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teoria geral dos recursos

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RECURSOS
 
1. Conceito 
 É um instrumento processual voluntário de impugnação de decisões 
judiciais previsto em lei, utilizado antes da preclusão e na mesma relação 
jurídica processual (a doutrina vê como um desdobramento do direito de ação, 
mas perante uma instância superior), objetivando o reexame da decisão. 
2. Fundamentos 
 Falibilidade humana 
 O ser humano está sujeito a cometer erros. A existência do recurso 
serve como um estímulo para um aprimoramento da atividade jurisdicional. 
 Inconformismo das pessoas 
 As pessoas tendem naturalmente a se sentirem inconformadas com uma 
decisão que lhe é desfavorável. 
 Duplo grau de jurisdição 
 Consiste na possibilidade de reexame integral da decisão proferida pelo 
juízo a quo a ser conferida a um órgão jurisdicional diverso do que a proferiu. 
 OBS.: Recurso extraordinário não pode ser considerado como duplo 
grau de jurisdição, pois devolve o conhecimento somente de matéria 
constitucional. 
 O recurso que concretiza ao duplo grau por excelência é a apelação, 
pois nela é possível devolver toda a matéria (matéria de fato, matéria de direito 
e questões probatórias). 
 A doutrina diz que o duplo grau estaria previsto implicitamente na CF, 
extraindo: 1) do devido processo legal; 2) da ampla defesa; 3) da previsão da 
estrutura do Poder Judiciário em órgãos superiores e inferiores. 
 O STF tem referendado o duplo grau de jurisdição na Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos (art. 8º, § 2º, “h”). 
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua 
inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, 
toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: 
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
 Cuidado: acusados com foro por prerrogativa de função (STF, RHC 
79.785): como já são julgados originariamente por um tribunal, não têm direito 
ao duplo grau de jurisdição. Mas isso não significa que não possa recorrer, 
pode, p. ex. interpor recurso extraordinário ou recurso especial. 
3. Natureza jurídica dos recursos 
 Uma corrente diz que o recurso funciona como uma nova ação dentro do 
mesmo processo (minoritária); 
 Há quem entenda que tem natureza jurídica de recurso (meio para obter o 
reexame da decisão); 
 Prevalece o entendimento de que funciona como um desdobramento do 
direito de ação. 
4. Pressupostos de admissibilidade recursal (juízo de prelibação) 
 Antes do órgão jurisdicional fazer o reexame da decisão, deve analisar 
se estão presentes os pressupostos. 
 Em regra, sua presença é aferida tanto pelo juízo a quo (contra o qual se 
recorre) quanto pelo juízo ad quem (para o qual se recorre). 
 Obs.: Há situações em que o juízo a quo e o juízo ad quem se 
confundem no mesmo órgão jurisdicional, como nos embargos de declaração. 
 Na apelação, em um primeiro momento, quem examina é o juízo a quo. 
Depois, serão examinados também pelo juízo ad quem, que não está vinculado 
ao juízo a quo. 
 Não confundir: 
- conhecimento do recurso 
- pelo juízo a quo (provisória) 
- pelo juízo ad quem (definitiva) 
 A partir do momento em que houve 
o conhecimento do recurso significa 
que vai se operar o efeito substitutivo 
(art. 512, CPC). 
Art. 512. O julgamento proferido pelo 
tribunal substituirá a sentença ou a 
decisão recorrida no que tiver sido objeto 
de recurso. 
Ainda que a decisão negue 
provimento ao recurso, ela substitui a 
decisão anterior. 
- provimento do recurso 
- juízo ad quem 
Competência para o julgamento de revisão criminal 
 A revisão criminal é uma ação autônoma impugnação da competência 
dos Tribunais. A única exceção diz respeito à Turma Recursal dos Juizados, 
que julga revisões criminais dos julgados dos Juizados e de seus próprios 
julgados. 
 O Tribunal julga revisão criminal não só dos juízes a ele subordinados, 
mas também de seus próprios julgados. 
 Exemplos: 
- Decisão de juiz estadual de 1ª instância/MG  quem vai julgar a revisão 
criminal: TJ/MG. 
- Acórdão condenatório do TJ/MG  quem vai julgar: TJ/MG . 
- Acórdão condenatório do TJ/MG contra o qual foi interposto recurso 
extraordinário para o STF. 
 Se o RE não foi conhecido, caberá ao TJ/MG o julgamento da revisão 
criminal (se o STF não se manifestou sobre o caso, não há porque o 
julgamento da revisão ser feito pelo STF); 
 Se o RE foi conhecido pelo STF, o julgamento da revisão criminal 
caberá: 
1. Ao próprio Supremo, desde que o objeto da revisão criminal tenha 
sido apreciado pelo Supremo no julgamento do RE; 
 
Juízo de admissibilidade Juízo de mérito recursal 
2. Ao TJ/MG, caso a revisão criminal tenha por objeto matéria que não 
foi apreciada pelo Supremo no julgamento do RE. 
 STJ, Revisão Criminal 717 e Revisão Criminal 319. 
 Lei 8.038, Art. 263, § único 
 Regimento Interno do STF, art. 263: 
 Art. 263. Será admitida a revisão, pelo Tribunal, dos processos criminais findos, 
em que a condenação tiver sido por ele proferida ou mantida no julgamento de ação 
penal originária ou recurso criminal ordinário: 
 I – quando a decisão condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal 
ou à evidência dos autos; 
 II – quando a decisão condenatória se fundar em depoimentos, exames ou 
documentos comprovadamente falsos; 
 III – quando, após a decisão condenatória, se descobrirem novas provas de 
inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição 
especial da pena. 
 Parágrafo único. No caso do inciso I, primeira parte, caberá revisão, pelo 
Tribunal, de processo em que a condenação tiver sido por ele proferida ou mantida no 
julgamento de recurso extraordinário, se seu fundamento coincidir com a questão 
federal apreciada. 
5. Pressupostos objetivos de admissibilidade recursal 
5.1. Cabimento 
 É a previsão legal da existência de recurso contra a decisão. 
 Nem todas as decisões estão submetidas a recurso. 
 No processo penal vigora a irrecorribilidade das decisões interlocutórias 
(a regra é a irrecorribilidade), salvo se porventura listadas no art. 581 do CPP. 
Ex.: Decisão em que o juiz julga deserta a apelação. 
 Decisões irrecorríveis  por mais que a decisão seja irrecorrível, ela 
pode ser impugnada em: 
- preliminar de futura e eventual apelação. 
- habeas corpus e mandado de segurança; 
- correição parcial: se verificar-se que houve um error in procedendo do 
magistrado, que cause um ato tumultuário contra o qual não há previsão de 
recurso. 
5.2. Adequação 
 Utilização da impugnação correta para se buscar o reexame da decisão. 
- Princípio da fungibilidade e mitigação da adequação 
 Art. 579, CPP. 
 Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela 
interposição de um recurso por outro. 
 Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso 
interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível. 
 Apesar de a parte ter entrado com o recurso errado, o juiz conhecerá do 
recurso como se fosse o recurso correto. 
 Depende da boa-fé do recorrente. 
 Segundo a doutrina, a má-fé estará presente: 
 quando não for observado o prazo previsto em lei para o recurso 
adequado; 
 Ex.: A apelação tem prazo de 5 dias e o RESE tem prazo de 5 dias. A 
parte ficou na dúvida e entrou com apelação, ainda dentro dos 5 dias, mas era 
o RESE. Não tem problema. 
 Ex. 2: A parte perdeu o prazo de 5 dias e, no 10º dia, entra com RE, por 
saber que tem o prazo de 15 dias. 
 quando houver erro grosseiro. 
 Somente quando houver dúvida objetiva sobre o recurso adequado 
poderá se valer do princípio da fungibilidade.Ex.: Na suspensão condicional do processo, há quem entenda que o 
recurso adequado é o de apelação (com fundamento no art. 593, II) e há quem 
entenda que é o RESE. 
 Ex. 2: Contra uma decisão do juiz de 1º grau é interposto um recurso de 
revista (recurso do Direito Trabalhista). Nesse caso, há um erro crasso, um erro 
grosseiro. 
 Art. 579, § único: se o tribunal entender que a parte entrou com o 
recurso errado mas que, com base no princípio da fungibilidade, será 
conhecido como o recurso correto, mas deverá ser utilizado o procedimento 
correto. 
5.3. Tempestividade 
 O recurso deve ser interposto no prazo previsto em lei, sob pena de 
preclusão temporal. 
 É preciso ficar atento ao início do prazo (a partir do momento em que foi 
intimado) e o término do prazo: 
Início do prazo Término do prazo 
(dies a quo) (dies ad quem) 
 prazo processual 
 
