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A teoria psicanalítica de Freud PROF. DR. IGOR FRANCÊS Introdução e contexto A psicologia surge na Alemanha, em meados do século XVIII como ciência independente. Tarefa: a análise da consciência de um adulto normal. Descobrir os elementos básicos da consciência e determinar como eles formavam os elementos compostos. Consciência: constituída de elementos estruturais em ligação estreita com os órgãos dos sentidos. Exemplo: sensação visual de cor correlacionada com mudanças fotoquímicas na retina. As experiências complexas eram formadas a partir da associação de certo número de sensações, imagens e sentimentos elementares. Introdução e contexto Resistencia a esse tipo de psicologia – grande variedade de motivos Alguns se opuseram à ênfase exclusiva na estrutura da personalidade. Acreditavam que as características mais importantes eram os processos ativos e não os conteúdos passivos. Sentidos e não sensações / Pensamentos e não ideias / Imaginação e não imagens Esses deveriam ser os temas da psicologia Outros alegavam que não se podia dissecar a consciência sem destruir a essência da experiência (enquanto totalidade). A consciência seria composta de padrões ou configurações e não de elementos associados. Outro grupo afirmava que a mente não podia estar sujeita à investigação pelos métodos da ciência por ser íntima e subjetiva. Psicologia deveria ser a ciência do comportamento Introdução e contexto As críticas de Freud vão em sentido diferente. Analogia da mente com um iceberg. A parte que se vê na superfície seria a consciência, enquanto a maior parte, submersa, seria o inconsciente. Na região do inconsciente se encontram os impulsos, paixões, ideias e sentimentos reprimidos. Imenso reservatório de energia que exerce um controle imperioso sobre os pensamentos e ações conscientes. Sob esse ponto de vista, a psicologia que se limita à análise da consciência tornou-se insuficiente para a compreensão dos motivos fundamentais do comportamento humano. História pessoal Sigmund Freud Nasceu na Morávia em 6 de maio de 1856 e morreu em Londres em 23 de setembro de 1939. Morou em Viena por quase toda a vida, só saindo quando os nazistas invadiram a Áustria. Graduou-se em medicina na Universidade de Viena. Seu interesse por neurologia e os transtornos nervosos o conduziu e estudar um ano com o psiquiatra francês Jean Charcot, que usava a hipnose no tratamento da histeria. De volta a Viena se interessou pelo método catártico de Breuer até desenvolver o método da associação livre. Juntos escreveram os Estudos sobre a Histeria. Em 1900, já não mais trabalhando com Breuer, Freud escreveu a Interpretação dos Sonhos, no qual começa a estabelecer as definições do aparelho psíquico. A estrutura da personalidade A personalidade é constituída por três sistemas: id, ego e superego. O comportamento é quase sempre o produto da interação entre esses três sistemas; e, raramente, um age em exclusão aos outros. Id O id é a matriz do ego e do superego. Reservatório da energia psíquica e fornece toda a energia para os outros dois sistemas. Está em contato com os processos corporais. Verdadeira realidade psíquica – processo primário O id não tolera estados de tensão desconfortáveis. Funciona de maneira a descarregar a energia para o organismo voltar a um nível de tensão confortável. A esse processo, Freud chamou de princípio de prazer – estado de redução de tensão pelo qual o id opera. Para atingir esse objetivo, o id faz uso de dois processos: Ações reflexas – reações inatas e automáticas: espirrar e tossir, por exemplo. Processo primário – reação psíquica de redução da tensão pela imagem alucinatória do objeto desejado (realização do desejo). Por exemplo, os sonhos, os delírios, as fantasias. O id em sua totalidade é guiado pelo processo primário. Ego Obedece ao princípio da realidade e opera por meio do processo secundário. Princípio da realidade – evitar a descarga de tensão até ser descoberto um objeto que seja apropriado para a satisfação da necessidade. O princípio da realidade suspende temporariamente o princípio de prazer, mas o princípio de prazer é atendido quando o objeto necessário é encontrado e quando a tensão é reduzida. Processo secundário – o ego formula um plano de ação para a realização da necessidade e depois o testa (teste de realidade). Para dar conta desse processo, o ego tem sob controle as funções cognitivas e intelectuais a serviço do processo secundário. Principal papel: mediador entre as exigências do id e as condições do ambiente cultural. Superego Representante interno dos valores morais e dos ideais da sociedade. Força moral da personalidade. Representa o ideal mais do que o real e busca a perfeição mais do que o prazer. Árbitro moral internalizado de conduta. A criança incorpora aquilo que aprende com os pais. O mecanismo pelo qual ocorre essa incorporação é chamado de introjeção. Principais funções do superego: 1. inibir os impulsos do id, especialmente aqueles de natureza sexual ou agressiva. 2. persuadir o ego a substituir objetivos realistas por objetivos moralistas. 3. buscar a perfeição. Diferente do ego, o superego não se satisfaz em adiar a gratificação pulsional; ele tenta bloqueá-la. A dinâmica da personalidade A pulsão (fatores propulsores da personalidade) Representação de uma fonte somática interna de excitação. Representação psíquica – desejo (motivador do comportamento) Representação corporal – necessidade Pulsão exerce controle seletivo sobre a conduta ao aumentar a sensibilidade a tipos específicos de estimulação. Constitui a soma total de energia psíquica disponível. O id é o reservatório das pulsões. A dinâmica da personalidade Aspectos característicos da pulsão: 1. fonte: condição corporal ou necessidade 2. meta: remoção da excitação (equilíbrio na tensão) – conservar o equilíbrio d organismo (pulsão conservadora) 3. objeto: atividade que intervém entre o aparecimento do desejo e sua realização. 