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Estudo de TPC - primeira prova TEXTO 1: “O ESTUDO DA POLÍTICA”- Carlos Pio e Mauro Porto O Problema Esse texto apresentara o período coberto pela TPC, assim como as principais divergências de suas correntes fundamentais: elitismo, marxismo e pluralismo, levando em consideração a analise da relação entre os sistemas politico e econômico. O Estado moderno pode ser assim caracterizado: monopoliza o uso legítimo da força em um dado território; a partir desse recurso fundamental de poder, toma decisões que requerem obediência por parte dos habitantes desse território; é constituído por postos de comando e por uma estrutura administrativa, que são ocupados por membros da própria sociedade; dispõe de m eios materiais que asseguram a gestão dos assuntos públicos; estabelece um conjunto de regulações da vida social, ao qual os próprios ocupantes dos postos de comando e da estrutura administrativa estão submetidos - isso protege os cidadãos do uso indevido dos recurso de poder e dos meios materiais -; estabelece os instrumentos de acesso dos membros da sociedade aos postos de comando e à estrutura administrativa, assim como dos interesses de indivíduos e grupos sociais ao processo de decisão publica. Portanto, o Estado toma decisões para o conjunto da sociedade e dispõe dos meios para torná-las imperativas a todos. Por isso, sua estrutura é vici de disputas entre os diversos interesses que possam ser afetados pela decisão publica. O Estado depende de contribuições materiais dos cidadãos para financiar seus gastos, por isso, obriga-se a estabelecer mecanismos de estimulo à acumulação privada de riquezas, para, posteriormente, poder taxá-las. Contudo, se a limitação dos poderes do Estado parece ser essencial para a própria existência surge um grave paradoxo para a definição das interações entre os processos politicos e econômicos que ocorreu no âmbito do Estado capitalista democrático contemporâneo. Enquanto a necessidade de obediência às regras deixa evidente a importância da democratização dos processos de gestão dos assuntos públicos, a necessidade de promover estímulos à apropriação privada da riqueza social virá a constituir um entrava ao ideal de igualdade política, pois a acumulação privada criará desigualdade em suas capacidades de influencia nas decisões publicas. Elitismo Para Pareto, toda sociedade estará dividida em uma elite e uma não-elite. A elite é composta por todos os indivíduos que apresentarem o maior grau de capacidade, qualquer que seja o seu ramo de atividade. A elite é divida em elite governante - aqueles que influenciam as decisões do governo - e elite não-governante. O demais, compõem a não-elite. Do ponto de vista da manutenção social, Pareto afirma que o essencial é que os membros da elite governante sejam aqueles que, além de serem membros natos da elite - qualidades superiores - possuam características de personalidade adequadas para exercer o poder - resíduos. Mas existem dois problemas relativos ao equilíbrio social. O primeiro, é que a elite governante também é composta por todos os indivíduos que são, formal ou informalmente, agregados aos membros natos. Com o passar do tempo, os elementos agregados à elite governante passam a representar uma ameaça à estabilidade da ordem, uma vez que assumem os postos de comando sem disporem das qualidades requeridas. Esse tipo de desvio deve-se ao fato de que alguns rótulos na elite são hereditários, ou podem derivar da riqueza. O segundo problema que determina as condições de estabilidade da dominação da elite governante é derivado da eficiência do processo de circulação de classes. Dadas as tendências naturais à redução das qualidades dos membros da elite governante, Pareto chama atenção para o processo por meio do qual membros da elite governante são substituídos por indivíduos ou classes recém saídos da elite não-governante e que lhe renovam as qualidades necessárias ao continuo exercício da dominação. De outro modo, indivíduos com qualidades superiores e resíduos adequados ao exercício de poder se acumulariam nas classe inferiores, e poderiam assim liderar movimentos revolucionários contra a elite governante. Para Mosca, a composição da elite política deriva do fato de que seus membros são aqueles que possuem um atributo altamente valorizado e de muita influencia na sociedade em que vivem - riqueza, inteligência, hereditariedade[…]. A elite é, pois, uma minoria com interesses homogêneos, e devido a isso, de fácil organização, o que explica sua capacidade de domínio sobre a massa. Como as sociedades encontram-se