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MANEJO FLORESTAL - Scolforo (1997)

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MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo 
UFLA - Universidade Federal de Lavras 
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
LAVRAS(MG)..J997 
Ficha Catalográfica preparada pela Seção de Classificação e Catalogação da 
Biblioteca Central da UFLA 
Scolforo, José Roberto Soares 
Manejo florestal / José Roberto Soares Scolforo. 
- Lavras : UFLA/FAEPE, 1997. 
438 p . : il. 
Bibliografia. 
1. Floresta - Manejo. 2. Ciência florestal. 3. Silvicultura. 4. Floresta nativa. 
5. Floresta plantada. 6. Essência florestal. 7. Manejo sustentado. 
I. Universidade Çederal de Lavras. II. Titulo. 
CDD-634.92 
TEXTO REVISADO PELO AUTOR 
© 1997 FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO DO TODO OU PARTE, POR QUALQUER 
MEIO, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA FAEPE. 
Curso de Especialização - Pós-Graduação Tato Sertsu" por Tutoria à Distância 
PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO FLORESTAL 
Convênio: 
UFLA - Universidade Federa! de Lavras 
FAEPE - Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão 
Reitor da UFLA: 
FABIANO RIBEIRO DO VALE 
Presidente do Conselho Deliberativo da FAEPE: 
DOUGLAS ANTÔNIO DE CARVALHO 
Chefe do Departamento de Engenharia Florestal: 
ANTÔNIO DONIZETE DE OLIVEIRA 
Coordenador do Curso: 
JOSÉ ROBERTO SOARES SCOLFORO 
Digitação e Editoração Eletrônica: 
CENTRO DE EDITORAÇÃO ELETRÔNICA - FAEPE 
Impressão: 
GRÁFICA UNIVERSITÁRIA - UFLA 
ÍNDICE 
1. INTRODUÇÃO 1 
2. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
Revisão sobre Manejo Florestal 3 
2.1. MANEJO FLORESTAL NÂ ÁSIA 6 
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA 14 
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA 18 
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL . . 28 
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas'' 
no Brasil 32 
3. MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 51 
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME DE 
MANEJO 52 
3.2. EFICIÊNCIA DO PROCESSO TECNOLÓGICO 
NO BENEFICIAMENTO DA MADEIRA E NO 
ASPECTO SILVICULTURAL 57 
3.3. EFEITOS DA EXPLORAÇÃO E DO TRANSPORTE 
NA REGENERAÇÃO NATURAL E ESTRUTURA 
REMANESCENTE 72 
3.4. A ECONOMICIDADE DO PROCESSO QUE 
ENVOLVE A ATIVIDADE DE MANEJO 
FLORESTAL SUSTENTADO 76 
3.4.1. O Uso da Floresta comparado a Outros Usos 
da Terra na Região de Taiiândia-PA 76 
iii 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
3.4.2. Custos e Lucros na Exploração de Madeira 
em Paragominas-PA 79 
3.4.3. Análise de Investimento: Comparação entre 
o Manejo Florestal, Pecuária e Agricultura na 
Região de Paragominas-PA 82 
3.4.4. Custos e Benefícios da Atividade de 
Manejo Florestal 98 
3.4.5. O Manejo Florestal Sustentado visto como 
um Investimento 100 
3.4.6. A Comercialização Clandestina de Madeira . 101 
3.4.7. Viabilidade Econômica do Manejo 
Florestal Sustentado 102 
3.5. SUSCEPTIBIUDADE DAS ESPÉCIES 
FLORESTAIS ÀS PRÁTICAS DE 
EXPLORAÇÃO 113 
4. SISTEMAS SILVICULTURAIS 117 
4.1. MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO 122 
4.1.1. Sistema Agro Florestal 123 
^ 4.1.1.1. Sistemas Silvipastoris 126 
4.1.1.2. Sistemas Agrossilvipastoris 127 
4.2. MÉTODO DE TRANSFORMAÇÃO DO 
POVOAMENTO OU CONVERSÃO 128 
4.2.1. Corte de Melhoramento 130 
4.2.2. Método de Enriquecimento 131 
4.2.2.1. Métodos de Enriquecimento de 
Anderson 135 
4.2.2.2. Método de Enriquecimento 
Mexicano 136 
4.2.2.3. Método de Enriquecimento 
Caimital (Venezuela) 136 
índice 
4.2.3. Método de Transformação por Via da Sucessão 
Dirigida 137 
4.2.3.1. Sistema de Corte Raso 137 
4.2.3.2. Sistema de Seleção ou Sistema de 
Corte Seletivo 145 
4.2.3.3. Sistema de Floresta de Cobertura 
(Shelterwood system) 151 
4.2.3.4. Sistema de Talhadia 173 
4.2.3.5. Sistema Celos de Manejo 185 
5. MODELAGEM DA PRODUÇÃO, IDADE DAS FLORESTAS 
NATIVAS, DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES E A 
ANÁLISE ESTRUTURAL 189 
5.1. MODELO DE PRODUÇÃO BASEADO NA RAZÃO 
DE MOVIMENTAÇÃO DOS DIÂMETROS 190 
5.1.1. Equações para Gerar o Modelo de 
Prognose 197 
5.1.2. Modelo de Produção 205 
5.2. O MODELO DE PRODUÇÃO ATRAVÉS DA 
MATRIZ DE TRANSIÇÃO 210 
5.2.1. Matriz de Transição e a Prognose 211 
5.2.2. Aplicação do Procedimento 213 
5.2.3. Estado Estável ou de Equilíbrio da Floresta . 216 
5.2.4. Estados Absorventes 217 
5.3. IDADE DA FLORESTA NATIVA 218 
5.4. DEFINIÇÃO DO PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO 
ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UMA FLORESTA 
NATIVA 225 
5.5. A ANÁUSE DA VEGETAÇÃO 230 
5.5.1. Estrutura Horizontal 231 
5.5.2. Estrutura Vertical 236 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
5.5.3. Regeneração Natural 239 
5.5.4. índice de Valor de Importância Ampliado e 
Econômico (MEAi) 242 
5.5.5. índice para Avaliar a Similaridade entre Tipos 
Fisionômicos 244 
6. OPÇÕES PARA O MANEJO SUSTENTADO DA 
FLORESTA NATIVA 247 
6.1. O MANEJO EM FLORESTA NATIVA 248 
6.2. O MANEJO DA VEGETAÇÃO NATIVA ATRAVÉS 
DE CORTES SELETIVOS 264 
6.21 Geração do Plano de Manejo Propriamente 
Dito 279 
7. ESTUDO DA REGENERAÇÃO NATURAL VISANDO A 
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS E O MANEJO 
FLORESTAL 299 
7.1. INTRODUÇÃO 299 
7.2. O MANEJO FLORESTAL E A REGENERAÇÃO 
NATURAL 3 0 1 
7.3. METODOLOGIA PARA ESTUDO DA 
REGENERAÇÃO NATURAL 304 
7.3.1. Parâmetros Fitossociológicos da 
Regeneração Natural 304 
7.3.2. Exemplos de Estimativas de Parâmetros . . . 308 
8. O MANEJO DE FLORESTAS PLANTADAS 313 
8.1. O SETOR FLORESTAL NO SUL 316 
8.2. PRODUTOS FLORESTAIS - TORAS/TORETES . . 317 
8.3. O MANEJO FLORESTAL 320 
8.3.1. Ferramentas do Manejo Florestal 320 
índice 
8.3.2. Regimes de Manejo de Rnus 324 
8.3.3. Considerações Finais 327 
8.3.4. Comparação entre os Regimes 333 
8.4. O MANEJO DE FLORESTAS DE Eucalyptus . . . . 336 
8.4.1. Implicações dos Desbastes em Eucalyptus . 340 
8.4.2. Manejo em Sítios pouco Produtivos 344 
8.4.3. Desbastes com Remanescentes 345 
8.5. O USO DE MODELOS DE PRODUÇÃO COMO 
ELEMENTO DE TOMADA DE DECISÃO 346 
8.5.1. Prognose e Avaliação Econômica da Produção 
de Madeira de Rnus caríbaea var. 
hondurensis em Sistema de Corte Raso . . . 347 
9. ESPAÇAMENTO : . . . . - 381 
9.1. FATORES DETERMINANTES DO ESPAÇAMENTO 
DE PLANTIO 382 
9.1.1. Qualidade do Sítio 383 
9.1.2. Espécie 384 
9.1.3. Objetivos de Manejo e Condições de 
Mercado 385 
9.1.4. Método de Colheita 387 
9.2. OS EFEITOS DO ESPAÇAMENTO 387 
9.2.1. Número de Tratos Culturais 388 
9.2.2. Taxa de Mortalidade e Dominância 388 
9.2.3. Volume / Sortimento de Madeira 389 
9.2.4. Idade de Estagnação / Ciclo do Corte . . . . 394 
9.2.5. Qualidade da Madeira 396 
9.2.6. Desenvolvimento Radicial e da Copa 398 
9.2.7. Custos de Produção 399 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
9.3. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL 401 
9.3.1. Espaçamento Regular 401 
9.3.2. Espaçamento Semi Regular 403 
9.3.3. Espaçamento Irregular 403 
9.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS 404 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 407 
ANEXOS 427 
viii 
1 
INTRODUÇÃO 
De maneira geral, o Manejo Florestal está centrado no conceito da 
utilização de forma sensata e sustentada dos recursos florestais, de modo 
que as gerações futuras possam usufruir pelo menos os mesmos benefícios 
da geração presente. 
Esta terminologia, pode ser abordada segundo dois enfoques. 
Manejo Florestal é visto como uma prática em que o objetivo maior é 
aumentar a qualidade do produto final, sua dimensão e se possível a sua 
quantidade, observando em todas as fases a viabilidade sócio-econômica e 
ambiental do processo produtivo. Um segundo enfoque, considera Manejo 
Florestal como um processo de tomada de decisão. Neste contexto o 
profissional florestal necessita ter uma visão global de planejamento florestal, 
utilizando-se para tal, modelos matemáticos que possibilitem a previsão da 
produção, assim como gerenciar toda esta gama de informações através de 
planos de manejos em que a otimização seja a tônica do processo.Naturalmente que, seja em florestas homogêneas, seja em 
vegetação nativa o manejador florestal deve balizar suas decisões em 
informações biológicas, econômicas, sociais, ambientais e de mercado, de 
1 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
2 
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
REVISÃO SOBRE MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo 
Para se ter uma melhor idéia da distribuição das florestas no mundo, 
apresenta-se na Tabela 2.1, em linhas gerais, uma proporção das florestas 
tropicais por continente, bem como de todos os tipos florestais juntos. 
