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AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá pessoal, Dando continuidade ao nosso curso de auditoria para o concurso do ISS BH, a aula desta semana compreenderá os seguintes assuntos contidos no programa do concurso: Aspectos Gerais e Normas de Auditoria; Ética Profissional e Responsabilidade Legal do Auditor; Auditoria Interna Versus Auditoria Externa: Conceito, Objetivos, Responsabilidades, Funções e Atribuições; e Controle de Qualidade. ASPECTOS GERAIS DE AUDITORIA Com relação a esse assunto, entendo que inicialmente devemos estudar os aspectos gerais relativos ao processo de auditoria, bem como os conceitos e os objetivos da auditoria contábil, presentes nos primeiros capítulos dos livros de auditoria. Além da doutrina, cabe também verificar os conceitos e objetivos do auditor quando aplica uma norma específica. Hilário Franco e Ernesto Marra (Auditoria Contábil, da Atlas) conceituam auditoria da seguinte forma: A auditoria compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes. Os mesmos autores consideram que a auditoria é a técnica contábil utilizada para avaliar as informações relativas à estrutura e à composição do patrimônio de uma entidade e, portanto, apresentam a seguinte definição para auditoria: A técnica contábil que – através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações, relacionados com o controle de patrimônio de uma entidade – objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas de Contabilidade e se as demonstrações contábeis deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 2 Assim, podemos concluir que a auditoria é um dos meios de que a contabilidade dispõe para atingir suas finalidades. O objeto da contabilidade é o patrimônio administrado. A auditoria, sendo um dos meios utilizados pela Contabilidade, tem o mesmo objeto: o patrimônio, especificamente no tange ao seu controle e às informações sobre o seu estado e variações. Como meios para atingir os seus fins, a Contabilidade utiliza o registro dos fatos contábeis, a exposição sintética da situação patrimonial e suas variações, através das demonstrações contábeis e, complementarmente, a técnica auditorial destinada a comprovar os fatos registrados e suas demonstrações. Assim, a auditoria completa e valoriza a contabilidade, pois: ¾ fiscaliza o controle do objeto comum – o patrimônio; ¾ confirma a confiabilidade dos meios que ela utiliza – o registro dos fatos e as demonstrações contábeis; ¾ aperfeiçoa seus fins – divulgação de informações para fins de orientação administrativa e de investidores, cumprimento de obrigações legais e fiscais e controle patrimonial; ¾ atesta a adequação dos registros; e ¾ informa as deficiências observadas. Ressaltando que a contabilidade é um todo, do qual fazem parte: • a escrituração: registro dos fatos • as demonstrações contábeis: demonstração expositiva dos fenômenos patrimoniais • a própria auditoria: exame e avaliação dos registros e de demonstrações contábeis • a análise de balanços: análise, comparação e interpretação das demonstrações contábeis Segundo a Resolução CFC nº 820/97 (NBCT 11 - revogada), o objetivo da auditoria das demonstrações contábeis é emitir parecer sobre a adequação ou conformidade das demonstrações contábeis, perante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, em circunstâncias específicas e no que for pertinente, a legislação específica. Já a NBC TA 200, norma que trata dos objetivos gerais do auditor independente e que revogou a NBCT 11, define que o objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 3 aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável. OBSERVAÇÃO: Estrutura de relatório financeiro aplicável é a estrutura de relatório ou de demonstração financeira adotada pela administração e aceitável em vista da natureza da entidade e do objetivo das demonstrações contábeis ou que seja exigida por lei ou regulamento. Quanto aos objetivos da auditoria, é preciso ter atenção em prova para não confundir a finalidade (ou o objetivo principal) da auditoria contábil com outros objetivos que não são do auditor e sim da administração e ainda com objetivos secundários da auditoria que decorrem de seu objetivo principal, a saber: CONSTITUEM OBJETIVOS PRINCIPAIS DA AUDITORIA CONTÁBIL: ¾ emitir parecer sobre a adequação ou conformidade das demonstrações contábeis; ou ¾ aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários, mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre as demonstrações contábeis. NÃO SÃO OBJETIVOS PRINCIPAIS DA AUDITORIA CONTÁBIL: ¾ detectar fraudes e erros e/ou realizar a correção de erros administrativos e de gestão. A responsabilidade primária pela detecção de erros e de sua correção é da administração da empresa. O auditor planeja os seus trabalhos com o intuito de detectar fraudes e erros que tenham efeito relevante sobre as demonstrações. Por outro lado, o auditor contábil se preocupa com os erros ou distorções contábeis e não com os erros administrativos e de gestão, que seriam preocupações maiores da auditoria interna da empresa; ¾ melhorar a eficácia dos controles internos. Contribuir para a melhoria dos controles é um objetivo secundário da auditoria externa, que decorre do objetivo global de expressar opinião sobre as demonstrações. Ainda quanto ao objetivo global do auditor externo de emitir opinião ou parecer sobre as demonstrações contábeis, a NBCT 11 contém as seguintes normas gerais freqüentemente cobradas pelas bancas: AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 4 Na ausência de disposições específicas, prevalecem as práticas já consagradas pela profissão contábil, formalizadas ou não pelos seus organismos próprios. Observação: Reparem que o auditor utiliza as práticas contábeis consagradas pela profissão quando não existem disposições específicas na legislação e nas normas, sejam essas práticas formalizadas ou não pelos órgãos reguladores. Salvo declaração expressa em contrário, constante do parecer, entende- se que o auditor considera adequadas e suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas demonstrações contábeis, tanto em termos de conteúdo quanto de forma. Observação: Se não há manifestação contrária em relatório/parecer, subentende-se que o auditor considera adequadas as informações divulgadas nas demonstrações contábeis, tanto em termos de conteúdo quanto de forma. O parecer do auditor independente tem por limite os próprios objetivos da auditoria das demonstrações contábeise não representa, pois, garantia de viabilidade futura da entidade ou algum tipo de atestado de eficácia da administração na gestão dos negócios. Observação: Não é objetivo da auditoria independente avaliar o desempenho da entidade auditada. Portanto, um parecer sem ressalva não significa garantia de viabilidade futura da entidade ou algum tipo de atestado de eficácia da administração na gestão dos negócios. Significa apenas que as demonstrações não contêm erros, distorções ou omissões relevantes. O parecer é de exclusiva responsabilidade de contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade, nestas normas denominado auditor. Observação: O parecer só deve ser assinado por contador registrado no CRC. Assim, não pode assiná-lo um contador sem registro no CRC ou um técnico em contabilidade. AFIRMAÇÕES CONTIDAS EM DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Vimos que o objetivo global de uma auditoria de demonstrações contábeis é emitir uma opinião se as demonstrações da entidade auditada encontram-se apresentadas adequadamente, em todos os aspectos materiais, de acordo com os princípios contábeis. Para atingi-lo, o auditor geralmente identifica vários objetivos de auditoria específicos para cada conta que aparece nas demonstrações. Esses objetivos AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 5 específicos derivam-se das afirmações que a administração faz e que se encontram nas demonstrações contábeis e essas afirmações são importantes para o auditor porque orientam a coleta de evidências sobre a adequação de sua apresentação. As normas de auditoria reconhecem cinco categorias amplas de afirmações em demonstrações contábeis, que estão resumidas no quadro a seguir: Categoria de afirmação Natureza Existência ou Ocorrência Ativos e passivos da entidade existem em determinada data e transações de receitas e despesas ocorreram durante determinado período. Integridade ou Abrangência Todas as transações e contas que deveriam ser incluídas nas demonstrações contábeis realmente o foram. Direitos e Obrigações Ativos são os direitos da entidade e passivos são suas obrigações em determinada data. Avaliação ou Alocação Quantias pelas quais os componentes de ativos, passivos, receitas e despesas foram incluídos nas demonstrações contábeis são adequadas. Apresentação e Divulgação Componentes particulares das demonstrações contábeis encontram-se adequadamente classificados, descritos e evidenciados. Percebam que a confirmação dessas afirmações por parte do auditor constitui o objetivo dos testes substantivos da auditoria contábil, ou seja, confirmar a exatidão, a suficiência e a validade das informações contábeis, no nível de contas específicas e das demonstrações contábeis como um todo. REFLEXOS DA AUDITORIA SOBRE A RIQUEZA PATRIMONIAL Outro aspecto geral da auditoria independente que pode ser cobrado pela banca examinadora é a proteção que a auditoria oferece à riqueza patrimonial, dando maior segurança e garantia aos administradores, aos proprietários, ao fisco e aos financiadores do patrimônio, quanto aos seguintes aspectos: Sob o aspecto administrativo: contribui para a redução de ineficiência, negligência, incapacidade e improbidade de empregados e administradores. Sob o aspecto patrimonial: possibilita melhor controle dos bens, direitos e obrigações que constituem o patrimônio. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 6 Sob o aspecto fiscal: é fator de mais rigoroso cumprimento das obrigações fiscais, resguardando o patrimônio contra multas, o proprietário contra penalidades decorrentes de lei de sonegação fiscal e o fisco contra sonegação de impostos. Sob o aspecto técnico: contribui para mais adequada utilização das contas, maior eficiência dos serviços contábeis, maior precisão das informações e a garantia de que a escrituração e as demonstrações contábeis foram elaboradas de acordo com os princípios e normas de contabilidade. Sob o aspecto financeiro: resguarda créditos de terceiros – fornecedores e financiadores – contra possíveis fraudes e dilapidações do patrimônio, permitindo maior controle dos recursos para fazer face a esses compromissos. Sob o aspecto econômico: assegura maior exatidão dos custos e veracidade dos resultados, na defesa do interesse dos investidores e titulares do patrimônio. Sob o aspecto ético: examina a moralidade do ato praticado, pois o registro poderá estar tecnicamente elaborado e o fato legalmente comprovado, porém o ato da administração poderá ser moralmente indefensável, cabendo à auditoria apontá-lo para julgamento dos titulares do patrimônio ou de seus credores. Sob o aspecto social: dá credibilidade às demonstrações contábeis das empresas e assegura a veracidade das informações, das quais dependerá a tranqüilidade quanto à sanidade das empresas e à garantia de empregos. Vamos resolver algumas questões de concursos anteriores sobre os assuntos estudados até aqui. OBSERVAÇÃO: Para cada tema específico desta aula, solucionaremos algumas questões de concursos anteriores. Para aqueles que preferem primeiro resolver as questões e depois comparar com os nossos comentários, relacionamos as questões ao final da aula sem os comentários. 1) (Auditor/BADESC/FEPESE/2005) Quanto às definições e conceitos de auditoria, assinale a alternativa incorreta. a) Auditoria é a técnica contábil que tem como objetivo realizar a correção de erros administrativos e de gestão. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 7 b) Auditoria é uma técnica contábil que compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações e confirmações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão desses registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes. c) Auditoria é uma tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados. d) A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica. Solução: Vimos que a auditoria é a técnica contábil que, através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações, relacionados com o controle de patrimônio de uma entidade – objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas de Contabilidade e se as demonstrações contábeis deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas.” Notem que é o mesmo conceito apresentado na alternativa “b” e muito próximo do contido na alternativa “c”. Ambas estão corretas e expressam adequadamente o propósito da auditoria contábil: é a técnica mediante a qual se obtém informações sobre o patrimônio de uma entidade, bem como sobre suas variações, para emitiropinião sobre a adequação dos registros e das demonstrações contábeis. A alternativa “d” também está correta e reproduz o disposto na Resolução CFC nº 820/97 (já revogada), sobre o conceito e o objetivo da auditoria independente das demonstrações contábeis, qual seja: “A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica”. Sobrou a alternativa “a”. De fato, ela está incorreta e satisfaz o enunciado da questão, pois a correção de fraudes ou erros não constitui o objetivo principal da auditoria contábil. O auditor aplica procedimentos para emitir opinião sobre as AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 8 demonstrações contábeis, verificando se existem erros ou distorções relevantes que as tornem inadequadas. A responsabilidade pela detecção de erros e sua correção é da administração da empresa. 2) (ICMS/RIO/FGV/2009) A respeito de conceituação e objetivos da auditoria independente, analise as afirmativas a seguir: I. A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, à legislação específica. II. Na ausência de disposições específicas, prevalecem as práticas já consagradas pela profissão contábil, formalizadas ou não pelos seus organismos próprios. III. O auditor considera adequadas e suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas demonstrações contábeis, apenas em termos de conteúdo, salvo declaração expressa em contrário, constante do parecer. Assinale: (A) se somente a afirmativa III estiver correta. (B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se todas as afirmativas estiverem corretas. Solução: Essa questão trata dos objetivos do auditor contábil quanto à emissão do parecer sobre as demonstrações contábeis, de acordo com a Resolução CFC nº 820/97 (NBC T 11), já revogada. Passamos a analisar cada afirmativa da questão: Afirmativa I - em conformidade com a norma, a auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade e, no que for pertinente, a legislação específica. Afirmativa certa. Afirmativa II – A norma estabelece que, inexistindo uma norma específica sobre uma determinada operação contábil, o auditor terá como referência para avaliar a forma como foi tratada e registrada a operação, as práticas já consagradas pela Profissão Contábil, sejam elas formalizadas ou não pelos seus organismos próprios. Afirmativa certa. Afirmativa III – A norma estabelecia que, salvo declaração expressa em contrário, consoante o parecer, entende-se que o auditor considera adequadas e suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 9 demonstrações contábeis, tanto em termos de conteúdo quanto de forma. Portanto, há erro quando se afirma que o auditor considera adequadas e suficientes, para o entendimento dos usuários, as informações divulgadas nas demonstrações contábeis, apenas em termos de conteúdo, salvo declaração expressa em contrário, constante do parecer, pois, se não há nenhuma manifestação contrária em relatório/parecer, subentende-se que o auditor considera adequada também a forma de divulgação das demonstrações e não somente o seu conteúdo. Portanto, a alternativa correta é a “B”: Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. OBSERVAÇÃO: Essas disposições não mais constam das normas brasileiras. Todavia, com relação à utilização pelo auditor das práticas contábeis, a NBC TA 200 prevê as fontes que podem ser utilizadas para orientação sobre a aplicação da estrutura de relatório financeiro aplicável, quais sejam: • o ambiente legal e ético, incluindo estatutos, regulamentos, veredictos e obrigações éticas profissionais em relação a assuntos contábeis; • interpretações contábeis publicadas de diferente autoridade emitidas por organizações normatizadoras, profissionais ou reguladoras; • pontos de vista publicados de diferentes autoridades sobre assuntos contábeis emergentes, emitidos por organizações normatizadoras, profissionais ou reguladoras; • práticas gerais e de setor amplamente reconhecidas e prevalecentes; e • literatura contábil. Quando existem conflitos entre a estrutura de relatório financeiro aplicável e as fontes em que orientação sobre sua aplicação pode ser obtida, ou entre as fontes que abrangem a estrutura de relatório financeiro, a fonte com a mais alta autoridade prevalece. No caso do Brasil, como definido no item 7 da NBC T 19.27 – Apresentação das Demonstrações Contábeis, “práticas contábeis adotadas no Brasil” compreendem a legislação societária brasileira, as Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, os pronunciamentos, as interpretações e as orientações emitidos pelo CPC e homologados pelos órgãos reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam à Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitida pelo CFC e, por conseguinte, em consonância com as normas contábeis internacionais. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 10 3) (SEFAZ/SP/ESAF/2009) Sobre a auditoria independente, é correto afirmar que tem por objetivo: a) auxiliar a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. b) apresentar subsídios para o aperfeiçoamento da gestão e dos controles internos. c) emitir parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis. d) levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio. e) recomendar soluções para as não-conformidades apontadas nos relatórios. Solução: Essa questão refere-se ao objetivo geral da auditoria independente, mas também à distinção entre a auditoria interna, a auditoria independente e a perícia contábil. As alternativas “a”, “b” e “e” correspondem a objetivos da auditoria interna das entidades, que possui um propósito mais gerencial, de contribuir para a melhoria dos controles, processos e resultados da organização. A alternativa “c”, como visto anteriormente nesta aula, refere-se ao objetivo da auditoria independente, que é o de emitir parecer sobre a adequação das demonstrações contábeis. Portanto, o gabarito da questão é a alternativa “c”. A alternativa “d” refere-se ao objetivo da perícia contábil, que é a de levar à instância decisória (administrativa ou judicial) elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio. Aproveito para apresentar o seguinte quadro comparativo entre os objetivos da auditoria interna, auditoria externa e perícia contábil. AUDITORIA INTERNA AUDITORIA EXTERNA PERÍCIA CONTÁBIL - auxiliar a administração da entidade no cumprimento de seus objetivos; - agregar valor aos resultados da organização; - apresentar subsídios para o aperfeiçoamento da gestão e doscontroles internos; - aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários; - obter segurança razoável de que as demonstrações contábeis como um todo estão livres de distorção relevante; - emitir opinião ou parecer sobre a adequação das - levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio; - emitir laudo e/ou parecer pericial contábil sobre o objeto dão exame. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 11 - recomendar soluções para as não- conformidades apontadas nos relatórios. demonstrações contábeis. 4) (AFTM/ESAF/2003) A opção que representa o objetivo da auditoria externa é: a) a elaboração de normas e procedimentos econômicos, financeiros e de auditoria da empresa auditada. b) expressar um palpite sobre a posição patrimonial e financeira da empresa sem assegurar que elas representem adequadamente as operações da empresa. c) assegurar que as demonstrações financeiras irrelevantes representem a situação contábil financeira da empresa de forma fidedigna. d) o processo pelo qual o auditor se certifica de que as demonstrações financeiras representam adequadamente em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa. e) garantir que todos os lançamentos contábeis foram efetuados corretamente nos livros da empresa. Solução: O objetivo da auditoria externa é buscar evidências que assegurem que as demonstrações financeiras representam em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa. Importa aqui ressaltar a expressão relevante, pois o auditor se preocupa com erros, distorções ou omissões que sejam materiais e que possam impactar de forma relevante as demonstrações e prejudicar os usuários das mesmas. Estamos nos referindo ao nível de relevância (ou materialidade), cujo assunto será melhor abordado na aula 2 deste curso. Portanto, a alternativa correta é a ‘d”. Os demais itens estão incorretos. Não é objetivo do auditor externo elaborar normas, nem tampouco expressar um palpite e muito menos examinar demonstrações financeiras irrelevantes. Também não cabe à auditoria externa garantir que todos os lançamentos contábeis foram efetuados de forma correta, pois a auditoria é realizada por testes e amostragem e erros e falhas irrelevantes podem ser tolerados pelo auditor, pois não distorcem de forma relevante as demonstrações. 5) (TCE/SC/FEPESE/2006) Assinale a alternativa correta, quanto ao processo de auditoria: a) Afirmações sobre integridade referem-se a se ativos são direitos da entidade e passivos são as obrigações da entidade em determinada data. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 12 b) Afirmações sobre direitos e obrigações referem-se a se todas as transações e contas que deveriam ser apresentadas nas demonstrações contábeis realmente o foram. c) Afirmações sobre avaliação ou alocação referem-se a se determinados componentes das demonstrações contábeis encontram- se adequadamente classificados, descritos e evidenciados. d) Afirmações sobre apresentação e divulgação referem-se a se são adequadas as quantias pelas quais componentes de ativos, passivos, receitas e despesas aparecem nas demonstrações contábeis. e) Afirmações sobre a existência ou ocorrência tratam das seguintes questões: ( 1 ) ativos ou passivos da entidade existem em determinada data? ( 2 ) transações contabilizadas em determinado período ocorreram? Solução: Essa questão é muito interessante e constou da prova de Auditor do TCE/SC, elaborada pela FEPESE. Vale notar que se trata de uma questão de um nível avançado, pois exigia que os candidatos soubessem distinguir os tipos de afirmações contidas em demonstrações contábeis, sobre as quais o auditor busca evidências para confirmar a sua veracidade. Essa teoria encontra-se no livro de William Boynton e outros autores, Auditoria, da Atlas. Voltando, portanto, à solução da questão, verifica-se que a única opção correta é o item “e”. Afirmações sobre a existência ou ocorrência tratam das seguintes questões: ( 1 ) ativos ou passivos da entidade existem em determinada data? ( 2 ) transações contabilizadas em determinado período ocorreram? As demais alternativas estão incorretas. O item “a” refere-se à afirmação sobre direitos e obrigações; o item “b” refere-se à afirmação de integridade; o item “c” representa uma afirmação de apresentação (divulgação) e o item “d” corresponde a uma afirmação de avaliação (alocação). NORMAS DE AUDITORIA INDEPENDENTE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Para o estudo das normas de auditoria independente, precisamos inicialmente ter uma visão geral do processo de auditoria das demonstrações contábeis. Assim, lembramos que o objetivo global de uma auditoria de demonstrações contábeis é a expressão de uma opinião se as demonstrações se encontram apresentadas de acordo com as normas, práticas e princípios contábeis geralmente aceitos, em todos os aspectos materiais. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 13 O processo de julgamento acerca de quais as contas que provavelmente contêm distorções relevantes e de obtenção de evidências a respeito da apresentação adequada das demonstrações envolve vários passos. William Boynton e outros autores, no livro Auditoria, 2002, p.172, apontam os sete passos importantes no planejamento e realização de uma auditoria de demonstração contábil: 1 - Obtenção de entendimento do negócio e da indústria. O entendimento do negócio e da indústria do cliente representa um importante aspecto do planejamento da auditoria. O auditor deve obter suficiente conhecimento e entendimento do negócio e da indústria do cliente para entender os eventos, as transações e práticas que podem ter efeito importante sobre as demonstrações contábeis. O conhecimento de tendências e de fatores competitivos do negócio ajuda o auditor a desenvolver expectativas sobre as demonstrações contábeis e avaliar o risco de que elas contenham distorções. Conhecimento das tendências do negócio é crítico na avaliação da razoabilidade das atividades operacionais, de financiamento e de investimento da organização. Entendimento do negócio e da indústria ajuda o auditor a compreender importantes questões sobre sistemas de informação para um cliente e a entender quais as implicações para a auditoria, além de ajudar o auditor a avaliar a razoabilidade de estimativas contábeis e as representações da administração. 