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1Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
mais informações www.iesde.com.br
Constituição Federal de 1988, 
Constituição anterior, 
normas infraconstitucionais e 
Poder Constituinte Derivado
Nourmirio Bittencourt Tesseroli Filho*
Constituição Federal de 1988
Origem
Com o término dos governos militares e a redemocratização do país, viu- 
-se a necessidade de uma nova Constituição. Foi encaminhada ao Congresso 
Nacional uma proposta de emenda à constituição (PEC) que deu origem à 
Emenda Constitucional (EC) 26, de 27 de novembro de 1985, pela qual se 
deu a convocação da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), a qual foi ins-
talada em 1.° de fevereiro de 1987, em Brasília. No dia seguinte, o deputado 
federal Ulysses Guimarães foi eleito presidente da ANC, com 425 votos.
EC 26/85,
Art. 1.° Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão, 
unicameralmente, em Assembleia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1.° de 
fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional.
Frise-se, o precitado órgão constituinte – Assembleia Nacional Consti-
tuinte (ANC) – continha a vontade de ruptura com o regime jurídico-cons-
titucional então vigente. Em 3 de fevereiro de 1987, Ulysses Guimarães, o 
Senhor Diretas, presidente da ANC, ressaltou o propósito de transformação 
que havia na sociedade brasileira: “[...] A Nação quer mudar, a Nação deve 
mudar, a Nação vai mudar [...]” (ANAIS, 1988, p. 21).
A Assembleia Nacional Constituinte encerrou seus trabalhos em 5 de ou-
tubro de 1988, com a promulgação da Constituição atual, a qual foi ovacio-
nada pela sociedade e pelos próprios legisladores constituintes. Tendo em 
conta a ampliação dos direitos e garantias individuais e coletivos, Ulysses 
Guimarães denominou a CF/88 de “Constituição Cidadã”, destacando sua 
* Advogado e Professor 
Universitário (PUCPR). Pós- 
-Graduado em Direito 
Processual Civil pelo IBEJ. 
Professor em cursos pre-
paratórios para concursos 
públicos e exames de 
Ordem, com atuação em 
Direito Constitucional. Pa-
lestrante e Escritor. 
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Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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natureza popular e cristã, reconhecendo a participação dos mais diver-
sos segmentos da sociedade durante o processo de elaboração do texto 
magno.
Contexto histórico:
Presidente José Sarney encaminha ao Congresso Nacional uma propos- �
ta de emenda;
A supracitada proposta de emenda é aprovada, resultando na EC 26, de �
27 de novembro de 1985 (EC 26/85);
A EC 26/85 convoca a Assembleia Nacional Constituinte (ANC); �
A ANC é eleita em 15 de novembro de 1986. Mais de sessenta e nove �
milhões de eleitores escolheram os parlamentares constituintes (total 
de 559 legisladores constituintes);
A ANC foi instalada em 1.° de fevereiro de 1987. No dia seguinte, Ulysses �
Guimarães foi eleito presidente da ANC, com 425 votos;
A ANC encerrou seus trabalhos em 5 de outubro de 1988, com a pro- �
mulgação da Constituição atual, apelidada por Ulysses Guimarães de 
“Constituição Cidadã”, tendo em conta a tamanha participação popular 
no processo de elaboração.
A Constituição Federal (CF) de 1988 é fruto de um Poder Constituinte Ori-
ginário (PCO), considerado um poder inicial ou de 1.° grau, soberano, au-
tônomo, incondicionado e ilimitado, que, conforme visto anteriormente, foi 
exercido democraticamente por meio de uma Assembleia Nacional Consti-
tuinte e não por outorga, de modo autocrático, pela declaração unilateral de 
um agente revolucionário. Diz-se, pois, que a vigente Constituição brasileira 
nasceu da deliberação da representação popular, como resultado do exercí-
cio legítimo e democrático do poder constituinte.
