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Planejamento do manejo florestal - Schneider

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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA 
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS 
CENTRO DE PESQUISAS FLORESTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANEJO FLORESTAL: 
Planejamento da Produção Florestal 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paulo Renato Schneider 
Engenheiro Florestal, Dr., 
Prof. de Manejo Florestal, UFSM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Santa Maria, agosto de 2008 
 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 2
Endereço: 
 
Universidade Federal de Santa Maria 
Centro de Ciências Rurais 
Departamento de Ciências Florestais 
Campus Universitário 
97105-900 Santa Maria, RS. BRASIL 
 
Fone: (55) 220 8444 
 
E-mail: paulors@smail.ufsm.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha catalográfica elaborada por Rosa Maria Fristsch Feijó 
CRB-10 / 662 
Biblioteca Central - UFSM 
 
 
S359c Schneider, Paulo Renato 
 
 Manejo Florestal: planejamento da produção florestal / Paulo 
Renato Schneider. 
 500p. 
 
1. Engenharia Florestal 2. Manejo Florestal 3. Manejo florestal 
sustentado 4. Planejamento florestal 5. Produção florestal 
6. Fluxo de produção 7. Avaliação florestal 7. Plano de manejo. 
II. Título.33333 
 
CDU: 630 
 630.2/.9 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 3
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A realização deste trabalho foi motivada pelo contraste existente na literatura 
contemporânea de manejo florestal, com relação à bibliografia tradicional, com isto pretende-
se mostrar as linhas de conexão que parecem existir entre estas duas formas de entender o 
manejo florestal na atualidade. 
 
As modificações do manejo das florestas são evidenciadas nas mudanças substanciais 
nas linhas de pesquisas e consequentemente na relação dos trabalhos publicados na maioria 
das revistas científicas nacionais. 
 
Este trabalho reúne idéias que se encontram na literatura especializada sobre o manejo 
florestal. Essas idéias são apresentadas como um marco teórico, ordenadas de forma lógica e 
contínua por conteúdos, o que permite visualizar as conexões e as diferenças que as novas 
idéias tem em relação às teorias tradicionais de manejo florestal, especialmente no 
planejamento da produção. 
 
É importante assinalar que não se pretende fazer uma descrição integral e completa do 
manejo florestal para as diferentes situações, mas enfocar com maior amplitude e clareza os 
aspectos teóricos e na medida do possível com exemplos práticos dos pontos mais importantes 
e aplicáveis para o momento. 
 
O autor agradece a colaboração do aluno de Graduação em Engenharia Florestal, 
Paulo Sérgio Pigatto Schneider, pela digitação e correção de textos e aos alunos do Programa 
de Pós-graduação em Engenharia Florestal, Sandro Vacaro, Hélio Tonini, Gedre Borsoi, 
Luciano Scheeren, Ronaldo Drescher, Ivanor Müller e Fabio Moskovich, pela colaboração na 
preparação de alguns exemplos práticos de planejamento da produção florestal, introduzidos 
neste trabalho. 
 
 O Autor 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 4
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico, 
a minha família, pelo estímulo e 
apoio e, aos amigos, que 
colaboraram na 
realização deste trabalho. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 5
SUMÁRIO 
 
 Página 
 
I - INTRODUÇÃO 11 
1.1 Definições de manejo florestal 11 
1.2 Ordenamento e manejo florestal 14 
1.3 Histórico do manejo florestal 15 
1.4 Relação do manejo florestal com outras disciplinas 17 
1.5 Natureza e finalidade do manejo florestal 18 
 
II - ELEMENTOS PRINCIPAIS DO MANEJO FLORESTAL 29 
2.1 Espaço 29 
2.2 Tempo 35 
2.2.1 Idade 36 
2.2.2 Rotação 38 
2.2.3 Madureza de corte 39 
2.3 Espaço e tempo 40 
2.3.1 Rendimento sustentado e uso múltiplo da florestal 40 
2.3.1.1 Histórico da sustentabilidade 40 
2.3.1.2 Novas concepções de sustentabilidade 43 
2.3.1.3 Condicionantes da sustentabilidade de produção 46 
2.3.2 Incremento 48 
2.3.3 Volume 50 
2.3.4 Modelo de floresta normal 51 
2.3.4.1 Modelo de floresta normal para sistemas equiâneos 51 
2.3.4.2 Modelo de floresta ideal para sistemas inequiâneas 55 
2.3.4.2.1 Método de área basal – máximo dap-q 55 
2.3.4.2.2 Matriz de transição 58 
2.3.4.2.3 Aplicação com matriz de transição 61 
2.3.4.2.4 Implementação na aplicação da matriz de transição 65 
 
III - LEVANTAMENTO, MÉTODOS E PLANEJAMENTOS 73 
3.1 Determinação das metas da empresa 73 
3.1.1 Meta econômica da empresa 73 
3.1.2 Meta técnica da empresa 75 
3.2 Ordem espacial 78 
3.2.1 Necessidades da ordem espacial 78 
3.2.2 Planejamento e execução da ordem espacial 80 
3.3 Levantamento e planejamento silvicultural 83 
3.3.1 Levantamentos dos povoamentos 83 
Diogo
Realce
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 6
3.3.2 Planejamento dos povoamentos 85 
3.4 Volume e sua determinação 91 
3.5 Incremento e sua determinação 93 
3.5.1 Determinação da árvore média para cálculo do incremento 102 
3.5.1.1 Exemplo de determinação da árvore média para obtenção do incremento 103 
3.6 Levantamento e análise de vegetação 106 
3.6.1 Considerações gerais 106 
3.6.2 Composição florística 107 
3.6.3 Distribuição espacial das espécies 107 
3.6.4 Estrutura horizontal 109 
3.6.5 Estrutura vertical 111 
3.6.6 Índice de similaridade e diversidade florística 113 
3.6.7 Estrutura espacial 114 
3.6.8 Exemplo da dinâmica numa floresta natural heterogênea 116 
3.6.9 Índice de distribuição espacial e competição 119 
3.6.9.1 Índice de competição de copa 119 
3.6.9.2 Índices independentes da distância 121 
3.6.9.3 Índices dependentes da distância 121 
3.6.9.4 Índice baseado no espaço ocupado pelas árvores 126 
3.6.9.5 Índice baseado na manipulação das árvores 127 
3.7 Regeneração natural 127 
 
IV - AVALIAÇÃO DE RENTABILIDADE, ROTAÇÃO E BENEFÍCIOS 129 
4.6.1 Introdução 129 
4.6.2 Avaliação do solo florestal 130 
4.6.2.1 Valor de produção do solo 130 
4.6.2.2 Valor de transação do solo 135 
4.6.3 Avaliação de povoamento florestais 135 
4.6.3.1 Valor da exploração 135 
4.6.3.2 Valor de custo do povoamento 137 
4.6.3.3 Valor da expectativa de produção 139 
4.6.3.4 Determinação do valor de indenização por aproximação 143 
4.6.3.5 Valor da rentabilidade da floresta 144 
4.6.3.6 Valor presente líquido 148 
4.6.3.7 Valor futuro líquido 149 
4.6.3.8 Razão benefício/custo 149 
4.6.3.9 Determinação da taxa de juro 149 
4.6.10 Avaliação de danos e desapropriação 157 
4.6.10.1 Danos 157 
4.6.10.2 Desapropriação 158 
4.6.11 Valor do fator idade 159 
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 7
4.6.12 Rotação 161 
4.6.12.1 Determinação da rotação 161 
4.6.12.2 Decisão sobre a rotação 166 
4.6.12.3 Condições para uma rotação ótima 167 
4.6.13 Avaliação dos benefícios indiretos da floresta 171 
4.6.13.1 Conceito e importância da função social da floresta 171 
4.6.13.2 Diferenças entre conceitos de benefícios indiretos171 
4.6.13.3 Características dos benefícios indiretos 172 
4.6.13.4 Bens públicos e privados 172 
4.6.13.5 Avaliação dos benefícios indiretos 173 
4.6.13.6 Problemas fundamentais da avaliação dos benefícios indiretos 176 
4.6.13.7 Métodos de avaliação dos benefícios indiretos 176 
4.6.13.8 Incentivos das empresas florestais na Alemanha 181 
 