 Prazo processual é o que transcorre entre o momento do início e o 
momento do término. 
 Para se aferir a tempestividade, o que interessa é a data do protocolo. 
 Art. 575. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão 
dos funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do 
prazo. 
 Súmula 428 do STF: Não fica prejudicada a apelação entregue em 
cartório no prazo legal, embora despachada tardiamente. 
 OBS.: No processo penal, alguns recursos podem ser interpostos 
separadamente: primeira entra com a petição de interposição e depois 
apresenta as razões recursais (ex.: apelação, RESE, agravo em execução). 
 A tempestividade deve ser aferida segundo a data de interposição do 
recurso. A apresentação de razões fora do prazo é mera irregularidade. 
5.3.1. Início do prazo recursal 
 Art. 798, CPP. 
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. 
 § 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento. 
 § 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, 
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a 
prova do dia em que começou a correr. 
 § 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á 
prorrogado até o dia útil imediato. 
 § 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou 
obstáculo judicial oposto pela parte contrária. 
 Obs.: Prazo recursal é prazo de natureza processual: o dia do início não 
é levado em consideração, começa a fluir no primeiro dia útil subsequente à 
intimação (ex.: se foi intimado na segunda-feira, o prazo começa a fluir na 
terça-feira, desde que esta não seja feriado). 
 O prazo recursal começa a contar a partir da intimação das partes. 
 Art. 798, § 5º, CPP: 
 Art. 798, § 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão: 
 a) da intimação; 
 b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver 
presente a parte; 
 c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença 
ou despacho. 
 O prazo começará a fluir: 
A. Da intimação (regra) 
- Tem direito a intimação pessoal: MP, defensor público, defensor dativo e o 
acusado. 
- Aos demais, a intimação é feita por publicação: defensor constituído do 
acusado, advogado do querelante e advogado do assistente. 
* Intimação por precatória 
 Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e 
 Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data 
da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória 
ou de ordem. 
* Publicação nos finais de semana 
 É como se ela fosse feita no primeiro dia útil subsequente. 
 Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a 
publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá 
início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que 
começará no primeiro dia útil que se seguir. 
B. Da audiência ou sessão de julgamento em que for proferida a decisão, se a 
parte estiver presente 
 Ex.: No procedimento comum (agora, pelo menos em regra, não só a 
instrução deve ser em uma única audiência, como a decisão deve ser proferida 
na mesma audiência), no procedimento do Júri. 
 CPPM, art. 443 e 529. 
 Art. 443. Se a sentença ou decisão não for lida na sessão em que se proclamar 
o resultado do julgamento, sê-lo-á pelo auditor em pública audiência, dentro do prazo 
de oito dias, e dela ficarão, desde logo, intimados o representante do Ministério 
Público, o réu e seu defensor, se presentes. 
 Ao final da sessão de julgamento, o juiz proclama o resultado, mas há a 
possibilidade de que a decisão seja publicada no prazo de oito dias (se a 
sentença ainda não foi lida, o prazo só começará a correr a partir de quando for 
publicada). 
 STJ, HC 91.206. 
5.3.2. Prazo recursal da defesa no processo penal 
 Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo 
querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. 
 Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver 
interesse na reforma ou modificação da decisão. 
 No processo penal, tanto o acusado como o defensor tem legitimidade e 
capacidade postulatória autônoma para recorrer. 
Acusado: tem capacidade postulatória 
para interposição de recursos na 1ª 
instância (naqueles recursos em que 
há primeiro a interposição e depois a 
apresentação de razões). 
 Defensor 
 
 Ambos devem ser intimados da sentença condenatória. 
 Segundo os Tribunais Superiores, é irrelevante qual dos dois foi intimado 
primeiro. 
 STJ, HC 74.550: o STJ entendeu que nos casos de competência 
originária dos tribunais o acusado também precisa ser intimado de eventual 
decreto condenatório. 
5.3.3. Início do prazo recursal do MP 
 STF, HC 83.255 (o STF entendeu que o prazo deve começar a fluir quando 
os autos derem entrada no setor administrativo, independentemente da data 
em que o promotor apor a sua ciência). 
 Começa a fluir a contar da data em que os autos dão entrada no setor 
administrativo do órgão. 
5.3.4. Prazos recursais diversos 
- 48 horas: carta testemunhável (recurso cabível quando o juiz denega 
seguimento a outro recurso, como o RESE, p. ex.); 
 Cuidado: no caso de apelação denegada  RESE. 
 Art. 639. Dar-se-á carta testemunhável: 
 I - da decisão que denegar o recurso; 
 II - da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento 
para o juízo ad quem. 
 Art. 640. A carta testemunhável será requerida ao escrivão, ou ao secretário 
do tribunal, conforme o caso, nas quarenta e oito horas seguintes ao despacho que 
denegar o recurso, indicando o requerente as peças do processo que deverão ser 
transladadas
 O prazo só será contado em horas se constar do mandado de intimação 
a exata hora em que a pessoa foi intimada. Caso contrário, serão contados 
dois dias. 
- 02 dias: embargos de declaração, na 1ª e 2ª instância e também no STJ, em 
se tratando de matéria penal (quando é matéria cível, o prazo é de cinco dias). 
 Art. 263 do Regimento Interno do STJ. 
- 05 dias: Apelação, RESE, protesto por novo júri (revogado), embargos de 
declaração nos Juizados e no STF, recurso ordinário para o STF e STJ contra 
denegatória de HC, correição parcial e agravo em execução. 
 Súmula 700, STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo 
contra decisão do juiz da execução penal. 
- 10 dias: embargos infringentes e de nulidade (contra decisões do TJ/TRF em 
que houver divergência em apelação, RESE e agravo em execução) e 
apelação nos Juizados Especiais. 
- 15 dias: recurso extraordinário para o STF e recurso especial para o STJ, e 
recurso ordinário para oSTJ contra as decisões denegatórias de mandado de 
segurança (art. 33, Lei 8.038/90). 
- 20 dias: RESE contra a lista geral dos jurados. 
 OBS.: É julgado pelo Presidente do Tribunal (TJ/TRF). 
5.3.5. Prazo em dobro 
 Defensor público 
 LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública): previsão legal do prazo 
em dobro para o defensor público da União, defensor público do DF e defensor 
público estadual. 
 Art. 44. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: 
 I – receber, inclusive quando necessário, mediante entrega dos autos com 
vista, intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição ou instância 
administrativa, contando-se-lhes em dobro todos os prazos; 
 Lei 10.259/01 (Lei dos Juizados Especiais Federais), art. 9º: prevê que 
não haverá prazo diferenciado. 
 Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato 
processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de 
recursos, devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com 
antecedência mínima de trinta dias. 
 Por conta desse artigo, prevalece o entendimento de que ela não tem 
prazo em dobro no Juizado Especial Federal. 
 Cuidado: MP não tem direito ao prazo em dobro, nem o defensor dativo 
(tem direito somente a intimação pessoal). 
5.3.6. Férias forenses 
 Art. 93, XII, CF (com alteração trazida pela EC 45/04). 
 Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá 
sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
 XII - a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas 
nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver 
expediente forense normal, juízes em plantão permanente; 
 Apesar de a CF dizer que a atividade será ininterrupta, continuamos 
tendo os chamados “recessos forenses”. Ex.: A própria Lei da Justiça Federal 
prevê recesso do dia 20 de dezembro a 6 de janeiro. 
 O Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 8 dizendo que os 
Tribunais poderão suspender o expediente forense nos dias 20 de dezembro a 
6 de janeiro. 
 Durante esse período, geralmente os próprios provimentos e resoluções 
dos Tribunais instituindo o recesso preveem que haverá a suspensão dos 
prazos processuais. 
5.3.7. Interposição de recursos via fax/meios eletrônicos 
prejudica o cumprimento dos prazos, devendo os originais ser entregues em juízo, 
necessariamente, até cinco dias da data de seu término. 
 Parágrafo único. Nos atos não sujeitos a prazo, os originais deverão ser 
entregues, necessariamente, até cinco dias da data da recepção do material. 
Art. 4o Quem fizer uso de sistema de transmissão torna-se responsável pela 
qualidade e fidelidade do material transmitido, e por sua entrega ao órgão judiciário. 
Parágrafo único. Sem prejuízo de outras sanções, o usuário do sistema será 
considerado litigante de má-fé se não houver perfeita concordância entre o original 
remetido pelo fac-símile e o original entregue em juízo. 
 A lei passou a prever que era possível interpor recurso por fax, mas 
deveria apresentar o original. Entende-se que o prazo de 5 dias para a entrega 
do original será contado depois do término do prazo para interposição. 
 Lei 11.419/06, arts. 1º, 2º e 6º. 
 Art. 1o O uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais, 
comunicação de atos e transmissão de peças processuais será admitido nos termos 
desta Lei. 
 § 1o Aplica-se o disposto nesta Lei, indistintamente, aos processos civil, penal 
e trabalhista, bem como aos juizados especiais, em qualquer grau de jurisdição. 
 Art. 2o O envio de petições, de recursos e a prática de atos processuais em 
geral por meio eletrônico serão admitidos mediante uso de assinatura eletrônica, na 
forma do art. 1o desta Lei, sendo obrigatório o credenciamento prévio no Poder 
Judiciário, conforme disciplinado pelos órgãos respectivos. 
 § 1o O credenciamento no Poder Judiciário será realizado mediante 
procedimento no qual esteja assegurada a adequada identificação presencial do 
interessado. 
 § 2o Ao credenciado será atribuído registro e meio de acesso ao sistema, de 
modo a preservar o sigilo, a identificação e a autenticidade de suas comunicações. 
 § 3o Os órgãos do Poder Judiciário poderão criar um cadastro único para o 
credenciamento previsto neste artigo. 
 Art. 6o Observadas as formas e as cautelas do art. 5o desta Lei, as citações, 
inclusive da Fazenda Pública, excetuadas as dos Direitos Processuais Criminal e 
Infracional, poderão ser feitas por meio eletrônico, desde que a íntegra dos autos seja 
acessível ao citando. 
 Art. 2o A utilização de sistema de transmissão de dados e imagens não 
 Lei 9.800/99, arts. 2º e 4º. 
 Podem ser utilizados os meios eletrônicos no processo penal, mas não 
podem ser usados apenas para a citação no direito processual penal e em 
relação aos atos infracionais da Lei 8.069/90. 
28/04/121 
5.4. Inexistência de fato impeditivo 
 Alguns fatos impedem o conhecimento do recurso. 
 Esses fatos ocorrem antes da interposição do recurso. 
5.4.1. Renúncia ao direito de recorrer 
 A renúncia ocorre quando a parte abre mão do direito de recorrer. 
 A renúncia se dá antes da interposição do recurso. 
 O recurso é voluntário, ninguém é obrigado a recorrer. Mesmo diante de 
uma situação de sucumbência a parte pode abrir mão do direito de recorrer. É 
um desdobramento lógico do princípio da voluntariedade. 
 MP pode renunciar ao direito de recorrer? 
 1ª corrente (Eugênio Pacelli de Oliveira): o MP não pode renunciar, pois 
isso violaria o princípio da indisponibilidade da ação penal pública; 
 2ª corrente (Denílson Feitoza): o MP pode renunciar. 
 Princípio da voluntariedade: o promotor não é obrigado a recorrer (ele 
pode concordar com os fundamentos da sentença absolutória). 
 No processo penal há legitimidades e capacidades postulatórias autônomas 
do acusado e do defensor para interpor recurso. 
 A renúncia feita pelo acusado não prejudica o recurso interposto pelo 
defensor. Ainda que o acusado tenha renunciado, se o defensor interpôs 
recurso, este deve ser conhecido. 
 Súmula 705 do STF: “A renúncia do réu ao direito de apelação, 
manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da 
apelação por este interposta”. 
 O acusado pode interpor o recurso, mas durante a tramitação do recurso 
ele não pode ficar sem defensor, o advogado deve apresentar as razões. 
 
