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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CÍVEL DA CIDADE.
Rito Sumário (CPC, art. 275, inc. II, “d”)
				MARIA DA SILVA, viúva, doméstica, inscrita no CPF (MF) sob o nº. 111.222.333-44, e BELTRANO DA SILVA, solteiro, estudante, ambos residentes e domiciliados na Rua das Marés, nº. 333, em Cidade – CEP nº. 112233, ora intermediados por seu mandatário ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, comparecem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte no art. 186 e art. 948, inc. II, ambos do Código Civil c/c art. 275, inc. II, “d”, do Estatuto de Ritos, para ajuizar a presente
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS, 
“dano material e moral”
contra a EMPRESA DE ÔNIBUS DELTA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com sede situada na Av. das Tantas, nº. 0000, em Fortaleza(CE) – CEP 332211, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 33.444.555/0001-66, em razão das justificativas de ordem fática e de direito, tudo abaixo delineado.
1 – DO PLEITO DE GRATUIDADE DA JUSTIÇA
 		Os Autores vêm requerer a Vossa Excelência os benefícios da gratuidade de justiça, por ser pobre, o que faz por declaração neste arrazoado inicial (LAJ, art. 4º). 
LEI DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
(Lei nº 1.060/50)
“Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição inicial, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família.”
§ 1º - Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais. “
2 – LEGITIMIDADE ATIVA – SUCESSORES DO DE CUJUS 
( CC, arts. 12 c/c art. 943 e CPC, art. 985 )
 				De início, convém tecer linhas acerca da propriedade do ajuizamento desta ação indenizatória, nomeadamente em face da legitimidade ativa. 
 				Insta salientar que o dano moral, conquanto de natureza personalíssima, inato aos direitos da personalidade, possui repercussão social e proteção constitucional. O fato de o ofendido ter falecido, não exime o ofensor da reparação pecuniária de lesão direito à dignidade da pessoa humana, à integridade física ou psíquica, à honra, à imagem, etc. A personalidade do de cujus também é objeto de direito, na medida em que o direito de reclamar perdas e danos do de cujus se transmite aos sucessores, a teor dos arts. 12 e parágrafo único e art. 943, todos da Legislação Substantiva Civil, verbis: 
CÓDIGO CIVIL
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
 				Nesse passo, consideremos as lições de Maria Helena Diniz:
“Os lesados indiretos pela morte de alguém serão aqueles que, em razão dela experimentarem um prejuízo distinto do que sofreu a própria vítima. Terão legitimação para requerer indenização por lesão a direito da personalidade da pessoa falecida, o cônjuge sobrevivente, o companheiro (Enunciado nº. 275 do CJF da IV Jornada de Direito Civil), qualquer parente em linha reta ou colateral até o segundo grau (CC, art. 12, parágrafo único). ” (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 24ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 88)
 				Bem a propósito o seguinte julgado: 
APELAÇÃO CÍVEL. SEGUROS. DPVAT. AÇÃO DE COBRANÇA. MORTE. LEGITIMIDADE. NÃO HAVENDO CÔNJUGE VIVO NO MOMENTO DO SINISTRO, A LEGITIMIDADE PARA PROPOR A AÇÃO DE COBRANÇA DE SEGURO DPVAT É DOS HERDEIROS LEGAIS. 
1. Megadata. A jurisprudência é tranquila no sentido de admitir a documentação produzida pelo sistema megadata como meio de prova do pagamento. Todavia, a presunção em relação a esta prova é relativa, admitindo impugnação e prova em sentido contrário, hipótese dos autos. 2. Indenização devida. Hipótese em que a autora faz jus à indenização prevista no artigo 3º, alínea "a", da Lei nº 6.194/74, ou seja, corresponde a sua quota parte - 2/3 do valor equivalente a quarenta salários-mínimos vigentes à época do sinistro - Pois ocorrido o sinistro antes do advento da medida provisória nº 340/2006, que culminou na Lei nº 11.482/07. Possibilidade de vinculação da indenização ao salário-mínimo, por expressa disposição legal. 3. Correção monetária. O valor indenizatório deverá ser corrigido monetariamente pelo IGP-m desde a data do sinistro. Precedentes. Apelo provido, em decisão monocrática. (TJRS; AC 43166-87.2014.8.21.7000; Erechim; Quinta Câmara Cível; Relª Desª Isabel Dias Almeida; Julg. 13/02/2014; DJERS 20/02/2014)
 				Desse modo, é inquestionável a legitimidade ativa para perseguir a reparação de danos em espécie. 	
3 – QUADRO FÁTICO 
 				Os Autores, respectivamente mãe e filho da vítima, esse com idade de 27(vinte e sete) anos e 3(três) meses de idade na data do óbito, falecera no dia 00 de março de 0000, o que se constata pelas certidões de casamento, nascimento(do filho) e óbito, ora anexadas. (docs. 01/03) 
 				Na ocasião do fatídico episódio, por volta das 17:20h, o ofendido retornava de seu trabalho em sua bicicleta em direção à sua residência. Ao chegar aos cruzamentos da Av. das Tantas c/c Av. das Ruas, o mesmo parara em obediência ao semáforo vermelho. Após alguns segundos, o semáforo tornou à cor verde. Nesse momento o ofendido tentara atravessar o cruzamento, no sentido oeste-leste, quando fora colhido pelo ônibus de placas AZS-1234, ou seja, esse atravessara mesmo com o sinal vermelho. 
