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Botulismo em bovinos Botulismo : derivado do latim botulus = embutido Descrito pela primeira vez em 1820, na Alemanha, após vários casos de paralisia flácida em humanos Entre 1895 e 1897 - bacilo anaeróbio Bacillus botulinus (Lobato et al., 2013) Introdução Clostridium botulinum : gram-positivo anaeróbio; Sete tipos de toxinas (A, B, C, D, E, F e G); Especificidade antigênica da neurotoxina, produzida por cada estirpe; Esporos solo e água. (Hirsh et al., 2003) Agente etiológico Bovinos são susceptíveis as neurotoxinas do tipos C e D; Tipo C invertebrados mortos, larvas, vegetação e carcaças de aves em decomposição, silagem, feno contaminadas. Tipo D carcaças, ossos, alimentos contaminados (Quinn et a., 2005) Agente etiológico Descrito pela primeira vez no Brasil em 1970 – Piauí. Ingestão de toxinas pré-formadas durante a decomposição das carcaças. (Lobato et a. 2013) A doença no Brasil Acomete animais com alta exigência nutricional criados em solos e pastagens pobres em minerais sem suplementação mineral adequada. Principalmente Fósforo. (Lobato et a. 2013) Osteofagia (ingestão de osso), (Foto). Sarcofagia (ingestão de cadáveres). Botulismo (Lobato et al., 2013) Pastagem com restos de cadáveres contaminados. (Dutra,2001) A doença no Brasil Ingestão de água contaminada. (Dutra,2001) A doença no Brasil Severidade do botulismo dependerão da quantidade de toxina ingerida e da susceptibilidade da espécie animal (Lobato et a. 2013). A doença no Brasil A doença no Brasil é geralmente associada com a pecuária de corte (Costa, 2008) A doença no Brasil Hoje o botulismo nos ruminantes ocorre na forma de surtos esporádicos; Origem em alimentos contaminados com matéria orgânica em decomposição: Cama de frango; Fenos; Grãos; Rações e silagens de má qualidade ou mal armazenados. Água. Botulismo (Lobato et al., 2013) Toxina: duas cadeias – leve (tóxica) e pesada (liga com receptor) Toxinas absorvidas no TGI e circulam na corrente sanguínea Ligação da toxina aos receptores nos terminais pré-sinápticos dos nervos periféricos leva à endocitose da toxina Patogênese Ligação dissulfeto é clivada Cadeias leves da toxina botulínica são metaloproteinases Clivagem enzimática irreversível de proteínas que liberam a acetilcolina das vesículas pré-sinápticas Bloqueio da liberação de acetilcolina Paralisia flácida Patogênese Osteofagia e sarcofagia C. botulinum tolerância limitada ao ácido considera-se que os animais estão em risco quando alimentados com silagem que não atingiu o pH adequado (pH> 5,5) ou de silagem contendo acidentalmente carcaças de animais (por exemplo roedores) (Johnson et al., 2010; Myllyskoski et al., 2009). Intoxicação Quantidade ingerida De 3 a 17 dias após a ingestão da toxina Pupilas dilatadas, mucosas secas, diminuição da salivação, flacidez na língua e disfagia (Quinn et a.,2005) Sinais Clínicos Incoordenação e marcha rígida, decúbito Paralisia flácida e decúbito Paralisia dos músculos respiratórios (Quinn et a.,2005) Sinais Clínicos Sinais clínicos e histórico Inoculação da toxina em camundongos Identificação da toxina em alimentos (Quinn et a.,2005) Diagnóstico Fraqueza muscular, dificuldade para andar, até insuficiência respiratória e morte 18 Necropsia Achados de necropsia: tipicamente nenhuma lesão macroscópica ou histológica é associada ao botulismo na maioria das espécies. (Bradford P. Smith, 2006) Diagnóstico Fraqueza muscular, dificuldade para andar, até insuficiência respiratória e morte 19 Toxina concentração baixa no sangue mesmo em animais não clinicamente afetados. Em um surto: alguns morrem antes do desenvolvimento do anticorpo outros são expostos a uma dose de toxina subclínica que pode resultar na soroconversão (Mawhinney, 2012) Diagnóstico Animais q manifestam a doença ñ produzem anticorpos. Procurar soro dos animais no rebanho do surto q ñ tivessem manifestado a doença. 20 Sorologia: -Embora a vacinação produza boas respostas de anticorpos, a exposição natural não-fatal pode ser inadequada para causar soroconversão toxina tipo D (Mawhinney, 2012) Diagnóstico Hipocalcemia e hipocalemia Período peri-parto e início da lactação Listeriose Envolvimento nervo craniano localizado Intoxicação por organofosforado Constrição pupilar Compressão da medula Caso isolado Diagnóstico diferencial No botulismo é midríase e organofosforado é constrição pupilar Compressão da medula é isolado, botulismo é rebanho. Hipocalcemia – periparto; hipocalemia no início da lactação 22 Recuperação espontânea – ingestão de baixa quantidade de toxina Soro antibotulínico Hipersensibilidade – cloridrato de adrenalina Hidratação Mudança posição decúbito - escaras Tratamento Soro: atua na toxina que ainda não se ligou administrando laxativos (sulfato de magnésio) via oral. Porque???? 