Buscar

MÓDULO_COMPLETO_MEIO_AMBIENTE_E_SOCIEDADE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Meio Ambiente 
e Sociedade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FTC DIGITAL | CIDADE DIGITAL – 2011 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IMES 
Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda. 
 
William Oliveira 
Presidente 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
Produção Acadêmica Produção Técnica 
Patricia Pimentel Paula Rios | Revisão de Texto 
 Everton Melo | Analise Pedagógica 
 
 
Equipe 
Ana Carolina Paschoal, Aurélio Corujeira, Diego Aguiar, Fernando Fonseca, 
João Jacomel, José Cupertino, Larissa Valéria Aragão, Lorena Porto Seróes, 
Luís Alberto Bacelar, Márcio Serafim. 
. 
Imagens 
Corbis/Image100/Imagemsource 
 
 
© 2011 by IMES 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, tampouco poderá ser utilizado 
qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do 
Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. 
 
2011 
Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda. 
 
www.ftc.br 
www.faculdadedacidade.edu.br 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 3 
APRESENTAÇÃO 
Prezado (a) aluno (a), 
 
A Relação homem - natureza, sempre existiu. Desde os primórdios da humanidade já havia 
interferências nos sistemas naturais pelo homem. Entretanto estas interferências se intensificaram 
cada vez mais e de maneira mais predatória, gerando as consequências que observamos nos dias 
atuais. A contaminação das águas – rios, lagos, lagoas, a poluição atmosférica, o desflorestamento, 
a caça e a pesca predatória e a fragmentação ou mesmo destruição total de habitats, têm levado o 
homem a uma situação quase irreversível dos problemas ambientais. 
Dessa forma, a educação ambiental se constitui em uma maneira de sensibilizar as popula-
ções humanas sobre a crise ambiental e da humanidade, visando imprimir nos cidadãos uma cons-
ciência crítica sobre as questões ambientais, através de um processo no qual o ser humano é parte 
integrante e transformador dos sistemas ambientais. 
Diante desse contexto, é imprescindível a mudança de comportamentos e atitudes do ho-
mem e das organizações em relação ao seu ambiente, no sentido de promover um modelo de de-
senvolvimento mais sustentável, que permita a utilização dos recursos naturais pelas gerações pre-
sentes, sem comprometer as futuras gerações de satisfazerem as suas necessidades. 
 
Forte abraço e ótimos estudos! 
Profª. Patrícia Pimentel 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
4 
SUMÁRIO 
BLOCO TEMÁTICO I – CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEMÁTICA AMBIENTAL ..................................................... 5 
TEMA 01 - CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO AMBIENTAL .................................................................. 5 
1.1 Tópicos Sobre a Questão Ambiental................................................................................................. 5 
1.1.1 Conceitos Básicos em Ecologia e Meio Ambiente ............................................................... 5 
1.2 Histórico da Problemática Ambiental ................................................................................................ 7 
1.2.1 Grandes Desastres Ambientais ......................................................................................... 10 
1.3 Conferências Internacionais e Nacionais ........................................................................................ 11 
1.3.1 Agenda 21.......................................................................................................................... 14 
1.3.2 Desenvolvimento Sustentável............................................................................................ 15 
1.4 Causas e Consequências da Degradação Ambiental ..................................................................... 16 
1.4.1 Erosão................................................................................................................................ 17 
1.4.2 Desertificação .................................................................................................................... 20 
1.4.3 Práticas Agrícolas .............................................................................................................. 20 
1.4.4 Poluição do Solo ................................................................................................................ 21 
1.4.5 Poluição da Água............................................................................................................... 22 
1.4.6 Poluição do Ar.................................................................................................................... 23 
1.4.7 Biodiversidade.................................................................................................................... 24 
 
TEMA 02 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SUSTENTABILIDADE........................................................ 28 
2.1 Marcos Históricos da Educação Ambiental..................................................................................... 28 
2.2 Conceito (Ação) e Política Nacional de Educação Ambiental ......................................................... 31 
2.3 Cidadania e Consumo Sustentável ................................................................................................. 32 
2.4 Práticas Sustentáveis...................................................................................................................... 34 
 
BLOCO TEMÁTICO II – GERENCIAMENTO AMBIENTAL .................................................................................. 49 
TEMA 03 - INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL .......................................................................... 49 
3.1 Políticas Públicas Ambientais ......................................................................................................... 49 
3.2 Legislação Ambiental: Origem e Evolução...................................................................................... 51 
3.3 Modelos de Gestão Ambiental ........................................................................................................ 59 
3.4 Responsabilidade Social e Ambiental ............................................................................................. 65 
 
TEMA 04 - AQUECIMENTO GLOBAL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS........................................................ 74 
4.1 Causas e consequências ................................................................................................................ 74 
4.2 Convenção sobre Mudanças Climáticas e Protocolo de Kyoto....................................................... 81 
4.3 Oportunidades Empresariais........................................................................................................... 86 
4.4 Meio Ambiente e Qualidade de Vida............................................................................................... 90 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 94 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................................... 95 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 5 
BLOCO TEMÁTICO I – CONTEXTUALIZAÇÃO 
DA TEMÁTICA AMBIENTAL 
TEMA 01 - CONTEXTUALIZANDO A QUESTÃO AMBIENTAL 
1.1 TÓPICOS SOBRE A QUESTÃO AMBIENTAL 
Para uma melhor compreensão da temática ambiental na sua mais ampla complexidade, faz-
se necessária uma breve apresentação de conceitos básicos ligados à ecologia e ao meio ambiente, 
bem como a contextualização histórica da problemática ambientale das discussões internacionais e 
nacionais que ocorreram em função destes problemas. Além disso, deve-se compreender quais são 
as principais ameaças ao meio ambiente, destacando as causas e consequências da degradação am-
biental, a importância da Agenda 21 e do desenvolvimento sustentável para formulação de políti-
cas públicas para proteção do planeta e para melhoria da qualidade de vida das populações. 
1.1.1 CONCEITOS BÁSICOS EM ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE 
De acordo com ODUM (2004), a ecologia, como ciência do ambiente, constitui um instrumen-
to indispensável para criar e manter a qualidade de vida da civilização humana, tornando o seu 
conhecimento de fundamental importância para a compreensão das relações entre o homem e o 
seu ambiente. Dessa forma, a ecologia se ocupa especialmente da biologia de grupos de organis-
mos e de processos funcionais na terra, no mar e na água doce, sendo definida como o estudo da 
estrutura e do funcionamento da natureza, considerando que a humanidade é uma parte dela. 
 
