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Cancer_Pulmao_Site_SBPT_2012

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Classificação de Câncer de Pulmão - Atualização 
 
A classificação histológica do câncer de pulmão e o seu estadiamento são críticos para 
avaliação do tratamento e para o diagnóstico definitivo (1). O patologista tem papel 
determinante nestas duas situações. Embora sarcomas, linfomas e outras neoplasias 
malignas não epiteliais são raramente primárias de pulmão, o termo ‘câncer de pulmão’ 
quase sempre se refere ao carcinoma primário deste órgão. Genericamente os carcinomas 
de pulmão podem ser divididos em dois grandes grupos, considerando o tipo histológico e 
a resposta quimioterápica convencional. Carcinomas não de células pequenas e os 
carcinomas de células pequenas. No primeiro grupo são incluídos os adenocarcinomas, os 
carcinomas espinocelulares e os carcinomas de células grandes, cada um com suas 
variantes. Os carcinomas de células pequenas é a forma menos comum de carcinoma 
neuroendócrino. O termo carcinoma broncogênico não é mais utilizado, pois várias formas 
são periféricas, além das mudanças conceituais a respeito da origem do câncer de pulmão 
(1,2,3). Os quatro principais tipos histológicos de câncer de pulmão são: adenocarcinoma, 
carcinoma espinocelular, carcinoma de células pequenas e carcinoma de células grandes. 
O tipo histológico mais frequente em vários países atualmente é o Adenocarcinoma, 
correspondendo a quase metade dos casos de câncer de pulmão. As principais 
discordâncias diagnósticas acontecem nesta neoplasia. Por isso, foram as neoplasias 
amplamente discutidas para que nova classificação fosse proposta. O objetivo principal 
desta classificação é identificar o prognóstico, fatores preditivos e alvos terapêuticos dos 
adenocarcinomas, grupo de neoplasias pulmonares malignas com necessidade evidente 
de uniformização dos subtipos para melhor definição de critérios absolutos para este 
diagnóstico, principalmente em relação ao termo carcinoma bronquioloalveolar, que deve 
ser evitado (5). 
 
Classificação de carcinomas de pulmão (2011, IASLC/ATS/ERS): 
Esta classificação foi proposta para adenocarcinomas representados por espécimes 
cirúrgicos. Para os outros grupos de carcinomas de pulmão, não foram estabelecidas 
alterações ou mudanças em relação à última classificação (5). 
 
01 - Lesões pré-neoplásicas: 
 . Hiperplasia adenomatosa atípica 
 . Adenocarcinoma ‘in situ’ (≤ 3 cm, antigo carcinoma bronquioloalveolar - CBA) 
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 - não mucinoso 
 - mucinoso (raro) 
 - misto (mucinoso e não mucinoso) 
02 - Adenocarcinoma minimamente invasivo (≤ 3 cm, predominantemente lepídico com 
≤ 5 mm de invasão) 
 - não mucinoso 
 - mucinoso (raro) 
 - mixto (mucinoso e não mucinoso) 
03 - Adenocarcinoma invasivo 
 . Predominantemente lepídico (antigo CBA não mucinoso, > 5 mm de invasão) 
 . Predominantemente acinar 
 . Predominantemente papilar 
 . Predominantemente micropapilar 
 . Predominantemente sólido com mucosecreção 
04 - Variantes do adenocarcinoma invasivo 
 . Adenocarcinoma mucinoso invasivo (antigo CBA mucinoso) 
 . Colóide 
 . Fetal (baixo e alto grau) 
 . Entérico 
 . Cistadenocarcinoma mucinoso 
05 - Carcinoma Espinocelular 
 Papilar 
 Células claras 
 Células pequenas 
 Basalóide 
06 - Carcinoma de células pequenas 
 Carcinoma de células pequenas combinado 
07 - Carcinoma de células grandes 
 Carcinoma neuroendócrino de células grandes 
 Carcinoma neuroendócrino de células grandes, combinado 
 Carcinoma basalóide 
08 - Carcinoma linfoepitelioma-like 
09 - Carcinoma de células claras 
10 - Carcinoma de células grandes com fenótipo rabdóide 
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11 - Carcinoma adenoescamoso 
12 - Carcinóide 
 Típico 
 Atípico 
 
