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1 Classificação de Câncer de Pulmão - Atualização A classificação histológica do câncer de pulmão e o seu estadiamento são críticos para avaliação do tratamento e para o diagnóstico definitivo (1). O patologista tem papel determinante nestas duas situações. Embora sarcomas, linfomas e outras neoplasias malignas não epiteliais são raramente primárias de pulmão, o termo ‘câncer de pulmão’ quase sempre se refere ao carcinoma primário deste órgão. Genericamente os carcinomas de pulmão podem ser divididos em dois grandes grupos, considerando o tipo histológico e a resposta quimioterápica convencional. Carcinomas não de células pequenas e os carcinomas de células pequenas. No primeiro grupo são incluídos os adenocarcinomas, os carcinomas espinocelulares e os carcinomas de células grandes, cada um com suas variantes. Os carcinomas de células pequenas é a forma menos comum de carcinoma neuroendócrino. O termo carcinoma broncogênico não é mais utilizado, pois várias formas são periféricas, além das mudanças conceituais a respeito da origem do câncer de pulmão (1,2,3). Os quatro principais tipos histológicos de câncer de pulmão são: adenocarcinoma, carcinoma espinocelular, carcinoma de células pequenas e carcinoma de células grandes. O tipo histológico mais frequente em vários países atualmente é o Adenocarcinoma, correspondendo a quase metade dos casos de câncer de pulmão. As principais discordâncias diagnósticas acontecem nesta neoplasia. Por isso, foram as neoplasias amplamente discutidas para que nova classificação fosse proposta. O objetivo principal desta classificação é identificar o prognóstico, fatores preditivos e alvos terapêuticos dos adenocarcinomas, grupo de neoplasias pulmonares malignas com necessidade evidente de uniformização dos subtipos para melhor definição de critérios absolutos para este diagnóstico, principalmente em relação ao termo carcinoma bronquioloalveolar, que deve ser evitado (5). Classificação de carcinomas de pulmão (2011, IASLC/ATS/ERS): Esta classificação foi proposta para adenocarcinomas representados por espécimes cirúrgicos. Para os outros grupos de carcinomas de pulmão, não foram estabelecidas alterações ou mudanças em relação à última classificação (5). 01 - Lesões pré-neoplásicas: . Hiperplasia adenomatosa atípica . Adenocarcinoma ‘in situ’ (≤ 3 cm, antigo carcinoma bronquioloalveolar - CBA) 2 - não mucinoso - mucinoso (raro) - misto (mucinoso e não mucinoso) 02 - Adenocarcinoma minimamente invasivo (≤ 3 cm, predominantemente lepídico com ≤ 5 mm de invasão) - não mucinoso - mucinoso (raro) - mixto (mucinoso e não mucinoso) 03 - Adenocarcinoma invasivo . Predominantemente lepídico (antigo CBA não mucinoso, > 5 mm de invasão) . Predominantemente acinar . Predominantemente papilar . Predominantemente micropapilar . Predominantemente sólido com mucosecreção 04 - Variantes do adenocarcinoma invasivo . Adenocarcinoma mucinoso invasivo (antigo CBA mucinoso) . Colóide . Fetal (baixo e alto grau) . Entérico . Cistadenocarcinoma mucinoso 05 - Carcinoma Espinocelular Papilar Células claras Células pequenas Basalóide 06 - Carcinoma de células pequenas Carcinoma de células pequenas combinado 07 - Carcinoma de células grandes Carcinoma neuroendócrino de células grandes Carcinoma neuroendócrino de células grandes, combinado Carcinoma basalóide 08 - Carcinoma linfoepitelioma-like 09 - Carcinoma de células claras 10 - Carcinoma de células grandes com fenótipo rabdóide 3 11 - Carcinoma adenoescamoso 12 - Carcinóide Típico Atípico Recomendações e sugestões: 1. Os termos adenocarcinoma ‘in situ’ e adenocarcinoma minimamente invasivo não devem ser utilizados em biópsias pequenas ou em citologias. Da mesma forma, o termo carcinoma de células grandes deve ser evitado nas mesmas condições. 