2 - Identificação de afirmações relevantes que constam da demonstração. Como vimos antes, o objetivo global de uma auditoria de demonstrações contábeis é emitir uma opinião se as demonstrações da entidade auditada encontram-se apresentadas adequadamente, em todos os aspectos materiais, de acordo com os princípios contábeis. Para atingi-lo, o auditor geralmente identifica vários objetivos de auditoria específicos para cada conta que aparece nas demonstrações. Esses objetivos específicos derivam-se das afirmações que a administração faz e que se encontram nas demonstrações contábeis e essas afirmações são importantes para o auditor porque orientam a coleta de evidências sobre a adequação de sua apresentação. 3 - Decisão sobre quais valores são materiais para os usuários da demonstração. Para emissão de parecer sobre as demonstrações contábeis, o auditor reconhece que algumas questões contábeis são importantes para uma AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA EEXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 14 apresentação adequada das demonstrações contábeis, e outras, não. Ou seja, define a materialidade ou a relevância. Materialidade ou relevância é a magnitude de uma omissão ou classificação indevida de informação contábil que, à luz das circunstâncias então presentes, torna provável que o julgamento de uma pessoa razoável que tenha utilizado a informação foi alterado ou influenciado pela omissão ou apresentação enganosa. Ou seja, é a materialidade de um erro. O auditor faz um julgamento sobre materialidade quando está planejando a auditoria, para tomar decisões sobre a extensão dos trabalhos para encontrar omissões ou classificações indevidas que, em seu agregado, possam chegar a quantias que influenciam os usuários das demonstrações contábeis. Na aula 2 abordaremos de forma detalhada esse assunto. 4 - Decisão sobre os componentes do risco de auditoria. Definido o nível de materialidade/relevância, o auditor deve avaliar o risco de auditoria, ou seja, o risco de que emita um parecer inadequado sobre demonstrações contábeis que contenham erros ou classificações indevidas relevantes ou acima do nível de relevância. Isso porque os auditores não podem examinar todas as possíveis evidências referentes a todas as afirmações referentes a todos os saldos de contas e classes de transações. O modelo de risco de auditoria orienta auditores na coleta de evidências, para que eles possam ter um grau de segurança razoável (não absoluta) de que as demonstrações estão adequadas. Os conceitos de risco e de segurança razoável são o inverso um do outro. Quanto mais certo o auditor desejar estar de que está expressando uma opinião correta, mais baixo será o risco de auditoria que estará inclinado a aceitar. Por exemplo, se desejar um nível de certeza de 98%, o risco de auditoria será de 2%. O risco de auditoria compreende três componentes: risco inerente, risco de controle e risco de detecção. Em auditoria contábil, os conceitos dos três componentes podem ser assim descritos: Risco inerente – é a suscetibilidade de uma afirmação a um erro ou classificação indevida relevante, supondo que não haja controles. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 15 Risco de controle - é o risco de que um erro ou classificação indevida relevantes, que possam constar de uma afirmação, não sejam evitados ou detectados tempestivamente pelos controles internos da entidade. Risco de detecção – é o risco de que o auditor não detecte um erro de classificação indevida relevante que existe em uma afirmação. Assim, o risco de detecção é aquele relacionado ao próprio trabalho do auditor, à possibilidade de que os testes substantivos aplicados não detectem erros, omissões ou irregularidades existentes. Basicamente, os riscos podem ser definidos de uma forma quantitativa (mediante percentuais, por exemplo) ou qualitativa (alto, médio ou baixo, por exemplo). A análise de risco e controle é uma medida importante na fase de planejamento dos trabalhos, posto que visa definir a natureza e extensão dos procedimentos e testes de auditoria. Esse tema é um dos mais explorados em concurso. Também na aula 2 aprofundaremos esse assunto. 5 - Obtenção de evidência mediante procedimentos de auditoria A coleta e a avaliação de evidência (conjunto de informações e de provas) pelo auditor representa o ponto central de auditoria. Mediante inspeções, observações, investigações e confirmações, o auditor busca obter evidência suficiente e relevante para formar base razoável para emissão de opinião sobre as demonstrações contábeis que estão sendo auditadas. A suficiência das evidências coletadas pelo auditor é afetada pelos seguintes fatores: Relevância e risco: em geral, mais evidência é necessária para contas que são relevantes e/ou que apresentam maior nível de risco. Economia: um auditor trabalha dentro dos limites econômicos que estabelecem que evidência suficiente deve ser obtida em prazo razoável e a um custo razoável. Tamanho e características da população: O tamanho da população ou quantidade de itens que ela contém exige que o auditor adote a amostragem para a coleta das evidências. Quanto maior a população maior a quantidade de evidências necessárias AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 16 para obtenção de base razoável para se chegar à conclusão sobre ela. O auditor realiza procedimentos de auditoria para obter evidências que fundamentem seu parecer sobre as demonstrações contábeis. Os procedimentos de auditoria são classificados de acordo com seus objetivos, nas seguintes categorias: Procedimentos para obtenção de entendimento: são os procedimentos adotados pelo auditor para obter conhecimento sobre o cliente, seu negócio e indústria e de fatores que possam afetar o risco inerente de que uma afirmação da administração contenha distorções. Além disso, o auditor deve obter entendimento dos controles internos do cliente para que possa planejar a auditoria. A leitura de documentos, a entrevista, a adoção de questionários e de fluxogramas podem ser técnicas úteis para obtenção desse entendimento. Testes de controles: são realizados para fornecer evidências sobre o funcionamento e a eficácia das políticas e procedimentos da estrutura de controles internos. As técnicas mais utilizadas para tal são a inspeção, a observação e a investigação e confirmação. Testes substantivos: consistem em procedimentos de revisão analítica, testes de detalhes de transações e testes de detalhes de saldos. Testes substantivos fornecem evidência da adequação das afirmações da administração em demonstrações contábeis. Esse assunto será bastante explorado na Aula 3 do nosso curso. 6 - Determinação de como as evidências constatadas serão utilizadas para fundamentar o parecer de auditoria e outras comunicações para o cliente. Os três procedimentos abordados anteriormente capacitam o auditor a obter evidência necessária. A avaliação da evidência ocorre ao longo da auditoria à medida em que as afirmações em demonstração contábil são verificadas, e no final da auditoria, quando o auditor deve decidir sobre o tipo de opinião que deve ser expressa no parecer de auditoria. O auditor deve obter uma base razoável para expressar sua opinião e, quando obtida essa base ou segurança razoável, o auditor deve emitir um parecer sem ressalva, com ressalva ou parecer adverso, dependendo da avaliação que faça entre o grau de correspondência entre a evidência obtida e as afirmações contidas nas demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 17 7 - Comunicação das descobertas. O principal elemento final da auditoria envolve a comunicação das descobertas. A comunicação pode ser dividida em comunicação sobre as demonstrações contábeis, por meio de relatório (parecer) do auditor e outras comunicações exigidas, apresentadas à administração, como, por exemplo, um relatório sobre controles internos. Em nossa aula 6 (última aula), veremos as principais normas e aspectos do relatório de auditoria. Compreendido o processo de auditoria das demonstrações contábeis, veremos as normas de auditoria do Conselho Federal de Contabilidade. As normas de auditoria reconhecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade dividem-se em profissionais e técnicas. As normas profissionais estabelecem regras de exercício profissional, classificando-se pelo prefixo NBC P. As normas técnicas estabelecem conceitosdoutrinários, regras e procedimentos aplicados à contabilidade, caracterizando-se pelo prefixo NBC T. As normas técnicas de auditoria são dividas da seguinte forma: NBC T 12 – auditoria interna; NBC T 11 – auditoria independente das demonstrações contábeis. (As NBCT 11 foram revogadas, estando atualmente estão em vigor as NBC TA, em função do processo de convergência das normas brasileiras ao padrão internacional definido pelo IFAC). Podemos organizar as normas de auditoria em três grandes blocos: Normas profissionais • competência técnico-profissional • independência • cuidado e zelo na realização dos trabalho e na