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AS ROCHAS E OS MINERAIS INDUSTRIAIS COMO ELEMENTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL

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As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Benjamín Calvo Perez
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PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Fernando Henrique Cardoso
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Marco Antônio Maciel
MINISTRO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA: Ronaldo Mota Sardenberg
SECRETÁRIO EXECUTIVO: Carlos Américo Pacheco
SECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO DAS UNIDADES DE PESQUISA:
João E. Steiner
CETEM - CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL
DIRETOR: Fernando A. Freitas Lins
COORD. DE PROJETOS ESPECIAIS (CPE): Juliano Peres Barbosa
COORD. DE TRATAMENTO DE MINÉRIOS (CTM): Adão Benvindo da Luz
COORD. DE METALURGIA EXTRATIVA (CME): Ronaldo Luiz C. dos Santos
COORD. DE QUÍMICA ANALÍTICA (CQA): Maria Alice C. de Góes
COORD. DE ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO (CES): Carlos César Peiter
COORD. DE ADMINISTRAÇÃO (CAD): Cosme Antônio Moraes Regly
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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MCT - Ministério de Ciência eTecnologia
CETEM - Centro de Tecnologia Mineral
Doutor Engenheiro de Minas pela Universidade Po-
litécnica de Madri (Espanha). Diplomado em
Gemologia. Professor titular do Departamento de
Engenharia Geológica (Escola Técnica Superior de
Engenheiros de Minas de Madri). Subdiretor de Re-
lações Externas da dita Escola. Autor de quatro li-
vros sobre Mineralogia e Rochas Industriais, e dois
sobre Política Universitária. Autor de 40 trabalhos
técnicos em revistas espanholas e internacionais,
e 30 comunicações a diversos Congressos.
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ISSN - 1518-9155
Benjamín Calvo Perez
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SÉRIE ROCHAS E MINERAIS INDUSTRIAIS - SRMI
CORPO EDITORIAL
Editor
Adão Benvindo da Luz
Sub-Editor
Gildo de Araújo Sá Cavalcanti de Albuquerque
Membros Internos
Adriano Caranassios, Antônio Rodrigues de Campos,
Fernando Freitas Lins, Francisco Wilson Hollanda Vidal, Jurgen Schnellrath
Membros Externos
Arthur Pinto Chaves (USP), Benjamín Calvo Pérez (Universidade Politécnica
de Madri), Carlos Adolpho Magalhães Baltar (UFPE), Gladstone Motta
Bustamante (Consultor), Hélio Antunes Carvalho de Azevedo (CBPM), José
Carlos da Rocha (INT), Marsis Cabral Júnior (IPT), Pérsio Souza Santos
(USP), Renato Ciminelli (Consultor)
A Série Rochas e Minerais Industriais publica trabalhos
que busquem divulgar tecnologias de aproveitamento
e agregação de valor a rochas e minerais industriais.
O Conteúdo deste trabalho é de responsabilidade
exclusiva do(s) autor(es).
Elbert Valdiviezo Viera TRADUÇÃO TÉCNICA
Jackson de F. Neto COORDENAÇÃO EDITORIAL
Vera Lúcia Ribeiro EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Valéria Cristina de Souza DIGITAÇÃO
Perez, Benjamin Calvo
As rochas e os minerais industriais como elemento de
desenvolvimento sustentável/Benjamin Calvo Perez - Rio de
Janeiro: CETEM/MCT, 2001.
37 p. (Série Rochas e Minerais Industriais; 3)
1. Rochas ornamentais. 2. Minerais industriais.
I. Centro de Tecnologia Mineral. II. Título. III. Série.
ISBN 85-7227-145-7
ISSN 1518-9155 CDD 553
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
&
É com grande satisfação que trazemos à apreci-
ação da comunidade mineral este trabalho do Prof.
Benjamín Calvo. Originalmente escrito em
castelhano, é o primeiro artigo do livro Rocas y
Minerales Industriales de Iberoamérica, editado
em 2000 por Benjamín Calvo, Anibal Gajardo e
Mario Maya, com apoio do Instituto Tecnológico
Geominero de España, CYTED e o Ministério de
Ciencia y Tecnología da Espanha. A edição do
livro se originou na Rede RIMIN do Subprograma
Tecnologia Mineral do Programa CYTED.
A clareza e a qualidade do texto introdutório mo-
tivou-nos a solicitar ao autor a publicação do seu
trabalho nesta Série.
Num momento em que os minerais não-metáli-
cos começam a merecer, no Brasil, mais aten-
ção dos especialistas e responsáveis pela área
mineral, o presente trabalho poderá contribuir para
fortalecer ainda mais a convicção a respeito de
sua importância.
Agradecemos portanto ao Prof. Calvo sua con-
cordância e também ao Prof. Elbert Valdiviezo,
da Universidade Federal da Paraíba, em Campi-
na Grande, pela gentileza de fazer a versão do
texto para o português.
Novembro de 2001,
Fernando Freitas Lins
Diretor do CETEM
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Benjamín Calvo Perez
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As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Benjamín Calvo Perez
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As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
>1
O presente trabalho tem por objetivo fazer
uma apresentação básica das rochas e minerais
industrias( RMI), e ressaltar sua importância como
matérias primas de utilização ampla e crescen-
te, na sociedade desenvolvida. Além de uma bre-
ve descrição sobre os principais grupos de RMI,
classificados por usos, é dada especial atenção
aos condicionantes derivados do desenvolvimen-
to sustentável, que devem ser levados em consi-
deração em qualquer explotação desses materi-
ais.
Este trabalho é constituído de três partes:
na primeira são feitas considerações sobre o
crescimento da população humana, sua crescen-
te demanda de matérias primas e o desequilibra-
do consumo entre países ricos e pobres. Na Se-
gunda parte são relacionadas as principais RMI,
suas características, aplicações e perspectivas.
Na terceira, é feita uma reflexão sobre o conceito
de “desenvolvimento sustentável” e sua aplica-
ção às explotações mineiras, e em particular,
algumas considerações sobre as instalações de
RMI.
Palavras Chaves: Minerais Industriais, Rochas,
Rochas Industriais, Desenvolvimento Sustentá-
vel, Matérias Primas Minerais, Explotação Minei-
ra.
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Benjamín Calvo Perez
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This work presents an appraisal on the In-
dustrial Mineral and Rocks, relating its importance
as raw material with ample use in the developed
society. Beside the description of the main group
of Industrial Minerals and Rocks, classified by its
use, special attention derived of sustainable de-
velopment, has to be taken into account in any
exploitation of these material.
This work has been developed in three
steps: in the first one it has been done some con-
sideration on the human population growing, its
increasing demand by raw materials as well as
some reflection on the unbalance consumption
between rich and poor countries. In the second
step, the main IndustrialMinerals and Rocks, its
technological characteristics, uses and perspec-
tives, were presented. In the third step, the con-
cept of sustainable development and its relation
with exploitation of industrial mineral were dis-
cussed.
