Buscar

Metodologia Teoria e Prática Científica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO – IFMA
BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL
TEORIA E PRÁTICA CIÊNTÍFICA
Dezembro/2014
São Luís-MA
RESUMO
Sabe-se que existem vários tipos de conhecimento aos quais o homem tem acesso durante sua vida, tais como o empírico(senso comum), religioso, filosófico e científico. Este último possui grande importância na sociedade atual por sua preocupação em não somente compreender e explicar fenômenos, como também comprová-los. Para isso, utiliza-se de métodos tais como Dedutivo, Indutivo, Hipotético-Dedutivo entre outros. Dessa forma, torna-se importante uma discussão sobre a Teoria e Prática enquanto instrumentos científicos, uma vez que esses dois tópicos perpassam por todos os métodos, sejam mais timidamente ou notoriamente. Essa pesquisa tem por objetivo resgatar historicamente as diversas formas e correntes que se preocupavam com o conhecimento e associando-os à teoria e/ou prática, além de fazer um levantamento de autores e obras que trabalham a importância de ambas na produção de conhecimento científico.
Palavras-Chave:Teoria, Prática, Empirismo, Racionalismo.
1 INTRODUÇÃO
É indiscutível a importância da ciência para a sociedade atual. Os avanços e as melhorias que ela proporcionou em diversas áreas tornaram-na indispensável para se ter uma vida de qualidade. Por ser metódica e sistemática, também é considerada como a maneira mais eficaz de se produzir conhecimento seguro. Mas nem sempre foi assim: em diferentes épocas e de diferentes formas, as civilizações tentavam, cada uma, explicar o desconhecido à sua maneira.
Kauarket al (2010) definiram três fases, mais ou menos consecutivas, da atitude do homem frente à natureza: a fase do medo, a do misticismo, e finalmente a fase da ciência. A primeira remete à fase em que os seres humanos não entendiam ainda os fenômenos naturais e não dominavam técnicas para dominar a natureza, portanto apegavam-se ao medo e se tornavam reféns do aleatório. Na segunda, já se tentava buscar explicações para tais fatos desconhecidos, associando a pensamentos abstratos e associativos como sendo produtos da magia, ou da ira, benevolência ou vontade dos deuses e outras figuras míticas. Segundo os autores, essa fase teria sido fundamental para a etapa evolutiva seguinte, que seria a ciência.
Mas antes de chegar à ciência como um método – baseada no pensamento de Descartes, o mito passa antes para o logos, a razão, onde as explicações agora tinham uma preocupação mais racional e lógica, evitando as contradições e outros fatores que davam descrédito aos mitos. Como nesse momento o logos ocupa o lugar que antes era dos mitos, os primeiros filósofos se preocuparam em responder as perguntas que antes os mitos davam resposta: questões da origem das coisas, por exemplo. Tendo em vista isso, um dos filósofos que teve grande destaque nessa época e que tem certa relação com nossa discussão sobre teoria e prática foi Parmênides.
A principal contribuição desse filósofo foi dar base para os princípios clássicos para a lógica formal, tais como o princípio da identidade, da não contradição e do 3° excluído.  Mesmo recebendo duras críticas de Aristóteles e Platão, que refutaram sua teoria de “o ser é” e o “não ser não é”, é inegável a contribuição de Parmênides para o mundo contemporâneo e moderno no campo da lógica. A partir da época grega, as correntes filosóficas ficaram mais refinadas e ganharam mais destaque, ficando cada vez mais entrelaçadas com teoria e prática. Tais correntes serão discorridas posteriormente.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Empirismo vs Racionalismo
O surgimento da teoria e prática como instrumentos metódicos e formadores de conhecimento começa a ganhar mais destaque a partir da época entre os séculos XVII e XVIII. Nesse período, destacaram-se duas correntes filosóficas que tentavam chegar à sua maneira à propiciação do conhecimento. Eram essas correntes o Empirismo e Racionalismo. A primeira assemelha-se em alguns aspectos com o pragmatismo, uma vez que prega a concepção do conhecimento pela exclusivamente pela experiência, pelos sentidos humanos. A segunda segue o extremo inverso, onde ignora totalmente o papel da experiência uma vez que os sentidos humanos não são confiáveis.
