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METODOLOGIAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM TURMAS DO 1º E 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 
 
1 
METODOLOGIAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM TURMAS 
DO 1º E 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 
Camila Fernandes Dourado Assola* 
Elizabete Velter Borges** 
 Inês Velter Marques***
i
 
 
RESUMO: O presente artigo é resultado de uma pesquisa realizada em uma escola estadual de um 
Distrito próximo a Itaporã, MS, tendo como finalidade compreender a alfabetização e o letramento como 
processos distintos que precisam acontecer simultaneament, para que a criança seja alfabetizada e 
letrada. Pautada em uma perspectiva de se alfabetizar letrando, a pesquisa teve como objetivo investigar 
quais metodologias estão sendo utilizadas por professores que atuam em turmas de 1º e 2º anos para a 
alfabetização e o letramento. A metodologia ancora-se nas pesquissa bibliográfica e de campo, do tipo 
estudo de caso, realizado por meio de questionários com duas professoras que atuam nessas referidas 
turmas. A pesquisa realizada teve apenas duas turmas para análise, por se tratar de uma escola situada 
em um distrito e sendo a única existente no local. No contexto teórico a pesquisa teve como referência os 
trabalhos de Kleiman (2005), Soares (2012), Santos e Albuquerque (2007) e outros, que contribuíram 
significativamente como respaldo teórico . Como resultados observou-se por parte dos professores a 
necessidade de se desenvolver metodologias adequadas para a alfabetização e o letramento, de modo a 
respeitar as especificidades de ambos, sobretudo o desenvolvimento e o tempo próprio de cada criança 
que está vivenciando o processo, de ser alfabetizada e letrada. 
 
 
ABSTRACT: This article was developed by the Pedagogy Course of the College of Education, following 
the researching line on Literacy. This work entitled "Methodologies for Literacy for classes of the 1st and 
2nd year of Elementary School" is the result of a research conducted in a Public School at a District from 
the City of Itaporã, MS, and aims to understand Literacy as distinct processes that must happen 
simultaneously, so that the child is fully literate. Lined in a perspective of Literacy, the research aimed to 
investigate which methods are being used by teachers who work Literacy with groups of the 1st and 2nd 
year. This methodology is based in bibliographic and field research, case study kind, conducted through 
questionnaires with only two teachers, those who work with these classes. The survey had only two 
classes for analysis, once it is a school located in a district area, being the only one there. In the 
theoretical context this research had as reference the works of Kleiman (2005), Smith (2012), Santos and 
Albuquerque (2007) and others, who have had significant contributions as theoretical support and for the 
execution of this research. As a result it was remarked a need by the teachers to develop appropriate 
methodologies for Literacy in order to respect the specificities of both, especially the development and 
the specific time of each child who is experiencing the process of being literate. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Metodologias. Alfabetização. Letramento. 
 
KEYWORDS: Methodologies. Alphabetization. Literacy. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 
 
2 
 
A alfabetização e o letramento são processos inseparáveis e complementares, nos quais 
se evidencia a necessidade do desenvolvimento de metodologias que contemplem a 
alfabetização e o letramento simultaneamente, metodologias essas as quais possibilitem 
o domínio do sistema convencional da escrita e o domínio de habilidades para a 
utilização desse sistema nas práticas sociais. Verifica-se, portanto, o grande desafio a 
que o professor se submete ao utilizar metodologias nas quais seja concretizado o ato 
de alfabetizar letrando. 
A partir daí, a busca por metodologias que possibilitem esse fim é indispensável, 
despertando a necessidade de pesquisar e se aprofundar sobre o tema. Deste modo, o 
artigo, trata de um estudo relacionado às metodologias de alfabetização e letramento em 
turmas de 1º e 2º anos do Ensino Fundamental e teve como objetivo investigar as 
metodologias que estão sendo desenvolvidas nessas turmas para alfabetizar e letrar, 
sendo esses, um dos dois grandes eixos que contemplam as práticas de profissionais que 
atuam nos primeiros anos do Ensino Fundamental. 
 
Nessa perspectiva a metodologia utilizada neste estudo teve como base a pesquisa 
bibliográfica e de campo do tipo estudo de caso, sendo realizado em uma escola 
estadual do Distrito do Município de Itaporã, através de questionários com duas 
professoras que atuam no 1º ano e no 2º ano do Ensino Fundamental, bem como, a 
realização de uma conversa informal com a Coordenadora pedagógica da referida 
escola. 
 
No contexto teórico a pesquisa teve como referência Kleiman (2005), Soares (2012), 
Santos e Albuquerque (2007) e outros autores, que tratam sobre os as definições, 
perspectivas e importância das práticas de alfabetização e letramento,uma vez que seus 
estudos contribuíram de forma significativa para a execução da pesquisa e para a 
construção da base teórica para a produção deste artigo. 
 
Objetivando refletir sobre as metodologias de alfabetização e letramento, a pesquisa 
buscou sanar os seguintes questionamentos norteadores deste trabalho: Como estão 
sendo desenvolvidas as metodologias de alfabetização e letramento nos 1º e 2º anos do 
Ensino Fundamental? Essas metodologias possuem uma relação intrínseca entre si? 
Quais as concepções que as professoras do 1º e 2º anos possuem em relação à 
Alfabetização e ao Letramento? Possuem uma prática voltada para o alfabetizar 
letrando? 
 
No tópico a seguir, apontaremos as concepções teóricas sobre a alfabetização e o 
letramento, e sua relação com as práticas desenvolvidas. 
 