Importante: a ANC, convocada pela EC 26/85, foi eleita em 1986 e promul-
gou a Constituição de 1988. Assenta o Preâmbulo da CF/88: “Nós, represen-
tantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para 
instituir um Estado Democrático, [...] promulgamos, sob a proteção de Deus, a 
seguinte Constituição da República Federativa do Brasil”.
Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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A partir do momento que a CF/88 foi criada pelo Poder Constituinte Origi-
nário, poder inicial ou inaugural, deu-se origem a um novo ordenamento ju-
rídico, rompendo completamente com a ordem anterior. Criou-se um novo 
Estado, distinto do que vigorava em decorrência da manifestação do poder 
constituinte antecedente. Segundo o constitucionalista professor Michel 
Temer (1998, p. 33), “O Estado brasileiro de 1988 não é o de 1969, nem o de 
1946, o de 1937, de 1934, de 1891, ou de 1824. Historicamente é o mesmo. 
Geograficamente pode ser o mesmo. Não o é, porém, juridicamente [...]”.
Entrada em vigor da nova Constituição e 
a Constituição anterior
A entrada em vigor de uma Constituição gera a revogação integral da 
Constituição antiga, independentemente da compatibilidade entre os 
seus dispositivos. Há uma verdadeira revogação total, ou ab-rogação. Essa 
é a posição que prevalece no nosso país e é perfilhada pela Corte Suprema 
brasileira (STF), guardiã da Constituição Federal de 1988 (CF, art. 102).
Vale ressaltar, porém, que há uma corrente doutrinária minoritária que 
defende a tese da desconstitucionalização, segundo a qual a promulgação 
de uma nova Constituição não acarretaria, obrigatoriamente, a revogação 
integral da Constituição pretérita. Segundo os defensores da desconstitucio-
nalização, os dispositivos da CF anterior, compatíveis com a nova Constitui-
ção, seriam por esta recepcionados, mas na condição de leis comuns, como 
se fossem normas infraconstitucionais. Registre-se, poderia a atual Consti-
tuição brasileira ter colocado, expressamente, em determinado artigo seu, a 
recepção, com força de lei, dos dispositivos da CF de 1967/1969 compatíveis 
com o seu texto. Contudo, o legislador constituinte originário de 1988 não 
optou pela desconstitucionalização. Enfim, como regra geral, se a nova CF 
não prevê expressamente a desconstitucionalização, a Constituição anterior 
fica inteiramente superada.
Conforme já salientado, a CF/88 adveio de um poder inicial, que instaurou 
uma nova ordem jurídica, rompendo completamente com a ordem jurídica 
precedente. Houve, pois, a perda total da vigência da Constituição anterior, 
não cabendo indagar de forma isolada sobre a compatibilidade de qual-
quer norma constitucional anterior com a novel Constituição. Anote-se que 
sendo um poder incondicionado, nada obsta a que o PCO se valha da auto-
dissolução da ordem anterior para realizar os seus propósitos. A propósito, 
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Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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o anteriormente citado artigo 1.° da EC 26/85 faz menção a uma Assembleia 
Nacional Constituinte livre – o que significa dizer um órgão constituinte de-
satrelado de toda ordem precedente.
Entrada em vigor de uma nova Constituição e 
o direito ordinário pré-constitucional
Indaga-se: o que acontecerá com as normas infraconstitucionais ou sub-
constitucionais elaboradas antes do advento da nova Constituição?
Se a norma anterior à nova Constituição não guarda harmonia e compati-
bilidade de conteúdo com esta, não continuará a vigorar, ou seja, não poderá 
ingressar no novo ordenamento constitucional. Tem-se, pois, que todas as 
leis passadas conflitantes ou desarmônicas com a nova Constituição serão 
revogadas por esta. Se compatíveis, a contrariosensu, serão recepcionadas. 
Esse é o entendimento consagrado na jurisprudência da Corte Suprema 
(STF) e admitido pela doutrina dominante no Brasil.