Pode-se verificar que o continente americano apresenta o maior percentual 
de florestas tropicais do planeta, assim como dos demais tipos florestais. 
Pela Figura 2.1, constata-se que, do total de 3,6047 bilhões de hectares 
existentes em 1980, 53% correspondiam às florestas tropicais, o que prova a 
sua importância. Devido a sua fragilidade e por estarem situadas em regiões 
onde o aspecto sócio-econômico é ainda mais frágil, essas florestas vêm 
despertando cada dia mais preocupações nos países desenvolvidos. 
Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
3 
modo a propiciar que a sustentabifidade desta prática, perpetue a atividade 
florestal no local onde o empreendimento estiver sendo executado. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.1. Extensão das Florestas Mundiais e Tropicais ao Final de 1980 
Países Tropicais Todos os Países 
Continente - — • —• 
/Região 
N° 
Países 
Área 
de 
Terra 
Área 
Florestal 
N° 
Países 
Área 
de 
Terra 
Área 
Florestal 
Milhão 
ha 
Milhão 
ha 
% Milhão 
ha 
Milhão 
ha % 
África 46 2.237,3 701,2 31,3 56 2.964,6 709,3 23,9 
América 39 1.651,6 889,8 53,9 49 3.892,7 1.435,8 36,9 
Ásia 22 900,2 303,4 33,7 42 2.677,3 491,8 18,4 
Europa - - - • 32 2.700,0 876,5 32,5 
Pacífico 16 54,2 42,6 78,6 24 842,9 91,3 10,8 
Mundo 123 4.843,3 1.937,0 40,0 203 13.077,5 3.604,7 27,6 
Fonte: (Troensegaard, 1990) em Technical Wbrkshop to Explore Options for Global 
Forestry Management, 1991 
Troensegaard, J. (1990) Present Patterns and Rates of Forest Loss 
In Tropical Forestry response Options to Global Climate Change, Conference Proceedings 
São Paulo, Jan. 1990, p.71-84 
Extraído de STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Florestal / Curitiba - PR 
Março/92 
4 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
F o n t e : ( The World's Tropical Forests. Washington. 1980 - Modi f icado ), em Tropical 
Forest Report, 1991. 
In. STCP - Desenvolvimento Sustentado do Setor Flor estai - Cur i t iba- Morço/92 
FIGURA 2.1. Distribuição das Florestas Tropicais no Mundo 
UFLA/FAEPE - Manejo FbKStal 
6 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
7 
Apresenta-se a seguir uma breve descrição, das práticas de manejo 
florestal nas florestas tropicais do planeta. 
2.1. MANEJO FLORESTAL NA ÁSIA 
Foi nesse continente, mais precisamente na índia, que em 1906 
surgiram os primeiros tratamentos silviculfurais aplicados ao manejo 
florestal. A partir de então uma série de concepções vêm sendo 
desenvolvidas, buscando basicamente a sua adequação às diferentes 
regiões ecológicas e tipos florestais diferenciados. Todos os métodos 
desenvolvidos baseiam-se em dois conceitos: 
- Sistema Monocíclico 
- Sistema Policíclico 
O Sistema monocíclico produz povoamentos uniformes, sendo 
comumente empregados nas florestas de coníferas do sul da Ásia. Neste 
sistema, em uma só operação é abatido a totalidade do estoque comercial. 
O objetivo é a formação de florestas altas, equiâneas, destinadas à 
explorações e operações de regeneração, dentro de rotações previamente 
estabelecidas. São exemplos típicos, o sistema malaio uniforme (SMU) e o 
sistema tropical de cobertura. 
Já o Sistema policíclico objetiva uma produção contínua de 
madeira de espécies comerciais, propiciando um razoável equilíbrio 
ecológico e garantindo uma regeneração natural adequada, além de manter 
mais ou menos inalterada a composição florística e a estrutura original 
da floresta. Este sistema caracteriza-se ainda por possibilitar corte seletivo 
com ou sem aplicação de melhoramentos ao povoamento residual. 
O objetivo é a obtenção de uma floresta alta, multiânea manejada, composta 
predominantemente por espécies comerciais. São exemplos típicos deste 
sistema o método filipino de corte seletivo e o método indonésio de corte 
seletivo. Embora o sistema policíclico esteja mais próximo do processo 
natural, ele tem como principal desvantagem os danos que ciclicamente vão 
se repetir na floresta residual. 
Apresenta-se a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo 
florestal sustentado no Continente Asiático. 
Os países do Sudeste Asiático são responsáveis por 80% do 
mercado de produtos provenientes de florestas tropicais. Nas Tabelas 2.2 e 
2.3 são apresentadas a nível informativo a distribuição de área e taxas de 
desmatamento dos países do Sudeste Asiático e Brasil, e a produção de 
toras e madeira serrada no Sudeste Asiático. 
Pode-se observar na Tabela 2.2 que Malásia e Indonésia são os 
países asiáticos onde a taxa de desmatamento anual é maior. Este fato 
ocorre principalmente pelo interesse em plantio de seringueira, óleo de 
palma e agricultura. Em países como o Camboja, Laos e Vietnã há 
substituição da floresta pela cultura do arroz. 
Da Tabela 2.3 observa-se que Indonésia e Malásia juntas são 
responsáveis por 88% da produção de toras para serraria e laminação. Vale 
no entanto ressaltar que na maioria dos países asiáticos, 75% da madeira em 
média são consumidos como lenha e carvão, chegando a 92% e 91% na 
Tailândia e Laos, respectivamente. 
Diogo Guido
Realce
Diogo Guido
Realce
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.2. Distribuição de área e taxas de desmatamento dos países do Sudeste Asiático 
e Brasil (excluindo-se Brunei e Singapura) 
Pais Área 
Total 
(1.000 ha.) 
Área 
Florestal 
(1.000 ha.) 
% da 
Área 
Florestada 
Taxa de 
Desmatamento 
Anual 
(1.000 ha.) 
Taxa Anual de 
Desmatamento 
(% da Área 
do País) 
Mianmá 65.655 32.399 47,9 105 0,3 (85-89) 
Indonésia 181.157 113.433 62,6 1.100 0,6 (83-89) 
Camboja 16.152 13.372 82,8 -
Laos 23.080 12.700 55,0 129 1,0 (80-90) 
Vietnã 32.549 9.850 30,3 300 3,0 (80-90) 
Malásia 32.855 19.330 58,8 396 1,9 (80-90) 
Tailândia 51.089 14.100 27,6 385 2,3 (90-91) 
Filipinas 29.817 10.350 34,7 316 3,1 (80-89) 
Total 432.235 225.534 52,17 2.731 1.2 
Brasil ^ 845.651 493.030 58,3 - -
Amazônia 
Brasileira 
337.000 306.00 91,0 1.700** 0,5 (78-88) 
(*) Não existem dados disponíveis " 
{ " ) Os dados divergem bastante. 1.400 (FAO 1985); 3.000 (INPE 1987); 1.700 (INPE 1988) 
Fonte: FAO (1991) 
Fonte: Silvicultura set/out. 1994. 
8 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.3. Produção de toras e madeira serrada no sudeste asiático (1992) 
País Produção de Toras 
(1.000 m3) 
Produção de Madeira Serrada 
e Dormentes (1.000 m 3) 
1980 1990 Cresc. 
(%) 
1980 1990 Cresc. 
(%) 
Mianmá 2.782 4.150 4,1 200 466 -
Indonésia 28.109 27.464 -0,2 4.815 9.145 6,6 
Camboja - 110 - - 4.3 -
Laos 130 213 5,0 41 16 -9,0 
Vietnã 1.626 3.246 7,2 473 600 2,4 
Malásia 27.928 41.011 3,9 6.235 8.275 3.0 
Tailândia 2.554 492 -15 1.543 1.356 -13 
Filipinas 1.529 841 -5,8 759 488 -4,3 
Total 64.656 77.527 1,8 14.066 20.389 3,7 
Fonte: FAO, 1992 
Fonte: Silvicultura set/out 1994 
i v • Malásia 
A Malásia é dividida em duas partes. A Peninsular, onde vivem 15,3 
milhões de habitantes e onde é implementado um sistema de manejo 
seletivo de alta qualidade, nas florestas tropicais. Na região este sistema 
ampara-se num forte controledo governo, num detalhado sistema de 
inventário, num sistema de exploração menos impactante à floresta residual 
e no monitoramento da floresta remanescente. A segunda parte é a Malásia 
Insular, formada pelos estados de Sarawak e Sabah, onde a exploração 
madeireira é a principal atividade econômica. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Conforme Masson (1983), a Malásia possuiu 459 mil hectares de 
florestas sujeitas ao regime de manejo. Os sistemas aplicados variam de 
local ou de região para região, além das variações temporais. 
A prática silvicultural conhecida como corte de melhoramento era 
aplicada para eliminar, basicamente, a Eugeissona tristis do sub-bosque, de 
modo a beneficiar a Pallaquim guta, fonte de látex. Outras espécies como 
Dryobalanops aromatica eram beneficiadas por esta prática. O mais 
conhecido sistema de manejo florestal na Malásia é o sistema malaio 
uniforme, aplicado em florestas de dipterocarpus, e o seu sucesso 
baseou-se num adequado estoque de mudas das espécies de valor 
econômico; se tal fato não ocorrer, o sistema está fadado ao insucesso. 
Talvez os mais sérios problemas encontrados sejam o excesso de danos 
causados ao povoamento residual, se usados sistemas de corte e colheita 
inapropriados; a economicidade do processo, devido à obtenção de 
colheitas em intervalos de tempo, relativamente longos; além da 
necessidade de grandes extensões de áreas florestais para viabilizá-los. 
Outro sistema utilizado na Malásia é o sistema de manejo seletivo, 
que consiste de um rápido inventário pré-corte para definir o regime de corte 
e a marcação das árvores para exploração, procurando-se determinar os 
tratamentos silviculturais. Se o ciclo de corte for de 25 a 30 anos, o limite 
máximo é de 45 a 50 cm, deixando pelo menos 32 árvores por ha, de boa 
forma, com diâmetro entre 30 e 45 cm, segundo Tang (1987). Conforme 
Abdul Rashid (1983), citado por Silva (1989), em Trengganu, na Malásia 
Peninsular, a produção obtida sob este regime varia de 11,8 a 127,6 m 3 /ha; 
com número de árvores de 6,2 a 46fha e o diâmetro mínimo de corte de 
45 a 65 cm. O incremento em diâmetro das espécies comerciais sujeitas a 
10 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
11 
este sistema está entre 0,8 a 1 cm/ano e o incremento bruto em volume, 
entre 2,0 e 2,5 m3/ano, para as mesmas espécies. 