 
 
 
 
 
INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 
 
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1. HISTÓRICO DA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
 
A alfabetização e o Letramento são dois eixos que contemplam a função do pedagogo, 
perpassando sobre os anos iniciais do Ensino Fundamental. Assim são duas vertentes de 
conhecimentos indispensáveis ao processo de ensino e aprendizagem. Faz-se necessário 
um conhecimento aprofundado de ambos no que diz respeito a toda a trajetória desses 
dois conceitos, pois, ao longo dos tempos a alfabetização, passou por várias mudanças, 
no que se referem às práticas, concepções e suas qualificações em meio à sociedade. 
No contexto das mudanças ocorridas em relação à definição de alfabetização e sua 
qualificação em meio à sociedade, Rojo (2010) afirma que na primeira metade do século 
para ser considerado alfabetizado bastava saber assinar o próprio nome. Com a 
complexidade do mundo do trabalho industrial e o aumento das práticas letradas, apenas 
assinar o próprio nome passou a ser insuficiente. “Em 1958, a Unesco constata que 
conhecer o alfabeto e saber codificar e decodificar palavras escritas já é insuficiente 
para as lides urbanas modernas”. (ROJO, 2010, p. 24). 
 
A autora sobressalta ,ainda, que práticas de leitura e interpretação passaram a ser 
exigidas pelas situações de trabalho na indústria. E em 1978 essa concepção é 
reformulada pela Unesco, sendo considerada alfabetizada a pessoa capaz de desenvolver 
atividades que envolvam a alfabetização para o efetivo funcionamento da comunidade. 
A partir de então, a autora aponta que em 1970 surgiu a concepção de analfabetismo 
funcional, sendo essa uma concepção referida à pessoa que mesmo estando alfabetizada 
não atua nas práticasletradas em meio a sociedade e que em decorrência dessas 
variedades e diversidades de práticas, em 1980, se cunhou o conceito de letramento. 
 
No que se refere às qualificações necessárias para a alfabetização e suas definições com 
o passar dos tempos, Kleiman ressalta que “Há cem anos, para ser alfabetizado era 
suficiente ter o domínio do código alfabético, mas hoje se espera que, além de dominar 
este código, o aluno consiga se comunicar, por meio da escrita, numa variada gama de 
situações.” (KLEIMAN, 2005, p.21). Assim é possível observar que as concepções e 
exigências da alfabetização, sofreram mudanças de acordo com as necessidades da 
realidade em que se encontrou a sociedade, no período da mudança. 
 
Em se tratando da definição de alfabetização, Albuquerque (2007) afirma que a 
alfabetização pode ser corriqueiramente reconhecida como ato de ensinar a ler e 
escrever, e que com o passar dos tempos, denominou-se em um termo mais complexo e 
ampliado dessas ações, no qual a partir da década de 1990, culminou-se um novo termo 
à alfabetização, o letramento. A autora afirma ainda que a partir de então, a 
alfabetização passou a ser vinculada ao letramento. 
 
 
 
 
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Na perspectiva de que o letramento não é um termo novo, mas sim uma concepção 
definida recentemente, Mendonça (2007) salienta que “Os processos de letramento, com 
suas diversas práticas, sempre existiram nas sociedades letradas. O que passou a existir 
recentemente foi o conceito teórico que nomeou e definiu tais processos.” 
(MENDONÇA, 2007, p. 46). Desse modo, sabe-se que o letramento não é um termo 
novo, mas sim um termo que passou a ser redefinido de forma diferenciada de acordo 
com o contexto social em que o indivíduo vive. 
 
2. DIFERENCIANDO OS CONCEITOS: ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 
Tendo como base o histórico das concepções e definições de alfabetização e letramento, 
se faz possível chegar aos questionamentos dos métodos tradicionais, às novas 
exigências e perspectivas atuais,no que se refere à relação entre a finalidade e práticas 
de leitura e escrita, na qual se levantam as duas vertentes: a alfabetização e o 
letramento. 
Em relação às práticas desenvolvidas, voltadas para a alfabetização e o letramento, se 
faz preciso definir os conceitos em sua plenitude atual, sem que um tome o espaço do 
outro. Assim Soares (2007) aponta como indissociáveis a alfabetização e o letramento, 
porém, com especificidades individuais. “Embora a relação entre alfabetização e 
letramento seja inegável, além de necessária e até mesmo imperiosa, ela, ainda que 
focalize diferenças, acaba por diluir a especificidade de cada um dos dois fenômenos 
[...]”. (SOARES, 2007, p. 8). Entretanto ,a alfabetização e o letramento são processos 
distintos, com características específicas, mas que precisam ser integrados. 
A alfabetização e o letramento estão diretamente relacionados às práticas e habilidades 
de leitura e escrita, sendo, processos que ocorrem simultaneamente. Porém, esses dois 
processos “[...] são processos de natureza fundamentalmente diferente, envolvendo 
conhecimentos, habilidades e competências específicos, que implicam formas de 
aprendizagem diferenciadas e, consequentemente, procedimentos diferenciados de 
ensino.” (SOARES, 2007, p. 15). Assim a alfabetização e o letramento são processos 
diversificados que possuem especificidades individuais, logo, exigem uma metodologia 
específica com processos de aprendizagem diferenciados. 
Nesse contexto, a alfabetização se põe pelo domínio do código da escrita, nas práticas 
de leitura e escrita, em que o letramento é definido a partir do desenvolvimento de 
habilidades para o uso adequado da leitura e escrita nas práticas sociais. Soares (2003) 
aponta que a alfabetização e o letramento são dois processos através do qual se dá o 
contato da criança com o mundo da escrita. Processos esses que ocorrem 
simultaneamente pela “[...] aquisição do sistema convencional de escrita – a 
alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em 
 