 				Infelizmente a vítima tivera morte imediata. Cosoante cópia do laudo cadavérico, o mesmo sofrera traumatismo crânio-encefálico com perda de massa. (doc. 04) Igualmente veja do que consta dos autos do inquérito nº. 003344/CE, instaurado para tal propósito. (doc. 05)
							
				O falecimento afetou emocionalmente (dano moral) os Autores, maiormente tamanha a dor pela perda de um ente querido tão próximo. 
 				Por esse norte, constata-se clara e intolerante imperícia e imprudência por parte do preposto da Ré, justificando, desse modo, a promoção da presente demanda indenizatória. 
4 – MÉRITO
4.1. Responsabilidade civil objetiva da Ré
 				Como cediço, à luz dos ditames empregados na Carta Política, a concessionária de serviços públicos, como tal a empresa de transporte coletivo Ré, responde objetivamente pelos fatos danosos. É dizer, não se exige a perquirição de culpa.
 				
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
 				Não bastasse isso, perceba que a Legislação Substantiva Civil do mesmo modo adotou a orientação consagrada na Carta Política:
CÓDIGO CIVIL
Art. 43 - As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
 			
				Com esse enfoque é altamente ilustrativo transcrever os seguintes arestos:
PROCESSO CIVIL ­ APELAÇÃO CÍVEL ­ RESPONSABILIDADE CIVIL ­ TRANSPORTE DE PESSOAS ­ AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS ­ PASSAGEIRO QUE PASSA MAL DENTRO DO ÔNIBUS DURANTE A VIAGEM VINDO A FALECER ­ FALTA DE SOCORROEVIDENTE DA EMPRESA/RÉ ­ CLAUSULA DE INCOLUMIDADE ­ DEVER DE INDENIZAR ­ SENTENÇA MANTIDA. 
1. A responsabilidade civil da pessoa jurídica prestadora de serviço público é objetiva, por força do que está disposto no § 6º, do art. 37 da Constituição da República, ou seja, à empresa de ônibus em questão, concessionária de serviço público que é, deverá responder pelo dano pela simples demonstração do nexo causal entre este e o exercício da atividade, que figura como fato gerador, a não ser que comprove que o autor da ação tenha agido com culpa exclusiva, ou a ocorrência de caso fortuito ou de força maior. 2. A responsabilidade do transportador em relação ao passageiro e seu aspecto mais relevante é a clausula de incolumidade, através da qual o transportador se obriga a levar o passageiro incólume ao seu destino, portanto, é um contrato de resultado, de fim. É ainda, um contrato consensual, bilateral, oneroso e comutativo, posto que para a sua celebração basta o simples encontro de vontades; cria direitos e obrigações para ambas as partes e há um equilíbrio entre as respectivas prestações. 3. Não se sabe ao certo se realmente a empresa/ré prestou socorro à vítima/passageiro, pois nada ficou provado nos autos. O preposto da empresa sequer solicitou do hospital uma declaração de que ali deixou um passageiro, ou do médico socorrista o receituário médico, que comprovasse haver tido algum tipo de atendimento médico. 4. O passageiro veio a falecer, mas o preposto que diz tê­lo deixado hospitalizado, não tomou conhecimento do falecimento. Prova de que não voltou ao hospital para acompanhar o estado de saúde daquele homem que se encontrava no meio de pessoas e terra estranha. 5. A reparação por dano moral deve ser arbitrada moderadamente, a fim de se evitar a perspectiva do locupletamento indevido da parte indenizada, observando­se os critérios relativos à extensão do dano, à capacidade financeira do ofensor e à situação socioeconômica da vítima. A autora requereu a quantia de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais), o que deve ser deferido. 6. Em relação aos danos materiais, foi requerida a quantia de R$ 5.500,00 (cinco mil e quinhentos reais), que corresponde ao traslado do corpo da vítima. Dever de indenizar. 7. Recurso conhecidos e improvido. Sentença mantida. (TJCE; APL 0000211­02.2006.8.06.0093; Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Francisco Bezerra Cavalcante; DJCE 22/07/2014; Pág. 50)
RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ACIDENTE DE ÔNIBUS. LESÕES. DANO MORAL. PROCEDÊNCIA. QUANTUM. RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. 
Nos termos do art. 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal, a pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público responde objetivamente pelos atos de seus agentes em relação a terceiros, usuários e não usuários do serviço. Precedentes do STF. Lesões sofridas pela vítima, decorrentes de acidente automobilístico envolvendo ônibus coletivo enseja indenização por dano moral, na medida em que consubstanciam situação que exorbita dos meros transtornos do dia-a-dia, abalando o estado emocional e psicológico da vítima. O dano moral é in re ipsa, decorrendo diretamente da violação de um direito da personalidade, sendo desnecessária a demonstração da dor espiritual experimentada. mostra-se indispensável que o valor fixado, a título de dano moral, atenda ao binômio reparação/prevenção. além de reparar o dano, a quantia arbitrada deve alijar da sociedade condutas como as retratadas nos autos sem, entretanto, resultar em enriquecimento ilícito da parte ofendida. Apelo conhecido e não provido. (TJDF; Rec 2011.06.1.005513-3; Ac. 700.576; Sexta Turma Cível; Relª Desª Ana Maria Duarte Amarante Brito; DJDFTE 14/08/2013; Pág. 187)
				Nesse passo, tem-se que a responsabilidade civil pode ser natureza subjetiva ou objetiva.