V - PLANEJAMENTO E REGULAÇÃO DE CORTES 185 
5.1 Planejamento de cortes por métodos tradicionais 185 
5.1.1 Introdução 185 
5.1.2 Indicadores da taxa de corte 187 
5.1.3 Métodos de determinação da taxa de corte 187 
5.1.3.1 Métodos Dedutivos 188 
5.1.3.2.1 Métodos Indutivos 196 
5.1.3.3 Determinação da taxa de corte de uma classe de manejo 198 
5.2 Planejamento de corte por métodos contemporâneos 203 
5.2.1 Introdução 203 
5.2.2 Programação linear na área florestal 204 
5.2.3 Método Simplex 205 
5.2.3.1 Solução usando quadros 207 
5.2.3.2 Casos especiais 210 
5.2.3.2.1 Problema de minimização 210 
5.2.3.2.2 Empate na entrada 210 
5.2.3.2.3 Empate na saída - Degeneração 211 
5.2.4 Modelos de regulação da produção 212 
5.2.4.1 Modelo I 213 
5.2.4.1.1 Modelo I com área restringida 213 
5.2.4.1.2 Modelo I: com fluxo de corte restringido 221 
5.2.4.1.3 Modelo I: com restrição do estoque final 223 
5.2.4.1.4 Modelo I: com restrições reguladas 224 
5.2.5 Modelo II 226 
5.2.5.1 Restrição do estoque final 227 
5.2.5.2 Condições de não negatividade 228 
5.2.5.3 Função objetivo 229 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 8
5.2.5.4 Restrição de área 230 
5.2.5.1.4 Restrições para o fluxo equilibrado 231 
5.2.5.6 Restrições de estoque final 232 
5.2.5.7 Ordenamento das restrições 232 
5.2.6 Comparação do Modelo I e Modelo II 232 
5.2.7 Utilização da programação linear 233 
5.2.7.1 Definição de espaçamento 233 
5.2.7.2 Abastecimento industrial 237 
5.2.7.3 Suprimento de matéria-prima 241 
5.2.8 Modelo I: Colheita em povoamentos manejados em talhadia simples 254 
5.2.9 Modelo I: Colheita em povoamentos manejados em alto fuste 270 
5.2.10 Definição de um modelo para planejamento da produção florestal 283 
5.2.10.1 Determinação do ciclo econômico 283 
5.2.10.2 Formulação do modelo de maximização 286 
5.2.10.3 Formulação do modelo de minimização 288 
5.2.10.4 Variação da taxa de juro 288 
5.3 Planejamento de corte em floresta inequiânea 289 
5.3.1 Determinação do incremento 289 
5.3.2 Determinação da taxa de corte 290 
5.3.4 Sistemas para manejo de florestas inequiâneas heterogêneas 291 
5.3.4.2 Sistema Celos de manejo 291 
5.3.4.2 Sistema de seleção 293 
5.3.5 Sistema de manejo proposto 294 
5.3.5.1 Caracterização das atividades 295 
5.3.5.1.1 Delimitação da unidade de produção 295 
5.3.5.1.2 Corte de cipós 296 
5.3.5.1.3 Inventário florestal pré-exploração 296 
5.3.5.1.4 Colheita florestal 296 
5.3.5.1.5 Método de enriquecimento 297 
5.3.6 Um exemplo de manejo em floresta inequiânea heterogênea 302 
5.3.6.1 Composição florística 304 
5.3.6.2 Análise estrutural 307 
5.3.6.3 Análise da posição sociológica 311 
5.3.6.4 Análise da qualidade do fuste 315 
5.3.6.5 Volume, número de árvores e área basal por espécie e classe de diâmetro 320 
5.3.6.6 Volume e número de árvores por classe de diâmetro e qualidade do fuste 326 
5.3.6.7 Estimativa do estoque da floresta 326 
5.3.6.8 Regeneração natural 327 
5.3.6.9 Regulação do estoque 332 
5.3.6.9.1 Determinação da distribuição de freqüência balanceada 332 
5.3.6.9.2 Determinação do incremento 334 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 9
5.3.6.9.3 Determinação da taxa de corte sustentada 337 
5.3.6.9.4 Programação dos cortes 338 
5.3.6.9.5 Execução dos cortes 340 
 
VI – PLANEJAMENTO DE OUTRAS ATIVIDADES 343 
6.1 Planejamento de desbaste 343 
6.1.1 Introdução 343 
6.1.2 Efeito do desbaste sobre a produção 345 
6.1.3 Qualidade do produto final 351 
6.1.4 Resultados obtidos com aplicação de desbaste 354 
6.1.5 Determinação da densidade ótima por meio de desbaste 358 
6.1.5.1 Método de Índice de Espaçamento Relativo 358 
6.1.5.2 Método Mexicano de desbaste 363 
6.1.6 Idade do primeiro desbaste 365 
6.1.7 Marcação e controle dos desbastes 365 
6.1.9 Regimes de desbaste adotados em algumas empresas 367 
6.1.10 Determinação de regime de desbaste 369 
6.2 Planejamento da desrama 372 
6.2.1 Introdução 372 
6.2.2 Intensidade da poda 373 
6.2.3 Programa de podas 375 
6.2.4 Desrama em Eucalyptus saligna: um estudo de caso 379 
6.2.5 Desrama em Pinus elliottii: um estudo de caso 383 
6.2.6 Avaliação econômica das podas 387 
6.3 Substituição de povoamentos florestais 389 
6.3.1 Introdução 389 
6.3.2 Métodos de Substituição 393 
6.3.3 Progresso tecnológico 394 
6.3.4 Critérios econômicos utilizados na avaliação de projetos 395 
6.3.4.1 Critérios que não consideram o valor do capital no tempo 395 
6.3.4.2 Critérios que consideram o valor do capital no tempo 397 
6.3.5 Modelo de decisão entre substituição e condução da brotação: 
um estudo de caso 399 
6.3.5.1 Origem dos dados 399 
6.3.5.2 Custos e receitas residuais 401 
6.3.5.3 Custo de cultura 401 
6.3.5.3.1 Alternativa de substituição 401 
6.3.5.3.2 Alternativa de condução da brotação 402 
6.3.5.4 Custo de administração 403 
6.3.5.5 Remuneração do capital terra 403 
6.3.5.6 Preço da madeira 403 
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Diogo
Realce
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 10
6.3.5.7 Taxa de juro subjetiva 404 
6.3.5.8 Rotação dos povoamentos 404 
6.3.5.9 Valor dos povoamentos 404 
6.3.5.10 Resultados e discussões 405 
6.3.5.10.1 Rotação financeira 405 
6.3.5.10.2 Avaliação econômica das alternativas silviculturais 405 
6.3.5.11 Considerações finais sobre a substituição de povoamentos 410 
6.4 Planejamento de cultura 414 
6.5 Planejamento de estradas 415 
6.6 Planejamento da exploração principal 416 
6.7 Planejamento de regulação de estoque e construção de reserva 417 
6.8 Planejamento de exploração secundária 419 
 
VII - PLANEJAMENTO DO FLUXO DE PRODUÇÃO 421 
7.1 Planejamento do fluxo de produção em acacicultura 421 
7.2 Planejamento do fluxo de produção para sistema de alto fuste 429 
 
VIII - ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO 447 
8.1. Plano de manejo para florestas de produção 447 
8.1.1 Introdução 447 
8.1.2 Definição dos objetivos do plano 448 
8.1.3 Estrutura do plano de manejo 449 
8.2 Plano de manejo para as unidades de uso sustentável subordinadas ao IBAMA 467 
8.2.1 Introdução 467 
8.2.2 Manejo das unidades de uso sustentável 469 
8.2.3 Situação atual das unidades de uso sustentável 470 
8.2.4 Manejo da unidades de conservação 471 
8.2.5 Elaboração de plano de manejo para as Florestas Nacionais 473 
8.2.5.1 Informações geraissobre a Floresta Nacional 473 
8.2.5.2 Planejamento da unidade de conservação 479 
8.2.5.3 Ações de manejo por áreas de atuação 482 
8.2.5.4 Sustentabilidade econômica 482 
8.2.5.5 Cronograma físico-financeiro 482 
8.2.5.6 Bibliografia 482 
8.2.5.7 Anexos 482 
 
IX - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 483 
 
ANEXO I - FÓRMULAS PARA ALTERAÇÃO DE VALORES NO TEMPO 491 
ANEXO II - CUSTOS 494 
ANEXO II – SAÍDAS PROCESSAMENTO – PROGRAMAÇÃO LINEAR 495 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 11
 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
 
 A relação do homem com as florestas iniciou antes dos primeiros registros históricos. 
Entretanto, nesta época era difícil de entender que a floresta representasse para o homem um 
recurso valioso como se entende atualmente. Para as sociedades primitivas a floresta era um 
elemento do ambiente com poucas oportunidades de uso embora que sobrevive de sua 
abundância. 
 Atualmente, a floresta é vista pelo homem como um recurso escasso com valor 
agregado, pelo aspecto econômico, ecológico e social, envolvidos no processo de produção. 
 Deve-se aceitar para os propósitos deste escrito que a função básica da empresa 
florestal é a produção madeireira com fins comerciais lucrativos, e que o processo de 
produção encontra-se sujeito a restrições para proteção dos outros recursos florestais e da 
ecologia da floresta. Também, supõe-se que a exploração dos recursos florestais dá-se numa 
propriedade privada, com base numa economia keynesiana, que preconiza o livre mercado, 
múltiplos produtores e compradores, que atuam de maneira racional. 
 Dentro do cenário descrito, o manejo florestal tradicional pode ser entendido como 
uma seqüência de decisões tomadas pela administração da empresa e que se encaminha para o 
alcance eficiente de objetivos gerais, ou seja, da produção de madeira para fins comerciais e 
de bens imateriais. 
Uma das lições que a história nos deixou é de que a exploração irrestrita e desordenada 
dos recursos florestais por parte de proprietários privados conduziu a destruição das florestas 
e o conseqüente empobrecimento das comunidades. 
 