 
 Se durante a tramitação o advogado renuncia aos poderes, o juiz intima 
o acusado para que ele constitua novo advogado. Se ele não constituir, o juiz 
deve nomear um defensor dativo ou um defensor público. 
 Súmula 708 do STF: “É nulo o julgamento da apelação se, após a 
manifestação nos autos da renúncia do único defensor, o réu não foi 
previamente intimado para constituir outro”. 
5.4.2. Preclusão 
 O processo marcha para a frente, o procedimento caminha rumo a uma 
decisão final, por isso é importante a preclusão. 
 A preclusão funciona como um fato impeditivo, destinado a garantir o 
avanço do processo. 
 Preclusão é a perda de uma faculdade processual. 
 Espécies: 
 Preclusão temporal 
 Decorre do não exercício de determinada faculdade no prazo 
processual. 
 Ex.: O recurso deve ser apresentado no prazo previsto em lei, sob pena 
de preclusão temporal. 
 Preclusão lógica 
 Decorre da incompatibilidade da prática de um ato com relação a outro 
já praticado. 
 Ex.: O defensor ou o acusado renuncia ao direito de recorrer e depois 
interpõe o recurso. 
 Preclusão consumativa 
 Provoca a perda de uma faculdade processual pelo fato dejá ter havido 
o exercício dessa faculdade. 
 Ex.: A parte tem o prazo de 5 dias para interpor o recurso. Ela interpõe o 
recurso delimitando a matéria, apenas para impugnar determinada matéria. 
Depois não poderá interpor novo recurso. 
5.4.3. Recolhimento do acusado à prisão nos casos previstos em lei 
 Hoje já não há mais esse fato impeditivo. 
 Revogado art. 594 do CPP 
 Exigia o recolhimento do acusado à prisão para apelar, desde que não 
fosse primário e não tivesse bons antecedentes. 
 Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, 
salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença 
condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (Revogado pela Lei nº 
11.719, de 2008). 
 A lei trabalhava com a ideia de presunção de fuga. 
 Durante muitos anos esse dispositivo esteve em vigor. 
 Súmula 09 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não 
ofende a garantia constitucional da presunção de inocência”. 
 Na visão antiga do STJ não havia qualquer inconstitucionalidade nessa 
exigência. 
 
 STF, HC 88.420 
 A partir de uma importante decisão, o STF reafirma a importância do 
duplo grau de jurisdição, previsto no art. 8º, § 2º, “h” da Convenção Americana 
de Direitos Humanos (hoje sabemos que a Convenção Americana tem status 
normativo supralegal). 
 A Convenção Americana não estabelece qualquer pressuposto no 
sentido de recolhimento à prisão para que o indivíduo tenha direito ao duplo 
grau. Portanto, o STF entender que o art. 594 não era compatível com a 
Convenção Americana. 
 Art. 8º, 2, CADH. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se 
presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante 
o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias 
mínimas: 
 h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior. 
 Súmula 347 do STJ: “O conhecimento de recurso de apelação do réu 
independe de sua prisão”. 
 Lei 11.719/08 
 De maneira expressa, revoga o art. 594 do CPP. 
 Art. 387, § único, in fine, do CPP: o conhecimento da apelação 
independe do recolhimento à prisão. 
 Art. 387, Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a 
manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida 
cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. 
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). 
 Revogado art. 595 do CPP 
 Previa a extinção do recurso caso o acusado fugisse durante a sua 
tramitação. 
 Art. 595. Se o réu condenado fugir depois de haver apelado, será declarada 
deserta a apelação. (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 E esse dispositivo já vinha sendo declarado inconstitucional e 
incompatível com a Convenção Americana de Direitos Humanos. 
 Lei 12.403/11 
 Expressamente revogou o art. 595 do CPP. 
* Cuidado com a legislação especial (alguns dispositivos legais continuam 
prevendo o recolhimento à prisão para recorrer, mas foram tacitamente 
revogados): 
 