Parece improvável que se chegue a um consenso para a pergunta central da discussão fomentada pela pergunta: onde nasce o conhecimento, da prática ou da teoria? do Empirismo ou do Racionalismo? da indução ou dedução? etc. Este é um debate que provavelmente não se esgotará tão brevemente. 
O empirismo pode ser definido como: “concepção que fundamenta nosso conhecimento, ou o material com o qual ele é construído, na experiência através dos cinco sentidos” (Honderich, 1995; p.226). Assim, os empiristas consideram a experiência como a fonte e o critério seguro de todo o conhecimento. A indução constituía-se, segundo os empiristas, no método através do qual os enunciados universais eram obtidos dos enunciados particulares. (SILVEIRA, 2002)
Bacon foi o iniciador do empirismo inglês. Ele defendeu que a ciência era um instrumento de domínio da natureza ao serviço da sociedade. Partindo do princípio da experiência como fonte de todo o conhecimento, preconizou uma nova metodologia para a investigação cientifica: o método experimental e indutivo. Este método assenta em três momentos essenciais: O primeiro consiste na observação dos factos; O segundo na colocação de hipóteses por indução; O terceiro na verificação experimental das hipóteses, através do maior número possível de experiências. Concebeu a investigação como uma organização racional que procura isolar as causas dos fenómenos naturais. O conhecimento objetivo, obtido através deste método experimental, era uma cópia fiel da natureza, depurado de todas as imagens ou formas enganosas. (BACON, 2000)
Hume argumentou que todo o conhecimento que se refere à matérias de fato emana das impressões dos sentidos, das intuição sensíveis, mas estas somente nos dão ideias particulares e contingentes. A conseqüência de não existir uma justificativa para o método indutivo era a impossibilidade de um conhecimento necessário da natureza; deste modo, o empirismo de Hume conduziu ao ceticismo. Kant, no seu período pré-crítico, foi lendo Hume que ele sentiu a necessidade de repensar a filosofia.
Os autores que defendem a vertente do racionalismo o fazem pela prerrogativa de que as informações prestadas pelos sentidos são passíveis de erros, e dependem muito do observador. Platão argumentava que o mundo sensível encontrava-se em contínua alteração e mudança, como o verdadeiro saber ter as características da necessidade lógica e da validade universal, não se pode procurá-lo no Mundo Sensível, ainda respondeu com a Teoria da Anamnese ou Teoria da Recordação: a alma participou do Mundo das Idéias em uma existência pré-terrena, contemplando aquele mundo; depois encarnou (teoria da reecarnação) como um membro da espécie humana. Mas a alma traz como idéias inatas os objetos imateriais daquele mundo. Desta maneira, para Platão conhecer é recordar. (SILVEIRA, 2002).
Para René Descartes, que é considerado o fundador do racionalismo moderno, a razão era capaz de chegar ao conhecimento da realidade de modo semelhante ao conhecimento matemático, ou seja, por dedução a partir de princípios instituídos de maneira independente da experiência, e que para obtermos conhecimentos devemos usar exatamente o mesmo instrumento que usamos com números, a razão, porque só a razão nos fornece conhecimento seguro.
2.2 Críticas ao Empirismo e Racionalismo
Aproveitando o tópico anterior e a proximidade que existe entre Prática, Empirismo e Indução, e Teoria, Racionalismo e Dedução, pode-se aproveitar críticas relacionadas a essas correntes e aplica-las em nosso tema Teoria e Prática.
Em relação à prática, por exemplo: esta parte na ciência se remete bastante à observações e experimentaçõespara comprovar uma determinada teoria. Essas observações e experimentações nos lembram do método indutivo, e dessa forma os problemas desse método cabem à parte prática. Como por exemplo, o problema da subjetividade: as interpretações de diferentes observadores sobre um fato podem variar mesmo se estes são submetidos às mesmas condições de observação. E também o problema da conclusão apenas provável e sem uma certeza absoluta, uma vez que não dá pra testar todos os casos existentes de uma determinada questão, mas sim concluí-la por indução.