exposição das conclusões • guarda da documentação • dever de sigilo Normas de execução dos trabalhos • planejamento e supervisão adequados • estudo e avaliação dos controles internos • extensão e profundidade dos procedimentos até a obtenção de evidências necessárias para fundamentar o parecer Normas do parecer dos auditores independentes AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 18 Nesta aula, apresentaremos uma síntese das normas profissionais do auditor independente e das normas relativas ao trabalho do auditor interno. Também aqui, serão objetos de estudo as normas relativas a estimativas contábeis, erros e fraudes em auditoria e continuidade operacional. As demais normas de execução e de relatório/parecer serão vistas nas próximas aulas de acordo com o programa do curso. NORMAS PROFISSIONAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE As normas profissionais de auditor independente estabelecem as condições de competência técnico-profissional, de independência e de responsabilidade na execução dos trabalhos, de fixação de honorários, de guarda de documentação, de sigilo e de utilização do trabalho do auditor interno e de especialistas de outras áreas. O auditor independente deve cumprir as normas profissionais e o Código de Ética do Contabilista, para que tenha uma atitude profissional e ética adequada, resguardando sua independência e mantendo altos padrões de qualidade, integridade e competência. Caso haja o descumprimento de norma de significado ético, o auditor poderá sofrer as penalidades previstas em norma. A seguir, apresentaremos um resumo dos aspectos mais importantes das normas profissionais (NBC P1 e NBC PA 03), que julgamos passíveis de serem cobradas na prova do ISS BH. 1 - Competência Técnico-profissional O contador, na função de auditor independente, deve manter seu nível de competência profissional pelo conhecimento atualizado dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e das Normas Brasileiras de Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente na área de auditoria, da legislação inerente à profissão, dos conceitos e técnicas administrativas e da legislação específica aplicável à entidade auditada. O auditor, para assumir a responsabilidade por uma auditoria das demonstrações contábeis, deve ter conhecimento da atividade da entidade auditada, de forma suficiente para que lhe seja possível identificar e compreender as transações realizadas pela mesma e as práticas contábeis aplicadas, que possam ter efeitos relevantes sobre a posição patrimonial e financeira da entidade, e o parecer a ser por ele emitido sobre as demonstrações contábeis. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 19 Antes de aceitar o trabalho, o auditor deverá obter conhecimento preliminar da atividade da entidade a ser auditada, mediante avaliação, junto à administração, da estrutura organizacional, da complexidade das operações e do grau de exigência requerido, para a realização do trabalho de auditoria, de modo a poder avaliar se está capacitado a assumir a responsabilidade pelo trabalho a ser realizado. Esta avaliação deve ficar evidenciada de modo a poder ser comprovado o grau de prudência e zelo na contratação dos serviços. O auditor deve recusar os serviços sempre que reconhecer não estar adequadamente capacitado para desenvolvê-los. Contudo, pode utilizar especialistas em outras áreas, em face da especialização requerida e dos objetivos do contratante, como, por exemplo, advogados, engenheiros, etc. 2 – Independência O auditor não deve ser influenciado por fatores estranhos a sua ponderação e interpretação dos elementos examinados, seja por preconceitos, fatores materiais ou afetivos que pressuponham perda de sua independência. A condição de independência é fundamental e óbvia para o exercício da atividade de auditoria independente. Entende-se como independência o estado no qual as obrigações ou os interesses do auditor ou da entidade de auditoria são, suficientemente, isentos dos interesses das entidades auditadas para permitir que os serviços sejam prestados com objetividade. Em suma, é a capacidade que a entidade de auditoria tem de julgar e atuar com integridade e objetividade, permitindo a emissão de relatórios ou pareceres imparciais em relação à entidade auditada, aos acionistas, aos sócios, aos quotistas, aos cooperados e a todas as demais partes que possam estar relacionadas com o seu trabalho. A independência exige: a) independência de pensamento – postura que permite expressar uma opinião sem ser afetado por influências que comprometem o julgamento profissional, permitindo à pessoa agir com integridade, objetividade e ceticismo profissional; e b) aparência de independência – evitar fatos e circunstâncias significativos a ponto de um terceiro bem informado, tendo conhecimento de todas as informações pertinentes, incluindo as salvaguardas aplicadas, concluir dentro do razoável que a integridade, a objetividade ou o ceticismo profissional de uma entidade de auditoria ou de um membro da equipe de auditoria ficaram comprometidos. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 20 A independência pode ser afetada por ameaças de interesse próprio, auto- revisão, defesa de interesses da entidade auditada, familiaridade e intimidação. ¾ Ameaça de interesse próprio ocorre quando uma entidade de auditoria ou um membro da equipe de auditoria poderia auferir benefícios de um interesse financeiro na entidade auditada, ou outro conflito de interesse próprio com essa entidade auditada. ¾ Ameaça de auto-revisão ocorre quando o resultado de um trabalho anterior precisa ser reanalisado ao serem tiradas conclusões sobre o trabalho de auditoria ou quando um membro da equipe de auditoria era, anteriormente, administrador ou diretor da entidade auditada, ou era um funcionário cujo cargo lhe permitia exercer influência direta e importante sobre o objeto do trabalho de auditoria. ¾ Ameaça de defesa de interesses da entidade auditada ocorre quando a entidade de auditoria ou um membro da equipe de auditoria defendem ou parecem defender a posição ou a opinião da entidade auditada, a ponto de poderem comprometer ou darem a impressão de comprometer a objetividade. Pode ser o caso da entidade de auditoria ou membro da equipe de auditoria que subordina seu julgamento ao da entidade auditada. ¾ Ameaça de familiaridade ocorre quando, em virtude de um relacionamento estreito com uma entidade auditada, com seus administradores, com diretores ou com funcionários, uma entidade de auditoria ou membro da equipe de auditoria passam a se identificar, demasiadamente, com os interesses da entidade auditada. ¾ Ameaça de intimidação ocorre quando um membro da equipe de auditoria encontra obstáculos para agir, objetivamente, e com ceticismo profissional devido a ameaças, reais ou percebidas, por parte deadministradores, diretores ou funcionários de uma entidade auditada. O que o auditor deve fazer quando existe uma ameaça à independência? Quando são identificadas ameaças, exceto aquelas, claramente, insignificantes, devem ser definidas e aplicadas salvaguardas adequadas para eliminar a ameaça ou reduzi-la a um nível aceitável. Essa decisão deve ser AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 21 documentada. A natureza das salvaguardas a aplicar varia conforme as circunstâncias. As entidades de auditoria devem instituir políticas e procedimentos relativos às comunicações de independência com os organismos de governança da entidade auditada. No caso da auditoria de entidades registradas em bolsas de valores, a entidade de auditoria deve comunicar, formalmente, ao menos uma vez por ano, todos os relacionamentos e as outras questões entre a entidade de auditoria, as entidades de auditoria por rede e a entidade auditada que, de acordo com o julgamento profissional da entidade de auditoria, podem ser consideradas, em uma perspectiva razoável, como afetando a independência. Determinadas situações caracterizam a perda de independência da entidade de auditoria em relação à entidade auditada. Nesse caso, devem ser adotadas algumas salvaguardas, no sentido de eliminar ou reduzir a ameaça. Por exemplo, quando a entidade de auditoria possui interesse financeiro direto (ações) ou um interesse financeiro indireto relevante (investimento) na entidade auditada, está caracterizada a perda de independência. Para essas situações, as normas profissionais estabelecem as seguintes salvaguardas (ações a serem tomadas): alienar o interesse financeiro direto antes de a pessoa física tornar-se membro da equipe de auditoria; alienar o interesse financeiro indireto relevante em sua totalidade ou alienar uma quantidade suficiente dele para que o interesse