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1 2 AULA 1: DISCUSSÕES SOBRE POLÍTICA 3 INTRODUÇÃO 3 CONTEÚDO 4 USOS DO TERMO POLÍTICA 4 CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA GRÉCIA ANTIGA 5 CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA ROMA ANTIGA 6 CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA IDADE MÉDIA 7 CONTEXTO HISTÓRICO: NOÇÃO DIFUNDIDA NA MODERNIDADE 7 PODER DO ESTADO 8 ESTADO X SOCIEDADE CIVIL 9 ATIVIDADE PROPOSTA 1 9 POLÍTICA = CONSENSO OU OPOSIÇÃO DE IDEIAS? 9 POLÍTICA X POLÍTICO 11 MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS 13 ATIVIDADE PROPOSTA 2 14 REFERÊNCIAS 15 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 16 CHAVES DE RESPOSTA 23 AULA 1 23 ATIVIDADE PROPOSTA 1 23 ATIVIDADE PROPOSTA 2 23 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 24 3 Introdução Nesta aula, entenderemos os vários sentidos do termo política. Construído ao longo da história, esse conceito assumiu diversos significados, cujas bases teóricas mantêm relação com a dimensão da vida em sociedade. Trata-se de uma palavra que muito se usa atualmente, talvez até de forma evasiva, enfraquecendo, por vezes, os valores da tão sonhada sociedade democrática. Antes de discutirmos o projeto das políticas voltadas para o Ensino Superior brasileiro, é importante especificarmos, primeiro, de que forma essa concepção vem sendo definida. Objetivos: 1. Analisar, historicamente, o conceito de política à luz da complexidade das relações de poder entre o Estado e a sociedade; 2. Compreender a diferença entre a política e o político na correlação de forças que configura uma hegemonia. 4 Conteúdo Usos do termo política Você já percebeu como se fala em política atualmente? Utilizamos essa palavra para nos referirmos a inúmeras ações, tais como as: Estatais – aquelas direcionadas à coisa pública (política PARA o Estado) ou originadas desta (política DO Estado), através da concretização de atos políticos; Coletivas – aquelas realizadas por um grupo de indivíduos que se mobilizam para reivindicar algo do governo. Nesse sentido, entendemos que a ideia de política se articula em torno dos papéis do Estado. Muito ouvimos, também, sobre as várias formas de política, como, por exemplo, aquela referente: À igreja; À escola; À universidade; Ao hospital; Ao sindicato etc. Nesse caso, trata-se da maneira pela qual tais instâncias consideram a participação dos indivíduos em sua organização. Como você pode perceber, de um modo ou de outro, nós nos relacionamos com essa noção – seja para afirmar nosso interesse em movimentos políticos, seja para caracterizar diversas posturas que assumimos no cotidiano. 5 É possível afirmar que esses diversos significados associados ao termo política vêm de um longo processo histórico. Vejamos, a seguir, como ocorreu a transformação desse conceito. Contexto histórico: noção difundida na Grécia antiga De acordo com Shiroma, Moraes e Evangelista (2007, p. 7), no período conhecido como História Clássica 1 , o significado de política estava vinculado à noção de cidade, ou seja, tratava-se de algo “urbano, civil, público e social”. Por exemplo, a atividade desenvolvida pelos homens na polis2 ou cidade- estado grega era considerada como tal. Em outras palavras, a política correspondia àquilo que era de interesse do indivíduo enquanto cidadão. Logo, na Grécia antiga, essa ideia estava muito mais articulada às práticas desenvolvidas pelo social do que a uma forma de governo. Essa concepção assumia como referência a noção de coletividade, estabelecendo um sentido que diferia daquele apresentado pelas demais civilizações deste tempo. Desviemos, então, o nosso olhar para analisarmos Roma. Uma outra civilização, com uma outra concepção de política no mesmo período histórico. 1 História Clássica Tempo compreendido entre os séculos V e IV a.C. e marcado pelo surgimento da poesia grega que assume como eixo condutor da época a cultura das civilizações da Grécia e Roma antigas. Adaptado de: http://www.klickeducacao.com.br/conteudo/pagina/0,6313,POR-4596- 37067-,00.html. Acesso em: 21 jan. 2014. 2 Polis Pequeno território geograficamente situado na parte mais alta de determinada região. Suas características equivaliam às de uma cidade. 