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Placenta May 13, 2018 A placenta é o órgão fetomaterno, que, junto com as membranas fetais, executam função de proteção, nutrição, respiração, excreção e síntese hormonal. 1 Implantação trofoblástica O blastocisto começa a invadir o endométrio materno através do sinciciotro- foblasto no fim da primeira semana após a fertilização, e termina ao fim da segunda. Células citotrofoblásticas provenientes das vilosidades primárias e se- cundárias começam a primeira invasão trofoblástica, antes da 12ª semana ainda, e degeneram a túnica adventícia das arteríolas espiraladas da decídua (porção endometrial), aumentando seus respectivos calibres. A segunda onda de invasão trofoblástica ocorre por volta das 16-18 semanas de gestação. Células citotrofoblásticas penetram e migram ao longo da túnica adventícia das artérias espiraladas, chegando até o terço médio do miométrio, substituindo a musculatura lisa por um material fibrinoide não resistente, per- mitindo uma expansão dos vasos. Essa expansão, aliadas à agora ausência de responsividade das artérias a componentes vasoativos, permitem um aumento de até 20 vezes no fluxo sanguíneo no espaço interviloso. A transformação das artérias espiraladas em artérias uteroplacentárias está completa por volta da metade da gestação. O objetivo principal destas mu- danças vasculares visa a circulação uteroplacentária de baixa resistência. 2 Decídua A decídua refere-se ao endométrio gravídico, que recebe nomes diferentes a depender do local de implantação: decídua basal: componente materno da placenta; decídua capsular: parte superficial que recobre o feto; decídua parietal: todas as partes restantes da decídua. Em resposta aos altos níveis de progestinas no sangue materno, as células do es- troma do endométrio acumulam glicogênio e lipídios em seu citoplasma (reação 1 da decídua). Na região do sinciciotrofoblasto, estas células intumescidas de- generam, constituindo uma fonte de nutrição para o concepto em seus estágios iniciais. Cavidades são formadas no sinciciotrofoblasto a partir da reação da decídua, formando cavidades que tornam-se contínuas entre si com o decorrer do desenvolvimento, formando a rede lacunar (primórdio da circulação utero- placentária). 3 Desenvolvimento da Placenta Vilosidades coriônicas cobrem todo o saco coriônico até o fim da oitava semana. Com o crescimento deste saco, as vilosidades da decídua capsular são comprim- idas contra a parede uterina, reduzindo seu suprimento sanguíneo e provocando sua degeneração e formando o córion liso (por volta de 22-24 semanas de ges- tação). As vilosidades associadas à decídua basal aumentam em número, e constitui o córion viloso (Figura 1). A placenta possui o componente fetal (córion viloso) e componente materno (decídua basal) 3.1 Junção fetomaterna As projeções de sinciciotrofoblasto na decídua materna formam as vilosidades primárias. Elas são invadidas pelo citotrofoblasto e depois pelo mesênquima ex- traembrionário (dias 13-15) para formar as vilosidades placentárias secundárias. O citotrofoblasto dentro da vilosidade continua a crescer através do sinciciotro- foblasto invasor e faz contato direto com a decídua basal, formando a vilosidade de ancoragem (Figura 3). Com a invasão da decídua basal pelas vilosidades coriônicas, a decídua sofre erosão, aumentando o espaço interviloso, produzindo várias áreas septais que se projetam em direção à placa coriônica (parte da parede do córion relacionada com a placenta), dividindo a parte fetal da placenta em cotilédones. Cada cotilédone consiste em duas ou mais vilosidades-tronco e seus ramos (Figuras 2 e 3). A decídua capsular entra em contato e se funde com a decídua parietal, obliterando a cavidade uterina. 