Keywords: Industrial Minerals, Rocks, Industrial
Rocks, Sustainable Development, Population
Growing, Raw Material.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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O crescimento da população mundial está muito longe de ser linear.
Até o ano 1300 D.C., aproximadamente, foi constatado um aumento gradativo
da população mundial, até alcançar 300 milhões de pessoas. A partir desta
data, e após a trágica perda de população que mergulhou a Europa na
peste negra no ano 1348, a população mundial aumentou de forma acelera-
da. Estima-se que no ano 1800 habitavam no mundo em torno de 1 bilhão
de seres humanos. Ao iniciar o século XX o número era superior a 2 bilhões
e, pouco antes do início do ano 2000, se soube de fontes oficiais que a
população mundial havia superado os 6 bilhões de pessoas (Hammond
et.al., 1996).
Este crescimento é desigual tanto nos países desenvolvidos quanto
nos países em desenvolvimento. Como pode ser observado na Figura 1,
nos primeiros, a curva de crescimento alcança sua estabilidade em 1 bilhão
de seres, enquanto que o aumento da população nos países em desenvol-
vimento continuará, segundo algumas previsões, até alcançar os 10 bilhões
de pessoas por volta do ano 2050. A estimativa da população total mundial
nas próximas décadas pode variar de acordo com o modelo prospectivo que
seja adotado. Segundo estudos desenvolvidos pela Organização das Na-
ções Unidas, para uma taxa média de crescimento de 2,06 filhos por casal,
considera que a população mundial se estabilizaria por volta do ano 2100
em um número aproximado de 11 a 12 bilhões de pessoas.
Evidentemente estes números formam parte da prospectiva das ins-
tituições internacionais que estudam as tendências demográficas, e estão
submetidas a variações imprevisivéis muito importantes, marcando, em seu
conjunto, a evolução crescente de uma população que demanda recursos
para sua sobrevivência. Por outro lado, é preciso acreditar que o desenvol-
vimento e o bem-estar social alcançarão no futuro próximo setores mais
amplos da população mundial. Haveria que pensar que o consumo por habi-
tante crescerá também, o que torna a demanda de recursos naturais para
as próximas décadas um tema de grande importância, sobretudo nos paí-
ses em desenvolvimento.
Benjamín Calvo Perez
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Figura 1 - Tendências e perspectivas de crescimento da população mundial. 1750–2050
A Figura 2 mostra o desigual crescimento da população de várias
nações do mundo. Algumas, como Japão, Estados Unidos ou Rússia pare-
cem estar alcançando uma taxa de crescimento zero, enquanto que ou-
tras, como Nigéria, Bangladesh ou Paquistão, seguirão experimentando
uma alta taxa de crescimento populacional, que não se deverá deter até
finais do século XXI.
Poderia pensar-se que o crescimento na demanda de recursos, tan-
to renováveis quanto não renováveis, comporte-se como uma curva de cresci-
mento paralela à da população, mas não é bem assim. Estudos realizados
pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
(FAO), demonstraram que, a nível mundial, a duplicação da população que
se gerou entre 1950 e 1990 (de 2,5 para 5,3 bilhões de pessoas) conduziu
a um aumento maior (o tríplo) do índice de produção agrícola, o quádruplo
do número de tratores (de 6,6 para 26,5 milhões) e um aumento de nove
vezes no consumo de fertilizantes (de 17 para 153 milhões de toneladas)
(Fig. 3). Aceitando estes números como válidos, pode-se extrapolar a pro-
dução de fertilizantes que será necessária no mundo para alimentar a popu-
lação prevista para finais do próximo século. De forma similar, embora com
índices diferentes, evoluirá a demanda de materiais de construção, de pro-
dutos petrolíferos, de água ou de energia.
 
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Países industrializados
Países em desenvolvimento
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Figura 2 - Crescimento da população estimada em vários países (Demeny, 1984)
O abastecimento de matérias-primas é, sem dúvida, um desafio de
primeira ordem, que preocupa a curto prazo todos os governos, e, particu-
larmente, dos países em desenvolvimento, nos quais o crescimento da po-
pulação será superior. Este abastecimento exige conhecimento dos própri-
os recursos, estratégias para sua exploração, investigação e explotação, e
mecanismos para que o valor agregado de sua extração e distribuição não
seja aproveitado por países ricos que dispõem de capital e de tecnologia,
mas sim pelos próprios países produtores, aumentando a qualidade de vida
e os níveis de emprego de seus habitantes.
Neste complexo panorama de adequação dos recursos à população,
existe ainda um terceiro fator que deve ser considerado. O incremento na
explotação dos recursos naturais deve produzir-se de forma sustentável,
isto é, prejudicando o menos possível o meio ambiente, minimizando os
prejuizos que a extração e utilização dos materiais e a energia produzirão
na espécie humana e no seu entorno.
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Benjamín Calvo Perez
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Figura 3 - Relação entre população mundial, produção agrícola e uso de tratores e
 fertilizantes
Por último, mas não menos importante, seria preciso obter a igual-
dade na distribuição, que hoje em dia está longe de ser alcançada. Em
todos os foros internacionais se denúncia que os países ricos consomem
os bens que fornecem os países pobres, e além disso, são os maiores
responsáveis pela deterioração ambiental e a destruição progressiva do pla-
neta, que é preciso deter. Convencionou-se que todas as tentativas sejam
feitas para que os governos dos países em desenvolvimento conheçam e
valorem seus recursos, estabeleçam estratégias para explotá-los de forma
racional e sustentável e criem mecanismos para que as vantagens da
explotação beneficiem seus cidadãos, para que os mesmos sejam favore-
cidos e estimulados. É um direito dos países em desenvolvimento exigir
dos países ricos que assumam a liderança de uma revolução nas estratégi-
as de produção e distribuição dos recursos, com vistas a conseguir um
equilíbrio no bem-estar da população mundial, atual e futura.
Parece desnecessário mencionar que esta utopia possui profundas
conotações geopolíticas e geoeconômicas, que excedem em muito a pe-
quena capacidade de ação do reduzido grupo de técnicos e cientistas que
têm elaborado esse documento. Contudo, estipula-se que qualquer esfor-
Ano
 
A população, centenas de milhões
 
Tratores, milhões
 
Fertilizantes, milhões de toneladas
métricas
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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ço, realizado com boa vontade e a cooperação, contribuirá para o benefício
da humanidade. Por esse motivo, no âmbito de um setor reduzido, embora
importante o das rochas e minerais industriais e em um entorno geográfico
limitado, embora muito extenso e estratégico a comunidade iberoamericana
os assinantes do presente documento tratam de aportar seu conhecimento
da realidade atual e das perspectivas futuras.
No final do documento se conhecerá a importância que possui o
setor das Rochas e Minerais Industriais no desenvolvimento dos países
iberoamericanos, traça um primeiro esboço da riqueza em geral pouco co-
nhecida e mal aproveitada desses materiais na área, e estabelece as
primeiras estratégias de cooperação para alcançar o maior benefício possí-
vel com sua explotação.