em eterno processo de transformação, tais atributos também mudam com o tempo e forçam as elites políticas a uma constante adaptação. Essa mutação da elite pode ser de maneira abrupta, substituição completa, ou gradual, via incorporação de elementos representativos de novos valores. Pareto e Mosca prevêem a vigência de processos de renovação da elite dirigente. A estabilidade da ordem depende da efetividade dos mecanismos de cooptação para promover a constante renovação da elite, de maneira a renovar sua capacidade de domínio. Não é a massa que ascende, mas o grupo que foi capaz de mobilizá-la, uma nova elite. Michels procura explicar a dependência política das massas em relação às lideranças do partido e as razões que fazem com que alguns indivíduos ascendam às posições de comando na estrutura partidária. Os lideres são quem resolvem os problemas de ação coletiva do partido - pagam a maior parte dos custos para a obtenção dos bens coletivos que o partido provê - e por isso, são valorizados e considerados como imprescindíveis pelas massas. No entanto, os lideres quase sempre se distanciam das massas em razão de sua capacidade mais aguçada e dos conhecimentos privilegiados de que dispõe. O fato de pagarem os custos de ação coletiva que fazem o partido existir sem o forte engajamento das massas dá-lhes maior capacidade de influencia nas decisões do partido. Essa maior influencia acaba por distanciar os partidos das massas, o que representa a falecia da ideia de democracia interna. Dessa forma, conclui-se que, se nem os partidos politicos que advogam a plena democratização da sociedade conseguem se organizar internamente de maneira democrática, seu objetivo de transformação radical da sociedade é irrealizável. Os elitistas procuraram demonstrar que a democracia é inviável, baseados na ideia de que qualquer sociedade será governada por poucos. A ideia de democracia para esses autores é de que essa é o governo de todos, não se aceitando a ideia de representação da vontade, pois há conflito de interesses na sociedade. Mills conclui que a elite do poder é composta pelos ocupantes dos principais cargos das hierarquias militar, administrativa do estado e empresarial. Os ocupantes dos postos de comando nessas hierarquias fariam parte de uma mesma classe social, compartilhando valores e lealdades que tornam integrada a administração da sociedade. Em suma, o argumento elitista aplicado às sociedades democráticas em economias de mercado aponta para uma concentração do poder politico no topo das estruturas política, social e econômica. Pluralismo Robert Dahl é o principal autor pluralista, anti-elitista. Há dois pontos chaves em sua critica. Em primeiro lugar, afirma que há um problema metodológico com o argumento elitista, uma vez que é necessário que se demonstre que essa elite dirigente é coesa, identificável, que haja em uníssono e que seja vitoriosa em todas as questões na qual se envolve. Aponta ainda para a necessidade de que sua composição derive de interesses reais compartilhados, ou seja, que não seja mero resultado do funcionamento das regras democráticas. Quanto às decisões tomadas, elas precisam ser objeto de conflito com os demais grupos da sociedade, para que se comprove o real exercíciode poder por parte da elite. Em segundo lugar, o pluralismo inova em relação ao elitismo, ao apresentar a ideia de que os grupos sociais são levados a buscar influenciar os decisores na medida em que os interesses fundamentais de seus membros estiverem sendo potencialmente ameaçados por decisões publicas. Mas como os grupos são compostos por indivíduos autônomos, seria preciso entender os condicionantes da ação política individual para uma melhor compreensão das interações políticas. Condicionantes da ação individual: 1. Potencial de filiação simultânea a múltiplos grupos 2. Desinteressado politicamente, exceto quando seu interesse imediato está em questão. Não há, no modelo pluralista, clivagens profundas na estrutura da sociedade que inviabilize as multifiliações. Além disso, a doutrina pluralista percebe a volatilidade na composição dos grupos, ou seja, de acordo com as questões colocadas na agenda publica, os indivíduos agrupam-se em diferentes coalizões, contra e a favor. É possível prever também a aliança entre grupos. Dessa foram, os grupos: 1. poderiam se manter coesos em todas as questões – distancia-se do modelo pluralista, pois há uma clivagem profunda. 