Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO Parte III Profª. Tereza Aureliano de Lima “O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos...”(SANTOS, 2005. p. 12): Continuação... * 1.1 - Alimentação através dos tempos 1.2 - Antropologia cultural, culinária e nutrição 1.3 - Hábitos Alimentares e Tabus 1.4 - Cronologia brasileira e maranhense 1.5 - Alimentação, nutrição e nutrientes 1.6 - Leis de Nutrição UNIDADE I * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS Alimentação e cultura é tema que tem preocupado não só os antropólogos, como estudiosos da nutrição. É uma espécie de alfa e Omega que investigando o passado, estabelece dados mais seguros para o futuro. Estudos da conduta humana, em relação a alimentação comprovam que hábito alimentar é uma parte inseparável de uma forma de vida. A evidência científica do valor do alimento não é, geralmente argumento suficiente para determinar mudanças de hábitos alimentares. Fatores psicológicos são motivações mais fortes e merecem observações e estudo para aplica-lo na educação alimentar. * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS Saber não como mudar os hábitos, e sim, como se modificam os hábitos alimentares. Hábito – é uma forma de reação adquirida relativamente invariável que se manifesta nas atividades facilitadas pela repetição. Hábitos alimentares – são as formas com que os indivíduos selecionam, consomem e utilizam os alimentos disponíveis e que incluem os sistemas de produção armazenamento elaboração, distribuição e consumo de alimentos. * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS A forma com que o homem obtém, aproveita e consome seus alimentos, os valores que a sociedade atribui aos alimentos, enfim, a alimentação de um povo faz parte do contexto cultural do mesmo, formando parte de uma quantidade de fatores inter-relacionados, como economia, estrutura social, religião, fator psicológico. A capacidade de adaptação do indivíduo às disponibilidades dos alimentos é de tal maneira desenvolvida, que não há alimentação ideal para a humanidade nem para a coletividade. Cada sociedade define por si o que são alimentos de cada definição a palavra adquire múltiplos significados. * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS Em muitos países e regiões, a luta para obter alimentação em quantidade suficiente tem sido ponto de origem de todas as atividades, crenças, práticas que formam a cultura de um povo. Como vimos o hábito alimentar faz parte da cultura, isto é, integra o indivíduo no seu grupo, ele está de tal modo adaptado ao seu hábito que mal será possível uma alteração brusca, isto poderá acarretar problemas sérios tanto do ponto de vista orgânico quanto do psicológico. * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS Espontâneas são aquelas que geralmente ocorrem pelo desejo que o indivíduo tem de consumir alimentos que lhe dão maior prestígio social. Ex.: chá em lugar do leite, desmame precoce Dirigidas são as mudanças que se desenvolvem à luz dos conhecimentos científicos. Produção alimentar; Elevado do nível econômico; Maior poder aquisitivo; Cultivo de alimentos regionais; Divulgação do consumo. * HÁBITOS ALIMENTARES E TABUS Os hábitos alimentares da população amazônica ainda hoje é identificada pelos próprios fatores culturais. Hábitos Alimentares no Brasil Para entender melhor os hábitos alimentares brasileiros têm que dividi-lo em regiões devido ao tamanho do nosso território. As áreas alimentares brasileiras Amazônica, Nordeste, Sertão, Oeste, sul * AS ÁREAS ALIMENTARES BRASILEIRAS Amazônica - Farinha de mandioca (farinha dágua), Pirarucu manteiga e carne de tartaruga, Mingau (chibé) – farinha de mandioca + rapadura, Castanha do pará Nordeste – compreende a região que vai do Piauí até o sul da Bahia. Farinha de mandioca, feijão, carne seca, café, rapadura, aipim, milho e frutas. Sertão nordeste – Polígono das secas. Região muito pobre onde a fome assola a população de forma epidêmica devido ao clima tropical, seco e semi-árido. Mel, rapadura e cuscuz. O sertanejo, devido ao quadro de pobreza onde os hábitos alimentares são os da própria cultura leva a déficit protéico vitamínico e mineral * AS ÁREAS ALIMENTARES BRASILEIRAS As grandes Área sul – Mais favorecida do Brasil com clima e estações bem definidas e os solos mais ricos do país. Industrias, rebanhos e lavouras do país estão ai concentradas, os imigrantes influenciaram, contribuíram com