1.1 Definições de manejo florestal 
 
O manejo florestal é interpretado de diferentes maneiras, variando com a visão do 
autor, como é mostrado em alguns exemplos a seguir: 
a) Manejo florestal: é o conjunto de artes e técnicas que permitem a organização da 
produção florestal com a base do rendimento contínuo (Society of American Foresters, 
Meyer, 1961) 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 12
 b) Manejo florestal: trata de levantamentos periódicos do estado atual dos 
povoamentos, do planejamento a médio e longo prazo, da revisão periódica da produção da 
propriedade florestal (Mantel, 1959). 
c) Manejo florestal: trata da organização ótima de uma propriedade florestal, através 
de planejamento e controles dos efeitos, a serem feitos periodicamente, com a intenção da 
preservação ou aumento duradouro da produção florestal (Richter, 1963). 
 f) Manejo florestal: é definido como a maneira de dirigir uma empresa florestal 
(Meyer, 1961). 
O termo dirigir a empresa florestal, significa, em termos amplos, dar ordens e 
controlar. As ordens podem ser dadas através de um plano de ordenamento ou 
espontaneamente. Por outro lado, o ato de controlar pode ser espontâneo ou através de um 
sistema (fluxo de produção, contabilidade, etc.). 
O manejo florestal, definido como a maneira de dirigir a empresa florestal, deve 
cumprir as seguintes exigências básicas: 
 a) Manejo sustentado: a floresta deve ser manejada de tal maneira que venha dar em 
longo prazo pelo menos os mesmos benefícios financeiros e não financeiros, como 
atualmente. 
Este conceito constitui-se no fundamento básico da Engenharia Florestal moderna. Se 
a Engenharia Florestal brasileira contribuirá em longo prazo para o desenvolvimento florestal 
do país, dependerá em primeiro lugar da aceitação deste conceito de manejo florestal pelos 
técnicos, empresários e sociedade em geral. 
Para cumprir as exigências do manejo sustentado, deve-se antes de tudo tomar cuidado 
para não prejudicar irreversivelmente as condições ecológicas do habitat. 
b) Manejo racional: um comportamento pode ser chamado de racional se as 
informações disponíveis forem bem aproveitadas e visa um objetivo específico. 
 Atualmente, na maioria das empresas, há coleta de informações dendrométricas sem, 
no entanto, aproveitá-las integralmente nas suas decisões. Isto, provavelmente, deve-se ao fato 
de que estas informações não são bem ordenadas e, no momento da decisão, o acesso às 
mesmas é difícil e demanda muito tempo. Devido a isso, o manejo racional exige um sistema 
de informação bem ordenado, que forneça informações rápidas e resumidas. 
 c) Manejo funcional: o manejo funcional deve abranger quatro funções: análise, 
planejamento, controle e correção. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 13
. Análise: sem conhecimento da situação atual da empresa, a mesma não pode ser 
dirigida de maneira satisfatória. O inventário florestal fornece uma base imprescindível de 
informações para o manejo, porém as suas funções são bem mais amplas do que as do 
inventário. O manejo começa com a análise dos resultados do inventário florestal e, 
eventualmente, de outros levantamentos como a situação financeira e organizatória. A partir 
disto, analisa-se as possibilidades da empresa alcançar os seus objetivos específicos. Para 
analisar as possibilidades de uma empresa florestal fornecer madeira suficiente para uma 
fábrica de papel, precisa-se de dados, da área, espécie, idade, classe de sítio, dos plantios e de 
prognose da produção destes povoamentos. 
. Planejamento: com base no conhecimento da situação atual e das possibilidades 
futuras da empresa, o manejo planeja as medidas a serem tomadas para alcançar os seus 
objetivos. 
. Controle: planejamento sem controle não tem sentido, pois a sua execução, 
divergirá até do melhor plano de manejo. Para um controle eficiente precisa-se de um sistema 
que registre os acontecimentos (contabilidade, registros dendrométricos dos talhões, etc.) e de 
técnicas específicas de controle, como por exemplo o PERT/CPM. 
 d) Manejo integral: para facilitar a análise deste complexo sistema de manejo, pode-
se observá-lo sob quatro aspectos diferentes: 
. Aspecto físico: sob este aspecto analisa-se e planeja-se a empresa em unidades 
físicas, como por exemplo, ha, m³, km, número de máquinas, homem horas por hectare, etc. 
Muitas vezes o planejamento florestal é feito somente sob o aspecto físico. 
. Aspecto financeiro: a estrutura e funcionamento da empresa florestal além de ser 
planejada em termos físicos deve ser planejada e controlada, também, em unidades 
financeiras. 
. Aspecto organizatório: sob este aspecto observa-se os elementos humanos da 
empresa, as suas funções, qualificações, subordinações, etc. 
. Aspecto informativo: uma empresa florestal, não pode funcionar sem informações. 
As ordens devem ser passadas por informações normativas, as quais baseiam-se em condições 
descritivas da situação. Sob o aspecto informativo analisa-se as informações disponíveis na 
empresa, as fontes de informações, a transformação de informações, por exemplo, o cálculo 
de custos por hectare mediante as informações obtidas na folha de pagamento, notas de 
compra, e a transmissão de informações dentro da empresa. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 14
 O manejo florestal deve ser integral no sentido que o mesmo deve referir-se a todos os 
aspectos da empresa. Não é suficiente, por exemplo, planejarum desbaste somente sob o 
aspecto físico (quantidade e que árvores devem ser cortadas num ano) sem considerar as 
conseqüências financeiras (custos e vendas do desbaste), sem planejar a organização (quem 
marca as árvores, quem corta, quem supervisiona, quem transporta, quem vende), e sem 
planejar o aspecto informativo (com base em que dados é calculado o desbaste, como os 
empregados e motoristas recebem as informações necessárias, quando e de quem o 
departamento de vendas recebe as informações sobre a quantidade e a qualidade da madeira 
disponível). 
 No Brasil, o manejo florestal ainda não tomou rumos definidos, e pode ser 
considerado como uma matéria nova. Porque, a maioria dos plantios efetuados anos atrás, não 
tiveram um planejamento concreto sobre os objetivos a serem atingidos, e simplesmente 
porque a intenção era de aproveitar uma condição financeira, disposta em função da Lei dos 
Incentivos Fiscais. 
 As empresas que até então não possuíam especialistas em manejo florestal, hoje se 
sentem quase que obrigadas a dispor em seus quadros, com o objetivo único de solucionar 
seus problemas de maneira mais coerente. Estes problemas estão principalmente vinculados à 
necessidade de desbaste dos povoamentos, qualidade da madeira e dar um destino satisfatório 
da matéria-prima, oriunda dos desbastes e cortes finais. 
O ato de dirigir a empresa florestal é um atributo do gerente ou diretor da empresa 
florestal, e que em muitos casos, não possui uma formação florestal profissional. Nestes 
casos, o conceito de manejo florestal deveria ser modificado, porque as decisões técnicas a 
serem tomadas para o manejo dos povoamentos deve sempre partir de um especialista em 
manejo florestal. 
 
1.2 Ordenamento e manejo florestal 
 
O termo manejo florestal está sendo aplicado pela maioria das técnicas em dois 
sentidos diferentes: como tratamento de um povoamento florestal; e, como administração ou 
direção de uma empresa florestal. 
Analisando-se estes dois aspectos, pode-se a primeira vista perceber que o manejo 
florestal e o ordenamento florestal sejam sinônimos. Porém, analisando-se as funções do 
gerente da empresa, percebe-se que o ordenamento abrange somente uma tarefa, embora a 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 15
mais importante das funções da gerência, que é a de ordenar a produção. E, o manejo florestal 
abrange então todas as funções da gerência de uma empresa florestal, ou seja, ordenar e 
controlar a produção. 
No entanto, para chefiar uma empresa é preciso dar ordens e controlar. O plano de 
manejo, geralmente elaborado por assessores, é posto em prática pela chefia da empresa, que 
com isso, dá ordens a respeito das principais atividades planejadas a serem executadas num 
período de tempo na empresa. 
Muitas vezes, o plano de manejo contém ordens insuficientes para dirigir a empresa, 
pois as ordens são afetadas por três tipos de defeitos: as ordens são incompletas; as ordens são 
gerais, faltando detalhes; ou, as ordens muitas vezes são incorretas, devido à falta de precisão 
e previsão. Devido a isso, a chefia deve durante a execução do plano de manejo, completar, 
especificar e eventualmente corrigir as ordens dadas no mesmo, que por ventura estiverem 
incorretas. Todavia, as decisões a respeito das correções do plano de manejo, devem ser 
tomadas pelo gerente da empresa. 
 