 
 
 
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atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o 
letramento.” (SOARES, 2003, p. 14). Pode-se se afirmar que a alfabetização e o 
letramento são os caminhos pelos quais se inicia a compreensão da sociedade e o 
desenvolvimento de habilidades para participação da mesma. 
O letramento não é uma palavra dicionarizada, portanto é um conceito definido por 
vários autores, cada um com uma perspectiva, mas que no entanto se assemelham no 
que diz respeito aos aspectos essenciais. Kleiman (2005, p. 12) traz a seguinte definição 
para o letramento: “Conjunto de atividades envolvendo a língua escrita para alcançar 
um determinado objetivo numa determinada situação, associadas aos saberes, às 
tecnologias e as competências necessárias para a sua realização.” A autora concorda 
com Soares (2003) no momento em que afirma que o letramento não é alfabetização, 
mas que ambos estão associados, uma vez que a alfabetização e o letramento não são 
processos que não dependem um do outro, masque se complementam. 
[...] a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas 
sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e 
este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da 
aprendizagem das relações fonema–grafema, isto é, em dependência da 
alfabetização. (SOARES, 2003, p. 14). 
Segundo a autora, uma pessoa que aprende a ler e escrever se torna alfabetizada e a 
pessoa que passa a fazer o uso da leitura e escrita envolvendo-se nas práticas sociais se 
torna letrada, pois quem é alfabetizada não é precisamente letrada. Desse modo, o 
“letramento é resultado da ação de letrar-se” (SOARES, 2012, p. 38). E ainda 
argumenta que o letramento é diferente da alfabetização. 
[...] o letramento é um estado, uma condição; o estado ou a condição de 
quem interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com 
diferentes gêneros e tipos de leitura e de escrita, com as diferentes funções 
que a leitura e a escrita desempenham em nossa vida [...] letramento é o 
estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas 
sociais de leitura e de escrita. (SOARES, 2012, p. 44). 
Nesse sentido a autora faz a distinção entre ser alfabetizado e letrado, pois uma pessoa 
que é alfabetizada não é propriamente letrada, a não ser que a mesma se envolva nas 
práticas sociais. Entretanto as práticas de leitura e escrita, desenvolvidas nas escolas, 
precisam atender a essa demanda, buscando metodologias que possam formar 
indivíduos alfabetizados e letrados. 
Para destacar o letramento como parte integrante do processo de alfabetização, Peralta 
(2009) salienta que o letramento é de fundamental importância ao processo de 
alfabetização, em que o caracteriza como promovedor de relações essenciais que o 
mesmo dispõe para a vida do sujeito, permitindo o acesso aos diversos meios existentes 
 
 
 
 
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para comunicar-se, relacionar-se, e sobreviver. Para tanto também aponta a 
alfabetização e o letramento como fundamentais no processo de aprendizagem no início 
da escolarização, em que perpassa o resto de toda a vida do indivíduo. Assim a autora 
destaca ainda o grande desafio que os alfabetizadores enfrentam, no sentido de despertar 
no alfabetizando a compreensão da escrita e a utilização da mesma socialmente. 
 
3. PRÁTICASDE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: PERSPECTIVAS E 
DESAFIOS DE SE ALFABETIZAR LETRANDO NO AMBIENTE ESCOLAR 
Visto que a alfabetização e o letramento ocorrem simultaneamente, enquanto processos 
diferentes, mas com especificidades individuais, se faz necessário voltar-se para as 
práticas e metodologias atuais de alfabetização. Práticas nas quais devem contemplar o 
alfabetizar e o letrar, de modo a identificar as especificidades de cada um. De acordo 
com Soares (2012) “[...] o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e 
escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo 
se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado” (SOARES, 2012, p. 47). Nessa 
percepção a autora reflete sobre a importância de se concretizar nas práticas 
desenvolvidas, o alfabetizar letrando, sendo este um ideal a ser alcançado. 
Ao refletir sobre a realidade tradicional no âmbito escolar, Albuquerque (2007) levanta 
a realidade escolar como promovedora de aprendizagens tradicionais que não são 
capazes de atingir as perspectivas do letramento, em uma realidade que precisa ser 
superada e modificada: 
As práticas de leitura e produção de textos desenvolvidas na escola, 
relacionadas a um “letramento escolar”, não se adequaria, conforme certas 
expectativas, ao desenvolvimento socioeconômico-cultural de nossa 
sociedade, em que os indivíduos convivem em contextos em que a escrita se 
faz presente de forma mais complexa. O ensino tradicional de alfabetização 
em que primeiro se aprende a “decifrar um código” a partir de uma sequência 
de passos/etapas, para só depois se ler efetivamente, não garante a formação 
de leitores/escritores. (ALBUQUERQUE, 2007, p. 18). 
O autor define também que apenas o contato exaustivo com textos disponíveis em meio 
à sociedade, não propicia aos alunos a aquisição da escrita alfabética, já que a mesma 
requer reflexão sobre as características do sistema da escrita. Para se chegar ao 
desenvolvimento de leitores e escritores competentes é essencial a interação com 
diferentes textos e com contextos diversificados. Para tanto é papel da escola promover 
essa interação com as atividades que propiciem o ato de ler e escrever diferentes textos 
e refletir sobre a representação dessa leitura. Além de, estimular o desenvolvimento da 
autonomia, para que os alunos consigam escolher suas próprias leituras e pensar 
criticamente sobre elas. 
 