3.2 Espaço interviloso O espaço interviloso origina-se das lacunas formadas pelo sinciciotrofoblasto du- rante a segunda semana de desenvolvimento, e contém sangue materno prove- niente das artérias espiraladas do endométrio, que passam por fendas de capa citotrofoblástica. Esse sangue é drenado pelas veias endometriais, que também atravessam a capa de citotrofoblasto. 2 3.3 Membrana amniocoriônica O saco amniótico cresce mais rapidamente do que o saco coriônico, fazendo com que as duas membranas se fundam, formando uma só membrana amniocoriônica. É essa membrana que rompe no trabalho de parto. 4 Circulação Placentária As vilosidades coriônicas criam uma grande superfície de contato com o sangue materno, propiciando trocas de materiais, que cruzam a membrana (�barreira�) placentária. 4.1 Circulação placentária fetal Sangue pouco oxigenado deixa o feto e vai para a placenta através das artérias umbilicais, que se ramificam radialmente em artérias coriônicas antes de pene- trarem nas vilosidades coriônicas, enquanto que as veias coriônicas, com sangue bem oxigenado, seguem as artérias até o local de união do cordão umbilical para convergir em veia umbilical. 4.2 Circulação placentária materna O sangue no espaço interviloso fica, temporariamente, fora do sistema circu- latório materno, chegando através das artérias espiraladas maternas, desaguando no espaço interviloso através de fendas na capa de citotrofoblasto. O espaço interviloso da placenta madura contém cerca de 150 mL de sangue, subsituído de três a quatro vezes por minuto. 4.3 Membrana placentária A membrana placentária separa o sangue materno do fetal, e é seletiva no trans- porte de substâncias. Até cerca de 20 semanas, a membrana placentária consiste em quatro camadas: sinciciotrofoblasto, citotrofoblasto, tecido conjuntivo das vilosidades e endotélio dos capilares fetais (Figura 4). Depois de 20 semanas, o citotrofoblasto começa a se �afinar� (por vezes até desaparecendo em áreas localizadas). Com o avanço da gravidez, a membrana placentária torna-se progressivalmente mais delgada. 5 Funções da Placenta A placenta possui três funções principais: metabolismo (p. ex., síntese de glicogênio); transporte de gases e nutrientes; secreção endócrina (p. ex., hCG). 3 Figure 1: Concepto por volta do estágio 14. O polo embrionário mostra muitas vilosidades no córion frondoso, enquanto o polo não embrionário é liso, livre de vilosidades. 5.1 Metabolismo da placenta A placenta, principalmente no início da gestação, sintetiza glicogênio, colesterol e ácidos graxos, servindo de reserva nutricional para o embrião. A transfer- ência de substâncias pela membrana placentária se dá por difusão simples ou facilitada, transporte ativo e pinocitose. 5.2 Síntese e secreção endócrina Os hormônios proteicos sintetizados pela placenta são: gonadotrofina coriônica humana (hCG); somatomamotrofina coriônica humana (hCS), ou lactogênio placentário (hPL) toreotrofina coriônica humana (hCT); corticotrofina coriônica humana (hCACTH). A placenta também desempenha papel importante na síntese de progestinas e estrógenos. 6 Anexos 7 Referências STRANDING, Susan. Gray's - Anatomia. 40ª Edição. Elsevier, 2010 MOORE K L., PERSAUD T.V.N. Embriologia Clínica. 9ª Edição. Else- vier, 2012. 560p 4 Figure 2: O desenvolvimento placentário é mostrado da esquerda para a direita. Figure 3: O arranjo dos tecidos placentários da placa coriônica (lado fetal) até a placa basal ou a decídua basal (lado materno). 5 Figure 4: A, Vilosidade coriônica e seu sistema arteriocapilar-venoso que trans- porta o sangue fetal. A artéria transporta o sangue desoxigenado e os restos metabólicos do feto, e a veia transporta o sangue oxigenado e os nutrientes para o feto. Cortes através de uma vilosidade coriônica com 10 semanas, B, e ao termo, C. A vilosidade estaria dentro do espaço interviloso banhado externa- mente pelo sangue materno. A membrana placentária,composta pelos tecidos fetais, separa o sangue materno do sangue fetal. 6
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