6 Contexto histórico: noção difundida na Roma antiga A cidade de Roma assumia uma característica imperial. Portanto, seu modelo de atividade política era exercido a partir de um Estado forte e centralizador, e a disputa pelo poder, pela tutela estatal – a título de interesses privados – ganhava relevância. De acordo com esse posicionamento, a ideia de política estava associada à preocupação com a instituição que se ocupava de gerir a coisa pública – diferente da noção empregada na Grécia, que tinha como base a atividade social humana. Essas concepções se distanciam no sentido de apontar para o papel exercido pelo Estado nas relações de poder que pode concentrar. Para Maar (1983), foi justamente em função da ênfase ao poder estatal que o Império Romano começou a entrar em decadência. O autor afirma que as causas dessa queda vieram de um simples erro: basear a visão de atividade política exclusivamente em uma concepção institucional, voltada para a prática do Estado. O Império deixou de considerar que, fora de seu alcance, as forças de oposição podiam adquirir sentido político capaz de destruí-lo. No caso de Roma, tais forças vinham dos bárbaros e da atividade religiosa cristã, que acabou assumindo esse teor. 7 Contexto histórico: noção difundida na Idade Média A partir da Idade Média3, as relações de poder foram se evidenciando na atividade política. Nesse período, o referido poder político consistia em dominar pela força e orientar pela persuasão. Essa forma de domínio exigia, também, outra concepção de ESTADO: aquela cujas bases o caracterizariam como OPRESSOR, DIRIGENTE e ORIENTADOR. Em virtude dessa concepção, Estado e governo se separaram. Desse momento em diante, o governo passou a ser agente da atividade política estatal, gerenciando os interesses do Estado. Quais seriam, então, os sentidos atribuídos ao conceito de política hoje em dia? Já mencionamos alguns deles no início desta aula, mas, agora, vamos definir essa noção de forma mais específica! Contexto histórico: noção difundida na Modernidade A ação de sujeitos na história produz rearranjos, dando novos significados aos conceitos. Justamente em função disso, a noção de política assumiu outros sentidos na Modernidade. De acordo com Shiroma, Moraes e Evangelista (2007, p. 7), atualmente, esse termo reporta-se: “[...] à atividade ou ao conjunto de atividades que, de alguma forma ou de outra, são imputadas ao Estado moderno capitalista ou que dele emanam. O conceito de política encadeia-se, assim, ao 3 Idade Média Período compreendido entre os séculos V e XV. 8 poder do Estado – ou sociedade política – em atuar, proibir, ordenar, planejar, legislar, intervir, com efeitos vinculadores a um grupo social definido bem como ao exercício exclusivo sobre um território e a defesa de suas fronteiras”. Isso significa que, hoje em dia, a política está relacionada às ações de determinado tipo de governo e de administração estatal. Vejamos, a seguir, a que Estado estamos nos referindo... Poder do Estado Para alguns, o Estado possui significadosdiversos. Vamos conhecer dois deles atribuídos pelos seguintes filósofos: Hegel Estado = Produto da razão, fundamento da sociedade civil e da família. Marx Estado = Expressão de relações contraditórias da sociedade civil como resultado dos regimes capitalistas de produção Nossa condição de governo está mais próxima da definição de Marx, afinal, vivemos sob esse capitalismo, que reforça o abismo entre aqueles que têm acesso a bens culturais e usufruem deles e aqueles que não os possuem. Nessa proposta de governo, os papéis assumidos pelos representantes do Estado nem sempre correspondem ao interesse da maioria, ou seja, das necessidades sociais. 9 Estado X sociedade civil Em função da visão apresentada anteriormente, chegamos à conclusão de que, nos dias de hoje, o termo política consiste em pensar como se estabelecem as relações de poder – entre governo e sociedade – que legitimam determinadas ações em detrimento de outras. Por exemplo, no Brasil – um país que assume caráter democrático estruturado pelo consenso do povo –, a sociedade autoriza o presidente a exercer seu poder por meio de um documento legal: a Constituição Federal, que formaliza esse consenso e dá garantias a ele sob o regime capitalista de produção. E nessa situação descrita, as análises sobre as relações de poder que legitimam as ações entre Estado e sociedade, comumente, aparecem de forma polarizada: de um lado a figura do Estado e do outro lado a sociedade, como se as demandas vindas da sociedade não pudessem articular com aquelas do governo. Atividade proposta 1 Vamos fazer uma atividade para que você possa exercitar o que aprendeu até aqui sobre as relações de poder entre Estado e sociedade. Como essas relações são apresentadas ao longo da aula? O poder se configura de maneira fluida ou aparece de forma polarizada, caracterizando o poder único e exclusivo do Estado? Política = consenso ou oposição de ideias? Você percebeu, pela realização do exercício de fixação, como a definição de política também nos remete à ideia de oposição? 