				Em apertada síntese, a natureza subjetiva se verifica quando o dever de indenizar se originar face ao comportamento do sujeito que causa danos a terceiros, por dolo ou culpa; na responsabilidade objetiva, todavia, necessário somente a existência do dano e o nexo de causalidade para emergir a obrigação de indenizar, sendo sem relevância a conduta culposa ou não, do agente causador.
				A responsabilidade objetiva, também denominada de teoria do risco, não é um instituto recente, porquanto se funda num princípio de equidade, existente desde o direito romano. Esse é calcado na premissa de que todo aquele que lucra com uma determinada situação deve responder pelo risco ou pelas desvantagens dela decorrentes.
 				Sem qualquer dificuldade se conclui a vítima fora atropelada sem nada concorrer para o desiderato. A imperícia foi exclusiva do preposto da Promovida. 
	
 				Resta demonstrado o nexo de causalidade com o óbito do ofendido. 
				Inegavelmente houvera culpa exclusiva da Ré, bem como o nexo de causalidade. Incontroverso que o falecido fora alvo de direção imprudente daquele que guiava o veículo atropelador. E isso, obviamente, conduziu à tragédia em vertente. 
	 			Não bastasse isso, ao condutor de veículos se exige cautela no exercício do mister. A Lei nº 9.503/97 - Código de Trânsito Brasileiro - por seus artigos 26 e 28, impõe ao condutor que tenha domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
 
 
CAPÍTULO III
DAS NORMAS GERAIS DE CIRCULAÇÃO E CONDUTA
 
 Art. 26. Os usuários das vias terrestres devem:
 
 I - abster-se de todo ato que possa constituir perigo ou obstáculo para o trânsito de veículos, de pessoas ou de animais, ou ainda causar danos a propriedades públicas ou privadas;
 
 Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito.
 
 				Ademais, o Réu inobservou a regra do art. 34 do mesmo Código de Trânsito, que assim dispõe: 
Art. 34 - O condutor que queira executar uma manobra deverá certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele, considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.
 				
				Nesse sentido é o magistério de Arnaldo Rizzardo:
“Fator determinante de incontáveis acidentes é a troca de luz do semáforo, passando da verde para a amarela e, em seguida, para a vermelha. Em geral, pretende-se aproveitar a passagem da luz amarela para a vermelha, chegando-se ao centro do cruzamento já incidente no semáforo esta última.
( . . . )
Quanto ao significado da luz amarela, e a sua importância no trânsito, sabe-se que indica precaução, atenção, ou cuidado. 
Consequentemente, em princípio, ao acender-se a luz amarelo-alaranjada, deve o motorista para o veículo. Poderá prosseguir a travessia caso já esteja no cruzamento ou, no máximo, começando a passar pelo encontro das duas vias. “ (RIZZARDO, Arnaldo. A reparação nos acidentes de trânsito: Lei 9.503, de 23.09.1997. 11ª Ed. São Paulo: RT, 2010, pp. 357-358)
 				É necessário não perder de vista a posição jurisprudencial acerca do tema em vertente:
APELAÇÕES CÍVEIS. 
Acidente de Trânsito. Semáforo vermelho desrespeitado por funcionário da Empresa Ré em cruzamento. Morte de Cônjuge e genitora dos Coautores. Ação de Indenização por Danos Materiais e Morais. Seguradora denunciada à Lide. Sentença de Procedência em Parte dos pedidos. Danos Materiais e Morais fixados em menor extensão. Condenação da Seguradora Denunciada de reembolsar a Empresa Segurada das quantias por ela despendidas, nos limites da Apólice de Seguros firmada entre as partes. Inconformismo da Empresa Requerida não acolhido e insurgência da Seguradora Denunciada acolhido em parte. Conjunto probatório acostado aos Autos demonstra a responsabilidade do Preposto da Empresa Ré que abalroou o veículo do primeiro Autor ao ultrapassar semáforo vermelho. Inteligência do artigo 333, inciso I do Código de Processo Civil. Cabível Indenizaçãopelos Danos Materiais e Morais sofridos pelos Requerentes, os quais foram bem arbitrados. Afastado o dever da Seguradora Denunciada em reembolsar os prejuízos de ordem moral despedidos pela Segurada. Contrato de Seguro exclui a cobertura em casos de condenação por Danos Morais. Inteligência da Súmula 402 do Superior Tribunal de Justiça. Sentença reformada em parte. RECURSO DA EMPRESA REQUERIDA NÃO PROVIDO E RECURSO DA SEGURADORA DENUNCIADA PROVIDO EM PARTE tão somente para afastar a condenação a ela imposta de ressarcir a Empresa Segurada pelos gastos por ela despendidos em razão de Indenização por Danos Morais, mantida, no mais, a totalidade da r. Sentença de Primeiro Grau proferida. (TJSP; APL 0014225-87.2008.8.26.0602; Ac. 7740328; Sorocaba; Trigésima Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Penna Machado; Julg. 06/08/2014; DJESP 03/09/2014)
PRETENSÃO A REPARAÇÃO DE DANOS. ACIDENTE DE TRÂNSITO. COLISÃO EM CRUZAMENTO PROVIDO DE SEMÁFORO. 