1.3 Histórico do manejo florestal 
 
O nascimento do ordenamento florestal data de relatos muito antigos, como sendo as 
primeiras tentativas de um manejo ordenado das florestas. 
Já em 1122 a.C., um Imperador Chinês contratava um silvicultor com o objetivo de 
realizar desbaste, poda e limpeza de povoamentos. O corte da madeira era determinado por 
uma comissão e o uso da madeira era definido somente para determinados fins. 
Conforme, o escritor Plinius, em 23-79 d.C., os romanos começaram a planejar a 
utilização das florestas e já conheciam o regime de manejo em alto fuste e talhadia. No regime 
de talhadia, aplicavam rotações de oito a onze anos. Porém, com a decadência do império 
romano, essas iniciativas de um ordenamento não chegaram a se desenvolver. 
Na Europa Central, o ordenamento florestal, nasceu principalmente na França, 
Alemanha, Áustria e Suíça. Nesta região, o sistema de talhadia já era conhecido desde a época 
de Carlos Magno, em 742 – 814 d.C. 
A destruição das florestas na França motivou a intervenção do Estado, o que propiciou 
o desenvolvimento de práticas de manejo florestal. Os antecedentes mais antigos são as Leis 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 16
de 1280, 1318 e 1346, que foram promulgadas com o objetivo de assegurar a permanência da 
floresta, restringia-se os cortes e criavam um corpo de mestres florestais. 
No Século XVI, na França, foi gerado um avanço significativo em matéria 
silvicultural, que infelizmente tornou-se nula na prática devido aos freqüentes abusos na 
execução dos cortes e pela persistente corrupção na administração. O avanço da destruição 
florestal continuou provocando escassez de produtos florestais. Para combater o problema o 
Governo Francês emitiu mais regulamentação, que culminou com a promulgação da Lei 1669, 
por iniciativa de Jean Baptiste Colbert. Esta lei requeria que houvesse uma autorização oficial 
para todo tipo de corte, e que no caso de cortes finais se especificava a forma de cubicação, 
extensão e procedimento de tratamentos. Também se proibiu a entrada de gado na floresta e 
se restringiu o pastoreio, para evitar danos e a segurança dos povoamentos. Essa Lei de 1669 
foi importante acerca da necessidade de elaborar planos de manejo florestal formais cuja 
execução dos aproveitamentos eram supervisionados pelo Estado. 
Na Inglaterra, também, foram desenvolvidos esporádicos esforços, principalmente 
durante e depois das guerras, mas que na prática acabaram sem maiores conseqüências de 
desenvolvimento. 
O curso da história, durante a Idade Média, a madeira situava-se como um recurso 
importante devido a seu amplo uso em construções domésticas, naval e como combustível. As 
constantes guerras européias foram fatores fundamentais neste giro de prioridades. O efeito 
principal da guerra era a destruição das florestas. Um exemplo foi durante a guerra dos 30 
anos (1618-1648), na Alemanha, quando uma grande área florestal foi destruída por incêndios 
provocados, bem como por corte para obter madeira para fins bélicos e pagamento de tributos. 
Na Alemanha, já no século XIV, foram realizadas práticas de rendimento sustentado 
mediante o método de divisão de áreas. O método consistia em dividir a área total em parcelas 
iguais aos anos da rotação, sendo então anualmente cortada e plantada uma destas parcelas. 
Ainda nesse país, já no século XVIII, devido ao grave perigo de escassez de madeira, houve a 
elaboração de uma teoria de ordenamento. Começava-se a regular o corte com base no 
volume em vez da área. 
A primeira Escola Florestal foi fundada por Hans Dietrich von Zanthier, em 
Wernigerode, na Alemanha, que foi fechada com a morte do seu fundador, em 1778. De 
enorme tradição e importância foi a Escola Prusiana, fundada em 1779, em Hessen, por Georg 
Ludwig Hartig. Esta escola foi mudada de local em várias ocasiões, até instalar-se 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 17
definitivamente em Eberwald. Igualmente importante foi a Escola Sajona de Zillbach, na 
região de Thuringen, estabelecida por Henrich von Cotta, em 1785, que depois se mudou para 
Tharandt e se converteu na Academia Real. 
A Hartig e Cotta deve-se a formulação, em 1804, da idéia básica de manejo florestal 
sustentado, que tinha por significado: manejar as florestas de maneiraque os descendentes 
obtivessem dela pelo menos os mesmos benefícios que a geração atual. 
Já no século XIX, foi formulado o famoso Modelo da Floresta Normal, por 
Hundeshagen e Meyer. Esse modelo serve como base da maioria dos métodos da regulação do 
corte. Ainda, nesse século, foram executados muitos estudos de produção e montadas várias 
tabelas de volume e de produção, assim como, o cálculo com juros compostos, segundo 
Pressler. 
A primeira parte do século XX foi marcada por uma estagnação do desenvolvimento 
florestal, causado principalmente pela luta inútil entre a Escola de Renda Líquida do 
Terreno, que observa os juros sobre o valor do povoamento como custo, e a Escola de 
Renda Líquida da Floresta, que não inclui os juros sobre o valor dos povoamentos no 
cálculo de custos. 
Uma fase muito promissora do ordenamento começou, depois da segunda guerra 
mundial, com o desenvolvimento da pesquisa operacional, principalmente na Inglaterra e 
EUA. Os modelos matemáticos formulados por esta disciplina são, especialmente, a 
otimização linear, a otimização dinâmica, o sistema PERT/CPM e as técnicas de simulação, 
que aplicadas ao manejo florestal permitem soluções mais realísticas de problemas mais 
complexos do que as técnicas clássicas de ordenamento. 
 
1.4 Relação do manejo florestal com outras disciplinas 
 
 O termo manejo florestal quer dizer dirigir ou guiar um povoamento durante a vida até 
alcançar a produção de madeira e o sucesso econômico da empresa. Assim sendo, não se pode 
tomar o manejo florestal como uma ciência independente, mas uma matéria que integra e 
relaciona as disciplinas que: analisam os processos de crescimento; as que regem leis e 
condições econômicas; e, as que se referem à extração de madeira. 
Segundo Richter (1963), pode-se comparar o manejo florestal como o telhado de uma 
casa que cobre parcialmente as seguintes disciplinas: 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 18
a) Ecologia: a ecologia antecede ao manejo florestal. É importante principalmente na 
sondagem e mapeamento de habitat, assim como nas influências ecológicas sobre o 
crescimento dos povoamentos. 
b) Biometria e inventário florestal: fornecem dados básicos de crescimento e 
produção indispensáveis para o planejamento florestal. 
c) Silvicultura: o manejo florestal abrange aspectos silviculturais, tais como: 
planejamento de plantio, tratos culturais, etc. 
d) Proteção florestal: abrange todos os aspectos a amenizar os riscos contra o fogo e 
insetos, etc. 
e) Economia: o manejo florestal ocorre dentro de certos critérios econômicos, 
principalmente nos aspectos que se referem à lei da oferta e procura, comercialização, custos 
e cálculos de rentabilidade. 
f) Colheita florestal: tem relação com o manejo florestal, nos seus aspectos 
relacionados à exploração, custos, abastecimento, etc. 
g) Política e legislação florestal: traçam certas margens de movimentação livre para 
os planejamentos do manejo florestal. 
Além destas disciplinas, podemos ainda acrescentar outras, como a dendrologia, 
administração, etc. 
 
1.5 Natureza e finalidade do manejo florestal 
 
O manejo florestal é um constante planejar, revisar, executar de planos, e está sujeito 
as características da produção florestal. Geralmente, há o objetivo principal do manejo, que 
vem a ser a madeira, que varia conforme a propriedade e a localização da empresa em relação 
aos centros consumidores. Além do objetivo principal principal, são incluídos as explorações 
secundárias, tais como: resinas, casca, óleos, etc. ou a função protetora da floresta. 
Pode-se definir a característica da produção florestal através dos seguintes elementos: 
a) Elemento temporário: tem-se a produção com duração em longo prazo. Neste 
caso, a produção tem o objetivo de atender um consumo futuro. 
b) Elemento especial: como elemento especial da produção florestal, temos o habitat. 
que varia de um habitat para o outro. A área de produção florestal pode ser analisada a nível 
regional, empresarial, talhão, secção ou sub-secção. 
Diogo
Realce
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 19
c) Elemento biológico-biométrico: tem-se os conhecimentos ecológicos e 
silviculturais para um melhor conhecimento da qualidade e das espécies existentes no habitat. 
A escolha da espécie é de fundamental importância para o sucesso do empreendimento. As 
observações sobre as conseqüências dos trabalhos aplicados, como: incremento, exuberância 
de renovação, ocorrência de crescimento e estoques, são de fundamental importância no 
manejo. 
d) Elemento econômico: tem-se a produção florestal manejada em função de um 
objetivo econômico, que em princípio pode somente ocorrer dentro de uma margem biológica 
em concordância com as possibilidades do habitat. A formação de sortimentos, parcialmente 
em função da determinação da produção; a economicidade das explorações secundárias, 
desbastes, rentabilidade de mão-de-obra, são elementos a serem analisados para caracterizar a 
produção florestal de uma empresa. 
Estes quatro elementos integrantes na ocorrência da produção florestal devem sempre 
estar equilibrados entre si. O manejo florestal tenta integrá-los e, por outro lado, em parte eles 
determinam o objetivo da produção e com isso a duração do manejo. 
Para poder elaborar um plano de manejo e nele um plano de produção em médio prazo 
para uma empresa, deve-se entender bem o desenvolvimento da produção florestal, como 
pode ser medida e influenciada pelos diversos fatores do meio. 
As necessidades de um manejo florestal integral das florestas brasileiras, tanto 
equiâneas como inequiâneas, faz-se sentir cada vez mais com o aumento da densidade 
demográfica. Enquanto que a população mundial era pequena, havia pouco consumo de 
madeira que era satisfeito com a exploração rudimentar das florestas naturais. Mas com o 
crescimento da população (estimativas: 1950 em mais de 2,5 bilhões; 1970 em 3,5 bilhões; 
1980 em 4,3 bilhões), a exploração rudimentar das florestas deve sofrer modificações, ou 
fazer surgir novas técnicas de exploração das áreas florestais, para suprir a demanda de 
produtos florestais. O consumo/cápita médio mundial mantém-se na faixa de 0,69 m3/ano, 
mas está havendo uma transformação no tipo de consumo de matéria-prima, que exige no 
momento, mais madeira industrial do que para outros usos, como mostra o Tabela 1. 
 
 
 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 20
TABELA 1 – Consumo de matéria-prima no mundo (m³/cápita/ano). 
Tipo de 
Matéria-prima 
Período/ano 
1913 * ���2 1975 1985 
Madeira Industrial 0,44 0,34 0,38 0,41 
Lenha 0,42 0,35 0,31 0,28 
Total 0,86 0,69 0,69 0,69 
 * Estimativa somente para a Europa. 
 
 A importância do setor florestal brasileiro pode ser medido pela quantidade das 
exportações de celulose realizada por empresas brasileiras em 2000, que chegou a um valor 
total de 3.013.830 toneladas, sendo os países da Europa os maiores importadores, com 46,7 % 
do total produzido. 
 
TABELA 2 – Exportações brasileiras de celulose por destino, em 2000. 
 
 Destino Toneladas % 
América do Norte 843.557 28,0 
Ásia e Oceania 727.719 24,1 
América Latina 34.809 1,2 
Europa 1.407.631 46,7 
África 114 - 
Total 3.013.830 100,0 
Fonte: Bracelpa (2000) 
 
 
Em relação à cobertura florestal no Canadá, EUA, URSS e os países desenvolvidos do 
leste da Ásia e Oceania a área de florestas fechadas permaneceram constante e aumentaram na 
Europa, de acordo com as estimativas da Tabela 3. 
 