Recomendações e sugestões: 
1. Os termos adenocarcinoma ‘in situ’ e adenocarcinoma minimamente invasivo não 
devem ser utilizados em biópsias pequenas ou em citologias. Da mesma forma, o 
termo carcinoma de células grandes deve ser evitado nas mesmas condições. 
2. Recomenda-se que o termo carcinoma bronquioloalveolar não seja mais utilizado no 
grupo dos adenocarcinomas invasivos. Por outro lado, seria relevante mencionar em 
laudos anatomo-patológicos o termo ‘antigo carcinoma bronquioloalveolar’ nos 
casos específicos. 
3. O discernimento entre adenocarcinoma e carcinoma espinocelular, mesmo aqueles 
pouco diferenciados, é indispensável. Para tanto a utilização de histoquímica, como 
por exemplo, a pesquisa de mucosecreção, ou da imunoistoquímica é fundamental. 
4. O termo ‘carcinoma não de células pequenas’ deve ser sempre postergado. Apenas 
10% dos casos de carcinomas de pulmão em biópsias pequenas ainda poderiam ser 
denominados desta forma. 
5. Adenocarcinomas, na imunoistoquímica, apresentam positividade para TTF1 (80%), 
CK7 (60%), CEA (86%), neurosecreção (68%), aproproteina do surfactante (50%). 
6. O carcinoma espinocelular apresenta positividade para p63, CK 5/6 e AE1AE3, 
principalmente. 
7. Todo material de biópsia deve ser fixado o mais rápido possível. Esta atitude 
melhora consideravelmente o rendimento do exame imunoistoquímico e reduz 
artefatos que modificam o aspecto morfológico para o diagnóstico definitivo. 
8. Deve constar no laudo anatomo-patológico se o diagnóstico foi realizado apenas 
através da microscopia óptica ou se foi utilizado algum método especial adjuvante. 
9. Devem ser preparados blocos celulares de amostras citológicas, inclusive do líquido 
pleural. 
10. Marcadores imunoistoquimicos de neurosecreção devem ser utilizados quando 
houver aspectos histológicos sugestivos. Quando estes aspectos não forem 
observados, estes marcadores não devem ser utilizados. 
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11. Em lesões neoplásicas múltiplas com diagnóstico histológico de adenocarcinoma, 
além do diagnóstico do tipo histológico predominante, a utilização de métodos 
complementares, como por exemplo, a imunoistoquímica, torna-se indispensável 
para definir se a doença é primária ou metastática, sincrônica ou metacrônica. 
12. O termo carcinoma de células grandes deve ser evitado em biópsias pequenas e 
exames citológicos. 
13. A distinção entre adenocarcinoma ‘in situ’ e doença invasiva deve ser evitada no 
exame de congelação. 
14. Para o diagnóstico de carcinoma espinocelular devem ser observadas, no mínimo, 
pontes intercitoplasmáticas no exame microscópico. 
15. O diagnóstico de câncer de pulmão deve ser considerado dentro de um contexto 
multidisciplinar, envolvendo cirurgia torácica, oncologia clínica, patologia, radiologia 
e biologia molecular. 
 
Referências: 
1. Travis WD, Brambilla E, Muller-Hermelink HK, et al. eds. World Health Organization 
Classification of Tumors. Pathology and Genetics of Tumours of the Lung, Pleura, 
Thymus and Heart. Lyon: IARC press; 2004. 
2. Dacic S. Minimally invasive adenocarcinomas of the lung. Adv Anat Pathol. 2009; 
16(3): 166-171. 
3. Noguchi M, Minami Y, Iijima T, et al. Reproducibility of the diagnosis of small 
adenocarcinomas of the lung and usefulness of an educational program for the 
diagnostic criteria. Pathol Int. 2005; 55:8-13. 
4. Anami Y, Iijima T, Suzuki K, et al. Bronchioloalveolar carcinoma (lepidic growth) 
component is a more useful prognostic factor than lymph node metastasis. J Thorac 
Oncol. 2009;4(8):951-958. 
5. Travis, WD et al. International Association for the Study of Lung Cancer/American 
Thoracic Society/European Respiratory Society International Multidisciplinary 
Classification of Lung Adenocarcinoma. J. Thorac. Oncol., 2011; 6:244-285. 
 
Rimarcs G. Ferreira 
Professor Adjunto Doutor do Departamento de Patologia da UNIFESP/EPM 
Coordenador do Departamento de Patologia Pulmonar da SBPT

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