10 Esta é a visão defendida por Mouffe (1993 apud MENDONÇA, 2010) sobre a noção de democracia atribuída à política: pensá-la sob a forma de um modelo agonístico, ou seja, radical. Esse conceito surge para contrariar a democracia contemporânea, baseada no consenso. De acordo com a autora, a tentativa de apagar da dimensão política as relações antagônicas – que se opõem – é impossível, até porque essa é a lógica de constituição de qualquer política social. Em outras palavras: A oposição é condição para se fazer política! Os interesses contraditórios assumidos pelos indivíduos animam as disputas pelo poder e não precisam ser eliminados. Atenção A proposta de Mouffe (1993 apud MENDONÇA, 2010) é justamente transformar o objetivo da política democrática da seguinte forma: ANTAGONISMO > AGONISMO = = INIMIGO ADVERSÁRIO NECESSÁRIO Sendo assim, as lutas travadas nos espaços da política teriam o propósito de construir mecanismos capazes de fixar, provisoriamente, um projeto hegemônico, a partir da relação positiva entre adversários e de formas coletivas de identificação, que mobilizam demandas sociais. 11 Política X político Como vimos anteriormente, Mouffe (2005) defende a ideia de que as relações de oposição e de poder permeiam os espaços da política na articulação com o político. A autora diferencia ambos os conceitos por considerá-los a base para analisar o processo hegemônico. É através dessa distinção que podemos entender as inter-relações entre os contextos políticos que atribuem significados a qualquer termo 4 indiscriminadamente – como é o caso da palavra política, por exemplo (LACLAU; MOUFFE, 2004). Além disso, essa é uma maneira de pensarmos de que forma ocorrem as disputas para que algo seja assumido como consenso na sociedade. Podemos afirmar que a transição do adjetivo político para o substantivo política assumiu estes significados: POLÍTICO > POLÍTICA 4 Termo Dentre os termos que recebem significados, podemos citar: Cidadania; Democracia; Qualidade; Educação; Política; Sociedade. Qualidade do conjunto de relações de ação política – aquilo que pertence à cidade, à sociedade. Nome que designa um saber mais ou menos organizado sobre tal conjunto de relações. 12 Não podemos deixar, contudo, de especificar essa íntima ligação e o motivo de sua distinção. Veja, agora, como Mouffe (2005) explica a relação entre as noções de político e política: Político Falar sobre o político nos remete à ideia de algo específico, conflituoso. Nesse contexto, situam-se as disputas sociais, os antagonismos, as diferentes posições inerentes às relações humanas, que fazem com que os indivíduos se reconheçam como tais em função da produção do outro. Dessa forma, o político se define pela coexistência dessas distinções, construindo um espaço em que se definem as demandas da sociedade – aquelas que se pretendem universais na tentativa de uma estruturação hegemônica. Em outras palavras, trata-se de articular aquilo que determinado grupo acredita com o que é do senso comum, a fim de firmar seu valor de verdade. Política Para se pensar o político – a escola, a igreja, os partidos, o governo etc. –, a política volta-se mais para o campo empírico ou da experiência. Essa dimensão mantém relação com as muitas práticas da política convencional que, de acordo com Mouffe (2005, p. 20), estão inscritas nos: “[...] discursos e [nas] instituições que procuram estabelecer certa ordem e organizar a coexistência humana em condições que são sempre conflituais, porque são sempre afetadas pela dimensão do político”. 