- Art. 31 da Lei 7.492/86 (lei dos crimes contra o sistema financeiro); 
- Art. 27, § 2º da Lei 8.038/90 (lei que regula o procedimento originário dos 
Tribunais): prevê que os recursos extraordinários não são dotados de efeito 
suspensivo. 
 O STF, na decisão do HC 84.078, entendeu que o fato de um recurso 
não ser dotado de efeito suspensivo impede o seu recolhimento à prisão. Em 
virtude do princípio da presunção de inocência, a pessoa só pode ser recolhida 
à prisão, em regra, depois do trânsito em julgado e isso independentemente do 
recurso ter ou não efeito suspensivo (obviamente, se presente hipótese que 
autoriza a prisão preventiva, a pessoa poderá ser presa). 
- Art. 2º, § 3º da Lei 8.072/90: prevê que em caso de sentença condenatória o 
juiz decidirá fundamentadamente se o réu pode apelar em liberdade. 
- Art. 9º da Lei 9.034/95 (lei das organizações criminosas): prevê que o 
acusado não pode apelar em liberdade nos crimes previstos nesta lei. 
- Art. 3º da Lei 9.613/98 (lei de lavagem de capitais): em caso de sentença 
condenatória o juiz decidirá fundamentadamente se o réu pode apelar em 
liberdade. 
- Art. 59 da Lei 11.343/06 (lei de drogas): o réu não poderá apelar sem 
recolher-se à prisão. 
- CPPM: art. 527: o acusado não pode recorrer sem recolher-se à prisão, salvo 
se primário e de bons antecedentes. 
 Todos esses dispositivos hoje já não têm mais validade. 
 Foram revogados tacitamente pela Lei 11.719/08 e pela Lei 12.403/11, 
que preveem que o cidadão só pode ser recolhido à prisão depois do trânsito 
em julgado ou se presente fundamento que autoriza a prisão preventiva. 
 Para os que acham que lei geral não pode modificar lei especial, é 
possível concluir que esses dispositivos se mostram incompatíveis com a 
Convenção Americana. 
5.5. Inexistência de fato extintivo 
 Fato extintivo  ocorre durante a tramitação do recurso: produz a 
extinção anômala do recurso. 
 O normal é que o recurso se extingua com o julgamento do mérito 
recursal (dando provimento ou negando provimento). 
 De maneira anômala, pode se extinguir se houver um fato extintivo: 
5.5.1. Desistência 
 Ocorre durante a tramitação do recurso. 
 O recurso está tramitando e o recorrente se pronuncia no sentido de não 
ter mais interesse no prosseguimento da impugnação. 
 MP não pode desistir do recurso que haja interposto 
 Art. 576 do CPP. 
 Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja 
interposto. 
 Cuidado com a hipótese em que um promotor interpõe o recurso e outro 
promotor oferece as razões. Pode ser que este promotor não concorde com o 
inconformismo do promotor que interpôs. 
 Há doutrinadores que entendem que o segundo promotor seria obrigado 
a apresentar as razões e no sentido da petição de interposição. 
 Há quem entenda que com base na sua independência funcional ele 
pode apresentar razões em sentido diverso, buscando inclusive a absolvição 
do acusado. 
 Desistência por parte do advogado de defesa 
 Durante a tramitação do recurso perante o Tribunal, o advogado desiste. 
O Tribunal deve extinguir o recurso? 
 Antes de extinguir o recurso, deve intimar o acusado pois, se ele não 
concordar, deve constituir novo advogado. 
 Desistência por defensor público/dativo 
 O recurso é voluntário, ele irá existir se a parte assim desejar. Em 
algumas situações, o defensor pode vislumbrar que o recurso pode gerar 
algum gravame ao acusado (ex.: quando o militar é processado por deserção, 
enquanto não acaba o recurso ele tem que continuar sendo militar, não é 
excluído. Se ele não quiser continuar como militar é melhor desistir do recurso). 
 Ex.: STF, HC 93.120: o defensor, apesar de ter sido intimado, não 
recorreu. O STF disse que não há nulidade. 
 LC 80, art. 45, VII: quando trata dos deveres do defensor, diz que ele 
tem o dever de recorrer sempre que houver fundamento. 
 Art. 45. São deveres dos membros da Defensoria Pública da União: 
 VII - interpor os recursos cabíveis para qualquer instância ou Tribunal e 
promover revisão criminal, sempre que encontrar fundamentos na lei, jurisprudência 
ou prova dos autos, remetendo cópia à Corregedoria-Geral. 
5.5.2. Deserção 
 Também acarreta a extinção anômala do recurso. Pode acontecer em 
duas situações: 
A. Por falta de preparo 
 Preparo é o recolhimento das custas. 
 No processo penal, todas as pessoas são obrigadas a fazer o preparo? 
 Art. 806. Salvo o caso do art. 32 (beneficiário da assistência judiciária gratuita), 
nas ações intentadas mediante queixa, nenhum ato ou diligência se realizará, sem que 
seja depositada em cartório a importância das custas.§ 2o: A falta do pagamento das custas, nos prazos fixados em lei, ou marcados 
pelo juiz, importará renúncia à diligência requerida ou deserção do recurso 
interposto. 
 A quem se aplica essa necessidade? O caput do art. 806 se refere às 
ações intentadas mediante queixa, ou seja, somente nas ações penais 
privadas. 
 Por mais que o querelado (acusado) não tenha recolhido custas, ele não 
pode ser privado do direito ao duplo grau. 
 Essa falta de preparo aplica-se apenas na ação penal exclusivamente 
privada ou personalíssima. 
 Aplica-se apenas ao recurso do querelante, ressalvada a hipótese de 
comprovada pobreza (se o querelado for beneficiário da assistência judiciária 
gratuita). 
B. Deserção em virtude da fuga do acusado 
 Revogado art. 595 (Lei 12.403/11) 
 STF, HC 84.469 e HC 101.244. 
5.6. Regularidade formal 
 Forma de interposição do recurso 
- 1º grau de jurisdição 
 termo nos autos: é a manifestação inequívoca da parte quanto ao 
interesse em recorrer; 
Ex.: o acusado foi intimado da sentença no presídio. Ele informa ao 
oficial de justiça que quer recorrer. Isso é um termo nos autos, pois o 
oficial certificará isso no mandado de intimação. 
 petição. 
 São os recursos em que é possível apresentar as razões depois (RESE, 
apelação, agravo em execução). 
 Art. 578, CPP. 
 Art. 578. O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, 
assinado pelo recorrente ou por seu representante. 
 § 1o: Não sabendo ou não podendo o réu assinar o nome, o termo será 
assinado por alguém, a seu rogo, na presença de duas testemunhas. 
 Geralmente os recursos que podem ser interpostos por termo ou por 
petição são aqueles no 1º grau de jurisdição. 
- Recurso contra decisão de Tribunal: é possível ver o pressuposto objetivo da 
regularidade. 
 Ex.: No recurso extraordinário, a parte não pode interpor por termo. Além 
disso, pressupõe a apresentação simultânea das razões recursais. Se não 
apresentar as razões no recurso, faltou regularidade formal, faltou pressuposto 
objetivo: o recurso não será conhecido. 
 Motivação 
- Recursos de fundamentação vinculada: há recursos em que a fundamentação 
é previamente delimitada pela lei. Ex.: Recurso no Tribunal do Júri, recurso 
extraordinário. 
* Cuidado com as hipóteses onde haja necessidade de formação de 
instrumento. 
 Ex.: Agravo de instrumento contra decisão que não admitiu o recurso. 
 Se o instrumento não for formado adequadamente (ex.: com cópia da 
decisão, cópia da intimação etc.), o recurso não será conhecido por ausência 
de regularidade formal. 
 Súmula 115 do STJ: “Na instância especial é inexistente recurso 
interposto por advogado sem procuração nos autos”. 
 O STF entende que no processo penal também se aplica a Súmula 115. 
No entanto, entendeu que, no processo penal, é preciso ter um certo cuidado, 
pois existe a possibilidade de constituir advogado por procuração, mas também 
existe a possibilidade de constituir o advogado no ato da audiência. 
 Art. 266 do CPP: 
 Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, 
se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. 
6. Pressupostos subjetivos de admissibilidade recursal 
6.1. Legitimidade recursal 
 Art. 577, CPP: 
 Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo 
querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. 
 Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver 
interesse na reforma ou modificação da decisão. 
 A doutrina chama de legitimação ampla: essas pessoas são legitimadas 
a interpor qualquer recurso. 
 Lembrar que tanto acusado quanto defensor são legitimados a interpor 
recurso, os dois são legitimados. 
- Acusado  é dotado de capacidade postulatória autônoma para interpor 
recursos. 
 A ampla defesa subdivide-se em duas: defesa técnica (exercida por 
advogado) e autodefesa (exercida pelo próprio acusado). A autodefesa vai se 
manifestar através de três formas: 1) direito de presença; 2) direito de 
audiência; e 3) capacidade postulatória autônoma para interpor recursos. 
 Isto diz respeito apenas à interposição, pois ele não tem conhecimentos 
técnicos para apresentar as razões recursais. 
- Defensor  possui legitimação autônoma para interpor recursos. 
 No processo penal o defensor não é um mero representante processual 
do acusado, ele exerce um munus publico. Ainda que o acusado não tenha 
interessa em impugnar a decisão, o seu advogado poderá fazê-lo contra a 
vontade de seu cliente. 
 Na ação penal pública, a vítima pode ter interesse em se habilitar no 
processo e passa a ser chamada de assistente de acusação. Se a vítima 
morreu, os seus sucessores poderão se habilitar no processo (“CADI”: cônjuge, 
ascendente, descendente e irmão). 
 A única preocupação em relação à vítima no processo penal era a de 
que reconhecesse o acusado. Hoje em dia, houve uma mudança, o que 
podemos perceber no CPP, no capítulo que trata do ofendido: ele pode receber 
tratamento, ele é comunicado dos atos processuais etc. A lei passou a prever 
que o assistente pode requerer prisão preventiva. Há cada vez mais uma 
preocupação do legislador em preservar a vítima. 
 Art. 268 do CPP: 
 Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente 
do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer 
das pessoas mencionadas no Art. 31. 
 Previsão expressa de recurso do assistente apenas nas seguintes hipóteses 
(CPP, art. 584, § 1º e art. 598): 
 Art. 584. Os recursos terão efeito suspensivo nos casos de perda da fiança, de 
concessão de livramento condicional e dos ns. XV, XVII e XXIV do art. 581. 
 § 1o: Ao recurso interposto de sentença de impronúncia ou no caso do no VIII 
do art. 581, aplicar-se-á o disposto nos arts. 596 e 598. 
 Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se 
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o 
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha 
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito 
suspensivo. 
 Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e 
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público. 
1) RESE contra a extinção da punibilidade; 
2) Apelação contra a impronúncia; 
3) Apelação contra sentença absolutória (absolvição sumária) 
 Em desdobramento a essas hipóteses, o assistente pode se valer de 
qualquer recurso (inclusive de natureza extraordinária). 
Legitimação restrita e subsidiária do assistente da acusação 
 Súmula 210 do STF: “O assistente do Ministério Público pode recorrer, 
inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 
598 do Código de Processo Penal”. 
* Hoje há uma tendência de crescente importância do papel do assistente no 
processo penal. 
 Antigamente dizia-se que o papel do assistente era limitado única e 
exclusivamente à obtenção de uma sentença condenatória, para que pudesse 
ser objeto de execução. Hoje, o papel do assistente é obter uma sentença justa 
e proporcional ao fato delituoso. 
 Alguns exemplos: 
 Recurso do assistente contra sentença condenatória objetivando o 
agravamento da pena. 
 STJ, REsp 696.038. 
 RESE do assistente contra pronúncia objetivando inclusão de qualificadora. 
 STF, HC 84.022. 
* Lei 12.403/11 nova redação do art. 311 do CPP. 
 Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, 
caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, 
ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente,ou por 
representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 O assistente passou a ter legitimidade para requerer a decretação da 
prisão preventiva (da mesma forma, tem legitimidade para requerer decretação 
das medidas cautelares diversas da prisão), mas somente na fase processual. 
 Assim, ele passa a ter interesse em ordem 
 Súmula 208 do STF: “O assistente do ministério público não pode 
recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de ‘habeas corpus’” (está 
ultrapassada). 
 Como o assistente não tinha legitimidade para pedir a decretação da 
prisão, também não podia recorrer contra decisão concessiva de habeas 
corpus. 
 Agora ele passa a ter interesse recursal para questionar uma decisão 
concessiva de habeas corpus, inclusive extraordinariamente. 
* Legitimação subsidiaria do assistente 
 A atuação do assistente depende da inércia do MP. 
 Art. 598, CPP. 
 Art. 598. Nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou do juiz singular, se 
da sentença não for interposta apelação pelo Ministério Público no prazo legal, o 
ofendido ou qualquer das pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha 
habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que não terá, porém, efeito 
suspensivo. 
 Parágrafo único. O prazo para interposição desse recurso será de quinze dias e 
correrá do dia em que terminar o do Ministério Público. 
 Cuidado: ainda que o MP tenha recorrido, mas seja um recurso parcial, o 
assistente ainda pode recorrer. 
 Ex.: No caso de acusado de homicídio qualificado consumado, o juiz 
desclassificou para homicídio tentado e excluiu uma qualificadora. O MP 
recorreu apenas buscando a aplicação da qualificadora. 
 Art. 271, CPP. 
 Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer 
perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do debate oral e 
arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos 
dos arts. 584, § 1o, e 598. 
 Havendo recurso do MP, o assistente deve se limitar a apresentar 
razões. 
 O recurso do ofendido independe de sua prévia habilitação como assistente 
no processo. 
 Ex.: Ao tomar conhecimento da decisão o ofendido resolve recorrer. 
Nesse caso, é como se a interposição fosse o pedido de habilitação no 
processo penal como assistente. 
* Prazo recursal: 
 Se habilitado: 5 dias; 
 Não habilitado: 15 dias. 
 O prazo só começa a fluir após o decurso do prazo do MP. 
 Súmula 448 do STF: “O prazo para o assistente recorrer, 
supletivamente, começa a correr imediatamente após o transcurso do prazo do 
Ministério Público”. 
6.2. Interesse recursal 
 CPP, art. 577, § único: 
 Art. 577, Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que 
não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão. 
 O interesse deriva da sucumbência, compreendida como situação de 
desvantagem jurídica oriunda da emergente decisão (a parte deve demonstrar 
ao juízo ad quem que ela pediu algo que o juiz não deu. Ex.: O promotor pediu 
a condenação e o juiz absolveu). 
6.2.1. Sentença absolutória e interesse recursal da defesa 
 Diante de uma sentença absolutória, a defesa tem interesse para 
impugnar essa decisão? 
 Absolvição imprópria 
- Se aplica ao inimputável do art. 26, caput. 
- Resulta na aplicação de medida de segurança. 
- Há interesse recursal da defesa. 
 Sentença absolutória própria 
 Pode haver interesse da defesa na mudança do fundamento da 
absolvição, de modo a fazer coisa julgada na esfera cível. 
 No processo penal, a depender do fundamento da decisão, isso 
repercute ou não na esfera cível. 
 Ex.: Se o acusado é absolvido com base no in dubio pro reo, essa 
decisão não faz coisa julgada no cível. No entanto, se a absolvição se dá com 
o reconhecimento peremptório da inexistência do fato ou de que o acusado não 
concorreu para a infração ou de excludente de ilicitude real, essa decisão faz 
coisa julgada no cível. 
6.2.2. Extinção da punibilidade e interesse recursal da defesa na 
apreciação do mérito 
 Mesmo diante da extinção da punibilidade o acusado pode recorrer para 
buscar a análise do mérito? 
 Não há interesse. 
 No Brasil, entende-se que a extinção da punibilidade é matéria de ordem 
pública, que precede o exame do mérito. Ademais, quando alguém tem a sua 
punibilidade extinta, sobretudo na hipótese de prescrição da pretensão punitiva, 
o acusado é considerado para todos os efeitos inocente, pois ainda não teria 
havido o trânsito em julgado de uma sentença condenatória. 
 STJ, REsp 908.863: uma vez declarada extinta a punibilidade, mostra-se 
a falta de interesse em obter uma absolvição. 
6.2.3. Divergência entre o interesse recursal do acusado e o de seu 
defensor 
 Há uma divergência: o acusado quer recorrer, enquanto o defensor 
público/dativo não quer recorrer. 
Acusado X Defensor público/dativo: 
 Prevalece a vontade de quem interesse em recorrer . 
 Súmula 705 do STF: “A renúncia do réu ao direito de apelação, 
manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da 
apelação por este interposta”. 
6.2.4. Sentença condenatória/absolutória e interesse recursal do MP 
 CF, art. 127, caput. 
 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função 
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime 
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. 
 Ao MP incumbe a tutela dos interesses individuais indisponíveis, dentre 
eles, a liberdade de locomoção. 
 O MP não tem interesse na condenação de um inocente. Se o promotor, 
ao final do processo, não está convicto acerca da culpabilidade do acusado, ele 
não só pode como deve pedir a absolvição. 
 Desde que tenha havido sucumbência, o MP pode recorrer contra sentença 
condenatória, objetivando a absolvição do acusado. 
- Se o promotor, em alegações finais, pediu a absolvição do acusado e o juiz o 
condenou, houve sucumbência. No entanto, se o promotor pediu a condenação 
e o juiz condenou o acusado nos termos em que solicitado, não houve 
sucumbência. 
- MP  seja quando atua como parte, seja quando atua como fiscal da lei. 
* Na ação penal exclusivamente privada ou personalíssima, se o querelante 
não recorrer contra sentença absolutória, não se admite recurso do MP. 
 Princípio da disponibilidade: o querelante pode abrir mão da ação penal. 
28/04/122 
7. Princípios gerais dos recursos 
7.1. Princípio do duplo grau de jurisdição 
 Para alguns doutrinadores, ele estaria previsto de forma implícita na CF. 
 Para outros, estaria previsto no artigo 8º, § 2º, “h”, da Convenção Americana 
de Direitos Humanos. 
 STF, RHC 79.785: disse que acusados com foro por prerrogativa de função 
não têm direito ao duplo grau de jurisdição. 
 Ex.: O promotor Igor que foi julgado pelo TJ. O STF entendeu que ele 
não tinha direito ao duplo grau, não tinha direito de apelar, pois já foi julgado 
originariamente pelo TJ. Mas isso não significa que ele não possa recorrer. 
 Duplo grau de jurisdição: dá direito ao recurso em que você pode 
devolver a uma instância superior todo o conhecimento da matéria de fato, de 
direito e probatória. Quando você apela da sentença do juiz de primeira 
instância, você pode questionar tudo. Esse sim é o duplo grau de jurisdição. 
 No caso de quem é julgado originariamente pelo tribunal, ele não tem 
direito ao duplo grau, mas isso não significa que ele não possa recorrer. Ele 
 
