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Aula Genetica Medica Introdução

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O papel da genética na medicina 
Disciplina Genética Médica 
João Farias Guerreiro 
 
Doenças genéticas 
Introdução 
• Uma doença genética ocorre quando uma 
alteração de um gene altera a quantidade, a 
função, ou ambas, dos produtos gênicos (mRNA e 
proteína). 
• O evento primário causador doença é uma 
mutação, seja herdada ou adquirida. 
• Uma mutação é definida como qualquer alteração 
permanente do DNA. 
Doenças genéticas 
O efeito da mutação no funcionamento protéico: 
• Perda da função da proteína (conseqüência mais 
comum da mutação); 
• Ganho de função; 
• Aquisição de nova propriedade; 
• Expressão do gene em local e/ou momento errado; 
Os três últimos efeitos, embora menos comuns, são 
causa de importantes doenças genéticas. 
Doenças genéticas 
Mutações – Classificação 
1. Mutações Gênicas 
2. Mutações cromossômicas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Doenças genéticas 
Doenças Genéticas – Classificação 
a. Distúrbios monogênicos: herança mendeliana 
 Autossômicos: Dominantes/Recessivos 
 
 
Acondroplasia Albinismo 
Doenças genéticas 
Classificação 
b. Distúrbios monogênicos: herança mendeliana 
• Ligados aos cromossomos sexuais: 
Dominantes/Recessivos 
 
 
Incontinencia pigmentar D.M Duchenne Hemofilia A 
Doenças genéticas 
Classificação 
c. Distúrbios multifatoriais: genética + ambiente 
 
 
 
Meningocele Anencefalia 
Doenças genéticas 
 
 
 
Saúde 
Doença ambiental 
Doença genética 
Doença multifatorial 
Doenças genéticas 
Classificação 
d. Distúrbios mitocondriais: herança materna 
Atrofia óptica hereditária de Leber 
MELAS 
MERRF 
Oftalmoplegia externa progressiva 
Miopatia com cardiomiopatia hipertrófica 
Diabete com Surdez 
 
Doenças genéticas 
Classificação 
2. Distúrbios cromossômicos: numéricos e 
estruturais 
 
 
 
 
 
 
Doenças genéticas 
Classificação 
2. Mutações cromossômicos: 
numéricos e estruturais 
 
 
 
 
 
 
Cromossomopatias Humanas 
1.000.000 de zigotos 
•39.000 trissomias 
(3.510 trissomia do 21) 
•13.500 monossomia do X 
•12.750 triploidias 
•4.500 tetraploidias 
•5.250 outras alterações 
150.000 abortos espontâneos 
75.000 com 
cromossomopatias 
75.000 outras 
causas 
17.000 mortes 
perinatais 
850.000 nascidos vivos 
833.000 crianças 
5.165 com 
cromossomopatias 
•1.849 aneuploidias de X e/ou Y 
•1.183 trissomias autossômicas 
•1.516 translocações 
•1.17 inversões 
•500 outras alterações estruturais 
•Não estão discriminadas as microdeleções com menos de 2 
Mb, detectadas apenas por citogenética molecular 
Genética Médica 
• Especialidade da Genética Humana que estuda as relações 
entre genes e doenças 
• Questões: 
– Qual o problema (diagnóstico)? 
– O que acontecerá (prognóstico)? 
– Qual o tratamento? 
• eliminação do precursor ou produto 
• reposição de enzimas, hormônios etc 
• cirurgias 
• transplantes / próteses 
 
Prevenção de doenças genéticas 
• Fase pré-concepcional 
– investigação citogenética dos pais 
– detecção de heterozigotos 
• Diagnóstico pré-implantacional 
O diagnóstico pré-implantacional (DPI ou PGD, da sigla, em inglês, Pre-implantation Genetic Diagnosis) é 
um exame genético feito em uma ou duas células do embrião antes dele ser transferido para o útero da 
mãe. Essas células retiradas não causam prejuízo ao embrião, que segue com seu desenvolvimento até o 
estágio de blastocisto, com “idade” de cinco dias, para ser transferido para o útero da mãe, na tentativa de 
se obter uma gestação saudável. 
• Fase pré-natal 
– medicina fetal: cordocentese, transfusão de sangue 
fetal, fetoscopia, biópsia do feto, ultrasonografia fetal 
– amniocentese, exame de vilosidade coriônica 
 
 
Prevenção de doenças genéticas 
Aconselhamento Genético 
• É um processo contínuo de comunicação que lida com os 
problemas humanos associados ao risco de ocorrência, de 
uma doença genética na família. Deve ser realizado por 
pessoas treinadas a ajudar o indivíduo ou a família: 
• 1. Compreender o diagnóstico, prognóstico da doença e 
medidas de reabilitação 
• 2. Fornecer o risco de recorrência aos familiares 
• 3. Respeitar os valores éticos, religiosos e a decisão da família 
O papel da genética na medicina 
• Em países em desenvolvimento, como o Brasil, as 
doenças relacionadas à pobreza ainda são a 
principal causa de mortalidade infantil. 
 