FONTE: ODUM, 2004, P. 6. 
A ideia de organização horizontal apresentada é para demonstrar que nenhum nível é mais 
ou menos importante que o outro, o que os diferencia são os níveis de complexidade e as variáveis, 
à medida que a escala se amplia. Como o exemplo citado por Odum (2004), o organismo individu-
al não pode sobreviver por muito tempo sem sua população, como o órgão não poderia subsistir 
como uma unidade que se autoperpetua sem o seu organismo. Da mesma forma, a comunidade 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
6 
não pode existir sem a circulação de materiais e a corrente de energia no ecossistema (ODUM, 
2004, p. 7). 
Para a compreensão da escala e dos aspectos ecológicos nos diversos níveis apresentados na 
Figura 1 e 2, além da intrínseca relação existente entre ecologia e meio ambiente, faz-se necessária a 
apresentação de conceitos básicos em ecologia. 
Habitat de um organismo é o local onde este vive ou onde este deve ser procurado. O nicho 
ecológico não apenas o espaço físico ocupado por um organismo, mas também o seu papel funcio-
nal na comunidade, como por exemplo, a sua posição trófica e a sua localização nos gradientes 
ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras condições de existência (ODUM, 2004, p. 
375). 
Comunidade biótica é qualquer conjunto de populações que vivem em uma área determi-
nada ou habitat físico; é uma unidade organizada, na medida em que tem características adicionais 
às das suas componentes, indivíduos e populações e funciona como uma unidade mediante trans-
formações metabólicas associadas (ODUM, 2004, p. 221). 
População é o conjunto de organismos da mesma espécie (ou outros grupos no seio dos 
quais os indivíduos podem trocar informação genética), ocupando um dado espaço, tem várias 
características que embora melhor expressas como funções estatísticas, fazem parte unicamente do 
grupo e não são características dos indivíduos que o compõem, como por exemplo, a densidade, a 
natalidade, a mortalidade, a distribuição de idades, a dispersão e as formas de crescimento 
(ODUM, 2004, p. 257). 
Entende-se por ecossistema a unidade que inclua a totalidade dos organismos de uma área 
determinada, interagindo com o ambiente físico, de forma que uma corrente de energia conduza a 
uma estrutura trófica, a uma diversidade biótica e a ciclos de materiais (isto é, trocas de materiais 
entre as partes vivas e não vivas) claramente definidos dentro do sistema ecológico ou ecossistema 
(ODUM, 2004. p. 11). 
Para Meio Ambiente existem diversos conceitos. Pode ser definido como a realidade física e 
orgânica de um determinado espaço, que pode compreender tanto um ecossistema como toda a 
biosfera, ou como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas suas formas (Lei n. 6.938/91). Pode ainda ser 
definido como “um conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que envolvem um indivíduo e 
com os quais ele interage, influenciando e sendo influenciado por eles” (LIMA-E-SILVA apud 
TRIGUEIRO, 2005, p. 77). Vale destacar, que a compreensão de meio ambiente vai muito além de 
aspectos ecológicos, pois abrange todas as interações existentes entre o homem e o seu meio. 
São considerados Recursos Naturais tudo aquilo que é necessário ao homem e que se encon-
tra na natureza, dentre os quais podemos citar: o solo, a água, o oxigênio, a energia oriunda do Sol, 
as florestas, os animais, dentre outros. Os Recursos Naturais Não-renováveis abrangem todos os 
elementos que são usados nas atividades antrópicas e que não têm capacidade de renovação. Com 
esse aspecto temos: o alumínio, o ferro, o petróleo, o ouro, o estanho, o níquel e muitos outros. Isso 
quer dizer que quanto mais se extrai, mais as reservas diminuem, diante desse fato, é importante 
adotar medidas de consumo comedido, poupando recursos para o futuro. 
Já os Recursos Naturais Renováveis detêm a capacidade de renovação após serem utilizados pelo 
homem em suas atividades produtivas. Os recursos com tais características são as florestas e o so-
lo, por exemplo. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 7 
Entende-se por poluição a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias 
ou energia no ambiente, provocando um efeito negativo no seu equilíbrio, causando, assim, danos 
à saúde humana, aos seres vivos e ao ecossistema. 
As ações naturais ou provocadas pelo homem produzem alterações sobre o meio ambiente 
ou em parte dele - os resultados dessas ações são chamados de Impacto Ambiental. Para se mensu-
rar a amplitude desses efeitos, para algumas atividades exigisse a elaboração de Estudo de Impac-
to Ambiental e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA). 
1.2 HISTÓRICO DA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL 
 A degradação ambiental e a história da humanidade caminham juntas. A percepção da 
humanidade para a problemática ambiental vem ganhando destaque nas últimas décadas, com as 
consequências decorridas dos desequilíbrios causados ao meio ambiente. 
 
 FONTE: HTTP://QUIPRONA.WORDPRESS.COM/2010/06/06/TRISTE-AMAZONIA-O-QUAO-DESSEMELHANTE/ 
Mesmo antes da Revolução Industrial, que é um marco para início da era da degradação am-
biental, é observada a utilização de recursos naturais pelo homem, o que, em princípio, ocorria de 
maneira menos impactante ao ambiente natural. A seguir, está a representação segundo Dansereau 
(apud Ribeiro 2000), da relação da espécie humana com o ambiente desde a Pré-História até a atua-
lidade. 
 
 
 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
8 
Etapas na relação do homem com o ambiente: 
 
 
 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 9 
Onde, cada uma das etapas está descrita da seguinte forma: 
1. as terras virgens, antes da existência humana; 
2. a fase da coleta de frutos; 
3. a caça e a pesca; 
4. o pastoreio, com a domesticação de espécies animais; 
5. a domesticação dos vegetais, na revolução agrícola; 
6. a Revolução Industrial ocorrida no século XVIII de nossa era intensificou os impactos 
da ação humana sobre a natureza; 
7. transição entre as fases da urbanização, e; 
8. a do controle climático. 
9. prospectiva, ele vislumbra a fuga exobiológica ou transmigração, prenunciada pelas 
pioneiras viagens espaciais e que daria início à era cosmozóica da evolução humana. 
 
Sem dúvida alguma, a Revolução Industrial foi o grande marco para aumento do impacto da 
ação humana sobre o meio ambiente. Em meados do Século XVIII (1750), uma série de mudanças 
no modo de produção foi intensificada, sendo observada uma substituição do artesanato e da ma-
nufatura para um maquinário mais elaborado, como máquinas de fiar - tear mecânico -, gerando 
uma significativa transformação nos processos produtivos. Na medida em que se aumentava a 
possibilidade de produção,aumentava também a utilização de recursos naturais. 
 
 
FONTE: HTTP://SOCIEDADEDOFASTFOOD.BLOGSPOT.COM/2011/04/TEMPOS-MODERNOS. HTMLALÉM DO CRESCIMENTO ECONÔMICO, A 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL GEROU PERSPECTIVAS DE MAIOR GERAÇÃO DE RIQUEZA QUE, POR SUA VEZ, TRARIA PROSPERIDADE E 
MELHOR QUALIDADE DE VIDA. (DIAS, 2006, P. 05). 
Com o crescimento econômico nos centros urbanos se constituiu um processo de aglomera-
ção de pessoas, o que gerou a formação das grandes cidades originadas a partir da Revolução In-
dustrial. No entanto, este processo se deu sem nenhum tipo de planejamento e ordenamento, oca-
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
10 
sionando diversos problemas ambientais enfrentados no Século XX e que observamos nos dias 
atuais, como, por exemplo, a ausência de saneamento básico com o crescente acúmulo e dificulda-
de de destinação adequada dos resíduos urbanos (ANDRADE, 2001, p. 17-18). 
Essa mudança na forma de produção e consumo acarretou uma revolução na sociedade da-
quela época, o que, em pouco tempo, trouxe sérias consequências ambientais que são observadas 
até os dias atuais. 
1.2.1 GRANDES DESASTRES AMBIENTAIS 
Uma série de desastres ambientais ocorridos no decorrer da história contemporânea tem 
demonstrado os efeitos dos impactos humanos sobre o meio ambiente. 
Eventos como a poluição do ar decorrente da industrialização, como o ocorrido em Londres - 
Inglaterra, que provocou a morte de cerca de 1.600 pessoas, em 1952. Em 1956, mais de 3 mil pes-
soas adoeceram e centenas morreram, vítimas de uma doença conhecida como “mal de Minama-
ta”. A causa da doença que atacou as populações que viviam nesta baía foi o derramamento por 
uma empresa de fertilizantes durante 40 anos de cerca de 30 toneladas de mercúrio no oceano 
(FERREIRA, 2010 – on line). 
Um dos mais conhecidos eventos foi a morte de aves provocada pelos efeitos secundários 
imprevistos do DDT e outros pesticidas e a introdução destas substâncias na cadeia alimentar, des-
tacada na publicação da bióloga Rachel Carson, autora do Livro Primavera Silenciosa, publicado 
em 1962. Este livro foi um dos grandes marcos para o movimento ambientalista moderno, pois a 
partir daí, iniciou-se uma grande mobilização mundial acerca da temática ambiental. 
Um dos mais conhecidos desastres ambientais da atualidade foi o derramamento de óleo 
causado pelo petroleiro Exxon Valdez que colidiu com rochas submersas na costa do Alasca, pro-
vocando um grave desastre ecológico em 1989. Cerca de 100 mil aves morreram e 2 mil quilôme-
tros de praias ficaram contaminadas. Isso foi apenas uma parte do estrago causado por 40 milhões 
de litros de óleo lançados ao mar. O problema se agravou porque, com o frio, o óleo demorou a se 
tornar solúvel e ser consumido por microorganismos marítimos, agravando ainda mais o proble-
ma. Apesar da limpeza, que mobilizou mais de 10 mil pessoas, cerca de 800 mil litros do petróleo 
continuam poluindo a costa da região até hoje (FERREIRA, 2010 – on line:) 
 
 
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DUNIVERSO.COM.BR/DESASTRES-ECOLOGICOS-PARA-NAO-ESQUECER/ 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 11 
Mais recentemente, em abril de 2010, em virtude da explosão e do incêndio em uma plata-
forma petrolífera licenciada no Golfo do México da British Petroleum – BP, foram derramados 4,9 
milhões estimados de petróleo no mar, indo parar no golfo do México durante os 87 dias de vaza-
mento. Especialistas afirmam que 2,4 milhões de barris de petróleo permaneceram no frágil ecos-
sistema. Este talvez tenha sido o maior desastre ambiental da atualidade com efeitos ambientais e 
econômicos na costa de quatro estados americanos. 
Estes são apenas alguns dos diversos desastres ambientais da atualidade. Todos estes even-
tos possuem efeitos diretos ou indiretos para a natureza, para a economia e para a sociedade como 
um todo. As ações do homem sobre o ambiente, mesmo que indiretamente, podem, individual ou 
cumulativamente, em médio ou longo prazo, ocasionar sérias consequências para toda humanida-
de. 
O CASO DE CUBATÃO 
Considerado como o “Vale da Morte” (The New York Times), o polo petroquímico pau-
lista gerava tanta poluição que chegou a produzir bebês sem cérebro, chocando a opinião pú-
blica em todo o mundo. Em 1980, as indústrias do polo cuspiam cerca de mil toneladas de ga-
ses tóxicos por dia, alimentando uma névoa venenosa que afetava o sistema respiratório e ge-
rava bebês com deformidades físicas, contaminando também a água e o solo da região. Chuvas 
ácidas e deslizamentos na serra do Mar eram uma constante. Após as denúncias, as autorida-
des exigiram o controle da poluição industrial, melhorando a situação, mas não resolveu total-
mente o problema. 
 