Nem toda lei pretérita compatível com a nova Constituição poderá ser 
por ela recepcionada. Para haver a recepção, exige-se que a norma preté-
rita esteja em vigor na data da promulgação da nova Constituição Federal. 
Ademais, a norma a ser recepcionada deve ter conteúdo compatível com 
o conteúdo da nova Constituição. Por fim, para que haja a recepção é im-
prescindível que a lei anterior tenha sido produzida de modo válido, isto é, 
em conformidade com o comando estabelecido pela Constituição de sua 
época. Se a norma foi elaborada em desacordo com a CF de sua época, não 
poderá ser aproveitada ou recepcionada pela nova Constituição.
Importante: se a lei é produzida em desarmonia com a CF em vigor na 
data de sua produção, ela é inconstitucional, e não poderá ser aproveitada 
por uma nova Constituição.
Vale destacar que na comparação entre a norma (lei) antiga e a nova Cons-
tituição somente se leva em conta a denominada compatibilidade material. 
Em outras palavras, a norma será recepcionada pela nova Constituição se o 
conteúdo for compatível (se incompatível, será revogada). São completa-
mente irrelevantes quaisquer aspectos formais da norma antiga (o aspecto 
formal não interfere no processo de recepção do direito pré-constitucional).
Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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O status, no novo ordenamento constitucional da norma (lei) recepciona-
da, será determinado pela nova Constituição, fruto de um Poder Constituinte 
que dita as regras no país. Desse modo, caso na vigência da Constituição 
pretérita fosse exigida lei ordinária para regular a matéria, e a nova Consti-
tuição tenha passado a exigir lei complementar para a regulação do mesmo 
assunto, a lei ordinária antiga (validamente criada), se materialmente har-
mônica com a nova Constituição, será indubitavelmente recepcionada, mas 
o será com a força (o status) de lei complementar. Exemplo: o Código Tributá-
rio Nacional (CTN), editado como lei ordinária (Lei 5.172/66) e recepcionado 
pela CF/88, possui, atualmente, força de lei complementar (recebeu, pois, 
“nova roupagem”). A atual Constituição, em seu artigo 146, exige lei comple-
mentar para dispor sobre normas gerais tributárias, e este é o conteúdo 
das regras do CTN. Tendo isso em vista, para alterar o texto do CTN, é indis-
pensável a edição de lei complementar.
Poder constituinte derivado
Segundo a lição de Ricardo Cunha Chimenti, Fernando Capez, Márcio Fer-
nando Elias Rosa e Marisa Ferreira dos Santos (2008, p. 15-16): 
[...] ao criar uma Constituição, o Poder Constituinte Originário normalmente estabelece 
um Poder Reformador, o Poder Constituinte Derivado, ou seja, atribui a um órgão o poder 
de alterar dispositivos da Constituição na forma (iniciativa, quórum e demais requisitos) e 
nos demais limites fixados por ele próprio, Poder Constituinte Originário.
Tem-se, pois, que o Poder Constituinte Derivado (PCD) é criado e instituí-
do pelo Poder Constituinte Originário (PCO), devendo obedecer ao comando 
estipulado e imposto pelo poder criador (originário), sendo, assim, limitado 
e condicionado às regras do PCO.
Frise-se, o PCD subdivide-se em poder constituinte reformador e poder 
constituinte decorrente.
Poder constituinte derivado reformador
O PCD reformador é o poder de alterar a Constituição, contanto que respei-
tados os limites e condições impostos pelo PCO.
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Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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Na atual Constituição brasileira, o exercício do PCD foi atribuído ao Con-
gresso Nacional para modificação do texto magno mediante dois procedi-
mentos: procedimentos de emenda (art. 60) e de revisão constitucional 
(ADCT, art. 3.°).