4. ímpeto: força determinada pela intensidade da necessidade subjacente. A fonte e a meta continuam constantes por toda a vida, a menos que a fonte seja modificada ou eliminada pelo amadurecimento físico. Por outro lado, o objeto pode variar, pois a energia psíquica é deslocável (pode ser gasta de várias maneiras). Os objetos podem ser substituídos de acordo com as possibilidades ambientais. A dinâmica da personalidade O deslocamento de energia é o aspecto mais importante da dinâmica pulsional. A dinâmica da personalidade consiste na maneira como a energia psíquica é distribuída e utilizada pelo aparelho psíquico. Pulsão de vida: servem ao propósito de manutenção da vida (sobrevivência individual e propagação da espécie). Libido: forma de energia pela qual a pulsão de vida realiza sua tarefa. Pulsão de morte: baseia-se no princípio da constância (todos os processos vivos tendem a retornar à estabilidade do mundo inorgânico). Desejo de morte: representação psíquica do princípio de constância. Agressividade: autodestruição voltada pra fora, contra objetos substitutivos. Distribuição e utilização da energia psíquica Como vimos, originalmente, o id possui toda a energia e a utiliza para a ação reflexa e para a realização do desejo por meio do processo primário. Princípio do prazer Escolha objetal – investimento em uma ação ou imagem que vai gratificar a pulsão. O ego toma emprestado do id a energia necessária para se constituir. Esse processo se dá pelo mecanismo da identificação. Distribuição e utilização da energia psíquica Identificação – combinação de uma representação mental com seu correspondente no mundo externo, por meio do processo secundário. A identificação permite que o ego substitua o processo primário pelo processo secundário. Parteda energia é utilizada pelo ego para o desenvolvimento de processos cognitivos. Parte da energia é utilizada pelo ego para a contenção da ação impulsiva do id (contra investimento). A identificação responde também aos investimentos do superego. Os pais são os primeiros objetos de investimento por parte da criança. Desempenham também papel de agentes disciplinadores (moral) – Introjeção Em última análise, a dinâmica da personalidade consiste no jogo de forças impulsionadas, ou investidas, e de forças repressoras, ou contra investimentos. A angústia Dinâmica da personalidade – governada pela exigência de gratificar as próprias necessidade por meio de transações com objetos do mundo externo. Ambiente – capaz de produzir dor e aumentar a tensão, assim como de trazer prazer e reduzir a tensão. Sentir medo é a reação costumeira do indivíduo às ameaças externas de dor e destruição com as quais não está preparada para lidar. Estimulação excessiva que não consegue lidar – angústia Angústia realística: medo de perigos reais no mundo externo Angústia neurótica: medo de que a pulsão escape Angústia moral: medo da consciência A angústia Função: alertar a pessoa em relação a um perigo iminente. Sinal de que, a menos que sejam tomadas medidas apropriadas, o perigo pode aumentar até aniquilar o ego. Angústia: estado de tensão Trauma: angústia que não pode ser manejada com medidas efetivas - reduz o sujeito a um estado de desamparo mecanismos de defesa: tentativa de lidar com o desamparo e a angústia Desenvolvimento da personalidade quatro fontes importantes de tensão: 1. processos de crescimento fisiológico / 2. frustrações / 3. conflitos / 4. ameaças Métodos para reduzir a tensão – esse aprendizado resulta na personalidade Identificação: aprende a reduzir a tensão assimilando características de outras pessoas. Teste: se a identificação ajuda a reduzir a tensão, a característica é assimilada, caso contrário, é descartada. Através da identificação pode-se “recuperar” o objeto de amor perdido. A estrutura da personalidade representa um acúmulo de identificações feitas em vários períodos da vida. Desenvolvimento da personalidade Deslocamento: quando uma escolha objetal se torna inacessível, um novo investimento se forma. A estabilidade se torna possível com o amadurecimento do indivíduo, devido aos compromissos feitos entre as exigências pulsionais e a pressões culturais. Civilização: possível devido à inibição das escolhas objetais primitivas e ao desvio da energia para canais socialmente aceitos e culturalmente criativos – sublimação Direção do deslocamento: 1. semelhança com o objeto original / 2. sansões impostas pela sociedade Mecanismos de defesa Sob a pressão da angústia, o ego é forçado a tomar medidas para o alívio da tensão. Repressão: uma escolha objetal provoca um alarme indevido e é empurrada para fora da consciência. Pode interferir no funcionamento normal do corpo. Forma simbólica adequada – deslocamento que impeça o despertar da angústia. Dificuldade em eliminar uma repressão Projeção: a ansiedade neurótica ou moral é transformada em um medo real. Reduz a angústia ao substituir um medo maior por um perigo menor. Fases do desenvolvimento psicossexual Fase oral: A boca é a principal fonte de prazer que se manifesta pelo ato de comer: incorporar o objeto. Dependência maior em relação aos cuidadores, principalmente a mãe que provê o alimento. Fase anal: Primeira experiência de regulação externa de um impulso: retenção e expulsão do objeto e da tensão. Fase fálica: Aparecimento do complexo de Édipo – investimento sexual no genitor do sexo oposto e hostilidade para com o do mesmo sexo Período de latência: Período que se estende do momento de dissolução do complexo de Édipo até a puberdade. Fase genital: Substituição do “autoamor” por escolhas objetais genuínas, não narcísicas. Os investimentos das fases anteriores se fundem aos impulsos genitais
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