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.DUNIVERSO.COM.BR/DESASTRES-ECOLOGICOS-PARA-NAO-ESQUECER/ 
1.3 CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 
Na década de 60, a relação da degradação ambiental com estilo de crescimento econômico da 
época já era objeto de estudo e preocupação internacional, sobretudo após a publicação do livro 
Primavera Silenciosa, em 1962, pela bióloga americana Rachel Carson. Conforme comentado ante-
riormente, este livro tornou-se um clássico do movimento ambientalista moderno, pois tratava de 
questões como a diminuição da qualidade de vida devido ao uso excessivo de inseticidas, pestici-
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
12 
das e outros produtos químicos na produção agrícola e os efeitos destas substâncias sobre o meio 
ambiente e a saúde humana. 
Segundo Cascino (2000), o movimento ambientalista nasce na década de 60. No entanto, é a 
partir dos anos 70, que o pensamento e o movimento ambientalista mundial tiveram maior reper-
cussão. Ainda de acordo com Cascino (2000), inúmeros movimentos sociais tais como, hippies, a 
explosão do feminismo, o movimento negro – black power, o pacifismo, a liberação sexual e a ”pílu-
la”, as drogas o rock and roll, as manifestações antiguerra fria e a corrida armamentista/nuclear e 
antiVietnã, influenciaram o movimento ambientalista da época. 
Em 1970, a revista Britânica “The Ecologist” elabora o “Manifesto para Sobrevivência”, no 
qual pesquisadores insistiam que um aumento indefinido de demanda não poderia ser sustentado 
por recursos finitos. 
A publicação do livro “Limites do Crescimento”, em 1972, - no qual foram divulgados os re-
sultados de estudos realizados pelo Clube de Roma1 -, se discutia a crise e os dilemas atuais e futu-
ros da humanidade naquela época. Neste livro, foram expostos temas como a preocupação mundi-
al com a pobreza e a abundância, a deterioração do meio ambiente, o crescimento urbano acelera-
do, entre outros temas. (ANDRADE, 2001, p. 29). 
A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em 
Estocolmo - Suécia, em 1972, é considerada um grande marco histórico, pois chamou a atenção do 
mundo para a gravidade da situação na área ambiental. Esta conferência obteve resultados impor-
tantes como a evolução do pensamento ambientalista, trazendo uma percepção de que o uso dos 
recursos estava inadequado, necessitando de gestão apropriada. A determinação de prioridades e 
necessidades ambientais, antes definidas somente pelos países desenvolvidos, foi estendida para 
os países em desenvolvimento e foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – 
PNUMA. Durante a Conferência de Estocolmo, surgiu pela primeira vez o termo “Ecodesenvolvi-
mento”, que tem como critérios, a justiça social, a prudência ecológica e a eficiência econômica, 
pilares que conhecemos atualmente como sendo do Desenvolvimento Sustentável. Para o Brasil, 
como reflexo da discussão realizada em Estocolmo, foi elaborado o decreto que instituiu, em 1973, 
a Secretaria Especial do Meio Ambiente, no âmbito do Ministério do Interior, e que, posteriormen-
te, deu origem ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis - 
IBAMA. Nesta década, iniciou-se uma revolução na sociedade que passou a criticar não só o mo-
delo de produção existente, como também, o modo de vida dele decorrente (ANDRADE, 2001, p. 
29). 
 
 
1 O Clube de Roma é um grupo de pessoas ilustres que se reunem para debater um vasto conjunto de assuntos relacio-
nados a política, economia internacional e , sobretudo, ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável (Wikipedia, 
2010 – on line). 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 13 
 
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.BAIXAKI.COM.BR/PAPEL-DE-PAREDE/11946-LAGOA.HTM 
DISPONÍVEL EM: HTTP://BLOGS.ESTADAO.COM.BR/MARCOS-GUTERMAN/OS-DISSIDENTES-DO-AQUECIMENTO-GLOBAL/ 
DISPONÍVEL EM E: HTTP://WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/RAFAELMCOUTINHO/4050731467/IN/PHOTOSTREAM 
DISPONÍVEL EM: HTTP://CHEIASEIDEIAS.WORDPRESS.COM/E-POSSIVEL-PREVER-UMA-CHEIA/ 
 
Diante da necessidade de mudança de modelos de desenvolvimento e ações efetivas para 
minimizar os impactos sobre o meio ambiente, foi realizada, em 1977, a I Conferência Intergover-
namental sobre Educação Ambiental, na cidade de Tbilizi, Georgia (antiga União Soviética). Uma 
das declarações aprovadas nesta conferência enfatizava que a Educação Ambiental deveria, 
 
Preparar o indivíduo mediante a compreensão dos principais problemas do mun-
do contemporâneo, possibilitando-lhe conhecimentos técnicos e as qualidades ne-
cessárias para desempenhar uma função produtiva, com vistas a melhorar a vida e 
proteger o meio ambiente, considerando os valores éticos2 
 
Nessa conferência, foi destacada a importância da educação ambiental para a compreensão 
de tais problemas, recomendando-se a adoção de alguns critérios que contribuiriam na orientação 
dos esforços para a implementação da educação ambiental em âmbito regional, nacional e interna-
cional. 
 Com o acelerado processo de degradação ambiental era necessário estabelecer novos meca-
nismos para encarar e solucionar os problemas ambientais. Em 1983, a Assembleia Geral da Orga-
nização das Nações Unidas (ONU), deliberou pela criação da Comissão Mundial sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento (CMMAD), que foi presidida pela Primeira Ministra da Noruega, Gro 
Harlem Brundtland. Esta Comissão tinha como objetivo elaborar uma “agenda global para mu-
dança”. Dessa forma, em 1987, foi publicado o relatório "Nosso Futuro Comum” ou “Relatório de 
Brundtland”, que mostrava a necessidade de um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o 
progresso em todo o planeta. Neste relatório, a pobreza foi apontada como uma das principais 
causas dos problemas ambientais do mundo e o modelo de desenvolvimento incorporado pelos 
países desenvolvidos foi duramente criticado por ser considerado insustentável. Dessa forma, tal 
modelo não deveria ser copiado pelos países em desenvolvimento sob pena de esgotamento dos 
recursos naturais. De acordo com o Relatório de Brundtland, o conceito de “Desenvolvimento Sus-
tentável” está relacionado ao modelo de desenvolvimento que visa ao “atendimento das necessi-
dades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas 
próprias necessidades" (NOSSO FUTURO COMUM, 1991). 
 
2 Trecho extraído do documento de Educação ambiental e desenvolvimento: documentos oficiais, Secretaria 
do Meio Ambiente, Coordenadoria de Educação Ambiental, São Paulo, 1994, Série Documentos, ISSN 0103-
264X. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
14 
No início da década 90, o meio ambiente passou a ocupar um patamar privilegiado na agen-
da global, se tornando assunto quase obrigatório nos encontros internacionais. Em 1992, foi reali-
zada na cidade do Rio de Janeiro a “Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e De-
senvolvimento (CNUMAD)”. Na Rio-92 ou Eco-92, como ficou conhecida, discutiu-se que o meio 
ambiente e o desenvolvimento são duas faces de uma mesma moeda com um nome próprio: De-
senvolvimento Sustentável. Daí, partiram as principais iniciativas para a implementação de um 
modelo de desenvolvimento mais sustentável. 
Como resultados dessa conferência, foram assinados cinco documentos que direcionariam as 
discussões sobre o meio ambiente nos anos seguintes, são eles: 
 
(1) Agenda 21 
(2) Convenção sobre Diversidade Biológica 
(3) Convenção sobre Mudanças Climáticas 
(4) Princípios para a Gestão Sustentável das Florestas 
(5) Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
 