 
 
 
 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 21
TABELA 3 – Estimativa da cobertura florestalper cápita 
 
 
 
Países/Regiões 
Cobertura 
Florestal 
 
População 
2000 
ha./cápita 
em 2000 
1970 2000 2000 
Alto 
 
Baixo Média Alto Baixo 
USA/Canadá 470 470 470 354 1.33 1.33 
México 145 109 72 118 0.92 0.61 
Europa 144 150 150 550 0.27 0.27 
USSR 770 770 770 330 2.33 2.33 
África (África) 
1. Norte da África 
2. Zona do Sahel 
3. Leste da África e ilhas 
4. Oeste da África 
5. Sul da África 
928 
9 
31 
264 
600 
24 
696 
7 
23 
198 
450 
18 
463 
4 
15 
132 
300 
12 
766 
145 
49 
233 
276 
63 
0.91 
0.05 
0.47 
0.85 
1.63 
0.28 
0.60 
0.03 
0.31 
0.57 
1.09 
0.19 
América Central + Sul 
1. América Central 
2. Caribe 
3. América do Sul Tropical 
4. Brasil 
5. América do sul Temperada 
913 
29 
4 
342 
493 
45 
686 
22 
3 
257 
370 
34 
456 
14 
2 
171 
246 
23 
518 
37 
55 
137 
212 
77 
1.32 
0.59 
0.05 
1.88 
1.74 
0.44 
0.88 
0.38 
0.04 
1.25 
1.16 
0.30 
Leste da Ásia 
1. Sul e Oeste da Ásia 
2. Ásia Continental Sul 
3. Leste insular da Ásia 
4. Leste da Ásia 
5. Oceania 
737 
171 
116 
150 
186 
114 
614 
128 
87 
113 
186 
100 
505 
85 
58 
76 
186 
100 
3498 
1278 
208 
309 
1670 
33 
0.18 
0.10 
0.42 
0.37 
0.11 
3.03 
0.14 
0.07 
0.28 
0.25 
0.11 
3.03 
Total 4113 3495 2886 6134 0.57 0.47 
Fonte: Steinlin (1979). 
 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 22
Nos demais países as áreas florestais diminuíram consideravelmente, principalmente 
nos trópicos devido à exploração desordenada e ao Schifting Cultivation. Este é o maior 
problema, porque dificilmente as florestas mundiais não tropicais vão suprir a demanda do 
mercado mundial. 
Existem ainda as florestas inacessíveis e as produtivas, mas que quando exploradas 
faz-se de uma maneira rudimentar. Da mesma forma, as florestas devastadas, de baixa 
produção, sofrem esta mesma influência, mas que pode ser aumentada com o uso de um 
manejo intensivo e eficaz. Por outro lado, ainda existe o problema do transporte de longa 
distância para abastecer as regiões com déficit de matéria-prima com madeira proveniente de 
regiões de superprodução. Quando se depara com o déficit de madeira, a tendência é tomar 
geralmente uma das opções: importar madeira a preços de mercado; ou, reunir esforços no 
sentido de recuperar as florestas, através da regulação de cortes, de reflorestamentos, de 
manejar as florestas naturais improdutivas ainda existentes. 
Na Figura 1 pode ser observado a atual situação do uso da terra no Brasil e Rio Grane 
do Sul, relativo ao ano de 2006, bem como das necessidades de reflorestamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1 - Uso da terra no brasil e Rio Grande do Sul. 
 
 
USO DA TERRA NO BRASIL EM %
33.5
65.9
0.6
Outros usos Florestas Naturais Florestas plantada
USO DA TERRA NO RS EM %
81.14
17.53
1.33
Outros usos Florestas Naturais Florestas plantada
Área: 8,54 milhões km2 
 
População: 189,6 milhões habs. 
 
Área Reflorestada = 4,3 mils. ha. 
 
IRP = 0,023 ha/cápita. 
 
Área: 281.748 km2 População: 10,19 milhões habs. 
Área Reflorestada = 360.000 ha 
IRP = 0,035 ha/cápita 
Consumo = 0,69 m3/cápita/ano 
IMA = 30 m3/ha/ano 
Demanda Interna/doméstica = 234.370 ha 
Área Nec. R = 7 ano = 1,64 milhões ha (5,8%) 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 23
O Rio Grande do Sul com uma superfície de 281.748 km2 e população: 10,19 milhões 
habitantes, apresenta uma área reflorestada de 360.000 ha , o que perfaz um índice de 
reflorestamento de apenas 0,035 ha/cápita. Considerando um consumo médio de 0,69 
m3/cápita/ano e IMA de 30 m3/ha/ano, a demanda interna ou doméstica de área reflorestada 
seria de 234.370 ha, que para uma rotação de 7 anos de Eucalyptus, esta necessidade real seria 
de 1,64 milhões há, com uma ocupação de apenas 5,8 % da superfície do estado. 
 Na Figusra 2 pode ser observado a quantidade de área reflorestada com Pinus, 
Eucalyptus e Acácia-negra no Rio Grande do Sul, em 2002. A área reflorestada com acácia-
negra é de 100.000 ha, Pinus 150.000 ha e Eucalyptus de 110.000 ha, totalizando cerca de 
360.000 ha., o que perfaz uma ocpuação da superfície territorial do Rio Grande do Sul de 
apenas 1,33 %. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2 - Distribuição das florestas plantadas no Rio Grande do Sul. Fonte: UFSM (2002) 
 
 Em 2005 o comércio internacional de produtos florestais, não incluindo os produtos de 
madeira de maior valor agregado (PMVA) e móveis de madeira, chegou a 180.000 $ bilhões, 
sendo 100.000 $ bilhões provindos das exportações de celulose e papel e 80.000 $ bilhões de 
produtos de madeira sólida, donforme Figrua 3.Atualmente, o setor florestal cresce a uma taxa 
de 6,8 % a.a. 
 
ÁREA REFLORESTADA(ha) NO RS
150000
110000
100000
PINUS EUCALYPTUS ACACIA
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 24
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 3 - Comércio internacional de produtos florestais, não inclui PMVA (Produtos de 
Madeira de Maior Valor Agregado) e móveis de madeira. . Fonte: SCTP ( 2006). 
 
Segundo dados do IBGE (2007) a produção brasileira de toras de florestas plantadas e 
nativas é de 108,7 milhões de metros cúbicos, sendo 107,8 originado de florestas plantadas e 
10,9 de florestas nativas, conforme Figura 4. Isto indica que o setor industrial brasileiro é 
quade que inpedendente da madeira originada de floresta nativas, pois a diferença de apenas 
10,1 %. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4 – Produção brasileira de toras de florestas plantadas e nativas. Fonte: IBGE (2007) 
 
Produção Brasileira de Madeira em Toras
118.7
107.8
10.9
0
20
40
60
80
100
120
140
Total Floresta
plantada
Floresta Nativa
m
3 M
ilh
õe
s
0
40.000
80.000
120.000
160.000
200.000
85 91 92 93 94 95 96 97 98 99 0 1 2 3 4 5
U
S
D
 1
.0
0
0
.0
0
0
C&P PMS
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 25
Na Figura 5 pode-se observar um expressivo desempenho econômico do setor florestal 
brasileiro, relativo aos produtos originados de florestas plantadas e do extrativismo vegetal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 5 – Desempenho econômico do setor florestal brasileiro, relativo as florestas 
plantadas e extrativismo vegetal. Fonte: IBGE (2007). 
 
 
O desempenho econômico do setor florestal brasileiro chega a 10,9 R$ bilhões. Neste 
caso as florestas plantadas contribuíram com 7,2 R$ bilhões e o extrativismo vegetal com 2,7 
R$ bilhões. 
Na Figura 6 pode ser observado a evolução dos preços de tora de Pinus e do Índice 
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Evidencia-se uma estabilização dos 
preços dos produtos de origem florestal neste últimos ano. 
A Figura 7 mostra a competitividade do setor florestal brasileiro em relação a outros 
países, tomando por base o preço de tora de Pinus. Em média, no Brasil, o preço de madeira 
de toras de Pinus posta na fábrica é de 57 $/m3, inferior ao praticado em países como a 
Suécia, USA e Finlândia, porém superior aos preços no Chile de Nova Zelândia. 
Da mesma forma, pode-se avaliar o crescimento do Pinus obtido no Brasil em relação 
ao de outros países. No Brasil,como mostra a Figura 8, obtem-se um crescimento médio doPinus em torno de 28 m3/ha/ano, enquanto que, em outros países este cresciemnto é muito 
 
Produção Florestal Brasileira
10.9
7.2
2.7
0
2
4
6
8
10
12
Total Floresta
plantada
Extrativismo
vegetal
R
$ 
B
ilh
õe
s
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 26
inferior, não chegando a 10 m3/ha/ano. Isto mostra a grande competitividade do Brasil em 
relação a outros países do mundo, com tradição na área florestal, devido as excelentes 
condições de clima e solos para o crescimento florestal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 6 – Evolução dos preços de tora de Pinus e Índice Nacional de Preços ao 
Consumidor Amplo (IPCA). Fonte: SCTP ( 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 7 – Preço de tora de Pinus no Brasil e outros países. Fonte: SCTP ( 2006). 
 
