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Patologias Obstétricas MS. Ana Claudia Sierra Martins Definição • São complicações que causam morbimortalidade materna e perinatal no ciclo grávido-puerperal. Brasil, 2010 Definição A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, sua evolução se da na maior parte dos casos sem intercorrências. Pequena parcela de gestantes são portadoras de alguma doença, sofrerem algum agravo ou desenvolverem problemas, apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. Brasil, 2010 Diagnóstico • Durante o Pré Natal, o profissional de saúde pode identificar alguns fatores que classificam a Gravidez como de “alto risco”. Brasil, 2010 Diagnóstico • Pode ser situações anteriores ou decorrentes da gestação atual que exigem uma atenção especial no decorrer do pré natal. Brasil, 2010 Fatores de Risco Idade menor de 17 e maior de 35 anos; Altura menor que 1,45 m; Peso menor que 45 kg ou maior que 75 kg; Recém nascido com crescimento retardado, pré-termo ou mal formado, em gestação anterior; Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico; Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada; Epilepsia; Brasil, 2010 Fatores de Risco Síndrome hemorrágica ou hipertensiva, em gestação anterior; Dependência de drogas lícitas e ilícitas; Pré-eclâmpsia e eclâmpsia; Diabetes gestacional; Ruptura prematura de bolsa; Hemorragias da gestação; Hipertensão arterial; Brasil, 2010 Fatores de Risco Cardiopatias; Pneumopatias; Endocrinopatias; Doenças infecciosas Doenças ginecológicas Brasil, 2010 • Todos os profissionais que prestam assistência a gestantes devem estar atentos a existência de fatores de riscos e devem ser capazes de avaliá-los dinamicamente. Brasil, 2010 A morbimortalidade materna e perinatal continuam ainda muito elevadas no Brasil, incompatíveis com o atual nível de desenvolvimento econômico e social do Pais. A maioria das mortes e complicações que surgem durante a gravidez, parto e puerpério são preveníveis. Ações organizadas, amplas, integradas e com cobertura abrangente, utilizando tecnologias simplificadas e economicamente viáveis. Brasil, 2010 Gestantes de Alto • Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido tem maiores chances de serem atingidas que as da media da população considerada”. (CALDEYRO-BARCIA, 1973). Gestantes de Alto O processo saúde-doença, denominada Enfoque de Risco, fundamenta-se no fato de que nem todos os indivíduos tem a mesma probabilidade de adoecer ou morrer, sendo tal probabilidade maior para uns que para outros. Brasil, 2010 Gestantes de Alto Essa diferença estabelece um gradiente de necessidade de cuidados que vai desde o mínimo, para os indivíduos sem problemas ou com poucos riscos de sofrerem danos, ate o máximo necessário para aqueles com alta probabilidade de sofrerem agravos a saúde. Brasil, 2010 • Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. Brasil, 2010 • A equipe deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados a gestante por meio de contrarreferência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar. Brasil, 2010 SINDROMES HIPERTENSIVAS DA GRAVIDEZ • Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na media de pelo menos duas medidas. • Considera-se pressão sistólica o primeiro ruído (aparecimento do som) e a pressão diastólica o quinto ruído de Korotkoff (desaparecimento do som). • A pressão arterial deve ser mensurada com a gestante sentada, com o braço no mesmo nível do coração e com um manguito de tamanho apropriado. • Se for consistemente mais elevada em um braço, o braço com os maiores valores deve ser usado para todas as medidas. Proteinuria • É definida como a excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidencia de infecção. • Outra alternativa e a relação proteína/creatinina urinária em coleta única de urina. • Nessa técnica, o resultado da divisão do valor da proteinúria pela creatinina urinaria (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa correlação com a proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g. Plaquetopenia • Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade quando menor que 50.000/mm3. Elevação de enzimas hepáticas • Transaminase Glutamico Oxalacetica (TGO) e Alanina aminpotransferase (ALT) ou Transaminase Glutamico Piruvica (TGP) TGO/TGP ALT = >60U/L • Desidrogenase lactica (DHL) >600U/L. Anemia microangiopática • Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e • Presença significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico). Características Principais • Aumento da Pressão Arterial (igual ou > 140/60 mmHg) • Alteração das Enzimas Hepáticas (TGO/TGP/ALT = > 60 U/L) • Plaquetopenia (menos 100.000/mm³) • Proteinúria (> 0,3 g) • Anemia microangiopática (Bilirrubina > 1,2 mg/dl e Esquizócitos em sangue periférico > 5% ) Classificação das síndromes hipertensivas da gravidez Hipertensão crônica • Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto. Pré-eclâmpsia/eclâmpsia • Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação acompanhada de proteinuria, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Na ausência de proteinuria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece acompanhado por cefaléia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas hepáticas. • Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou 15mmHg na diastólica quando os valores absolutos estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser usado como critério diagnostico. • Medidas de pressão e consultas mais frequentes, com observação se houver proteinuria e hiperuricemia (acido úrico maior ou igual a 6mg/dL). Classificação • Pré-eclâmpsia leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento. Forma grave • PA S => que 110mmHg • Proteinuria => que 2,0g em 24 horas • Oligúria (< que 500ml/dia, ou 25ml/hora) • Níveis séricos de creatinina > 1,2mg/dL • Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaléia e distúrbios visuais) • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito • Evidência clinica e/ou laboratorial de coagulopatia • Plaquetopenia (<100.000/mm3) • Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas • Presença de esquizófitos em esfregaço de sangue periférico Outros sinais que podem sugerir o diagnóstico • Acidente vascular cerebral • Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose • Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidramnio Eclâmpsia • Caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadaspor epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pré-eclâmpsia sobreposta a hipertensão crônica • E o surgimento de pré-eclâmpsia em mulheres com hipertensão crônica ou doença renal. • Agrava-se e a proteinuria surge ou piora após a 20ª semana de gravidez. • Pode surgir trombocitopenia (plaquetas <100.000/mm3) • nas enzimas hepáticas. Hipertensão gestacional (sem proteinuria) • A proteinuria pode aparecer tardiamente; • Afastar pré-eclâmpsia. • Seguir as condutas clinicas e obstétricas recomendadas para pré-eclâmpsia. Hipertensão transitória da gravidez • Pressão retorna ao normal até 12 semanas após o parto (diagnostico retrospectivo). • Edema ocorre com muita frequência em gestantes e por isso não deve ser usado como discriminador neste esquema de classificação. Hipertensão crônica • Elevação da pressão arterial persiste além de 12 semanas após o parto. Diagnostico diferencial Gestantes AR que apresentam PA normal Historia de aumento da PA antes da concepção ou em gestação previa, antes de 34 semanas; • Diabetes, doença do colágeno ou doença renal vascular ou parenquimatosa; • Mulheres com gestação múltipla. Conduta • Realizar precocemente na gravidez para comparação posterior: • Hematócrito, hemoglobina, contagem de plaquetas, creatinina, acido úrico. • A presença de proteinuria 1+ ou mais em amostra única de urina deve ser seguida de uma determinação da proteinuria de 24 horas e calculo do clearance de creatinina. • Realizar uma datação acurada da idade gestacional (com USG precoce). • Uma USG com 25 – 28 semanas para avaliação do crescimento fetal. Conduta Hipertensão < 20 semanas de gestação • Mulheres jovens com hipertensão preexistente ou gestacional precoce devem ser submetidas a avaliação de hipertensão secundária (doença renal, hipertensão renovascular, aldosteronismo primário, síndrome de Cushing e feocromocitoma). HAS após a 20ª semana da gravidez ou que apresentam agravamento de hipertensão previa • Realizar os exames duas em duas semanas. • Servem para distinguir a pré-eclâmpsia da hipertensão crônica, assim como para avaliar o progresso e a gravidade da doença. • Em mulheres com pré-eclâmpsia, uma ou mais anormalidades podem estar presentes mesmo quando da PA for mínima. Conduta nas síndromes hipertensivas da gravidez Pré-Eclâmpsia/Eclâmpsia • A presença de rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos da doença monitoração mais rigorosa da PA e a detecção de proteinuria. • Se a PA começar a aumentar, a gestante deve ser reavaliada dentro de 1 a 3 dias. Pré-eclâmpsia leve • As gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser hospitalizadas para avaliação diagnostica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo. Na avaliação das condições maternas deve constar • PA de 4/4h durante o dia; • Pesagem diária; • Pesquisa de sintomas de iminência de eclampsia: – Cefaléia frontal ou occipital persistente. – Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose). • Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos; • Hiperreflexia; • proteinuria