Um dos primeiros autores que podemos citar que tece críticas a essa posição indutivista na formação de conhecimento é Karl Popper. Para Popper, o conhecimento formado unicamente por experiências era um mito e não poderia existir, pois não se poderia concluir teorias apenas com enunciados singulares, e também não se pode inferir uma verdade universal apenas com observações particulares, mesmo que essas observações sejam muitas. Dessa forma, ele desacreditava que a observação ocupava esse papel importante que os indutivista tanto pregavam. Contrariando tais pensadores, Popper destaca o papel de hipóteses e argumentações como importantes pilares na construção de conhecimento (MAIRINQUE, 2004, p. 3-4).
Outro autor que muito aborda essa crítica ao indutivismo e que podemos associar à obtenção de conhecimento pela prática foi Alan Chalmers. Ao criticar o que chamou de “indutivismo ingênuo”, Chalmers, autor do livro “O que é ciência afinal” (1993) se utiliza de dois parâmetros dogmáticos da doutrina em análise, que são: “a ciência começa com a observação  e “a observação produz uma base segura da qual o conhecimento pode ser derivado”.
A ciência começa com a observação:
Em suas críticas, Chalmers, se utilizou apenas do sentido da visão como parâmetro de observação. O autor resgata que o “indutivista ingênuo” acredita vermente na realidade ou aplicabilidade dos dados que colhe à medida que todos os entes (observadores) sejam normais e saldáveis e consequentemente possuem os mesmos mecanismos biológicos de visão, portanto, colhem os mesmos dados, sendo estes suficientes, todavia afirma de forma contrária que a mais no ato de observar do que apenas a ação de ver, as percepções visuais adquiridas dependem também do estado interior da mente de cada ser humano, o que é inerente aos conhecimentos, cultura e expectativas de cada indivíduo ou sociedade. Ao decorrer da argumentação foram utilizados diversos exemplos, dos quais se destacou o do “desenho tridimensional de uma escada”, Chalmers escreve que pessoas normais da sociedade moderna visualizam da imagem apenas dois padrões: uma escada com degraus para cima e uma escada com degraus para baixo, considerando que os indivíduos observadores são normais, ou seja as imagens que chegam a retina de qualquer pessoa saudável são iguais, ele afirma que , ao ser dada a ilustração à uma outra sociedade, com culturas diferentes, como por exemplo, uma trigo africana, que tem a particularidade de não representar imagens tridimensionais de forma bidimensional, a imagem pode levar a interpretações diferentes, no caso apenas um padrão complexo de linhas, ou seja, a observação de um mesmo agrupamento de dados gerou resultados diferentes, a ciência, deste modo não inicia apenas com a observação, e sim com a escolha crítica dos fatores e dados a serem observados para deste modo melhor utilizar-se dos fatores mentais que influenciam a observação. Outro exemplo é o do “aluno de medicina”, neste exemplo um aluno hipotético em uma aula sobre análise de placas de raios x, pode não entender as “manchas” contidos na folha, mas os seus professores observam uma gama de informação perceptível através do mesmo padrão de manchas, o que caracteriza a dualidade do que pode ser observado, todavia ao decorrer do curso e de muito estudo o dito aluno passa a entender os mesmos dados, e através das mesmas manchas que os seus tutores veem, ou seja: o conhecimento (estado interior da mente humana) é fator de modificação da observação.