O papel da genética na medicina 
• No entanto, esses países estão passando por uma 
transição epidemiológica, com um aumento 
relativo dos fatores genéticos como causa de 
doença e morte. 
• No Brasil, os defeitos congênitos estavam em 5o lugar como causa de 
mortalidade infantil em 1980 e passaram a ser a segunda causa em 
2000. 
Lábio leporino 
O papel da genética na medicina 
• As doenças de etiologia genética estão relacionadas com 
internações prolongadas e onerosas e altas taxas de 
mortalidade hospitalar. 
• Por serem doenças crônicas, há necessidade de tratamento 
contínuo e multiprofissional, envolvendo serviços médicos, 
de reabilitação e educação especial ou inclusiva. 
 
 
O papel da genética na medicina 
• Apesar disso, a inserção das doenças genéticas e dos defeitos 
congênitos nos programas de saúde pública no Brasil vem 
ocorrendo de forma lenta. 
 
A Osteogênese Imperfeita é uma doença 
genética relativamente rara (atinge em média 1 a 
cada 21.000 nascidos) que provoca principalmente 
a fragilidade dos ossos. Existem vários tipos de OI, 
quase todos causados por defeitos no colágeno do 
tipo I 
Em relação ao cuidado, existem os 
programas de tratamento (i) da 
Osteogênese imperfeita, 
iniciado em 2001 
 
O papel da genética na medicina 
e (ii) da doença de Gaucher, iniciado em 1995. 
 
A doença de Gaucher é uma doença genética 
relacionada com o depósito lisossomal, que apresenta 
como característica o acúmulo de glucosilceramida 
nos macrófagos/monócitos., devido a uma deficiência 
da enzima lisossomal β-glicosidase ácida, também 
conhecida como glicocerebrosidase. O acúmulo de 
lucosilceramida nos ribossomos no interior 
do fígado, baço, pulmões e medula óssea; 
rins, linfonodos que hipertrofiam, levando a 
manifestações clínicas variáveis. 
 
O papel da genética na medicina 
• Para prevenção e monitorização de defeitos congênitos, há os 
seguintes programas: 
1. Fortificação da farinha de trigo com ácido fólico (prevenção de 
defeitos de fechamento do tubo neural), 
 
 
 
 
 
A espinha bífida é definida como uma 
malformação congênita causada por 
uma ausência de fusão das estruturas 
embrionárias da linha média (tubo 
neural embrionário). Herança poligênica 
e multifatorial (Idade avançada dos pais; 
é mais comum em crianças que nascem 
no inverno; Mães diabéticas ou que 
fazem uso de fármacos para convulsão; 
Déficit de ácido fólico no organismo da 
mãe; Ingestão de álcool por parte da 
gestante) 
 
O papel da genética na medicina 
• Para prevenção e monitorização de defeitos congênitos, há os 
seguintes programas: 
2. Programa Nacional de Imunização (prevenção de rubéola 
congênita), 
 
 
 
 
 
 
 
3. Implantação do campo 34 da Declaração de Nascimento (registro de 
anomalias congênitas observadas ao nascimento). 
As principais manifestações clínicas da 
síndrome da rubéola congênita incluem: 
alterações oculares, como catarata, 
glaucoma, microftalmia e retinopatia; 
cardiopatia congênita, incluindo 
persistência do canal arterial, estenose 
aórtica e estenose pulmonar; surdez;Microcefalia; Atraso mental. 
 
Doenças genéticas 
• Programa Nacional de Triagem Neonatal (diagnóstico precoce de 
fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e, em alguns 
estados, hemoglobinopatias e fibrose cística), 
Doenças genéticas 
O papel da genética na medicina 
• A prevalência de doenças genéticas e malformações 
congênitas nos países em desenvolvimento é igual ou 
superior a dos países desenvolvidos. 
• Essa alta prevalência, associada ao alto custo social e à possibilidade de 
prevenção dessas condições, em alguns casos, justifica o investimento na área da 
genética médica, mesmo em países com outros problemas de saúde pública 
Doenças genéticas 
 
Categoria % ao 
nascimento 
Doenças multifatoriais-
complexas 
 
4,0 
Monogênicas: autossômicas 
dominantes 
 
0,7 
Monogênicas: autossômicas 
recessivas 
 
0,2 
Monogênicas ligadas ao sexo 0,3 
Cromossomopatias 0,5 
Total ~6,0 
 
Incidência 
Doenças genéticas 
Incidência 
• A incidência geral dos defeitos congênitos na América 
Latina não difere, significativamente, daquela 
encontrada em outras regiões do mundo. 
• Cerca de 5% dos nascidos vivos apresentam alguma 
anomalia do desenvolvimento, determinada, total ou 
parcialmente, por fatores genéticos 
• Somando-se os distúrbios que se manifestam mais 
tarde, como certas doenças crônicas degenerativas, é 
ainda mais evidente o considerável efeito que têm os 
fatores genéticos sobre a saúde . 
~6:100 nascimentos: 
9 milhões no Brasil; 300 milhões no mundo 
 