2. Recomenda-se que o termo carcinoma bronquioloalveolar não seja mais utilizado no grupo dos adenocarcinomas invasivos. Por outro lado, seria relevante mencionar em laudos anatomo-patológicos o termo ‘antigo carcinoma bronquioloalveolar’ nos casos específicos. 3. O discernimento entre adenocarcinoma e carcinoma espinocelular, mesmo aqueles pouco diferenciados, é indispensável. Para tanto a utilização de histoquímica, como por exemplo, a pesquisa de mucosecreção, ou da imunoistoquímica é fundamental. 4. O termo ‘carcinoma não de células pequenas’ deve ser sempre postergado. Apenas 10% dos casos de carcinomas de pulmão em biópsias pequenas ainda poderiam ser denominados desta forma. 5. Adenocarcinomas, na imunoistoquímica, apresentam positividade para TTF1 (80%), CK7 (60%), CEA (86%), neurosecreção (68%), aproproteina do surfactante (50%). 6. O carcinoma espinocelular apresenta positividade para p63, CK 5/6 e AE1AE3, principalmente. 7. Todo material de biópsia deve ser fixado o mais rápido possível. Esta atitude melhora consideravelmente o rendimento do exame imunoistoquímico e reduz artefatos que modificam o aspecto morfológico para o diagnóstico definitivo. 8. Deve constar no laudo anatomo-patológico se o diagnóstico foi realizado apenas através da microscopia óptica ou se foi utilizado algum método especial adjuvante. 9. Devem ser preparados blocos celulares de amostras citológicas, inclusive do líquido pleural. 10. Marcadores imunoistoquimicos de neurosecreção devem ser utilizados quando houver aspectos histológicos sugestivos. Quando estes aspectos não forem observados, estes marcadores não devem ser utilizados. 4 11. Em lesões neoplásicas múltiplas com diagnóstico histológico de adenocarcinoma, além do diagnóstico do tipo histológico predominante, a utilização de métodos complementares, como por exemplo, a imunoistoquímica, torna-se indispensável para definir se a doença é primária ou metastática, sincrônica ou metacrônica. 12. O termo carcinoma de células grandes deve ser evitado em biópsias pequenas e exames citológicos. 13. A distinção entre adenocarcinoma ‘in situ’ e doença invasiva deve ser evitada no exame de congelação. 14. Para o diagnóstico de carcinoma espinocelular devem ser observadas, no mínimo, pontes intercitoplasmáticas no exame microscópico. 15. O diagnóstico de câncer de pulmão deve ser considerado dentro de um contexto multidisciplinar, envolvendo cirurgia torácica, oncologia clínica, patologia, radiologia e biologia molecular. Referências: 1. Travis WD, Brambilla E, Muller-Hermelink HK, et al. eds. World Health Organization Classification of Tumors. Pathology and Genetics of Tumours of the Lung, Pleura, Thymus and Heart. Lyon: IARC press; 2004. 2. Dacic S. Minimally invasive adenocarcinomas of the lung. Adv Anat Pathol. 2009; 16(3): 166-171. 3. Noguchi M, Minami Y, Iijima T, et al. Reproducibility of the diagnosis of small adenocarcinomas of the lung and usefulness of an educational program for the diagnostic criteria. Pathol Int. 2005; 55:8-13. 4. Anami Y, Iijima T, Suzuki K, et al. Bronchioloalveolar carcinoma (lepidic growth) component is a more useful prognostic factor than lymph node metastasis. J Thorac Oncol. 2009;4(8):951-958. 5. Travis, WD et al. International Association for the Study of Lung Cancer/American Thoracic Society/European Respiratory Society International Multidisciplinary Classification of Lung Adenocarcinoma. J. Thorac. Oncol., 2011; 6:244-285. Rimarcs G. Ferreira Professor Adjunto Doutor do Departamento de Patologia da UNIFESP/EPM Coordenador do Departamento de Patologia Pulmonar da SBPT
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