b.    A observação produz uma base segura da qual o conhecimento pode ser derivado:
Chalmers afirma que os Indutivistas Ingênuos acreditam cegamente no poder que as observações possuem (em si mesmas) para a elaboração de um estudo cientifico e que os dados catalogados são a base de todo conhecimento. Ao refutar tal posição, o autor do livro afirma que as observações apenas levam a preposições, que são totalmente dependentes de teorias de base, e estas são anteriores a catalogação dos dados, além de demonstrar que a precisão dessas “teorias de base” é o que definirá a assertividade e uma análise científica. Caso as teorias de base estejam equivocadas, toda a observação será comprometida, sem comprometer necessariamente a lógica das preposições de observação, culminando em falsas impressões da verdade, a observação sempre é influenciada pelo “conhecimento teórico” anterior, “As proposições de observação são tão sujeitas a falhas quanto às teorias que elas pressupõem e, portanto, não constituem uma base completamente segura para a construção de leis e teorias cientificas”. Um exemplo bastante simples usado no livro se destaca:
 “Considere-se a afirmação: “Eis um pedaço de giz”, enunciada por um professor ao indicar um pequeno cilindro branco em frente do quadro-n”. Mesmo esta básica proposição de observação envolve teoria e está sujeita a falhas. Alguma generalização de nível baixo, tal como “Cilindros brancos encontrados em salas de aula próximos a quadros-negros são pedaços de giz”, está suposta. E, é claro, esta generalização não é necessariamente verdadeira. O professor em nosso exemplo pode estar errado. O cilindro branco em questão pode não ser um pedaço de giz, mas uma falsificação cuidadosamente elaborada colocada lá por um aluno em busca de divertimento. O professor, ou alguém mais, poderia tomar medidas para testar a verdade da afirmação “Eis um pedaço de giz”, mas é significativo que quanto mais rigoroso for o teste mais se apelará à teoria, e, além disso, a certeza absoluta nunca é alcançada. Por exemplo, ao ser questionado, o professor pode passar o cilindro branco ao longo do quadro negro, apontar o traço branco resultante e declarar: “Aí está, ele é um pedaço de giz”. Isto envolve a suposição “O giz deixa traços brancos quando é passado no quadro-negro”. A demonstração do professor pode ser contestada pela réplica de que outras coisas, além do giz, deixam traços brancos no quadro-negro. Talvez, depois de outros movimentos do professor, tais como esfarelar o giz, sendo contestado de maneira similar, o professor possa recorrer à análise química. O giz é em grande parte carbonato de cálcio, ele argumenta, e, portanto, deve produzir dióxido de carbono se for imerso num ácido. Ele realiza o teste e demonstra que o gás derivado é dióxido de carbono mostrando que ele torna a água de cal leitosa. Cada estágio nesta série de tentativas de consolidar a validade da proposição de observação “Eis aqui um pedaço de giz” envolve um apelo não só a proposições de observação ulteriores, mas também a generalizações mais teóricas. O teste que forneceu o ponto de sustentação em nossa série envolveu uma certa quantidade de teoria química (o efeito dos ácidos nos carbonatos, o efeito peculiar do dióxido de carbono sobre a água de cal). No sentido de estabelecer a validade de uma proposição de observação, então, é necessário apelar à teoria, e quanto mais firmemente a validade for estabelecida, mais extensivo será o conhecimento teórico empregado. Tal proposição está em contraste direto com o que poderíamos esperar que se seguisse de acordo com a visão indutivista, a saber, que no sentido de estabelecer a verdade de alguma proposição de observação problemática apelássemos a proposições de observação mais seguras, e talvez a leis delas obtidas indutivamente, mas não à teoria”. (CHALMERS, 1993, pags 48-49)
Ou seja, o experimento demonstra o quanto às teorias de base, se equivocadas, podem influenciar nossas observações,e também o quanto é necessário recorrermos a elas para definir as preposições corretas, logo diferentemente do que afirmam os indutivistas, a observação não produz base segura para a derivação do conhecimento.
Além destes citados, outros autores também criticam a proposta de formar conhecimento unicamente pela prática ou teoria, pelo empirismo ou racionalismo, tendo em vista que cada uma possui suas limitações. Outros autores inclusive propõem que a melhor maneira se de produzir saber e ciência, seria pela união entre as duas, que iremos melhor tratar no próximo tópico. 