 
50
100
150
200
250
300
350
ja
n/
00
ju
l/
00
ja
n/
01
ju
l/
01
ja
n/
02
ju
l/
02
ja
n/
03
ju
l/
03
ja
n/
04
ju
l/
04
ja
n/
05
ju
l/
05
ja
n/
06
ju
l/
06
ÍN
D
IC
E
 D
E
 P
R
E
Ç
O
S
 (
JA
N
/
0
0
 =
 1
0
0
) 
 
.
CELULOSE SERRARIA LAMINAÇÃO IPCA
 
41
55
57
62
72
77
0
10
20
30
40
50
60
70
80
U
S
$
/
m
3
 (
p
o
st
o
 i
n
d
ú
st
ri
a
)
CHILE NOVA
ZELÂNDIA
BRASIL SUÉCIA EUA (SUL)FINLÂNDIA
TORA PARA SERRARIA
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 27
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 8 – Incremento médio anual de Pinus no Brasil e outros países. 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 28
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 29
 
 
II - ELEMENTOS PRINCIPAIS DO MANEJO FLORESTAL 
 
 Os elementos principais do manejo florestal são considerados dentro dos conceitos de 
Espaço, Tempo e Espaço e Tempo, avaliados sob o aspecto físico. 
 
2.1 Espaço 
 
 O espaço físico refere-se ao domínio da superfície ocupada por um empreendimento 
florestal. O conhecimento da distribuição espacial das unidades é importante para obtenção do 
regime sustentado, para que sejam mais bem utilizadas, planejadas, manejadas e controladas. 
Devido a isso, para o início de qualquer empreendimento é necessário fazer a subdivisão das 
áreas para iniciar a implantação das florestas. 
 Muitas vezes a própria natureza já oferece subdivisões naturais das áreas, devido à 
ocorrência de espécies, diferença no porte das árvores, idade, etc. Entretanto, estas divisões 
naturais, na maioria das vezes, não são suficientes, sendo necessário criar uma ordem 
espacial dos povoamentos, visando facilitar os levantamentos, planejamentos, execuções e 
controle; e também no cadastramento de informações históricas. 
 As subdivisões do espaço físico podem ser assim determinadas: 
 
a) Subdivisão ecológica ou natural 
 
 Em todo empreendimento florestal existe uma divisão natural em decorrência de 
condições climáticas e edáficas, que forma unidades ecológicas com localização fixa e 
intransferível. 
 Uma empresa pode estar localizada em uma região ecológica única, mas também pode 
fazer parte de mais regiões ecológicas, como, por exemplo, pertencer à região das florestas de 
araucária, dos campos de cima da serra e das florestas subtropicais pluviais, etc. 
 Através de levantamentos edáficos, climáticos, geológicos, florísticos são 
determinados os critérios para a delimitação de tais regiões, permitindo subdividir as áreas 
florestais segundo grupos ecológicos. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 30
 Esta subdivisão de área fornece um aspecto geral da floresta dentro do qual os habitats 
constituem apenas divisões. 
 A subdivisão em regiões ecológicas é útil somente em áreas grandes, pois agrupa áreas 
segundo a vegetação natural. Já a determinação dos habitats permite delimitar áreas dos 
povoamentos existentes, quer sejam naturais ou artificiais. 
 A delimitação de regiões ecológicas é feita sobre o mapa, uma única vez, devendo 
sempre que possível trazer informações sobre os tipos florestais, pormenorizando as espécies, 
tipos de solo, relevo e outros fatores existente na região. 
 Esta classificação reverte-se de grande importância quando da transformação e manejo 
de áreas, pois em algum momento pode ser necessário conhecer como eram as condições 
ecológicas naturais do local. 
 Por outro lado, a determinação dos habitats dentro da área da empresa, reveste-se de 
maior importância, sendo à base do planejamento silvicultural e econômico, pois permite o 
melhor aproveitamento do solo e clima local. 
 Os habitats formam a estrutura básica para a formação da ordem espacial, 
constituindo-se no fundamento básico da ordem espacial. 
 
 b) Subdivisão das áreas de produção 
 
 A relação entre o espaço e a produção é definida pelas unidades: talhão, secção e 
subsecção. 
 
 Talhão: é uma unidade de produção com área variável, que segundo Mantel(1959) 
situa-se entre 10 a 30 hectares e para Richter(1963) entre 10 a 100 hectares. Ele tem o 
objetivo de facilitar a administração, planejamento e controle da produção. Possui caracter 
duradouro, portanto deve ser claramente definido no campo. 
 O talhão pode ser composto por várias secções, que é uma unidade de produção com 
orientação no espaço, de marcação fixa e visível no campo. 
 A forma do talhão é mais ou menos regular, preferivelmente retangular, pois facilita a 
acessibilidade às explorações da madeira. 
 O talhão pode ser delimitado por estradas, rios, aceiros, cumeados e linhas abertas 
artificialmente, entre outras. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 31
 O talhão serve para orientação do empreendimento sendo denominado por um número 
arábico, por exemplo, 20, servindo para o planejamento da produção, infraestrutura, etc. 
 Secção: é uma subd ivisão do talhão, com área mínima de 3 hectares, servindo para o 
planejamento e controle da produção. A área física da secção deve, dentro do possível, 
coincidir com o habitat ou ser de grande semelhança. Sua forma é variável e a área é contígua 
na floresta. A composição de espécies é a mesma, de mesma idade, independente em relação 
ao habitat e micro-clima. 
 A separação da secção não ocorre normalmente por linhas naturais, sendo necessário a 
sua delimitação em pintura de árvores, caminhos de extração de madeira, etc. 
 Muitas vezes, a forma e o tamanho da secção pode trazer influência sobre o 
crescimento dos indivíduos e habitat. Esta influência pode causar a diminuição da produção 
ou mesmo em outros casos ser vantajoso, como mostra a Figura 9. 
 
 
FIGURA 9 – Influência marginal de povoamentos vizinhos no crescimento 
 
A forma e a área manejada tem influência sobre o crescimento das árvores 
remanescentes. Na Figura 10, pode-se verificar que o manejo em unidades de produção de 
forma quadrado traz benefícios em relação às unidades de produção retangulares, pois estas 
apresentam menor redução de incremento, provocado pela concorrência de árvores de unidade 
vizinhas. 
Para ilustração da distribuição espacial é mostrado na Figura 11 uma parte de um 
mapa que contém a distribuição parcial das secções por talhão, dentro de um espaço físico. 
Subsecção: são unidades de produção pequenas, com superfície menor que 3 hectare, 
que se destacam por grandes diferenças no habitat das demais áreas do talhão ou secção, por 
exemplo, idade, danos, qualidade, solo, etc. 
Manejo Florestal: Planejamento da ProduçãoFlorestal 
 
 32
 
FIGURA 10 – Relação da perda de produção com a forma da unidade 
FIGURA 11 – Distribuição espacial das unidades de produção 
 
b) Subdivisão técnica 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 33
Esta subdivisão tem por objetivo a formação das classes de manejo, que é uma divisão 
idealizada não sendo necessariamente homogênea e contígua na natureza. Permite agrupar os 
povoamentos com características iguais ou semelhantes. 
 Uma classe de manejo é formada por povoamentos com base nas seguintes 
características: igualdade de rotação; igualdade de composição de espécies; mesmo objetivo 
de produção, que está ligado ao sistema de manejo dos povoamentos. 
As unidades de produção que compõe uma classe de manejo podem estar unidas ou 
separadas espacialmente, sendo composta de talhões e secções distribuídas sobre toda a área 
da empresa. 
Na Figura 12 é apresentado um exemplo de classes de manejo, formadas por: 
Classe de manejo I: Araucaria, rotação de 60 anos, alto fuste, 
Classe de manejo II: Pinus, rotação de 20 anos, alto fuste. 
Classe de manejo III: Pinus, rotação de 30 anos, alto fuste. 
Classe de manejo IV: Eucalyptus, rotação de 7 anos, talhadia simples. 
 
A utilidade de se trabalhar com classes de manejo é a seguinte: 
a) Conseguir uma ordem sobre toda a distribuição dos povoamentos de um 
empreendimento, tornando mais visível à distribuição das unidades de produção. 
b) Para exercer o controle do regime sustentado da empresa. 
c) Para obter uma maior visibilidade, o que facilita o trabalho de manejar a empresa 
em regime sustentado. 
 
Se as classes de manejo forem espacialmente contínuas na natureza são chamadas de 
reais e quando descontínuas são ditas ideais, sendo esta a situação predominante. 
 
d) Subdivisão interna de aproveitamento do solo 
 
Na área total de uma empresa, nem sempre as áreas são ocupadas por povoamentos 
florestais. As áreas podem ser classificadas em: 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 34
 
FIGURA 12 – Distribuição das classes de manejo 
 
 SOLO ESTOCADO: são todas as áreas ocupadas por florestas ou árvores sendo 
subdividida em: 
 + Florestas produtivas: são aquelas áreas arborizadas destinadas a produção de 
madeira ou eventualmente produtos secundários, como resina. 
 + Clareiras: são áreas que durante certo período de tempo não são arborizadas, 
podendo ser divididas em: clareiras reais quando as áreas não arborizadas necessitam ou 
podem ser incluídas como florestas produtivas, e clareiras ideais quando as áreas estão 
povoadas de árvores ralas, sem intenção de mudar o estado atual. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 35
 + Florestas de regime especial: são áreas de pesquisa, de proteção de bacias 
hidrográficas, povoamentos ricos em árvores matrizes, etc. Elas permitem manejo, porém sob 
certas restrições. 
 + Florestas de proteção: são áreas arborizadas cuja importância principal é a proteção 
do solo. 
 
 SOLO NÃO ESTOCADO: são áreas que não são ocupadas por árvores, podendo ser 
divididas em: 
 + Áreas agrícolas; 
 + Áreas de viveiro; 
 + Estradas, áreas de estacionamento e estocagem de madeira; 
 + Rios, lagos, açudes; 
 + Áreas de prédios; 
 + Aceiros; 
 + Áreas de transmissão de energia; 
+ Pedreiras; 
+ Áreas improdutivas. 
 
e) Subdivisão interna administrativa 
 
É uma subdivisão realizada para propriedades maiores, por exemplo, superiores a 
3.000 hectares. Esta subdivisão origina vários corpos independentes e de administração 
própria, denominada de distrito. 
O tamanho do distrito varia conforme a intensidade de administração das áreas, 
normalmente pode variar de 1.000 hectares à superior a 10.000 hectares. 
 