Em vias dotadas de controle semafórico não há que se falar em via preferencial. Art. 89, II do CTB. Presunção hominis de que os condutores profissionais, no transporte de passageiros, por se submeterem a provas específicas e estarem sujeitos ao agravamento de penas nos crimes de trãnsito, dispensam cuidados especiais na circulação. Prova testemunhal que ampara a versão da recorrente, de culpa exclusiva da autora. Recurso provido. (TJRS; RecCv 36039-49.2013.8.21.9000; Porto Alegre; Terceira Turma Recursal Cível; Rel. Des. Cleber Augusto Tonial; Julg. 21/08/2014; DJERS 26/08/2014)
ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR LUCROS CESSANTES, DANOS EMERGENTES, ESTÉTICOS, E MORAIS. DE ACORDO COM AS PROVAS DOS AUTOS, O ACIDENTE DECORREU DE CULPA DO REQUERIDO, PREPOSTO DA EMPRESA REQUERIDA, O QUAL, AGINDO COM IMPRUDÊNCIA, INGRESSOU NO CRUZAMENTO QUANDO O SEMÁFORO ESTAVA VERMELHO PARA A SUA PISTA E SENTIDO DE DIREÇÃO, DANDO CAUSA À COLISÃO. RESPONSABILIDADE DA EMPREGADORA, QUE AGIU COM CULPA IN ELIGENDO, CONFORME ARTIGO 1.521, V, C.C. 1.523, DO CC DE 1916. POSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO DAS INDENIZAÇÕES DE DANO ESTÉTICO E DANO MORAL. EXEGESE DA SÚMULA Nº 387, DO STJ. FIXAÇÃO INDIVIDUAL DO VALOR DE CADA INDENIZAÇÃO. 
Os danos são verdadeiramente axiomáticos no caso em apreço, pois não há dúvida de que a autora experimentou dor, angústia e sofrimento em razão da perda da capacidade para o trabalho, das extensas cicatrizes deixadas, além da dor física das lesões e do tratamento. Considerando-se as peculiaridades do caso vertente, em observância aos parâmetros de razoabilidade, grau de culpa e condição econômica das partes, deve ser mantido o valor da indenização por dano estético, fixada pelo MM. Juiz a quo, em R$ 55.000,00, e deve ser concedida indenização por danos morais, no valor de R$ 55.000,00, segundo os mesmos critérios, sem proporcionar enriquecimento ilícito da ofendida. Deverão incidir sobre tais verbas correção monetária e juros de mora a partir da data do arbitramento, ou seja, desde a publicação da r. Sentença de primeiro grau para os danos estéticos, e desde a publicação deste V. Acórdão para os danos morais. A determinação de constituição de capital pode ser substituída pela inclusão da beneficiária em folha de pagamento, atendendo ao comando do art. 475-Q, §2º, do Código de Processo Civil. A medida, ademais, assegura que o direito da autora será satisfeito, em face do notório porte econômico da demandada. Como as lesões causadas são permanentes e irreversíveis, a pensão deve ser vitalícia. Honorários advocatícios fixados em 15% do valor da condenação estão em conformidade com o disposto no art. 20, §3º, do CPC, e incidem sobre a soma atualizada dos valores das indenizações, acrescidos das parcelas vencidas e de um ano das vincendas. Recursos parcialmente providos. (TJSP; APL 0009894-17.2004.8.26.0533; Ac. 7752842; Santa Bárbara d'Oeste; Trigésima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Gomes Varjão; Julg. 11/08/2014; DJESP 19/08/2014)
				Dessarte, o motorista do veículo atropelador não se portou de forma correta na condução do ônibus. Deveria frenar o veículo ao se deparar com o sinal vermelho, sobretudo quando à luz do laudo pericial aqui acostado a via de tráfego estava em perfeito estado de conservação. Estivesse o Réu conduzindo o veículo com prudência e atenção devida, certamente teria evitado o acidente, pois teve plena condição de avistar o sinal vermelho.
				Dessa feita, encontramos na hipótese os pressupostos da responsabilidade civil, mormente em face do Código Civil, a saber: a conduta humana (aqui ação ilícita do agente), o dano ou prejuízo, a culpa e o nexo de causalidade.			
 			 	Nesse trilhar, o Réu tem o dever de arcar com a indenização almejada, mesmo se não comprovada sua culpa no evento, sendo suficiente a mera criação do risco em virtude do exercício de atividade econômica, direta ou indireta.
 								
4.2. Do dano moral
 				É consabido que a moral é um dos atributos da personalidade, tanto assim que Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald professam que:
“Os direitos da personalidade são tendentes a assegurar a integral proteção da pessoa humana, considerada em seus múltiplos aspectos (corpo, alma e intelecto). Logo, a classificação dos direitos da personalidade tem de corresponder à projeção da tutela jurídica em todas as searas em que atua o homem, considerados os seus múltiplos aspectos biopsicológicos. 
Já se observou que os direitos da personalidde tendem à afirmação da pelna integridade do seu titular. Enfim, da sua dignidade. 
Em sendo assim, a classificação deve ter em conta os aspectos fundamentais da personalidade que são: a integridade física ( direito à vida, direito ao corpo, direito à saúde ou inteireza corporal, direito ao cadáver . . . ), a integridade intelectual (direito à autoria científica ou literária, à liberdade religiosa e de expressão, dentre outras manifestações do intelecto) e a integridade moral ou psíquica (direito à privacidade, ao nome, à imagem etc). (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nélson. Curso de Direito Civil. 10ª Ed. Salvador: JusPodvim, 2012, pp. 200-201)
 				Segundo Yussef Said Cahali caracteriza o dano moral:
“Parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos; portanto, ‘como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranquilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e demais sagrados afetos’; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a ‘parte social do patrimônio moral’ (honra, reputação etc) e dano que molesta a ‘parte afetiva do patrimônio moral’ (dor, tristeza, saudade etc); dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc) e dano moral puro (dor, tristeza etc.). “ (CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 4ª Ed. São Paulo: RT, 2011, pp. 20-21)
	 		 	Nesse compasso, não há qualquer óbice para que seja pretendida a indenização, esse na forma do dano em ricochete. O infortúnio ocorrido com o de cujus proporcionou dano moral em cada um dos entes queridos, que daria a cada um deles o direito de postular, em seu próprio nome, um dano a sua personalidade, o que ora se faz em nome dos pais da vítima. 