2. poderiam se manter relativamente coesos; 3. poderiam ter níveis baixos de coesão, que se divide em praticamente todas as questões. Não se acumulariam desigualdades, porque os indivíduos seriam membros de mais de um grupo de interesses. Os grupos de interesse são, então, mutáveis em sua constituição de poder politico e é essa volatilidade na sua constituição que torna os resultados incertos e reversíveis. É preciso que se assegure regras justas de interação política, para que se mantenha a disposição dos eventuais perdedores a continuar jogando. Tais regas precisam maximizar os ideais de igualdade política e soberania popular: 1. estabelecer capacidades semelhantes de influencia política para todos; 2. vincular as decisões publicas à vontade da maioria. A noção de governo representativo, é pois, parte essencial do modelo, no entanto, os problemas associados à representação política seriam minimizados pelo caráter competitivo do sistema. O conjunto de regras desse sistema - poliarquia - incluem a liberdade de expressão de interesses, de organização política, de voto, de informação, para concorrer e ser eleito para cargos públicos, direito a eleições livres e competitivas, e existência de instituições que tornem as políticas governamentais dependentes do interesse da maioria do eleitorado. Os governos democráticos precisariam controlar a capacidade de influencia dos interesses do empresariado, que desfrutaria de uma posição privilegiada nas sociedades capitalistas democráticas. Ou seja, a tradução de poder econômico em politico precisa ser evitada por meio da intervenção deliberada do Estado. A crítica marxista Segundo a abordagem marxista clássica – Marx e Engels –, o poder politico esta concentrado nas mãos daqueles que detêm posições dominantes na economia capitalista. A centralização da produção pela burguesia correspondeu a uma centralização na política, na qual o poder é organizado por uma classe, burguesia, para a opressão de outra, proletariado. A teoria comunista clássica pressupõe a abolição da propriedade privada como condição necessária à realização de qualquer principio democrático. Sugere também que a base material da sociedade - relações de produção e forças produtivas - determina a superestrutura - relações políticas, jurídicas, ideológicas […]. Para Marx, a estrutura – relações econômicas – era a sociedade civil No século XX surgiram outras vertentes do marxismo, o leninismo e o marxismo ocidental. Na constituição desse ultimo, o teórico Gramsci é uma das referencias mais importantes. Ao questionar as razões que levaram ao fracasso da revolução socialista na Europa ocidental, Gramsci conclui que a derrota dos trabalhadores deveu-se à adoção de uma estratégia política equivocada, pois sociedades orientais seriam distintas das ocidentais em termos de formação econômica e social, em função do peso da sociedade civil – aparelhos privados de hegemonia (partidos, sindicatos, escolas, mídia […]). Segundo Gramsci, nas sociedades menos complexas, o poder se desenvolve em torno dos aparelhos do Estado, enquanto em sociedades ocidentais o fundamental passa a ser a disputa pela hegemonia na sociedade civil. Portanto, em lugar da estratégia de guerra de movimento, típica de sociedades orientais, o ocidente deveria adotar a estratégia de guerra de posições. Gramsci amplia o conceito de Estado para além da esfera de coerção da sociedade política - burocracia administrativa, exercito, policia, tribunais - incorporando também a esfera da direção da sociedade civil - hegemonia cultural e política. Ele ressalta não só a autonomia política e do Estado com relação à base material, mas também sua capacidade de superar o elemento econômico. Adam Przeworski define o marxismo como uma analise das conseqüências das formas de propriedade para os processos históricos. Os autores marxistas jantem a noção de que as formas de propriedade - economia - têm um impacto direto na constituição da democracia representativa e do Estado - política. Um dos principais debates da teoria marxista contemporânea refere-se ao problema: como reconhecer a autonomia do Estado e da política e ao mesmo tempo manter o pressuposto de que a base econômica e material determina a distribuição de poder na sociedade? Nicos Poulantzas construiu uma teoria marxista do Estado capitalista que, a partir das relações de produção, explicasse como ele assume suas diferentes formas nos países capitalistas avançados. Segundo esse autor, o Estado tem um papel de organização: representa e organiza as classes dominantes, principalmente o interesse politico, a longo prazo no âmbito do bloco no poder. Esse papel só é possível pois o Estado possui uma autonomia relativa em relação as frações desse bloco. Argumenta que a política do Estado é resultado das contradições