2.3 Teoria e Prática
Dentre os autores que pregavam a união entre Teoria e Prática, podemos citar Kant, Prax de Mar e Severino.
Kant, como já citado anteriormente, era adapto da teoria do racionalismo, porém ao conhecer as teorias de Hume, sentiu-se disposto a repensar a filosofia, porém, ao passo que estudava, tentou encontrar um elo entre as teorias. No início da sua crítica, publicada em 1781, intitulada Crítica da razão pura, ele indica o caminho que iria percorrer:
Que todo o nosso conhecimento começa com a experiência, não há dúvida alguma, pois, do contrário, por meio do que a faculdade de conhecimento deveria ser despertada para o exercício senão através de objetos que tocam nossos sentidos e em parte produzem por si próprios representações, em parte põem em movimento a atividade do nosso entendimento para comparálas, conectá-las ou separá-las e, desse modo, assimilar a matéria bruta das impressões sensíveis a um conhecimento dos objetos que se chama experiência? Segundo o tempo, portanto, nenhum conhecimento em nós precede a experiência, e todo ele começa com ela. 
Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que a nossa própria faculdade de conhecimento (apenas provocada por impressões sensíveis) fornece de si mesma, cujo aditamento não distinguimos daquela matéria-prima antes que um longo exercício nos tenha tornado atentos a ele e nos tenha tornado aptos à sua abstração (Kant, 1987, p. 1. Grifo no original).
Kant afirmou que apesar da origem do conhecimento ser a experiência, existem certas condições a priori para que as impressões sensíveis se convertam em conhecimento, ou seja, faz uso do empirismo e do racionalismo.
Para Marx, a conquista do conhecimento do real e a sua exposição ordenada no plano do pensamento, podem criar a ilusão de uma construção a priori, de esquemas dedutivos. Mera ilusão, se pensarmos que uma obra, quando finalizada, nada mais é do que fruto de intensa pesquisa e exposição articulada por meio de uma coerência discursiva interna.
Conforme pode-se observar ao estudar de forma mais abrangente as produções de Marx, o mesmo apresenta o seu método dialético dentro de uma configuração racional, empírica e materialista. Movimenta suas pesquisas do particular para o geral e vice-versa, busca apreender dinâmicas e formular conceitos por meio de estudos comparados dos fenômenos sociais, esforça para demonstrar a coesão entre o que anda nas ‘cabeças’ e as bases materiais sobre as quais se localizam os ‘pés’ e coloca a temporalidade dos fenômenos sociais no centro do seu pensamento. (BARBOSA, 2012)
Além destes autores citados, nesse tópico também podemos incluir Antônio Joaquim Severino, professor aposentado de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP. Severino faz uma abordagem da ciência como construtora de conhecimento, fazendo uma junção entre o teórico e o prático para construção da mesma. Em sua obra Metodologia do Trabalho Científico (2007) , o autor conceitua ciência como a união teórica com dados empíricos, e que a estrutura lógica da ciência como um método é dividida em duas fases: a primeira seria a experimental, uma fase mais indutiva, feita a partir de observações e em que se poderia chegar a hipóteses gerais. A segunda seria o método matemático, baseado na dedução e onde enfim de produziria ciência a partir das leis e teorias geradas pelo método indutivo.
Além disso, ele continua sua análise afirmando que para se fazer ciência é necessário que o homem parta de “verdades pressupostas”, uma concepção do real, pois a ciência precisa se apoiar em alguns pressupostos universais para ter consistência.
Estes autores exemplificam o pensamento que une Teoria e Prática, tanto como na concepção de conhecimento como na formação de ciência em si. A linha de pensamento de indução contra dedução, empirismo contra racionalismo, apresentam falhas e limitações em certo ponto, e a união de ambas fornece um modelo mais seguro e confiável quando comparado à ambas isoladamente.