O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos assumidos com a carta de 
princípios do Rio, foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Joanesburgo ou Rio + 10, 
que ocorreu em setembro de 2002. O objetivo da conferência Rio + 10 foi avaliar a situação do meio 
ambiente global em função das medidas adotadas na CNUMAD-92, sendo constatado que estes 
objetivos não foram alcançados em sua totalidade. 
1.3.1 AGENDA 21 
A Agenda 213 é um plano de ação a ser adotado global, nacional e localmente, por organiza-
ções do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a 
ação humana impacta no meio ambiente. Constituiu-se na mais abrangente tentativa já realizada 
de orientar um novo padrão de desenvolvimento para o Século XXI, cujo alicerce é o da sustentabi-
lidade ambiental, social e econômica. 
Esta agenda trata de temas como pobreza, crescimento econômico, industrialização e degra-
dação ambiental e propõe uma série de ações, objetivos, atividades e meios de implementação nos 
quais os atores sociais são convocados a participar da construção do desenvolvimento sustentável. 
Possui 40 capítulos e foi construída de forma consensual entre governos, instituições da sociedade 
civil e de 179 países aproximadamente, a sua elaboração durou cerca de dois anos. 
Essa agenda possui 40 capítulos e foi construída de forma consensual entre governos, institu-
ições da sociedade civil e de 179 países aproximadamente, a sua elaboração durou cerca de dois 
anos. 
A importância da Agenda 21 para a sociedade moderna é que esta traduz em ações o concei-
to de Desenvolvimento Sustentável. Nesta “agenda”, foi assumido o compromisso de mudar a 
 
3 O conteúdo referente à Agenda 21 teve como base o próprio documento publicado no site do Ministério do Meio Am-
biente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/sitio/index. php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=18 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 15 
matriz de desenvolvimento no Século XXI, a partir das intenções, desígnios, desejo de mudança 
para um modelo de civilização em que predominem o equilíbrio ambiental e a justiça social entre 
as nações. 
A Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que resulta na análise da situação 
atual de um país, estado, município, região e setor que planeja o futuro de forma sustentável. A 
análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados 
dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, ambiental e 
político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de planejar o futuro com base 
nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e oportunidades para que as sociedades e os go-
vernos possam definir prioridades nas políticas públicas. 
É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento e que a Agenda 21 
é uma agenda para o Desenvolvimento Sustentável - o meio ambiente é uma consideração de pri-
meira ordem. Entretanto o enfoque desse processo de planejamento não é restrito às questões liga-
das à preservação e à conservação da natureza, e sim a uma proposta que rompe com o desenvol-
vimento dominante, predominando o econômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que 
une a Agenda Ambiental e a Agenda Social.Para efetivação da Agenda 21 são levadas em consideração questões estratégicas ligadas à 
geração de emprego e renda, à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda, às 
mudanças nos padrões de produção e consumo, à construção de cidades sustentáveis e à adoção 
de novos modelos e instrumentos de gestão. 
1.3.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 
Embora o termo desenvolvimento sustentável já tivesse sido usado anteriormente, ficou am-
plamente conhecido nos círculos políticos após a divulgação do Relatório de Brundtland. Os pon-
tos centrais do conceito de desenvolvimento sustentável contidos no livro “Nosso Futuro Comum” 
(1991), tornaram-se o ponto-chave para elaboração da Agenda 21. De acordo com esse relatório, os 
pilares que compõem o conceito de desenvolvimento sustentável são: 
 
 
 
 Autores como SACHS (2004), apontam para outras dimensões no conceito de desenvolvi-
mento sustentável, acrescentando a sustentabilidade ambiental à dimensão da sustentabilidade 
social e ainda coloca como pilares do desenvolvimento sustentável, cinco elementos, sendo: 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
16 
a) Social: fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto instrumentais, por causa da 
perspectiva de disrupção social que paira de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáti-
cos do nosso planeta; 
b) Ambiental: com suas dimensões (os sistemas de sustentação da vida como provedores de 
recurso e com “recipientes” para a disposição de resíduos); 
c) Territorial: relacionado à distribuição espacial dos recursos, das populações e das ativida-
des; 
d) Econômico: sendo a viabilidade econômica a condição necessária para que as coisas acon-
teçam; 
e) Político: a governança democrática é um valor fundador e um instrumento necessário pra 
fazer as coisas acontecerem, a liberdade faz toda a diferença. 
O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação da sociedade que necessari-
amente requer mudança nos padrões de desenvolvimento, objetivando conciliar de maneira har-
moniosa as necessidades presentes sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfa-
zerem as suas próprias necessidades. 
O desafio atual é a implementação desse novo modelo de desenvolvimento, traduzindo-o em 
ações efetivas, como mudança nos padrões de produção, consumo e desenvolvimento, associados 
à utilização racional dos recursos naturais. 
1.4 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 
As causas da degradação do meio ambiente e da crise nas relações sociedade-natureza não 
emergem apenas de fatores conjunturais tais como - Capitalismo X Modernidade X Industrializa-
ção X Urbanização X Tecnocracia -, ou do instinto perverso da humanidade, são resultantes de um 
conjunto de variáveis interconexas. 
Dessa forma, podemos afirmar que as consequências da degradação ambiental residem, 
principalmente, nos padrões de produção e consumo estabelecidos pela sociedade moderna, nos 
modelos de desenvolvimento que utilizam cada vez mais e de maneira inadequada, os recursos 
naturais e a matriz energética estabelecida para proporcionar este desenvolvimento. 
 
 
“... a principal causa da contínua deterioração do meio ambiente global são os pa-
drões insustentáveis de produção e consumo...” 
(Capítulo 4 da AGENDA 21) 
 
A seguir, iremos conhecer algumas consequências da degradação ambiental e os impactos 
diretos e indiretos para o ambiente e para a saúde humana. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 17 
1.4.1 EROSÃO 
A erosão é um processo que está continuamente sendo realizado pela natureza - por meio 
das chuvas, que ao atingir o solo, em grande quantidade, provocam deslizamentos, infiltrações e 
mudanças na consistência do terreno, provocando o deslocamento de terra e como também o ven-
to e a mudança de temperatura, erupções vulcânicas e mudanças na composição química do solo. 
No entanto, os processos erosivos têm se intensificado devido às ações antrópicas, tais como: reti-
rada da cobertura vegetal de um solo, atividades de mineração, de forma desordenada, também 
podem provocar erosão (Sua Pesquisa. Com). 
No Brasil, a erosão carrega anualmente 500 milhões de toneladas de solo, o que corresponde 
a uma camada de solo de 15 centímetros numa área de 280.000 ha. Esse material arrastado pela 
erosão irá se depositar nas baixadas e nos rios, riachos e lagoas, causando uma elevação de seus 
leitos e possibilitando grandes enchentes (Portal São Francisco). Daí, a importância da presença de 
uma boa cobertura florestal para manutenção do solo e controle de processos erosivos. 
O acúmulo de sedimentos trazidos pela erosão do solo, aos cursos d'água provoca assorea-
mentos dos mesmos e pode causar ainda um processo denominado eutrofização4 em alguns reser-
vatórios. 
Um dos principais fatores que contribui para a erosão é a remoção de parte de terras e da ve-
getação para construção de edificações, sejam estas, habitações, estradas e outras. Normalmente, 
estas construções são realizadas nas margens dos cursos d’água, destruindo a mata ciliar, ocupan-
do suas nascentes e outras áreas sensíveis do ponto de vista da estabilidade dos solos. 
Como observado em diversas regiões do País, devido às chuvas intensas, a erosão tem pro-
vocado uma série de problemas para o homem. Podemos citar como prejuízos ao homem os desli-
zamentos de locais habitados, em especial, regiões carentes de infraestrutura, provocando o soter-
ramento de casas e mortes de pessoas. Há também grandes prejuízos econômicos, uma vez que as 
erosões provocam fechamento de rodovias, ferrovias e outros meios de transportes. 
Existem diversas formas de evitar ou pelo menos minimizar os impactos das erosões, são e-
las: não retirar a cobertura vegetal dos solos, principalmente de regiões montanhosas; elaborar 
obras-civis com o devido planejamento (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis etc.) para que não 
ocorra, no momento ou futuramente, o deslocamento de terra; monitorar as mudanças que ocor-
rem no solo; realizar o reflorestamento de áreas devastadas, principalmente em regiões de encosta 
(Sua Pesquisa. com). 
 
Outras atividades antrópicas podem também causar erosão, como veremos a seguir. 
 
4 É o fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de 
água, provocando um aumento excessivo de algas. Disponível em: 
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Eutrofiza%C3%A7%C3%A3o>. 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
18 
 
FONTE: HTTP://WWW.PORTALSAOFRANCISCO.COM.BR/ALFA/MEIO-AMBIENTE-SOLO/EROSAO.PHPDESMATAMENTO 
FONTE: HTTP://WWW.PRESENTEPARAHOMEM.COM.BR/ECOLOGIA-O-PROBLEMA-DA-EROSAO-DO-SOLO/ 
 
O desmatamento é um grave problema ambiental, pois altera as composições originais do so-
lo, destrói a vegetação e provoca a mortalidade de animais, sendo uma das principais causas da 
perda da biodiversidade. Associado às queimadas, o desmatamento é um dos principais emissores 
de gases do efeito estufa. 
 
