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Aula 2 – A Modernidade e o Estado moderno SEMERARO, G. Introdução – um mundo que se revoluciona. In: O pensamento moderno. Aparecida (SP): Ideias & Letras, 2011. I) Por que moderno? Século XV e XVI: crise do mundo construído ao longo da Idade média (+ ou – V d. C.) Impulsos: descobertas científicas e as transformações econômicas e políticas colocam em xeque a concepção de mundo e de ordem feudal, baseada em instituições fechadas, hierárquicas e religiosas, bem como questionam os pressupostos da tradição filosófica medieval Fundamental para a compreensão da Teoria Política moderna Mudança nas instituições políticas – a emergência do Estado moderno Mudanças no plano do pensamento filosófico – assumir novos pressupostos, procedimentos e questões Desenvolvimento das cidades como unidades de poder autônomas – novas configurações do ser humano Novas formas de conhecimento e de organização social 1) Desenvolvimento das ciências e de novas tecnologias Impacto no incremento da produção, da navegação e da expansão do comércio – imenso acúmulo de riqueza Ritmo acelerado de mudanças na política, nas artes, nos costumes, na filosofia e na religião Moderno – momento atual (modo, em latim) Idade Média Eixo temporal da vida social e individual: passado Regra: tradição, costume Ação humana: repetição Ordem universo e social: imobilidade Idade Moderna Eixo temporal da vida social e individual: presente Valorização da experimentação e da mudança Ação humana: criar, empreender Ordem universo e social: movimento e mobilidade Grandes diferenças Período medieval Ordem natural – dada pela vontade divina Regida por preceitos religiosos aos quais cabe ao homem obedecer (crer) Moderno Surgimento da liberdade e de indivíduos impelidos a desenvolver o próprio espírito de iniciativa, aberto a novos conhecimentos e a se organizar em grupos de poder Homem como autor de si e de sua história – a invenção do indivíduo moderno (sujeito autoconsciente e portador de interioridade) Reconhecimento da mutação: formulação de Marx no Manifesto Comunista II) A nova configuração da Terra e do Universo 1) “Descoberta da América” – Grande conquista + enaltecimento das capacidades humanas (bússola, pólvora, imprensa) Um novo mapa do mundo: regiões, povos e culturas diferentes. O primeiro mapa-múndi onde aparece o nome América é o de Martin Waldseemuller, de 1507. A acumulação de riqueza nas metrópoles e nas modernas nações/processo e globalização > abalo do Eurocentrismo e da ideia de que o homem ocupa o centro do Universo divino trazida pelas descobertas da Astronomia Mudanças na visão de universo Visão unitária e hierárquica fundada na Cosmologia aristotélica (IV a. C.) e na astronomia de C. Ptolomeu (II d. C.) Concepção que suporta a ideologia/doutrina da Igreja e apropriada pelo senso comem Modelo não hierárquico, heliocêntrico, constituído por uma única matéria matematicamente ordenada e passível de conhecimento Base da concepção moderna de ciência Cosmologia aristotélica Dualidade de mundos Universo é um todo ordenado em que os elementos têm seus lugares próprios. O mundo supralunar e sublunar são materialmente distintos e regidos por regras diferentes Mundo supralunar: formas puras, perfeitas e incorruptíveis formada por éter ou quintessência. Estas formas realizam movimentos circulares em torno da Terra. Mundo sublunar: matéria bruta, dispersa e perecível, composta por terra, ar, fogo e água. Não há vazio e o universo é finito, tendo como centro estático a Terra. Essa noção é base da visão de universo adotada pela Igreja, que introduz a ideia de universo criado pela vontade divina. Nova visão do universo e da Terra Nicolau Copérnico Modelo matemático que mostrava como a Terra e os planetas giravam em torno do Sol (heliocentrismo) J. Kepler Leis dos movimentos dos planetas e órbitas elípticas, movimento cuja velocidade dependia da relação com outras forças do universo. Órbitas Elípticas – x círculo como símbolo da perfeição divina Galileu Observação direta – lunetas (1609) –observação dos corpos celestes Conclusão: o mundo sublunar e o mundo supralunar são estruturados pela mesma matéria e regidos pelos mesmos princípios, o que os torna igualmente analisáveis em seus elementos constitutivos pelas regras e linguagem matemática. Concepção de ciência moderna Transformações que afetam os objetos, os procedimentos, os modos de conhecer bem como o sentido: para que conhecer? Ponto de partida: fenômeno, observação, experimentação, verificação e debate público. Conhecer (matematicamente) a estrutura da realidade – modelos que empoderam a ação dos homens sobre a realidade Saber > agir – domínio da naturezaExtensão para a análise do corpo humano (biologia) e da sociedade. Ex.: Física Social de Comte. III) Renascimento Revolução científica – bojo das transformações da cultura e das formas sociais durante o Renascimento. Movimento político e artístico cultural que surge na Itália do século XV e se alastra pela Europa Ruptura com o universo mental medieval – ordem divina do universo e do mundo Valorização do homem e de suas realizações – resgate (seletivo/idealizado) da cultura clássica greco-romana IV) A Reforma na Igreja As profundas contestações à ordem construída pela Igreja antecedem o movimento de Lutero. Lutero (monde agostiniano) reivindica uma reforma da/na Igreja a partir de suas 95 teses Lutero será condenado por Roma, mas protegido por Frederico da Alemanha e apoiado por nobres que visavam à autonomia e à independência da Igreja (interesses econômicos) Fundamentar um comportamento de liberdade individual que alimentará o liberalismo. Favorecimento da acumulação de bens e anecessidade dos investimentos – a burguesia V) O surgimento da burguesia e a questão do poder Império romano > Cristandade > formação das comunas e Estados nacionais Multiplicidade de centros de poder em permanente estado de guerra para defender seu território e conquistar novos domínios Modernas teorias do poder – vontade de indivíduos livre e iguais x princípios da hereditariedade e da origem divina do poder Maquiavel e O Príncipe em 1513 Relações de forças que se enfrentam na ação política (grandes e pequenos) Política: campo em que operam Virtú e Fortuna (talento e circunstâncias) Política: a arte da verdade efetiva das coisas que se desvincula da moral e da religião. Filosofia política de Maquiavel: mobilidade do tempo, a imprevisibilidade dos acontecimentos e a contínua instabilidade > outra concepção de ser humano Avanço do mundo moderno Decomposição definitiva do feudalismo e a ruptura dos laços dos súditos com o senhor e a terra Empreendedores provenientes dos burgos – uma nova classe: a burguesia (conhecimento e riqueza/controle do trabalho) Modelo sociopolítico elaborado pela burguesia – propriedade privada, apropriação de terras públicas e controle das novas instituições culturais e administrativas (século XVII e XVIII) VI) As características da filosofia moderna Reflexão crítica que acompanha as descobertas, as diversas atividades da ciência e as transformações sociais. a) bases para a construção de um conhecimento aceitável e seguro – Epistemologia (estudo das formas e possibilidades de conhecer) b) caráter social e político – compreensão do mundo humano e de seus fatos contingentes. c) Desencantamento do mundo – crítica e abandono da metafísica e da teologia > interpretação da sucessão incontrolável dos fatos e fenômenos que se dão no tempo D) filosofia – antropológica > valores do mundo e realizações humanas > secularização E) Perspectiva burguesa na filosofia
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