 
Doenças genéticas 
• No Brasil, a maioria dos pacientes e famílias acometidos por 
doenças puramente genéticas, ou influenciadas pelos genes, 
desconhece amplamente a condição médica que possuem, 
não tendo sido investigados de maneira adequada para evidenciar os 
fatores genéticos envolvidos. 
• O País se encontra, portanto, no passo inicial do atendimento em 
Genética Clínica, que é o de incrementar medidas que possibilitem um 
sistema de atendimento pelo qual a maioria da população tenha acesso 
a serviços e procedimentos que possam revelar a doença genética que 
possuem. 
• A partir disso, poderão entender sua condição de saúde e as alternativas 
disponíveis para tratamento e prevenção. 
GAZETA DO POVO 
23/01/09 
VIDA E CIDADANIA 
Saúde pública 
Usuários do SUS terão acesso à genética médica 
Portaria ministerial prioriza prevenção de anomalias, deficiência mental e problemas de 
metabolismo 
Vinicius Boreki 
Desde a última quarta-feira, os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm acesso aos 
tratamentos de genética médica voltados para a prevenção de doenças. A Portaria 81/09 
instituiu a Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica. Anunciada em dezembro 
do ano passado, a proposta acrescenta exames e aconselhamento genético à rede de saúde 
pública. Em um primeiro momento, as prioridades do Ministério da Saúde foram divididas em 
três grupos de atendimentos: as anomalias congênitas, a deficiência mental e os erros inatos 
de metabolismo (falta de enzimas no organismo). 
Doenças genéticas 
• Em janeiro de 2009, foi instituída, por meio de Portaria do ministro da 
Saúde, a Política Nacional de Atenção Integral em Genética Clínica, no 
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), objetivando, entre outras 
coisas, o cuidado integral aos pacientes com condições genéticas, o 
incentivo à pesquisa e a educação continuada dos profissionais de 
saúde participantes da implantação dessa política. 
• Porem, muito pouco foi feito a respeito desses objetivos. 
 
Doenças genéticas 
• Dados mundiais e nacionais sugerem que a maioria dos médicos 
não especialistas em Genética tem algum conhecimento 
básico da especialidade, porém é incapaz de fornecer informação e 
orientação adequadas sobre doenças dessa natureza e procedimentos 
relacionados. 
• Como o primeiro contato dos pacientes com doença genética 
usualmente é com um médico generalista, com quem desenvolvem uma 
relação de confiança, estes têm um papel fundamental no 
encaminhamento e orientação dos pacientes. 
• Em países onde não há serviços de Genética em número suficiente, o 
paciente pode ser acompanhado apenas pelo médico de Atenção 
Primária. Por esse motivo, esses médicos necessitariam receber uma 
formação bem melhor que a atual, para que o papel de orientador seja 
cumprido satisfatoriamente. 
Doenças genéticas 
• Procuram-se geneticistas. Brasil tem déficit de 1.800 
profissionais da área genética 
• A constatação é de um levantamento da Interfarma (Associação da 
Indústria Farmacêutica de Pesquisa), lançado hoje em São Paulo e que 
reuniu, por mais de dois anos, material sobre a questão no Brasil e no 
mundo. 
• 6 pessoas em cada 10 mil 
 têm uma doença rara atingem, 80% das quais têm origem genética. 
• 13 milhões de brasileiros 
 tem alguma das cerca de 7.000 doenças raras existentes --75% delas se 
manifestam antes dos cinco anos. 
 
Doenças genéticas 
• Além de poucos, os centros se referência estão 
concentrados no Sul e Sudeste. 
 Para conseguir o diagnóstico de suas doenças, boa parte dos pacientes 
enfrenta uma verdadeira peregrinação, que pode durar anos, se deve a 
vários fatores, com destaque para a escassez de geneticistas. 
• No Brasil, existem hoje pouco mais de 200 
geneticistas o equivalente a um por 1,25 milhão de brasileiros. 
• A OMS recomenda que haja um geneticista para cada 100 mil habitantes. 
Faltam, portanto, 1.800 geneticistas. 
Doenças genéticas 
Doenças genéticas 
Numero de registros no OMIM (Updated 8 May 2013) : 
Condição Autossômico Ligado 
ao X 
Ligado 
ao Y 
Mitocondria
l 
Total 
Genes descritos 13,513 656 48 35 14,252 
Genes e fenótipos combinados 119 4 0 2 125 
Fenótipo descrito, base molecular 
conhecida 
3,463 274 4 28 3,769 
Fenótipo ou lócus descrito, base 
molecular conhecida 
1,632 133 5 0 1,770 
Outros, principalmente fenótipos 
com suspeita de base mendeliana 
1,754 124 2 0 1,880 
Total 20,481 1,191 59 65 21,796

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