O Programa CYTED (Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento)
marca estes objetivos no âmbito global.Os assinantes, membros da Rede
Iberoamericana de Rochas e Minerais Industriais, pertencentes ao
Subprograma XIII (Tecnologia Mineral) os assumem como próprios e estão
dispostos a cooperar no conhecimento e melhor aproveitamento dos recur-
sos minerais não-metálicos e das rochas industriais dos países
iberoamericanos.
Benjamín Calvo Perez
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Denominam-se rochas e minerais industriais (RMI) os materiais na-
turais (e, ocasionalmente, resíduos da indústria ou da construção) que são
empregados na atividade humana, não para obter metais ou energia, mas
pelas suas propriedades físicas, químicas ou ornamentais, manifestas no
mineral ou rocha tal qual são extraídas ou após uma transformação não
metalúrgica.
Normalmente distingue-se entre minerais metálicos ou minérios, re-
cursos energéticos e rochas e minerais industriais. Os primeiros foram a
base do desenvolvimento industrial no século XIX, tendo prolongado sua
importância no século XX, visto que, mediante sua explotação e tratamento
metalúrgico são obtidos (exceto os metais reciclados, de importância cres-
cente) a totalidade dos metais usados na indústria e na construção. Os
recursos energéticos são e continuam sendo os grandes protagonistas do
século XX, porque o desenvolvimento dos países exige enormes quantida-
des de energia. As rochas e minerais industriais serão, segundo Kuzvart
(1984) “as matérias-primas típicas da segunda revolução industrial, as ma-
térias-primas do terceiro milênio”. Esta afirmação, que pode parecer
exagerada, tem sentido considerando que os minerais industriais são im-
prescindíveis na obtenção de diversos produtos de alta demanda pela soci-
edade pós-industrial: plásticos, fibra óptica, colas adesivas, isolantes, pro-
dutos químicos e farmacéuticos, fertilizantes, abrasivos, lubrificantes, com-
ponentes eletrônicos, materiais de altas pureza, etc. E tudo isso sem con-
siderar os enormes volumes de matérias-primas que demanda a constru-
ção e que, devido ao aumento de população e ao desenvolvimento do nível
de vida previsíveis, haverão de multiplicar-se nas próximas décadas.
Não existem limites definidos para a classificação das rochas e mi-
nerais industriais, devido a que muitos minerais (berilo, cromita, rutilo,
ilmenita, hematita, zircão) têm usos metalúrgicos e não metalúrgicos, à
possível inclusão ou não dos materiais de construção e do significativo
grupo das gemas, etc. Existe uma enorme polêmica sobre se o termo ro-
chas e minerais industriais é análogo ao de minerais não metálicos. Uma
classificação possível, atribuída a Kuzvart (1984), é a que considera rochas
e minerais industriais:
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
�+
a) As matérias-primas que se empregam na indústria na sua forma
mineral, após diversos tratamentos (por exemplo, talco, asbesto,
diamante) ou na forma de rocha (diatomita, bentonita, ocre).
b) As matérias-primas que são fonte de elementos não metálicos
(pirita como fonte de enxôfre, fluorita como fonte de flúor, apatita
como fonte de fósforo, etc.) ou que servem para a fabricação de
compostos simples (boratos para a fabricação de ácido bórico).
c) As matérias-primas de aspecto não metálico de onde são obti-
dos metais ou seus compostos (berilo como fonte de berílio,
magnesita como fonte de magnésio, espodumênio como fonte de
lítio).
d) Os materiais de construção (argila, areia, cascalho, granito, már-
more, matéria-prima para a fabricação de cimentos).
Uma lista convencional (alfabética) dos minerais e rochas industriais
mais usados na indústria é a seguinte:
1) Minerais Industriais: Andaluzita (+ sillimanita + cianita), Asbes-
tos (anfibólios, crisotila), Apatita, Barita, Berilo, Boratos, Caulim, Celestina
(e estroncianita), Coríndon (e esmeril), Diamante, Enxôfre, Espodumênio (e
outros minerais de Lítio), Feldspatos, Fluorita, Gemas, Grafite, Granadas,
Magnesita, Mica e vermiculita, Monazita (e outros minerais de terras-ra-
ras), Nitratos, Olivina, Pirita, Pirolusita (e outros minerais de manganês),
Quartzo, Rutilo (e outros minerais de Titânio), Talco, Thenardita (e glauberita),
Wollastonita, Zeólitas, e Zircão.
2) Rochas Industriais: Argilas cerâmicas, Argilas especiais
(sepiolita, atapulgita, bentonita), Bauxita e laterita alumínica, Basalto,
Calcário, Diatomita, Dolomita, Fosfatos (fosforita), Gesso, Granito, Margas,
Mármore, Perlita, Ardósia, Pórfiro, Pedra-pomes, Sal gema, Sais potássicos,
e Quarzito.
Benjamín Calvo Perez
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Do ponto de vista de sua utilização como matéria-prima, as RMI possu-
em algumas particularidades que, como grupo, as definem e as diferenciam
dos minerais metálicos. Essas particularidades são, entre outras, as se-
guintes:
a) Explotabilidade determinada pelo uso. A possibilidade ou impos-
sibilidade de explotar um jazimento de RMI depende de três fatores interli-
gados e inseparáveis: As características geológico-mineiras do mesmo, as
possibilidades de tratamento do material para conseguir um produto comer-
cial e o preço de mercado para cada aplicação específica do material extra-
ído. A explotação de um jazimento de areia silicatada, por exemplo, pode
resultar rentável se a pureza e homogeneidade do material é suficiente, se
existem reservas suficientes, acesíveis e transportáveis a preço competiti-
vo e, se o mercado demanda este material para alguma aplicação que per-
mita o custeio. Se quaisquer destas características variam (por variação
lateral de facies, por ausência de água para tratamento, por variação de
preços no mercado), o jazimento pode tornar-se antieconômico.
b) Usos e aplicações diversificados. Segundo a pureza, granulometria,
etc. uma única matéria-prima pode empregar-se em diferentes indústrias, e
alcançar diversos valores. Por exemplo, os feldspatos são usados na fabri-
cação de louças e porcelanas, na vitrificação e esmaltes cerâmicos, na
indústria do vidro, na fabricação de peças dentárias artificiais, em tintas,
em lixas como abrasivo, como aglomerante cerâmico em discos abrasivos,
em isolantes de umidade, na agricultura (recobrimentos de sementes,
fungicidas, fertilizantes, etc.) e em outros vários usos.
c) Baixo valor no local de mina, alto valor adicional. A maior parte
das RMI encontram-se em jazimentos muito extensos, mas de baixo valor
unitário (granitos, calcários, argilas). A extração, o tratamento posterior e a
aplicabilidade em diversos usos específicos é o que confere às RMI valor
agregado. Antes de iniciar a explotação é preciso portanto conhecer o pro-
cesso de tratamento e seu custeio, o preço final de venda e, os possíveis
mercados. Existe uma estreita relação entre as etapas de exploração, in-
vestigação, explotação, tratamento e comercialização.