23 Guanidina disponibilidade cálcio Diaminopiridina Estimular efluxo do neurotransmissor Ineficaz tipo C Tratamento Soro: atua na toxina que ainda não se ligou administrando laxativos (sulfato de magnésio) via oral. Porque???? 24 Inexistem drogas antagonistas efetivas para neutralizar o efeito neuroparalítico da toxina botulínica. Estabelecido o quadro clínico, a antitoxina não tem mais capacidade de neutralizar a toxina já fixada ou internalizada no axônio, motivo pelo qual tem pouco sucesso na reversão do quadro clínico já consolidado. DÖBEREINER, Jürgen; DUTRA, I., 2004 Tratamento https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/627825/o-botulismo-dos-bovinos-e-o-seu-controle Suplementação mineral adequada para o rebanho Não usar cama de frango na alimentação do rebanho Instrução Normativa nº 8 de 25/03/2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) Prevenção Botulismo e a Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como doença da “Vaca Louca”. 26 Cuidados na ensilagem Incorporação acidental de solo, fase aeróbia longa ou acidificação lenta microbianas em silagem Clostridium, leveduras, bolores e microrganismos patogênicos tais como Listeria sp. (Driehuis e Oude Elferink, 2000). Prevenção Vacinação anualmente, no fim das secas e início das águas Animais vacinados pela primeira vez devem ser revacinados de quatro a sete semanas depois (Lemos et al., 2002) Prevenção Vencofarma Bovinos - 5 mL Ovinos, Caprinos – 2 mL O produto deve ser aplicado via subcutânea, observando-se os cuidados usuais de assepsia. Bovinos: Vacinar os bezerros aos 4 meses de idade, revacinar 30 dias após e anualmente com 1 dose. Ovinos e Caprinos: Vacinar os cordeiros ou cabritos aos 30 dias de idade. Revacinar 30 dias após e anualmente com 1 dose. Outros esquemas de vacinação poderão ser adotados sobre responsabilidade exclusiva do Médico Veterinário. 29 Produzidas com neurotoxinas inativadas com formaldeído (toxóides) e hidróxido de alumínio como adjuvante. Desvantagens: quantidade de toxina produzida é imprevisível Toxinas são as mais potentes conhecidas pela humanidade (Cunha et al., 2013) Vacinas Desenvolvimento de vacinas recombinantes Os animais vacinados com a recombinante foram capazes de desenvolver títulos médios Estes títulossão maiores do que os mínimos de 5 e 2 UI / mL para os sorotipos C e D, respectivamente, estabelecido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Cunha et al., 2013) Vacinas A forma mais importante de combater o botulismo é evitar a ingestão de toxinas pelos animais o que requer cuidados com a alimentação do rebanho. Conclusão Cunha, E.P.; Moreira G.M.S.G.; Salvarani, F.M.; Neves, M.S.; Lobato, F.C.F.;Dellagostin, AO.;Concerição F.R.; Vaccination of cattle with a recombinant bivalent toxoid against botulism serotypes C and D. Vaccine 32 (2014) 214– 216. 2013 Driehuis, F., Oude Elferink, S.J., 2000. The impact of the quality of silage on animal health and food safety: a review. Vet. Q. 22, 212–216. Döbereiner J, Tokarnia CH, Langenegger J, Dutra IS. Epizootic botulism of cattle in Brazil. Deutsche Tierärztliche Wochenschrift 99:188–90.1992. Dutra, I.S.; Döbereiner,J; Rosa, I.V.; Souza, L.A.A.; Nonato, M.; Surto de botulismo em bovinos no Brasil associado a ingestão de água contaminada. Pesquisa veterinária Brasil. 21. 2001 Hirsh, Dwight C.; Yuan Chung Zee. Microbiologia veterinária. Editora Guanabara Koogan ; p 226-228;2003 Johnson, A.L., McAdams, S.C., Whitlock, R.H., 2010. Type A botulism in horses in the United States: a review of the past ten years (1998–2008). J. Vet. Diagn. Invest. 22, 165–173. Lemos, R. A. A.; Barros, N.; Brum, K.B. Enfermidades de interesse econômico em bovinos de corte: perguntas e respostas.Campo Grande:UFMS, p 292 ;2002 Referências Lobato, F.C.F.; Salvarani, F.M.; Gonçalves, L.A.; Pires, P.S.; Silva, R.O.S.; Alves, G.G.; Neves, M.S.; Oliveira Júnior, C.A.; Pereira, P.L.L. Clostridioses dos animais de produção. Veterinária e Zootecnia, v. 20, 2013. p. 29-48, Lobato FCF, Salvarani FM, Silva ROS, Souza AM, Lima CGRD, Piras PS, Assis RA,Azevedo EO. Botulism in ruminants being fed with poultry litter. Ciência Rural 38:1176–8;2008. Quinn, P.J.; Markey, B.K.; Carter M.E.; Donnelly W.J.; Leonard F.C.; Microbiologia Veterinária e doenças infecciosas; Editora artmed 2005; p 97-98 Silva et al. Principais doenças em bovinos. Aprenda fácil editora.Viçosa: MG, p 88-89 Myllykoski, J., Lindström, M., Keto-Timonen, R., Söderholm, H., Jakala, J., Kallio, H., Sukura, A., Korkeala, H., 2009. Type C bovine botulism outbreak due to carcass contaminated non-acidified silage. Epidemiol. Infect. 137,p 284–293. Referências
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