2
 Aula exclusivamente online (Recursos III). 
pode interpor os recursos extraordinários: RE e REsp. No entanto, estes não 
concretizam o duplograu. Quando você recorre, p. ex., para o STF, não ode 
devolver a matéria fática, nem a matéria probatória, e nem a matéria de direito 
pode ser impugnada em sua integralidade, na medida em que o RE se presta à 
análise de matéria constitucional. 
7.2. Princípio da taxatividade dos recursos 
 Há necessidade de se verificar a previsão legal de recurso contra 
determinada decisão. 
 Só pode se valer de determinado recurso se houver previsão legal desse 
recurso. 
 Para a doutrina, por mais que seja importante permitir às partes uma 
reapreciação da decisão, também não se poderia “abrir uma porta” de modo 
indefinido (até porque temos hoje uma quantidade enorme de recursos). 
 Ex.: O processo contra o Pimenta Neves demorou 11 anos para 
terminar. 
 Além disso, diante de uma infinidade de recursos, não teríamos também 
segurança jurídica. 
 Previsão em lei federal 
 CF, art. 22, I: compete privativamente à União legislar sobre direito 
processual. 
 Por isso há muita discussão quanto à natureza jurídica da correição 
parcial. Há quem entenda que ela seria um recurso por estar prevista na lei que 
organiza a Justiça Federal. Outros negam essa natureza de recurso, dizendo 
que essa lei não poderia ser uma lei federal, mas uma espécie de regimento 
interno na Justiça Federal. 
 É possível a interpretação extensiva. 
 Ex.: Rol de cabimento do RESE (art. 581, CPP). 
 Para doutrinadores mais antigos (Mirabete, Tourinho Filho...), não se 
pode interpretar extensivamente o rol de cabimento do RESE, pois esse rol tem 
natureza taxativa, é “numerus clausus”. 
 Essa interpretação hoje já não resiste mais. 
 Ex.: Art. 581, inciso I: 
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou 
sentença: 
 I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
 A lei fala que cabe RESE contra decisão que não receber a denúncia. 
Cabe RESE contra decisão que receber a denúncia? Não. Mas e o recurso 
cabível contra a decisão que não receber o aditamento à denúncia, cabe 
RESE? O aditamento não esta previsto, mas ele caminharia na mesma direção 
do não recebimento da denúncia, é a mesma coisa. Então, nesse caso eu 
poderia interpretar extensivamente. 
 Além disso, o art. 581 é um dispositivo antigo, está no Código desde 
1941. Nos últimos anos o CPP tem sofrido varias alterações e muitas não estão 
no art. 581. 
 Ex.: Art. 581, inciso V: 
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou 
sentença: 
 V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou 
relaxar a prisão em flagrante; (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989) 
 Fala em “indeferir requerimento de prisão preventiva”, mas não fala 
sobre as medidas cautelares diversas da prisão criadas pela Lei 12.403/11. 
 Hoje o RESE pode ser interpretado extensivamente. 
 Assim como cabe RESE contra decisão que indeferir requerimento de 
prisão preventiva, também cabe RESE contra decisão que indeferir o 
requerimento de medidas cautelares diversas da prisão. 
 Em resumo, o recurso precisa ter previsão em lei federal. Isso, no 
entanto, não impede a interpretação extensiva. 
7.3. Princípio da unirrecorribilidade 
 Para cada decisão recorrível, corresponde um único recurso. 
 Assim, se houver cabimento de recurso contra essa decisão, saber que 
só poderei utilizar um recurso. 
 Ex.: Art. 593, § 4º, CPP: 
 Art. 593, § 4o: Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em 
sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. 
 No caso de sentença proferida por juiz singular, seja ela absolutória ou 
condenatória, o recurso cabível contra ela é a apelação. Então, ainda que se 
queira impugnar decisão submetida ao RESE, cabível a apelação, terá que 
entrar com ela, pois a apelação tem o condão de absorver o RESE. 
 Esse parágrafo 4º, para Tourinho, traz o chamado “princípio da 
consunção” (seria essa absorção dentro do processo penal), pois quando 
cabível a apelação ela absorve o RESE, pelo princípio da unirrecorribilidade. 
 Exceções a esse princípio: 
 Decisão onde se possa visualizar o cabimento de um ou mais recursos. 
A. Protesto por novo Júri quanto à condenação à pena igual ou superior a 20 
anos por um delito e apelação quanto ao crime conexo. 
 Esta era uma hipótese bastante comum e normalmente citada pela 
doutrina. 
 Ex.: No júri a pessoa era condenada à pena de 20 anos por homicídio 
qualificado e à 6 anos pelo crime de estupro. Teoricamente, poderia interpor o 
protesto por novo júri quanto à condenação do homicídio e a apelação quanto 
ao crime conexo de estupro. 
 No entanto, o protesto por novo Júri foi extinto pela Lei 11.689/08. 
Assim, essa exceção não existe mais, ficando somente a título de exemplo. 
B. Cabimento do Recurso Extraordinário e Recurso Especial 
 Em tese seria cabível, se preenchidos todos os pressupostos. Os dois 
deverão ser interpostos simultaneamente. O RE vai discutir matéria 
constitucional e o REsp vai discutir matéria federal da legislação objetiva. 
 Lei 8.038/90: art. 27, §§ 5º e 6º. 
 Art. 27, § 5º - Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o 
recurso extraordinário é prejudicial daquele em decisão irrecorrível, sobrestará o seu 
julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal, para julgar o 
extraordinário. 
 § 6º - No caso de parágrafo anterior, se o relator do recurso extraordinário, em 
despacho irrecorrível, não o considerar prejudicial, devolverá os autos ao Superior 
Tribunal de Justiça, para o julgamento do recurso especial. 
 Estes parágrafos confirmam o cabimento dos dois recursos. 
C. Embargos infringentes e de nulidade contra a parte não unânime da decisão 
e REsp contra a parte unânime 
 Ex. No julgamento de uma apelação, o Tribunal dá uma decisão em que 
em uma parte há unanimidade e em outra parte não há unanimidade. Ex.: os 
desembargadores concordaram sobre o quantum de pena, mas não quanto a 
uma possível restritiva de direitos. Nesse caso, deveriam ser interpostos 
embargos infringentes contra a parte não unânime e RE e REsp contra a parte 
unânime. 
 Cuidado: o STJ entende que se aplica ao processo penal o artigo 498 do 
CPC (ex.: REsp 785.679): 
 Art. 498. Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por maioria de 
votos e julgamento unânime, e forem interpostos embargos infringentes, o prazo para 
recurso extraordinário ou recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, 
ficará sobrestado até a intimação da decisão nos embargos. (Redação dada pela Lei nº 
10.352, de 2001) 
 Quando o acórdão tiver uma parte por maioria e uma parte unânime e 
forem interpostos embargos infringentes, o prazo para o recurso extraordinário 
ou recurso especial ficará sobrestado. 
 Portanto, de acordo com a posição do STJ, essa não é mais uma 
exceção ao princípio da unirrecorribilidade. 
 Assim, uma vez adotada a posição do STJ esse exemplo não poderia 
mais ser citado como exemplo de exceção a unirrecorribilidade, pois pelo artigo 
498, tendo o acórdão parte unânime e parte não-unânime, não seria necessário 
interpor todos os recursos de uma só vez. Devendo opor primeiro os embargos 
infringentes e tão somente quando houver o julgamento deles é que se 
interporia o RE ou o REsp. 
7.4. Princípio da fungibilidade 
 Art. 579, CPP. 
 Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela 
interposição de um recurso por outro. 
 É possível que o recurso seja conhecido apesar da parte ter interposto 
recurso errado. 
 O Tribunal poderá reconhecer o recurso errado como a impugnação 
correta, desde que não tenhahavido má-fé e desde que não se trate de um 
erro grosseiro. 
7.5. Princípio da convolação 
 Uma impugnação adequada pode ser conhecida como se fosse outra (um 
recurso correto que é recebido como se fosse outro). 
 Não confundir com o princípio da fungibilidade. 
Princípio da fungibilidade Princípio da convolação 
O recorrente entrou com o recurso 
errado, mas o Tribunal conhece o 
recurso errado como se fosse o 
correto pela fungibilidade. 
 