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As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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d) Alta incidência do custo de transporte. Por tratar-se, no geral, de
substâncias de baixo valor, o fato de que um jazimento encontre-se afasta-
do dos centros de consumo ou das vías de comunicação, poderia impedir
sua explotação. Isso é fundamental em pedras para brita, argilas cerâmi-
cas, calcários para cimentos. Outros materiais, pelo contrário, possuem
altos valores unitários e suportam transportes internacionais (muitos grani-
tos, mármores e ardósias, asbesto, sepiolita e zircão). As rochas industri-
ais de menor valor são a argila para cerâmica e as pedras para brita, e o
mineral industrial de maior valor, com exceção de algumas gemas, é o
diamante industrial.
e) Estabilidade de preços de venda. A diferença dos minerais metá-
licos, cujos preços são controlados desde um mercado central, a grande
produção e grandes reservas das RMI de diversos países, faz com que seu
mercado se regule e evita, em geral, grandes oscilações depreços. Os
fatores que mais influenciam na variação dos preços das RMI são: o au-
mento do PIB do país produtor, o descobrimento de novas aplicações, o
aparecimento no mercado de substitutos ou similares, as políticas governa-
mentais de construção e obras públicas, o desenvolvimento de novas
tecnologias, as variações do preço da energia. As taxas de crescimento de
produção e consumo apresentam, em todo caso, uma periodicidade plurianual
mais longa que a dos minerais metálicos.
f) Alta taxa de crescimento anual do consumo. Pelas suas especi-
ais características de investimento relativamente baixo, emprego de mão
de obra local e vinculação estreita com as políticas de investimento e obras
de um país, as RMI constituem um índice das taxas de desenvolvimento e
uma alternativa de emprego, dando valor aos recursos próprios. O incre-
mento médio do consumo mundial de RMI situa-se em 4% anual, acumula-
do. Em todos os países desenvolvidos, incluindo-se os de maior tradição
mineira, como Canadá, África do Sul ou Austrália, observa-se uma progres-
siva substituição da mineração metálica pela de rochas e minerais industri-
ais.
Benjamín Calvo Perez
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Dada a enorme variedade de rochas e minerais industriais, que se es-
tende praticamente a todos os materiais que se encontram na crosta ter-
restre, menciona-se que quase todos os afloramentos rochosos constitu-
em jazimentos potenciais. Esta apreciação, contudo, não é correta, já que
as exigências da indústria são cada vez mais restritas, e a qualidade dos
produtos exige especificações que nem todos os minerais e rochas cum-
prem. É certo que os agregados de construção, por exemplo, tiveram, até
épocas recentes, exigências pouco restritas, e por seu baixo valor eram
utilizados os materiais mais próximos das obras civis em andamento. Hoje
em dia, já não é bem assim, e se estudam não só as características mecâ-
nicas e físicas dos materiais, mas também sua durabilidade a longo prazo,
posto que os custos de usar materiais inadequados superam os custos de
uma investigação e uma explotação de materiais mais afastados.
No que se refere a matérias-primas mais valiosas, é fundamental a
prospecção sistemática, a investigação detalhada dos possíveis jazimentos
e a caracterização do material, antes de iniciar a explotação.
Uma classificação, necessariamente simples, das RMI e seus jazimentos
mais comuns, é a seguinte:
a) Jazimentos magmáticos: Diamante, olivina, apatita, feldspatos, pe-
dra natural para construção.
b) Jazimentos pegmatíticos: Feldspato, quartzo, monazita, berilo, criolita,
muscovita, gemas.
c) Jazimentos metassomáticos de contato (tipo skarn): Berilo, crisoberilo,
fenacita, minerais de boro, grafite, crisotila, talco, granadas.
d) Carbonatitos: Flogopita, apatita, vermiculita.
e) Jazimentos hidrotermais: Apatita, flogopita, quartzo, fluorita, barita,
witherita, caulim, serpentina.
e) Depósitos de sublimação: Enxôfre, sassolita.
f) Jazimentos metamórficos: Grafite, esmeril, gemas, andaluzita,
sillimanita, cianita, mármores, ardósias.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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g) Jazimentos residuais: Caulim, lateritas, bauxitas, halloysita, bentonita,
ocres, magnesita, zeólita, vermiculita.
h) Jazimentos aluvionares, coluvionares e eluvionares: Diamante, ge-
mas, granada, cromita, andaluzita, monazita, feldspatos, quartzo, areias,
cascalhos, argilas.
i) Jazimentos sedimentares biogénicos ou bioquímicos: Adubo, diatomita,
enxôfre, pirita, fosfatos, dolomita, calcários, nitratos.
j) Jazimentos evaporíticos: Sal gema, sais potássicos, gesso, magnesita,
boratos, sais de lítio, thenardita, glauberita, carbonato de cálcio.
Benjamín Calvo Perez
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Dada a grande variedade em forma, tamanho e concentração das
RMI, é impossível ter um método geral de lavra para os diferentes tipos de
RMI. Na lavra de areias e cascalhos empregam-se dragas ou “scrappers”.
Na explotação das rochas ornamentais em blocos (granito, diabásio, már-
more, ardósia), conforme a sua dureza ou composição empregam-se o cor-
te por fio diamantado, o maçarico (jet flame), corte com cunha, o corte com
furos contíguos carregados com explosivos, o corte por jato d’água de alta
pressão, etc. A halita (NaCl) e os sais de potássio são extraídos, por lavra
subterrânea, através do método câmara e pilares. O sulfato de sódio, os
sais e o enxôfre se lavram, também, por dissolução, injetando água no
jazimento e coletando as salmouras. Os jazimentos disseminados em
greisen, skarns ou pegmatitos, tais como os de berilo, turmalina, wollastonita,
zircão, micas, feldspatos, requerem sistemas tradicionais de corte, se o
recobrimento não é grande, ou de poço e galerias, caso haja necessidade
de lavra subterrânea. Os depósitos de evaporitos com salmouras se explotam
por bombeamento e evaporação solar.
A grande maioria das RMI se lavra a céu aberto, devido à extensão
de seus jazimentos, a limitação nos custos e o capeamento que o tipo de
material pode permitir. Em algumas rochas ornamentais, tais como grani-
tos, mármores ou ardósias, deve considerar-se a lavra subterrânea, sobre-
tudo por razões ambientais ou por impedimentos da legislação.
Os condicionantes do método de lavra são, entre outros:
a) O tamanho do jazimento, que varia entre os escassos milhares de
toneladas de um jazimento pequeno de grafite, mica, talco, asbesto ou
fluorita, até as centenas de milhões de toneladas que pode ter um jazimento
grande de sal gema, gesso ou granito.
b) A disposição geométrica do material (maciço, estratificado, disse-
minado, filonar, etc.)
c) O preço do material no local de extração, o qual determina o grau
de tecnologia.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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d) O nível de qualidade exigido, que determina a explotação de todo
ou de uma parte específica que deve ser extraída com cuidado (por exem-
plo, as gemas).
e) As exigências legislativas, ambientais e outros vigentes no país
ou no lugar em que se encontra a mina.
f) Os fatores climáticos, a disponibilidade de água e energia, o custo
da mão-de-obra, o custo de transporte, etc.