suas tradições alimentares. Podemos melhorar e modificar estes hábitos através de conscientização do povo sobre a importância de uma alimentação equilibrada através da educação alimentar seja ela proporcionada pelas instituições, governos, família, escola, esta é a porta para modificar os hábitos alimentares da nossa sociedade. * AS ÁREAS ALIMENTARES BRASILEIRAS Fatores culturais psicológicos sociais ecológicos e econômicos agem na formação do hábito alimentar, desse hábito influencia muito no estado físico, psíquico e social do homem. No Brasil a alimentação de um modo geral é deficiente nas diferentes regiões do país com padrões alimentares incorretos e desarmônicos. A alimentação incorreta advém de fatores e aspectos de ordem político-econômica e social-cultural, além de fatores da natureza e localização geográfica. * AS ÁREAS ALIMENTARES BRASILEIRAS A alimentação nas diferentes regiões do Brasil Fatores Ambientais A colonização Os pratos típicos regionais * OS PRATOS TÍPICOS REGIONAIS Região Norte Tacacá: caldo do tucupi com folhas de jambu, um tipo de erva encontrada na região. Diversos tipos de pimentas com camarões secos, servidos em cuias. Maniçoba: uma panelada de folhas novas de mandioca trituradas no pilão ou na máquina de moer e cozidas por um dia inteiro. Depois, são adicionados carne de sol, cabeça de porco, mocotó, toucinho, sal, alho, folha de louro e hortelã-pimenta. Frutas silvestres como açaí, murici, graviola, cupuaçu, mangaba e pupunha apresentadas sob a forma de sorvetes, sucos e cremes. A pupunha também é cozida com sal para substituir o pão. Castanha do pará, guaraná, manga verde e abacate com farinha e açúcar. Carne de tartaruga, costume que preocupa os ecologistas; Jacaré assado ou cozido com pimenta. * OS PRATOS TÍPICOS REGIONAIS Região Nordeste No sertão, a população se dedica à criação de gado bovino e caprino, usando a carne, leite, e frutas.Outros pratos típicos do nordestino são angu, cuscuz, carne de sol e combinações exóticas como a abóbora com leite, queijo com rapadura, batata-doce com café, doce de leite com banana etc. Na maioria dos estados, as influências estrangeiras foram preservadas pela dona de casa branca, portuguesa de origem fidalga. A galinha ao molho pardo, feita com o sangue da ave dissolvido em vinagre, é uma adaptação da chamada galinha de cabidela, prato do Portugal quinhentista. Mas na Bahia, quem dominou queijo e a manteiga. Consome-se feijão, batata- doce, mandioca e alguns legumes o forno e o fogão foram as escravas africanas com seus pratos sagrados, o que caracterizou a culinária pelo encontro entre o real e o imaginário religioso. * OS PRATOS TÍPICOS REGIONAIS Região Centro-Oeste A abertura da rodovia Belém-Brasília, na época da mudança da capital do Rio de Janeiro para a Brasília, em 1961, representou um marco de desenvolvimento da região. A rodovia permitiu que inúmeras famílias de colonos dos estados do Sul fossem para o Centro-Oeste brasileiro, como proprietários das novas terras cultiváveis. Esses colonos tinham larga experiência em agricultura e pecuária modernas. Antes dessa época, o Centro-Oeste era uma região isolada. Dessa forma, sua culinária estava condicionada aos recursos do meio ambiente, especialmente da pesca e da caça. A região é banhada pelas duas maiores bacias hidrográficas do continente: a da Amazônia e a do Prata. Alguns dos produtos da pesca e caça regionais são: pacu, piranha, dourado, pintado, anta, cotia, paca, capivara, veado e jacaré. * O que são Tabus? Por mais culto e civilizado que o homem seja, ele é supersticioso.Quando se está no campo alimentar aparecem os chamados tabus alimentares. Tabu alimentar é o tabu acerca de alimentos (bebidas e comidas) que as pessoas evitam ingerir em função de razões religiosas, culturais ou de saúde. Origem da palavra Polinésia – verdadeiro sentido não é conhecido Em nossa língua tem 2 sentidos: Sagrado; Perigoso e proibido Existem 2 escolas psicológicas que tentam definir: Wundt -> Instinto do medo Freud -> psicanalítica (patológica) * Tabus Os tabus podem ser divididos em 3 tipos distintos: Natural ou direto -> produto de uma força misteriosa inerente a uma pessoa ou objeto Transmitido ou indireto -> adquirido ou transferido Intermediário -> nato e adquirido Quanto à duração: Temporário -> relacionados com estado fisiológico ou atividade como: menstruação, parto. Permanente -> são aqueles transmitidos por pessoas de geração a geração. * Tabus