O recorrente entrou com o recurso 
correto, mas o Tribunal vai conhecer 
dele como se fosse um outro, pois no 
caso concreto é mais vantajoso para o 
recorrente. 
Ex.: O indivíduo foi condenado e está 
preso, mas foi condenado por um juiz 
absolutamente incompetente. O 
advogado entra com uma revisão 
criminal (embora seja cabível, não 
seria o instrumento mais eficaz, mais 
célere). O Tribunal conhece a revisão 
como se fosse um pedido de habeas 
corpus (muito mais eficaz). 
7.6. Princípio da voluntariedade 
 A existência de um recurso depende da manifestação da vontade da parte. 
(ninguém é obrigado a recorrer). 
 O recurso funciona como um verdadeiro ônus para as partes, porque se 
recorre de determinada decisão que seja prejudicial aos seus interesses, 
recorre se quiser, ninguém está obrigado a recorrer. 
 Diante de uma situação que lhe seja desfavorável à sucumbência, você 
não é obrigado a recorrer. Se a parte não quiser recorrer, depois não poderá se 
lamentar se os efeitos da decisão se projetarem sobre sua pessoa. 
 O recurso é voluntário para todos, mesmo para o MP, para a Defensoria 
Pública etc. 
 Ex.: STF, HC 93.120: o advogado, apesar de intimado, de ter 
conhecimento da sentença, não recorreu. O STF foi questionado sobre uma 
possível nulidade, mas o recurso é voluntário. 
 A parte pode renunciar ao direito de recorrer, pode deixar correr o 
prazo... 
 Dica: o promotor, quando não quiser recorrer da decisão, ao invés de 
simplesmente escrever “ciente” (o que poderia parecer uma negligência, 
desídia), deve escrever nos autos que, diante do conteúdo da sentença 
absolutória, não tem interesse em recorrer, pois concorda com os seus termos. 
7.6.1. Recurso de ofício 
 Também pode ser chamado de reexame necessário. 
 São aquelas situações em que o juiz se vê obrigado a recorrer contra a 
sua própria decisão. Ele profere uma decisão e, ao final, ele diz “decisão 
submetida ao reexame necessário, remetam-se os autos ao Egrégio Tribunal”. 
 É chamado de recurso de ofício porque ele é obrigatório, interposto pelo 
juiz. 
 Quando entrou em vigor a CF/88, muitos doutrinadores começaram a 
discutir se esse recurso de ofício teria sido ou não recepcionado pela CF. 
 Para alguns doutrinadores, o reexame necessário seria incompatível 
com a CF, pois viola o sistema acusatório (coloca o juiz em posição de 
ativismo, provocando o conhecimento da causa). Há doutrinadores que dizem 
que, a partir do momento em que a CF adotou o sistema acusatório no art. 129, 
I, já não seria mais dado ao juiz recorrer. 
 STF: entende que o reexame necessário é compatível com a CF. 
 Natureza jurídica: não é um recurso. 
 O ideal seria não chamá-lo de recurso de ofício pois, tecnicamente 
falando, a sua natureza jurídica não é de recurso, por faltar a ele a 
característica da voluntariedade. 
 É uma condição necessária à preclusão ou trânsito em julgado de 
determinada decisão. 
 Quando a lei prevê o reexame necessário, aquela decisão só vai 
transitar em julgado no dia em que houver o reexame pelo Tribunal (é como se 
o juiz de primeiro grau desse uma decisão que por si só não é apta a produzir 
efeitos, pois só gerará efeitos quando ela for confirmada pelo Tribunal). 
 Súmula 423 do STF: “Não transita em julgado a sentença por haver 
omitido o recurso ‘ex officio’, que se considera interposto ‘ex lege’”. 
 Enquanto a decisão não for submetida ao reexame necessário, não terá 
aptidão para transitar em julgado. O reexame funcionará como uma condição 
“sine quo non” para a preclusão ou para o trânsito em julgado daquela 
determinada decisão. 
 Não tem prazo. 
 Não tem razões. 
 Será obrigatório, ainda que haja recurso voluntário das partes. 
 Cuidado: o Tribunal, apreciando esse recurso, pode conhecer de 
qualquer matéria? Ele pode melhorar a situação do acusado? Ele pode piorar a 
situação do acusado? 
 Quando há previsão de recurso de ofício, devolve-se tudo para o 
Tribunal, ou seja, ele poderá conhecer de qualquer matéria, ainda que o 
conhecimento de tal matéria cause prejuízo ao acusado. 
 Efeito devolutivo: devolve-se ao juízo ad quem o conhecimento integral da 
causa, podendo ser melhorada ou piorada a situação do acusado. 
 Súmula 160 do STF: “É nula a decisão do Tribunal que acolhe, contra o 
réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de 
recurso de ofício”. 
 O recurso de ofício só é cabível contra decisões de juiz de primeira 
instância. 
 Hipóteses de cabimento do recurso de ofício: 
 Obs.: Geralmente as hipóteses são quando a decisão é boa para o 
acusado, como se a lei desconfiasse da boa vontade do juiz. 
1) Sentença que conceder habeas corpus (art. 574, I, CPP) 
 Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em 
que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: 
 I - da sentença que conceder habeas corpus; 
 Aqui falamos de “sentença”, ou seja, proferida por juiz de primeira 
instância. E essa sentença que vai demandar o recurso de ofício, é apenas 
quando conceder HC. Quando a sentença não conceder HC, então, não será 
cabível o recurso. 
2) Decisão que conceder a reabilitação (art. 746, CPP) 
 Art. 746. Da decisão que conceder a reabilitação haverá recurso de ofício. 
 Esse artigo não foi revogado, está em pleno vigor no CPP. 
3) Quando houver a absolvição em crimes contra a economia popular ou contra 
a saúde pública, ou quando for determinado o arquivamento do inquérito. 
 Nesses casos, o juiz deverá recorrer de ofício contra essa decisão. 
 Lei 1.521/1951, art. 7º: 
 Art. 7º Os juízes recorrerão de ofício, sempre que absolverem os acusados em 
processo por crime contra a economia popular ou contra a saúde pública, ou quando 
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo inquérito policial. 
 Observações importantes: 
- Esse recurso de ofício será apenas quando houver a absolvição em relação a 
crimes contra a economia popular ou saúde pública; não vale para os casos de 
contravenções penais. 
- Cuidado com o tráfico de drogas, que também é crime contra a saúde pública, 
mas nesse caso há uma lei especial (Lei 11.343), que não disse nada sobre 
recurso de ofício. Então no tráfico de drogas não precisa de recurso de ofício. 
4) Contra a sentença que conceder o mandado de segurança 
 Lei 12.016/09, art. 14, § 1º: 
 Art. 14, § 1º - Concedida a segurança, a sentença estará sujeita 
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição. 
5) Absolvição sumária no Júri 
 Cuidado: já não está mais em vigor. Ela antigamente era considerada 
como uma hipótese de recurso de ofício. 
 CPP: art. 574, II. 
 Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em 
que deverão ser interpostos, de ofício, pelo juiz: 
 II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de 
circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena, nos termos do art. 411. 
 Mas a doutrina entende que esse inciso II acabou sendo revogado 
tacitamente pela Lei 11.689/08. 
 A lei que alterou o procedimento do Júri não previu o recurso de ofício 
contra a absolvição sumária no Júri. Na antiga redação do art. 411 havia essa 
previsão, mas a nova lei deixou de prever o recurso de ofício contraa 
absolvição sumária. Por isso, a doutrina entende que esse artigo 574, II, foi 
tacitamente revogado. 
 Portanto, essa última hipótese já não existe mais. 
7.7. Princípio da disponibilidade dos recursos 
 Esse princípio é um consectário lógico, um desdobramento do princípio da 
voluntariedade. 
 Princípio da voluntariedade: a parte não é obrigada a recorrer  
aplica-se antes da interposição do recurso. 
 Princípio da disponibilidade  aplica-se durante a tramitação do 
recurso. Se a parte não tem mais interesse na tramitação do recurso, pode 
desistir. 
 Cuidado: o MP não pode desistir de recurso que haja interposto. 
 Art. 576, CPP: 
 Art. 576. O MP não poderá desistir de recurso que haja interposto. 
7.8. Princípio da non reformatio in pejus3 
 Em recurso exclusivo da defesa (ou habeas corpus), não se admite a 
reforma do julgado para piorar a situação do acusado. 
 Isso é um estímulo para a utilização da impugnação pelo acusado. 
 STF, HC 83.545: para o STF não se pode nem mesmo querer corrigir um 
erro material para piorar a situação do acusado. 
 Ex.: Na hora de somar as penas, o juiz erra. 
 Se se trata de recurso exclusivo da defesa, não se pode piorar sob um 
aspecto quantitativo (ex.: se tinha sido condenado a 6 anos, aumenta a pena 
para 8 anos), nem sob aspecto qualitativo (ex.: se tinha sido condenado ao 
regime aberto, o Tribunal não pode aplicar o regime fechado) e também não 
pode corrigir eventual erro material. 
 Além disso, o Tribunal estaria violando o efeito devolutivo, porque estaria 
apreciando algo cujo conhecimento não foi devolvido a ele. 
 OBS.: O Tribunal pode piorar a situação do acusado ao julgar um 
recurso se houver recurso de ofício e se houver recurso da acusação 
(devolvendo o conhecimento daquela matéria). 
 Lembrar que o princípio da non reformatio in pejus será aplicado na 
hipótese de recurso exclusivo da defesa. 
 Está previsto no art. 617, CPP: 
 Art. 617 O Tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto 
nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a 
pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. 
 Cuidado: não é apenas a pena, pode ser o regime de cumprimento de 
pena, qualquer coisa. Não se pode trazer qualquer tipo de prejuízo. 
 