Deve-se considerar que a base de todos os procedimentos citados 
envolve a regeneração natural e que, segundo VUi (1985), o questionamento 
hoje na Malásia refere-se à viabilidade econômica das florestas manejadas. 
No entanto, um ambicioso programa para agregar cada vez mais valor ao 
produto orientado da floresta vem sendo fortemente apoiado pelo governo, 
no sentido cfe tornar este país um referencial no aproveitamento dos 
produtos oriundos da floresta. 
A seguir considera-se especificamente sobre o manejo realizados 
em Sarawak e Sabah. 
a) Sarawak 
Para florestas de dipterocarpus, Hutchinson (1981) sugere a adoção 
de desbastes de liberação. No entanto, Lee (1982) considera que é 
precipitado concluir ser este método apropriado em Sarawak, haja visto a 
falta de definição de estoque, taxas de crescimento, além de haver muitas 
suposições nas conclusões obtidas de que este método é apropriado para a 
região em questão. 
Esses tratamentos de desbaste de liberação têm sido considerados 
por Jonkers (1988) como superiores ao sistema malaio uniforme modificado, 
sugerido por Lee e Lai(1977), haja visto os menores custos envolvidos. O 
mesmo autor considera ainda que o sistema malaio uniforme muda 
radicalmente a estrutura da floresta, sendo portanto ecologicamente 
indesejável, além de propiciar um maior aparecimento de espécies pioneiras 
PJ^-A/FAEPE - Manejo Florestal 
e do cipós. Assim, parece necessário que mais observações sejam 
implementadas para haver uma comparação mais efetiva dos dois 
proctuiimentos. No entanto, a adoção do desbaste de liberação é prática 
correnie no serviço florestal de Sarawak. 
b) Sabah 
Conforme Higuchi (1987), a partir de 1975 o sistema malaio uniforme 
foi akmdonado. Em seu lugar passou a ser utilizado o sistema de CAP 
míninM, que compreende o corte de cipós, efetuado dois anos antes da 
operarão de abate, com o objetivo de reduzir os danos desta operação; 
uma operação combinada do inventário de regeneração natural, pelo 
método de amostragem linear, com envenenamento para eliminar a 
competição; e uma operação que envolve o inventário da regeneração 
natural <? u m tratamento de liberação. 
• Indonésia 
•\ exploração das florestas neste país vem migrando de região 
para região em virtude do programa de ocupação das áreas do país. Assim 
na decaia de 60, 89% da madeira era proveniente de Java, Sumatra e 
Madeira Na década de 70, 65% da madeira explorada vinha de r^alimantã e 
hoje esí* produção vem de Irian Jaya. Vale ressaltar que embora seja 
membro < j a OPEP, 83% da madeira colhida na Indonésia é utilizada para 
carvão # lenha. Este país apresenta em contraposição a este fato um 
ambicio;so programa de reftorestamento, com praticamente 9 milhões de ha 
já implantados sendo 1/4 deste total destinado a produção. Dentre as 
espécies j e maior destaque no programa de reflorestamento pode-se citar a 
12 
Manejo de Florestas .Vztivas 
Re\'isão sobre Manejo Fk-^estal 
13 
Tectona grandis (+ W0.000 ha), Dalbergia latifolia, Acácia mangium, 
Swetenia macrophyln, £ urophyla e E deglupta. 
, O sistema de manejo adotado nas florestas tropicais é o seletivo, 
considerando um diâmetro mínimo de 50 cm para exploração das árvores 
de valor comercial, devendo ser deixado pelo menos 25 delas com mais de 
35 cm de diâmetro por hectare. O incremento em diâmetro das 25 
árvores/ha da floresta residual é considerado de 1 cm/ano; assim, ao fir.al de 
um ciclo de 35 anos el;is podem apresentar, em média, 70 cm de diâmetro. 
Deve-se considerar que esta realidade é restrita à floresta com grande 
número de árvores dc espécies de valor comercial. 
• Filipinas 
Dois são os sistemas predominantes neste país. O sistema de ^orte 
seletivo, estabelecendo que 70% do número de árvores das classes de 15 a 
65 cm devem ser deixadas na floresta residual, assim como 40% das ár.ores 
na classe de 70 cm; nas classes acima de 75 cm todas as árvores são 
removidas. O ciclo de corte esperado varia de 30 a 40 anos, dependenco da 
taxa de crescimento, o maior questionamento ao método é que não há 
assistência silvicultural posterior à exploração. 
O segundo sistema silvicultural, segundo Reyes (1978-a::. é 
o método muda-árvore, com plantio suplementar quando neces-sário. 
É necessário que sejam deixadas no povoamento residual de 16 s 20 
árvores/ha para suprir a regeneração natural. Enquanto o primeiro sistema é 
aplicado à floresta de dipterocarpus, o segundo é aplicado para pinus e 
floresta de mangrove. 
ÜFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
14 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
15 
silviculturais que propiciem rotações economicamente viáveis em menor 
tempo e ecologicamente aceitáveis, não poderiam ser exercitadas. 
• Nigéria 
Conforme Baur (1964) as práticas de manejo intensivo neste país 
datam de 1944, com a introdução do sistema tropical de cobertura, que 
visava a produção de povoamentos mais ou menos uniformes. Esta prática 
caracterizava-se por compreender uma série de tratamentos antes e após a 
exploração, com o intuito de induzir a regeneração das espécies de valor 
comercial. 
De acordo com Lowe (1984), durante a década de 50, 200.000 
hectares de floresta foram manejadas nas regiões oeste e centro-oeste da 
Nigéria. Os povoamentos tinham em média 200 m 3/ha, sendo removidas 
5 árvores em média/ha, com um diâmetro mínimo, que para algumasespécies chegava a 80 cm, produzindo em média 20 m 3/ha. 
Este método foi questionado a partir da década de 60, devido, 
dentre outras razões, ao alto custo envolvido nas atividades antes e após as 
explorações, como a limpeza de cipós, por exemplo. A partir de então houve 
um fortalecimento da atividade de reflorestamento e principalmente da 
atividade agroflorestal. No entanto, o abandono do sistema pode ser 
creditado também a outros fatores como a independência política da 
Nigéria, o que propiciou uma redistribuição dos técnicos, até então 
concentrados na região oeste e centro-oeste, para o restante do país. Este 
fato acabou interferindo na capacidade do serviço florestal. Também a 
pressão pelo uso da terra, além de aumentar a taxa de exploração, 
• índia 
É neste país que se encontra a maior parte das florestas tropicais 
manejadas. O sistema de corte seletivo é aplicado em picea e abies e o 
sistema de cobertura em folhosas, cedros e pinus. 
A produtividade média estimada destas florestas é de 1,0 m3/ha/ano 
para folhosas e 2,9 m3/ha/ano para coníferas. 
2.2. MANEJO FLORESTAL NA ÁFRICA 
É apresentado a seguir um breve histórico dos trabalhos de manejo 
florestal sustentado nos países africanos. 
• Uganda 
Os problemas políticos afetaram, neste país, dentre outras coisas, o 
programa de manejo de florestas nativas, que de certa forma vem sendo 
reabilitado nos últimos anos. Pode-se considerar que até 1952 a prática de 
manejo baseava-se simplesmente no enriquecimento ou em plantios 
intensivos definidos como compensatórios; a partir de então, o sistema 
policíclico começou a ser utilizado no país. No entanto, Dawkins (1958), 
citado por Silva (1989), enfatiza que o sistema policíclico deveria ser 
substituído pelo sistema monocíclico e enumera uma série de razões, a 
saber, os danos causados no corte podem alterar o ciclo, assim como o 
prognóstico da produção; não existe evidência de que plantas jovens 
suprimidas de qualquer espécie respondam à liberação; devido à baixa 
produção obtida em um sistema policíclico (0,5 m3/ha/ano), ciclos de corte 
menores podem levar a colheitas antieconômicas. Assim, a base do sistema 
policíclico, que é aumentar a produtividade da floresta através de práticas 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
16 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
'Classe I e Classe II: árvores selecionadas para aproveitamento futuro 
17 
incrementou o uso de práticas artificiais, principalmente do sistema 
"taungya". 
A principal crítica ao sistema de cobertura, no entanto, está 
relacionada à dificuldade de sua implementação, de modo que possa 
privilegiar a regeneração natural e a dificuldade de checar onde o trabalho 
tem sido bem feito. 
• Costa do Marfim 
Conforme Catinot (1965), impressionado com os resultados do 
método de cobertura na Nigéria, o serviço florestal da Costa do Marfim 
decidiu, na década de 50, investir na técnica denominada de melhoramento 
dos povoamentos nativos, em detrimento do método de plantio em linha, até 
então utilizado. 
A forma de atuação obedeceu a duas etapas: uma primeira, em que 
foram consideradas as florestas secundárias, e, posteriormente, uma 
segunda fase com a conversão das florestas primárias em florestas de ciclo 
longo. Nestes casos, o que se fez foi um inventário detalhado para se ter a 
possibilidade de estabelecer tabelas de produção das espécies comerciais, 
corte de cipós e eliminação das espécies indesejáveis. Este procedimento, 
corte de limpeza e eliminação foram feitos durante dez anos erfi intervalo de 
três anos. A resposta a estes tratamentos foram desalentadoras durante a 
década de 1960. 
Novas tentativas a partir de 1976 voltaram a trazer alento aos 
manejadores florestais na Costa do Marfim, através de estudos de dinâmica 
da população, após as intervenções silviculturais. Os resultados obtidos 
indicaram um aumento de 50 a 100% no desenvolvimento em diâmetro, 
principalmente nas plantas de médio porte de interesse comercial, após 
realização de desbaste nas plantas de interesse não-comercial. A prática de 
desbaste implementado tem como objetivo privilegiar as espécies 
comerciais em relação às espécies não-comerciais, já que cortes não 
seguidos de tratamentos silviculturais têm pouco impacto no crescimento 
das espécies comerciais. 
• Gana 
Este pais possui, conforme a FAO (1989), 16.788 km 2 de área 
florestal permanente com floresta úmida e 6.810 km 2 de cobertura com 
savanas. 