Tabus alimentares Caracteriza-se por uma interdição ou proibição à ingestão de certos alimentos, que têm uma “força sagrada” integrada em uma situação mística de crenças. Exclusões alimentares Proibição imposta às mulheres grávidas e as lactentes Proibição imposta às mulheres no período menstrual Proibição as crianças Durante a puberdade e a adolescência * Tabus No Brasil o tabu alimentar provavelmente, teve sua origem nas necessidades que os primeiros governantes tiveram de preservar a adaptação e multiplicação de diferentes empecíeis animais e vegetais trazidos do exterior para alimentar os primeiros colonizadores. Os recursos na época eram escassos, foram então criados tabus, com a finalidade de preservar para futuro consumo * Tabus Álcool -> com manga (mata); com farinha (empanzina); com melancia Leite -> com manga; tomar água após a coalhada Carne de porco e peixe -> causa odor na menstruação Tabus sobre frutas: Manga não deve ser comida a noite Fruta verde dor de barriga Melancia é indigesta Fruta gêmea (pe) Frutas cruas é ruim na menstruação Coco agrava a tosse Laranja prejudica a cicatrização Manga com ovo Tabus sobre carnes: Carne é proibido nas febres, causa diarréia Carne de porco não se come na gravidez Galinha de pescoço pelado * Tabus O tabu é universal e adquire peculiaridades mais fortes, dependendo do lugar, bem como da cultura e da evolução de cada povo. Muitos consideram o tabu como algo proibitivo e altamente primitivo e este contribui para a formação de muitos hábitos alimentares, levando muitos povos à desnutrição. Uma vez estabelecido o tabu é difícil elimina-lo. Dificilmente haverá explicação científica, conveniente e convincente, capazes de dissuadi-los que observam os tabus * NOVOS TABUS... As influências atuais Nas últimas três décadas, ocorreram importantes mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros: redução no consumo do arroz, feijão e farinha de trigo; maior consumo de carnes em geral, ovos, laticínios e açúcar; substituição da gordura animal por óleos vegetais, manteiga por margarina e aumento nos gastos com alimentos industrializados. Começam a surgir alternativas nas indústrias de alimentos e dos serviços de alimentação: alimentos congelados e pré-cozidos, drive-thru, fast-food, delivery, e self-service traduzem a importação do novo estilo do padrão alimentar brasileiro. * NOVOS TABUS... Os profissionais de saúde e educação devem se questionar e avaliar se há perdas importantes dos nossos hábitos alimentares culturais devido à “globalização” da forma de nos alimentarmos, ou se 20 existem aspectos da evolução tecnológica na área alimentícia que merecem ser incorporados à nossa cultura. A orientação e educação alimentar, através dos modernos meios de comunicação, aliadas à preservação dos bons hábitos alimentares e de salários compatíveis com o direito de alimentar, são fundamentais para se vencer a luta contra a má nutrição do brasileiro. * REFERÊNCIAS MAUÉS, Maria Angélica; MAUÉS, Raymundo Heraldo. O folclore da alimentação: tabus alimentares da Amazônia. Belém. 1980. SOUTO MAIOR, Mário. Os mistérios do faz-mal. Recife: 20-20 - Comunicação e Editora, 1996. GASPAR, Lúcia. Tabus alimentares. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. * TABU * O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Os alimentos não são somente alimentos. Alimentar-se é um ato nutricional, comer é um ato social, pois constitui atitudes ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações... Nenhum alimento que entra em nossas bocas é neutro. Neste sentido, o que se come é tão importante quanto e quando se come, onde se come, como se come e com quem se come. * * * Os fatores de ordem geográfica e sociológica precisam ser considerados quando estudamos os hábitos alimentares brasileiros. Quanto ao aspecto geográfico, devemos destacar que o Brasil fica entre a linha do Equador e a zona temperada pouco abaixo do Trópico de Capricórnio, o que facilita o cultivo de alimentos variados (de climas temperado e tropical). O fato de nosso país ter 8 mil km de costa atlântica favorece uma atividade pesqueira bastante diversificada. Com relação ao aspecto sociológico, convém lembrar a rápida miscigenação entre índios, portugueses e negros africanos e entre os imigrantes que vieram para o Brasil a partir do século XIX, atraídos pela abertura do movimento imigratório. Famílias italianas, alemãs, portuguesas, espanholas, polonesas, japonesas