 
 
 
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Em se tratando do letramento como um conceito pautado na participação social, 
Mendonça (2007) aponta uma das finalidades do letramento, quase concentra na 
aquisição da escrita, vinculada às práticas sociais, pois, ninguém lê e/ou escreve 
simplesmente, as pessoas escrevem, lêem e interagem através da escrita, em situações 
de comunicação, utilizando diversos gêneros. 
A escola deve, portanto, proporcionar aos alunos o contato com uma grande 
diversidade de gêneros orais e escritos, abrangendo várias esferas de 
circulação: a familiar ou pessoal – cartas pessoais, bilhetes, diários, e-mails 
pessoais, listas de compras, etc. –; a literária – fábulas, contos, lendas da 
tradição oral, peças teatrais, poemas, romances, crônicas, contos de fadas, 
poemas de cordel, etc. –; a midiática – notícias, reportagens, anúncios 
publicitários, charges, cartas do leitor, artigos de opinião, etc., veiculados 
por distintos meios (rádio, TV, jornal, revista, internet, etc.) –; a do 
entretenimento – piadas, histórias em quadrinhos, trava-línguas –; a jurídica 
ou de regulação da convivência – estatutos, leis, regimentos, normas, etc. 
(MENDONÇA, 2007, p. 47-48). 
Nesse contexto a autora argumenta que os princípios de se alfabetizar letrando consiste 
no contato com inúmeros textos sem necessariamente que criança seja alfabetizada. 
“Este é, a propósito, o princípio básico da proposta de alfabetizar letrando: a 
apropriação do sistema de escrita e a inserção nas práticas de leitura e escrita se dariam 
de forma simultânea e complementar.” (MENDONÇA, 2007, p. 48). Para a autora não 
é possível falar de gêneros, sem considerar os processos do letramento e nem falar do 
letramento sem considerar os gêneros, pois, sempre que se fala, se escreve, se ouve ou 
se lê, há a utilização dos gêneros, orais ou escritos. 
Nessa importância de diversidade textual a escola possui um papel essencial em relação 
ao desenvolvimento do letramento, considerada “[...] como a principal agência do 
letramento, tem por objetivo maior ampliar as experiências de letramento dos alunos, 
isto é, promover eventos de letramento relevantes para a formação de sujeitos 
amplamente letrados.” (MENDONÇA, 2007, p.49). Para tanto há um grande desafio a 
ser superado, o desafio de se promover metodologias apropriadas de alfabetização e 
letramento, direcionadas a especificidade de cada criança, em seu espaço e tempo que é 
determinado por um contexto social e cultural: 
[...] não há nada mais “insosso” do que atividades de compreensão de texto 
padronizadas, que se pretende aplicar a qualquer gênero e independem dos 
objetivos pedagógicos. É preciso, portanto, ensinar a usar estratégias de 
leitura distintas e a enfocar aspectos distintos para análise lingüística, de 
acordo com o gênero e sua função social. (MENDONÇA, 2007, p. 54). 
Tendo em vista o contato diário com o letramento Kleiman (2005) afirma que o 
letramento é um conceito que se refere aos usos da língua escrita em todo o lugar, como 
no ponto de ônibus, no comércio, no serviço público, dentre outros. Segundo ela ,uma 
 
 
 
 
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pessoa que está aprendendo a ler e escrever está conhecendo a práticas de letramento da 
sociedade. A autora menciona que o letramento não pode ser confundido apenas como 
um método a ser aplicado, mas que envolve aspectos mais abrangentes, sendo a 
introdução do aluno no mundo da escrita. Para isso sugere, algumas práticas 
metodológicas ao professor: 
a) Adotar práticas diárias de leitura de livros, jornais e revistas em sala de 
aula; b) arranjar paredes, chão e mobília da sala de tal modo que textos, 
ilustrações, alfabeto, calendários, livros, jornais e revistas penetrassem todos 
os sentidos do aluno-leitor em formação; c) fazer um passeio-leitura com os 
alunos pela escola, ou pelo bairro. (KLEIMAN, 2005, p. 9). 
Além disso, Kleiman aponta ainda que o letramento não é reduzido a uma habilidade, 
muito menos a um conjunto de habilidades a serem desenvolvidas, ou ao 
desenvolvimento de uma competência, mas envolve múltiplas capacidades e 
conhecimentos, é um conceito amplo e complexo. Em relação ao que pode ser realizado 
na escola para o desenvolvimento do letramento, a autora relata também a possibilidade 
de se ensinar as habilidades e competências necessárias para participar dos eventos de 
letramento, criando e recriando situações que possibilitem aos alunos participarem de 
práticas letradas. 
Entretanto, a alfabetização e o letramento são de fato essenciais ao uso da leitura e 
escrita em meio à sociedade. Porém, é de fundamental importância que a escola e os 
professores de modo geral propiciem às crianças desde cedo, o desenvolvimento dessas 
habilidades, sem que, tanto a alfabetização, quanto o letramento, sejam confundidos, 
desconsiderados ou perdidos, um pelo outro. Para isso, as metodologias devem possuir a 
finalidade de se alfabetizar letrando simultaneamente, de modo a respeitar as 
especificidades de cada um desses processos. Para Santos e Albuquerque (2007) o 
princípio de se alfabetizar letrando consiste em “levar os alunos a apropriarem-se do 
sistemaalfabético ao mesmo tempo em que desenvolvem a capacidade de fazer uso da 
leitura e da escrita de forma competente e autônoma [...]” (SANTOS; 
ALBUQUERQUE, 2007, p. 95-96). 
Os autores salientam ainda que somente o acesso a diversos textos para leitura e a 
escrita de diferentes gêneros, não garantem um desenvolvimento de sujeitos leitores e 
escritores autônomos. Se faz necessário que durante a realização dessas práticas “[...] 
seja oportunizado aos alunos compreender a linguagem que se usa ao escrever os 
diferentes textos, ou seja, compreender as características textuais de cada gênero em 
razão das funções que cumpre na sociedade.” (SANTOS; ALBUQUERQUE, 2007, 
p.98). 
Ao compreender as especificidades da alfabetização e letramento e a relação de ambos 
na prática, o professor precisa buscar meios e refletir sobre como é possível se 
 