13 A partir da tensão própria do nível do político, a sociedade se reúne na arena política para externar o desejo de tornar suas demandas universais. Essas disputas ou negociações baseiam-se no que se considera válido enquanto valor de verdade, nos sentidos que se fixam em prol de uma hegemonia. Veremos um exemplo dessas lutas adiante. Manifestações políticas Como exemplo claro da relação entre o político – o Estado – e a política – as ações do povo –, podemos citar as manifestações populares iniciadas no Brasil, no mês de junho de 2013. A sociedade brasileira se organizou em prol de uma demanda comum: a revogação do aumento das passagens de ônibus em oposição a uma ação do governo, e o resultado foi satisfatório. Essa mobilização – que assumiu valor de verdade – promoveu rearranjos na estrutura política do país. Afinal, para solucionar a disputa pelo poder, houve uma mediação entre as intervenções do governo e as posições dos brasileiros nesse processo. Atenção Essa análise sobre a relação entre Estado e sociedade não pretende desconsiderar o papel privilegiado do Estado na produção, fixação e distribuição de sentidos de qualquer política, mas indicar que há outras brechas que permitem abalar o imposto como hegemônico – conceito que se configura na história como resultado de lutas. 14 Atividade proposta 2 Antes de finalizarmos esta aula, vamos fazer uma atividade com base no caso apresentado para este estudo: Sindicato dos professores defende blackblocs e avisa que vai criar sua “autodefesa”. No decorrer do conteúdo, discutimos bastante a respeito de política – conceito que está presente em nosso cotidiano. Mas será que todos nós fazemos política ou conseguimos nos isentar desse tipo de ação? De acordo com Chauí (1995, p. 371): “As pessoas que, desgostosas e decepcionadas, não querem ouvir falar em política recusam-se a participar de atividades sociais que possam ter finalidade ou cunhos políticos e afastam-se de tudo o que as lembre de atividades políticas. Mesmo tais pessoas, com seu isolamento e sua recusa, estão fazendo política, pois deixam que as coisas fiquem como estão e, portanto, que a política continue a ser o que é. A apatia social é, pois, uma forma passiva de fazer política”. Faça um contraponto entre esse trecho e o caso em questão, refletindo sobre a importância dos cidadãos na luta política – reafirmada pelo uso recorrente da frase “O gigante acordou”. Não se esqueça de considerar a definição de política aqui discutida. Para auxiliá-lo em sua resposta, propomos algumas questões: O fragmento de texto apresentado retrata a atualidade? Por quê? Em termos de articulação política, o que significa dizer “O gigante acordou”? Que relações se estabelecem nesse contexto entre os grupos da sociedade civil em oposição ao Estado? Que demanda(s) comum(ns) podemos identificar nesses grupos sociais? 15 Que papel assume o Estado nessa correlação de forças? Referências CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 6. ed. São Paul: Ática, 1995. JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. Não paginado. LACLAU, E.; MOUFFE, C. Hegemonía y estrategia socialista: hacia una radicalización de la democracia. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2004. MAAR, W. L. O que é política. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. MACEDO, E. Currículo: política cultura e poder. Revista Currículo sem fronteiras, v. 6, n. 2, p. 98-113, 2006. MENDONÇA, D. Teorizando o agonismo: crítica a um modelo incompleto. Revista Sociedade e Estado, v. 25, n. 3, set./dez. 2010. MOUFFE, C. Por um modelo agonístico de democracia. Revista Sociologia política, Curitiba, v. 25, p. 11-23, nov. 2005. SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política educacional. 4. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. 16 Exercícios de fixação Questão 1 De acordo com o que estudamos ao longo desta aula, do período da Antiguidade Clássica até a contemporaneidade, o conceito de política assumiu outros contornos. Isso ocorreu devido: a) A uma determinação própria dessa noção. b) A um posicionamento exclusivo do Estado. c) A um posicionamento exclusivo da sociedade civil. d) À ação dos sujeitos na história, que produzem rearranjos a partir das articulações com o social, nas figuras do Estado e da sociedade civil. e) N.R.A. Questão 2 Em sua definição de política, o Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001, não paginado) pontua que a filosofia política se preocupa com: “[...] a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade, as formas de poder e as condições em que estas se exercem [...]”