e árabes introduziram seus hábitos alimentares nas regiões onde se estabeleceram. Colonização (espanhois, alemães, italianos, arabes, japoneses, franceses..) * Os índios nativos da Região Norte tinham como alimento básico a mandioca. Esta raiz é, até hoje, o prato típico local, servindo, além de outros usos, para o preparo do tucupi, um molho feito a partir do “suco” da mandioca ralada e espremida, que depois é decantado e fervido. Ao caldo obtido são adicionadas alfavaca e chicória. O pato no tucupi é o prato mais famoso do Pará. Os peixes também representam uma parcela importante da alimentação, sendo os mais consumidos o tambaqui, traíra, piranha, pescada, sardinha de rio, tucunaré, pacu e o pirarucu. Este último também é chamado “bacalhau da Amazônia”, por ser conservado pelo processo da salga, introduzido pelos jesuítas em meados do século XVII. * Além das influências indígena, portuguesa e negra, os nordestinos receberam contribuições de holandeses, franceses e ingleses que invadiram o território e o dominaram durante uma época. O resultado é uma culinária rica e variada, que veio a caracterizar a comida da região. A região Nordeste está dividida em duas partes: a primeira compreende o litoral, que se estende desde o Piauí até o Sul da Bahia, e é conhecida como zona da mata; a segunda compreende o sertão nordestino e é chamada de polígono das secas. Na zona da mata, o solo é fértil e as plantas encontram condições adequadas para se desenvolverem bem. Os alimentos mais usados nessa área são a farinha de mandioca, o feijão, a carne seca, a rapadura e o milho. * Dos peixes, frutas e carnes do Centro-Oeste surgem pratos típicos como o peixe na telha (assado na telha), peixe com banana, carne com banana, costelinha, bolinhos de arroz, pamonha... pela fronteira de Minas Gerais vieram o feijão tropeiro, a carne seca, o toucinho e a banha de porco. Com a influência da culinária do Sul, os hábitos alimentares se ampliaram bastante, mas sem comprometer a manutenção dos pratos que existiam anteriormente. Exemplos de pratos que surgiram com a migração dos sulistas são o churrasco gaúcho e o virado paulista. Anos depois, o Centro-Oeste começou a receber pessoas de todas as regiões do Brasil, atraídas pelas promessas de emprego e melhores condições de vida, especialmente na nova capital do país. Brasília pode ser considerada uma reunião dos diferentes costumes, sotaques e hábitos alimentares das mais diversas localidades brasileiras. * Um dos tabus alimentares mais conhecidos no Brasil, de norte a sul, é que faz mal chupar manga e tomar leite, em seguida, porque causa congestão. O tabu é antigo e teria surgido na época do Brasil colonial, quando os fazendeiros o inventaram, para evitar que os escravos chupassem manga, cuja safra era abundante, e tomassem leite às escondidas, por ocasião das ordenhas, diminuindo assim o volume do produto que chegava à casa-gande. Foi disseminada a crença entre os escravos que a mistura poderia até matar. Há também vários outros tabus referentes ao consumo da fruta: · chupar manga e beber muita água, em seguida, dá dor-de-barriga; · não convêm misturar manga com cachaça, intoxica; · chupar manga e comer ovo provoca indigestão; · misturar manga com jaca provoca dores intestinais. É claro que, com o progresso e o avanço tecnológico, além do advento do liquidificador utilizado no preparo das vitaminas e do hábito de fazer salada de frutas, fizeram com que muitos desses tabus envolvendo o consumo de frutas perdessem a força, principalmente em grande centros urbanos. O tabu que “Cachaça com leite talha dentro da gente” tem origem, provalvemente, no espanhol “la leche con el vino tornase venino”. Outros tabus alimentares registrados e difundidos pelo Brasil: · melancia com vinho empedra no estômago; · comer carne e peixe na mesma refeição encurta a vida; · misturar banana com goiaba, faz mal, dá constipação; · comer sarapatel e depois tomar leite, faz mal porque talha o fígado; · ovos com banana faz mal; · comer mamão com ovo dá dor e pode ser fatal; · tomar cachaça e depois caldo de cana provoca dor de estômago; · comer pepino e tomar cachaça dá congestão; · comer banana e depois jaca faz mal porque dá prisão de ventre; · comer ovo e chupar abacaxi dá congestão das brabas. * * TÃO FORTES SÃO AS COERÇÕES SOCIAIS EM TODOS OS AMBITOS QUE ATÉ NAS FORMAS DE SE ALIMENTAR ESSAS COERÇÕES SE IMPOEM NAS MAIS IMPROVÁVEIS FORMAS E MOTIVOS; PQ?
Compartilhar