 
 
 
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alfabetizar de acordo com as perspectivas de letramento, considerando que o mesmo 
não ocorre através de um método propriamente dito, ou apenas através de uma única 
prática capaz de proporcionar tais capacidades. No entanto, vale a pena ressaltar a 
definição que as autoras trazem sobre o que venha ser de fato essa perspectiva de se 
alfabetizar letrando. Essas práticas se definem em “[...] oportunizar situações de 
aprendizagem da língua escrita nas quais o aprendiz tenha acesso aos textos e a 
situações sociais de uso deles, mas que seja levado a construir a compreensão [...] do 
sistema de escrita [...]” (SANTOS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 98). 
Portanto é possível compreender que para se alfabetizar letrando o professor deve 
garantir o acesso dos alunos a vários tipos de leitura e escrita, com diferentes gêneros 
textuais, de modo que os mesmos compreendam as características e a linguagem 
utilizadas ao escrever os diferentes textos, bem como, suas funções sociais. O professor 
deve adotar esta prática, mesmo que seu aluno não esteja alfabetizado: 
Em uma situação de aprendizagem na qual os alunos ainda não dominam o 
sistema de escrita alfabético, faz-se necessário que o professor atue como 
mediador, seja lendo, seja registrando por escrito os textos produzidos 
oralmente pelos alunos. No entanto, não se pode deixar para que o aluno 
produza escritos ou leia apenas quando já dominar o nosso sistema de escrita. 
É importante que eles possam, desde o início do processo de alfabetização, 
testar suas hipóteses a respeito da escrita. Se o conhecimento que esses têm 
da escrita ainda não é suficiente para que leiam ou produzam textos extensos, 
pode-selevá-los a ler textos memorizados, tais como cantigas, quadrinhas, 
assim como tentar escrevê-los na íntegra ou parte deles. (SANTOS; 
ALBUQUERQUE, 2007, p. 98-99). 
Verifica-se, portanto, que o professor, enquanto alfabetizador ,precisa disponibilizar aos 
seus alunos vários tipos de leitura e escrita, sem que eles estejam necessariamente 
alfabetizados. O professor deve também contribuir para a reflexão crítica das 
características e finalidades das variadas leituras, de modo a entender a função que a 
mesma possui socialmente. 
Ao analisar os problemas de alfabetização e letramento, Rojo (2010) afirma que o 
problema existente não se encontra na alfabetização, mas sim no letramento, para ela a 
escola precisa reforçar os eventos de letramento oferecidos “[...] que provoquem a 
inserção do alunado em práticas letradas contemporâneas e, com isso desenvolvam as 
competências/capacidades de leitura e escrita requeridas na atualidade.” (ROJO, 2010, 
p. 22). Segundo ela, os eventos de letramento existentes são diversificados e fazem parte 
da vida no cotidiano: 
Assim trabalhar com os letramentos na escola, letrar consiste em criar 
eventos (atividades de leitura e escrita-leitura e produção de textos, de mapas, 
por exemplo- ou que envolvam o trato prévio com textos escritos, como é o 
caso de telejornais, seminários e apresentações teatrais) que possam integrar 
 
 
 
 
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os alunos as práticas de leitura e escrita socialmente relevantes que estes 
ainda não dominam. (ROJO, 2010, p. 27). 
Portanto a alfabetização e o letramento são conceitos distintos que ,porém, estão 
relacionados. Desse modo, as práticas de alfabetização e letramento precisam se 
complementar para atingir o seu objetivo específico, sem que uma seja esquecida ou 
desconsiderada pela outra, participando ativamente das práticas sociais. Portanto é 
possível compreender a necessidade dos professores buscarem teorias que contemplem 
as práticas para se alfabetizar letrando, mesmo porque este vem a ser o grande desafio a 
ser superado, perante as práticas atuais. A seguir será apresentado detalhadamente o 
local da pesquisa, a metodologia, os dados coletados e as possíveis análises da pesquisa 
realizada. 
4. A PESQUISA DE CAMPO E SUA RELAÇAO COM OS MÉTODOS, 
RESULTADOS E DISCUSSOES QUANTO À ALFABETIZAÇAO E AO 
LETRAMENTO. 
A metodologia utilizada teve como base a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo 
do tipo estudo de caso. O estudo foi realizado por meio da aplicação de questionários 
com duas professoras, uma da turma do 1º ano e a outra professora da turma do 2º ano 
do Ensino Fundamental de uma Escola Estadual do distrito do Município de Itaporã, 
MS. A pesquisa teve apenas duas turmas para análise, uma do 1º e uma do 2º anos do 
ensino fundamental por se tratar de uma escola situada em um distrito, sendo a única 
escola existente no local. 
 