de classe inseridas em sua propria estrutura, e defende os interesses dessa classe como um todo. Ralph Miliband definiu a elite estatal como o conjunto de pessoas que ocupam as posições dirigentes em cada uma das instituições que compõem o sistema estatal. O autor afirma que os membros da elite estatal são os agentes do poder econômico privado, ou seja, da classe dominante. Poulantzas ataca Miliband por sua ênfase nas relações interpessoais entre os indivíduos que integram o aparelho do Estado. Miliband, responde criticando o superdeterminismo estrutural de Poulantzas, ou seja, a ideia de que as relações objetivas do sistema estatal definem sua atuação, ignorando-se o papel dos indivíduos que ocupam posições administrativas. O autor Claus Offe concebeu o Estado como mediador das crises capitalistas geradas pela contradição basica entre a crescente socialização da produção e a continuidade da apropriação privada. Segundo ele, as funções do Estado surgem a partir do problema de como reconciliar a acumulação econômica e legitimação política. Os administradores dependem do mercado porque ele produz rendimento ao Estado via tributação e porque o apoio público entra em declínio se a acumulação não acontece. TEXTO 2: “AS TENDÊNCIAS OLIGÁRQUICAS DA ORGANIZAÇÃO” - Robert Michels CAPÍTULO 1 Para esse autor, em certos limites, o partido democrático poderá, mesmo que esteja submetido a uma direção oligarquia, agir sobre os Estado no sentido democrático. O próprio Estado se vê obrigado a proceder uma certa revisão de vários valores: a importância que é atribuída às massas aumenta, mesmo que elas sejam guiadas por demagogos; os órgãos da legislação e da administração se habituam a ceder, não mais apenas às pretensões vindas de cima, mas também às exigências vindas de baixo. Essa novaordem de coisas significa um progresso incalculável do ponto de vista do direito publico, que se torna, assim, mais concorde com os princípios de justiça social. Mas essa evolução sofrerá uma interrupção, quando as classes dirigentes tiverem conseguido lançar na orbita governamental, para fazer deles seus colaboradores, os inimigos de extrema-esquerda. A organização política conduz ao poder. Os partidos, tem como natureza, a busca de organização na mais vasta escala imaginável. A medida que a organização cresce, a luta pelos grandes princípios se torna impossível. É notório que, nos partidos democráticos atuais, os vastos conflitos de opiniões se desenrolam cada vez menos sobre o terreno das ideias e com as armas puras da teoria e se degeneram rapidamente em diatribes e ataques pessoais. Portanto, deve considerar- se que a luta pelas ideias que surgem nos partidos são um obstáculo à realização dos seus fins, isso é, um obstáculo que deve ser evitado por todos os meios possíveis. Essa tendência é reforçada pelo caráter parlamentar do partido, pois se todo partido aspira ter o maior numero possível de membros, o parlamentarismo aspira ter o maior numero possível de votos. Dessa forma, o partido politico moderno pode ser visto como uma organização metódica das massas eleitorais. A classe operaria, nascida para derrubar o poder centralizador do Estado, parte do principio que para triunfar sobre essa organização do Estado, ela só precisa de uma organização vasta e solida, dessa forma, o próprio partido operário terminou se dando uma forte centralização: que repoisa no principio da autoridade e disciplina, os mesmos defendidos pelo Estado. O partido politico revolucionário é um Estado dentro do Estado: persegue o fim de demolir o Estado atual para colocar em seu lugar um Estado totalmente diferente. Quando o partido operário consegue o atingir o poder ele cria um sentimento de responsabilidade, e por isso reage usando toda sua autoridade contra as outras correntes revolucionarias. Assim, quanto mais o partido se mobiliza, tanto mais quanto se estende e se fortalece a sua organização, ele perde seu caráter revolucionário, torna-se inerte e pesado, preguiçoso na ação e no pensamento. O medo a reação que persegue o partido socialista, paralisa qualquer ação no seu seio, isto é, qualquer manifestação de força, e lhe tira toda a energia para a luta cotidiana. Para se justificar, ele da o pretexto de que quer guardar energias para as lutas futuras: tendências conservadoras inerentes a todas as formas de posse se manifestam igualmente no socialismo. A organização deixa de ser um meio para ser um fim. A medida que aumenta sua necessidade de tranquilidade, suas garras revolucionarias se atrofiam e ele se torna um partido bravamente conservador que continua se servindo da