remanescente deixe de ser relevante antes de a pessoa tornar-se membro da equipe de auditoria; ou afastar o membro da equipe de auditoria do trabalho da entidade auditada. Outras situações de perda de independência e respectivas salvaguardas podem ser observadas no quadro seguinte: SITUAÇÕES DE PERDA DE INDEPENDÊNCIA SALVAGUARDAS – AÇÕES A SEREM TOMADAS ¾ Relacionamentos comerciais com entidade auditada: As transações comerciais da entidade de auditoria, de sócios e membros da equipe de auditoria com uma entidade auditada devem ser feitas dentro do curso Medidas que podem ser adotadas para reduzir a ameaça de independência em nível aceitável quando essa não for insignificante: eliminação ou redução da AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 22 normal de negócios e na mesma condição com terceiros. No entanto, essas operações não podem ser de tal dimensão que criem uma ameaça de interesse próprio. magnitude da transação; retirada da pessoa da equipe de auditoria; ou discussão do assunto com os responsáveis pela governança, como o comitê de auditoria. Se as salvaguardas aplicadas não reduzirem a um nível aceitável a ameaça de independência, a entidade de auditoria deve tomar uma das seguintes ações: (a) terminar o relacionamento comercial; (b) substituir o membro da equipe que tenha relacionamento comercial; ou (c) recusar a realização do trabalho de auditoria. ¾ Relacionamentos familiares e pessoais: Pode haver perda de independência em virtude das responsabilidades do membro da equipe de auditoria no trabalho, a proximidade do relacionamento e o papel do membro da família ou de relacionamento pessoal na entidade auditada. As funções ocupadas por pessoas próximas ou familiares, que prejudicam a independência da entidade de auditoria, são aquelas que: a) exercem influência significativa sobre as políticas operacionais, financeiras ou contábeis (exs: presidente, diretor, administrador, gerente geral de uma entidade auditada); b) exercem influência nas Demonstrações Contábeis da entidade auditada (exs: controller, gerente de contabilidade, contador; e c) são consideradas sensíveis sob o ponto de vista da auditoria, em especial cargos com atribuições de monitoramento dos controles internos da entidade auditada, como tesoureiro, auditor interno, gerente de compras/vendas, entre outras. a norma não prevê nenhuma medida específica, mas deve-se evitar que um auditor participe como membro da equipe de auditoria quando possui parentes ou pessoas próximas exercendo as funções indicadas ao lado na empresa auditada. ¾ Vínculos empregatícios: A envolvimento de outro profissional AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 23 independência da entidade de auditoria ou membro de sua equipe pode ser comprometida se um diretor ou um administrador ou empregado da entidade auditada, em condições de exercer influência direta e significativa sobre o objeto do trabalho de auditoria, tiver sido um membro da equipe de auditoria ou sócio da entidade de auditoria nos últimos dois anos. para revisar o trabalho executado pelo indivíduo enquanto membro da equipe de auditoria; discussão do assunto com os órgãos de governança corporativa da entidade auditada; ou ampliar o nível de controle de qualidade do trabalho. 3 - Responsabilidades do auditor na execução dos trabalhos O auditor deve aplicar o máximo de cuidado e zelo na realização dos trabalhos e na exposição de suas conclusões e ao opinar sobre as demonstrações contábeis, o auditor deve ser imparcial. O exame das demonstrações contábeis não tem por objetivo precípuo a descoberta de fraudes. Todavia, o auditor independente deve considerar a possibilidade de sua ocorrência. Quando eventuais distorções, por fraude ou erro, afetarem as demonstrações contábeis de forma relevante, cabe ao auditor independente, caso não tenha feito ressalva específica em seu parecer, demonstrar que seus exames foram conduzidos de forma a atender às Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis e às normas profissionais. 4 - Honorários O auditor deve estabelecer e documentar seus honorários mediante avaliação dos serviços, considerando os seguintes fatores: a) a relevância, o vulto, a complexidade, e o custo dos serviços a executar; b) o número de horas estimadas para a realização dos serviços; c) a peculiaridade de tratar-se de cliente eventual, habitual ou permanente; d) a qualificação técnica dos profissionais que irão participar da execução dos serviços; e e) o lugar em que os serviços serão prestados, fixando, se for o caso, como serão cobrados os custos de viagens e estadas. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 24 Os honorários deverão constar de carta-proposta ou documento equivalente, elaborados antes do início da execução do trabalho. A inobservância de qualquer dos temas referidos acima constitui infração ao Código de Ética do Contabilista. 5 - Guarda da documentação O auditor, para fins de fiscalização do exercício profissional, deve conservar a boa guarda, pelo prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data de emissão do seu parecer, de toda a documentação, papéis de trabalho, relatórios e pareceres relacionados com os serviços realizados. Atenção: O prazo de 5 anos é contado a partir da data de emissão do parecer do auditor. Não confundir com data de emissão ou de divulgação das demonstrações contábeis.6 - Dever do Sigilo O Auditor Independente não deve revelar, em nenhuma hipótese, salvo as situações especiais permitidas na norma e na legislação, as informações que obteve e tem conhecimento em função de seu trabalho na entidade auditada. O sigilo profissional do Auditor Independente deve ser observado nas seguintes circunstâncias: a) na relação entre o Auditor Independente e a entidade auditada; b) na relação entre os Auditores Independentes; c) na relação entre o Auditor Independente e os organismos reguladores e fiscalizadores; e d) na relação entre o Auditor Independente e demais terceiros. O Auditor Independente deve respeitar e assegurar o sigilo relativamente às informações obtidas durante o seu trabalho na entidade auditada, não as divulgando, sob nenhuma circunstância, salvo as contempladas na legislação vigente, bem como nas Normas Brasileiras de Contabilidade. O Auditor Independente, quando previamente autorizado por escrito, pela entidade auditada, deve fornecer as informações que por aquela foram julgadas necessárias ao trabalho do Auditor Independente que o suceder, as AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 25 quais serviram de base para emissão do último Parecer de Auditoria por ele emitido. O Auditor Independente, quando solicitado, por escrito e fundamentadamente, pelo Conselho Federal de Contabilidade e Conselhos Regionais de Contabilidade, deve exibir as informações obtidas durante o seu trabalho, incluindo a fase de pré-contratação dos serviços, a documentação, papéis de trabalho, relatórios e pareceres, de modo a demonstrar que o trabalho foi realizado de acordo com as Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis, da presente norma e das demais normas legais aplicáveis. O Auditor Independente, sob pena de infringir o sigilo profissional, somente deve divulgar a terceiros, informações sobre a entidade auditada ou sobre o trabalho por ele realizado, caso seja autorizado, por escrito, pela administração da entidade com poderes para tanto, que contenha, de forma clara e objetiva, os limites das informações a serem fornecidas. SAIBA MAIS: O sigilo do auditor é relativizado, em função de solicitações formais do CRC. Contudo, essas informações transmitidas pelo auditor aos CRCs visam apenas a permitir que os conselhos fiscalizem se os auditores cumpriram as normas de auditoria. O Auditor Independente, sob pena de infringir o sigilo profissional, somente deve divulgar a terceiros, informações sobre a entidade auditada ou sobre o trabalho por ele realizado, caso seja autorizado, por escrito, pela administração da entidade com poderes para tanto, que contenha, de forma clara e objetiva, os limites das informações a serem fornecidas. Portanto, o dever de sigilo do auditor não é absoluto, pois comporta exceções especiais permitidas na norma e na legislação. 7 - Responsabilidade pela utilização do trabalho do auditor interno A responsabilidade do auditor não será modificada, mesmo quando o contador, na função de auditor interno, contribuir para a realização dos trabalhos. 