O sistema de seleção empregado em Gana consiste no 
mapeamento contendo as espécies comerciais com mais de 2,1 m de 
circunferência. O povoamento é subdividido em compartimentos de 128 ha 
cada e a interferência é feita somente em povoamentos onde existam pelo 
menos 9 árvores não-maduras de espécies comerciais, por hectare. São 
feitas limpezas para liberar as espécies definidas como de interesse 
econômico, que tenham circunferência entre 0,3 e 1,5 m (10 a 48 cm de 
DAP), da competição dos cipós e das árvores menos valiosas. Também são 
feitas limpezas pesadas para privilegiar as espécies da classe I*, em um raio 
de 4 metros em tomo destas, além de cortadas e/ou envenenadas todas as 
árvores que sombream as da classe I. Para ajudar as árvores da classe II* 
são feitas limpezas menos pesadas que as anteriores. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
18 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
19 
Estas limpezas são posteriores ao corte e mais tarde, associadas 
com o mapa que contém as espécies comerciais, são denominadas de 
atividades combinadas. Tal procedimento foi implementado em 312 k m 2 por 
ano, no período compreendido entre 1958 e 1971, até que surgiram dúvidas 
à sua eficácia. O ciclo de corte era de 25 anos. A partir desta data 
substituiu-se o método original por cortes de recuperação em que o CAP foi 
de 3,36 m e o ciclo de corte foi reduzido para 15 anos. Ainda não há 
resposta a estas mudanças no sistema de intervenção efetuado em Gana. 
2.3. MANEJO FLORESTAL NA AMÉRICA 
A seguir apresenta-se um breve histórico de manejo florestal na 
América. 
• Suriname 
Proveniente de esforço conjunto entre a Universidade de Agricultura 
de Wageningen - Holanda - e a "Anton de Kom University of Suriname", o 
Suriname tem desenvolvido um sistema de produção de madeira em base 
sustentável, conforme Boxman et al (1985). Este sistema compreendeu dois 
aspectos independentes: um deles foi o denominado Sistema de Exploração 
CELOS, que teve como base melhorar e desenvolver técnicas para reduzir 
os danos à floresta residual e os custos da exploração. O segundo aspecto 
foi o Sistema Silvicultural CELOS, que procurou aumentar a produção das 
espécies comerciais dentro do povoamento, de modo a ter um ciclo de corte 
de 20 a 25 anos. Os resultados das pesquisas indicaram que este último é 
factível econômica e ecologicamente. 
O Suriname tem 16.382.000 hectares, com 90% de sua área coberta 
pela floresta tropical. Desde 1950, tentativas de desenvolvimento das 
florestas do Suriname tem sido testadas, incluindo regeneração artificial, 
inclusive com o plantio de 9.000 hectares de Pinus caribaea sob a floresta 
tropical úmida. Com o insucesso desta prática foi então desenvolvido, pelas 
duas universidades já mencionadas, um sistema policíclico para produção 
sustentada em florestas tropicais. Conforme Boxman et al (1985), De Graaf 
(1986) e De Graaf e Poels (1990), os sistemas desenvolvidos podem ser 
caracterizados como: 
- Sistema de Exploração CELOS (CHS): a diferença deste sistema para os 
demais está na meticulosa organização do trabalho, no uso de técnicas 
especiais de exploração e na ênfase no inventário como essencial ao 
plano. Foi constatado que considerável redução dos danos pode ser 
obtida a partirdesse sistema que tem como características básicas: 
inventário, que propicia reconhecimento do terreno e enumeração das 
espécies comerciais um ano antes do corte; planejamento, que inclui a 
demarcação das unidades de corte e a delimitação dos tratamentos 
silviculturais; determinação do corte, propiciando selecionar as árvores a 
serem cortadas de acordo com as necessidades de colheita, além das 
considerações silviculturais e ecológicas; preparação para o corte, que 
consiste na abertura de estradas e trilhas na floresta para serem usadas 
nos sucessivos ciclos, controlando os possíveis danos; organização do 
corte com definição de seu direcionamento além da sistematização do 
mesmo; uso de guincho, para reduzir movimentação de tratores para 
remoção das toras, com cabos que permitam a máquina arrastar a tora; 
uso de tratores de roda em grandes distâncias nas trilhas já abertas, 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
20 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.4. Distribuição do Volume (m3/ha) de todas as espécies e de um grupo de 
30 espécies comerciais em 16 parcelas de 1 ha antes e após o tratamento 
silvicultural 
Classe de Diâmetro 
5-15 15-30 30-45 45-60 60-75 75-90 90-105 Total 
Todas espécies em 
1975 17 59 69 60 63 31 9 308 
Todas espécies em 
1979 15 44 31 15 6 1 1 113 
Espécies comerciais 
em 1976 0 4,1 9,1 6,1 2 0.4 0,5 22,2 
Espécies comerciais 
em 1982 0 4,5 15 10,4 3,1 1.1 0 32,1 
Um terceiro refinamento ainda é implementado com o objetivo 
principal de remover cipós para preparar o novo corte em torno dos 20-25 
anos, reduzindo assim os danos da exploração e eliminando pequenas 
árvores de espécies indesejáveis que poderiam sufocar as pequenas plantas 
de interesse comercial. Este refinamento é implementado poucos anos antes 
do corte. 
• Peru 
As informações básicas sobre a situação florestal no Peru estão em 
conformidade com a FAO (1981). Dos 126 milhões de hectares que, 
aproximadamente, compõem o território peruano, 28 milhões são ocupados 
21 
para propiciar menos danos ao solo; registro das toras e árvores 
cortadas para se ter um cadastro dos dados; rotação de trabalhadores 
para promover maior responsabilidade por ocasião da operação de 
corte. 
- Já o Sistema Silvicultural CELOS (CSS) é implementado após a 
exploração, visando aumentar o desenvolvimento das espécies 
remanescentes de interesse comercial. O primeiro refinamento é feito 
para que haja um aumento da representação das espécies comerciais 
em relação às não-comerciais e é implementado um a dois anos após o 
corte. Recentemente não é mais feito em toda a área, mas somente num 
raio de 10 metros daquela planta que se quer liberar da concorrência, 
eliminando-se as não-comerciais com mais de 20 cm de diâmetro e os 
cipós. Esta vegetação cortada vai incorporar mais rapidamente 
nutrientes ao solo e, normalmente, há um acréscimo em diâmetro de 4 
para 10 mm e um aumento da taxa de mortalidade de 1,5 para 2% ao 
ano a partir da aplicação do método. Neste refinamento ocorre redução 
da área basal de 31 para 16 m 2/ha, podendo chegar a 12 m 2/ha. 
Aproximadamente 8 a 10 anos após o primeiro refinamento é feito um 
segundo, já que a taxa de crescimento começa a declinar. Este 
refinamento é similar ao primeiro, só que elimirjando plantas 
não-comerciais acima de 10 cm de diâmetro. Após este refinamento as 
comerciais predominam, conforme pode-se ver na Tabela 2.4. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
22 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
23 
por floresta nativa e foram declarados pelo governo como reservas florestais 
para produção sustentada de madeira. 
O sistema de utilização destas florestas é por meio de contratos que 
são assinados com o Estado por um período que pode variar de dois a 
dez anos, sujeito à renovação e em áreas não superiores a 100.000 hectares. 
A segunda alternativa consiste na permissão dada pelo Estado para 
exploração de área florestal, para agricultura, florestas comunitárias e 
plantações. A duração da permissão varia de acordo com o volume cortado 
e com a área. 
Com relação ao sistema de exploração da floresta, pode-se salientar 
que o mesmo caracteriza-se pelo extrativismo, com a colheita de 1 a 2 
m3/ha/ano, principalmente de Cedrela odorata, Aniba sp e Calophyllum 
brasiliensis. 
Quanto à pesquisa e manejo florestal, Silva (1989) cita que um 
sistema foi estabelecido, com base nas características da floresta tropical 
úmida, para regeneração em aberturas criadas sob a floresta. As faixas de 
exploração estão distantes de 30 a 40 m, com comprimento e largura 
variável, dependendo da topografia e logística. Novas faixas de exploração 
espaçadas de 100 m estão sendo testadas. 
O ciclo de corte previsto em bases sustentáveis é de 30 a 35 anos. 
A extração de madeira é feita com animais (bois e búfalos) e o sistema leva a 
menores custos e impactos na floresta residual. No entanto, só é factível de 
acordo com o porte das árvores e as dimensões reduzidas da área sujeita à 
exploração. 
• Trinidade 
Segundo Palmer (1987), citado por Silva (1989), o sistema 
silvicultural desenvolvido na "Arena Forest Reserve" em Trinidade, chamado 
de Sistema Arena de Cobertura, é considerado um exemplo de sucesso de 
manejo silvicultural de floresta tropical úmida. 
Foi desenvolvido em área utilizada em 1890 para agricultura e 
abandonada íposteriormente por causa da não-possibilidade de sustentação 
desta prática, já que estava assentada em solo de baixa produtividade. 
Subseqüentemente, esta área, após ser abandonada, teve sua regeneração 
natural explorada, o que propiciou um novo e menor crescimento 
interlaçado com cipós e capim navalha. Os trabalhos silviculturais foram 
iniciados em1927, consistindo de limpezas e plantio de espécies comerciais. 
Após uma série de plantios e outras operações verificou-se que a 
regeneração natural foi mais abundante do que esperado e o plantio foi 
suprimido em 1945. 
Os tratamentos silviculturais foram sistematizados a partir de 1952, 
com operações de corte de cipós e desbastes, cuja madeira era carreada 
para produção de carvão. Com a utilização do petróleo a partir da metade 
da década de 50, o programa começou a sofrer alguns problemas 
operacionais, já que o produto advindo do desbaste não mais tinha um 
mercado definido. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
• Colômbia 
Delgado e Valejo (1977) apresentaram um histórico das florestas na 
Colômbia entre 1900 e 1968, em que mostram a predominância de quatro 
aspectos: 
- a exploração seletiva de espécies comerciais; 
- a escassa participação das comunidades locais nos benefícios auferidos 
pela atividade florestal; 
- a falta de um efetivo controle do Estado na exploração das florestas, 
assim como no controle da regeneração e; 
- a falta de interesse na conservação da floresta. 
Em que pese a criação do Instituto Nacional do Desenvolvimento 
Florestal - Indereno, em 1968, é urgente o estabelecimento de uma 
estratégia que permita mudanças no modelo de utilização presente dos 
recursos florestais. 