Poder constituinte derivado reformador de emenda
Consoante destacado anteriormente, o poder criador (PCO) permitiu a 
modificação de sua obra (CF/88), mas obedecidos alguns limites, como:
quórum qualificado de 3/5, em cada Casa Legislativa do Congresso �
Nacional, em dois turnos de votação para aprovação de propostas de 
emendas de reforma (CF, art. 60, §2.°);
proibição de alteração da Constituição nas circunstâncias de estado de �
sítio, estado de defesa ou de intervenção federal (CF, art. 60, §1.°);
um núcleo de matérias intangíveis, denominadas “matérias petrifica- �
das” – cláusulas pétreas, as quais não podem ser abolidas ou suprimi-
das por meio de propostas de emendas (PECs).
Com relação às matérias “intangíveis”, os professores Marcelo Alexandrino 
e Vicente Paulo (2012, p. 612), consignam que o:
[...] simples fato de uma daquelas matérias ser objeto de emenda não constitui, 
necessariamente, ofensa à cláusula pétrea (expressões, muitas vezes utilizadas pela 
doutrina e pelos tribunais, tais como “cláusula de imutabilidade”, “núcleo imodificável”, 
“cláusula de imodificabilidade”, “intangibilidade absoluta”, devem ser compreendidas 
como verdadeiras hipérboles, cunhadas com o escopo de se enfatizar a importância das 
matérias que receberam do constituinte originário a especial proteção ora em estudo).
Extrai-se, pois, que nada impede que uma “matéria petrificada” seja 
objeto de proposta de emenda (deliberação nas Casas Legislativas), desde 
que a pertinente PEC não tenda a abolir ou suprimir a denominada “cláusula 
pétrea” (poderá sofisticar a questão, jamais suprimir ou abolir; mitigar ou re-
duzir o significado e a eficácia).
Vejamos:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado 
Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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§1.° A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de 
estado de defesa ou de estado de sítio.
§2.° A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos 
respectivos membros.
§3.° A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e 
do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§4.° Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§5.° A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não 
pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.
Percebe-se, pois, que do artigo constitucional supratranscrito, decorrem 
limitações distintas ao poder de emenda:
Limitações formais ou procedimentais – art. 60, I a III; §§ 2.°, 3.° e 5.°; �
Limitações circunstanciais – art. 60, §1.°; �
Limitações materiais – art. 60, §4.°. �
Importante: são as referidas limitações ao poder de emenda que distin-
guem o criador da sua cria. Em suma, sendo um poder instituído (criado), o 
poder de emenda está sujeito a limitações de forma e de conteúdo.
Poder constituinte derivado reformador de revisão
O procedimento simplificado de revisão constitucional tem assento no 
artigo 3.° do ADCT. Vejamos:
Art. 3.°A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação 
da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral.
Oportunamente foram aprovadas apenas 6 (seis) emendas de revisão ao 
texto original da CF/88, a maioria sobre temas de somenos importância. Esse 
procedimento simplificado de revisão findou-se em junho de 1994, resultan-
do em alterações insignificantes.
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Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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A primeira emenda de revisão foi promulgada pela Mesa do Congresso 
Nacional em março de 1994 (EC 1) e a última em junho de 1994 (EC 6). Não 
há a possibilidade de novas emendas constitucionais de revisão, devido à 
eficácia exaurida (aplicabilidade esgotada).
Conforme prelecionam Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo (2012, 
p. 596), sendo: 
[...] a norma do art. 3.° do ADCT de natureza transitória, com a sua aplicação, cinco anos 
após a promulgação da Carta, esgotou-se, exauriu-se em definitivo. Não há mais, com 
base no art. 3.° do ADCT, a possibilidade de modificação do texto constitucional mediante 
o processo simplificado ali estabelecido.
Importante: não é permitido ao poder constituinte derivado de emenda 
criar nova hipótese de procedimento simplificado de revisão.
Frise-se, o processo de revisão constitucional é manifestação do PCD re-
formador e, como tal, submete-se às limitações impostas pelo legislador 
constituinte originário para alteração da Carta Magna vigente.