 
FONTE HTTP://OSKARAS.COM/MAIS-DESMATAMENTO-NA-AMAZONIA/ 
Registros históricos revelam que o desmatamento, também chamado de desflorestamento, 
começou nas florestas brasileiras no instante da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500. Inici-
almente, tinha como objetivo o uso da madeira para confecção de móveis e, principalmente, para 
utilização do corante avermelhado do pau-brasil. A partir dessa época, a flora e a fauna brasileira 
vêm sendo utilizadas em um ritmo sem precedentes. 
 
Dados publicados pela WWF r, no ano de 2000, apontaram que o desmatamento na 
Amazônia já atinge 13% da cobertura original. O caso da Mata Atlântica é ainda mais trágico, 
pois apenas 9% da mata sobrevivem à cobertura original de 1500. 
O desmatamento é um grave problema ambiental e ocorre em todos os biomas brasileiros.Atualmente, podemos inferir que um dos principais motivos da redução de áreas verdes é o cres-
cimento das cidades. O crescimento populacional e o desenvolvimento das indústrias demandam 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 19 
Veja por que a preservação da vegeta-
ção é importante para você! 
(1) O fato de que a vegetação é resulta-
do de um processo evolutivo longo que ge-
rou o ambiente natural que conhecemos. 
(2) Influencia significativamente a 
constituição do clima local, regional e global, 
por meio de captação, assimilação e radiação 
da energia solar. 
(3) Possibilita trocas gasosas através da 
fotossíntese.
áreas para sua implantação nos arredores das cidades. Estas áreas de matas são derrubadas para a 
construção de condomínios residenciais, polos industriais e rodovias. Além disso, não se pode dei-
xar de citar o desmatamento ilegal para retirada de madeira, cujas finalidades são diversas – pro-
dução de carvão, uso de madeira de lei para construção civil, entre outras atividades. As queima-
das florestais provocadas por fazendeiros para ampliar as áreas para a criação de gado ou para o 
cultivo é outro sério problema ambiental ligado ao desmatamento. Talvez, o reflexo do crescimen-
to econômico esteja na contramão da conservação do meio ambiente natural. 
 Há uma mobilização social muito grande em função da conservação da vegetação nativa 
ainda existente no país. Tem-se observado nos últimos anos uma significativa redução dos desma-
tamentos na Amazônia. Isso porque as organizações não governamentais, a sociedade civil e os 
gestores governamentais têm se empenhando em reverter este quadro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
20 
1.4.2 DESERTIFICAÇÃO 
A desertificação é uma das principais consequências dos desmatamentos e das práticas agrí-
colas inadequadas. As práticas agrícolas comumente utilizadas têm provocado alterações de cará-
ter físico (como a erosão, as queimadas, a impermeabilizações para construção de estradas e repre-
sas, os aterros e as escavações, as aragens, o gradeamento e a compactação), e químico (como a 
contaminação por agrotóxicos, salinização, disposição de resíduos sólidos e líquidos). É um pro-
cesso que está diretamente associado às atividades humanas, embora fenômenos naturais possam 
contribuir para o agravamento da desertificação. 
 
 
 
FONTE: HTTP://WWW.SUAPESQUISA.COM/O_QUE_E/DESERTIFICACAO.JPG 
 
Como impactos provocados pela desertificação em relação aos ecossistemas, podemos citar a 
perda da biodiversidade e a diminuição dos recursos hídricos devido ao assoreamento dos rios e 
os reservatórios e às perdas físicas e químicas do solo. Estudos realizados pelo Ministério do Meio 
Ambiente revelam que as perdas econômicas do Brasil, devido à desertificação, poderão chegar 
aos U$300 milhões por ano, enquanto os custos para recuperar as áreas mais afetadas alcançariam 
U$1,7 bilhão para um período de 20 anos. (MMA, 2001). 
Ressalta-se que as consequências da desertificação refletirão não somente nos problemas 
ambientais, mas também em problemas econômicos e sociais. Em junho de 1994, foi aprovada a 
Convenção de Combate à Desertificação – CCD. 
As consequencias da desertificação causam prejuízos aos seres humanos, tais como a forma-
ção de áreas áridas, o aumento da temperatura e o nível de umidade do ar que diminui, dificul-
tando a vida do homem nestas regiões. Além disso, com o solo infértil o desenvolvimento da agri-
cultura também é prejudicado, diminuindo a produção de alimentos e aumentando a fome e a po-
breza. 
1.4.3 PRÁTICAS AGRÍCOLAS 
A monocultura era considerada até a descoberta da América, como o único modelo de plan-
tio executável. Tal modelo gera porções de terras descobertas, que sofrem intensamente a ação dos 
ventos e da chuva, o que causa um empobrecimento das características que constituem a fertilida-
de do solo. Por isso, de tempos em tempos, novas terras são desmatadas para o plantio. A mono-
cultura (cultivos isolados de café, cacau, milho, algodão, eucalipto, soja), é uma prática amplamen-
te utilizada na atualidade e parte de uma falsa premissa da inesgotabilidade dos recursos naturais. 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 21 
 
 
FONTE: HTTP://WWW.GRANDEFM.COM.BR/MIDIA/3080/3080/FLORESTAS.JPG 
Neste modelo, há redução da diversidade genética, pois tanto para produção de alimentos 
quanto para produção de fibras e fármacos, é eleito um número cada vez menor de vegetais para 
cultivo. Com isso, há também redução da diversidade biológica, o que expõe os cultivos à ocorrên-
cia de problemas causados pelo aumento da especificidade dos agentes causais e hospedeiros (as 
chamadas pragas agrícolas). Para sanar este problema, uma maior quantidade de insumos, tais 
como fertilizantes de síntese química e agrotóxicos, é utilizada. 
Tais práticas podem causar a exposição direta do solo à água da chuva e ao vento, o que 
também pode gerar como consequência a erosão, com o arraste uniforme da camada mais superfi-
cial do solo. 
1.4.4 POLUIÇÃO DO SOLO 
 
 
FONTE: HTTP://MEIOAMBIENTE.CULTURAMIX.COM/POLUICAO/POLUICAO-DO-SOLO 
 
A poluição do solo está relacionada às atividades que o homem desenvolve sobre o solo, al-
terando suas características naturais. São as principais fontes de poluição do solo (MMA, 2001): 
 Aplicação de agentes químicos (agrotóxicos). 
 Despejos de resíduos sólidos (lixo em áreas impróprias e a céu aberto). 
 Lançamento de resíduos líquidos (esgotos domésticos e industriais). 
 Atividades que resultam na erosão do solo. 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
22 
A poluição do solo, da água e do ar pode causar uma série de problemas de saúde pública. 
Por esse motivo, a poluição deve ser tratada como uma questão primordial pelas secretarias de 
saúde de estados e municípios. 
1.4.5 POLUIÇÃO DA ÁGUA 
 
 FONTE: HTTP://PUERAS.BLOGSPOT.COM/2008/11/TERRA-PLANETA-GUA-AT-QUANDO.HTML 
Existe um processo crescente de poluição da água, especificamente da água doce. A ausência 
ou deficiência no tratamento dos esgotos industriais e domésticos, o lançamento de resíduos agrí-
colas, a percolação de substâncias que atingem os lençóis freáticos, além dos aterramentos, barra-
mentos e drenagens têm causado um significativo impacto sobre este recurso. 
As águas dos lençóis freáticos estão cada vez menos potáveis, devido à percolação dos resí-
duos agrícolas, do chorume dos lixões e vazamentos de produtos químicos no solo que penetram e 
atingem estes mananciais de águas. 
O abastecimento insuficiente de água e a falta de tratamento adequado são algumas das 
principais causas de disseminação de doenças como diarreia, disenteria, amebíase e outros parasi-
tas intestinais e intoxicação alimentar. Além disso, podem provocar doenças de pele, infecções no 
ouvido e olhos, piolhos e pulgas. Grande parte dos problemas de saúde das populações suburba-
nas está associada à reduzida disponibilidade de água, às dificuldades de acesso e à sua baixa qua-
lidade. 
A água própria para o consumo humano tem se tornado cada vez mais escassa e a possibili-
dade de uma crise mundial é iminente. Além do comprometimento desse recurso para o consumo 
humano, a poluição dos rios tem causado a perda da diversidade biológica, pois peixes e outros 
organismos aquáticos não resistem à poluição. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 23 
1.4.6 POLUIÇÃO DO AR 
 
DISPONÍVEL EM: HTTP://BLOGS.ESTADAO.COM.BR/MARCOS-GUTERMAN/OS-DISSIDENTES-DO-AQUECIMENTO-GLOBAL/ 
A poluição do ar decorre da presença na atmosfera de substâncias naturais ou lançamentos 
antrópicos,pelas grandes indústrias que causam prejuízos ao ambiente natural à saúde dos seres 
vivos e, ainda, provocam danos materiais. 
É importante destacar que as fontes poluidoras podem ser naturais ou antrópicas. A poluição 
causada por fontes naturais ocorre devido às erupções vulcânicas e pelo metano derivado da de-
composição anaeróbia de matéria orgânica (fezes de animais). 
As fontes antrópicas são oriundas da utilização dos combustíveis fósseis (petróleo e seus de-
rivados) para a produção de energia, seja das indústrias, seja dos sistemas de transporte rodoviário 
e aéreo, entre outros, e ainda das queimadas das florestas e detritos. 
A poluição do ar pode causar sérios problemas tanto para a saúde humana quanto para a 
“saúde” do planeta, tais como: 
 Doenças do aparelho respiratório (bronquites, asma, rinites, câncer etc.). 
 Danos à vegetação e aos animais. 
 Alterações climáticas. 
 