3
 Pronuncia-se “peius”. 
7.9. Princípio da “non reformatio in pejus” indireta 
 Para saber o que significa esse princípio, devemos saber o que significa 
a non reformatio in pejus direta. 
 Direta: o Tribunal (juízo ad quem) não pode agravar a situação do acusado 
em recurso exclusivo da defesa. 
 Indireta (efeito prodrômico): se a decisão impugnada no recurso exclusivo 
da defesa for anulada, quando os autos retornam à 1ª instância, o juiz que vier 
a proferir nova decisão não poderá agravar a situação do acusado. 
 Ex.: O juiz de 1ª instância proferiu uma sentença condenatória contra o 
cidadão pela prática do crime de roubo simples a uma pena de 4 anos. Houve 
recurso exclusivo da defesa. O Tribunal de Justiça anula a decisão dizendo que 
não teve defesa técnica, p. ex. O Tribunal devolve os autos para que o juiz de 
1ª instância profira uma nova sentença. Nesta nova sentença, a pena de 4 
anos não poderá ser piorada. Assim, como a pena mínima do roubo é de 4 
anos, a pena será de 4 anos. 
 
 
 
 Tribunal 
 
 recurso exclusivo 
 da defesa 
 
sent. cond. 4 anos nova sentença - 4 anos 
juiz de 1ª instância juiz de 1ª instância 
 
 Duas questões importantes sobre esse princípio: 
7.9.1. Non reformatio in pejus indireta e incompetência absoluta 
 Ex.: A pessoa foi julgada por um juiz estadual, que o condenou pelo 
crime de moeda falsa a uma pena de 3 anos (sendo que o crime de moeda 
falsa é da competência da Justiça Federal). Somente a defesa recorreu, 
dizendo que essa decisão seria nula por conta da incompetência absoluta. O 
TJ anula essa decisão, reconhecendo a incompetência absoluta, e determina o 
encaminhando dos autos ao juiz federal. O juiz federal está submetido à pena 
fixada pelo outro juiz? A pena de 3 anos vai servir de limite ou o juiz federal 
pode aplicar uma pena de 4 anos? 
 