Benjamín Calvo Perez
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Uma das características que define as RMI é sua versatilidade, isto
é, sua capacidade para ser aplicada em distintos usos e em diferentes
tipos de indústrias. Não existe indústria nem tarefa do cotidiano doméstico
que não use RMI em maior ou menor extensão. Os principais setores con-
sumidores de RMI são o da construção, o químico, o agrícola e o
siderometalúrgico. A estes pode-se acrescentar, ainda, o farmacéutico, o
de manufatura, o elétrico, o electrônico e outros.
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Constituem, em seu conjunto, o grupo mineral que mais volume de
extração propicia na Terra. Quanto ao seu valor total, situa-se somente
abaixo dos combustíveis fósseis. Quase todas as rochas e minerais conhe-
cidos possuem um papel na indústria da construção, na qual se incluem
estradas, edifícios, pontes, represas, portos e outras estruturas muito vari-
adas. Portanto, o setor da construção é, largamente, o setor industrial que
mais consome RMI. Tendo em vista que os volumes envolvidos são muito
altos, os preços no local da extração podem ser muito baixos, adquirindo
maior ou menor valor agregado segundo o tratamento posterior a que é
submetido. Por exemplo, a argila e o calcário usados na fabricação de
cimento têm valores em torno de US$ 5,00 por tonelada no local de extração,
mas este valor se multiplica por 10, uma vez transformado em cimento de
alta qualidade. As rochas ornamentais e as argilas cerâmicas sofrem um
incremento ainda maior.
Como são muito abundantes, os fatores que controlam a explotação
e comercialização dos materiais de construçãosão muito diferentes das
outras RMI. Normalmente, as pedreiras são abertas para satisfazer deman-
das locais, visto que o baixo custo não suporta longos transportes. A pro-
dução normalmente é consumida no próprio país. As reservas e os recur-
sos potenciais são muito grandes para materiais de baixo custo (agrega-
dos, argilas comuns, gesso), embora possam ser muito menores para
materiais de alta qualidade (rocha ornamental, matéria-prima para isolan-
tes).
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As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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As RMI que se empregam na fabricação de materiais de construção
são, entre outros: areias, cascalhos e toda classe de rochas britadas como
agregados; calcário e argila, gesso e materiais pozolânicos para cimentos;
argilas, feldspatos, quartzo, caulim e outros minerais para a fabricação de
telhas, tijolos, louças, porcelana; granitos, mármores, ardósias, calcários,
serpentinas e outras rochas como rocha ornamental; gessos e cal como
aglomerantes; materiais asfálticos; areias silicosas e diversos óxidos e
carbonatos na fabricação de vidro; crisotila, anfibólios, sepiolita, wollastonita
e outros minerais na fabricação de fibrocimentos; pedra-pomes, perlita,
vermiculita, argila, ardósia e outras rochas na fabricação de elementos le-
ves ou isolantes.
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Todos os vegetais terrestres, que constituem a base da cadeia ali-
mentar, se nutrem de uns poucos elementos químicos (hidrogênio, oxigênio,
carbono, nitrogênio, fósforo, potássio, enxôfre, cálcio, ferro e magnésio).
Outros elementos são também necessários, mas em quantidades muito
menores. Os três primeiros elementos, as plantas os retiram da água e do
anidrido carbônico da atmosfera. Os demais procedem da decomposição,
em meio aquoso, das rochas da crosta terrestre, para formar os solos vege-
tais. Não é preciso grandes concentrações, mas sim da presênça de todos
os elementos citados. A carência de algum deles significa a perda de vida
vegetal. Como o ferro, o cálcio e o magnésio estão presentes em quantida-
de suficiente, as carências apresentam-se, normalmente, em nitrogênio,
fósforo e potássio. O enxôfre, que é o quarto elemento importante na indús-
tria dos fertilizantes, é indispensável na fabricação de fosfatos, e em quase
toda indústria.
O nitrogênio, que forma parte da molécula de clorofila, responsável
pela fotossíntese, foi obtido inicialmente do guano, matéria orgânica forma-
da por excrementos de aves, que se encontra no litoral do Chile e Perú, e
em certas ilhas do Pacífico. Ao final do século XIX, o incremento da agricul-
tura obrigou a explotação dos enormes jazimentos de nitratos de sódio e de
potássio do norte do Chile. Hoje em dia, quase a totalidade do nitrogênio
necessário para a fabricação de fertilizantes é obtida do ar. As reservas são
praticamente inesgotáveis. A produção mundial alcança 85 milhões de to-
neladas por ano. Os principais países produtores de compostos nitrogenados
são China, Estados Unidos e Índia.
Benjamín Calvo Perez
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O fósforo, elemento relativamente abundante, mas muito disperso,
se encontra também no guano e nos ossos de animais. Também, em gran-
de quantidade, em acumulações sedimentares de fosforita, de origem ma-
rinha e, como apatita, em certas rochas ígneas específicas. Os fosfatos
são, em geral, insolúveis e, portanto, não podem ser aproveitados pelas
plantas. Para torná-los solúveis (superfosfatos) precisa-se de enxôfre, pelo
que as indústrias de obtenção de ambos elementos sempre caminham
juntas. Não existe substituto conhecido dos adubos fosfatados, e se espe-
ra que sua demanda continue aumentando con o aumento da população
mundial. Não obstante, as reservas de fosfato, a nível mundial, serem muito
grandes (12 bilhões de toneladas), sua presença em certos países especí-
ficos cria uma dependência estratégica por parte dos países não produto-
res. A produção mundial pode alcançar os 140 milhões de toneladas e os
principais países produtores são Estados Unidos, China e Marrocos.
O potássio é muito abundante em solos e rochas (é o oitavo elemen-
to em quantidade na crosta terrestre). As únicas rochas que contém sufici-
ente potássio para permitir sua explotação rentável são os evaporitos, onde
os minerais tais como silvita, langbeinita, carnalita e kainita, são
paragenéticos da halita, gesso e sulfatos sódicos. As reservas mundiais de
potássio são praticamente inesgotáveis (estimam-se em 9 bilhões de tone-
ladas). A produção anual não alcança os 25 milhões de toneladas. Os
principais países produtores são Canadá, Rússia, Bielorússia e Alemanha.
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Existem numerosas rochas e, principalmente, minerais industriais
que se empregam na indústria química. Estes são diferentes de muitas
matérias-primas empregadas na construção. Na indústria química, os mi-
nerais sofrem transformações tão intensas que torna difícil as suas identifi-
cações nos produtos. Como minerais mais comuns, é preciso destacar o
enxôfre e seus compostos, o sal, os boratos e a fluorita.