sua terminologia revolucionaria, mas na pratica não exercerá outra função senão a de um partido de oposição constitucional. A luta que os socialistas travam contra os partidos das classes dominantes nao é mais concebida como uma luta de princípios, mas como uma luta de concorrência. O partido revolucionário rivaliza com os partidos burgueses pela conquista do poder. CAPITULO 2 Mosca proclama que uma ordem social não é possível sem uma classe política, isso é, sem uma classe politicamente dominante, uma classe de minoria. Os que não acreditam na democracia, defendem a teoria segundo a qual as eternas lutas entre aristocracia e democratas, que a historia nos mostra, nunca passaram de lutas entre uma velha minoria que defendia sua predominância e uma nova minoria ambiciosa que procurava conquistar o poder, ou seja, as lutas eram apenas uma sucessão pura e simples de minorias no poder. Saint-Simon sonhava com a criação de uma nova hierarquia, fundada em privilégios adquiridos, em que os homens que receberiam esse privilegio seriam os mais amargosos, inteligentes e fortes - triplo progresso da sociedade. A teoria marxista do Estado, acrescentada à fé na energia revolucionaria das massas e nos efeitos democráticos da socialização dos meios de produção, leva logicamente à concepção de uma nova ordem social que a escola de Mosca deve achar utópica. Segundo os marxistas, o mundo capitalista de produção transforma a grande maioria da população em proletários e prepara, por conseguinte, suas próprias covas, pois uma vez adulto e maduro o proletário não tardará a se apoderar do poder politico e proclamar a propriedade privada em propriedade do Estado. O problema do socialismo não é somente um problema econômico, o socialismo não procura somente resolver a questão de saber se é possível e até que ponto realizar uma distribuição equitativa e economicamente produtiva de riquezas. Ele implica ainda um problema de administração, de democracia, tanto no sentido técnico e administrativo como no sentido psicológico. O socialismo naufragará por não ter percebido a importância que representa para nossa espécie o problema da liberdade. Existe o perigo de a direção do partido socialista cair nas mãos de homes cujas tendências praticas estão em oposição com o programa operário. Resultará dai que o movimento operário será colocado a serviço de interesses diametralmente opostos aos do proletário. Num partido, os interesses das massas organizadas que o compõe estão longe de coincidirem com os da burocracia que o personifica. CAPITULO 3 O processo, que começou graças á diferenciação das funções do partido, foi concluído com a ajuda de um conjunto de qualidades que os chefes adquiririam pelo fato de terem se separado da massa. O fenômeno oligárquico que se produz desse modelo encontra em parte, portanto, uma explicação psicológica, isso é, que decorre das transformações psíquicas que as diferentes personalidades do partido sofrem ao longo de sua vida. A organização é a de onde nasce a dominação dos eleitos sobre os eleitores, quem diz organização, diz oligarquia. Toda organização de partido representa uma potência oligarquia repousada sobre uma base democrática. A estrutura oligarquia abafa o principio democrático fundamental. A massa nunca será soberana ANOTAÇÕES DE AULA A massa sucumbe a oratória do dirigente. A burocracia cria para si funções especificas e acaba por se colocar como insubstituível. Lei de Ferro/Bronze - grupo que dirige um grupo para organizá-lo TEXTO: “TEORIA AMPLIADA DO ESTADO” - Gramsci Novidade na teoria política de Gramsci: o conceito de sociedade civil como portadora material da figura social da hegemonia, como esfera de mediação entre a infra- estrutura econômica e o Estado em restrito. Diferença essencial entre os conceitos de sociedade civil em Gramsci e Marx: - Marx identifica sociedade civil com base material, infra-estrutura econômica - A sociedade civil em Gramsci não pertence ao momento da estrutura mas ao da superestrutura. A teoria ampliada do Estado em Gramsci apoia-se na descoberta dos aparelhos privados de hegemonia, e distinguiu duas esferas essenciais no interior das superestruturas. Para Gramsci, o Estado em sentido amplo comporta duas esferas principais: sociedade política - Estado coerção, formada pelo conjunto dos mecanismos através dos quais a classe dominante detém o monopólio legal da repressão e da violência - e a sociedade civil - formada pelo conjunto das organizações responsáveis pela elaboração e/ ou difusão das ideologias (escola, igreja, partidos politicos, sindicatos, mídia…). Duas problemáticas básicas distinguem essas esferas: 1. temos uma diferença na função que exercem na organização da vida social, na articulação e reprodução das relações de poder. Em conjunto, ambas formam o Estado (ditadura + hegemonia). 