. A partir dessa conceituação, da leitura do artigo destinado a esta aula, bem como deste estudo, é possível afirmar que, na atualidade, o sentido de política: I. Refere-se ao urbano, ao civil, ao público e ao social. II. Aproxima-se daquele difundido na Grécia, cujas bases estão direcionadas às práticas articuladas pelo social. III. Mantém íntima relação com o papel exercido, exclusivamente, pelo Estado. 17 IV. Articula-se às práticas desenvolvidas pelo social e pelo Estado, bem como envolvem complexas relações de poder na disputa por uma hegemonia. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) Somente II c) I, II e III d) I, II, III e IV e) I, II e IV Questão 3 A presença de um Estado forte e interventor caracterizou, no Brasil, o período da ditadura militar. O mesmo modelo de governo atuou em Roma, representando modos de atividade política: I. Preocupados com a coisa pública. II. Centralizadores, que consideravam positivas as ações de controle do Estado. III. Distantes da ideia de pensar a coisa pública e próximos da valorização da instituição que se ocupa de geri-la. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) I e II b) I, II e III c) II, III d) I e III e) Somente II 18 Questão 4 A teoria marxista corresponde a uma crítica radical às sociedades capitalistas e explicita as condições de exploração das relações de produção. Nesta aula, afirmamos que o regime capitalista reforça a distância entre aqueles que têm acesso a bens culturais e aqueles que não dispõem deles. Na sociedade brasileira, isso significa que: a) Uma parcela mínima da população não tem acesso à educação, à saúde e ao lazer e, por isso, não usufrui desses bens. b) Os salários recebidos pela população são justos, o que permite que todos usufruam dos bens culturais disponíveis atualmente. c) A maioria da população não tem acesso à educação, à saúde e ao lazer em oposição a um grupo minoritário que usufrui desses bens. d) O analfabetismo foi erradicado no país e os sistemas de saúde pública atendem, a contento, os indivíduos que dele precisam – em função disso, é comum encontrar pessoas que usufruem dos bens artísticos. e) N.R.A. Questão 5 De acordo com o Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001, não paginado), o termo política corresponde a: “Tudo aquilo que diz respeito aos cidadãos e ao governo da cidade, aos negócios públicos. A filosofia política é, assim, a análise filosófica da relação entre os cidadãos e a sociedade, as formas de poder e as condições em que estas se exercem, os sistemas de governo e a natureza, a validade e a justificação das decisões políticas. Segundo Aristóteles, o homem é um animal político que se define por sua vida na sociedade organizada politicamente. Em sua concepção e na tradição clássica em geral, a política enquanto ciência pertence ao domínio prático e é 19 de natureza normativa, estabelecendo os critérios da justiça e do bom governo, e examinando as condições sob as quais o homem pode atingir a felicidade (o bem-estar) na sociedade, em sua existência coletiva [...]”. Nesse caso, a categoria de poder que permeia, na atualidade, o Estado e a sociedade quanto à luta política é trabalhada da seguinte forma: I. Polarizada, centrada sempre no Estado. II. Polarizada, sempre determinada pelo social. III. Fluida, a partir das articulações do social – entre Estado e sociedade civil –, buscando produzir uma hegemonia. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) I e II e) I, II e III Questão 6 Em tempos de eleição, é comum observarmos alianças partidárias que não poderiam ser previstas. Para além de um julgamento moral – que auxilia os eleitores a compartilharem ou não dessa nova articulação política –, essa situação se torna possível quando: I. Os indivíduos disputam pelo poder político na política. II. No terreno da política, demandas comuns são evidenciadas. III. As pessoas se unem em torno de um interesse comum, mesmo com posições contraditórias, configurando-o como uma demanda da sociedade.20 IV. O sujeito – representante da política – se nega a ficar só. Entre os itens anteriores, está(ão) CORRETO(S): a) Somente I b) Somente II c) Somente III d) I, II e III e) I, II, III e IV Questão 7 Nesta aula, diferenciamos os termos político e política. Para refletirmos sobre essa distinção, apresentamos a música de Thiago Corrêa, Brasil em cartaz, que aponta o Facebook como um espaço de articulação das manifestações populares ocorridas, recentemente, no Brasil. De acordo com este estudo, é possível afirmar que esse novo ambiente: a) Não pode ser definido de forma precisa. b) É um espaço virtual que mobilizou, por acaso, um grande número de pessoas. c) Possibilita a articulação do político, configurando-se como mais uma dimensão da política. d) Representa apenas um espaço que fomenta boatos e, por isso, não colabora para a articulação do político. e) Todas as opções estão corretas. 