Estima-se que existam 5,3 milhões de hectares de florestas tropicais 
úmidas, as quais podem propiciar 138,4 milhões de m 3 de madeira de 
interesse comercial para a indústria, com base no modelo atual. No entanto, 
este volume pode chegar a 428 milhões de m 3 , se mudanças no sistema de 
exploração forem implementadas e se espécies menos conhecidas forem 
também utilizadas. 
Com relação à atividade de pesquisa em regeneração natural, 
atenção especial tem sido dada à floresta "cativai" a qual apresenta 
24 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
25 
alta capacidade para regeneração natural e alta produtividade debiomassa. É menos heterogênea e apresenta como espécies dominante a 
Prioria copaifera (cativo), as quais necessitam de 55 a 60 anos para 
atingirem a dimensão de 60 cm de diâmetro. 
• Venezuela 
Neste país a área florestal reservada para produção é de 12,8 
milhões de hectares ou 14,8% da área do país (Silva, 1989). 
Três são os modelos de utilização da floresta: permissões anuais é o 
predominante, caracteriza-se por ser aplicado em áreas de até 5.000 
hectares e para um pequeno volume de madeira, não existindo obrigações 
após a exploração. Normalmente são aplicados àquelas terras que são 
desmatadas para serem utilizadas para agricultura. O segundo modelo é 
pouco usado hoje em dia e denomina-se "leilões". Neste caso a área florestal 
contém um número de espécies comerciais e são vendidas pela melhor 
oferta. A administração e manejo estão sob tutela do Estado. O terceiro 
modelo são as florestas de concessão, cujos contratos estabelecem-se por 
longo tempo (acima de cinqüenta anos) entre o governo e companhias que 
têm condições de implementar manejo destas florestas. Neste caso, os 
planos de manejo podem ser elaborados por engenheiros florestais e 
supervisionados por engenheiros florestais da administração pública. De 
acordo com uma pesquisa de opiniões, este modelo é o mais promissor 
com respeito ao manejo, conservação e avaliação dos recursos florestais, 
gerando também benefícios sócio-econômicos para a população local. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
26 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
27 
• México Tropical, América Central e Ilhas do Caribe 
Aproximadamente 24% do México, América Central e Ilhas do 
Caribe estão cobertos por florestas, conforme Wadsworth (1993). Deste 
total, menos de 1/3 permanece inalterado. Aproximadamente 11% das 
florestas são fontes potenciais de madeira comercial. No entanto, apenas 2% 
são manejados objetivando sustentar uma produção de madeira comercial. 
A cada ano a área das florestas inalteradas é reduzida em 2,2%. 
Wadsworth (1993) considera que qualquer proposta de manejo deve 
respeitar a diferença que existe entre duas modalidades de floresta. 
A floresta primária, que segundo a FAO (1981) são aquelas que não têm sido 
objeto de exploração significativa nos últimos 80 anos. A outra modalidade é 
constituída por aquelas que têm sido objeto de corte parcial ou que tenham 
surgido naturalmente após um desmatamento, sendo denominadas de 
florestas secundárias. Com relação a esta última, elas podem ser muito 
diferentes inicialmente, mas ao longo do tempo sua progressão natural 
tenderá a reduzir diferenças em relação à floresta primária, até que os 
tratamentos silviculturais sejam os mesmos. 
De acordo com o mesmo autor, as florestas primárias requerem 
somente um manejo que salvaguarde sua conservação. O uso deve 
limitar-se a investigação não-intervencionista, a visitas educativas, ao 
ecoturismo, dentre outras. Já a produção de madeira comercial, a partir das 
florestas tropicais, tem sido frustrada porque poucas espécies são 
comercialmente aproveitáveis; a maioria destas têm sido removidas até dos 
bosques secundários. Rendimentos de 1-3 m3/ha/ano (Baur, 1964) têm 
levado à conclusão de que a madeira tropical, produzida de maneira 
econômica, virá somente de plantações (Wadsworth, 1965). 
Com relação às florestas secundárias, a experiência tem mostrado 
que elas em geral têm excesso de árvores, o que impede o crescimento 
rápido de árvores individuais, conforme Wadsworth (1947), citado por 
Wadsworth (1993). Em uma floresta secundária avançada em Porto Rico, 
82% das árvores encontravam-se na posição do dossel intermediário e 
suprimido. Estas árvores do futuro cresciam a um quinto da velocidade das 
árvores dominantes. 
Hutchinson (1993), citado por Wadsworth (1993), tem mostrado que 
a redução no total de árvores pode aumentar o crescimento das restantes. 
Aquelas de espécies de madeira comercial na Costa Rica, quando recebiam 
uma maior iluminação, em conseqüência da remoção das árvores 
não-comerciais, duplicavam seu crescimento em área seccional após 17 
meses do tratamento, o que perdurou nos 52 meses subsequentes. 
Em Porto Rico, a experiência tem demonstrado que as espécies 
arbóreas de florestas secundárias variam grandemente em termos do seu 
potencial comercial. Utilizando-se de duzentas e duas parcelas de 1 hectare 
cada, pôde-se constatar que 15% da área basal utilizável do povoamento era 
de espécies exploradas para construção de móveis, 32% consistia de 
espécies apropriadas somente para serraria e 35% da área basal era de 
espécies aproveitáveis somente para lenha. As diferenças de valores entre 
madeira para diferentes usos pode atingir cinqüenta vezes, o que sem 
dúvida vai estimular práticas de manejo mais seletivas. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
28 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
Uma técnica que pode viabilizar o decréscimo da taxa de 
desmatamento é a prática de manejo florestal sustentado. Embora no Brasil 
as experiências sejam incipientes, pode-se destacar, entre outros, os 
trabalhos realizados por Cruz (1991), Thibau et al. (1982), Jesus, Menandro e 
Thibau (1984a,b), Jesus. Souza e Garcia (1992), Jesus e Menandro (1984, 
1984), Higuchi e Vieira (1990). Souza (1989), Lamprecht (1990), Silva (1989, 
1990,1991,1993); Veríssimo etal. (1992), Barreto, Uhl e Yared (1993), Uhl et 
al. (1990), Almeida e Uhl (1993), Uhl et al. (1992), Yared e Souza (1993), 
Souza et al. (1993), Vale et al. (1994), Scolforo, Mello e Lima (1994), Tabai 
(1994), Volpato (1994) e Scolforo (1995), Scolforo et al. (1996). Nestas 
experiências, têm predominado os estudos da regeneração da floresta 
residual após intervenção; dos diferentes níveis de intervenção; dos danos 
causados à população residual no momento da exploração e transporte, 
dentre outros. 
29 
Também de acordo com Wadsworth (1993), a experiência tem 
demonstrado que a eliminação de árvores com menor potencial pode 
melhorar significativamente a qualidade do povoamento residual. Um 
tratamento aplicado a 3.000 ha de floresta secundária em Porto Rico 
aumentou em 43% a proporção de área basal correspondente às espécies 
comerciais desejadas do povoamento. Esta eliminação, para ser eficiente, 
deve concentrar-se não na eliminação de árvores menos promissoras, mas 
sim na liberação das mais promissoras. As principais competidoras, das 
espécies comerciais promissoras, são as que ultrapassam o comprimento 
lateral de suas copas. Além destas, aquelas situadas nos estratos 
intermediário e inferior, independente de seu DAP e proximidade, pelo 
menos em florestas úmidas são competidoras em potencial. 
2.4. MANEJO FLORESTAL NO BRASIL 
Antes de analisar as experiências de manejo florestal no Brasil, 
apresentam-se a seguir a distribuição e a área original das florestas tropicais 
na Amazônia Legal Brasileira. 
Entre os tipos florestais apresentados na Figura 2.2, o de maior 
significado é a Floresta Ombrófila Densa, seguido da Floresta Ombrófila 
Aberta. í 
Com relação a Tabela 2.5, pode-se verificar que 87% da área total da 
Amazônia Brasileira era tomada por florestas. Já a Tabela 2.6 mostra que em 
Roraima, Amazonas e Amapá, praticamente não ocorreram desmatamentos 
em escala significativa, enquanto que Estados como o Maranhão já 
desmataram 70% da sua cobertura florestal existente originalmente. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
FIGURA 2.2. Distribuição das Florestas Tropicais na Amazônia Legal Brasileira 
30 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.5. Área Florestal Original da Amazônia Legal Brasileira 
ÁREA TOTAL (1) ÁREA FLORESTAL ORIGINAL (2) 
ESTADO 
(Milhão ha) (Milhão ha) % em Relação ao Total 
Maranhão26,0 15.5 60 
Tocantis 26,9 5,8 21 
Rondônia 23,8 22.4 94 
Mato Grosso 80,2 58.5 73 
Pará 124,6 121.8 98 
Acre 15,4 15,4 100 
Roraima 22,5 18,8 83 
Amazonas 156,7 156,1 100 
Amapá 14,2 13.2 93 
TOTAL 490,3 427,5 87 
(1) Área constante da Amazônia Legal 
(2) Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991. 
TABELA 2.6. Área Desmatada e Área Remanescente da Amazônia Legal Brasileira 
Estados 
Área Área Desmatada Área Remanescente 
Estados Florestal 
Original 
Milhão ha Milhão ha (%) Milhão ha (%) 
Maranhão 15,5 10,9 70 4,6 30 
Tocantis 5,8 2,3 40 3,5 60 
Rondônia 22,4 3,4 15 19,0 85 
Mato Grosso 58,5 8,4 14 50,3 86 
Pará 121,8 14,3 12 107,2 88 
Acre 15,4 1,0 6 14,5 94 
Roraima 18,8 0,4 2 18,4 98 
Amazonas 156,1 2.1 1 154,5 99 
Amapá 13,2 0,2 1 13,0 99 
TOTAL 427.5 43,0 10 385,0 90 
Fonte: FEARNSIDE 1991/1990, CIMA 1991 
31 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
32 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\'isão sobre Manejo Florestal 
33 
Além desse trabalho, outras atividades experimentais vêm sendo 
desenvolvidas na área. Uma destas, implementada pela EMBRAPA, está 
situada numa área onde o volume médio de todas as plantas com mais de 
45 cm de diâmetro varia de 150 a 180 m3/ha, podendo chegar a 200 m 3/ha. 
As espécies mais comuns que formam o extrato emergente da floresta são a 
Bertholietia excelsa, Couratari spp, Dinisia excelsa, Hymenaea courbaril, 
Manilkara huberí, Parkia spp, Pithecellobium spp e Tabebuia serratifolia. 