8 - Responsabilidade pela utilização do trabalho de especialistas (esse assunto será detalhado na aula 4) Quando o auditor independente faz uso de especialistas que sejam seus empregados, estes devem ser considerados como tal e não como auxiliares do processo de auditoria, com a conseqüente necessidade de supervisão. Assim, nessas circunstâncias, o auditor independente necessita aplicar os procedimentos AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 26 previstos nesta norma, mas não necessita avaliar sua competência profissional a cada trabalho onde estes se envolvam. Durante a auditoria, o auditor independente pode necessitar obter, em conjunto com a entidade auditada ou de forma independente, evidências para dar suporte às suas conclusões, como, por exemplo, avaliações de terrenos e edificações (engenheiros) e interpretações de leis, de contratos, de estatutos ou de outros regulamentos (advogados). Ao determinar a necessidade de utilizar-se do trabalho de especialistas, o auditor independente deve considerar: a) a relevância do item da demonstração contábil que está sendo analisada; b) o risco de distorção ou erro levando em conta a natureza e a complexidade do assunto sendo analisado; c) conhecimento da equipe de trabalho e a experiência prévia dos aspectos que estão sendo considerados; e d) a quantidade e qualidade de outras evidências de auditoria disponíveis para sua análise. Ao planejar o uso do trabalho de um especialista, o auditor independente deve avaliar a competência do especialista em questão, verificando se o especialista tem certificação profissional, licença ou registro no órgão de classe que se lhe aplica e a experiência e reputação no assunto em que o auditor busca evidência de auditoria. O auditor também deve avaliar a objetividade do especialista, em particular, se o especialista é empregado da entidade auditada ou mantém algum relacionamento com a mesma, como por exemplo ser financeiramente dependente desta ou detendo investimento na mesma. Se o auditor tiver dúvidas quanto à competência profissional ou objetividade do especialista, deve discutir suas opiniões com a administração da entidade auditada e considerar a necessidade de aplicar procedimentos adicionais de auditoria ou buscar evidências junto a outros especialistas de sua confiança. 9 - Informações anuais aos Conselhos Regionais de Contabilidade O auditor deverá enviar, até 30 de junho de cada ano, ao Conselho Regional de Contabilidade, na forma a ser regulamentada pelo Conselho Federal AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 27 de Contabilidade, além de outras, informações sobre os seus clientes, cuja sede seja a da jurisdição do respectivo Conselho e a relação dos nomes do seu pessoal técnico existente em 31 de dezembro do ano anterior. Quando solicitado, o auditor deverá disponibilizar e fornecer, no prazo de trinta dias, a relação de seus clientes e outras informações necessárias à fiscalização da atividade de auditoria independente. As informações prestadas aos Conselhos Regionais de Contabilidade serão resguardadas pelo sigilo, nos termos previstos nestas normas. 10 – Rodízio dos Líderes da Equipe de Auditoria. A utilização dos mesmos profissionais de liderança (sócio, diretor e gerente) na equipe de auditoria, numa mesma entidade auditada, por longo período, pode criar a perda da objetividade e do ceticismo, necessários na auditoria. O risco dessa perda deve ser eliminado adotando-se a rotação, a cada intervalo menor ou igual a cinco anos consecutivos, das lideranças da equipe de trabalho de auditoria, que somente devem retornar à referida equipe no intervalo mínimo de três anos. Essas são as principais normas profissionais do auditor independente. Veremos a seguir a Ética Profissional e a Responsabilidade Legal do Auditor, assuntos relacionados com as normas profissionais. ÉTICA PROFISSIONAL DO AUDITOR Segundo ensina William Attie, no livro Auditoria, Conceitos e Aplicações, da Editora Atlas, o exercício da profissão de auditor requer a observância de postulados éticos, que assegurem que o trabalho executado tenha e mereça toda a credibilidade possível, não podendo existir dúvidas quanto à honestidade e aos padrões morais do auditor. A pessoa do auditor deve ser a de alguém com profundo equilíbrio e probidade, uma vez que sua opinião influenciará outras pessoas, principalmente em relação a interessesfinanceiros e comerciais que eventuais acionistas, proprietários, clientes e fornecedores, dentre outros, possam ter. A profissão de auditoria exige assim a obediência aos princípios éticos profissionais que fundamentalmente se apóiam em: ¾ independência; ¾ integridade; ¾ eficiência; e ¾ confidencialidade. AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 28 Além das normas profissionais, relativas à pessoa do auditor, apresentadas anteriormente, o auditor deve cumprir os postulados éticos definidos no Código de Ética do Contabilista. Deve-se ter especial atenção aos deveres definidos nos artigos 2º e 5º do Código de Ética e às vedações estabelecidas no artigo 3º. Em termos de deveres, destacamos as seguintes obrigações contidas no código: O contador/auditor tem o dever de guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público. Todavia, a norma ressalva os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade. Em que pese o dever de sigilo, o auditor tem a obrigação de mencionar fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis, objeto de seu trabalho. Assim, por exemplo, deve abster-se de comunicar fatos sigilosos, desde que a sua omissão não prejudique os usuários das demonstrações. Outra obrigação importante é que o contador/auditor deve comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores. Por outro lado, deve renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia. Percebam que um princípio deve ser cumprido até certo limite, respeitando-se outros princípios éticos importantes. Aqui, o auditor renuncia ao trabalho e notifica o cliente, mas deve evitar declarações públicas sobre os motivos da renúncia, para não prejudicar os interesses do empregador ou contratante. São muitas as vedações definidas no artigo 3º do Código de Ética do Contabilista. A maioria das vedações visa a coibir a prática de fraudes e de desvio de conduta. Contudo, destacamos as seguintes proibições: (1) auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra exclusivamente de sua prática lícita; (2) manter Organização Contábil sob forma não autorizada pela legislação pertinente; (3) valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber; (4) reter abusivamente livros, papéis ou documentos, comprovadamente confiados à sua guarda; (5) revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 29 transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento; (6) emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles; (7) publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual não tenha participado. Eis a íntegra dos artigos 2º, 3º, 4º e 5º do Código de Ética do Profissional Contabilista, aprovado pela Resolução CFC nº 803/96: CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO CONTABILISTA CAPÍTULO II DOS DEVERES E DAS PROIBIÇÕES Art. 2º São deveres do contabilista: I – exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade, observada a legislação vigente e resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais; II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público, ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado por autoridades competentes, entre estas os Conselhos Regionais de Contabilidade; III – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica dos serviços a seu cargo; IV – comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em documento reservado, eventual circunstância adversa que possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores; V – inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir opinião sobre qualquer caso; VI – renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para que os interesse dos mesmos não sejam prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos da renúncia; VII – se substituído em suas funções, informar ao substituto sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim de habilitá-lo para o bom desempenho das funções a serem exercidas; AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 30 VIII – manifestar, a qualquer tempo, a existência de impedimento para o exercício da profissão; IX – ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja propugnando por remuneração condigna, seja zelando por condições de trabalho compatíveis com o exercício ético-profissional da Contabilidade e seu aprimoramento técnico. Art. 3º No desempenho de suas funções, é vedado ao contabilista: I – anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, conteúdo que resulte na diminuição do colega, da Organização Contábil ou da classe, sendo sempre admitida a indicação de títulos, especializações, serviços oferecidos, trabalhos