O enxôfre é um elemento de importância fundamental na fabricação
de fertilizantes porque é imprescindível na fabricação de fosfatos solúveis e
superfosfatos. Além disso desempenha um papel essencial em toda a in-
dústria química. Trata-se de um elemento muito abundante, que se encon-
tra nativo, em forma de sulfetos e de sulfatos, dissolvido como sulfato em
águas marinhas, como sulfeto de hidrogênio no gás natural e como enxôfre
orgânico no petróleo e no carvão. Além do seu uso agrícola, o enxôfre se
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utiliza, principalmente, na fabricação de sabões, borracha, plásticos, acetato,
celofane, seda artificial (rayon), explosivos, papel, pigmentos e solventes.
As reservas mundiais explotáveis atingem mais de 1,4 bilhões de tonela-
das, às quais haveria que somar as contidas nos gessos, águas marinhas,
petróleo, gás. São, portanto, praticamente ilimitadas. Além disso, o enxôfre
e/ou o ácido sulfúrico são recuperados nas usinas metalúrgicas. A produ-
ção mundial de enxôfre alcança 50 milhões de toneladas por ano.
Da halita ou sal comum (NaCl) se obtém o cloro e o sódio, e os
inumeráveis compostos destes dois elementos. O mesmo sal é essencial
na indústria de alimentos e no tratamento de águas, para o degelo e outros
fins. O sal se encontra em quantidades praticamente ilimitadas na água do
mar, e também é explotado em jazimentos evaporíticos (estratificados e
diapíricos). O conteúdo de sal na água do mar se estima em 46 x 1015
toneladas. O problema não é de reservas, mas de economicidade de
extração e transporte.
Os minerais de boro se encontram em áreas geológicas restritas. O
boro se emprega na fabricação de vidro, nos isolantes, em detergentes, na
conservação de alimentos, em esmaltes e em retardadores de chama. Muitos
jazimentos de boratos têm sua origem em emanações vulcânicas que se
concentram em ambientes sedimentares. As reservas conhecidas nos Es-
tados Unidos, Turquía, Rússia, China, Argentina, Chile e Perú asseguram o
consumo por mais de 100 anos.
A fluorita é a principal fonte de fluor, elemento importante na fabrica-
ção de aço e aluminio, e também na fabricação de combustível para cen-
trais nucleares. Se usa também na indústria cerâmica, na fluoretação das
águas de consumo, na fabricação de plásticos (teflon) e em certas aplica-
ções médicas. A fluorita é um mineral hidrotermal relativamente escasso,
que pode encontrar-se também em jazimentos sedimentares de alta
salinidade e baixa temperatura, associada à calcita e barita, e minerais de
chumbo e zinco. As reservas mundiais de fluorita, muito disseminadas,
atingem os 300 milhões de toneladas, o que permite assegurar o consumo
por uns 100 anos.
Benjamín Calvo Perez
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Para não tornar interminável a descrição, pode atribuir-se às matéri-
as-primas para isolantes, entre as quais se encontram os asbestos e ami-
antos (fibras de serpentina ou anfibólios), a sepiolita, a pedra-pomes, a
perlita, as argilas e ardósias expandidas e outros materiais.
Também os abrasivos, materiais usados para desgaste, entre os quais
se encontram o diamante, o coríndon, as granadas, os feldspatos, o quart-
zo, a pedra-pomes e muitos outros minerais, dependendo da dureza do
material a desgastar.
Os lubrificantes, que se empregam para diminuir o coeficiente de
atrito entre superfícies sólidas; entre esses o grafite, o talco e o caulim; os
pigmentos fabricados a partir de ocres, minerais de titânio e outros; os
adensadores, como a barita, e as cargas ou enchimentos, como o caulim,
o talco e o carbonato de cálcio.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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A importância das rochas e minerais industriais no mercado mundial
tem sido crescente nos últimos 70 anos e se verifica isso ao comparar a
evolução da demanda com a dos minerais metálicos. Entre 1915 e 1920
eram conhecidos uns 30 minerais metálicos e hoje são conhecidos 40. No
entanto, no mesmo periodo eram conhecidos apenas 15 minerais não-me-
tálicos, e atualmente seu número alcança mais de 50. Foi verificado que,
neste mesmo periodo, o valor total dos minerais metálicos no mercado
mundial tem aumentado em 235%, enquanto que o dos recursos não-metá-
licos foi de 900%; o valor em bruto dos produtos não-metálicos supera o
dos metálicos várias vezes.
Isto mostra que a mineração de minerais metálicos, que dominava a
produção industrial e o comércio de minerais, tem diminuido de forma rela-
tivamente rápida, em relação à mineração do grupo dos recursos não-metá-
licos, cujo desenvolvimento e aplicações tecnológicas ganham cada vez
maior importância.
Atualmente, diversos autores sugerem a conveniência de usar a pro-
dução de RMI como uma medida aceitável do amadurecimento industrial de
um país. Quanto mais tarde ocorra o momento em que a produção nacional
de RMI supere em valor a produção de minerais metálicos, mais recente é
a industrialização deste país (Bristow, 1987). Em países de longa tradição
industrial, como o Reino Unido, faz muito tempo que a produção de RMI
superou amplamente a produção de minerais metálicos. Da mesma forma
acontece nos Estados Unidos, apesar da produção metálica continuar sen-
do importante. Na Tailândia, por exemplo, país que tem experimentado uma
rápida industrialização nas décadas passadas, a produção de rochas e
minerais industriais alcançou a de metálicos entre 1990 e 1991 (Togashi,
1992).
Grande parte do valor das RMI deve-se à possibilidade de aproveita-
mento integral destes recursos; este aproveitamento depende principalmente
do nível científico, tecnológico ou industrial de cada país. Os países que
possuem tecnologia suficiente, têm condições de conduzir investigações
mais sistemáticas e completas de seus recursos, dotar laboratórios para
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Benjamín Calvo Perez
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caracterizar melhor os materiais, e desenvolver normas que permitam me-
lhorar a qualidade dos produtos elaborados com eles. Nestas condições, a
explotação e comercialização das RMI representa um fator de grande im-
portância na economia de um país, constituindo, em alguns deles, uma
fonte considerável de riqueza e de entrada de divisas. Tal é o caso, entre
outros, dos diamantes, as gemas e o granito no Brasil, os nitratos e o iodo
no Chile, e as rochas ornamentais e as argilas especiais na Espanha.
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Não pode considerar-se desenvolvimento o simples crescimento
econômico, como manifestação quantificável do incremento de determina-
das magnitudes macroeconômicas. Desenvolvimento é, segundo Morillas
(1997) “um crescimento no que gradualmente se potenciam os recursos
humanos e materiais de um país, mediante transformações progressivas
de sua estrutura econômica, tendentes a atenuar ou suprimir os
desequilibrios (intersetoriais, sociais e territoriais) de partida”.
Este mesmo autor considera desenvolvimento sustentado
(“sostenido”) o que se dá, permanentemente, durante um dilatado, mas
definido, período de tempo; diferente é o desenvolvimento sustentável
(“sostenible” ou “sustenable”), que é o que pode manter-se indefinidamente
e é compatível com o resto dos países, dentro do necessário equilíbrio
ambiental e demográfico. O conceito de desenvolvimento sustentável, que
é muito mais amplo e rico em tonalidades do que parece à simples vista, se
acunhou definitivamente no denominado “Informe Brundtland”, publicado pela
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da ONU sob
o nome de “Nosso futuro comum”.