 Podem ser citados como impactos globais em decorrência da poluição do ar: 
 Chuvas ácidas: a utilização em larga escala de combustíveis fósseis e de mi-
nerais com enxofre, que emanam quantidades consideráveis de óxidos de 
enxofre e de nitrogênio que, na atmosfera, provocam a formação de ácido 
sulfúrico e nítrico. Estas chuvas podem causar sérios prejuízos aos ecossis-
temas e ao patrimônio histórico, artístico e cultural. 
 
 Efeito estufa: é um fenômeno natural, em que diferentes gases acumulados 
na atmosfera, como dióxido de carbono (CO²) e metano (CH4), por exem-
plo, contribuem para a estabilidade climática, mas que têm seu efeito poten-
cializado pelas emanações gasosas resultantes de ações antrópicas. Este efeito 
causa a elevação da temperatura, a elevação do nível do mar e a alteração das 
precipitações pluviométricas (chuvas) e tem provocado mudanças climáticas 
no mundo inteiro. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
24 
 Outros tipos de poluição, como a acústica e visual, devem ser levadas em consideração nas 
grandes cidades, pois estas podem ter consequências ao homem e ao ambiente. 
1.4.7 BIODIVERSIDADE 
No panorama atual, a Diversidade Biológica é uma das prioridades fundamentais do meio 
ambiente, sendo um dos componentes básicos para manutenção da qualidade ambiental, ou seja, a 
perda da biodiversidade em qualquer nível – ecossistema, espécies ou populações – comprometerá 
a qualidade dos ambientes (Dias, 2001). 
Segundo a WWF – Brasil (O que é biodiversidade?), não se sabe ao certo quantas espécies e-
xistem no mundo. No entanto, especialistas estimam que a variabilidade de espécies (animais, ve-
getais e todas as formas de vida existentes) possa chegar entre 10 e 50 milhões. O fato, é que até 
agora, os cientistas identificaram e classificaram apenas 1,5 milhão de espécies. O Brasil é conside-
rado um país megadiverso, pois possui cerca de 20% das espécies conhecidas no mundo (CDB – 
on-line). 
Os danos causados com a perda da biodiversidade normalmente são considerados irreversí-
veis. O uso dos recursos naturais, assim como a conservação da biodiversidade, está na origem dos 
conflitos de interesses das sociedades que é preciso gerenciar. Nessas condições, o futuro da biodi-
versidade dependerá dos modos de desenvolvimento que serão privilegiados pelos países, em 
especial, os em desenvolvimento e da evolução dos circuitos econômicos (Lévequê, 1999). 
 
a. Conceitos 
O conceito de biodiversidade procura referir e integrar toda a variedade que encontramos 
em organismos vivos, nos mais diferentes níveis e ambientes. Portanto, este conceito torna-se a-
brangente e, muitas vezes, de difícil compreensão, conforme observado por Lewinsohn (2009). 
Dessa forma, iremos agora buscar alguns conceitos para definição da biodiversidade ou diversida-
de biológica: 
"A soma de todos os diferentes tipos de organismos que habitam uma região tal como o pla-
neta inteiro, o continente africano, a Bacia Amazônica, ou nossos quintais" (Andy Dobson). 
"A totalidade de gens, espécies e ecossistemas de uma região e do mundo" (Estratégia Global 
de Biodiversidade) 
"A variedade total de vida na Terra inclui todos os genes, espécies e ecossistemas, e os pro-
cessos ecológicos de que são parte" (ICBP - Conselho Internacional para a Proteção das Aves) 
É importante ressaltar que a biodiversidade não é apenas uma coleção, uma quantificação 
das espécies existentes em uma determinada região ou localidade, é também a maneira como estes 
organismos estão organizados e como eles interagem e desempenham suas atividades em um e-
cossistema. 
Assim, entende-se por biodiversidade - ou diversidade biológica -, a variabilidade de orga-
nismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, mari-
nhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreen-
dendo ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas (Convenção da 
Diversidade Biológica - CDB, Artigo 2). Talvez esta seja a melhor e mais complexa definição para 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 25 
biodiversidade. No entanto, a sua compreensão está muito relacionada à corrente de trabalho do 
pesquisador e os seus interesses científicos. 
 
b. Impactos à Biodiversidade 
De acordo com Dias (2001), a diversidade biológica representa um recurso de real ou poten-
cial utilidade ou valor para o ser humano, pois fornece produtos para exploração e consumo da 
humanidade, presta serviços ambientais de uso indireto essenciais à manutenção dos diferentes 
sistemas econômicos de uso da terra. Assim, não é só o valor econômico que importa, mas a preo-
cupação com a conservação da biodiversidade se justifica por que esta é uma das propriedades 
fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. 
Os principais fatores que impactam diretamente na biodiversidade, comprometendo sua es-
tabilidade são: 
1. Perda e fragmentação dos habitats; 
2. Introdução de espécies e doenças exóticas; 
3. Exploração excessiva de espécies de plantas e animais; 
4. Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamen-
to; 
5. Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes; 
6. Mudanças climáticas globais. 
 
Indiretamente, também estão relacionados à perda da biodiversidade, ao crescimento acele-
rado das populações humanas que leva ao aumento do desmatamento, ao comércio de espécies 
ameaçadas de extinção, à distribuição desigual da propriedade, da geração e fluxo dos benefícios 
advindos da utilização e conservação dos recursos biológicos, aumentando a pobreza e a fome, 
sistemas e políticas econômicas que não atribuem o devido valor ao meio ambiente e aos recursos 
naturais, sistemas jurídicos e institucionais que promovem a exploração não sustentável dos recur-
sos naturais e insuficiências de conhecimento e falhas em sua aplicação5. 
 
c. A Convenção da Diversidade Biológica 
A Convenção da Diversidade Biológica (CDB) foi um compromisso firmado pela maioria das 
nações do mundo durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvol-
vimento, também conhecida com Rio ou Eco 92. É considerada uma das principais ferramentas 
para “buscar a conservação da diversidade biológica, a utilização sustentável de seus componentes 
e a repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos" 
(CDB, Artigo 1). A CDB foi incorporada à legislação ambiental brasileira pelo Decreto 2.519 de 
1998, que promulgou a execução da Convenção no Brasil. 
 
5 Fonte: WRI, IUCN, PNUMA (1993). A Estratégia Global da Biodiversidade, apud Garay e Dias (2001). 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
26 
A CDB tornou-se um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao 
meio-ambiente, pois funciona como um guarda-chuva legal/políticopara diversas convenções e 
acordos ambientais, tais como: o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, que estabelece as 
regras para a movimentação transfronteiriça de organismos geneticamente modificados (OGMs) 
vivos; o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, 
que estabelece no âmbito da FAO, as regras para o acesso aos recursos genéticos vegetais e para a 
repartição de benefícios; as Diretrizes de Bonn, que orientam o estabelecimento das legislações 
nacionais para regular o acesso aos recursos genéticos e a repartição dos benefícios resultantes da 
utilização desses recursos (combate à biopirataria); as Diretrizes para o Turismo Sustentável e a 
Biodiversidade; os Princípios de Addis Abeba para a Utilização Sustentável da Biodiversidade; as 
Diretrizes para a Prevenção, Controle e Erradicação das Espécies Exóticas Invasoras; e os Princí-
pios e Diretrizes da Abordagem Ecossistêmica para a Gestão da Biodiversidade (CDB – on-line). 
É importante destacar que no âmbito da CDB, foi iniciada a negociação de um Regime Inter-
nacional sobre Acesso aos Recursos Genéticos e Repartição dos Benefícios resultantes desse acesso. 
No Brasil, esta regulamentação se deu através da Medida Provisória 2.186 – 16, de 23 de a-
gosto de 2001, que regulamentou o inciso II do § 1o e o § 4o do art. 225 da Constituição, os Arts. 1o, 
8o, alínea "j", 10, alínea "c", 15 e 16, alíneas 3 e 4 da Convenção sobre Diversidade Biológica, e que 
dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional 
associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua 
conservação e utilização. 
 
d. Perda da biodiversidade 
 Podemos considerar que a perda de biodiversidade está relacionada ao conjunto de interfe-
rências antrópicas sobre o meio ambiente. O continente europeu foi o primeiro a sofrer as conse-
quências da perda da biodiversidade, no entanto a mesma situação se repete com o continente nor-
te americano e demais países considerados desenvolvidos. 
Os danos causados com a perda da biodiversidade normalmente são considerados irreversí-
veis. O uso dos recursos naturais, assim como a conservação da biodiversidade está na origem dos 
conflitos de interesses das sociedades que é preciso gerenciar. Nessas condições, o futuro da biodi-
versidade dependerá dos modos de desenvolvimento que serão privilegiados pelos países, em 
especial, os em desenvolvimento e da evolução dos circuitos econômicos. 
As causas da perda da biodiversidade residem no desenvolvimento das atividades humanas, 
consumidoras de espaços e de recursos, é, portanto, exatamente no contexto das relações homem-
natureza, que é preciso situar as preocupações atuais e buscar as soluções eventuais para os pro-
blemas da humanidade. (LÉVÊQUE, 1999, p. 22). 
 