A escola em que a pesquisa foi realizada é considerada escola do campo, pois está 
localizada em um Distrito pequeno. Nessa escola há turmas dos anos iniciais e finais do 
Ensino Fundamental e Ensino Médio, atendendo aos alunos do distrito e região. Nela há 
apenas uma turma pré-escolar, sendo essa pertencente `a extensão do Município de 
Itaporã. A escola possui 254 alunos, 5 professores regentes nos anos iniciais do Ensino 
Fundamental, 1 professor de Artes, 1 professor de P.I. Produção Interativa (auxílio em 
língua portuguesa), 1 professor de educação física e 1 professor de TVT (Terra Vida e 
Trabalho). Por se tratar de uma escola do campo, essa disciplina de TVT é direcionada 
aos assuntos do campo. Nos anos Finais do Ensino Fundamental há 10 professores e no 
Ensino Médio 8 professores. 
A escola em questão possui em sua estrutura física cinco salas de atividades, uma sala 
para os professores, uma sala de recurso multifuncional para as crianças com 
deficiências (do 2º ao 5º ano, do 6º ao 9º ano e Ensino Médio), sala de tecnologia e 
recursos midiáticos, (com uma professora responsável) uma sala da coordenação e 
direção juntamente com a secretaria, dois banheiros masculinos e femininos para os 
alunos e um banheiro para os professores e cozinha. Além de, uma quadra descoberta, 
um pátio gramado ao ar livre e um pátio coberto. 
 
 
 
 
 
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Os sujeitos da pesquisa foram duas professoras, uma da turma do 1º ano e outra da 
turma 2º ano do ensino fundamental. Inicialmente foi apresentada à coordenação uma 
carta de apresentação para que essa autorizasse a realização da pesquisa. Houve uma 
conversa informal com as professoras convidando-as a participarem da pesquisa, sob 
forma de entrevista. Posteriormente a aceitação de participação foi entregue para ambas 
as professoras o Termo de Consentimento Livre Esclarecido- TCLE para recolher a 
assinatura das mesmas. Esse Termo se refere a um convite de participação como sujeito 
da pesquisa, contendo osobjetivos, os riscos e os benefícios do trabalho, bem como, o 
esclarecimento quanto a utilização dos dados de forma sigilosa pela pesquisadora. 
 
No momento da realização da entrevista, com base em um roteiro de perguntas 
previamente elaborado pela pesquisadora de acordo com a temática da pesquisa, ambas 
as professoras optaram em responder os questionamentos da entrevista em casa. Devido 
a essa dificuldade encontrada para coletar os dados da pesquisa, ressalta-se que os 
materiais e métodos, ora planejados como entrevista passaram para questionário, sendo 
então entregues os questionários para serem respondidos. Após a devolução dos 
questionários foi entregue as professoras o Termo de Compromisso para o Uso de 
Dados/ Materiais coletados durante a realização da pesquisa. Termo esse em que é 
esclarecido o comprometimento da pesquisadora em preservar a privacidade dos 
sujeitos. 
 
Por conta dessa alteração na metodologia, quanto aos materiais e métodos, houve a 
necessidade de uma nova conversa informal com a coordenadora pedagógica da escola, 
em que foram esclarecidos vários pontos importantes respondidos pelas professoras no 
questionário, enriquecendo as informações coletadas. A partir dai, foi possível observar 
como é realizado o planejamento dessas professoras, como é o apoio pedagógico das 
coordenadoras de modo geral, e ,em especial ,ao desenvolvimento de atividades que 
facilitam o processo de ensino aprendizagem, bem como o acompanhamento das 
atividades executadas. 
 
Com base nos dados coletados verificou-se que as respectivas professoras possuem 
graduação em Pedagogia e que ambas têm uma experiência significativa em turmas de 
1º e 2º anos, sendo que o sujeito A possui 15 anos de atuação pedagógica e o sujeito B 
10 anos. 
 
Ao serem questionadas quanto à concepção, que as mesmas visualizam, acerca do que 
seja “ser criança”, ambas não apresentaram um conceito definido, pois, o Sujeito A 
apresentou a seguinte resposta: “Observa-se que os alunos que tem acompanhamento 
familiar desenvolvem as habilidades de alfabetização com mais proficiência.” (Sujeito 
A). E o Sujeito B que: “Acredito que estão num nível de conhecimento de acordo com 
a sua faixa etária” (Sujeito B). Observa-se, portanto que apresentaram conceitos 
variados, pouco definidos, não apresentando uma compreensão do questionamento 
levantado. No entanto é de suma importância que o professor compreenda as 
 
 
 
 
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especificidades de ser criança, bem como, as especificidades da faixa etária em que ela 
se encontra, pois, são fatores relacionados ao desenvolvimento e aprendizagem, da 
mesma. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2009) definem o 
conceito de criança como: “Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e 
práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva [...]”. 
(BRASIL, 2010, p.12). 
 
No que se refere à compreensão que essas possuem em relação a alfabetização e ao 
letramento, o Sujeito A respondeu que: “Letramento é o conhecimento que a criança 
traz consigo, da convivência familiar e social. Alfabetização está relacionada à escrita 
alfabética e as habilidades que utilizará para ler e para escrever.” (Sujeito A). Porém, o 
Sujeito B conceituou que: “Letramento é o que a criança já traz consigo da casa, da 
sociedade onde vive. Alfabetização está relacionada a escrita, onde são realizadas 
práticas de leitura e escrita mediados pela oralidade dessa forma constituímos sujeitos 
letrados.” (Sujeito B). 
 