Segundo este informe, desenvolvimento viável e sustentável seria o
“conjunto de vias de progresso econômico, social e político que atende às
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações
futuras para satisfazer suas próprias necessidades”.
O conceito de desenvolvimento sustentável e suas implicações tem
sido longamente estudado. Villas Boas (1995), por exemplo, enfocando
concretamente o desenvolvimento sustentável em relação com a atividade
mineira e metalúrgica, assinala uma série de desafios tecnológicos aos
que se enfrentam nas atividades industriais. Tais são os três mínimos exigíveis
(mínimo consumo de energia, mínimo consumo de materiais e mínimo im-
pacto ambiental) e um máximo (máxima satisfação social). A combinação
destes condicionantes não marca uma estratégia concreta, mas uma atitu-
de global direcionada ao conjunto de estratégias que se incluem sob a
denominação de tecnologias limpas.
O desenvolvimento sustentável, em todo caso, se concebe como um
equilíbrio entre as necessidades de abastecimento e a conservação do meio,
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Benjamín Calvo Perez
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para nós e para nossos sucessores. Além do equilíbrio, implica uma com-
ponente de solidariedade para distribuir de forma homogênea os bens entre
países ricos e pobres, entre favorecidos e marginalizados. Precisa, em ter-
ceiro lugar, o desenvolvimento da eficiência tecnológica, para conseguir o
maior número de recursos ao menor custo social e econômico.
Com este breve ensaio se precisou, de forma elementar, o que deve
ser o desenvolvimento sustentável; pode agora se conceber como se pode
avançar para esse objetivo e que relação existe entre as estratégias neces-
sárias e as rochas e minerais industriais.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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As atividades mineiras em geral, e a lavra de RMI em particular, tal-
vez mais que outras operações industriais, mantêm uma relação difícil com
o meio: para extrair, transportar, transformar e comercializar os minerais, é
preciso prejudicar o meio, às vezes de forma irreversível, e produzir uma
quantidade de resíduos que quase sempre é muito grande. As taxas de
recuperação de uma pedreira (granito, mármore ou ardósia) podem encon-
trar-se em torno de 10 a 20%, o que significa que para cada tonelada
comercializada, são rejeitadas entre 5 e 10 toneladas de resíduos. O ouro é
explotável com um teor de poucas gramas por tonelada; portanto, 99,9995%
do material extraido da mina se converte em um material descartável, em
sua maioria contaminado, o que requer local adequado para disposição.
Além dos danos que se podem causar pelo volume de resíduos gera-
do, é preciso considerar outras características ambientais negativas das
explotações mineiras: a primeira é que a localização das pedreiras e minas
tem de ser feita no lugar onde existe o jazimento, o que não ocorre com
outros tipos de indústrias; este fato pode causardanos ecológicos ou
paisagísticos. A segunda é que a mineração é sempre agressiva ao meio
no qual se situa. Dados os enormes volumes que é necessário tratar, for-
mam-se sinais visíveis na superfície terrestre dificéis de ocultar, sendo afetada
a fauna e a vegetação, às vezes o clima, produzindo-se explosões, poeira e
contaminação química por compostos de tratamento, piorando a qualidade
de vida dos habitantes mais próximos, entre os quais se encontram os
próprios mineiros. A terceira característica, está ligada à produção de resí-
duos que tem a ver com a possível contaminação de leitos fluviais e de
aqüíferos e a possibilidade, portanto, de transferir o dano para lugares afas-
tados da própria mina.
A dicotomia não pode expressar-se, portanto, em termos de explotar/
não explotar ou de contaminar/não contaminar. Como os recursos minerais
são necessários, e em proporções cada vez mais crescentes, é preciso
chegar a um compromiso de impacto ambiental aceitável e recuperável.
Este compromisso exige que os efeitos do impacto sejam controlados,
controláveis e reversíveis, à escala humana de espaço e tempo.
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Benjamín Calvo Perez
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É preciso aceitar que as explotações mineiras, e dentre essas, as
de rochas e minerais industriais, que apresentam características específi-
cas quanto ao seu volume, tipo de benefício, transporte e tratamento, são
atividades prejudiciais para o meio ambiente, mas compatíveis com o de-
senvolvimento sustentável. As explotações apresentam um benefício só-
cio-econômico evidente, mas devem, também, procurar o mínimo consumo
de energía e a produção mínima de resíduos. Todos os usuários de RMI
devem procurar um consumo racional e não abusivo das mesmas.
A “sustentabilidade” de uma atividade mineira em um determinado
entorno sócio-econômico aponta problemas que não são sempre transpa-
rentes. Ao calcular os custos de explotação, nem sempre se considera o
consumo de bens naturais que se consideram gratuitos (espaço, água, ar).
É preciso calcular, também, o custo de reposição dos terrenos afetados.
Em muitos países esses valores supõem uma exigência legal muito seve-
ra, e determinam, em não poucas ocasiões, o fechamento da mineraçao e
sua inviabilidade. As exigências são menos severas em países em desen-
volvimento, e podem conduzir a danos irreversíveis ao meio ambiente e à
sociedade circunvizinha.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Freqüentemente se argumenta que a exaustão das reservas de um
jazimento pode ser compensada com a explotação dos recursos econômicos
que se descobrem em outras zonas geográficas e que, em última instân-
cia, os minerais não têm limites reais, já que sua escassez se revelaria nos
preços (preços cuja oscilação não se deve à escassez, mas a outros moti-
vos). De acordo com esta teoria, o crescimento da população acarretaria
uma demanda crescente de recursos minerais que se autoregulamentaria,
pela elevação dos preços e, em consequência, pela diminuição do consu-
mo. O aumento dos preços devido aos maiores custos de extração, segun-
do a lei dos rendimentos decrescentes, diminuiria o consumo e aceleraria a
procura de substitutos, estimulando as mudanças tecnológicas.
Esta hipótese tem, contudo, alguns aspectos criticáveis:
A nível microeconômico, ao esgotar-se um recurso em um determi-
nado lugar, uma empresa pode buscá-lo em outro, sem quebra do valor
monetário do seu patrimônio, caso se haja dotado de um fundo de amorti-
zação suficiente. Em escala estatal ou planetária, contudo, a simples amor-
tização em dinheiro não pode atenuar a perda patrimonial. Ainda que as
RMI sejam mais abundantes, quanto à sua distribução, que os minerais
metálicos, também estão submetidas à possibilidade de exaustão, e so-
bretudo de exaustão regional. Se impõe, portanto, incluir os critérios de
conservação, melhora ou reciclagem nas avaliações econômicas.