2.2 Tempo 
 
 A produção florestal, normalmente, ocupa grandes áreas e um longo período de 
realização. A condução da floresta durante toda a vida deve seguir critérios técnicos fixos, 
para alcançar os objetivos finais da produção. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 36
 Este longo processo necessita de observações e levantamentos contínuos sobre o 
estado dos povoamentos, os efeitos do manejo anterior e a definição dos planejamentos para o 
futuro dos povoamentos. 
 O fator tempo exige revisão periódica dos planejamentos, pois a longa duração da 
produção determina que, para conseguir um produto determinado em quantidades desejadas, 
necessita-se de operações contínuas, cujo efeito deve ser controlado. 
 Os longos períodos de produção podem mudar a importância econômica, devido ao 
progresso tecnológico e mudanças das tendências de consumo. 
 O estabelecimento de uma relação exata entre o tempo e espaço é a importância 
principal do manejo. A produção florestal ocorre no tempo físico, no qual ocorre a produção. 
O tempo orgânico tenta situar o crescimento, por exemplo, em volume, numa relação de 
tempo real necessário para alcançar um determinado valor. Esta relação de crescimento no 
tempo pode ser definida por uma relação logarítmica, expressa por: ln y = K . ln2 t Sendo: y = 
crescimento por unidade: t = tempo; ln = logarítmo neperiano; K = constante. 
 Os principais conceitos de tempo estão relacionados com a idade, rotação e madureza 
de corte. 
 
2.2.1 Idade 
 
A idade é definida pelo número de anos de vida de uma planta ou povoamento, 
incluindo-se o tempo de viveiragem. 
A determinação exata da idade é importante no manejo florestal, pois permite medir o 
incremento, produção, estoque e a madureza. Por isto, ela deve ser determinada no plano de 
manejo para todas as unidades de produção. 
A idade é o elemento que permite classificar os povoamentos segundo o Estado 
Arbóreo, em povoamentos equiâneos ou inequiâneos. Os povoamentos são ditos equiâneos 
quando os componentes do estado arbóreo tiverem a mesma ou quase a mesma idade e, 
inequiâneos quando os componentes do estado arbóreo tiverem idades diferentes. 
A diferenciação entre um povoamento equiâneo de um inequiâneo é um critério 
artificial, normalmente determinado pelo limite de idade. Este limite de idade é determinado 
pela idade média mais ou menos 10% da idade média (LI = i  i . 0,1). Quando todos os 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 37
componentes do estado arbóreo tiverem idade dentro do limite de idade, o povoamento é 
classificado como equiâneo, caso contrário, inequiâneo. 
Para determinar a idade média de uma classe de manejo existem as seguintes 
possibilidades: 
 
- Idade Média de áreas: 
 
n21
nn2211
a...aa
.ai....ai.ai
Ia


 
 
Sendo: i = idade da unidade de produção; a = área da unidade de produção 
correspondente. 
 
- Idade Média de volume: 
 
n21
nn2211
v...vv
.vi....vi.vi
Iv


 
 
Sendo: i = idade da unidade de produção; v = volume da unidade de produção 
correspondente. 
 
As unidades de produção de idades semelhantes podem ser agrupadas em classes, 
através dos seguintes critérios: 
 
- Classes naturais de idade: estas classes estão relacionadas aos diversos estágios de 
vida de um povoamento, conduzido sob um sistema de manejo. Assim, por exemplo, no 
sistema de alto fuste pode-se dividir o desenvolvimento do povoamento nas seguintes fases: 
Classe I - Renovação: inclui todos povoamentos com idade que vai do plantio até o 
fim dos tratos culturais. 
Classe II - Estado denso: inclui todos os povoamentos com idade que vai do final dos 
tratos culturais ao início dos desbastes. 
Classe III - Estado de desbaste: inclui todos os povoamentos com idade e estado de 
desbaste, com diâmetro médio geralmente inferior a 20 cm. 
ClasseIV - Estado de madeira: inclui todos os povoamentos em que o diâmetro 
médio for maior que 20 cm. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 38
- Classes silviculturais-técnicas de idade: estas classes silviculturais-técnicas de 
idades são formadas pelo agrupamento dos povoamentos que apresentem um mesmo estado 
de intervenções: 
Classe I - Povoamentos em renovação: inclui todos os povoamentos onde já foi 
realizado o corte raso e foi implantada uma nova cultura. 
Classe II - Povoamentos de tratos culturais: inclui todos os povoamentos que se 
encontram em estado de tratos culturais. 
Classe III - Povoamentos em desbaste: inclui todos os povoamentos que se 
encontram em estado de realização de desbastes. 
Classe IV - Povoamentos em corte final: inclui todos os povoamentos velhos, nos 
quais será realizado o corte raso. 
 
- Classes artificiais de idade: são agrupados todos os povoamentos, independente do 
estado de desenvolvimento ou tratamento, sendo formadas da seguinte maneira: 
Classe I - 0 - 10 anos 
Classe II - 11 - 20 anos 
Classe III - 21 - 30 anos 
Classe IV - 31 - 40 anos. 
 
 O intervalo de classe de idade depende da grandeza da rotação. Para rotações médias 
de 40 até 50 anos, o intervalo de classe de idade pode ser de 10 anos; para rotações maiores de 
50 anos, intervalos de 20 anos; em rotações curtas até 20 anos, intervalos de 5 anos; e rotações 
muito curtas de 7 anos, intervalos de 2 anos. O importante é formar entre 4 a 5 classes de 
idade para agrupar os povoamentos. 
 
2.2.2 Rotação 
 
A rotação é um termo relacionado com o tempo que leva um povoamento a ser 
cortado. É o tempo regular entre o cultivo e o corte. A rotação é uma grandeza matemática, 
utilizada para fins de administração, manejo e planejamento de corte. 
A grandeza da rotação depende da espécie, sítio, meta econômica e meta técnica, 
definida pelo sistema de manejo, em conseqüência a produção de determinados tipos de 
sortimentos. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 39
Na execução do manejo, a grandeza da rotação muitas vezes difere da idade de corte 
final, que é a idade real da realização do corte, que muitas vezes não coincide com a rotação 
devido aos seguintes aspectos: razões de estoque, que na idade da rotação pode estar muito 
baixo ou alto demais; razões econômicas da empresa, pelo baixo preço da madeira, o que 
leva a prolongar a rotação; razões de gastos extraordinários, o que leva a antecipar os cortes. 
 
2.2.3 Madureza de corte 
 
A madureza de corte é uma medida individual para designar a idade adequada de 
aproveitamento. Ao contrário da rotação ela determina um objetivo técnico. A madureza 
pode ser chamada de idade de madureza de corte, que não precisa ser idêntica a madureza, 
por ser a idade real de realização do corte. 
A madureza de corte é utilizada para especificar os cortes em povoamentos 
inequiâneos, manejada em sistemas de jardinagem, ao contrário da rotação que é utilizada em 
sistemas de manejo para povoamentos equiâneos. 
A idade de madureza de um indivíduo é alcançada quando atinge certo tamanho em 
diâmetro, altura ou qualidade. São valores absolutos que dependem dos critérios a serem 
definidos pelo proprietário. Esta madureza pode ser: 
- Madureza física: quando a árvore alcança o limite vital é variável de acordo com a 
espécie; 
- Madureza em volume: quando a árvore alcança o máximo de seu rendimento em 
massa, ocorre na idade de culmíneo do incremento médio anual; 
- Madureza em valor ou financeira: quando a árvore alcança o máximo incremento 
em valor econômico. Ela ocorre quando o povoamento fornece a maior renda do solo. Este 
critério foi utilizado na segunda metade do século passado, baseado na fórmula de Pressler, 
definida por: 
 H 
P = Z . __________ 
 H + G 
 
Sendo: Z = incremento em valor; H = valor do estoque; G = valor da terra; P = 
percentagem indicando o aumento de valor anual. 
 
 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 40
2.3 Espaço e tempo 
 
A produção florestal que ocorre em maiores espaços deve ser relacionados de maneira 
que possibilitam o máximo de aproveitamento e de preservação dos benefícios gerais. 
 
2.3.1 Rendimento sustentado e uso múltiplo da floresta 
 
É o princípio de fornecer produção ótima de bens materiais e imateriais à sociedade. 
Este conceito, nos últimos tempos, sofreu uma certa ampliação, pois atualmente entende-se 
também a permanência das funções sociais da floresta. 
 