Nessa análise verifica-se que os sujeitos pesquisados compreendem o letramento 
intimamente relacionado, sendo o conhecimento que a criança traz do meio em que vive 
e a alfabetização como a escrita e habilidades de leitura e escrita. Desse modo, 
apresentaram uma definição de letramento semelhante ao que Kleiman (2005) aponta 
em relação ao letramento, pois, a autora argumenta que: “Letramento é um conceito 
criado para referir-se aos usos da língua escrita não somente na escola, mas em todo 
lugar. Porque a escrita está por todos os lados, fazendo parte da paisagem cotidiana [...]” 
(KLEIMAN, 2005, p. 56). Ao apresentar a concepção de alfabetização, ambas apontam 
basicamente o que afirma Soares (2012), na qual a autora define a alfabetização como 
“[...] ação de ensinar/aprender a ler e escrever” (SOARES, 2012, p. 47). 
 
Ao ser questionado aos sujeitos pesquisados, em relação às práticas educativas 
pedagógicas adotadas pelas mesmas, se consideram a alfabetização como um processo 
isolado ou relacionado com o letramento, ambas responderam que a alfabetização e o 
letramento são duas ações distintas, porém, há o ideal de se alfabetizar letrando. Desse 
modo, o sujeito A apresentou a seguinte resposta: “Alfabetizar e letrar são duas ações 
distintas. O ideal seria alfabetizar letrando, ensina a ler e escrever no contexto das 
práticas sociais da leitura e da escrita.” (Sujeito A). O sujeito B respondeu que a 
alfabetização e o letramento: “Estão relacionados, pois, alfabetizar e letrar são duas 
ações distintas. O ideal seria alfabetizar letrando.” (Sujeito B). 
 
Compreende-se que ambas as professoras possuem ,em relação a sua prática, uma 
perspectiva de se alfabetizar letrando, bem como, acrescenta a professora do 1º ano, 
ensinar a ler e escrever voltada para as práticas sociais. Assim demonstram estar em 
consonância com o que afirma Soares (2012) em relação as práticas de alfabetização e 
letramento “[...] o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no 
 
 
 
 
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contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se 
tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado” (SOARES, 2012, p. 47). 
 
Ao ser solicitado aos sujeitos da pesquisa, a apresentação de argumentos sobre a 
metodologia de trabalho desenvolvida com as respectivas turmas de 1º e 2º anos, e se as 
mesmas possuem assistentes ou apoio pedagógico e se há professor de outros conteúdos 
que trabalham com a turma, ambas responderam desenvolver uma metodologia de 
trabalho referenciada pelo PNAIC (Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa) 
que participam atualmente. Segundo as professoras, desenvolvem práticas de leitura, 
jogos pedagógicos, a literatura infantil e outros sugeridos pelo PNAIC. Além disso, 
argumentaram que possuem o apoio dos coordenadores pedagógicos e coordenadores do 
projeto além das palavras (coordenadores de língua portuguesa e matemática) e outros 
professores atuantes na escola, como os professores de Produção Interativa, TVT (Terra 
Vida Trabalho) ligada as questões do campo, Artes e Educação Física. 
 
Devido à troca do instrumento entrevista para questionário, houve a necessidade de 
uma conversa informal com a coordenadora para maiores esclarecimentos sobre os 
aspectos ressaltados acima, no que se refere ao PNAIC e Coordenadores do projeto 
Além das Palavras, bem como, o parecer da mesma em relação ao planejamento das 
professoras entrevistadas. Segundo a coordenadora o Pacto Nacional da Alfabetização 
na Idade Certa é um curso oferecido pelo MEC (Ministério Nacional da Educação) com 
duração de 2 anos, para os professores (as), do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental, 
com a finalidade de se alfabetizar até os oito anos de idade. Segundo a coordenadora 
esse curso possui como base uma proposta de metodologias voltadas para possibilitar 
mudanças significativas no processo de ensino aprendizagem. O PNAIC oferta também 
materiais didáticos e pedagógicos para auxiliaros professores (as) neste processo. 
 
Como é salientado pela coordenadora da escola o Projeto Além das Palavras, citado 
anteriormente, desenvolvido pela SED (Secretaria de Estado de Educação), possui o 
objetivo de melhorar o processo de ensino aprendizagem em Língua Portuguesa e 
Matemática. Desse modo, há uma coordenadora de Língua Portuguesa e uma 
coordenadora de Matemática as quais auxiliam na sugestão de novas metodologias e 
recursos para a melhoria no ensino, bem como, na avaliação dos planejamentos dos 
professores. Os planejamentos desta escola são lançados no sistema, para avaliação 
inicial da coordenadora de Língua Portuguesa e de Matemática, posteriormente, para a 
avaliação da coordenadora pedagógica, após as avaliações são aprovados para a 
execução. 
 
A coordenadora ressaltou também o projeto de leitura existente na escola, em que uma 
vez por semana as professoras precisam trabalhar a leitura dos livros que se encontram 
em um baú em todas as salas de atividades, esses livros são previamente organizados de 
acordo com a faixa etária das crianças, de cada turma. Os professores (as) do ensino 
fundamental desenvolvem atividades de interpretação, contagem da história oralmente e 
 
 
 
 
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outras, já os professores (as) dos anos finais do ensino fundamental distribuem uma 
ficha de leitura para ser preenchidas pelos alunos. 
 