 
 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 27 
 
 
FONTE: T1. GSTATIC.COM/IMAGES?Q=TBN: AND9GCR6QNYEWJGGLMLKV99CTJCBN8N_CDVT7BHZTNAXUCSQISOD9PHUVHASXW 
 
Dois planetas se encontram. Coçando-se, um diz: “Estou incomodado com essa coceira.” 
Pergunta o outro: “O que pode ser isso?” O primeiro responde: “Acho que é homo sapiens”. O 
segundo finaliza a conversa: “Não se preocupe, isso passa logo.” 
(Maurício Andrés Ribeiro) 
 
Questões para reflexão e aprofundamento 
 
TEMA 01 
 
1) Cite um desastre ambiental que você acompanhou recentemente, descreva que im-
pactos tiveram sobre o homem e sobre o meio ambiente? 
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
 
2) Sobre os marcos do movimento ambientalista descritos no item 1.3, cite o que mais o 
(a) chamou a atenção! 
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
28 
3) Um dos resultados apresentados durante a Rio 92 foi a Agenda 21. Comente a impor-
tância e alguma experiência da aplicação deste documento. 
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
 
4) Dentre as Conferências Internacionais, destaque a que foi mais importante para ques-
tão ambiental. 
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________ 
 
TEMA 02 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SUSTENTABILIDADE 
2.1 MARCOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 
 A educação ambiental não é algo assim tão novo, efetivou-se como uma preocupa-
ção no âmbito da educação há mais ou menos três décadas. A emergência da crise 
ambiental como uma preocupação específica da educação foi precedida de certa 
“ecologização das sociedades”. Essa ecologização começou no momento em que o 
meio ambiente deixou de ser um assunto exclusivo de amantes da natureza e se 
tornou um assunto da sociedade civil de maneira mais ampla (GRUN, 1996, p.15). 
O surgimento da educação ambiental, segundo Worster 1992 (apud Grun 1996), se deu no 
ano de 1945, no Deserto de Los Alamos, Novo México, Estados Unidos, quando a equipe científica 
liderada pelo físico R. Oppenheimer explodia experimentalmente a primeira bomba atômica. De 
acordo com o autor, o homo sapiens havia conquistado o poder de destruição total de si próprio e 
de todas as demais espécies sobre a face da terra. Os seres humanos adquirem, então, a autoconsci-
ência da possibilidade de destruição completa do Planeta. A bomba atômica plantava as primeiras 
sementes do ambientalismo contemporâneo. 
 
Segundo McCormick 1992, apud Cascino 2000 p 35, 
O movimento ambientalista foi um produto de forças tanto internas quanto exter-
nas a seus objetivos imediatos. Os elementos de mudança já vinham emergindo 
muito antes dos anos 60; quando finalmente se entrecruzam uns com os outros e 
com fatores sociopolíticos mais amplos, o resultado foi uma nova força em prol da 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 29 
mudança social e política. Seis fatores em particular parecem ter desempenhado 
um papel na mudança: os efeitos da afluência, a era dos testes atômicos, o livro Si-
lent Spring6 (Primavera silenciosa), uma série de desastres ambientais bastantes 
divulgados, avanços nos conhecimentos científicos e a influência de outros movi-
mentos sociais (MCCORMICK 1992, apud CASCINO 2000 p 35). 
 
A expressão educação ambiental foi utilizada pela primeira vez na “Conferência de Educa-
ção” da Universidade de Keele, Grã-Bretanha, em 1965 (MMA, 2007). Em 1968, nasce no Reino 
Unido, o Conselho para Educação Ambiental. Neste mesmo ano, surge o Clubede Roma, que, em 
1972, publica o relatório “Os Limites do Crescimento Econômicono qual define ações para se obter 
no mundo um equilíbrio global, tendo em vista as prioridades sociais. 
Em 1970, a entidade relacionada à revista britânica The Ecologist elabora o “Manifesto para 
Sobrevivência”, no qual pesquisadores insistiam que um aumento indefinido de demanda não 
poderia ser sustentado por recursos finitos. Já em 1972, a Conferência das Nações sobre o Ambien-
te Humano, em Estocolmo, chamou a atenção mundial para os problemas ambientais, sendo um 
marco histórico internacional para a educação ambiental. Esta firmou as bases para um novo en-
tendimento a respeito das relações entre o ambiente, o homem e o desenvolvimento. Nessa mesma 
conferência, foi enfatizada a necessidade de se criar novos instrumentos para tratar os problemas 
ambientais, e, entre estes, a educação ambiental que passou a receber atenção especial em pratica-
mente todos os fóruns relacionados à temática do desenvolvimento e meio ambiente. A Resolução 
96, da Conferência de Estocolmo, recomendou a educação ambiental de caráter interdisciplinar, 
com o objetivo de preparar o ser humano para viver em harmonia com o meio ambiente 
(BARBIERE, 2007, p. 89). 
Em resposta às recomendações da Conferência de Estocolmo, a UNESCO e o PNUMA pro-
moveram, em Belgrado (Iugoslávia), um Encontro Internacional em Educação Ambiental no qual 
criou o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), que formulou os seguintes princí-
pios orientadores: a Educação Ambiental deve ser continuada, multidisciplinar, integrada às dife-
renças regionais e voltada para os interesses nacionais. A Carta de Belgrado é considerada um dos 
documentos mais lúcidos e importantes gerados nesta década, pois trata de temas que falam que a 
erradicação das causas básicas da pobreza, o analfabetismo, a poluição, a exploração e a domina-
ção, além da necessidade de uma ética global. Finaliza com a proposta para um programa mundial 
de Educação Ambiental, trazendo como objetivos: 
 
1. Conscientização: contribuir para que indivíduos e grupos adquiram consciência e sensibi-
lidade em relação ao meio ambiente como um todo e quanto aos problemas relacionados com ele. 
2. Conhecimento: propiciar uma compreensão básica sobre o meio ambiente, principalmente 
quanto às influências do ser humano e de suas atividades. 
3. Atitudes: propiciar a aquisição de valores e motivação para induzir uma participação ativa 
na proteção ao meio ambiente e na resolução dos problemas ambientais. 
 
6 Publicação comentada no Conteúdo I, que apresentava os efeitos danosos do DDT, no meio ambiente e para saúde humana. 
 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
30 
4. Habilidades: proporcionar condições para que os indivíduos e grupos sociais adquiram as 
habilidades necessárias a essa participação ativa. 
5. Capacidade de avaliação: estimular a avaliação das providências efetivamente tomadas 
em relação ao meio ambiente e aos programas de educação ambiental. 
6. Participação: contribuir para que os indivíduos e grupos desenvolvam o senso de respon-
sabilidade e de urgência com respeito às questões ambientais. 
 