Por outro lado, a situação atual de equilíbrio entre a demanda de
bens de consumo e a oferta de RMI para satisfazê-los (como de quaisquer
outras matérias-primas) não significa uma situação aceitável. Há dois
desequilíbrios fundamentais encobertos: o primeiro é o desequilíbrio de con-
sumo entre países ricos e pobres, que supõe um evidente desequilíbrio no
nível de vida. O segundo, é a agressão contínua ao ecossistema global,
cujos efeitos passam inadvertidos pela capacidade enorme, porém limita-
da, do mesmo para absorver agressões. O primeiro desequilíbrio supõe
uma permanente situação de injustiça, socialmente inaceitável. O segundo
supõe um expólio às futuras gerações para manter o deslanche das atuais.
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Benjamín Calvo Perez
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Com certeza, em países em desenvolvimento tem que ser dado um
desenvolvimento quantitativo da produção para aumentar os níveis
econômicos. Este incremento, que é desejável, leva consigo a um aumento
dos resíduos, da contaminação e do consumo. Nos países industrializa-
dos, pelo contrário, que são e muito os maiores responsáveis da deteriora-
ção ambiental global, o crescimento não seria quantitativo, mas qualitativo:
não se trata de consumir mais, senão de consumir melhor. Neste sentido,
os padrões de consumo dos países desenvolvidos não são, de modo al-
gum, exportáveis aos países em desenvolvimento.
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Apesar de sua importância, a incidência quantitativa das RMI no Pro-
duto Interno Bruto das nações desenvolvidas é, no geral, baixo. Por exem-
plo, o conjunto das RMI produzidas no Reino Unido em 1990 tinha um valor
de uns 2 bilhões de libras esterlinas, isto é, apenas 0,4% do produto interno
bruto desse país. Nos Estados Unidos, com volumes muito maiores (33
bilhões de dólares), a relação alcançou somente 0,6% (Highley, 1994).
Por que, apesar de ser tão baixa a participação no PIB, deve atribuir-
se tanta importância às RMI? Podem dar-se várias razões: Em primeiro
lugar, constituem o fundamento de quase todas as indústrias que susten-
tam o desenvolvimento de um país; sua ausência determina, assim, depen-
dências estratégicas perigosas. Em segundo lugar, são materiais que au-
mentam muito seu valor com o tratamento adequado: há poucas matérias
que multipliquem tanto o seu valor, desde a obtenção da matéria-prima até
a utilização. Enquanto que, na Inglaterra, em 1990, a produção de rocha,
argila e agregados, supõe um valor adicional ao custo dos fatores por em-
pregado de 42 libras, e a produção de aglomerantes de 50 libras por empre-
gado, a construção de veículos não chegava a 18 libras, e a fabricação de
equipamentos aeroespaciais só aumentava em 32 libras por empregado o
valor dos materiais iniciais (Highley, 1994). Outra razão importante é que,
por causa de seus elevados volumes de produção e baixos preços unitári-
os, as RMI supõem uma grande atividade de transporte e armazenamento,
e demandam muita mão-de-obra. Por último, é preciso mencionar que to-
dos os países necessitam das RMI, fundamentalmente materiais de cons-
trução. A diminuição das importações desses materiais supõe poupanças
importantes, sobretudo nos países em desenvolvimento.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Ao analisar ligeiramente a importância das RMI nos países em de-
senvolvimento, se constatam vários fatos, alguns surpreendentes, que de-
vem ser analisados:
a) Muitos países em desenvolvimento devem parte de sua ri-
queza à explotação de algum recurso mineral não metálico, do qual
são possuidores exclusivos ou principais: assim sucede com os
fosfatos em Marrocos, os nitratos no Chile durante o século XIX, o rutilo em
Serra Leoa, a ilmenita na Malásia, as esmeraldas na Colômbia, as gemas
no Brasil, a barita, a fluorita, o grafite e os granitos ornamentaisna China.
b) O descobrimento e a explotação das RMI de um país, dife-
rente dos minerais metálicos ou dos recursos energéticos, não supõe o
enriquecimento imediato da nação. O processo de industrialização dos re-
cursos não metálicos é lento e requer a criação de estruturas logísticas e
comerciais complementares. A explotação de materiais de construção, por
exemplo, só é possível se existe uma demanda por construção de moradi-
as ou de obras civis. Se bem que algumas rochas e minerais industriais
suportam a exportação, sua maior aplicação tem de procurar-se no consu-
mo interno, e este depende do desenvolvimento social e industrial.
c) Nos custos de explotação influenciam fatores de todo tipo,
mas são de singular importância os políticos. Os custos naturais
(dificuldades próprias do jazimento, transporte, tratamentos, etc.) podem
ser calculados. Os custos derivados das mudanças políticas dos países
em desenvolvimento são, quase sempre, imprevisíveis, acarretam o fecha-
mento inesperado de explotações e podem tornar inviável o benefício que
estes materiais aportam. Portanto, é absolutamente necessário que os
países em desenvolvimento estabeleçam políticas claras a respeito da
explotação dos recursos, e que criem um ambiente propício ao investimen-
to estrangeiro e ao aporte local.
d) Conseqüentemente com o anterior, é preciso que se estabele-
çam investigações geológicas, mineiras, industriais e de mercado.
É necessário repetir que o que os países em desenvolvimento devem
buscar é o que demanda o mercado, e não os recursos mais abundan-
tes. É errado pensar que um país em desenvolvimento com reservas impor-
tantes de um mineral industrial tem assegurada a riqueza. Pode tê-la, con-
tudo, um país que saiba entender a demanda externa ou interna de determi-
nado produto, ou abasteça com matérias-primas próprias.
Benjamín Calvo Perez
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e) A maior produção, em volume e em valor, das RMI, corresponde
ao dos materiais de construção (30% nos E.U.A., 75% no Reino Unido
em 1990, em relação ao total das RMI). Por ser materiais baratos, não
suportam um transporte longo. É importante que os países em desenvolvi-
mento protejam esses materiais, porque são os primeiros na demanda, não
requerem altos investimentos de explotação e podem poupar enormes re-
cursos em importações.
Alguns aspectos que requerem um cuidado especial nas investiga-
ções sobre RMI em países em desenvolvimento, são:
– A formação de técnicos (geólogos, mineradores, tratamentistas,
etc.).
– A segurança nas instalações extrativas e nas aplicações.
– O meio ambiente, que pode ser afetado de forma irreparável por
explotações mal planejadas ou construídas.
– A qualidade de processos e materiais, que devem ser levados a
sério, mas sem cair na rigidez típica de países desenvolvidos.
– A padronização de produtos, como garantia de tal qualidade.
– A legislação, que muitas vezes é um obstáculo importante para o
desenvolvimento.
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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Benjamín Calvo Perez
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A DISPOSICION DE LA
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METALURGICA
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estudos e
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Francisco Rego Chaves Fernandes
A GLOBALIZAÇÃO E OS
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ESTATÍSTICAS MINERAIS
DO BRASIL
As Rochas e os Minerais Industriais como Elementos de Desenvolvimento Sustentável
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1998 - Expert systems for Particle Recognition After Image Processing, Paolo
Massacci - University of Rome "La Sapienza"/CETEM.
A lista completa de publicações poderá ser consultada
em nossa Home Page. Visite-nos em
http://www.cetem.gov.br
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