 				
 				No que tange ao arbitramento da condenação, mister registrar que essa deve ter um conteúdo didático, visando tanto compensar a vítima pelo dano - sem, contudo, enriquecê-la - quanto punir o infrator, sem arruiná-lo. 
 				Nesse sentido, doutrina e jurisprudência vêm se posicionando de forma análoga à prelecionada pelo insigne R. LIMONGI FRANÇA, que, em artigo intitulado Reparação do Dano Moral (publicado na RT-631, de maio de 1988, p. 33), assim condensa o pensamento de mestres da importância de MACIÁ, GIORGI, GABBA, MELLO DA SILVA, OROZIMBO NONATO e AGUIAR DIAS:
"a) Se o dinheiro não paga, de modo específico, o "preço" da dor, sem dúvida enseja ao lesado sensações capazes de amenizar as agruras resultantes dodano não econômico.
b) Não há exata eqüipolência nem mesmo no terreno dos danos exclusivamente econômicos. A incidência do mesmo óbice, tratando-se de danos morais, não constituiria impedimento à indenização. 
c) A alegria é da mesma natureza transcendente da tristeza. "Seriam ambas (...) valores da mesma essência e que, por isso mesmo, poderiam ser compensados ou neutralizados, sem maiores complexidades." 
d) Não se trataria de restaurar os bens lesados do ofendido, mas sim di fare nacere in lui una nuova sorgente de felicità e de denessere, capace de alleviare le consequenze del dolore ingiustamente provate."
 		 		O valor da indenização pelo dano moral não se configura um montante tarifado legalmente. A melhor doutrina reconhece que o sistema adotado pela legislação pátria é o sistema aberto, no qual o Órgão Julgador pode levar em consideração elementos essenciais. Desse modo, as condições econômicas e sociais das partes, a gravidade da lesão e sua repercussão e as circunstâncias fáticas, o grau de culpa, tudo isso deve ser considerado. Assim, a importância pecuniária deve ser capaz de produzir-lhe um estado tal de neutralização do sofrimento impingido, de forma a "compensar a sensação de dor" experimentada e representar uma satisfação, igualmente moral.
 				Anote-se, por oportuno, que não se pode olvidar que a presente ação, nos dias atuais, não se restringe a ser apenas compensatória; vai mais além, é verdadeiramente sancionatória, na medida em que o valor fixado a título de indenização reveste-se de pena civil.
 				Dessarte, diante dos argumentos antes verificados, pede-se indenização pecuniária no valor correspondente a 500(quinhentos) salários mínimos, repartido entre os autores, à guisa de reparação dos danos morais.
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE DE MENOR. QUEDA DE ÔNIBUS COLETIVO. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. TRANSAÇÃO. INTERESSE DE MENOR. DANOS MORAIS. VALOR. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. 
1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo tribunal de origem, de forma suficientemente ampla e fundamentada, deve ser afastada a alegada violação ao art. 535 do Código de Processo Civil. 2. São indispensáveis a autorização judicial e a intervenção do ministério público em acordo extrajudicial firmado pelos pais dos menores, em nome deles, para fins de receber indenização por ato ilícito (EREsp 292.974/SP, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, Segunda Seção, julgado em 12/02/2003, DJ 15/09/2003, p. 231). 3. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, excepcionalmente, em Recurso Especial, reexaminar o valor fixado a título de indenização por danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Valor estabelecido pela instância ordinária que não excede o fixado, em regra, pelos mais recentes precedentes desta corte, de 500 salários-mínimos em moeda corrente. 4. Tratando-se de indenização por danos morais decorrentes de obrigação contratual, os juros de mora são devidos a partir da citação. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ; AgRg-Ag 1.194.880; Proc. 2009/0105887-2; CE; Quarta Turma; Relª Minª Isabel Gallotti; DJE 04/02/2014)
4.3. DANO MATERIAL 
4.3.1. DANOS EMERGENTES
 			 	Devida, também, a condenação da Ré na reparação de danos materiais, na ordem dos danos emergentes. 
			 	Segundo enfatizado pela Legislação Substantiva Civil:
Art. 948 - No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família;
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
 			 	Nesse compasso, a empresa demandada deverá ser condenada a ressarcir todas as despesas experimentadas com o funeral, jazigo e luto da família, a ser apurado em liquidação de sentença. 