21 Questão 8 As manifestações populares que vêm ocorrendo, no Brasil, desde junho de 2013 mostram como opera o jogo político. É possível justificar a união entre partidos, grupos ou indivíduos divergentes na luta por um mesmo ideal por meio das: a) Relações de poder oriundas do social. b) Articulações das demandas do governo. c) Relações de poder oriundas do governo. d) Articulações de uma demanda comum da sociedade. e) N.R.A. Questão 9 A concepção de política agonística não pretende eliminar a diferença por entender que sempre haverá uma oposição ao hegemônico. Pelo contrário: essa noção afirma que o outro anima o jogo político. Isso não significa que há tolerância quanto às desigualdades sociais. Sendo assim, atrelado à correlação de forças entre as figuras do Estado e da sociedade, o conceito de política permite operar em um mundo desigual e de incertezas em termos de distribuição dos bens materiais e simbólicos, porque: a) Atribui à sociedade a missão redentora de mudança. b) A única esperança é encontrar formas de pensar como essa. c) Trabalha a realidade, na qual o Estado é detentor único do poder. d) A disputa se dá na tensão entre a dimensão do político e da política, o que nos permite compreender essa correlação, sem desconsiderar o peso da sociedade. e) N.R.A. 22 Questão 10 No artigo destinado a esta aula, os black blocs são relacionados à figura dos professores. Essa associação pretende afirmar que os docentes são coniventes com atos de violência tão difundidos pela mídia, o que desqualifica a luta política. Os profissionais da educação, por sua vez, aceitam essa analogia e elaboram seu grito de guerra: “O black bloc é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”. Dessa forma, eles produzem outra articulação em torno do sentido da palavra violência, culpando a polícia e o Estado como os responsáveis por atos violentos. Essa atitude pôde ser comprovada na letra da canção de Thiago Corrêa, Brasil em cartaz, apresentada nesta aula, que afirma: “E olha só, que coincidência! Não tem polícia, não tem violência”. Com base no que estudamos, é possível afirmar que essa relação: a) É uma artimanha do social. b) Faz parte do poder do Estado, e não da sociedade. c) Não leva ninguém a lugar algum, pois o valor das passagens de ônibus acabou aumentando. d) Configura o jogo político e retrata, em certa medida, a tensão inscrita nas disputas de poder, para fazer valer como verdade uma ou outra ideia. e) Todas as opções estão corretas. 23 Aula 1 Atividade proposta 1 A ideia de poder é desenvolvida, nos textos dessa aula, de forma a pensa-la de maneira fluida, e não estática. Em outras palavras, sempre haverá disputas entre o Governo e a Scoiedade com a intenção de produzir uma hegemonia. Este é o jogo político: enfatizar determinada visão de mundo como aquela em que vale a pena apostar. Por isso, é muito importante compreender como se articulam tais lutas nos diferentes espaços. Dessa forma, entenderemos os motivos que levam as manifestações de oposição ao governo a assumirem legitimidade política. Atividade proposta 2 A apatia com relação às atividades políticas vem assumindo outros contornos na sociedade. Prova disso é o uso contínuo da frase “O gigante acordou”, na qual a palavra gigante representa, metaforicamente, o Brasil. Portanto, essa afirmação indica que um grande número de indivíduos vem-se mobilizando politicamente no país. Com base no caso proposto para esta aula e na visão de Chauí (1995), identificamos que a demanda por uma educação de qualidade está presente em diversos grupos. Esse interesse promove articulações para que conjuntos distintos de pessoas sejam colocados lado a lado em favor de um projeto maior. A ideia é criar condições