Em 1977, foi realizada a Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi, 
Geórgia (ex-URSS), organizada pela UNESCO com a colaboração do PNUMA. Os objetivos e dire-
trizes mencionados em Belgrado foram ratificados, e com base nestes, foram enunciados 41 reco-
mendações sobre educação ambiental. Definiram-se os objetivos, as características da educação 
ambiental, assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional. 
A Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6.938/81, trouxe como princípio a necessidade de 
inclusão da educação ambiental em todos os níveis de ensino. 
Em 1987, dez anos depois de Tbilisi, as suas proposições foram referendadas na Conferência 
Internacional sobre Educação e Formação Ambiental realizada em Moscou. Nesta, foram discuti-
das questões de natureza pedagógica com vistas à proposição de uma estratégia internacional para 
a década de 90, envolvendo questões como a importância da formação de recursos humanos nas 
áreas formais e não formais da educação ambiental e a inclusão da dimensão ambiental nos currí-
culos de todos os níveis. 
A Constituição da República Federativa do Brasil 1988, no capítulo dedicado ao Meio Ambi-
ente (Art. 225, Inciso VI), determina ao Poder Público, a promoção da educação ambiental em to-
dos os níveis de ensino, reforçando a legislação ambiental anterior que trata do tema. 
Durante a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a RIO-92, o MEC 
promoveu em Jacarepaguá, um workshop com o objetivo de socializar os resultados das experiên-
cias nacionais e internacionais de educação ambiental, discutindo metodologias e currículos, sendo 
resultado deste encontro a Carta Brasileira para a Educação Ambiental. Também durante a Rio-92, 
foi elaborado o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade 
Global, no qual a Educação Ambiental foi entendida como um processo de aprendizado perma-
nente, baseado no respeito a todas as formas de vida e na contribuição para a formação de uma 
sociedade justa e ecologicamente equilibrada. São princípios deste tratado: a educação ambiental 
deve basear-se num pensamento crítico e inovador; ter como propósito formar cidadãos com cons-
ciência local e planetária; ser um ato político, baseado em valores para a transformação social; en-
volver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo 
de forma interdisciplinar e deve estimular a solidariedade, o respeito aos direitos humanos e a 
equidade. 
A educação ambiental está presente em diversas áreas dos programas propostos na Agenda 
21, além do Capítulo 36, dedicado à promoção do ensino, da conscientização pública e do treina-
mento, cujos princípios básicos são as recomendações da Conferência de Tbilisi de 1977. O capítulo 
36 destaca que deve ser dada uma nova orientação do ensino para o desenvolvimento sustentável, 
tanto no ensino formal, quanto no informal, essa reorientação é indispensável para modificar a 
atitude das pessoas e para conferir consciência ambiental, ética, valores, técnicas e comportamen-
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 31 
tos em consonância com as exigências de um novo padrão de responsabilidade socioambiental 
(BARBIERE, 2007, p. 88-89). 
Em 1995, foi criada a Câmara Técnica temporária de Educação Ambiental no Conselho Na-
cional de Meio Ambiente - CONAMA, determinante para o fortalecimento da Educação Ambien-
tal. Em 1996, o Plano Plurianual do Governo 1996/1999, definiu como principais objetivos da área 
de Meio Ambiente a “promoção da Educação Ambiental, por meio da divulgação e uso de conhe-
cimentos sobre tecnologias de gestão sustentável dos recursos naturais”, procurando garantir a 
implementação do Programa Nacional de Educação Ambiental. 
 A Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pú-
blica para a Sustentabilidade – Thessaloniki (1997), reconheceu que passados cinco anos da Confe-
rência Rio-92, o desenvolvimento da educação ambiental foi insuficiente. Essa afirmação pode ser 
trazida para os dias atuais. Embora os esforços para implantação da educação ambiental em todos 
os níveis de ensino, nas organizações e para a sociedade civil como um todo, as iniciativas ainda 
são insuficientes diante da necessidade de mudanças rápidas e eficazes no modelo atual de desen-
volvimento e nos padrões de produção e consumo. 
 O Brasil apresentou o documento “Declaração de Brasília para a Educação Ambiental”, con-
solidado após a I Conferência Nacional de Educação Ambiental – CNIA. Nesta Conferência, foi 
reconhecido que a visão de educação e consciência públicafoi enriquecida e reforçada pelas confe-
rências internacionais e que os planos de ação dessas conferências devem ser implementados pelos 
governos nacionais, sociedade civil (incluindo ONGs, empresas e a comunidade educacional), a 
ONU e outras organizações internacionais. Também em 1997, foram elaborados os Parâmetros 
Curriculares Nacionais - PCNs com o tema “Convívio Social, Ética e Meio Ambiente”, nos quais a 
dimensão ambiental é inserida como um tema transversal. 
2.2 CONCEITO (AÇÃO) E POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO 
AMBIENTAL 
São muitos os conceitos relacionados à educação ambiental, entretanto todos se baseiam em 
ações, atitudes e práticas que visam promover a sensibilização do ser humano. 
A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem 
a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem 
entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela 
desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes 
que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto 
em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes ne-
cessárias para dita transformação (Ministério do Meio Ambiente). 
A educação ambiental tem como objetivo despertar no homem a consciência de que ele é 
parte integrante do meio ambiente. A Conferência Sub-Regional de Educação Ambiental para a 
Educação Secundária no Chosica, Peru, em 1976, define que, 
A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações 
de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as ati-
tudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
32 
humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está 
relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a 
melhora da qualidade de vida. 
Na Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), a educação Ambiental ficou definida 
como: 
Processo em que se busca despertar a preocupação individual e coletiva para a 
questão ambiental, garantindo o acesso à informação em linguagem adequada, 
contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica e estimulando o 
enfrentamento das questões ambientais e sociais. Desenvolve-se num contexto de 
complexidade, procurando trabalhar não apenas a mudança cultural, mas também 
a transformação social, assumindo a crise ambiental como uma questão ética e polí-
tica. 
Já no art. 1o da Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n. 9.795/99), a educação ambi-
ental foi definida como: 
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e 
a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e 
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum 
do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. 
Todos estes conceitos deixam claro que a educação ambiental é proposição para uma mu-
dança individual e coletiva de atitudes com relação ao meio ambiente. 
Em 1999, é promulgada a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional 
de Educação Ambiental. Esta lei dispõe sobre a educação ambiental, estabelecendo como princí-
pios básicos da educação ambiental, o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo, a 
concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio 
natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade; o pluralismo de ideias e 
concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; a vinculação entre 
a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais; a garantia de continuidade e permanência do 
processo educativo; a permanente avaliação crítica do processo educativo; a abordagem articulada 
das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; o reconhecimento e o respeito à plu-
ralidade e à diversidade individual e cultural. A Política Nacional de Educação Ambiental envolve 
além dos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), ins-
tituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e organizações não-governamentais com atuação 
em educação ambiental. Além dos princípios, esta lei traz, também, os objetivos, ações e práticas 
educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre questões ambientais. 
2.3 CIDADANIA E CONSUMO SUSTENTÁVEL 
Os bens de consumo, continuamente produzidos pelo sistema industrial, são considerados 
um símbolo do sucesso das economias capitalistas modernas. No entanto, esta abundância passou 
a receber uma conotação negativa, sendo objeto de críticas que consideram o consumismo um dos 
principais problemas das sociedades industriais modernas. 
MEIO AMBIENTE E SOCIEDADE 
 
 
 33 
Com a expansão da sociedade de consumo que foi amplamente influenciada pelo estilo de 
vida norte-americano, o consumo se transformou em uma compulsão estimulada pelas forças do 
mercado da moda e do marketing. A sociedade de consumo produz carências e desejos (materiais 
e simbólicos) incessantemente e os indivíduos passam a ser reconhecidos, avaliados e julgados por 
aquilo que consomem, e não mais, por aquilo que são. 
Até mesmo a felicidade e a qualidade de vida estão sendo associadas e reduzidas às conquis-
tas materiais. Isto acaba levando a um ciclo vicioso, em que o indivíduo trabalha para manter e 
ostentar um nível de consumo, reduzindo o tempo dedicado ao lazer, a outras atividades sociais, 
bem como as relações com a sociedade. 
 O consumo é o lugar no qual os conflitos entre as classes, originados pela participação desi-
gual na estrutura produtiva, ganham continuidade, através da desigualdade na distribuição e a-
propriação dos bens. O termo sociedade de consumo é uma das inúmeras tentativas de compreen-
são das mudanças que vêm ocorrendo nas sociedades contemporâneas. Refere-se à importância 
que o consumo tem ganhado na formação e fortalecimento das nossas identidades e na construção 
das relações sociais. Podemos chamar de consumismo a expansão da cultura do “ter” em detri-
mento da cultura do “ser”. 
A partir do movimento ambientalista, surgem novos argumentos contra os hábitos ostensi-
vos, perdulários e consumistas, deixando evidente que o padrão de consumo das sociedades oci-
dentais modernas, além de ser socialmente injusto e moralmente indefensável, é ambientalmente 
insustentável. 
Até mesmo a Agenda 21 destaca a preocupação com o impacto ambiental de diferentes esti-
los de vida e padrões de consumo: 
Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, 
as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os 
padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industri-
alizados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção pro-
vocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios (AGENDA 21, Cap 4). 
A partir da percepção de que os atuais padrões de consumo estão na raiz da crise ambiental, 
a crítica ao consumismo passou a ser vista como uma contribuição para a construção de uma soci-
edade mais sustentável. Como o consumo faz parte do relacionamento entre as pessoas e promove 
a sua integração nos grupos sociais, a mudança nos seus padrões torna-se muito difícil. Por isso, 
este tema tem feito parte dos programas de educação ambiental e muitos conceitos importantes 
vêm ganhando destaque nos últimos anos, tais como: 
 
CONSUMO VERDE 
É aquele em que o consumidor, além de buscar melhor qualidade e preço, inclui em seu po-

Outros materiais