2.3.1.1 Histórico da sustentabilidade 
 
 A ação do homem sobre os ecossistemas, em qualquer parte do mundo, em época atual 
ou não, constituiu-se no alicerce do desenvolvimento social e econômico das comunidades. 
 Embora esse fato seja aceito por todos, muitas vezes os recursos naturais, tal sua 
abundância, foram considerados um empecílho ao desenvolvimento econômico e por isso 
foram subaproveitados ou mesmo dizimados, dando lugar a outras formas de atividade 
econômica. 
 A ação humana, por meio de um longo processo de alteração ambiental, conduziu em 
alguns casos, ao desenvolvimento econômico e social, mas, em muitos outros, trouxe junto à 
escassez dos recursos, o declínio e a extinção, até mesmo, de sociedades. 
 O consumo desordenado, o desperdício e a substituição das florestas por outras 
atividades econômicas levou, já em épocas remotas, ao desabastecimento de madeira e a 
inviabilização de empreendimentos, obrigando os governantes ao confisco, à restrição e à 
regulamentação do corte de árvores. 
 Várias proibições, restrições e punições visando regulamentar o uso da floresta datam 
do ano de 1500, na Áustria, quando foi proibido o corte de madeira sem permissão oficial, 
proibido deixar apodrecer madeiras, proibido deixar animais domésticos em florestas, pois 
poderiam danificar árvores jovens e comprometer a regeneração. Essas, entre outras 
tentativas de recuperação e de garantir o abastecimento da população com produtos florestais 
não evitaram a escassez de madeira, obrigando então a realizarem-se mudanças na política de 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 41
uso de florestas e no desenvolvimento de métodos que propiciassem o melhor aproveitamento 
dos recursos florestais. 
O grande passo foi dado com o desenvolvimento da idéia de sustentabilidade, a qual 
foi formulada já no início do século XVI e desenvolvida pelos engenheiros florestais ao longo 
de muitos anos, até os tempos atuais. Já no início, observou-se uma grande difusão dos termos 
relacionados a sustentabilidade florestal. Com a orientação do manejo florestal sustentado, 
surgiram novas idéias, durante um período de esclarecimento à comunidade. A dominância 
desse dogma fomentou a preocupação do homem com o futuro e a incerteza (SCHANZ, 
1996). 
O termo sustentabilidade florestal foi documentado pela primeira vez, provavelmente, 
por Hans Carl von Carlowitz, em 1713, na Alemanha, divulgado no seu livro 
“Silviculture Oeconomiaca”, afirmando que: a floresta deve fornecer produtos madeireiros e 
não-madeireiros às gerações atuais e às futuras em igual quantidade e qualidade às, hoje, 
disponíveis (Speidel, 1972). 
 Para que isso possa ser possível é preciso que, periodicamente, seja cortada somente 
uma quantidade de madeira igual ao crescimento das árvores da floresta, proporcionando, 
assim, a perpetuação do estoque de madeira e da biodiversidade, o que requer longo prazo e a 
manutenção do equilíbrio do ecossistema, suporte básico de qualquer produção. 
 A quantidade de madeira possível de corte corresponde à soma do crescimento de cada 
árvoreda floresta, em um determinado período, sendo obtida, principalmente, pelo corte das 
árvores maduras, velhas e/ou doentes. Essa ação deve proporcionar melhores condições de 
crescimento para as árvores remanescentes e ser realizada de forma equilibrada sobre todas as 
espécies existentes na área. 
 A produção sustentada de madeira em longo prazo requer, indiscutivelmente, a 
manutenção de condições ecológicas ótimas para as espécies, bem como o retorno 
econômico, sem o qual não haverá sustentabilidade. 
 O termo manejo, que no início considerava apenas a produção contínua de madeira, foi 
sendo alterado, envolvendo hoje também o planejamento econômico e ecológico da empresa 
florestal a médio e longo prazos, com base no princípio de regime sustentado e uso múltiplo. 
 Sem dúvida, o princípio de sustentabilidade e as técnicas de gerenciamento de 
florestas desenvolvidos foram e são, no mundo todo, a garantia da recuperação de áreas 
florestais, da estabilidade ecológica e do abastecimento contínuo de indústrias e da população. 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 42
 A palavra sustentabilidade é um termo neutro e seu significado está diretamente ligado 
às expressões manutenção, constância, continuidade e a não-interrupção de um efeito ou 
condição. O seu significado preciso só é conhecido após ser definido o objetivo a ser 
alcançado. 
A manutenção, a constância e a continuidade de um efeito ou produto pode estar 
relacionada a uma condição como a área, o volume de madeira, e a uma situação ecológica. 
Ainda, pode estar associada ao desenvolvimento ou mudanças, como por exemplo, a 
produção de um determinado bem madeireiro e não-madeireiro, como proteção do solo, água, 
ar, vegetação e animais. 
 A expressão sustentabilidade será operacional somente após ser determinada a 
condição atual para essa sustentabilidade (condição estática), como se processará seu 
desenvolvimento (condição/efeito dinâmico) e ainda, ser definido o objetivo para o qual será 
realizado o planejamento. De forma geral, essas condições podem ser resumidas por 
intermédio do seguinte esquema: 
 
SUSTENTABILIDADE 
ESTÁTICA 
(Continuidade da Situação) 
DINÂMICA 
(Continuidade da Produção) 
1. Área florestal 
2. Condições ecológicas 
3. Volume de corte sustentado 
4. Valor do volume de corte 
5. Manutenção da empresa 
6. Manutenção do capital 
7. Força de trabalho 
1. Incremento 
2. Aproveitamento da madeira: volume e 
 qualidade 
3. Receitas líquidas 
4. Rentabilidade 
5. Eficiência do capital 
6. Rentabilidade do trabalho 
7. Infra-estrutura: produção, proteção, 
 recreação, etc. 
8. Uso múltiplo. 
Fonte: Speidel(1972) 
 
 A forma estática é considerada condicionante para chegar-se às formas específicas de 
sustentabilidade dinâmica, ou seja, a sustentação do volume é a condicionante da produção de 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
 43
madeira, assim como a manutenção da área é o fundamento da sustentabilidade biológica do 
efeito de proteção proporcionado pela floresta. 
 O princípio da sustentabilidade é utilizado por diversos ramos da economia e não 
somente pelo setor florestal. Entretanto, existem diferenças entre seus efeitos no segmento 
florestal e no de outro segmento produtivo. Enquanto no segmento florestal, a inter-relação da 
produção florestal com a natureza e o longo período de tempo que requer pode levar, quando 
da não-observância das condicionantes da sustentabilidade, a danos irreparáveis que só serão 
sentidos em longo prazo. Em outros segmentos econômicos, seus efeitos são logo conhecidos, 
sendo possível introduzir correções simultâneas para garantir ou aproximar ao planejado. 
 No setor florestal, a aplicação da sustentabilidade, como princípio de perpetuidade, 
considera ainda os seguintes aspectos (Speidel, 1972): 
 a) Oferta regular de madeira para suprir a demanda regional. O abastecimento de 
madeira para mercados distantes está condicionado ao preço de mercado, e do custo de 
transporte. 
 b) Produção contínua e constante dos efeitos de proteção ambiental, (água, ar, solo, 
etc.) e do bem-estar da população. 
 c) Quanto melhor utilizada a capacidade de produção da floresta, regular e 
continuamente, menores serão os custos do empreendimento. 
 d) Sustentabilidade de uma floresta representa rendimentos regulares e alta liquidez. 
 e) A segurança é aumentada com o manejo dos povoamentos, pois com o trabalho 
continuado são reduzidos os perigos de incêndios, ataques de insetos, doenças, ventos e de 
outros fatores que podem causar danos. 
 f) A sustentabilidade é condicionante para a estabilidade da organização florestal em 
longo prazo, que é dependente da quantidade e da continuidade da produção. 
 
2.3.1.2 Novas concepções de sustentabilidade 
 
Após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no 
Rio de Janeiro, em 1992, foi enfatizada a dimensão ecológica e social do desenvolvimento 
sustentado, abrangendo não só a dimensão econômica. 
Esse "novo enfoque" de sustentabilidade, "manutenção das condições ambientais", é, 
na verdade uma das condicionantes do manejo em regime sustentado preconizado por Von 
Manejo Florestal: Planejamento da Produção Florestal 
 
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Carlowitz, em 1713, e desde então é aplicado pelos Engenheiros Florestais ao manejo das 
florestas. Tais enfoques, agora enfatizados, são preceitos indispensáveis no manejo e 
ordenação de florestas já descritos por Bauer (1877), Mantel (1959), Speidel (1972), entre 
outros. 
Segundo Whitmore (1994), na segunda Conferência Ministerial sobre proteção das 
florestas na Europa, realizada em Helsinki, em 1993, foi aceita a seguinte definição de 
manejo sustentado: o manejo sustentado significa a administração e uso das florestas e 
terrenos florestais de forma que mantenham sua biodiversidade, produtividade, capacidade de 
regeneração, vitalidade e um potencial para cumprir, hoje e no futuro, pressões ecológicas, 
econômicas e sociais, em níveis locais, nacionais e global, e que não cause danos a outros 
sistemas. 
 Para atuar no manejo sustentado de florestas, é necessário o estabelecimento de 
princípios em nível nacional e regional. As ações necessárias variam nas diferentes zonas, 
desde áreas altamente habitadas e contaminadas, a ecossistemas frágeis, tendo alguns 
princípios comuns. Os objetivos gerais, segundo o autor, podem incluir os seguintes aspectos 
adotados na Conferência de Helsinki: 
a) As ações humanas que conduzem, direta ou indiretamente, à degradação irreversível 
do solo florestal, da fauna e da flora deverão ser proibidas. Os esforços deverão ser 
incrementados para manter as emissões de ar contaminado e gases abaixo dos níveis de 
tolerância esperados nos ecossistemas florestais. As queimadas e a poluição do solo deverão 
ser controladas. 
 b) A política florestal deverá reconhecer a natureza de longo prazo das florestas, e 
deverá influenciar fortemente as práticas, tanto nas florestas estatais como nas privadas que 
facilitem as funções e a ordenação sustentada, incluindo a conservação e um apropriado 
incremento da biodiversidade. 
 c) O manejo florestal deverá basear-se em políticas e regulações estáveis e de longo 
prazo, as quais ajudam a conservação dos ecossistemas florestais funcionais. 
d) O manejo florestal deverá basear-se em planos e em programas periódicos a nível 
local, regional e nacional, na fiscalização florestal, avaliação dos impactos ecológicos e no 
conhecimento científico e experiência prática. 
e) O manejo florestal deverá aportar, até o ponto que seja econômica e ambientalmente 
possível,

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