2. em outro contexto, Gramsci define estado como Estado sociedade política + sociedade civil, isso é, hegemonia revestida de coerção. Nessesentido, ambas servem para conservar ou promover uma determinada base econômica, de acordo com os interesses de uma classe social fundamental. Mas o modo de encaminhar essa promoção ou conservação varia nos dois casos: no âmbito e através da sociedade civil, as classes buscam exercer sua hegemonia, ou seja, buscam ganhar aliados para suas posições mediante a direção política e o consenso, por meio da sociedade política, ao contrario, as classes exercem sempre uma ditadura, ou, mais precisamente, uma dominação mediante a coerção. Enquanto a sociedade política tem seus portadores materiais nos aparelhos repressivos do Estado, os portadores materiais da sociedade civil são os aparelhos privados de hegemonia - organismos sociais coletivos voluntários e relativamente autônomos em face da sociedade política. A sociedade civil se funda como uma esfera própria dotada de legalidade própria, e que se funciona como mediação necessária entre a estrutura econômica e o Estado- coerção. Em Gramsci não há hegemonia sem o conjunto de organizações materiais que compõem a sociedade civil enquanto esfera do ser social. Althusser criticava a separação entre sociedade civil e política de Gramsci porque falava que essa separação era burguesa. E afirmava que o Estado sempre foi ampliado. Ainda em Gramsci, As ideologias, ainda que naturalmente sejam indiferentes ao Estado, tornam-se algo privado em relação a ele: a adesão às ideologias em disputa torna-se um ato voluntário, e não mais algo imposto coercivamente. Cria-se assim, em luta pela hegemonia, os aparelhos privados de hegemonia. Um grupo social pode e mesmo deve ser dirigente já que antes de conquistar o poder governamental; uma possibilidade que, alias, no quadro das sociedades complexas, onde o Estado se ampliou, torna-se também necessidade, ja que essa é uma das condições principais para a propria conquista do poder. Sociedade regulada e fim do Estado É de grande importância observar o modo pelo qual, em função dessa autonomia relativa das esferas da superestrutura, Gramsci concretiza a teoria de Marx sobre a extinção do Estado na sociedade comunista sem classes - sociedade regulada. Para Gramschi, a extinção do Estado significa o desaparecimento progressivo dos mecanismos de coerção, ou seja, a reabsorção da sociedade política na sociedade civil. As funções sociais da dominação e da coerção cedem progressivamente espaço à hegemonias ao consenso. O elemento do Estado-coerção pode ser imaginado como capaz de se ir exaurindo a medida que se afirmam elementos cada vez mais numerosos de sociedade regulada. Por outro lado, essa reabsorção do Estado pela sociedade civil liga-se a uma preocupação básica revelada por Gramsci: a de que a divisão entre governantes e governados, entre dirigentes e dirigidos, que ele reconhece necessária em determinado nível da evolução social não seja considerada como uma perpetua divisão do gênero humano, mas apenas um fato histórico, correspondente a certas condições. Torna-se assim necessário criar as condições nas quais desapareça a necessidade dessa divisão. TEXTO “O QUE SÃO OS APARELHOS IDEOLOGICOS DO ESTADO” - Althusser Não se confundem com o aparelho repressivo do Estado. Os aparelhos ideológicos do Estado um certo número de realidades que aposentam-se sob a forma de instituições distintas e especializadas - AIE religiosos, escolar, familiar, jurídico, politico, sindical, informação e cultural. Podemos constatar que o Aparelho do Estado, unificado, pertence inteiramente ao domínio publico, a maior parte dos Aparelhos ideológicos do Estado remete ao domínio privado. O aparelho do Estado funciona através da violência, ao passo que os ideológicos funcionam através da ideologia. Althusser, acredita que a liberdade do indivíduo é aceitar ser submisso. Poulantzas: teoria relativa do Estado, nao é coisa - reflete a classe dominante - nem sujeito - O próprio estado tem a força. Autonomia relativa, dentro do próprio estado tem uma luta de classes, então, o Estado favoreceria alguma classe em detrimento ao outra, e momentos distintos. O estado é a condensação de uma relação entre forcas entre as classe. mecanismo de filtro: filtrar as demandas de cada um - classe media.
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