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A psicomotricidade infantil HOME › 51COMPARTIDOSComenta (37) Nos movimentos da criança se articula toda sua afetividade, desejos e suas possibilidades de comunicação. O que é psicomotricidade? Sua definição ainda está em formação, já que à medida que avança e é aplicada, vai-se estendendo a distintos e variados campos. No princípio, a psicomotricidade era utilizada apenas na correção de alguma debilidade, dificuldade, ou deficiência. Hoje, vai mais longe: a psicomotricidade ocupa um lugar importante na educação infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais. A psicomotricidade é a ação do sistema nervoso central que cria uma consciência no ser humano sobre os movimentos que realiza através dos padrões motores, como a velocidade, o espaço e o tempo. Movimento e atividade psíquica O termo psicomotricidade se divide em duas partes: a motriz e o psiquismo, que constituem o processo de desenvolvimento integral da pessoa. A palavra motriz se refere ao movimento, enquanto o psico, determina a atividade psíquica em duas fases: a sócio-afetiva e cognitiva. Em outras palavras, o que se quer dizer é que na ação da criança se articula toda sua afetividade, todos seus desejos, mas também todas suas possibilidades de comunicação e conceituação. A teoria de Piaget afirma que a inteligência se constrói a partir da atividade motriz das crianças. Nos primeiros anos de vida, até os sete anos, aproximadamente, a educação da criança é psicomotriz. Tudo, o conhecimento e a aprendizagem, centra-se na ação da criança sobre o meio, os demais e as experiências através de sua ação e movimento. Estimulação e reeducação Através da psicomotricidade pode-se estimular e reeducar os movimentos da criança. A estimulação psicomotriz educacional se dirige a indivíduos sãos, através de um trabalho orientado à atividade motriz e as brincadeiras. Na reeducação psicomotriz se trabalha com indivíduos que apresentam alguma deficiência, transtornos ou atrasos no desenvolvimento. Tratam-se corporalmente mediante uma intervenção clínica realizada por um pessoal especializado. Princípios e metas da psicomotricidade infantil A psicomotricidade, como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta: - Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas). - Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal. - Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários. - Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção. - Ampliar e valorizar a identidade própria e a auto-estima dentro da pluralidade grupal. - Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e exclusivo. - Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais. A sensação é um processo fisiológico de ligação do organismo com o meio, através dos órgãos sensoriais, e consiste na transmissão de um influxo nervoso ( corrente elétrica que percorre os nossos nervos) desde o órgão sensorial até aos centros de decodificação. Realiza-se pela ação de um estímulo específico sobre um receptor que é apropriado para o receber. Assim, por exemplo, os olhos recebem estímulos luminosos, os ouvidos estímulos sonoros, etc. Os nossos sensores são, assim, os órgãos dos sentidos que recebem e transmitem mensagens bioquímicas sob a forma de influxo nervoso que após serem decodificadas e interpretadas nos centros nervosos de conexão (espinal medula e encéfalo), desencadeiam uma resposta motora ou glandular. Com efeito, a sensação consiste numa espécie de apresentação isolada das qualidades dos objetivos constituído a base da percepção, se bem que não se possa isolar dela. É, por conseguinte, a via através da qual entramos em contato com o meio e que está, portanto, na gênese do conhecimento, fornecendo-lhe os elementos imediatos e sensíveis que vão ser objetos de um processo de interpretação e organização a que chamamos de percepção. Assim sendo, a percepção é uma configuração e organização desses elementos que a nossa mente integra nas nossas experiências passadas, ligando e unificando-os, isto é, filtrando-os através dos fatores de significação que a linguagem e as referências culturais de cada um já criaram. É assim que, partindo de uma multiplicidade de informações presentes e passadas, a p percepção se constitui como uma construção individual, e é por isso que este processo, dependendo, por um lado, dos mecanismos sensoriais e, por outro, das vivências individuais, permite construir uma visão da realidade já muito complexa, a qua cada um pode atribuir um significado particular. (...) Tomemos como exemplo disso o testemunho de um cidadão americano que, em Paris, se dá conta desta seletividade da nossa percepção: “Eu moro em Gaches (ele queria dizer Garches), nos arredores de Paris e muitíssimas vezes tenho de voltar para casa de táxi; ordeno, então, ao condutor: 'Gaches', mas ele não compreende. Repito-lhe em todos os tons, virando a pronúncia: Gaches, Gâches, Giches, Gêches, Gueches, Guches, Gûches, Guiches, Gaiches... leva muito tempo a compreender... muitas vezes preciso de monstrar-lhe Gaches no mapa...; enfim, quando o condutor acaba por me compreender, responde peremptoriamente (é o americano que fala): "Ah! Gaches! Porque não disse mais cedo?" Ora é certo que o condutor disse Garches e não Gaches, mas o americano não ouviu o 'r' e, portanto, não percebe a diferença entre Garches e Gaches, uma vez que subestima, despreza e anula o 'r' de Garches. Jean Fourastié, Idéias para o Progresso Social e Científico, Livros do Brasil, pág. 139. Costumamos acreditar que se vê com os olhos e que se ouve com os ouvidos, e que ver e ouvir são fenômenos objetivos e, por isso, pensamos que quando um som, por exemplo, é emitido também deve ser percebido objetivamente pelo ouvido humano. Ora, pelo contrário, o que o exemplo acima citado demonstra é que: a) o ouvido humano, neste caso particular, e os sentidos, de um modo geral, são apenas sensores para obter dados, que transmitem ao cérebro; b) os sentidos nem sequer captam todos os dados (só os que se mostram adequados a cada tipo de sensores e que se apresentam com uma determinada intensidade, abaixo ou acima da qual não são captáveis); c) o centro decodificador (o cérebro) só aprende e decodifica uma parte das informações que recebe. Como é, então, que este centro decodificador processa a seleção dos dados? Fá-lo em função: - do conteúdo anterior do pensamento; - da estrutura dada à mente por experiências passadas; - do interesse e da capacidade de fixar a atenção; - da expectativa face a um determinado estímulo. Se o cérebro foi educado para perceber um determinado som, percebe-o facilmente; de contrário, precisará de uma reaprendizagem. Temos todos tendência para supor que as nossas percepções (visuais, auditivas, tácteis...) são registros diretos da realidade e que os órgãos receptores e decodificadores a captam e percepcionam tal como ele é. Esta tendência, a que os filósofos chamam realismo ingênuo supõe que: - o mundo que percebemos é idêntico ao mundo real; - para perceber (ou percepcionar) o mundo real, é preciso apenas “abrir” os nossos sentidos, que nos darão dele uma representação adequada. Parecem, porém, que a percepção dos objetos não se processa de modo análogo ao registro feito por uma máquina fotográfica. A própria ciência tem vindo a demostrar que o mundo é muito diferente daquilo que os nossos sentidos nos mostram. Desde Galileu que já não podemos confiar nos nossos sentidos, pois se os sentidos nos mostram que o sol se desloca num movimento diário de Oriente para Ocidente, a nossa razão diz-nos que isso é uma ilusão. Por outro lado, há realidades que a ciênciadescobriu e que são invisíveis aos sentidos (os campos eletromagnéticos, as partículas atômicas, determinadas freqüências de som, ou comprimentos de onda da luz, etc.). Tudo isto nos leva à necessidade de considerar um outro elemento fundamental no processo do nosso relacionamento com a realidade. Esse elemento chama-se RAZÃO. ___________________________ Fonte: ALVES, Fátima. AREDES, José. CARVALHO, José. A chave do Saber- Introdução à filosofia 11º ano. Lisboa: Texto Editora, 2002. P. 153 - 155.
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