Do mesmo modo que o processo de emenda à Constituição (CF, art. 60), 
o processo de revisão constitucional (ADCT, art. 3.°) deve obediência às limi-
tações (restrições) impostas pelo Poder Constituinte Originário, notadamen-
te às denominadas limitações circunstanciais (CF, art. 60, §1.°) e materiais 
(CF, art. 60, §4.°).
Registre-se, leciona o constitucionalista Pedro Lenza (2012, p. 196), que: 
[...] muito embora o procedimento simplificado prescrito no art. 3.° do ADCT (quórum 
da maioria absoluta e sessão unicameral, ou seja, os deputados e senadores, durante a 
revisão, passam a ser tratados, sem qualquer distinção, como congressistas revisores), o 
artigo 13 da Resolução 1-RCF estabeleceu a votação das matérias em dois turnos.
Tem-se, pois, que no procedimento de revisão exigia-se maioria absoluta 
(não maioria qualificada de 3/5) – em sessão unicameral (discussão e votação 
em conjunto, envolvendo os congressistas das duas Casas Legislativas do Con-
gresso Nacional). As emendas constitucionais de revisão, aprovadas durante 
o procedimento simplificado (ADCT, art. 3.°), foram promulgadas pela Mesa 
do Congresso Nacional, visto que eram aprovadas em sessão unicameral do 
Congresso Nacional (e não pelas duas Casas Legislativas, separadamente).
Por fim, consoante salientado, não obstante simplificado o procedimento 
de revisão, fixou-se a votação das matérias em dois turnos (Resolução 1-RCF, 
art. 13).
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Poder constituinte derivado decorrente
Cuida-se do poder de elaborar ou alterar as Constituições Estaduais. É uma 
espécie do gênero Poder Constituinte Derivado, submetendo-se também a 
diversas limitações.
O exercício do PCD decorrente foi destinado às Assembleias Legislativas, 
conforme estabelece o artigo 11, caput, do ADCT. Vejamos:
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição 
do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, 
obedecidos os princípios desta.
Importante: o PCD decorrente também foi atribuído ao Distrito Federal, 
que é regido por Lei Orgânica (LO), devendo-se observar os princípios da 
CF/88.
A Corte Suprema brasileira (STF) já reconheceu que a LO do Distrito Fede-
ral consubstancia instrumento normativo primário, que equivale às Consti-
tuições Estaduais (RDA, 197/215).
O Distrito Federal, de acordo com o artigo 32, caput, da CF/88, será regido 
por Lei Orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de 10 dias 
e aprovada por 2/3 da Câmara Legislativa, que a promulgará. Tal lei orgânica 
deverá obedecer aos princípios adotados na Constituição da República Fe-
derativa do Brasil.
Indaga-se: o PCD decorrente também foi atribuído aos municípios?
Segundo Noemia Porto (2005, p. 54-55):
[...] o poder constituinte derivado decorrente deve ser de segundo grau, tal como acontece 
com o poder revisor e o poder reformador, isto é, encontrar sua fonte de legitimidade 
direta da Constituição Federal. No caso dos Municípios, porém, se descortina um poder 
de terceiro grau, porque mantém relação de subordinação com o poder constituinte 
estadual e o federal, ou, em outras palavras, observa necessariamente dois graus de 
imposição legislativa constitucional. Não basta, portanto, ser componente da federação, 
sendo necessário que o poder de auto-organização decorra diretamente do poder 
constituinte originário. Assim, o poder constituinte decorrente, conferido aos Estados-
membros e ao Distrito Federal, não se faz na órbita dos municípios. Por essa razão, ato 
local questionado em face da lei orgânica municipal enseja controle de legalidade, e não 
de constitucionalidade.
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Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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Anote-se que os Estados-membros e o Distrito Federal são entidades típi-
cas da Federação brasileira dotadas de autonomia (CF, art. 18), traduzida na 
tríplice capacidade de auto-organização e legislação própria, autogover-
no e autoadministração.