O sub-bosque é em geral aberto, com alta ocorrência da Duguetia 
echinophora, Rinorea fiavescens e R. adianensis. As atividades principais da 
pesquisa foram: 
- 1975: inventário pré-exploratório com 100% de intensidade; ensaio de 
anelagem em 20 espécies com 10 cm < DAP < 50 cm, sendo 
consideradas 20 árv./ha; corte de cipós; primeira amostragem de 
regeneração. 
- 1979: exploração da área com remoção de 16 plantas/ha e volume de 75 
m 3/ha. 
- 1981: parcelas permanentes foram estabelecidas, além da segunda 
amostragem de regeneração. 
- 1982: remedição nas parcelas permanentes instaladas no ano anterior. 
- 1983: remedição nas parcelas permanentes. 
- 1985: terceira amostragem de regeneração, além de nova remedição 
nas parcelas permanentes. 
- 1987: remedição nas parcelas permanentes. 
A seguir apresenta-se um breve histórico das experiências de 
manejo florestal no Brasil. 
2.4.1. Experiências de Manejo Florestal realizadas no Brasil 
• Floresta Nacional de Tapajós 
Foram instalados blocos de 100 ha para que neles a iniciativa 
privada pudesse implementar a prática de manejo sustentado. Dos 1000 ha 
inicialmente estabelecidos 10% foram viabilizados pela empresa CEMEX. 
Dos dados do inventário florestal, estimou-se a ocorrência de 20,6 
árvores por hectare, com DAP superior ou igual a 55 cm. O volume estimado 
para estas árvores foi de 119,7 m 3/ha sendo que 44,2 m 3/ha foram 
considerados aptos para comercialização. Devido à diferenças de método 
de cálculo deste volume, concluiu-se que o volume possível de exploração, 
descontados os defeitos nas toras, foi de 27,7 m 3/ha. 
Os tratamentos previstos inicialmente não puderam ser 
concretizados por problemas orçamentários. No entanto, o monitoramento 
da regeneração natural e do crescimento das espécies florestais está sendo 
implementado, já tendo sido feitas três avaliações em parcelas de 1 ha de 
área cada, cujos dados ainda não estão disponíveis por não ter sido possível 
sua análise. No entanto, através de observações visuais, pode-se constatar 
que treze anos após a intervenção não há clareiras ou qualquer vestígio 
aparente que mostre a degradação da floresta submetida à exploração, o 
que constitui aparentemente um bom desenvolvimento. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
34 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
35 
O objetivo da pesquisa foi verificar o comportamento da produção 
sustentada na Flona de Tapajós a partir da regeneração natural. Como 
resultados verificou-se que o incremento médio anual em diâmetro foi de 
0,5 cm/ano para as espécies comerciais e de 1 cm/ano para as pioneiras; 
houve um aumento na ocorrência de cipós, o que indica a necessidade de 
tratamentos de refinamento; aumento do estoque de regeneração das 
espécies comerciais e das com potencial Muro; após o quarto ano houve 
indicativo da redução do benefício propiciado pela liberação e, ainda, o 
aumento da mortalidade que estabilizou após o décimo ano. 
• Manejo Florestal na Região de Manaus - Projeto BIONTE 
O BIONTE é um projeto iniciado em 1980 (sob os auspícios do 
Convênio CNPQ-INPA/BID/FINEP). Uma nova «ase foi financiada pelo 
Convênio MCT-INPA/ODA, aprovado em junho/92 e com encerramento 
previsto para dezembro/96. 
O projeto está sendo executado na Estação ZF-2 do INPA, 
localizada aproximadamente 90 km ao norte de Manaus, Estado do 
Amazonas, em uma amostra representativa da floresta amazônica densa 
de terra-firme. A primeira colheita florestal, usando diferentes intensidades 
de corte, ocorreu em 1987 e sob a chancela do BIONTE um dos tratamentos 
de 1987 foi repetido em 1993. 
Objetivos Gerais 
Florestal: definir um sistema de colheita seletiva de madeira que seja 
técnica e economicamente viável e que não comprometa o funcionamento 
do ecossistema. 
Ecológico: estudar parâmetros de sustentabilidade do ecossistema 
sob manejo florestal, além de biomassa e volume de madeira, tais como: 
estoque de íiutrientes, ciclagem de nutrientes, classes de perturbação, 
química, física e biologia do solo e hidrologia do sistema. 
O Experimento 
• Pressuposto do BIONTE: a co-existência da exuberante floresta 
amazônica e a baixa fertilidade dos solos, está associada, entre 
outras interações obrigatórias, às estratégias de conservação e 
de ciclagem de nutrientes dentro do próprio sistema. 
• Hipótese Científica: do ponto de vista ecológico, a 
sustentabilidade do manejo florestal é determinada pelo efeito 
das operações de corte seletivo sobre a sucessão vegetal, a 
ciclagem de nutrientes e água e as propriedades físicas, químicas 
e biológicas dos solos. 
• Delineamento Estatístico: split-plot (com e sem tratos 
silviculturais). 
Tratamentos: (i) parcelas exploradas em 1987, 4 ha, 3 repetições; 
(ii) parcelas exploradas em 1993, 4 ha, 3 repetições; (iii) parcelas 
testemunhas, 4 ha, 3 repetições. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
'Altura comercial: Altura até a base da copa ou até as primeiras inserções significativas 
dos galhos 
36 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\>isão sobre Manejo Florestal 
37 
*Pt = exp (0,097595+ 2,069532 In (d) + 0,811727 In (h)) 
onde: 
Pt = peso verde do tronco (ton) R 2 = 0,9843 
EPR= ± 0,9843 In ton 
b) Avaliação do peso de partes de uma árvore 
De forma preliminar para este estudo foram avaliadas 319 árvores 
que geraram um peso seco médio, em valores percentuais, como segue: 
Tronco 61% 
í Galhos grossos 23,40% 
Copa 39% { Galhos finos 13,65% 
l Folhas 1,95% 
c) Avaliação de água nas árvores 
Da massa verde total de uma árvore em pé, aproximadamente 40% 
é de água. 
d) Estimativa da quantidade de carbono na floresta 
* No tronco 48% da massa seca 
* Liteira 39% da massa seca 
* Plântulas 47% da massa seca 
* Mudas 49% da massa seca 
* Galhos finos 47% da massa seca 
Coleta de Dados: as observações são feitas dentro de parcelas 
permanentes de um hectare cada, preservando, no entanto, as 
peculiaridades metodológicas de cada componente de pesquisa. 
O tratamento de corte foi a remoção de 50% da área basal de 
espécies listadas e os sub-tratamentos serão constituídos de tratos 
silviculturais (desbastes, limpezas, corte de cipós, anelamento de espécies 
que competem com as listadas, etc). 
Resultados Alcançados: 
Serão apresentados algunsdos resultados alcançados os quais 
são válidos para as florestas densas sobre latossolo amarelo, ocorrentes em 
terra firme, na região de Manaus. 
a) Ao ser realizado um inventário florestal para fins de manejo, pode-se 
utilizar para a obtenção de estimativas de biomassa florestal total e do 
tronco as seguintes funções: 
* Pto = exp (2,062632 + 2,344377 In (d) + 0,371549 In (h)) 
onde: 
In = logarítimo neperiano R 2 = 0,8608 
Pto = peso verde total da árvore (ton) EPR = ± 0,2912 Inlon 
d = diâmetro a 1,30 m (m) 
h = altura comercial (m)* 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
e) Tratamentos silviculturais após corte 
São recomendados a partir do quarto ano após intervenção na 
floresta. O motivo desta prescrição é devido ao balanço negativo ocorrente 
no volume comercial total, dado as perdas provocadas pela exploração 
serem maiores que o crescimento ocorrentes nas árvores remanescentes na 
floresta. A taxa de recrutamento (novas plantas ingressas na primeira classe 
de medição), nessas condições, supera a taxa de mortalidade. 
f) Crescimento das árvores 
De forma preliminar pode-se considerar que: 
As árvores com maiores dap's tendem a crescer mais do que as de 
menores dap's. 
O incremento periódico anual - IPA, pode alcançar 4-5 m 3/ha/ano, a 
partir do 4 o ano após a intervenção. Desta estimativa, 2/3 são de espécies 
não comerciais e 1/3 de comerciais. 
O incremento médio anual - ICA do diâmetro (dap) das espécies 
comerciais pode alcançar 0,3 a 0,4 cm/ano após a intervenção. 
g) Estudo de custos nas operações com a moto-serra 
O ciclo de trabalho completo (envolvendo todas as operações do 
corte), para as condições em que o estudo foi realizado, foi em média de 
aproximadamente 13 minutos para cada árvore abatida. A produtividade 
38 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
39 
média para o abate e destopamento (seccionamento na ponta fina comercial 
da árvore) foi de 12,74 m3/hora de trabalho. O custo operacional total da 
moto-serra calculado foi de R$ 0,90/m3. 
h) Germinação de sementes 
Foi observado que houve um aumento no número de sementes 
germinadas de 10/m 2 em áreas sem perturbação para 70/m 2 nas áreas de 
maior distúrbio. Em todas as classes de distúrbio, o banco de sementes 
(presentes no solo no momento da exploração) foi o maior responsável pela 
composição da regeneração natural, verificada pela germinação de 
sementes nesta área. Em áreas de maior perturbação este número chegou a 
ser até quatro vezes superior ao promovido pela chuva de sementes. 
• Manejo Florestal sustentado na Floresta de Linhares-ES 
Esta reserva, com aproximadamente 20.000 ha de mata atlântica, 
pertence à Companhia Vale do Rio Doce e, dentre outros, foi instalado, em 
1980, um experimento numa área de 22,5 ha, cujo objetivo principal era 
investigar as respostas do ecossistema florestal (floresta densa de tabuleiro 
sem nenhuma interferência) aos diversos tipos de interferência, além de 
desenvolver metodologia para exploração comercial em bases sustentadas. 
Os tratamentos testados foram: testemunha; redução de 15% da 
área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de 30% 
da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; redução de 
45% da área basal a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; retirada 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
• Experiência da Companhia Vale do Rio Doce na Região Amazônica 
Embora instalados em locais e épocas diferentes, as experiências da 
Companhia Vale do Rio Doce na região Norte do Brasil sempre foram 
estabelecidas dentro da mesma filosofia, incluindo, normalmente, 
tratamentos com os ilustrados a seguir: 
- testemunha; 
- corte raso, à exceção de alguma espécie protegida por lei, 
como a castanha-do-Pará; 
- eliminação de cipós; 
- remoção total ou parcial das árvores com diâmetro acima de 
determinado diâmetro que pode ser 45, 60 ou 80 cm e, por 
vezes, a eliminação de todas as plantas abaixo de determinado 
diâmetro, normalmente 10 cm. 