básicas para formar uma política dominante. O fato é que esse projeto enfrenta processos de negociação que envolvem sujeitos 24 organizados em grupos ou identidades nos diferentes contextos, capazes de representar essa hegemonia temporariamente. Nessa disputa, um movimento de correlação de forças entre a figura do Estado e a sociedade se estabelece. Isso significa que na relação entre a POLÍTICA – instituições que representam o Estado – e o POLÍTICO – ação dos diversos sujeitos sociais –, essa espécie de política dominante provisória vai-se configurando nos processos de luta. Exercícios de fixação Questão 1 – D Justificativa: A ação de sujeitos na história produz rearranjos, dando novos significados aos conceitos. Justamente em função disso, a noção de política assumiu outros sentidos na Modernidade. Questão 2 – E Justificativa: A presença de um Estado forte e centralizador caracteriza o sentido de política na atualidade. Conforme aponta o artigo sugerido para esta aula, trata-se daquilo que é de interesse da sociedade e de suas articulações em torno de uma demanda comum. Ainda assim, essas articulações configuram relações de poder e as condições em que este se exerce, tal como afirma o trecho retirado do Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001). Questão 3 – C Justificativa: A cidade de Roma assumia uma característica imperial. Portanto, seu modelo de atividade política era exercido a partir de um Estado forte e centralizador, e a disputa pelo poder, pela tutela estatal – a título de interesses privados – ganhava relevância. De acordo com esse posicionamento, a ideia de política estava associada à preocupação com a instituição que se ocupava de gerir a coisa pública. 25 Questão 4 – C Justificativa: Apenas uma parcela mínima da população usufrui dos bens culturais disponíveis em nossa sociedade, sejam estes bens materiais – como saúde e educação, por exemplo – ou simbólicos – objetos artísticos ou culturais. Questão 5 – C Justificativa: Na definição de política proposta pelo Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2001), a ideia de poder é desenvolvida de forma fluida, quando se reflete sobre o jogo político. Enfatizar determinada visão de mundo como aquela em que vale a pena apostar significa produzir uma hegemonia. Isso resulta da disputa pelo poder, da relação conflituosa entre Estado e sociedade civil. Por isso, é muito importante compreender como se articulam tais lutas nos diferentes espaços. Somente dessa forma, entenderemos os motivos que levam as manifestações de oposição ao governo a assumirem legitimidade política. Questão 6 – C Justificativa: As articulações da sociedadeserão efetivadas quando os indivíduos compartilharem de, pelo menos, um interesse em comum, no desejo de que este assuma valor de verdade, ou seja, torne-se hegemônico. Questão 7 – C Justificativa: O Facebook é parte do resultado dos avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que ganharam visibilidade, no Brasil, a partir da década de 1980. Por fomentar as manifestações ocorridas, em junho de 2013, no país, essa ferramenta virtual se configurou como um novo espaço da política, ou seja, um terreno que potencializa as articulações da sociedade em torno de uma demanda comum. 26 Questão 8 – D Justificativa: A união entre partidos, grupos e indivíduos com posicionamentos diferentes se justifica na medida em que tais sujeitos se articulam em torno de uma demanda comum da sociedade brasileira: a diminuição ou a manutenção do valor das passagens de ônibus. Questão 9 – D Justificativa: A dimensão de poder pode ser compreendida a partir da correlação de forças entre o político e a política, o que permite entender que demandas do social são capazes de assumir legitimidade e, consequentemente, de se tornar hegemônicas. É possível que tais demandas estejam associadas à tentativa de diminuir as igualdades materiais e simbólicas da sociedade. Questão 10 – D Justificativa: Na luta política, as disputas por poder ganham relevância. Elas não pertencem a um polo ou a outro, mas se caracterizam de modo fluido, na medida em que as articulações possibilitam os embates entre os lados que se opõem. Entretanto, quando o Estado entra nessa disputa por determinada visão de mundo, seu poder sobressai. Atualizado em 26 fev. 2014
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