Feita as devidas ressalvas dá-se continuidade aos dados coletados por meio dos 
questionários. Com relação aos materiais que utilizam para a realização do 
planejamento das aulas e que tipo de conteúdos são trabalhados com a turma, os sujeitos 
da pesquisa responderam que utilizam “Livros pedagógicos do PNLD, Projeto Além das 
Palavras e os livros de Literatura Infantil do PNAIC (Pacto Nacional da Alfabetização 
na Idade Certa). Conteúdos de Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, 
Ciências da Natureza, Artes, Produções Interativas, TVT” (Sujeito A e B). Como as 
respostas para esse questionamento foram praticamente as mesmas, é possível definir 
como hipótese que ambos os sujeitos da pesquisa responderam a pergunta 
coletivamente. Verifica-se ainda que ambas utilizam todos os recursos disponíveis para 
facilitar e complementar o trabalho pedagógico, bem como, estimular a aprendizagem 
dos alunos de forma significativa. 
 
Por fim ao ser questionado se as professoras acreditam ser possível Alfabetizar Letrando 
e enquanto professoras em turma de nível de alfabetização, o que procuram desenvolver 
em suas práticas para que as crianças sejam alfabetizadas e letradas ambas responderam 
que: “Sim. Procuramos desenvolver diferentes formas de aprendizagem, através de 
práticas que levam as crianças a ser encorajadas a discutir, a pensar, a conversar 
principalmente a raciocinar sobre a escrita alfabética” (Sujeitos A e B). Demonstra-se 
assim que as professoras desenvolvem uma prática voltada para uma perspectiva de se 
alfabetizar letrando, com o intuito de promover o desenvolvimento de alunos críticos, 
encorajados a refletir e discutir sobre a escrita alfabética, estando de acordo com Santos 
e Albuquerque (2007): 
 
Alfabetizar letrando é, portanto oportunizar situações de aprendizagem da 
língua escrita nas quais o aprendiz tenha acesso aos textos e as situações 
sociais de uso deles, mas que seja levado a construir a compreensão acerca do 
funcionamento do sistema de escrita alfabético. (SANTOS; 
ALBUQUERQUE, 2007, p. 98). 
 
Tendo em vista refletir sobre a problematização da pesquisa, observou-se que as 
metodologias de alfabetização e letramento nos 1º e 2º anos do ensino fundamental, 
desenvolvidas por essas duas professoras, estão sendo trabalhadas de maneira 
complementar. A alfabetização e o letramento acontecem simultaneamente, possuindo 
uma relação intrínseca entre si, nestes dois processos. Além de ambas as professoras 
apresentarem uma prática voltada para alfabetizar letrando. Observa-se também a vasta 
experiência e o auxílio pedagógico que as professoras possuem para a elaboração de 
uma prática significativa, em que facilita o processo de ensino aprendizagem dos 
alunos. 
Dessa forma observa-se com base nas indagações iniciais da pesquisa realizada através 
de questionário com as professoras, que os sujeitos da pesquisa buscam desenvolver 
 
 
 
 
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uma prática voltada para alfabetizar e o letrar, munindo-se dos recursos acessíveis e 
disponíveis para desenvolver uma prática significativa, facilitando o ensino e 
aprendizagem das crianças. Faz-se possível observar também que as professoras 
compreendem a alfabetização e o letramento em suas especificidades, considerando-os 
como processos distintos, que, porém, estão relacionados na prática pedagógica. 
 
Contudo os questionamentos levantados inicialmente para a reflexão foram 
respondidos, porém, houve um ponto negativo em relação à metodologia para a 
realização da pesquisa, na qual de entrevista, passou para questionário. Assim devido ao 
fato de ambas as professoras optarem por respondê-lo em outro momento, em casa, as 
respostas ficaram limitadas e deixou-se de coletar detalhes minuciosos, que poderiam 
enriquecer ainda mais os resultados da pesquisa. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A pesquisa apresentada contribuiu de forma significativa para a compreensão do papel 
do profissional que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental, como alfabetizador 
ante a necessidade de buscar práticas pedagógicas de modo a respeitar a fase de 
desenvolvimento em que a criança se encontra, bem como a utilização de práticas que 
integrem a alfabetização e o letramento simultaneamente. 
 
A partir dos resultados apresentados não se pode afirmar que esta pesquisa esteja pronta 
e acabada, mas sim que foi o caminho inicial para a realização de pesquisas futuras, 
sobretudo esta pesquisa teve como finalidade buscar o conhecimento sobre as 
metodologias que estão sendo desenvolvidas para a alfabetização e o letramento, nos 1º 
e 2º anos do ensino fundamental, visando a contribuir para a construção de novos 
olhares, que poderão ser complementados em outras pesquisas. 
 
 
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SOARES. M. Letramento: um tema em três gêneros/ Magda Soares.-3. Ed.-1.reimp. – 
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*Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN). 
 
 
 
 
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** Professora da disciplina de Abordagens Didática em Educação de Jovens e Adultos e 
Didática I no Curso de Pedagogia da UNIGRANET. Atua na coordenação do Curso de 
Pedagogia presencial - UNIGRAN. Professora na modalidade Educação Infantil 
concursada pela Prefeitura Municipal de Dourados. E Mestrado em Educação no 
Programa de Pós Graduação Stricto Sensu na UFGD em Dourados, na linha de História 
da Educação, Memória e Sociedade. 
 
 
i
 Professora da disciplina de Didática I no Curso de Letras da UNIGRANET. Professora 
nas disciplinas de Língua Portuguesa e Literatura na Escola Estadual Presidente Vargas 
em Dourados. E Mestrado em Educação no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu 
na UFGD em Dourados, na linha de História da Educação, Memória e Sociedade.

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