40 
Manejo de Florestas Nativas 
Re\nsão sobre Manejo Florestal 
Dentre os experimentos de manejo estabelecidos, pode-se citar 
aqueles implantados: 
a) no município de Marabá, no Estado do Pará, instalado em 1984 e 
cuja produção de madeira é mostrada na Tabela 2.7. 
TABELA 2.7. Produção de madeira na floresta de Marabá-PA para diferentes tratamentos 
Tratamentos Madeira Serrada 
m3/ha 
Lenha 
st/ha 
Madeira Inaproveitável 
m3/ha 
. corte raso menos 
castanha do Pará 36 466 155 
. remoção das árvores 
com DAP = > 45 cm 30 245 116 
. remoção das árvores 
com DAP = > 60 cm 27 191 68 
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha 
b) no município de Oriximiná, no Estado do Pará, em floresta 
primitiva do médio Amazonas; neste caso as produções 
decorrentes dos cinco tratamentos instalados na área são 
apresentados na Tabela 2.8. 
41 
dos indivíduos com DAP entre 10 e 80 cm. Em seguida, redução de 15% da 
área basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; 
remoção dos indivíduos com DAP > 80 cm e redução de 20% da área 
basal remanescente, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente; corte 
raso; remoção dos indivíduos com DAP > 50 cm e redução de 25% da área 
basal, a partir dos maiores indivíduos e seletivamente. 
Em todos os tratamentos foi efetuado um inventário nas plantas com 
mais de 5 cm de diâmetro, além de ser efetuada a limpeza de cipós. 
Avaliações quantificando o que foi removido e a floresta residual também 
foram considerados. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
QUADRO 2.8.Produçâo de madeira na floresta de Oriximiná. no Pará 
Tratamentos Madeira Serrada Lenha 
m3/ha st/ha 
corte raso 42 5 1 0 
. remover árvore com DAP = > 45 cm 
deixando 2 como porta sementes 35 257 
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm 
deixando 2 como porta sementes 27 295 
. remover árvore com DAP = > 60 cm e < 20cm 15 268 
Obs.: tratamento 1 foi testemunha 
c) manejo florestal em Buriticupu, no Estado do Maranhão, em 
floresta mesofídica perenifólia do rio Pindaré, situada em 9.400 ha 
de reserva da Companhia Vale do Ro Doce, com produção 
estimada, por hectare, 15 a 20 m 3 para serraria e 250 estéres (st) 
de lenha, a partir dos dados do inventário. Após instalados os 
tratamentos obteve-se as produções mostradas na Tabela 2.9. 
TABELA 2.9. Produção de madeira na floresta de Buritícupu-MA, para diferentes 
. tratamentos 
Tratamentos Madeira Serrada Lenha 
m /ha st/ha 
.corte raso 1 9 ^ 
. remover todas árvores com DAP = > 45cm 15 248 
. remover todas árvore com DAP> 10cm e < 60cm 
deixando apenas elementos de boa forma no 
povoamento residual , ^5 61 
Obs.: o diâmetro considerado para lenha foi < = 35cm e para serraria = > 35cm 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
d) no município de Serra Azul, no Estado do Pará, instalado em mata 
secundária, com idade em torno de 15 anos. A produção de 
madeira é mostrada na Tabela 2.10, para os diferentes 
tratamentos. 
TABELA 2.10. Produção de madeira na floresta de Serra Azul - PA para diferentes 
tratamentos 
f 
Tratamentos Madeira Serrada m3/ha 
Lenha 
st/ha . 
. corte raso 00 180,06 
. corte seletivo na espécie e fenótipo 
independente das classes diamétricas 00 165.62 
. Remoção de plantas com DAP < = 10cm 
deixando no povoamento 100 arv/ha com 
potencial comercial 00 191,08 
Obs.: o tratamento 1 foi a testemunha 
• Manejo Florestal em Paragominas 
Esta região é hoje uma das que mais sofre pressões de 
desmatamento no Estado do Pará, com a existência de 137 serrarias no 
município, que exploram em torno de 33.000 hectares/ano. Com o objetivo 
de fornecer subsídios técnicos aos madeireiros, o Instituto do Homem e 
Meio Ambiente - Imazon vem desenvolvendouma série de estudos sobre 
manejo florestal, em que a preocupação maior é sistematizar as etapas 
envolvidas no manejo florestal, com avaliação de custos de cada etapa. 
43 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
44 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
TABELA 2.11. Produção de três áreas florestais sujeitas a regime de manejo florestal em 
Paragominas - PA 
Características gerais das áreas 
sujeitas a manejo 
Estatísticas pi árvores cortadas 1 
Áreas 
2 3 
Média das 
três 
áreas 
. tamanho da área (ha) 115 37 16 56 
. n" de plantas cortadas/ha 3 7 9 6,4 
. volume cortado m3/ha 18 35 62 38 
. n° de espécies cortadas 57 35 43 45 
. média dos diâmetros(cm) 75 73 73 74 
. desvio padrão dos diâmetros 20 18 20 -
. comprimento da copa (m) 18,4 16,5 20,5 18 
. desvio padrão da copa 5 3,9 4,3 -
. volume médio por áwore (m3) 6,1 5,2 6,4 5,9 
. desvio padrão dos volumes 3,9 3,5 4,7 -
. diâmetro máximo 161 170 150 160 
. diâmetro mínimo 40 39 40 40 
Na Tabela 2.12 são apresentados dados referentes aos danos 
causados pela exploração nas três áreas florestais estudadas. 
45 
Os estudos envolvem três diferentes áreas florestais na região, cujos 
resultados obtidos, após a remoção das espécies florestais, são 
apresentados na Tabela 2.11. 
Após três anos de avaliações, tem-se constatado que o crescimento 
em diâmetro, nas áreas manejadas, é em média de 0,8 cm/ano; e em 
florestas não-manejadas de 0,3 cm/ano. 
Nessa pesquisa, diferentemente daquelas implementadas por outros 
autores, busca-se sintetizar o que é feito pelos madeireiros que atuam na 
região, seguir as recomendações dos pesquisadores de manejo florestal ao 
invés de estabelecer tratamentos que impliquem em diferentes reduções de 
área basal. Definindo assim: 
• Impactos do corte e remoção das árvores no estoque 
remanescente e na regeneração natural; 
• métodos de marcação, assim como orientação na queda das 
árvores, que minimizem os danos à floresta residual; 
• práticas que minimizem os impactos causados pela remoção das 
árvores cortadas na floresta remanescente, através da definição 
de distâncias mínimas de transportes e de usos de cabos que 
propiciem menor movimentação de máquinas na área florestal; 
• época para corte de cipós; 
• avaliação econômica das práticas de manejo; 
• impacto da abertura de clareira na regeneração das espécies 
existentes. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
TABELA 2.12. Danos causados na extração de madeira em três áreas de exploração 
em Paragominas-PA 
Características 
mensuradas 
1 
Áreas 
2 3 
Média 
das três 
áreas 
1. número de árvores colhidas/ha 2.9 6.9 9,3 6,4 
2. danos causados pela exploração: 
. nas árv. com DAP > = lOcm (n/ha) 121 130 193 148 
. na área basal de árv. c/DAP > = 10cm(m2/ha) 5 6,6 7,6 6,4 
. no volume das árv. c/DAP > = 10 cm (m3/ha) 47 63 77 62 
. no espaço de abertura do dossel pela atividade 
de exploração (m2/ha) 2500 4.500 4.400 3.800 
3. índices de danos: 41 
. arv. danificada / arv. extraídas 2,6 19 20 27 
. m danificado / m J extraído 37 1.8 1,2 1,9 
. m de estrada aberta / arv. extraída 
2 
186 38 43 39 
. m estrada e pátio aberto / arv. extraída 
2 _i 
862 219 249 218 
. m de dossel aberto / arv. extraída 652 473 662 
Fonte: Veríssimo et al, 1993 
• Manejo Florestal sustentado em áreas de Várzea Rivular 
Segundo Cruz (1991), embora as florestas de várzea da Amazônia 
tenham menos potencial madeireiro do que as de terra firme, elas são 
responsáveis por boa parte do abastecimento da matéria bruta das 
indústrias da região de Manaus, devido ao baixo custo de transporte e ao 
mercado já tradicional das espécies mais conhecidas. Ainda segundo este 
autor, "a exploração madeireira em florestas de várzea é caracterizada pelo 
empirismo e rudimentarismo dos métodos empregados, pelo reduzido 
compromisso das indústrias madeireiras com o manejo florestal sustentado, 
pela insuficiência ou inexistência de conhecimentos científicos sobre 
46 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
47 
auto-ecologia e silvicultura das espécies e pela própria exploração seletiva, 
que é exigência do mercado de madeiras". 
Essa seletividade de espécies propicia o exaurimento das florestas 
de várzea quando a interferência é mais intensa, caso típico da sumaúma 
(Ceiba pentandra), haja visto a ausência de indivíduos nas classes 
diamétricas inferiores àquelas exploradas (Cruz, 1991). 
Segundo Schubart (1983), citado por Cruz (1991), estas florestas 
inundadas ocupam de 5 a 10% da área da Amazônia. 
• Manejo Florestal na Madeireira Mil 
Esta empresa está situada na região de Itacoatiara no Estado do 
Amazonas e embora seja um empreendimento novo, é um dos que mais se 
aproxima da verdadeira prática do manejo florestal sustentado, 
considerando de forma adequada os cinco componentes básicos do 
manejo, quais sejam: 
1. Conhecimento e acesso ao mercado. 
2. Inventário 100% para planejamento das atividades. 
3. Sistemas silviculturais seletivos baseados em aproveitamento de 
grande número de espécies. 