na fita ou proteinuria de 24 horas; – Hematócrito e plaquetas; – Provas de função renal e hepática. Não ha necessidade de tratamento medicamentoso. Na avaliação das condições maternas deve constar Avaliação das condições fetais • Contagem de movimentos fetais diariamente; – Avaliação do CF e do LA (repetir a cada três semanas); – Cardiotocografia basal (CTB), se disponível. Se a CTB for reativa, repetir semanalmente; – A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições maternas, redirecionando a conduta. • Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado com as seguintes recomendações: • Consultas semanais; • Repouso relativo; • Pesar diariamente pela manhã; • Proteinuria na fita semanalmente pela manhã; • Medir a PA pelo menos uma vez ao dia. Hospitalização • PA ≥ 150/100mmHg; • Proteinuria na fita ++ ou mais; • Aumento exagerado de peso; • Cefaléia grave e persistente. • Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito; • Sangramento vaginal; • Presença de contrações uterinas regulares; • Presença de distúrbios visuais como diplopia, fotofobia, escotomas etc.; • Náusea ou vômitos persistentes; • Diminuição dos movimentos fetais Hospitalização Indicações para o parto Pré-eclâmpsia grave ECLÂMPSIA • A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclampsia. • A conduta clinica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de cuidados e controles gerais. Cuidados Gerais • Manter o ambiente tranqüilo, o mais silencioso possível • Decúbito elevado a 30º e face lateralizada • Cateter nasal com oxigênio (5l/min) • Punção de veia central ou periférica calibrosa • Cateter vesical continuo. Conduta • A conduta obstétrica visa a estabilização do quadro materno, a avaliação das condições de bem-estar fetal e a antecipação do parto, em qualquer IG. • Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação. Terapia anticonvulsivante • A terapia anticonvulsivante é indicada para prevenir convulsões recorrentes em mulheres com eclampsia, assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré-eclampsia. • O sulfato de magnésio é a droga de eleição. Sulfato de Magnésio • O sulfato de magnésio pode ser utilizado durante o trabalho de parto, parto e puerpério, devendo ser mantido por 24 horas após o parto se iniciado antes do mesmo. • Quando iniciado no puerpério, deve ser mantido por 24 horas após a primeira dose Esquema terapêutico • Dose de ataque – 4,0g – (8,0ml de sulfato de magnésio a 50% com 12,0ml de água bidestilada) em infusão endovenosa lenta (aproximadamente 15 minutos) ou • 5,0g – (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular em cada nádega. • Dose de manutenção – 1,0g/hora – (10ml de sulfato de magnésio a 50% com 490ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em bomba de infusão) ou – 2,0g/hora (20ml de sulfato de magnésio a 50% com 480ml de solução glicosada a 5% a 100ml/ hora em bomba de infusão) ou – 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular de 4 em 4 horas. Cuidados com o uso do sulfato de magnésio • Observar a FR tenha menos de 16 irp, os reflexos patelares estejam completamente abolidos ou a diurese seja < 100ml durante as 4 horas precedentes Suspender a dose de manutenção • Deve-se utilizar agulha longa e técnica em zigue-zague para a administração intramuscular. • O gluconato de cálcio a 10% atua como antídoto. • Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais 2g IV e > a velocidade de infusão do sulfato de magnésio. • Optar pela fenil-hidantoína, em caso de recorrência da crise. • Dose de ataque: 250mg + SG 5% 250ml IV em gotejamento ate completar a dose total de 750mg. • Dose de manutenção: 100mg 8/8h IV e, a seguir, 100mg 8/8 h VO, ate a alta. Síndrome HELLP Definição • Caracteriza-se pela presença da hemólise (H = “hemolysis”), elevação de enzimas hepáticas (EL = “elevatedliver functions tests”) e plaquetopenia (LP = low platelets count “)”. • As seguintes alterações indicam uma chance de mais de 75% de morbidade materna grave: DHL >1.400UI/L, TGO >150UI/L, TGP >100UI/L e ácido úrico >7,8 mg/dL. • A presença de náuseas, vômitos e/ou dor epigástrica é um fator de risco significativo de morbidade materna. Avaliação das condições fetais: parto imediato ou mais tardiamente? • Após a admissão, a IG deve ser confirmada e o estado fetal avaliado por cardiotocografia basal e/ou perfil biofísico e preferencialmente por dopplerfluxometria. • Gestação ≥ 34 semanas e todas com síndrome HELLP devem ser preparadas para parto vaginal ou abdominal dentro de 24 horas. • Gestações entre 24 e 34 semanas devem fazer uso de corticóide, mesmo se o parto não puder ser adiado pelo período ideal de 24–48 horas. Referência
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