realizados e relação de clientes; II – assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, com prejuízo moral ou desprestígio para a classe; III – auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra exclusivamente de sua prática lícita; IV – assinar documentos ou peças contábeis elaborados por outrem, alheio à sua orientação, supervisão e fiscalização; V – exercer a profissão, quando impedido, ou facilitar, por qualquer meio, o seu exercício aos não habilitados ou impedidos; VI – manter Organização Contábil sob forma não autorizada pela legislação pertinente; VII – valer-se de agenciador de serviços, mediante participação desse nos honorários a receber; VIII – concorrer para a realização de ato contrário à legislação ou destinado a fraudá-la ou praticar, no exercício da profissão, ato definido como crime ou contravenção; IX – solicitar ou receber do cliente ou empregador qualquer vantagem que saiba para aplicação ilícita; X – prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua responsabilidade profissional; AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 31 XI – recusar-se a prestar contas de quantias que lhe forem, comprovadamente, confiadas; XII – reter abusivamente livros, papéis ou documentos, comprovadamente confiados à sua guarda; XIII – aconselhar o cliente ou o empregador contra disposições expressas em lei ou contra os Princípios Fundamentais e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; XIV – exercer atividade ou ligar o seu nome a empreendimentos com finalidadesilícitas; XV – revelar negociação confidenciada pelo cliente ou empregador para acordo ou transação que, comprovadamente, tenha tido conhecimento; XVI – emitir referência que identifique o cliente ou empregador, com quebra de sigilo profissional, em publicação em que haja menção a trabalho que tenha realizado ou orientado, salvo quando autorizado por eles; XVII – iludir ou tentar iludir a boa-fé de cliente, empregador ou de terceiros, alterando ou deturpando o exato teor de documentos, bem como fornecendo falsas informações ou elaborando peças contábeis inidôneas; XVIII – não cumprir, no prazo estabelecido, determinação dos Conselhos Regionais de Contabilidade, depois de regularmente notificado; XIX – intitular-se com categoria profissional que não possua, na profissão contábil; XX – elaborar demonstrações contábeis sem observância dos Princípios Fundamentais e das Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; XXI – renunciar à liberdade profissional, devendo evitar quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficácia e correção de seu trabalho; XXII – publicar ou distribuir, em seu nome, trabalho científico ou técnico do qual não tenha participado. Art. 4º O Contabilista poderá publicar relatório, parecer ou trabalho técnico- profissional, assinado e sob sua responsabilidade. Art. 5º O Contador, quando perito, assistente técnico, auditor ou árbitro, deverá: AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 32 I – recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da especialização requerida; II – abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto de perícia, mantendo absoluta independência moral e técnica na elaboração do respectivo laudo; III – abster-se de expender argumentos ou dar a conhecer sua convicção pessoal sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em que estiver servindo, mantendo seu laudo no âmbito técnico e limitado aos quesitos propostos; IV – considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido à sua apreciação; V – mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer efeito sobre peças contábeis objeto de seu trabalho, respeitado o disposto no inciso II do art. 2º; VI – abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado e munido de documentos; VII – assinalar equívocos ou divergências que encontrar no que concerne à aplicação dos Princípios Fundamentais e Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC; VIII – considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças contábeis, observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade; IX – atender à Fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem e orientaram a execução do seu trabalho. RESPONSABILIDADE LEGAL Vimos que o objetivo de um exame normal de auditoria sobre as demonstrações contábeis é expressar uma opinião acerca da propriedade das mesmas e, portanto, não é destinado especificamente a desvendar fraudes e outras irregularidades. Entretanto, ao efetuar seu exame e ao expressar sua opinião sobre demonstrações financeiras, o auditor deve estar alerta à possibilidade da AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 33 existência destes, especialmente nos caso em que afetem a posição patrimonial e financeira ou o resultado das operações da empresa em exame. No caso de descoberta de irregularidades, cabe ao auditor estudar sua relevância e os possíveis efeitos em relação às demonstrações em exame para a determinação de seu parecer e a divulgação à administração da empresa auditada de forma sigilosa e confidencial. O auditor pode ser responsabilizado pela não-descoberta de fraude significativa em conseqüência da negligência na execução das normas de auditoria, ou em conseqüência de não tê-las aplicado convenientemente (ato culposo). Todo trabalho de auditoria repousa no estabelecimento de critérios e de metodologia que lhe dêem razoável segurança sobre a totalidade das demonstrações financeiras examinadas. O auditor não deve esquecer que poderá responder, civil e criminalmente, por prejuízos causados a terceiros em virtude de culpa e dolo no exercício de suas funções. O auditor tem a incumbência de verificar se as informações e análises apresentadas nas demonstrações financeiras, inclusive aquelas constantes do relatório da administração, refletem com clareza a situação patrimonial e financeira, e comunicar quaisquer circunstâncias em desacordo com as disposições legais e regulamentares e atos que tenham ou possam ter impacto nas operações da empresa auditada. É seu dever também, mesmo que considerado de forma indireta, emitir um relatório circunstanciado que contenha observações a respeito das possíveis deficiências ou ineficácias de controles internos observadas pelo auditor no transcurso de seu trabalho. Resolveremos a seguir algumas questões de concursos anteriores, para que vocês observem como as bancas costumam cobrar esses assuntos: normas profissionais, ética e responsabilidade legal. QUESTÕES RELATIVAS ÀS NORMAS PROFISSIONAIS DO AUDITOR INDEPENDENTE 1) (AUDITOR/TCM RIO/FGV/2008) Um dos atributos profissionais requeridos para o desenvolvimento da atividade de auditoria é a independência. Esse item pressupõe, conforme prevê o CFC (Resolução 1034 de 2005), a independência de pensamento (objetividade e integridade na realização dos exames e emissão de opinião) e a aparência de independência (evitando que terceiros possam questionar a idoneidade do auditor). Em algumas situações, ela pode ser afetada por ameaças de interesse AUDITORIA PARA ISS-BH (TEORIA E EXERCÍCIOS) PROFESSOR: MARCELO ARAGÃO www.pontodosconcursos.com.br 34 próprio, auto-revisão, defesa de interesses da entidade auditada, familiaridade e intimidação. Em relação à ameaça de “auto-revisão”: (A) ocorre quando uma entidade de auditoria ou um membro da equipe de auditoria poderia auferir benefícios de um interesse financeiro na entidade auditada. (B) ocorre quando um membro da equipe de auditoria encontra obstáculos para agir objetivamente e com ceticismo profissional devido a ameaças, reais ou percebidas, por parte de administradores, diretores ou funcionários de uma entidade auditada. (C) ocorre quando, em virtude de um relacionamento estreito com uma entidade auditada, com seus administradores, com diretores ou com funcionários, uma entidade de auditoria ou membro da equipe de auditoria passam a se identificar, demasiadamente, com os interesses da entidade auditada. (D) ocorre quando a entidade de auditoria ou um membro da equipe de auditoria defendem ou parecem defender a posição ou a opinião da entidade auditada, a ponto de poderem comprometer ou darem a impressão de comprometer a objetividade. (E) ocorre quando o resultado de um trabalho anterior precisa ser reanalisado ao serem tiradas conclusões sobre o trabalho de auditoria ou quando um membro da equipe de auditoria era, anteriormente, administrador ou diretor da entidade auditada. Solução: A norma de independência do auditor externo define as hipóteses em que a independência do auditor pode ser afetada por ameaças, classificadas nas seguintes categorias: de interesse próprio, auto-revisão,
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