Em relação aos Estados-membros, a capacidade de auto-organização e 
autolegislação está consignada no caput do artigo 25 da CF, que dispõe que 
os vinte e seis Estados-membros organizam-se e regem-se pelas Constitui-
ções e leis que adotarem, observados os princípios da Carta Magna. Da 
mesma forma, no que tange ao Distrito Federal, a Lei Fundamental assegu-
rou a natureza de ente federativo autônomo (CF, art. 18), assentada na sua 
capacidade de auto-organização e legislação própria, autogoverno e auto- 
administração (CF, arts. 18, 32 e 34).
Dicas de estudo
Caro(a) aluno(a), atenção: o Poder Constituinte Derivado Decorrente 
não se estende aos municípios e territórios federais (estes, hoje, não mais 
existem, mas poderão vir a ser criados).
Resolução de questões
Julgue os itens a seguir como certos ou errados.
No tocante ao Poder Constituinte Originário, o Brasil adotou a corrente 1. 
positivista, de modo que o referido poder se revela ilimitado, apresentan-
do natureza pré-jurídica.
Pelo critério jurídico-formal, a manifestação do Poder Constituinte De-2. 
rivado decorrente mantém-se adstrita à atuação dos Estados-membros 
para a elaboração de suas respectivas constituições, não se estendendo 
ao DF e aos municípios, que se organizam mediante lei orgânica.
A revisão constitucional realizada em 1993, prevista no ADCT, é conside-3. 
rada norma constitucional de eficácia exaurida e de aplicabilidade esgo-
tada, não estando sujeita à incidência do poder reformador.
O poder constituinte atribuído aos Estados-membros para se auto-orga-4. 
nizarem é denominado decorrente.
Constituição Federal de 1988, Constituição anterior, normas infraconstitucionais e Poder Constituinte Derivado
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A elaboração da Lei Orgânica, pelo município, pode ser considerada ver-5.dadeira manifestação do poder constituinte decorrente, também conferi-
do aos Estados-membros da Federação.
Referências
ANAIS da Assembleia Nacional Constituinte: Brasília: Senado Federal – Subsecre-
taria de Anais, v. 25, 1988.
CHIMENTI, Ricardo Cunha et al. Curso de Direito Constitucional. 5. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2008.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 
2012.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 
9. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012.
PORTO, Noemia. Temas Relevantes de Direito Constitucional: poder consti-
tuinte. Brasília: Fortium, 2005.
TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. 14. ed. São Paulo: Malhei-
ros, 1998.
Gabarito
Certo1. 
A doutrina positivista vai de encontro à corrente jusnaturalista. Esta con-
siderava que o PCO estaria limitado a um direito natural de existência 
pré-constitucional. A teoria jusnaturalista não foi adotada no Brasil, que 
seguiu a doutrina positivista, que considerada o Poder Constituinte Ori-
ginário “ilimitado”.
Errado2. 
A manifestação do Poder Constituinte Derivado decorrente se estende ao 
Distrito Federal, que se organiza por meio de Lei Orgânica. O PCD decor-
rente foi atribuído tanto aos vinte e seis Estados-membros da Federação 
quanto ao Distrito Federal, também considerado ente federado.
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Certo3. 
Não é permitido ao poder constituinte derivado de emenda criar nova hi-
pótese de procedimento simplificado de revisão. Não há mais, com fulcro 
no artigo 3.° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), 
a possibilidade de alteração do texto magno mediante o processo simpli-
ficado ali fixado.
Certo4. 
O PCD decorrente é o poder que a Carta Magna de 1988 atribui aos Esta-
dos-membros autônomos para se auto-organizarem, por meio da elabo-
ração de suas próprias Constituições (CF, art. 25 c/c ADCT, art. 11).
Errado5. 
Os Municípios, não obstante dotados de autonomia política, administra-
tiva e financeira, com competência para criar suas próprias Leis Orgânicas 
(CF, art. 29), não dispõem de PCD decorrente.

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