 TJ 
 
 recurso exclusivo 
 da defesa 
 
moeda falsa 3 anos nova sentença 
juiz estadual juiz federal 
 
 Estamos falando de dois princípios: do non reformatio in pejus, mas 
também do juiz natural. Como o juiz vai ficar limitado por uma decisão dada por 
juiz incompetente? 
 Há duas correntes: 
 1ª corrente (sustentada tradicionalmente pela doutrina: Eugênio Pacelli, 
Tourinho Filho): o juiz natural não pode sofrer uma restrição em seu poder 
decisório em virtude de uma decisão proferida por um juízo absolutamente 
incompetente. 
 No exemplo dado, o juiz federal jamais poderia sofrer uma limitação por 
uma decisão dada por um juiz incompetente em razão da matéria. 
 Eles partem do pressuposto de que é plenamente possível que o juiz 
profira uma nova decisão. Se ele entender que a pena é de 4 anos, ele pode 
aplicar uma pena de 4 anos. 
 Preponderância ao princípio do juiz natural. 
 2ª corrente (prevalece nos Tribunais Superiores): dá preponderância ao 
non reformatio in pejus. Se houve recurso exclusivo da defesa, o acusado não 
pode ser prejudicado, mesmo no caso de incompetência absoluta. 
 No exemplo, o juiz federal não poderia agravar a pena do acusado se o 
processo chegou a ele por meio de um recurso exclusivo da defesa. 
 STJ, HC 105.384; HC 114.729. 
 O juiz competente fica vinculado à pena prevista pelo juiz absolutamente 
incompetente quando o recurso é exclusivo da defesa. Ele não pode piorar se 
os autos chegaram a ele em um recurso exclusivo da defesa. 
7.9.2. Non reformatio in pejus indireta e soberania dos veredictos 
 Como funciona o princípio da non reformatio in pejus indireta dentro do 
Tribunal do Júri? 
 De um lado, a defesa não pode ser prejudicada no seu recurso 
exclusivo; do outro lado, há a soberania dos veredictos, pois os jurados é que 
têm constitucionalmente competência para decidir sobre a prática ou não de 
um crime doloso contra a vida. 
 Aplica-se esse princípio no Tribunal do Júri? 
 Lembrar que a soberania dos veredictos se aplica aos jurados. Quem 
está vinculado ao princípio da non reformatio in pejus indireta é o juiz 
presidente. 
 Na prática, os jurados são soberanos, podendo em um segundo 
julgamento reconhecer qualificadoras e causas de aumento de pena que não 
foram reconhecidas no primeiro julgamento. 
 No caso em que houve um recurso exclusivo da defesa, o Tribunal 
anulou a decisão e o processo voltou, não faria sentido dizer ao jurado que, 
como no primeiro julgamento os jurados que lá atuaram não reconheceram 
determinada qualificadora (ex.: motivo torpe), ele não poderá reconhecê-la, 
para não prejudicar o acusado. 
 A soberania é dos jurados. Por isso, no segundo julgamento é 
plenamente possível que os jurados reconheçam qualificadoras, causas de 
aumento que não foram reconhecidas no julgamento anterior. Porém, se a 
decisão dos jurados no segundo julgamento for idêntica à decisão do primeiro 
(ex.: também reconheceram homicídio simples), o juiz presidente não poderá 
aplicar uma pena superior, exatamente porque o juiz presidente está vinculado 
à non reformatio in pejus indireta. 
 Cuidado: STF, HC 89.544: 
- 1º julgamento: o acusado foi absolvido. O MP interpôs apelação dizendo que 
a decisão do Júri teria sido manifestamente contrária à prova dos autos. 
- 2º julgamento: o acusado foi condenado por homicídio simples a uma pena de6 anos de reclusão. Houve apelação exclusiva da defesa. 
- 3º julgamento: o acusado foi condenado por homicídio qualificado a 12 anos. 
 O STF entendeu que deveria ser respeitada a non reformatio in pejus e 
deve ser preservada a soberania. Mas, para estranheza de todos, o STF disse 
que nesse caso, apesar de a soberania dever ser preservada, deveria ser 
aplicada a pena de 6 anos. Se no julgamento final os jurados reconheceram a 
qualificadora, como aplicar pena de 6 anos, se a pena mínima do homicídio 
qualificado é de 12 anos? 
7.10. Princípio da reformatio in mellius 
 Em recurso exclusivo da acusação, ou mesmo que a questão não tenha sido 
impugnada no recurso da defesa, admite-se a melhora da situação do acusado. 
 O Tribunal não pode prejudicar a defesa, mas, para melhorar a situação 
do acusado, pode. Seja no recurso exclusivo da acusação ou ainda que a 
defesa não tenha devolvido ao Tribunal o conhecimento daquela matéria. 
 Se um Desembargador percebe que pode atenuar uma pena, por 
exemplo, ele poderá fazê-lo de ofício. 
 Esse princípio funciona como mitigação ao efeito devolutivo dos recursos no 
processo penal. 
 Enquanto no cível o Tribunal só pode conhecer a matéria que foi 
impugnada pelas partes, no processo penal não! 
 CPP, art. 617, a contrario sensu. 
 Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto 
nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a 
pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. 
 Se o dispositivo se limitou a dizer que não pode ser agravada a pena 
quando somente o réu houver apelado, podemos concluir que quando houver 
recurso da acusação, o Tribunal pode melhorar a situação do acusado. 
 Art. 654, § 2º: os Tribunais podem conceder habeas corpus de ofício. 
Então porque não poderiam, no próprio bojo do julgamento de uma apelação 
interposta pelo MP, melhorar a situação do acusado? 
 Art. 654, § 2o: Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício 
ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre 
ou está na iminência de sofrer coação ilegal. 
 A liberdade de locomoção é um bem indisponível. Se o Tribunal visualiza 
que há um constrangimento à liberdade de locomoção e que pode proferir uma 
decisão para melhorar a situação do acusado, ele pode fazê-lo. 
 Em resumo, não se pode prejudicar a defesa no seu recurso exclusivo. 
No entanto, no recurso exclusivo da acusação eu posso melhorar a situação da 
defesa. 
7.11. Princípio da dialeticidade 
 Está diretamente relacionado a dois princípios: contraditório e ampla 
defesa. 
 OBS.: Dialética significa embate, contraditório. 
 Todo e qualquer recurso deve ser dotado dos fundamentos de fato e de 
direito pelo qual se pretende o reexame da decisão. 
 Se a parte está buscando o reexame da decisão, precisa expor os seus 
fundamentos. 
 Essa fundamentação é importante por dois motivos: 
a) Para que se faça chegar ao Tribunal o motivo do inconformismo; 
b) Para que a outra parte possa apresentar as suas contrarrazões. 
 Cuidado com dois artigos do CPP: 
 Art. 589, caput: 
 Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao 
juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando 
instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. 
 Art. 601, caput: 
 Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância 
superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do 
art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias. 
 No CPP, em vários recursos você pode primeiro interpor e depois 
apresentar razões. O art. 601 fala que os autos serão remetidos à instância 
superior com as razões ou sem elas. Permitem que o recurso suba para a 
instância superior sem as razões recursais. 
 Esses dois artigos dizem que seria possível o julgamento de um recurso 
sem as razões (ou contrarrazões). Será que é possível julgar um recurso 
sem as razões ou contrarrazões? 
R.: Sim, no STF e no STJ ainda prevalece o entendimento de que o 
recurso pode ser julgado sem as razões ou contrarrazões. 
 Ex.: STF, HC 91.251; RHC 91070. 
 Isso é duramente criticado pela doutrina, como Ada Pelegrini. Como se 
poderia julgar um recurso se a parte não expôs as razões pelas quais ela 
pretende a reforma da decisão? Viola o contraditório, pois como se pode exigir 
que a parte contrária apresente suas contrarrazões se ela não teve acesso à 
fundamentação do recorrente? 
 A grande maioria dos doutrinadores entende que um recurso não pode 
ser julgado sem razões, porque isso seria incompatível com o princípio da 
dialeticidade. 
 O que acontece se as partes não apresentarem as suas razões? 
 Se o promotor não apresentou as razões recursais, aplica-se o princípio 
da devolução (art. 28, CPP), mandando-se os autos ao Procurador Geral, 
demonstrando que o promotor está quedando-se inerte quanto às suas 
obrigações funcionais. 
 Se o advogado constituído não apresentou razões, se pode entender 
que seria um abandono do processo. Assim, seria ideal intimar o acusado para 
que ele constitua novo advogado. Se ele não o fizer, o caminho será nomear 
um defensor dativo ou defensor público para que ele possa apresentar as 
razões recursais. 
 Para prova da UNB, cuidado com o art. 610, § único do CPP: 
 Art. 610. Nos recursos em sentido estrito, com exceção do de habeas corpus, e 
nas apelações interpostas das sentenças em processo de contravenção ou de crime a 
que a lei comine pena de detenção, os autos irão imediatamente com vista ao 
procurador-geral pelo prazo de cinco dias, e, em seguida, passarão, por igual prazo, ao 
relator, que pedirá designação de dia para o julgamento. 
 Parágrafo único. Anunciado o julgamento pelo presidente, e apregoadas as 
partes, com a presença destas ou à sua revelia, o relator fará a exposição do feito e, 
em seguida, o presidente concederá, pelo prazo de 10 (dez) minutos, a palavra aos 
advogados ou às partes que a solicitarem e ao procurador-geral, quando o requerer, 
por igual prazo. 
 Sustentação oral do recurso 
 O art. 610, § único prevê que, na hora da sustentação oral (obs.: o voto 
do desembargador já está pronto): 
 primeiro fala o advogado; 
 depois fala o MP (Procurador de Justiça ou Procurador Regional da 
República). 
 Esse assunto foi parar no STF. 
 STF, HC 87.926: foi apreciado pelo Plenário do STF. O STF entendeu 
que se se trata de recurso da defesa, a defesa fala primeiro (o advogado 
apresenta as suas razões e depois o procurador as contrarrazões). Mas esse 
artigo não fala nada sobre o tipo de recurso e era utilizado inclusive no recurso 
da acusação (o MP apelava e, no dia do julgamento, o advogado tinha que 
falar primeiro, antes do Procurador de Justiça). A tese era de que o MP, na 2ª 
instância, atua como custos legis. 
 O STF entendeu que a sustentação oral do MP no recurso da acusação 
deve ser feita antes do advogado, ainda que o Procurador invoque a qualidade 
de custos legis. 
 Embargos de declaração 
 Em regra*, não há necessidade de contrarrazões. O juiz não precisa 
intimar a parte contrária para apresentá-las; o juiz já reconhece que houve uma 
omissão e sana o problema. 
* Exceção: embargos de declaração com efeitos infringentes. 
 Embargos de declaração com efeitos infringentes são aqueles embargos 
em que, na sua apreciação, quando o juiz visualizar que realmente houve uma 
omissão, pode haver mudança no sentido da decisão. O juiz não vai 
simplesmente dirimir uma dúvida, ao sanar a omissão, o juiz pode mudar o 
sentido e o teor da decisão. 
 Ex.: Você pediu para o juiz reconhecer

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