3 CONCLUSÃO
Em virtude de tudo que foi exposto neste trabalho, podemos concluir que a todas as formas de conhecimento são válidas, que uma não se sobrepõe à outra, pois nenhuma das duas pode ser anulada ou perder sua importância. É notória a importância de se discutir sobre de onde parte o conhecimento, porém é necessário ter sensibilidade pra entender a dimensão que ela está inserida. Descobrir de onde parte o conhecimento não é tarefa fácil. É indiscutível que o conhecimento através da ciência tem modificado a forma como o homem se relaciona com a natura, descobrir como gerenciar o que está ao nosso redor é o que nos possibilita melhorar nossa qualidade de vida. 
 A teoria depende da prática e a prática da teoria. Não é a toa que essa discussão já vem levantando questionamentos ao longo do tempo, grandes nomes e grandes cientistas, buscaram levantar argumentos para defenderem seus pontos de vista, mas afinal, onde nasce o conhecimento? da prática ou da teoria? do Empirismo ou do Racionalismo? da indução ou dedução?. Mediante todos os argumentos que foram levantados durante a presente pesquisa, tudo leva a crer que a teoria e a prática são indissociáveis e que uma não persiste sem a outra, que o ponto inicial de onde surge o conhecimento vai variar de situação para situação.
O texto discutido em sala de aula intitulado “Certezas e o erro de Galileu” de Marcelo Gleiser, exemplifica bem essa discussão sobre a teoria e a prática, uma vez que, responder à pergunta principal do texto sobre se o universo está contido no nosso cérebro ou nosso cérebro está contido no universo é uma tarefa árdua.
Assim, podemos concluir que dentre os vários métodos existentes para se produzir ciência e conhecimento, tais como Método Dedutivo, Método Indutivo, Hipótetico Deduvito e Dialético, não se podem falar qual seria o melhor método entre todos, mas sim em qual o método mais apropriado dependendo do tipo de pesquisa que se vai produzir. É importante, porém, que os métodos e resultados sejam bem explicados e descritos, para que outros pesquisadores possam também realizá-las e comparar os resultados, podendo refutá-lo ou confirmá-lo. Essas medidas garantem que a ciência não se torne tal como o mito era antigamente, dando a ela um status maior de confiabilidade e credibilidade.
REFERÊNCIAS
BACON, F. Novum Organum. Trad. E notas de José Aluysio Reis de Andrade. SP: Nova Cultural, 2000. (Coleção os Pensadores).
BARBOSA, Walmir. Marxismo: História, Política e Método. Disponível em < http://www.goiania.ifg.edu.br/cienciashumanas/images/downloads/monografias/monografias_marxismo.pdf.> Acesso em: 08 de jan. 2015.
CABRAL, J. F. P. Parmênides. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/filosofia/parmenides.htm>. Acesso em: 08 dez. 2015.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Filker. São Paulo: Brasiliense, 1993. 210 p. Disponível em: <http://www.nelsonreyes.com.br/A.F.Chalmers_-_O_que_e_ciencia_afinal.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2014.
CONHECIMENTO Científico e Senso Comum. Disponível em: <http://www.coladaweb.com/filosofia/conhecimento-cientifico-e-senso-comum>. Acesso em: 22 dez. 2014.
HONDERICH, T. (ed.) The Oxfordcompanion to Philosophy. Oxford: Oxford
Unvisersity Press, 1995.
KAUARK, F.; MANHÃES, F. C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da pesquisa: um guia prático. Itabuna: Via Litterarum, 2010.
MAIRINQUE, I. M. O “conhecimento objetivo” e o “problema” como pressuposto da construção do conhecimento para Karl. R. Popper. Disponível em: <http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistalable/numero6/igor.pdf>. Acesso em 24 dez. 2014.
SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. 23 ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. 304 p.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4 ed. rev. atual. Florianópolis: UFSC, 2005.
SILVERA, Fernando Lang da. A Teoria do Conhecimento de Kant: O idealismo transcendental. Caderno Catarinense de Ensino de Ensino de Física, Florianópolis. 2002.
SOUSA, R. Tipos de Conhecimento. Disponível em: <http://www.infoescola.com/filosofia/tipos-de-conhecimento/>. Acesso em: 22 dez. 2014.

Outros materiais