4.3.2. LUCROS CESSANTES 
 				A atual jurisprudência, reportando-se à possibilidade da indenização por danos materiais, no tocante ao pensionamento de família pobre que dependia do fomento da vítima, assim tem se pronunciado, in verbis:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE TRÂNSITO. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 273, CPC. PENSÃO MENSAL E CUSTEIO DE TRATAMENTO PSICOLÓGICO. MORTE DO MANTENEDOR DA FAMÍLIA. POSSIBILIDADE. MULTA DIÁRIA. APLICABILIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 
1. A tutela antecipada, ou provisória, na lição de Fredie Didier Jr. , "é aquela que dá eficácia imediata à tutela definitiva (satisfativa ou cautelar), permitindo sua pronta fruição. E, por ser provisória, será necessariamente substituída por uma tutela definitiva - Que a confirme, revogue ou modifique", concedida a partir de uma cognição sumária. Assim, exige-se a presença cumulativa de dois elementos indispensáveis à concessão da tutela antecipada, o periculum in mora e o fumus boni iuris. 2. Este Egrégio Tribunal de Justiça vem se manifestando quanto a possibilidade de concessão de pensão mensal, em sede de tutela antecipada, nos casos de reparação de danos decorrentes de acidente automobilístico, mormente quando preenchidos os requisitos do artigo 273, do Código de Processo Civil. Nesse sentido: AI 39119000089, Rel. Des. Roberto Mignone, DJ. 24.07.2012; AI 48119003449, Rel. Des. Eliana Junqueira Munhós Ferreira, DJ. 27.01.2012; AI 17119000044, Rel. Des. Carlos Roberto Mignone, DJ. 29.08.2011.3. Com efeito, os documentos acostados aos autos indicam que houve culpa exclusiva do motorista do ônibus de propriedade da empresa agravante, pela ocorrência do acidente, pois, desgovernado, não teria conseguido realizar a curva, atropelando o ciclista que encontra-se no acostamento ocasionando a morte do cônjuge e genitor das agravadas. 4. Não se olvida, outrossim, que o ciclista vitimado no referido acidente, cônjuge e genitor das agravadas, era o provedor da família, arcando com a maior parte das despesas relativas à subsistência de sua família, eis que sua esposa também trabalhava como professora do Município de Colatina. 5. Nesse sentido, restando demonstrada a verossimilhança das alegações autorais, e o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação caso não seja deferida, neste momento processual, a antecipação de tutela, pois, presumidamente, imprescindível a percepção de pensão mensal para a subsistência do núcleo familiar referente ao aporte financeiro que era prestado pelo falecido, agiu com acerto o Magistrado Singular ao deferir o pleito antecipatório. 6. Considerando a ausência de comprovação do quantum percebido pelo de cujus, deve ser fixada a pensão devida em favor das agravadas em um salário mínimo mensal para cada uma, até ulterior instrução probatória. 7. É devido, outrossim, o custeio do tratamento psicológico ao qual estão submetidas as ora agravadas, em decorrência do trauma sofrido com a perda do cônjuge e genitor em trágico acidente de trânsito. 8. Vale esclarecer é cabível a fixação de multa no caso em exame, na medida em que a referida penalidade é estipulada com o intuito de instar a parte demandada a cumprir provimento judicial, a fim de coibir o retardo injustificado no atendimento da tutela concedida. 9. Recurso conhecido e desprovido. (TJES; AI 0012961-78.2013.8.08.0014; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Álvaro Manoel Rosindo Bourguignon; Julg. 18/02/2014; DJES 26/02/2014) 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO DE INCAPAZ POR COLETIVO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. PENSIONAMENTO E DANOS MORAIS AOS GENITORES. 
A responsabilidade da empresa de ônibus concessionária de serviço público é objetiva em relação a terceiros usuários ou não-usuários do serviço de transporte, prescindindo da prova da culpa pelo evento ocorrido, segundo decorre do art. 37, §6º da Constituição Federal. Assim, a responsabilidade da empresa de transporte coletivo somente pode ser afastada na hipótese de culpa exclusiva da vítima, caso fortuito, força maior. Oempregador responde de maneira objetiva pelos danos causados por seu preposto (art. 932, III, e 933 do CC/02). Verbete de Súmula nº 341 do STF. Todavia, não obstante a responsabilidade seja objetiva nestas hipóteses, é possível a discussão da culpa na relação externa com a vítima, tal como sucede no caso concreto. Elementos contidos nos autos que desautorizam afastar a culpa parcial do condutor do coletivo na causação do acidente. Ausência de elementos que permitam majorar a concorrência culposa da vítima. Danos morais advindos da perda de filho. Quantum indenizatório fixado na sentença mantido, pois arbitrado em consonância com as peculiaridades do caso em comento, bem assim, proporcionalmente, com os precedentes deste colegiado. Tratando-se de família de baixa renda, é devido pensionamento aos pais pela morte de filho menor, ainda que este, ao tempo do acidente, não exercesse atividade remunerada (Súmula nº 491 do STF) e não obstante a existência de outros filhos. Não havendo na apólice cláusula expressa de exclusão de cobertura pelos danos morais, estão eles compreendidos na rubrica danos corporais. Aplicação do verbete de Súmula nº 402 do STJ. Os valores contidos na apólice deverão ser acrescidos de juros de mora de 1% ao mês desde a data da citação da denunciada, em razão da resistência parcial oferecida. Condenação da denunciada à cobertura da totalidade dos valores que a denunciante vier a despender em razão do julgamento da demanda. Apelações improvidas. (TJRS; AC 189303-72.2013.8.21.7000; Gravataí; Décima Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Luiz Roberto Imperatore de Assis Brasil; Julg. 26/02/2014; DJERS 11/03/2014)
RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. ATROPELAMENTO EM LINHA FÉRREA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA COMPANHIA FERROVIÁRIA. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 37, §6º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INCUMBÊNCIA DO DEVER DE VIGILÂNCIA E SEGURANÇA DA LINHA FÉRREA. INEXISTÊNCIA DE MUROS NO TRECHO EM QUE A COLISÃO OCORREU NA ÉPOCA DOS FATOS. COMPROVAÇÃO DE QUE PEDESTRES CAMINHAVAM LIVREMENTE PELO LOCAL, INCLUSIVE NOS PRÓPRIOS TRILHOS DO TREM. VÍTIMA QUE REALIZAVA A TRAVESSIA EM LOCAL PROIBIDO. CULPA CONCORRENTE RECONHECIDA. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. DANOS MATERIAIS. LUCROS CESSANTES. PENSÃO POR MORTE. ARTIGO 948, II, DO CÓDIGO CIVIL. MORTE DE FILHO MAIOR QUE RESIDIA JUNTO AOS PAIS. FAMÍLIA DE BAIXA RENDA. PRESUNÇÃO DE DEPENDÊNCIA. COMPROVAÇÃO DOS RENDIMENTOS DA VÍTIMA POR MEIO DA PROVA ORAL. PENSIONAMENTO FIXADO EM 2/3 DE METADE DOS RENDIMENTOS DA VÍTIMA ATÉ QUANDO ELA COMPLETARIA 65 ANOS DE IDADE OU O FALECIMENTO DOS AUTORES, CONFORME LIMITE IMPOSTO PELO PEDIDO. CONSTITUIÇÃO DE CAPITAL. ARTIGO 475-Q DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 313 DO STJ. DANOS EMERGENTES. DESPESAS COM O FUNERAL DA VÍTIMA. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL DOS GASTOS. REEMBOLSO DA METADE DO VALOR DESPENDIDO PELA FAMÍLIA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. MORTE DO FILHO DOS AUTORES. INDENIZAÇÃO DEVIDA. VALOR INDENIZATÓRIO REDUZIDO. LIDE SECUNDÁRIA. SOLIDARIEDADE ENTRE SEGURADORAS E SEGURADA RECONHECIDA. 
Possibilidade de execução direta e solidária das seguradoras com as corrés na medida em que as denunciadas contestaram o pedido inicial, assumindo a condição de litisconsorte passivo. Cosseguro. Inexistência de solidariedade entre as seguradoras. Distribuição dos riscos entre as denunciadas. Obrigatoriedade de observância dos percentuais fixados na apólice. Recursos das partes parcialmente providos. (TJSP; EDcl 0061641-10.2005.8.26.0100/50000; Ac. 7401601; São Paulo; Trigésima Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Hamid Bdine; Julg. 17/12/2013; DJESP 19/03/2014)
APELAÇÕES CÍVEIS. ACIDENTE DE TRANSITO. ATROPELAMENTO. MORTE DE PEDESTRE. ZONA RESERVADA PARA PASSEIO INTERROMPIDA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO MUNICÍPIO. CULPA CONCORRENTE, PORÉM EM MAIOR PROPORÇÃO EM RELAÇÃO O MUNICÍPIO. DESÍDIA DO RÉU EM PROMOVER A SINALIZAÇÃO E ILUMINAÇÃO DO LOCAL. DANOS MATERIAIS E MORAIS. 
1. Tratando-se de ação de reparação em face de acidente de transito decorrente de omissão do ente público, aplicável à espécie a teoria da responsabilidade subjetiva, sendo inaplicável o disposto no art. 37, §6º da Constituição Federal. 2. Culpabilidade: Ainda que a vítima tenha contribuído para o fato - Ao trafegar na pista de rolamento lado a lado com suas amigas -, o contexto decorrente da omissão municipal foi preponderante para a eclosão do lamentável sinistro. Culpabilidade da autora reconhecida em 25%. Inexistência de culpa do co-demandado. 3. Danos materiais: Tem-se por pertinente a majoração da pensão mensal estabelecida em sentença, para o equivalente a 2/3 do salário mínimo nacional - Vigente à época de cada pagamento -, inclusive 13º salário, iniciando-se em 27/04/2012 (data do fato) até a menor completar 25 anos de idade. Precedentes desta câmara. 4. Danos morais: A perda de um dos integrantes da família - No caso, a mãe da autora -, além da dor psíquica inevitável, importa na supressão de força de trabalho a auxiliar a manutenção da entidade familiar. O montante da indenização fixada pelo juízo a quo (R$ 23.250,00) comporta majoração para o valor de R$ 65.000,00, valor que melhor atende ao caráter pedagógico e punitivo da condenação. Apelo da autora parcialmente provido. Apelo do município réu improvido. (TJRS; AC 249559-83.2010.8.21.7000; Gravataí; Décima Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Victor Luiz Barcellos Lima; Julg. 27/06/2013; DJERS 04/07/2013)
				Nesse passo, o entendimento jurisprudencial é no sentido de que deve existir o pensionamento dos familiares. O falecido era o único mantenedor da família, o qual, à época do ocorrido, percebia a quantia de 2(dois) salários mínimos (doc. 07). Os Autores, ademais, não são possuidores de bens materiais substantivos, maiormente quando se revelam como simples empregados com baixa renda. (docs. 08/09)
 				Quanto ao valor, esse poderá ser inclusive vinculado ao salário mínimo, como se observa do aresto abaixo indicado:
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA Nº 7/STJ. VINCULAÇÃO DA PENSÃO AO SALÁRIO MÍNIMO. POSSIBILIDADE. DANOS MORAIS. REVISÃO DO VALOR. 