4. Exploração e transporte florestal. 
5. Monitoramento e correção das práticas do manejo. 
A seguir apresenta-se uma síntese do plano de manejo sustentado 
desenvolvido: 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
a) Base: Sistema Celos 
b) Premissa: corte seletivo de 40 m 3/ha de 47 espécies com previsão 
de expansão para 65. Os compartimentos anuais tem 
aproximadamente 2.000 ha (produtivos), com ciclo de corte 
previsto de 25 anos. Produção de 80.000 m 3 de madeira por ano, 
gerando de 40 a 45 mil m 3 de madeira serrada. 
c) Principais Atividades 
Cronologia Atividades 
4 anos antes corte - Definição das espécies comerciais 
- Inventário amostrai - conglomerado -0 ,1% amostragem 
- Estimativa de áreas produtivas e de preservação através de satélite 
ou fotografia aérea 
3 anos antes corte - Medição topográfica da área 
- Elaboração e aprovação do Plano de Manejo - IBAMA 
2 anos antes corte - Estudo topográfico dos compartimentos e estradas 
- Delimitação dos talhóes (10 ha) (250 m x 400 m) 
- Inventário 100% das espécies comerciais 
- Corte de cipós 
- Implantação das parcelas permanentes 
- Construção de estradas 
1 ano antes corte - Análise final dados inventário 
- Planejamento das atividades de exploração * 
0 - EXPLORAÇÃO E TRANSPORTE DE MADEIRA 
1 ano após corte - Primeira medição das parcelas permanentes após a exploração 
cada 3 a 5 anos - Medição das parcelas permanentes 
- Tratamentos silviculturais 
48 
Manejo de Florestas Nativas 
Revisão sobre Manejo Florestal 
49 
d) Informações gerais sobre o projeto 
O projeto teve início em 1993, e tem como objetivo a 
industrialização de madeira procedente de florestas tropicais manejadas em 
sistema florestal sustentado. 
A área total do projeto é de 80.900 ha, sendo que 64,5% (52.200 ha) 
deste total foi destinado a produção, existem 5.500 ha desmatados e o 
restante é área de preservação. 
O número de espécies aproveitadas é de 47, existindo a perspectiva 
deste ser aumentado para 67. As principais espécies são: 
- Maçaranduba, Louro Gamela, Rosa, Preto, Itauba, Angelim Pedra, 
Vermelho, fójado, Cardeiro, Cupiuba, Piquia, Tauari, Amapá. 
Em termos médio as áreas inventariadas apresentam um volume 
total (diâmetro > 5 cm) igual a 500 m3/ha; volume de espécies comerciais 
(diâmetro > 5 cm) igual a 200 m 3/ha; volume das 47 espécies comerciais 
(diâmetro > 50 cm) igual a 85 m3/ha; e volume programado para ser 
cortado por ocasião da exploração igual a 430 m 3/ha. 
• Manejo sustentado do Cerrado para Uso Múltiplo 
O cerrado brasileiro ocupa uma área de 201,8 milhões de ha. Deste 
total 75,3 milhões foram desmatados,sendo que 20,0 milhões são 
improdutivos, 35,0 milhões estão ocupados com pastagens plantadas, 13,5 
milhões com culturas anuais e 3,3 milhões com culturas perenes (incluindo o 
refiorestamento), dentre outros. Existem ainda 113,2 milhões de ha que são 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
50 
3 
MANEJO DE FLORESTAS NATIVAS 
PONTOS CRÍTICOS NO MANEJO FLORESTAL 
José Roberto S. Scolforo1 
Após o breve histórico das experiências de manejo realizadas no 
mundo e em particular no Brasil, pode-se agora considerar que os 
problemas técnicos e econômicos do manejo florestal são decorrentes da: 
a) falta de informações consistentes do crescimento das espécies 
sob regime de manejo; 
b) falta de eficiência do processo tecnológico no beneficiamento da 
madeira; 
c) economicidade do manejo florestal sustentado; 
d) suscetibilidade das espécies florestais à exploração florestal; 
e) relação entre a ocupação da Amazônia Oriental e o manejo 
florestal sustentado; 
f) exploração e transporte: fatores determinantes para o manejo 
florestal; análise dos danos. 
1 Professor do Departamento de Ciências Florestais - UFLA 
51 
utilizados, predominantemente, como pastagens nativas (83,5 milhões de 
ha), vegetação nativa manejada (16,5 milhões de ha) e 10,4 milhões de ha 
com reservas indígenas. Por último. 13,2 milhões de ha são considerados 
paisagens naturais preservadas. Estes fatos, juntamente, com a importância 
do setor florestal para o Estado de Minas Gerais, levaram um grupo de 
profissionais da UFLA a definirem em 1994 pela adoção do manejo da 
vegetação do cerrado como urna das linhas básicas do curso de Mestrado 
em Engenharia Florestal desta Instituição. 
O projeto tem como objetivo central gerar conhecimentos 
multidisciplinares sobre o ecossistema cerrado visando propor planos de 
manejo sustentado para uso múltiplo de seus recursos naturais como, 
madeira, cortiça, produtos medicinais, frutos, mel, fauna, dentre outros. 
Serão estudadas, ainda, as relações da vegetação do cerrado com a cultura 
de Eucalyptus spp culturas agrícolas e pastagens. 
O projeto é coordenado pelo Departamento de Ciências Florestais -
UFLA contando com o suporte financeiro do Programa de Apoio ao 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico/Conselho Nacional de Pesquisas/ 
Ciências Ambientais - PADCT/CNPqOAMB e está sendo desenvolvido em 
cinco propriedades existentes nas regiões norte e noroeste de Minas Gerais, 
abrangendo tipologias de cerrado "senso stricto". De forma dispersa, nestas 
regiões, são realizados os estudos sobre propagação e melhoramento 
genético de espécies do cerrado e também os estudos de sócio-economia. 
O projeto Manejo Sustentado do Cerrado conta com parceria da 
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Mannesmann Florestal e 
Instituto Estadual de Florestas - EEF. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
52 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
53 
A seguir será feita uma abordagem detalhada de cada um dos itens 
anteriores, para demonstrar como eles são limitantes para a implementação 
do manejo florestal. 
3.1. CRESCIMENTO DAS ESPÉCIES SOB REGIME 
DE MANEJO 
Neste caso, o maior interesse é definir como o manejo florestal 
interfere ou pode afetar a produção de madeira. 
A maior ou menor intensidade da regeneração natural depende das 
condições de sítio (fatores edáficos, climáticos e fisiográficos), da 
composição florística da floresta existente, do nível de interferência 
implementado na floresta e do sistema de exploração e transporte utilizado. 
Estes fatores definirão uma maior ou menor intensidade luminosa e 
aumentarão o risco de queimadas (ocorre uma diminuição da umidade 
relativa nas áreas que sofreram intervenção), os quais, isoladamente ou em 
conjunto, influenciarão na regeneração natural e no crescimento das 
árvores. 
Em que pese os vários ensaios definidos para a região Amazônica, 
visando o desenvolvimento sustentado, pode-se considerar que as 
informações de crescimento sobre as várias espécies de interesse 
comercial, de potencial futuro, e mesmo aquelas definidas como sem valor, 
são insuficientes para que decisões práticas e concretas sobre a atividade 
de manejo sejam implementadas. Fica difícil estabelecer um processo de 
convencimento do madeireiro na medida que, tanto a experiência como o 
conhecimento do comportamento destas espécies quando sujeitas ou não à 
intervenção, são incipientes. 
As informações disponíveis na literatura mundial, De Graaf (1986), 
Jonkers (1988) e Silva (1989), enfatizam que a taxa média de 
mortalidade/ano está em tomo de 1,5% e o crescimento em diâmetro na 
floresta não-manejada, entre 0,1 e 0,4 cm/ano. Já quando é implementado o 
manejo, há um acréscimo na mortalidade para 2% ao ano, assim como na 
taxa de crescimento das árvores remanescentes que está entre 0,6 e 
1,0 cm/ano (De Graaf, 1986 e Jonkers, 1988). 
Segundo Silva (1989) este acréscimo para as árvores da Floresta 
Nacional de Tapajós varia com a espécie e com o grau de tolerância da 
mesma. Foram a Cecropia sciadophylla e Cecropia pecicoma que 
apresentaram os maiores crescimentos para o período avaliado (2,1 e 
1,4 cm por ano, respectivamente). A maioria das espécies pioneiras cresceu 
1 cm/ano. Já com relação às espécies clímax, a Duguetia echinophora, a 
Paussandra denslfíora e a Rinorea flavenscens apresentaram baixo 
incremento anual, ou seja, 0,1 cm/ano. Algumas clímax pertencentes 
ao dossel superior e de valor comercial, como a Carapa guianensis e 
Wola melinanii apresentaram incrementos relativamente altos em torno de 
1,4 cm/ano. 
O mesmo autor considera ainda que a variação no crescimento em 
diâmetro é muito alta em todos os grupos de espécies, com coeficientes de 
variação freqüentemente superior a 100%, mostrando que a diversidade de 
condições ambientais influencia o crescimento. Salientou ainda que, embora 
a intervenção na floresta tivesse sido bastante alta, a sua influência marcante 
no desenvolvimento em diâmetro cessou três a quatro anos após a 
exploração. 
UFLA/FAEPE - Manejo Florestal 
Ainda segundo o mesmo autor, a média do crescimento em 
diâmetro para 297 espécies com DAP > 5 cm foi de 0,5 cm/ano no período 
avaliado e que, para um grupo de vinte e nove espécies de interesse 
comercial, este mesmo valor foi encontrado. 
A seguir, na Figura 3.1 é mostrado o incremento periódico anual em 
diâmetro (IPA), face a diferentes intensidades de fuz. 
I ' - 3 
C l â l l f l w oilaacruo 
1 : e x p r e s s a i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s recebendo i l u m i n a ç ã o 
t o t a l s u p e r i o r . 
2 : e x p r e s s a o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s p a r c i a l m e n t e cob 
t a s por copas das á r v o r e s v i z i n h a s . 
3: e: :prcssa o i n c r e m e n t o em d i â m e t r o das á r v o r e s completamente 
b r e a das ou recebendo apenas luz d i f u s a . 
FIGURA 3.1. Crescimento em diâmetro em função da intensidade de luz 
54 
Manejo de Florestas Nativas 
Pontos Críticos no Manejo Florestal 
Com relação à mortalidade, pode-se verificar um acréscimo logo 
após a intervenção, e uma estabilização após dez anos decorridos da 
exploração. As taxas variam de acordo com o grupo ecológico considerado, 
conforme mostrado na Tabela 3.1. 
TABELA 3.1. Taxas de mortalidade das espécies pioneiras comparadas com outras 
categorias (%/ano) 
Grupo 
jde 
espécies 
Período Grupo 
jde 
espécies 1981-83 1983-87 1981-S7 
Espécies pioneiras 3,9 6,1 4,7 
Todas as espécies 2,1 3,8 2,8 
Espécies comerciais 1,6 2,6 1,8 
Espécies potenciais 1,3 2,8 2,2 
Espécies não comerciais 2,4 4,2 3,1 
Fonte: Silva, 1993 
Se refinamentos são implementados, De Graaf (1986) e Jonkers 
(1988) afirmam que no

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