabilidade de Sistemas Agrícolas: Mielniczuk, 1999.
Compartilhar