1. Se as questões trazidas à discussão foram dirimidas, pelo tribunal de origem, de forma suficientemente ampla, fundamentada e sem omissões deve ser afastada a alegada violação ao art. 535 do código de processo civil. 2. Não há cerceamento de defesa quando o magistrado decide de forma suficientemente fundamentada sobre a desnecessidade da prova requerida. Rever tal conclusão implicaria o reexame do conjunto fático-probatório, vedado pela Súmula nº 7/STJ. 3. Conforme a reiterada jurisprudência do STJ, em se tratando de pensionamento decorrente de ato ilícito, é possível a vinculação da pensão ao salário mínimo. Precedentes. 4. A jurisprudência do Superior Tribunal de justiça admite, excepcionalmente, em sede especial, o reexame do valor fixado a título de danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Hipótese, todavia, em que a verba indenizatória, consideradas as circunstâncias de fato da causa, foi estabelecida pela instância ordinária em conformidade com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ - AgRg-AREsp 464.989; Proc. 2014/0012536-5; DF; Quarta Turma; Relª Minª Isabel Gallotti; DJE 09/04/2014)
 			 	No que diz respeito ao termo final do pensionamento, urge transcrever as lições de Francisco Ferreira Jorge Neto e Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante, quando, professando acerca dos danos materiais advindos do fato morte, maiormente quanto ao limite de data para o pensionamento pelo ofensor:
“A fixação da pensão corresponde ao lucro cessante na fixação do quantum devido pela reparação do ato ilícito. O valor da prestação será atribuído a quem dependia, em tempo de vida, da vítima, devendo ser pago em até a idade que o falecido normalmente viveria. As parcelas são mensais e não de uma só vez. A jurisprudência, no caso de morte,tem fixado a pensão até a idade de 65 anos. Outros entendimentos jurisprudenciais, com base na data limite da aposentadoria compulsória, têm fixado a pensão em até 70 anos. “ (JORGE NETO, Francisco Ferreira. Direito do Trabalho. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012, p. 945)
 				
 					Desse modo, impende identificar que as partes autoras eram dependentes do falecido, maiormente por conta do parentesco entre os mesmos (CC, art. 1697), a quem esse devia alimentos. (CC, art. 948, inc. II c/c art. 1694) 
	 				Por esse norte, compete à Ré pagar indenização mensal (pensionamento) equivalente a dois terços (2/3) do salário percebido na data do episódio, inclusive décimo terceiro, até a data em que ele atingiria 70 anos de idade. Por via reflexa, pede-se a inclusão das autoras na folha de pagamento da Ré. 
 					Com respeito às pensões vencidas, essas deverão ser pagas de uma única vez. 					
5 – P E D I D O S e r e q u e r i m e n t o s 
 				Diante do que foram expostos, os Autores pleiteiam:
a) Determinar a citação da Requerida, por carta, com AR, instando-a a comparecer à audiência de conciliação designada, para nessa apresentar a defesa que entender pertinente, sob pena de, não comparecendo, serem considerados verdadeiros os fatos aqui narrados(CPC, arts. 275, § 2º);
b) pede, mais, sejam JULGADOS PROCEDENTES os pedidos formulados na presença Ação de Reparação de Danos, condenando a Ré a pagar as seguintes verbas indenizatórias aos Autores:
( i ) requer a condenação da Promovida a pagar, para ambos os autores, a título de danos morais (ricochete), a quantia equivalente a 500(quinhentos) salários mínimos, valor esse compatível com o grau de culpa, a lesão provocada e a situação econômica de ambas as partes envoltas nesta querela judicial e;
( ii ) também condená-la a indenizar os Autores em lucros cessantes (CC, art. 948, inc. II), com a prestação de alimentos mensais, correspondentes a dois terços (2/3) do salário percebido pelo de cujus a partir da sua morte até a data que esse completaria 70(setenta) anos de idade, inclusive verba natalina. Pede-se a inclusão das Autoras na folha da Ré. Quanto às pensões vencidas, requer o pagamento de única vez;
( iii ) na forma do art. 475-Q do Estatuto de Ritos, determinar a constituição de capital para assegurar o cumprimento da obrigação;
( iv ) todos os valores acima pleiteados sejam corrigidos monetariamente;
Súmula 43 do STJ – Incide correção monetária sobre dívida por ato ilícito a partir da data do efetivo prejuízo.
Súmula 54 do STJ – Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. 
( v ) pede, outrossim, a condenação ao pagamento de despesas com funeral e jazigo, a ser apurado em liquidação de sentença;
( vi ) seja o Requerido condenado ao pagamento de honorários de 20%(vinte por cento) sobre o valor da condenação, mormente levando-se em conta o trabalho profissional desenvolvido pelo patrono do Autor, além do pagamento de custas e despesas, tudo também devidamente corrigido.
 				Provará o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, por mais especiais que sejam, sobretudo pela oitiva de testemunhas ( a qual o rol de pronto deposita – CPC, art. 276 ), depoimento pessoal do Réu, o que desde já requer, sob pena de confesso.
		
 				Dá-se à causa o valor de R$ 000.000,00 ( .x.x.x ).
				Respeitosamente, pede deferimento.
				Cidade, 00 de agosto de 0000.
 			 			 Beltrano de tal
 							 Advogado – OAB(CE) 112233
ROL DE TESTEMUNHAS
( 1 ) Fulano 
( 2 ) Beltrano 
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